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i LUIZ AUGUSTO BADAN RIBEIRO Melhoramento do líquido obtido por pirólise rápida de serragem de eucalipto por meio de misturas para utilização como combustível 101/2015 CAMPINAS 2015

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LUIZ AUGUSTO BADAN RIBEIRO

Melhoramento do líquido obtido por pirólise

rápida de serragem de eucalipto por meio de

misturas para utilização como combustível

101/2015

CAMPINAS

2015

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Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura

Elizangela Aparecida dos Santos Souza - CRB 8/8098

Ribeiro, Luiz Augusto Badan, 1984-

R354m Melhoramento do líquido obtido por pirólise rápida de serragem de eucalipto

por meio de misturas para utilização como combustível / Luiz Augusto Badan

Ribeiro. – Campinas, SP : [s.n.], 2015.

Orientador: Waldir Antônio Bizzo.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de

Engenharia Mecânica.

1. Eucalipto. 2. Biomassa. 3. Pirólise. 4. Bio-óleo. 5. Misturas. I. Bizzo,

Waldir Antônio,1955-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de

Engenharia Mecânica. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Improvement of the liquid produced by eucalyptus fast pyrolysis

through mixtures for utilization as fuel

Palavras-chave em inglês:

Eucalyptus

Biomass

Pyrolysis

Bio-oil

Mixtures

Área de concentração: Térmica e Fluídos

Titulação: Mestre em Engenharia Mecânica

Banca examinadora:

Waldir Antônio Bizzo [Orientador]

Cássia Regina Cardoso

Caio Glauco Sánchez

Data de defesa: 25-08-2015

Programa de Pós-Graduação: Engenharia Mecânica

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Agradecimentos

Agradeço, primeiramente, aos meus pais Ângela e Paulo pelo apoio e amor incondicional

que sempre me permitiu vencer as etapas da vida. Pelos valores que me passaram de estudo,

esforço e conhecimento os quais sempre me ajudaram na Unicamp, desde o vestibular até à

conclusão deste trabalho.

Às minhas irmãs Paula e Cláudia, pelo apoio, incentivo e por me passarem o gosto pelo

estudo e pela pesquisa.

Ao meu orientador Waldir Antônio Bizzo, pela oportunidade concedida, paciência e

generosidade.

À Bioware, pela inestimável colaboração, por ter produzido o objeto deste estudo,

especialmente Juán e Robson.

À Suzano papel e celulose, pelo financiamento das pesquisas.

À ANEEL, pelo projeto PD-2890-0001/2013 - Aplicação de bio-óleo e carvão vegetal de

pirólise rápida de biomassa residual como alternativa renovável na geração termelétrica.

À todos os amigos que fiz na FEM nos últimos anos (Danilo, Luís, Gabriel, Diego,

Handel, Laidy, Suranny, Juliana, Liena, Rodolfo, Eugênio e muitos outros) pela convivência e

bons momentos que passamos juntos.

Aos funcionários e trabalhadores da Unicamp, que fazem o nosso dia-a-dia possível,

especialmente aos da FEM.

À Capes e à Funcamp, pela bolsa concedida.

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Resumo

Este trabalho tem como foco principal o aproveitamento de um resíduo largamente

produzido na indústria de papel e celulose, a serragem de eucalipto, e seu processamento para ser

transformado em um líquido (bio-óleo) com potencial combustível. Para alcançar este objetivo, a

serragem de eucalipto (biomassa) foi submetida à pirólise rápida em reator de leito fluidizado.

Tal processo permitiu dividir o bio-óleo em duas frações com características distintas (bio-óleo

leve e pesado) e por meio de misturas de ambas as frações com etanol procurou-se o

melhoramento de suas características combustíveis. Foram realizadas sete misturas com

diferentes proporções de seus componentes sendo analisadas nos seguintes aspectos: poder

calorífico, viscosidade, acidez, teor de água, teor de sólidos, ponto de fulgor, ponto de fluidez,

densidade e composição. Os valores encontrados para tais variáveis foram comparados por

limites estabelecidos por normas vigentes, em especial a da ANP (Agência Nacional do Petróleo)

que versa sobre óleo combustível e, com exceção do ponto de fulgor, as demais propriedades

atenderam às exigências da norma. Outro fato que foi observado foi o chamado envelhecimento

das misturas, pois o bio-óleo, devido à sua natureza altamente heterogênea, sofre a influência de

uma série de reações que alteram suas propriedades com o passar do tempo. Tais mudanças

incluíram o aumento da viscosidade e do poder calorífico e a diminuição do teor de água e da

acidez. Assim, ficou estabelecido que as misturas são mais viáveis de serem aproveitadas até três

meses depois do processo de pirólise.

Palavras chave: eucalipto, biomassa, pirólise, bio-óleo, misturas, combustível

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Abstract

This work focuses primarily on the utilization of a waste widely produced in pulp and paper

industry, eucalyptus sawdust, and its processing to be transformed into a liquid (bio-oil) which

can be used as a fuel. To accomplish this, the eucalyptus sawdust (biomass) was submitted to fast

pyrolysis in fluidized bed reactor. This process allowed to split the bio-oil in two fractions with

different characteristics (light and heavy bio-oil) and by mixtures of both fractions with ethanol

sought to improve their fuel characteristics. Seven mixtures were made with different proportions

of the components and they were analyzed in the following aspects: heating value, viscosity,

acidity, water content, solids content, flash point, pour point, density and composition. The values

found for these variables were compared by limits established by current norms, particularly the

ANP (National Petroleum Agency) which deals with fuel oil and, except for the flash point, the

remaining properties met the requirements of the standard. Another factor which was observed

was the aging of mixtures, because bio-oil, due to its highly heterogeneous nature, is influenced

by a number of reactions that alter its properties over time. Such changes include the increase of

the viscosity and the calorific value and the decrease of the water content and acidity. Thus, it

was established that the mixtures are more viable to be exploited until three months after the

pyrolysis process.

Key-words: eucalyptus, biomass, pyrolysis, bio-oil, mixtures, fuel

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Lista de Ilustrações

Figura 2.1 – A: árvore de madeira mole genérica; B: árvore de madeira dura genérica; C: secção

transversal de uma típica madeira mole; D: secção transversal de uma típica madeira dura.

(ROWEL, 2005). 6

Figura 2.2 – Classificação dos componentes da biomassa (MOHAN, PITTMAN e STEELE,

2006) 7

Figura 2.3 – Estrutura da hemicelulose da (a) madeira mole e da (b) madeira dura

(WEERACHANCHAI, 2009) 9

Figura 2.4 – Unidades aromáticas presentes na lignina 10

Figura 2.5 – Estrutura geral da lignina 11

Figura 2.6 – Esquema de uma séria de peneiras para a determinação da granulometria da

biomassa 14

Figura 2.7 – Divisão simplificada dos produtos da pirólise (MOHAN, PITTMAN e STEELE,

2006) 17

Figura 2.8 – Exemplo de uma planta de pirólise com integração energética (gás de reciclo) 19

Figura 2.9 – Reação de pirólise da celulose segundo Bradbury, Sakal e Shafizadeh (1979) 33

Figura 2.10 – Reação de pirólise da biomassa segundo Di Blasi 34

Figura 2.11 – Reação de pirólise da biomassa segundo Koufopanos 34

Figura 2.12 – Reação de pirólise da biomassa segundo Koufopanos (1991), prevendo reações

secundárias 36

Figura 2.13 – Esterificação de aldeídos e cetonas 43

Figura 2.14 – Formação de acetal e hemiacetal a partir de aldeídos e cetonas 43

Figura 2.15 – Formação de acetal a partir de monossacarídeos 44

Figura 2.16 – Diferentes frações na qual o bio-óleo pode ser separado (ROCHA, MESA PÉREZ e

CORTEZ, 2004) 47

Figura 2.17 – Concepção de uma refinaria de bio-óleo (ROCHA, MESA PÉREZ e CORTEZ,

2004) 48

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Figura 2.18 – Processo de obtenção de equações em função das proporções dos componentes da

mistura para várias propriedades analisadas 56

Figura 2.19 – Coordenadas de uma mistura binária 57

Figura 2.20 – Coordenadas de uma mistura ternária e o triângulo equilátero delimitada pela

Equação 19 58

Figura 2.21 – Proporções que um componente pode assumir na mistura 59

Figura 2.22 – Proporções de dois componentes na mistura 60

Figura 2.23 – Digrama completo com um intervalo de 20% entre as proporções 60

Figura 2.24 – Diagrama para a rede simplex {3, 2} 62

Figura 2.25 – Superfície de uma mistura linear sobre o simplex 68

Figura 2.26 – Porções linear e não-linear para uma mistura ternária, considerando o modelo

quadrático 72

Figura 2.27 – Sub-região definida por limite inferior de um componente 75

Figura 2.28 – Sub-região definida por limites inferiores de dois componentes 75

Figura 2.29 – Sub-região definida por limites inferiores dos três componentes 76

Figura 3.1 – Serragem de eucalipto sendo seca ao sol 78

Figura 3.2 – Biomassa antes da trituração 78

Figura 3.3 – Biomassa após a trituração 79

Figura 3.4 – Planta de pirólise rápida da Bioware 80

Figura 3.5 – Silo vazio com a passagem para a rosca alimentadora 81

Figura 3.6 – Silo preenchido com serragem de eucalipto 81

Figura 3.7 – Rosca alimentadora conectando o silo alimentador ao reator 82

Figura 3.8 – Reator de leito fluidizado 83

Figura 3.9 – Ciclone com tambor acoplado para a coleta de sólidos (carvão) 84

Figura 3.10 – Condensador 85

Figura 3.11 – Fração pesada do bio-óleo saindo da centrífuga do condensador 85

Figura 3.12 – Fração leve do bio-óleo saindo do condensador 86

Figura 3.13 – Sub-região dos pseudo-componentes e pontos escolhidos 87

Figura 3.14 – Misturas produzidas 90

Figura 4.1 – Perfil de temperatura para vários pontos do reator 93

Figura 4.2 – Primeiro teste de granulometria da biomassa 95

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Figura 4.3 – Segundo teste de granulometria de biomassa 95

Figura 4.4 – Diagrama ternário para o poder calorífico inferior na região dos pseudo-

componentes 101

Figura 4.5 – Diagrama ternário para o teor de água na região dos pseudo-componentes 105

Figura 4.6 – Diagrama ternário para a acidez na região dos pseudo-componentes 107

Figura 4.7 – Diagrama ternário para o ponto de fluidez na região dos pseudo-componentes 110

Figura 4.8– Diagrama ternário para o ponto de fulgor na região dos pseudo-componentes 111

Figura 4.9 – Perfil de viscosidade para a mistura A 116

Figura 4.10 – Perfil de viscosidade para a mistura B 117

Figura 4.11 – Perfil de viscosidade para a mistura C 118

Figura 4.12 – Perfil de viscosidade para a mistura D 119

Figura 4.13 – Perfil de viscosidade para a mistura E 120

Figura 4.14 – Perfil de viscosidade para a mistura F 121

Figura 4.15 – Perfil de viscosidade para a mistura G 122

Figura 4.16 – Perfis de viscosidade para todas as misturas com 7 dias 123

Figura 4.17 – Perfis de viscosidade para todas as misturas com 45 dias 124

Figura 4.18 – Viscosidades com o passar do tempo para 60oC 125

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Lista de Tabelas

Tabela 2.1 – Descrição dos diferentes tipos de fluidização (YANG, 2003) 21

Tabela 2.2 – Classificação dos processos de pirólise (MOHAN, PITTMAN e STEELE, 2006) 22

Tabela 2.3 – Classificação dos processos de pirólise (BRIDGWATER e PEACOCKE, 2000) 23

Tabela 2.4 – Parâmetros cinéticos do modelo de Koufopanos (1989) 35

Tabela 2.5 – Propriedades típicas do bio-óleo (MOHAN, PITTMAN e STEELE, 2006) 39

Tabela 2.6 – Porcentagem em massa dos principais componentes do bio-óleo (BALAT, BALAT,

et al., 2009) 40

Tabela 2.7 – Soluções para características indesejáveis do bio-óleo (MOHAN, PITTMAN e

STEELE, 2006) 45

Tabela 2.8 – Número de pontos na rede simplex {q, m} para vários valores de m e q 63

Tabela 2.9 – Número de termos nos polinômios canônicos 68

Tabela 3.1 – Limites inferiores e superiores para os componentes da mistura 88

Tabela 3.2 – Porcentagens em massa dos componentes em cada mistura 88

Tabela 3.3 – Misturas em termos de componentes originais e pseudo-componentes 89

Tabela 3.4 – Propriedades determinadas e condições do experimento 90

Tabela 4.1 – Massa e rendimento dos produtos da pirólise 94

Tabela 4.2 – Análise elementar da biomassa e dos produtos da pirólise 96

Tabela 4.3 – Poder calorífico inferior e superior para a biomassa e os produtos da pirólise 96

Tabela 4.4 – PCI para o bio-óleo obtido por pirólise rápida de várias biomassas (Oasmaa et al,

2010) 97

Tabela 4.5 – Acidez, teor de água, teor de sólidos e ponto de fuidez para as frações do bio-óleo 97

Tabela 4.6 – Análise elementar das misturas novas 99

Tabela 4.7 – Análise elementar das misturas envelhecidas 100

Tabela 4.8 – PCI e PCS para as misturas (MJ/kg) 101

Tabela 4.9 – Poder calorífico superior para várias misturas com bio-óleo (Yu et al) 103

Tabela 4.10 – Teor de água e acidez para as misturas 104

Tabela 4.11 – Teor de água para bio-óleos obtidos de várias biomassas 106

Tabela 4.12 – Ponto de fluidez e ponto de fulgor para as misturas em graus Celsius (oC) 109

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Tabela 4.13 – Ponto de fluidez e ponto de fulgor para várias misturas com bio-óleo produzido por

pirólise lenta (Weerachanchai) 113

Tabela 4.14 – Densidade e teor de sólidos para as misturas 113

Tabela 4.15 – Viscosidades cinemáticas das misturas à 60oC para vários dias em cSt 126

Tabela 4.16 – Viscosidades cinemáticas das misturas à 40oC para vários dias em cSt 126

Tabela A1 – Compostos detectados para o BOP 139

Tabela A2 – Compostos detectados para o BOL 141

Tabela A3 – Compostos detectados para a mistura A 142

Tabela A4 – Compostos detectados para a mistura B 144

Tabela A5 – Compostos detectados para a mistura C 147

Tabela A6 – Compostos detectados para a mistura D 148

Tabela A7 – Compostos detectados para a mistura E 150

Tabela A8 – Compostos detectados para a mistura F 151

Tabela A9 – Compostos detectados para a mistura G 152

Tabela B1 – Viscosidades medidas para a mistura A 159

Tabela B2 – Viscosidades medidas para a mistura B 160

Tabela B3 – Viscosidades medidas para a mistura C 161

Tabela B4 – Viscosidades medidas para a mistura D 162

Tabela B5 – Viscosidades medidas para a mistura E 163

Tabela B6 – Viscosidades medidas para a mistura F 164

Tabela B7 – Viscosidades medidas para a mistura G 165

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Lista de abreviaturas e siglas

Letras Latinas

A – fator pré-exponencial ou fator de frequência [s-1]

C – porcentagem de carbono [-]

CA,CB,...,CM – concentração dos reagentes [kmol.L-1]

Dpi – diâmetro médio das partículas retidas na peneira [mm]

DS – diâmetro de Sauter [mm]

E – energia de ativação [kJ.mol-1]

fi – fração das partículas retidas na peneira [-]

h – teor de hidrogênio [-]

H – porcentagem de hidrogênio [-]

k – constante da velocidade de reação [s-1]

m – grau do polinômio [-]

PCI – poder calorífico inferior [kJ.kg-1]

PCS – poder calorífico superior [kJ.kg-1]

q – número de componentes da mistura [-]

ra – taxa de consumo do reagente [kmol.s-1.L-1]

O – porcentagem de oxigênio [-]

R – constante universal dos gases [kJ.mol-1.K-1]

T – temperatura [oC]

u – umidade [-]

U – velocidade [m/s]

Umf – velocidade de mínima fluidização [m/s]

Umb – velocidade de mínimo borbulhamento [m/s]

Ums – velocidade de mínimo empistonamento [m/s]

Uc – velocidade de máximo empistonamento [m/s]

Uk – velocidade de transição para regime turbulento [m/s]

Utr – velocidade de transporte [m/s]

xi – proporção do componente [-]

xi’ – proporção do pseudo-componente [-]

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3

2.1 Biomassa 3

2.1.1 Biomassa como fonte de energia 3

2.1.2 Tipos de biomassa 5

2.1.3 Componentes da biomassa 6

2.1.3.1 Celulose 7

2.1.3.2 Hemicelulose 8

2.1.3.3 Lignina 9

2.1.3.4 Cinzas 11

2.1.3.5 Extrativos 12

2.1.4 Características físico-químicas da biomassa 12

2.1.4.1 Análise imediata 12

2.1.4.2 Análise elementar 13

2.1.4.3 Granulometria 13

2.2 Processos de conversão da biomassa 14

2.2.1 Pirólise 16

2.2.1.1 Reatores de pirólise 18

2.2.1.2 Fluidização 20

2.2.2 Tipos de pirólise 22

2.2.2.1 Pirólise convencional 23

2.2.2.2 Pirólise rápida 24

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xxii

2.2.3 Parâmetros que influenciam a pirólise 25

2.2.3.1 Cinética da pirólise 29

2.2.4 Bio-óleo 36

2.3 Caracterização dos combustíveis líquidos industriais 49

2.3.1 Viscosidade 49

2.3.2 Poder calorífico 50

2.3.3 Teor de água 51

2.3.4 Acidez 51

2.3.5 Ponto de fulgor 52

2.3.6 Ponto de fluidez 52

2.3.7 Densidade 53

2.3.8 Teor de sólidos 53

2.3.9 Teor de cinzas 53

2.3.10 Análise elementar 54

2.3.11 Composição 54

2.3.12 Vanádio 55

2.4 Mistura 55

2.4.1 Mistura binária 57

2.4.2 Mistura ternária 58

2.4.3 Polinômios canônicos 63

2.4.4 Os coeficientes polinomiais como funções das respostas nos pontos de rede 69

2.4.5 Pseudocomponentes 72

3 METODOLOGIA E APARATO EXPERIMENTAL 77

3.1 Tratamento da biomassa 77

3.1.1 Secagem 77

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3.1.2 Trituração 78

3.2 Planta de pirólise 79

3.2.1 Silo de alimentação 81

3.2.2 Rosca alimentadora 82

3.2.3 Reator de leito fluidizado 82

3.2.4 Ciclone 83

3.2.5 Condensador 84

3.3 Preparo das misturas 86

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 93

4.1 Análises dos componentes puros 94

4.1.1 Granulometria da biomassa 94

4.1.2 Análise elementar 96

4.1.3 Poder calorífico 96

4.1.4 Acidez, teor de água, teor de sólidos, densidade e ponto de fluidez 97

4.2 Análise das misturas 98

4.2.1 Análise elementar 99

4.2.2 Poder calorífico 100

4.2.3 Teor de água e acidez 104

4.2.4 Ponto de fluidez e ponto de fulgor 109

4.2.5 Densidade e teor de sólidos 113

4.2.6 Viscosidade 115

4.2.6.1 Análise das misturas em função do tempo e da temperatura 116

4.2.6.2 Comparação das misturas em um mesmo dia 122

4.2.6.3 Viscosidade cinemática 125

4.2.7 Composição 127

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xxiv

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PRÓXIMOS TRABALHOS 128

Referências 130

ANEXO A – Análise cromatográfica dos componentes 138

APÊNDICE A – Resultados obtidos pelo software statistica 154

APÊNDICE B – Resultados das viscosidades 159

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1

1 INTRODUÇÃO

O foco desta pesquisa é o aproveitamento de resíduos agro-industriais para a produção de

energia. O resíduo, neste caso, é uma biomassa não aproveitada no processo e que na maioria das

vezes é destinada ao descarte, sem grandes finalidades. Porém a biomassa pode ser transformada

em combustível líquido por diversos processos de conversão e este estudo explora uma destas

possibilidades.

A biomassa escolhida foi o eucalipto que, por ser a matéria-prima comumente utilizada na

indústria de papel e celulose no Brasil, produz uma grande quantidade de resíduo não

aproveitado. Tal resíduo, o qual foi previamente triturado, recebe o nome de serragem ou finos de

eucalipto. Sua produção em larga escala, portanto, justifica pesquisas que visam dar uma

finalidade energética para tal biomassa.

As várias formas em que a biomassa pode ser transformada em energia somada à

quantidade de biomassa não aproveitada que é produzida na indústria e agricultura têm

impulsionado pesquisas ao redor do mundo que visam convertê-la em energia através de uma

miríade de processos e tecnologias. Outro fator que impulsiona esta tendência é o esgotamento

dos combustíveis fósseis, sendo a biomassa uma substituta abundante e renovável.

A pirólise, que é o aquecimento da biomassa na ausência ou com uma quantidade limitada

de oxigênio, foi o processo de conversão térmico utilizado neste trabalho para transformar a

serragem de eucalipto em um líquido que apresenta potencial energético. Tal líquido,

denominado bio-óleo, é extremamente complexo, pois é produto da desintegração dos três

principais componentes da biomassa: celulose, hemicelulose e lignina. Tais macromoléculas,

quando aquecidas, são transformadas em centenas, talvez milhares, de compostos altamente

heterogêneos.

A tecnologia utilizada para a pirólise foi o reator de leito fluidizado. As partículas de

serragem de eucalipto, ao entrarem no reator, são rapidamente aquecidas (pirólise rápida). Tal

aquecimento foi responsável por sua volatização e, desta forma, a biomassa saiu do reator

transformada em dois produtos: sólido (carvão, constituído basicamente de biomassa não

pirolisada) e vapor, o qual contém os compostos que constituem o bio-óleo.

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Desta forma a pirólise produziu um aerossol (sólidos suspensos em uma corrente gasosa) o

qual passou por um ciclone afim de separar os sólidos e, embora tal separação não seja perfeita,

os reduziu de forma satisfatória, criando um aerossol com um teor de sólidos inferior ao original.

Quando esta corrente entrou no condensador ocorreu um fato que distinguiu o presente trabalho

da maioria dos estudos de obtenção do bio-óleo: o fracionamento. O bio-óleo foi dividido em

duas partes: uma condensada à menor temperatura, a qual foi denominada bio-óleo leve e outra

consensada no topo, denominado bio-óleo pesado. Este fracionamento foi possível devido às

condições da planta de pirólise, projetada para que tal finalidade.

O objetivo do fracionamento foi o de melhorar as características combustíveis do bio-óleo,

pois este apresenta algumas características indesejáveis: alto teor de água, alta acidez e

viscosidade crescente com o tempo. Além destas correções, procurou-se também maximizar o

poder calorífico. Para que tal meta fosse alcançada o bio-óleo pesado (BOP) foi misturado ao

leve (BOL) e ao etanol e tal mistura de três componentes (ternária) foi a base do trabalho.

A mistura do bio-óleo com solventes (diesel, bio-diesel, metanol, etanol, butanol) constitui

uma das técnicas mais utilizadas para o aprimoramento de suas características combustíveis.

Assim as misturas promoveriam melhoras quando comparadas ao bio-óleo puro, interferindo

diretamente em propriedades como viscosidade, teor de água, acidez, ponto de fluidez e ponto de

fulgor. No decorrer do estudo são feitas considerações sobre como as proporções dos

componentes da mistura influenciam em tais propriedades.

Todas as etapas envolvidas no processo, desde a caracterização da biomassa até o estudo de

misturas, são abordadas neste trabalho. Ao final procurou-se comparar as propriedades das

misturas com as normas existentes, ressaltando possíveis vantagens e desvantagens.

O objetivo do presente trabalho é o estudo das características combustíveis das misturas

através da determinação de suas propriedades, procurando analisar as vantagens e desvantagens

que cada mistura apresenta para as características estudadas. Também procura-se quantificar a

influência que cada componente da mistura possui sobre estas propriedades.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Biomassa

Biomassa é o termo para toda matéria orgânica derivada de plantas (inclui algas, árvores e

culturas diversas) produzida pela conversão da energia solar em matéria através da fotossíntese e

inclui toda a vegetação terrestre, aquática e todos os resíduos orgânicos. A biomassa pode ser

considerada a matéria orgânica na qual a energia da luz solar é armazenada em ligações químicas,

e quando tais ligações são quebradas por digestão, combustão ou decomposição, estas substâncias

liberam sua energia química armazenada (MCKENDRY, 2002).

Os carboidratos são os principais constituintes da biomassa e são produzidos pela

fotossíntese, a qual converte menos de 1% da luz solar em energia química. Caso a biomassa seja

processada de forma eficiente o carbono é oxidado para produzir CO2 e água, sendo que o CO2

produzido retorna à natureza estando disponível para, através da fotossíntese, produzir nova

biomassa (MCKENDRY, 2002). Assim, o processo é cíclico e a biomassa é considerada um

recurso renovável.

2.1.1 Biomassa como fonte de energia

Todo material usado para fins energéticos que é reposto pela natureza em uma velocidade

igual ao maior do que sua taxa de consumo é considerado como recurso renovável. O petróleo,

portanto, não é considerado um recurso renovável, apesar de ser originário de matéria orgânica,

pela razão de que o seu consumo para a produção de energia não é acompanhado por sua

manutenção no ecossistema, ou seja, a natureza não o repõe com a mesma taxa com que é

consumido. Assim, o conceito de recurso renovável está mais relacionado ao consumo humano

do que à produção pela natureza. A água, por exemplo, é originalmente renovável nos lugares

onde ocorre naturalmente, porém muitas vezes a alta demanda acompanhada de fatores como

poluição e mudanças climáticas a torna mais escassa, o que pode torná-la não renovável à medida

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que a natureza não consegue supri-la em quantidade suficiente para o consumo. No entanto,

mesmo com tais problemas, a água é geralmente considerada renovável (apresenta um ciclo

natural) e a energia hidrelétrica é considerada uma forma renovável de energia, o mesmo pode-se

dizer da energia proveniente do vento, da radiação solar e da biomassa.

A energia pode ser categorizada como finita (minerais) ou perpétua, como os chamados

recursos renováveis (sol, ventos, marés, etc). No caso de recursos finitos, as reservas denotam a

quantidade do referido recurso que é recuperável sob critérios específicos. Enquanto cada fonte

de energia tem suas próprias características, aplicações, vantagens e desvantagens, a distinção

fundamental é entre as que são finitas e as que são, em qualquer escala humana, efetivamente

perpétuas e permanentes. Os recursos finitos compreendem uma série de substâncias de base

orgânica – carvão, óleo cru, óleo de xisto, betume natural e óleo extra pesado. Os principais

recursos perpétuos são a energia solar, energia eólica e a bioenergia, todos que fundamentalmente

dependem de uma fonte fora da Terra, o sol. Outras fontes perpétuas são as várias formas de

energia marinha, principalmente a energia das marés. A bioenergia é indiscutivelmente a única

fonte verdadeiramente renovável de energia, na qual cada nova cultura ou colheita representa

uma renovação parcial de sua fonte base, a qual é sujeita ao esgotamento através de seu uso com

combustível ou matéria-prima. Os outros recursos de energia perpétuos são disponíveis em base

contínua, porém variável, não são esgotados pela utilização de seus recursos energéticos, e por

consequência, não estão sujeitos à renovação (BABU, 2008).

A bioenergia é essencialmente renovável ou neutra em carbono. O dióxido de carbono

liberado durante processos de conversão da biomassa (como combustão, gaseificação, pirólise,

digestão anaeróbica ou fermentação) circula pela biosfera e é reabsorvido pela biomassa através

da fotossíntese. Dos 178.1012 Watts de energia solar que chegam à superfície da Terra, cerca de

0,02% ou 40.1012 Watts é capturado pelas plantas via fotossíntese e transformado em energia que

é armazenada pela biomassa. Tal quantidade significa a produção de 220 bilhões de toneladas de

biomassa por ano e representa, como fonte energética, dez vezes mais do que todo o consumo

atual de energia no mundo (BABU, 2008).

Convencionalmente a biomassa era usada de um modo similar aos combustíveis fósseis, ao

queimá-la numa fornalha de caldeira para aquecer a água e produzir vapor. O vapor originado da

combustão da biomassa passa através das múltiplas pás de uma turbina, girando seu eixo, o qual

aciona um gerador elétrico que produz corrente alternada para uso local ou para suprir a rede

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nacional. A madeira é um combustível predominante em muitos países em desenvolvimento e

tropicais que não fazem parte da OPEP (Organização dos países exportadores de petróleo) e

assim deverá continuar por muitos anos, compete bem com combustíveis fósseis, pois é

renovável, e com formas mais suaves de energia (devido ao fato de suas capacidades de

armazenamento de energia serem menores) como solar e eólica (DEMIRBAS, 2000).

A biomassa pode ser convertida em três principais tipos de produtos: energia

elétrica/calorífica, combustível para transporte e matéria-prima química.

2.1.2 Tipos de biomassa

Pesquisadores caracterizam vários tipos de biomassa de diferentes maneiras, mas um

método simples é a definição de quatro tipos: plantas lenhosas, plantas/gramas herbáceas, plantas

aquáticas e estrume.

Dentro desta caracterização, as plantas lenhosas e herbáceas são subdivididas entre as que

apresentam alto e baixo teor de umidade, sendo que comercialmente as que apresentam baixa

umidade são mais desejáveis e a maioria dos estudos são direcionados às tais biomassas

(herbáceas e lenhosas) que se adequam melhor à gaseificação, pirólise ou combustão como forma

de conversão de energia. Plantas aquáticas e estrume possuem intrinsecamente mais umidade

sendo mais adequados aos processos de conversão biológicos, como a fermentação.

Madeira é um sinônimo comum de biomassa, a qual é comumente dividida entre madeira

mole (softwood) e madeira dura (hardwood). Botanicamente, a madeira mole é originária das

gimnospermas (em sua maioria coníferas) e a dura das angiospermas (principalmente plantas

florescentes); a principal diferença entre os dois tipos é que a madeira dura apresenta um tipo de

célula característico chamado poro enquanto a mole não o apresenta. Tal diferença celular é

mostrada na Figura 2.1. Tal classificação é enganosa, pois não tem relação com a rigidez da

madeira.

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Figura 2.1 – A: árvore de madeira mole genérica; B: árvore de madeira dura genérica; C: secção

transversal de uma típica madeira mole; D: secção transversal de uma típica madeira dura.

(ROWEL, 2005).

2.1.3 Componentes da biomassa

A biomassa também é denominada biomassa lignocelulósica, devido ao fato de os seus

componentes serem principalmente três macromoléculas: celulose, hemicelulose e lignina. Além

das macromoléculas, também estão presentes na biomassa moléculas de baixo peso molecular,

como cinzas e extrativos, tal divisão dos constituintes da biomassa é exibida na Figura 2.2.

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Figura 2.2 – Classificação dos componentes da biomassa (MOHAN, PITTMAN e STEELE,

2006)

2.1.3.1 Celulose

As fibras de celulose proporcionam resistência à madeira e compreendem cerca de 40 –

50% em massa da madeira seca. A celulose é um polímero linear de alto peso molecular (106u ou

mais) formado por unidades de β-(1→4)-D-glucopiranose em arranjo tipo 4C1. A conformação

dos resíduos de glucopiranose, que estabelecem ligações entre si do tipo β, estabiliza a estrutura

da cadeia, minimizando a flexibilidade. Glucose anidro, a qual é formada por remoção da água de

cada glucose, é polimerizada em longas cadeias de celulose que contém 5000-10000 unidades de

glucose. A unidade básica que é repetida no polímero de celulose consiste-se de duas unidades de

glucose anidro, chamada celobiose (MOHAN, PITTMAN e STEELE, 2006).

As moléculas de celulose são orientadas randomicamente e apresentam a tendência de

formarem ligações de hidrogênio, que ocorrem a nível intra e intermolecular. À medida que a

densidade de compactação da celulose aumenta, regiões cristalinas são formadas e a maioria da

celulose proveniente da madeira apresenta cerca de 65% de região cristalina, sendo o restante

considerado celulose amorfa (ROWEL, 2005).

Biomassa

Substâncias de baixo peso molecular

Matéria orgânica

Extrativos

Matéria inorgânica

Cinzas

Macromoléculas

Polissacarídeos

Celulose Hemicelulose

Lignina

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A celulose pode ser dividida entre acessível e inacessível, a celulose acessível interage com

elementos do clima, como água e micro-organismos, podendo apresentar modificações químicas

e maior conteúdo de umidade. Neste grupo estão a superfície da celulose cristalina e a maior

parte da amorfa, a inacessível compreende o restante da celulose cristalina e parte da amorfa que

é coberta por hemicelulose e lignina.

2.1.3.2 Hemicelulose

O segundo maior constituinte da biomassa é a hemicelulose, também conhecida como

poliose e geralmente representa cerca de 28 - 35% da madeira em massa, oferecendo rigidez à

parede celular da mesma forma que a celulose. O termo hemicelulose engloba uma ampla

variedade de heteropolissacarídeos, sua fórmula geral é (C5H8O4)n e possui natureza amorfa,

sendo facilmente hidrolisada em seus açúcares constituintes (ROWEL, 2005).

A hemicelulose é uma mistura de vários monossacarídeos polimerizados como a glicose,

manose, galactose, xilose, arabinose, 4-O-metil ácido glucorônico e resíduos de ácido

galacturônico, possui massa molecular mais baixa do que a celulose, sendo que o número de

monômeros de sacarídeos que se repetem é aproximadamente 150 comparado com 5000-10000

para a celulose.

A hemicelulose atua como material de suporte na parede celular da mesma forma da

celulose, sua estrutura difere dependendo do tipo de madeira analisada, como é mostrada na

Figura 2.3.

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Figura 2.3 – Estrutura da hemicelulose da (a) madeira mole e da (b) madeira dura

(WEERACHANCHAI, 2009)

2.1.3.3 Lignina

O terceiro componente mais abundante da biomassa é a lignina, o qual representa 23% -

33% da massa da madeira mole e 16% – 25% da massa da madeira dura, presente na parede

secundária de tecidos especializados, fornece rigidez estrutural e resistência aos tecidos das

plantas. A lignina é uma resina amorfa, reticulada, altamente ramificada, com estrutura

tridimensional e indefinida e é composta principalmente de polímeros aromáticos de unidades de

fenilpropano (WEERACHANCHAI, 2009). Os precursores da biossíntese da lignina são álcoois

coniferílico, sinapílico e p-cumárico que após a polimerização são denominados resíduos

guaiacila (G), siringila (S) e p-hidroxifenila (H) monolignóis, ainda que outras unidades

aromáticas podem estar presentes dependendo do tipo de madeira analisada. A Figura 2.4 mostra

as unidades aromáticas presentes na lignina.

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Figura 2.4 – Unidades aromáticas presentes na lignina

A lignina presente na madeira dura é em sua maioria siringila-guaiacila, que é um

copolímetro dos álcoois coniferílico e sinapílico, já a madeira mole apresenta uma predominância

da guaiacila, que é um produto da polimerização do álcool sinapílico. Devido à sua natureza

amorfa, a lignina apresenta um grande número de ligações possíveis entre suas unidades, as quais

são não-seletivas e randômicas.

As propriedades químicas e físicas da lignina dependem do método utilizado para extrai-la,

sendo que a lignina é inevitavelmente modificada e parcialmente degradada durante o processo,

assim ao ser estudada a sua decomposição térmica, esta não irá necessariamente ser igual à

decomposição térmica da lignina presente na biomassa. A lignina se decompõe quando aquecida

na faixa 280 – 500oC e sua pirólise produz fenóis via clivagem de éter e carbono – ligações de

carbono (MCKENDRY, 2002). A Figura 2.5 mostra a estrutura heral da lignina.

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Figura 2.5 – Estrutura geral da lignina

2.1.3.4 Cinzas

O conteúdo inorgânico da madeira é geralmente referido como conteúdo de cinzas, o qual é

uma medida aproximada dos sais minerais e outras matérias inorgânicas na fibra da madeira após

combustão à temperatura de 575 ± 25oC (ROWEL, 2005). O conteúdo inorgânico pode ser alto

em madeiras que contém grande quantidade de sílica; no entanto, na maioria dos casos, o

conteúdo inorgânico é menor que 0,5%. Esta pequena quantidade de material inorgânico contém

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uma grande variedade de elementos. Ca, Mg, e K perfazem 80% da cinza da madeira. Estes

elementos provavelmente existem na madeira como oxalatos, carbonatos e sulfatos. Outros

elementos presentes são Na, Si, B, Mn, Fe, Mo, Cu, Zn, Ag, Al, Ba, Co, Cr, Ni, Pb, Rb, Sr, Ti,

Au, Ga, In, La, Li, Sn, V e Zr. Alguns destes elementos são essenciais ao crescimento da madeira

pois íons inorgânicos são absorvidos pelas raízes e transportados para outras partes da árvore.

2.1.3.5 Extrativos

Extrativos orgânicos formam um grupo constituinte da biomassa, tais compostos podem ser

extraídos da madeira com solventes polares (como água ou álcool) ou não-polares (como tolueno

ou hexano). Exemplos de extrativos incluem gorduras, ceras, alcaloides, gomas, resinas, terpenos,

glicosídeos, saponinas e óleos essenciais. Os extrativos são compostos intermediários no

metabolismo, como reserva energética e como defesa contra ataques de insetos e micróbios.

2.1.4 Características físico-químicas da biomassa

Os materiais sólidos porosos, especificamente aqueles obtidos a partir da biomassa pré-

tratada ou industrializada, são compostos por uma grande quantidade de partículas, que podem

ser de diferentes formas e tamanhos (geometricamente diferentes) e ter características físico-

químicas específicas. Diz-se que o material nessa condição se encontra na forma polidispersa, ou

seja, é formado por um conglomerado de partículas fisicamente diferentes.

Portanto, tais partículas apresentam um elevado grau de heterogeneidade entre si,

diferenciando-se principalmente nas seguintes propriedades: tamanho e esfericidade.

2.1.4.1 Análise imediata

A composição imediata de uma amostra é o conteúdo de carbono fixo, voláteis, umidade e

cinzas expressos em porcentagem de massa. Determina-se utilizando as normas ASTM D 3172-

73 e D 3175-73. Os voláteis têm papel importante durante a ignição e as etapas iniciais de

combustão de biomassa.

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2.1.4.2 Análise elementar

A análise elementar fornece as frações mássicas dos elementos químicos que constituem o

combustível (biomassa), no caso da biomassa os elementos são C, H, O e N. Tais elementos são

determinados através da combustão da amostra, que após uma série de procedimentos

experimentais, é possível determinar as porcentagens de C, H e N, sendo que a porcentagem de O

é calculada por diferença.

2.1.4.3 Granulometria

A granulometria fornece as frações em massa das partículas do material em função de seus

diâmetros. Experimentalmente, tal informação é importante para o dimensionamento do

alimentador e da velocidade superficial do gás. A análise granulométrica é realizada através de

um conjunto de peneiras padronizadas. Quanto maior o diâmetro das partículas, mais

pronunciados são os efeitos da transferência de massa, tais efeitos devem ser preferencialmente

minimizados utilizando partículas de diâmetros reduzidos.

Um conglomerado de partículas sólidas granulares polidispersas se caracteriza por

apresentar basicamente várias classes de tamanhos de partículas, subprodutos agroindustriais de

origem vegetal são exemplos de matérias com essas características (CORTEZ, LORA e GÓMEZ,

2011).

O processo de peneiramento se realiza de tal forma que uma amostra de material

cuidadosamente pesado é colocada na primeira peneira de cima para baixo, sendo submetido o

conjunto à vibrações e golpes durante um período de tempo determinado. Desse modo as

partículas com dimensão característica (Dpi) maior que a abertura da peneira correspondente

ficarão retidas e as partículas com dimensão característica menor que a abertura da peneira

correspondente passarão através dela (CORTEZ, LORA e GÓMEZ, 2011). Tal esquema é

exibido na Figura 2.6.

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Figura 2.6 – Esquema de uma séria de peneiras para a determinação da granulometria da

biomassa

A partir da fração mássica retida em cada peneira, calcula-se a dimensão característica do

conglomerado de partículas, tal dimensão é denominada diâmetro de Sauter (DS), definido pela

Equação 1.

𝐷𝑆 =

1

∑𝑓𝑖𝐷𝑝𝑖

(1)

2.2 Processos de conversão da biomassa

A biomassa pode ser convertida em energia utilizando-se vários processos diferentes, a

escolha do processo de conversão está associada às diversas circunstâncias: o tipo e a quantidade

de biomassa, a forma de energia desejada, normas ambientais, condições econômicas, projetos

específicos, etc.

A conversão de biomassa pode ser realizada por duas vias: termoquímica e bioquímica. Os

processos termoquímicos compreendem principalmente combustão, pirólise, gaseificação e

liquefação, enquanto os bioquímicos são a digestão e a fermentação. Demirbas (2001) lista quatro

Mesa vibratória

5m

m4

3m

m2

1m

D5

D4

D3

D2

D1

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processos de conversão de biomassa: combustão direta, termoquímicos, bioquímicos e

agroquímicos.

A combustão é uma reação química exotérmica em que um combustível e um comburente

(geralmente o oxigênio) entram em contato para a liberação de calor e luz. A combustão da

biomassa produz gases à 800-1000oC, sendo que é preferível a queima de biomassas com baixo

teor de umidade (< 50%), já que altos teores de umidade favorecem processos bioquímicos.

A pirólise é um processo termoquímico que converte biomassa em líquido (alcatrão, óleo

de pirólise, ou bio-óleo), carvão vegetal e gases não condensáveis quando a biomassa é aquecida

até cerca de 477oC na ausência de ar. Porém, algumas vezes, uma quantidade limitada de

oxigênio é utilizada afim de que parte da biomassa sofra combustão, o que pode ser importante

para manter a temperatura de pirólise (DEMIRBAS, 2001).

Gaseificação é uma forma de pirólise que é realizada a alta temperatura com o objetivo de

otimizar a produção de gás. O gás resultante é uma mistura de monóxido de carbono, hidrogênio,

metano, dióxido de carbono e nitrogênio que pode ser queimado para produzir calor e vapor de

processo ou utilizado em turbinas a gás para a produção de eletricidade. A mistura gasosa é

obtida normalmente na faixa de 800-900oC, sendo que muitas vezes a biomassa pode ser

parcialmente oxidada (DEMIRBAS, 2001).

A gaseificação é uma tecnologia atrativa para converter materiais carbonosos em

combustível ou gás sintético, possui a capacidade de gerar gases consistentes para a geração de

eletricidade e para a manufatura de produtos químicos e combustíveis para transporte, oferecendo

vantagens em relação à combustão como menor emissão de enxofre, óxidos de nitrogênio e

particulados, além de produzir quantidades bem menores de furano e compostos de dioxina, desta

forma tal processo torna-se interessante para a conversão de biomassa em uma fonte de energia

potencialmente limpa.

Liquefação é a conversão da biomassa em hidrocarbonetos líquidos sob baixa temperatura,

alta pressão e com a presença de hidrogênio, o interesse neste processo é menor do que o na

pirólise devido à sua maior complexidade e maiores custos.

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2.2.1 Pirólise

A pirólise, palavra derivada do grego que significa quebra (lisis) térmica (piros), é o

processo termo-químico que converte a biomassa em gases, líquidos e sólidos. Tal conversão se

dá ao aquecer-se a biomassa até cerca de 750K na ausência, ou com uma quantidade limitada, de

oxigênio. Os gases são compostos por hidrocarbonetos como metano, etano, eteno, propano,

propeno, alguns isômeros com quatro carbonos, monóxido e dióxido de carbono. O carvão

vegetal é a fração residual sólida, rica em carbono e pode ser considerado o coque da madeira. Os

líquidos são produzidos em meio aquoso, que recebe o nome de licor ou líquido pirolenhoso. Este

se divide em duas fases: uma mais densa, denominada alcatrão insolúvel ou bio-óleo, rica em

aromáticos e outra que recebe o nome de ácido pirolenhoso, devido ao seu caráter ácido. As

reações envolvidas na pirólise são complexas e acontecem em atmosfera inerte e, no caso de

hidropirólise, em atmosfera redutora de hidrogênio. Tais produtos, simplificados, são mostrados

na Figura 2.7. Pirólise é definida como a degradação térmica de materiais carbonosos entre 400 e

800oC, na ausência completa de oxigênio ou com uma quantidade limitada tal que a gaseificação

não ocorra de modo apreciável. A pirólise é sempre a primeira etapa da combustão e da

gaseificação, seguida pela total ou parcial oxidação dos produtos primários.

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Figura 2.7 – Divisão simplificada dos produtos da pirólise (MOHAN, PITTMAN e STEELE,

2006)

Desta forma, os produtos da pirólise são divididos em 3 grupos, de acordo com o estado de

agregação: sólido (carvão), líquido (alcatrão) e gás.

Carvão: O carvão é uma estrutura porosa de carbono que permanece no combustível

(biomassa) após a eliminação do hidrogênio e do oxigênio. Geralmente é assumido que o carvão

é constituído inteiramente por carbono, mas como o carvão é definido como o resíduo sólido após

a pirólise, é frequentemente “poluído” com outros componentes. O carvão geralmente é poluído

com frações minerais e quando a pirólise é incompleta frações consideráveis de hidrogênio e

oxigênio podem estar presentes.

Alcatrão: Nome do grupo de espécies que são líquidas a temperatura ambiente apesar de

serem gasosos a temperatura da pirólise. Após o processo da pirólise completar-se, o alcatrão

constitui a maior fração mássica dentre os produtos formados. Os compostos que formam o

alcatrão são moléculas com massa molar da ordem de um monômero da celulose.

Gás: A fração gasosa é o grupo de espécies com massa molar menor do que 100g/mol, as

mais comumente detectadas são: CO, CO2, CH2O e CH3CHO e H2O (apesar de não ser gasosa à

Biomassa

Carvão Vapor

Líquido pirolenhoso

Ácido pirolenhoso Alcatrão insolúvel

Gases não condensáveis

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temperatura ambiente). Devido à baixa fração de gás produzida comparada ao alcatrão, alguns

gases presentes em menor quantidade não são detectados pelos instrumentos de medição.

2.2.1.1 Reatores de pirólise

O reator é a essência de qualquer processo de pirólise. Os reatores têm sido objeto de

considerável investigação, inovação e desenvolvimento para melhorar as características

essenciais de altas taxas de aquecimento, temperaturas moderadas e tempos curtos de residência

do vapor para otimizar a produção de líquidos.

Com a continuação do desenvolvimento da tecnologia de pirólise, vários modelos de

reatores têm sido explorados para otimizar o desempenho de pirólise e de produção de bio-óleo

de alta qualidade. No entanto, cada tipo de reator tem características específicas, vantagens e

limitações. Dos vários modelos de reatores os mais populares são:

Reator de leito fixo

Reator de leito fluidizado

o Reator de leito fluidizado borbulhante

o Reator de leito fluidizado circulante

Reator ablativo

o Reator de vórtice

o Reator de disco rotativo

Reator de pirólise ao vácuo

Reator de cone rotativo

Reator de plasma

Reator de micro-ondas

Reator solar

Os reatores de leito fixo e fluidizado serão abordados nesta seção, pois são os mais

utilizados para a pirólise e sua diferença reside no estado de agregação do leito, a qual é

influenciada pela vazão do gás de fluidização.

Os reatores de leito fluidizado permitem um limite amplo de operação e admitem o uso de

uma variedade de combustíveis com diferentes composições de umidade, composição química e

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distribuição granulométrica. Essa flexibilidade nas condições de operação é realizada pela

variação na velocidade do ar, relação ar/combustível, tipo e tamanho do material do leito, relação

de combustível alimentado, taxa de remoção de calor e recirculação de partícula. Assim sendo, o

leito fluidizado é uma das principais tecnologias utilizadas para combustíveis de biomassa devido

à excelente uniformidade na distribuição de temperatura, ao controle estequiométrico do processo

e às altas taxas de transferência de calor bem como as boas eficiências na conversão do

combustível.

Figura 2.8 – Exemplo de uma planta de pirólise com integração energética (gás de reciclo)

O carvão produzido também pode ser reaproveitado, tanto para secagem quanto para

fornecer calor para a pirólise. Tal exemplo exibido na Figura 2.8 é atrativo pois prevê a

integração energética, onde o gás produzido é retornado ao início do processo. Assim o gás é

reutilizado a fim de se produzir mais líquido, que geralmente é o produto de interesse.

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O reator de leito fluidizado borbulhante é a tecnologia mais utilizada para realizar a pirólise

rápida de materiais lignocelulósicos. Após a secagem, a biomassa de granolumetria controlada é

aquecida as altas temperaturas, as partículas são suspensas em fluxo de gases em turbulência

(fluidizado) e os produtos são coletados sob resfriamento. Este leito é mais utilizado em sistema

contínuo, embora também possa ser usado sistema em batelada. No entanto, o processo de

pirólise rápida em reatores de leito fluidizado utilizando ar como agente de fluidização é

complexo. Isso é devido às restrições que devem ser cumpridas durante a operação do reator, tais

como:

A vazão de ar adequada para a fluidização do leito de inertes.

As vazões de ar devem corresponder não mais do que 5 a 15% do ar estequiométrico.

Alcançar baixos tempos de residência da fase gasosa dentro do reator, de forma que

reações secundárias sejam evitadas ou minimizadas.

Adequada distribuição de temperatura ao longo do reator.

2.2.1.2 Fluidização

Leitos fixos, também denominados leitos empacotados, desempenham papel importante

nos processos químicos. Sua simplicidade motiva aplicações em operações como adsorção,

secagem, filtração, coleta de pó e reatores catalíticos e não-catalíticos. No entanto, quando

aplicado como reator químico, o leito fixo possui muitas desvantagens. Se as reações são

rápidas e altamente endo ou exotérmicas, pontos quentes ou frios se formarão e o reator se

tornará ineficiente, podendo acarretar a formação de produtos paralelos indesejáveis e

fenômenos como sinterização e entupimento.

Os leitos fluidizados possuem muitas vantagens quando comparados aos fixos, pois os

sólidos fluidizados dentro do leito se comportam como um líquido e tal comportamento resulta

em uma temperatura uniforme mesmo para reações altamente endo ou exotérmicas, facilitando

o controle do processo. A mistura vigorosa também favorece a transferência de massa e calor.

O sistema gás-sólido, ou seja, um grupo de partículas sólidas dentro de um leito

(geralmente cilíndrico) que sofre a ação de um fluxo ascendente de gás é comumente utilizado

para o processo da pirólise de biomassa. Neste caso, o sólido fluidizado é uma mistura binária

de material do leito, também denominado inerte com biomassa. A Tabela 2.1 exibe os vários

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regimes de fluidização e os vários estados de agregação do leito quando a velocidade do gás é

continuamente aumentada.

Tabela 2.1 – Descrição dos diferentes tipos de fluidização (YANG, 2003)

Intervalo de velocidade Regime de fluidização Características e aparência

0 ≤ U < Umf

Leito fixo

Partículas estão em repouso; o gás

flui através dos interstícios

Umf ≤ U < Umb Regime particulado

O leito expande suave e

homogeneamente com a partícula

em movimento de pequena escala;

a superfície do leito é bem

definida

Umb ≤ U < Ums Regime borbulhante

Bolhas de gás são formadas acima

do distribuidor, coalescem e

crescem; bolhas do gás promovem

a mistura dos sólidos durante a

ascensão à superfície

Ums ≤ U < Uc Regime pistonado

O tamanho das bolhas se aproxima

do tamanho da seção transversal

do leito; a superfície do leito sobe

e cai com frequência regular com a

correspondente flutuação de

pressão

Uc ≤ U < Uk Transição para fluidização

turbulenta

A flutuação de pressão cai

gradualmente até que o regime de

fluidização turbulenta é alcançada

Uk ≤ U < Utr Regime turbulento

Pequenos vazios de gás e

aglomerados de partículas; a

superfície do leito é difusa e difícil

de distinguir

U > Utr Fluidização rápida

Partículas são transportadas para

fora do leito e necessitam ser

substituídas e recicladas;

normalmente apresenta uma fase

densa no fundo coexistindo com

uma fase diluída no topo; sem

superfície de leito

U >> Utr Transporte pneumático

Todas as partículas alimentadas

são transportadas à fase diluída

com a concentração variando ao

longo da altura da coluna

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A literatura sobre fluidização possui uma grande gama de equações que permitem a

determinação das velocidades exibidas na Tabela 1.1. Deve-se frisar que as relações devem ser

obtidas para misturas binárias (normalmente areia e biomassa). Devido às suas características

que favorecem a mistura e a transmissão de calor, o regime borbulhante é o mais desejado para

a realização da pirólise rápida.

2.2.2 Tipos de pirólise

A pirólise é comumente dividida em duas: convencional e rápida. Tal distinção leva em

conta as condições de operação que são utilizadas, sendo que a pirólise convencional é também

denominada pirólise lenta. Porém esta diferenciação é arbitrária pois não há definições precisas

das taxas de aquecimento, tempos de residência ou temperaturas de operação para cada tipo e

muitos processos são conduzidos em condições intermediárias.

Muitas classificações também levam em conta a granulometria da biomassa alimentada,

como a exibida pela Tabela 2.2:

Tabela 2.2 – Classificação dos processos de pirólise (MOHAN, PITTMAN e STEELE, 2006)

Parâmetros Convencional Rápida Flash

Temperatura de operação (oC) 300-700 600-1000 800-1000

Taxa de aquecimento (oC/s) 0,1 – 1 10-200 >1000

Tempo de residência (s) 600-6000 0,5-5 <0,5

Tamanho da partícula (mm) 5-50 <1 <0,5

Tal classificação distingue a pirólise rápida em duas: a rápida propriamente dita e a flash,

que seria uma versão extrema da pirólise rápida. Uma classificação mais completa e detalhada

encontra-se na Tabela 2.3.

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Tabela 2.3 – Classificação dos processos de pirólise (BRIDGWATER e PEACOCKE, 2000)

Tempo de

residência

Taxa de

aquecimento

Temperatura

máxima (oC) Principais produtos

1.Carbonização Horas-dias Muito baixa 400 Carvão

2.Pirólise

Convencional 5 - 30 min Baixa 600

Bio-óleo, carvão e

gás

3.Pirólise rápida 0,5 - 5 s Relativamente

alta 650 Bio-óleo

4.Pirólise Flash

-Líquidos

-Gases

< 1 s

< 1 s

Alta

Alta

<650

>650

Bio-óleo

Produtos químicos e

gases combustíveis

5.Ultrapirólise < 0,5 s Muito alta 1000 Produtos químicos e

gases combustíveis

6.Pirólise em

vácuo 2 - 30 s Média 400 Bio-óleo

7.Hidropirólise < 10 s Alta <500 Bio-óleo e produtos

químicos

8.Metanopirólise < 10 s Alta >700 Produtos químicos

2.2.2.1 Pirólise convencional

A pirólise convencional ou lenta tem sido aplicada há milhares de anos e tem sido usada

principalmente para a produção de carvão. Neste tipo de pirólise, a biomassa é geralmente

aquecida até 500oC e o tempo de residência do vapor varia de 5 a 30 minutos. Os vapores não

escapam rapidamente como ocorre na pirólise rápida, proporcionando que seus componentes

reajam entre si, bem como com o carvão. A taxa de aquecimento é bem menor do que na pirólise

rápida, sendo que a biomassa alimentada pode ser mantida à temperatura constante ou lentamente

aquecida (MOHAN, 2006).

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2.2.2.2 Pirólise rápida

A pirólise rápida é um processo realizado a alta temperatura, em que a biomassa é

rapidamente aquecida em um ambiente com ausência ou uma pequena quantidade (ou ausência)

de oxigênio. A biomassa é decomposta para gerar, inicialmente, vapores e carvão. Após ser

arrefecido e condensado, o vapor se torna um líquido marrom escuro cujo poder calorífico é

aproximadamente metade do poder do óleo combustível convencional. A fração não-condensada

do vapor é denominada gases não-condensáveis e é basicamente hidrocarbonetos leves.

Aproximadamente a pirólise rápida produz 60-75% de bio-óleo, 15-25% de carvão e 10-20% de

gases não-condensáveis, dependendo das características da biomassa alimentada. Não há

desperdício, uma vez que o bio-óleo e o carvão podem ser utilizados como combustível e o gás

pode ser reciclado para o início do processo (DEMIRBAS, 2001).

O maior interesse dos países desenvolvidos em relação à pirólise está direcionado para a

obtenção de produtos líquidos, devido à elevada densidade energética e potencial para

substituir combustíveis líquidos derivados do petróleo. As pesquisas têm demonstrado que as

máximas quantidades de líquidos (alcatrão) são obtidas operando o reator com elevadas taxas

de aquecimento, moderadas temperaturas finas de pirólise e curtos tempos de residência, tanto

da partícula de biomassa quanto dos produtos voláteis formados, visando minimizar as reações

secundárias. Os processos pirolíticos que cumprem com estas condições são os processos de

pirólise rápida (CAMARGO, 2006).

Como primeiro passo, a biomassa é seca até atingir um teor de água mínimo de 10% e

moída até cerda de 2 mm de tamanho médio de partícula. A reação de pirólise é realizada em um

reator (leito fixo, fluidizado, cone rotativo) com intervalo de temperatura entre 400 e 800oC. O

produto recém-saído do reator passa por um separador onde o carvão é obtido. Os gases são

direcionados para um condensador onde o bio-óleo é coletado. O rendimento do líquido por

ser 70-80% baseado na massa da biomassa inicial (RENGEL, 2007).

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2.2.3 Parâmetros que influenciam a pirólise

As pesquisas realizadas com pirólise de biomassa nos últimos anos exploram o estudo de

vários parâmetros que, potencialmente, influenciam o processo. Grande parte dos estudos se

direcionam à influência que o tipo de reator, a temperatura, a taxa de aquecimento, a

granulometria e o tempo de residência da biomassa desempenham na pirólise. Segundo Mohan

(2006), os efeitos que ocorrem durante a pirólise são enumerados a seguir.

1. Transferência de calor proveniente de uma fonte de calor para aumentar a temperatura no

interior da biomassa.

2. O início das reações primárias da pirólise nesta temperatura libera voláteis e forma

carvão.

3. O fluxo de voláteis aquecidos em direção aos sólidos mais frios resulta na transferência de

calor entre tais voláteis quentes e partículas de biomassa ainda não pirolisadas.

4. Condensação de alguns dos voláteis nas partículas mais frias de biomassa, seguidas de

reações secundárias, podem produzir alcatrão/bio-óleo.

5. As reações secundárias de pirólise auto catalisadas continuam enquanto as reações

primárias (item 2) ocorrem simultaneamente, havendo competição

6. Decomposição térmica adicional, reforma, reações de deslocamento água-gás,

recombinação de radicais e desidratações também podem ocorrer, tais fatores são funções

do tempo de residência, temperatura final e perfil de pressão.

Kang, Lee et al., (2005) submeteram partículas de Pinus radiata (espécie de pinheiro da

América do Norte) ao processo de pirólise rápida em reator de leito fluidizado em escala de

bancada e analisaram a influência da temperatura e do tamanho da partícula, bem como a

influência do sistema de separação de carvão no bio-óleo, que consistiu-se de um ciclone e de um

filtro quente, o qual era composto por três filtros cerâmicos em um container inoxidável.

Enquanto o ciclone foi projetado para remover partículas maiores do que 10 µm, o filtro removia

partículas ao redor de 1 µm. Tal sistema reduziu drasticamente o conteúdo de metais alcalinos e

de metais alcalinos terrosos no bio-óleo, sendo que o conteúdo de cálcio, magnésio e potássio foi

menor do que 1 ppm. O máximo rendimento de óleo obtido foi de 67% para uma temperatura de

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474oC, sendo que foi constatado o favorecimento de sua produção com a diminuição do tamanho

da partícula.

Choi, Choi e Park (2011) conduziram pirólise rápida de serragem de cipreste (conífera) em

reator de leito fluidizado borbulhante e estudaram os seguintes parâmetros: taxa de alimentação

de biomassa, tamanho da partícula, fluxo de nitrogênio (gás de fluidização), temperatura de

reação e temperatura de resfriamento dos vapores (condensação). Os aumentos da taxa de

biomassa alimentada e da temperatura favoreceram o rendimento do bio-óleo, para os demais

casos seu rendimento diminuiu com o aumento da propriedade estudada, sendo que a temperatura

de condensação, quando próxima de 0oC, pode resultar no aparecimento de aglomerados de

sólidos no óleo.

Demiral, Eryazici e Senzoz (2012) investigaram os efeitos da temperatura final, taxa de

aquecimento e vazão do gás de fluidização (nitrogênio) na pirólise de semente de milho em um

reator de leito fixo. Inicialmente variou-se a temperatura final (400, 450, 500 e 550oC) e a taxa de

aquecimento (7 e 40oC/min) e obteve-se máximo rendimento de bio-óleo a 500oC e 40oC/min.

Tais valores, que otimizaram a produção do óleo, foram mantidos e variou-se a vazão do gás de

fluidização (50, 100, 150 e 200 cm3/min), sendo que o maior rendimento do óleo se deu a 100

cm3/min e foi de 26,44% em massa. As características do óleo obtido sob tal condição (ótima

produção de óleo) foram analisadas, sendo que o mesmo foi dividido em três frações por

cromatografia de coluna para posterior análise por infravermelho com transformada de Fourier. O

óleo se mostrou como uma mistura de hidrocarbonetos aromáticos e alifáticos com fórmula

empírica de CH1,34O0,28N0,01, razão atômica H/C de 1,34 e poder calorífico superior de 26,22

MJ/kg, o qual é semelhante às frações do petróleo, sendo destacada a quase ausência de enxofre

(praticamente não emitindo óxidos sulforosos na atmosfera) e a possibilidade da mistura com

combustíveis convencionais.

Heidari, Stahl et al. (2013), estudaram a influência de quatro variáveis na pirólise de

madeira de eucalipto em um reator de leito fluidizado utilizando nitrogênio como gás de

fluidização: temperatura, fluxo de nitrogênio, tamanho das partículas de biomassa e taxa de

alimentação de biomassa e constataram que a produção do bio-óleo diminui com o aumento da

temperatura final da pirólise. Já a influência da vazão de nitrogênio se mostrou dúbia:

inicialmente o bio-óleo teve sua produção aumentada com o aumento da vazão para depois

diminuir, já para o tamanho da partícula houve diminuição do rendimento do óleo à medida que o

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tamanho foi aumentado, tal resultado é esperado devido às restrições que uma partícula maior

impõe à transferência de calor o que pode tornar a pirólise incompleta. O efeito da taxa de

alimentação da biomassa mostrou-se similar ao da taxa de aquecimento: inicialmente a produção

do bio-óleo aumentou com a aumento da quantidade de biomassa entrando no reator para

posteriormente diminuir, tal efeito é raramente estudado mas acredita-se que possui influência na

fluidização do leito, na interação biomassa-leito, na transferência de calor, no tempo de

residência dos vapores e no craqueamento secundário dos gases. O aumento da temperatura

favoreceu a formação de certos compostos no bio-óleo como o guaiacol e o fenol ao passo que a

quantidade de siringol, vanilina, m-cresol e resorcinol diminuiu com o aumento da temperatura.

Chang, Zhao et al (2013), submeteram a madeira de eucalipto moída (serragem) ao

tratamento hidrotérmico em um reator de alta pressão a 160-190oC para posterior secagem em

forno até atingir umidade de 5-6%. Tal tratamento reduziu efetivamente o teor de hemicelulose e

de alguns metais, enquanto que o teor de celulose foi elevado, permitindo maior rendimento de

bio-óleo quando a biomassa foi pirolisada de forma rápida em reator de leito fluidizado. O

conteúdo de cetonas, ácidos e água no óleo foi reduzido e o de levoglucosan aumentado, o que

contribuiu para o aumento de seu poder calorífico, assim o tratamento hidrotérmico provou-se

importante para a obtenção de um bio-óleo mais adequado para a utilização como combustível.

Como a natureza da biomassa representa a principal variável que determina as

características dos produtos finais, sua composição desempenha um papel importante no

processo, sendo que sua preparação também influencia a reações e os respectivos rendimentos

dos produtos.

Um ponto importante na preparação da biomassa é a moagem. Atualmente há diferentes

perspectivas relacionadas à influência dos tamanhos das partículas para o processo de pirólise.

Zanzi e Onay, em diferentes estudos, concordam que tamanhos muito pequenos asseguram uma

rápida reação enquanto partículas grandes proporcionam baixas taxas de aquecimento, levando ao

aumento da formação de carvão. Zanzi (2001) observou na pirólise de bagaço à 20oC/min que

partículas pequenas favoreceram a devolatilização do bagaço e reduziu a formação de carvão.

Onay (2006) observou que o rendimento do bio-óleo diminuiu e o de carvão aumentou à medida

que se aumentou a tamanho de partícula para a pirólise de colza.

Por outro lado, Encimar et al (1996) conduziram experimentos de pirólise de bagaço de

azeitona e uva a 500oC sob atmosfera de nitrogênio. Para estes casos, os pesquisadores

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observaram que o tamanho da partícula não teve influência na produção de líquidos e sólidos,

concluindo que não houve gradiente de temperatura que induz às limitações de transferência de

calor dentro das partículas utilizadas (com diâmetro médio de até 2 mm).

Tais conclusões contraditórias estão ligadas às diferentes condições que são impostas no

procedimento experimental como tipo de reator, tempo de residência e taxa de aquecimento.

Segundo Rengel (2007) a influência do tamanho da partícula se torna maior à medida que se

aumenta a taxa de aquecimento.

Segundo Bridgwater e Peacocke (2000), um alto conteúdo de água na biomassa retém o

aumento da temperatura e consequentemente a taxa de aquecimento, o que leva a um aumento no

tempo de residência. A presença de água na biomassa promove o aparecimento da água nos

produtos, o que é um inconveniente pois reduz o poder calorífico do bio-óleo. Considera-se que

uma umidade abaixo de 10% na biomassa alimentada é uma quantidade adequada.

Muitos experimentos demonstram que a taxa de aquecimento afeta a temperatura em que a

máxima degradação da biomassa ocorre, se a taxa de aquecimento aumenta, o pico de degradação

máxima ocorrerá em uma temperatura maior. Uzun et al (2006) observaram na pirólise de soja

que a conversão é maior com altas taxas de aquecimento, sendo que a taxa foi variada de 5 a

700oC/min e foi obtido um aumento de 5,8% na conversão da reação e de 23,36% na produção do

bio-óleo. O rendimento máximo de líquido foi de 42,8% e se deu a 700oC/min e temperatura final

de 550oC e também foi constatado o aumento da produção de gás à medida que se aumentou o

aquecimento.

Já Beis et al (2002) estudaram três taxas de aquecimento, 5, 40 e 80 oC/min para a pirólise

da semente de cártamo e observaram um aumento de conversão de apenas 4% para 40 e 80

oC/min em comparação com 5 oC/min, sendo que o bio-óleo apresentou, inesperadamente, maior

rendimento a 5 oC/min do que em taxas de aquecimento maiores. Acikgoz et al (2003) ao

estudarem a pirólise rápida de linhaça sob 100, 300 e 800 oC/min concluiu que a taxa de

aquecimento não teve efeito no rendimento do bio-óleo. O trabalho de Karaosmanoglu et al

(1999), indicou que não houve efeito da taxa de aquecimento no rendimento do líquido para a

temperatura final de 650oC para as taxas de 10 e 30 oC/min.

A temperatura de pirólise é geralmente 500oC para a maioria das biomassas, sendo que a

temperatura mínima para obter-se um rendimento aceitável de bio-óleo (pelo menos 50%) é

435oC.

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2.2.3.1 Cinética da pirólise

A cinética é o estudo da velocidade das reações químicas, ou seja, a velocidade em que a

composição química de um sistema é alterada no tempo. Através deste método pretende-se obter

os parâmetros cinéticos que regem a pirólise da biomassa.

As reações químicas se movem na direção de um equilíbrio dinâmico no qual reagentes e

produtos apresentam composição constante, sendo que tal tendência é denominada equilíbrio

químico. A velocidade em que um sistema reacional atinge o equilíbrio depende da sua taxa de

reação e da sua constante de conversão no equilíbrio. A taxa de reação é a velocidade com a qual

os reagentes são consumidos em um sistema reacional. A constante de equilíbrio é a relação entre

a concentração de produtos e reagentes no equilíbrio. Tanto a taxa de reação quanto a constante

de equilíbrio dependem da temperatura, pressão e composição dos reagentes e ambas devem ser

consideradas ao se determinar as condições ótimas de um reator.

Vários experimentos têm sido conduzidos para estudar a cinética da pirólise da biomassa.

Existem duas abordagens principais para o estudo da cinética da decomposição da biomassa:

A curva de queda de massa, ou termogravimétrica, isotérmica ou com elevação programada

de temperatura.

A dinâmica de formação de produtos da pirólise.

O método ou análise termogravimétrica (TG) consiste em se pirolisar uma amostra de

biomassa em um forno onde a temperatura ou taxa de aquecimento é controlada, medindo-se a

perda de massa da amostra em uma balança de precisão. Alguns autores discordam de que os

resultados obtidos por análise termogravimétrica possam ser aplicados em reatores de leito

fluidizado, pois na TGA o aquecimento comparativamente mais lento forneceria uma cinética

diferente das reações rápidas promovidas pelo leito fluidizado.

A pirólise geralmente apresenta alta proporção combustível/biomassa alimentada, a fazendo

o processo mais eficiente para a conversão de biomassa e o mais capaz de competir e

eventualmente substituir combustíveis fósseis não-renováveis (DEMIRBAS, 2001). Segundo

Koufopanos et al (1989) os principais componentes dos materiais lignocelulósicos se comportam

de maneira diferente durante a pirólise. Enquanto a celulose apresenta uma decomposição muito

rápida e é sobretudo transformada em voláteis e gases, a lignina tem uma decomposição bastante

lenta e principalmente gera carvão. Segundo os autores, o comportamento da hemicelulose é

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muito similar ao do xilano, seu principal componente. Xilano é termicamente o último

componente estável da biomassa e produz um resíduo sólido intermediário à celulose e lignina.

Termogramas realizados com vários tipos de biomassa indicam que as curvas de pirólise de

biomassas em que a celulose é o principal componente (madeira, sabugo de milho) se aproximam

da curva da celulose enquanto que as curvas onde o componente dominante é a lignina (cascas de

azeitona e nozes) se aproximam da curva da lignina.

Tais considerações tendem a confirmarem a hipótese da possibilidade da análise da

biomassa como uma soma de seus principais componentes. Uma confirmação quantitativa desta

hipótese pode ser obtida prevendo a pirólise de várias biomassas de acordo com o seguinte

modelo:

[𝐵𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎] = 𝑎[𝐶𝑒𝑙𝑢𝑙𝑜𝑠𝑒] + 𝑏[𝐿𝑖𝑔𝑛𝑖𝑛𝑎] + 𝑐[𝐻𝑒𝑚𝑖𝑐𝑒𝑙𝑢𝑙𝑜𝑠𝑒] (2)

Onde os termos em colchetes representam a fração do componente não transformado em

gases e voláteis e a, b e c são as frações mássicas dos componentes da biomassa correspondente

no material virgem.

Williams e Besler (1996) ao estudarem o processo da pirólise, determinaram variação do

fator pré-esponencial A e da energia de ativação E para a biomassa. Tais parâmetros mostraram-

se altamente variáveis a pequenas taxas de aquecimento (para cada taxa foi determinado um valor

máximo e um valor mínimo), mas se aproximaram às maiores taxas de aquecimento.

Soltes e Elder (1983), descreveram a pirólise da biomassa como sendo um processo que

ocorre em três etapas distintas de acordo com a temperatura: a primeira envolve a degradação da

hemicelulose entre 200 e 260oC, a segundo, degradação da celulose entre 240 e 350oC e, por

último, degradação da lignina, entre 280 e 500 oC. Muitos autores definem a pirólise como sendo

um processo zonal, onde as zonas são definidas por temperaturas que variam entre 200 e 600oC.

Segundo Shafizadeh e Lu (1973), a degradação térmica da celulose ocorre em duas etapas,

sendo a primeira caracterizada pela diminuição da resistência do material. Em temperaturas

abaixo de 300oC, as principais reações desta etapa são: oxidação, despolimerização, desidratação

e descarboxilização. Aquecendo-se acima de 300oC, obtém-se carvão, alcatrão e produtos

gasosos. Investigações sobre a fração de alcatrão revelaram que o componente presente em maior

quantidade é a levoglucosan.

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A taxa de consumo de um reagente A em uma reação química é dada pela seguinte

expressão:

−𝑟𝐴 = 𝑘(𝑇). 𝑓(𝐶𝐴, 𝐶𝐵, … , 𝐶𝑀) (3)

Onde:

rA é a taxa de consumo do reagente A, kmol.s-1.L-1.

CA, CB,...,CM são as concentrações dos reagentes, kmol.L-1.

k é a constante da velocidade da reação, s-1.

A equação que relaciona a constante de velocidade de reação e a temperatura é conhecida

como Lei de Arrhenius:

𝑘 = 𝐴. 𝑒𝑥𝑝 (−

𝐸

𝑅𝑇)

(4)

Onde

k é a constante de velocidade da reação, s-1.

A é o fator de frequência, s-1.

E é a energia de ativação, KJ.mol-1.

R é a constante universal dos gases (=8,3145 KJ.mol-1.K-1)

T é a temperatura, K.

A forma da função f(CA, CB,...,CM) é geralmente um produto de potências:

𝑓(𝐶𝐴, 𝐶𝐵, … , 𝐶𝑀) = 𝐶𝐴𝑛. 𝐶𝐵

𝑗…𝐶𝑀

𝑖 (5)

As constantes n,j,...i são chamadas ordens de reação dos reagentes A,B,...M. Geralmente

designa-se a ordem de reação de um determinado composto por n. Os parâmetros A, E e n são

característicos de cada processo e serão analisados neste trabalho. O conhecimento dos

parâmetros cinéticos da equação de Arrhenius (E, n e A) permite a modelagem matemática do

processo de pirólise de biomassa.

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32

A pirólise de materiais lignocelulósicos (biomassa) em particular é um processo complexo

do ponto de vista cinético, no qual influenciam tanto as condições de reação como a natureza do

substrato. Essa complexidade está condicionada por fatores tais como:

Os materiais lignocelulósicos são uma mistura de diversos compostos: celulose,

hemicelulose, lignina e extrativos, entre outros.

Cada componente é uma macromolécula ou uma mistura delas que se degradam de maneira

muito complexa.

Os produtos são o resultado de múltiplas reações paralelas, consecutivas e competitivas.

Os produtos da degradação reagem entre si por meio de reações secundárias.

O número de reações que ocorrem simultaneamente no processo de pirólise mais simples é

tão grande que praticamente é impossível desenvolver um modelo cinético que considere todas

estas reações. Desta forma, a pirólise é usualmente estudada em termos de modelos de

pseudomecanismos. Nestes modelos os produtos da pirólise são denominados carvão vegetal

(resíduo não volátil com um elevado teor de carbono), alcatrão (mistura de um grande número de

compostos de elevado peso molecular, os quais são voláteis à temperatura da pirólise e líquidos à

temperatura ambiente) e gases (produtos de baixo peso molecular os quais têm uma pressão de

vapor moderada à temperatura ambiente). Do ponto de vista cinético a pirólise de materiais

lignocelulósicos é uma reação complexa, cujos mecanismos não estão totalmente esclarecidos.

Como característica mais geral pode-se dizer que é uma reação não elementar e irreversível que

se verifica com a participação de múltiplas fases.

Em 1979, Bradbury, Sakal e Shafizadeh propuseram um modelo de múltiplos passos para a

pirólise da celulose. Bradbury, Sakal e Shafizadeh (1979) afirmavam que a celulose teria que

atingir um estado ativo antes de reagir e denominou esta etapa de “período inicial”. Durante este

estágio a perda de massa é nula. A Figura 2.9 exibe o modelo de reação de pirólise segundo tais

pesquisadores.

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33

kc

kv ki ki

Figura 2.9 – Reação de pirólise da celulose segundo Bradbury, Sakal e Shafizadeh (1979)

Em que:

−𝑑(𝑊𝑐𝑒𝑙𝑙)

𝑑𝑡= 𝑘𝑖[𝑊𝑐𝑒𝑙𝑙]

(6)

𝑑(𝑊𝐴)

𝑑𝑡= 𝑘𝑖[𝑊𝑐𝑒𝑙𝑙] − (𝑘𝑣 − 𝑘𝑐)[𝑊𝐴]

(7)

𝑑(𝑊𝐴)

𝑑𝑡= 0,35𝑘𝑐[𝑊𝐴]

(8)

Em que a letra W representa a massa de cada componente e sua consequente variação. Os

dados para este modelo foram coletados em um reator de leito fluidizado, utilizando alumina

(Al2O3) como material inerte e celulose. Desta forma as três constantes cinéticas foram

determinadas em função da temperatura:

𝑘𝑖 = 1,7. 10

21𝑒𝑥𝑝 (−58,000

𝑅𝑇)𝑚𝑖𝑛−1

(9)

𝑘𝑣 = 1,9. 10

16𝑒𝑥𝑝 (−47,300

𝑅𝑇)𝑚𝑖𝑛−1

(10)

𝑘𝑐 = 7,9. 10

11𝑒𝑥𝑝 (−36,600

𝑅𝑇)𝑚𝑖𝑛−1

(11)

Celulose Celulose ativa

Volátil

Carvão + GásWg

Wc

Wv

WA Wcell

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34

3

2 1

Em 1981, Thurner e Mann propuseram um esquema com três reações competitivas para a

pirólise da biomassa, com possíveis reações secundárias. Este modelo é considerado “clássico” e

é amplamente estudado. O alcatrão formado pode repolimerizar-se para gerar carvão ou craquear-

se para produzir gases, tal modelo também é conhecido como de Broido-Shafizadeh ou de Di

Blasi e é mostrado na Figura 2.10.

Figura 2.10 – Reação de pirólise da biomassa segundo Di Blasi

Em 1989, Koufopanos et al. desenvolveram um modelo utilizando o conceito de

intermediário, como é mostrada na Figura 2.11.

Figura 2.11 – Reação de pirólise da biomassa segundo Koufopanos

O conceito de intermediário, embora amplamente utilizado, é controverso, pois é de difícil

definição e não é observado experimentalmente. Muitos autores creem que tal etapa é desprezível

pois ocorre em um intervalo de tempo muito pequeno, já Broido e Nelson (1975), sugerem que o

Biomassa

Gás

Bio-óleo

Gás

Carvão

Carvão

Biomassa Intermediário

Gases + Voláteis

Carvão

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grau de polimerização da celulose é reduzido nesta etapa e, portanto, faz-se necessária a distinção

entre biomassa virgem e intermediária.

A taxa de pirólise de cada componente da biomassa (celulose, hemicelulose e lignina) foi

simulada por meio do modelo cinético. A ordem da reação 1 foi mantida constante e igual a zero.

Para a ordem das reações 2 e 3 (por simplificação n2 foi fixada igual a n3) os valores de 1,0, 1,5,

2,0 e 2,5 foram testados. Para cada um destes valores de ordem de reação, os seis parâmetros

cinéticos do modelo (Ai e Ei para cada uma das seis reações) foram estimados por equações de

ajuste a partir da curva da análise termogravimétrica de cada componente. Um intervalo de

temperatura 100 a 440oC (540oC para a lignina) e um incremento de 20oC foi utilizado. Como as

curvas de TGA de três diferentes taxas de aquecimento, um grande número de pontos

experimentais foi utilizado nos procedimentos de ajuste. Os resultados obtidos estão presentes na

Tabela 2.4.

Tabela 2.4 – Parâmetros cinéticos do modelo de Koufopanos (1989)

Material Reação 1 Reação 2 Reação 3

Ordem A1 E1 Ordem A2 E2 Ordem A3 E3

Celulose 0 2,2.1014 167,5 1,5 9,4.1015 216,6 1,5 3,1.1013 196,0

Hemicelulose 0 3,3.106 72,4 1,5 1,1.1014 174,1 1,5 2,5.1013 172,0

Lignina 0 3,3.1012 147,7 1,5 8,6.108 137,1 1,5 4,4.107 122,1

Posteriormente, em 1991, Koufopanos desenvolveu um modelo mais elaborado ao prever

reações secundárias, como exibido pelo Figura 2.12.

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Figura 2.12 – Reação de pirólise da biomassa segundo Koufopanos (1991), prevendo reações

secundárias

Onde n1, n2 e n3 representam as respectivas ordens de decaimento dos compostos da reação

e foram introduzidos posteriormente por Srivastava, Sushil e Jalan (1996). Inicialmente

Koufopanos considerou uma ordem de reação n. Tal modelo indica que a biomassa se decompõe

em voláteis, gases e carvão e prevê que os voláteis e os gases gerados na reação 1 podem reagir

com o carvão gerado na reação 2 produzindo mais gases, voláteis e carvão. Tais compostos

produzidos na reação 3 não devem ser vistos como completamente diferentes dos produzidos

pelas reações primárias, apenas deve-se considerar que são produzidos por uma via diferente,

podendo apresentar diferenças e/ou semelhanças aos “originais”. O intermediário foi desprezado,

pois tal composto é de difícil definição e composição.

2.2.4 Bio-óleo

Bio-óleo pode ser definido como um combustível líquido renovável produzido pela

pirólise ou carbonização da biomassa. Possui diferentes composições relacionadas às diferentes

biomassas e condições de produção. Pode ser utilizado como uma fonte de produtos químicos

de alta qualidade, como combustível alternativo em estado bruto ou geralmente após a aplicação

de processos que visam sua purificação e aperfeiçoamento (CZERNIK e BRIDGWATER,

2004).

Bio-óleo é um líquido marrom escuro que é composto por substâncias altamente

oxigenadas. Os sinônimos para bio-óleo incluem líquido de pirólise, líquido de madeira, óleo

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de madeira, fumaça líquida, destilado de madeira, ácido piroligníneo, madeira líquida, óleo de

pirólise, alcatrão e alcatrão pirolítico.

A dificuldade de classificar a biomassa que dá origem ao bio-óleo reside no fato de que

tal classificação depende da espécie, idade, parte da planta e muitas outras variáveis. Uma

divisão possível é: casca de árvore (tecido que fornece proteção ao tronco, conhecido

botanicamente com súber ou felema), tronco (partes internas das árvores), resíduos agrícolas,

sementes, algas, gramíneas e resíduos florestais. Assim é possível comparar o bio-óleo

produzido por tais grupos de biomassas (MOHAN, PITTMAN e STEELE, 2006).

Na pirólise rápida a biomassa é convertida em um líquido comumente denominado óleo

de pirólise ou bio-óleo. Tal líquido tem o potencial para se tornar um importante transmissor

intermediário de energia para a produção de produtos químicos, combustíveis de transporte,

calor e eletricidade. Recentemente, tem havido uma mudança de maximizar o rendimento de

bio-óleo para propostas e processos que objetivam o aprimoramento de sua qualidade. Tal fato

levou os pesquisadores a reconhecerem que a capacidade de controlar a qualidade do bio-óleo

é muito importante para a introdução de grandes volumes deste óleo no mercado e para facilitar

seu refino. A qualidade pode estar relacionada à estocagem, transporte e características de

processamento do bio-óleo. Por exemplo, estabilidade térmica e oxidativa e pressão de vapor

são propriedades importantes para armazenagem e transporte. Critérios de qualidade

(indicadores) dependem de sua aplicação final, no caso de gaseificação e combustão do bio-

óleo, água (poder calorífico do combustível) e formação de coque durante a evaporação

(atomização) são considerados parâmetros importante de qualidade. Para o coprocessamento

do bio-óleo estabilizado em unidades de refinarias de óleo cru, peso molecular (distribuição),

conteúdo de oxigênio, relação hidrogênio/carbono (H/C), número ácido total, corrosividade e

estabilidade térmica são características chaves. Tais indicadores são diretamente relacionados à

composição química destes óleos. Por exemplo, a quantidade de grupos carbonila, carboxila e

hidroxila na parte pesada do bio-óleo (fração insolúvel na água e mono e oligossacarídeos) é

diretamente relacionado à tendência destes óleos para formar resíduos carbonosos

(WESTERHOF, BRILMAN, et al., 2011).

Líquidos obtidos por pirólise rápida (bio-óleos) não são química e termicamente estáveis

como os combustíveis convencionais derivados do petróleo devido ao seus altos conteúdos

de compostos reativos contendo oxigênio e voláteis com baixos ponto de fusão. A instabilidade

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do bio-óleo pode ser observada com o aumento de sua viscosidade ao longo do tempo. As

reações mais importantes ocorrem imediatamente após o resfriamento do líquido e cessam

durante os três primeiros meses de estocagem e as principais alterações durante este período

incluem a redução dos compostos carbonílicos, aldeídos e cetonas e o aumento da parte pesada

insolúvel na água. O conteúdo ácido volátil permanece inalterado. As principais reações

químicas reportadas são a polimerização de compostos com ligações duplas, reações de

condensação e eterificação e esterificação que ocorrem entre os componentes hidroxila e

carbonila na qual a água é formada como um subproduto. O teor da fração insolúvel na

água aumenta, assim aumentando também o poder calorifico e a viscosidade (OASMAA,

KORHONEN e KUOPPALA, 2011).

Algumas propriedades do bio-óleo podem gerar vários problemas significativos durante

seu uso em caldeiras, motores e turbinas às gás construídos para combustão de combustíveis

derivados do petróleo, devido ao fato de que o bio-óleo possui baixa volatilidade, alta

viscosidade, carbonização e corrosividade quando comparadas aos combustíveis originados do

petróleo (CZERNIK e BRIDGWATER, 2004). O bio-óleo requer alta energia para ignição, mas

uma vez que é inflamado queima com uma chama estável e auto-sustentada. Entretanto, não se

pode utiliza-lo em aplicações em que vaporização completa é necessária devido aos resíduos

deixados após a destilação (36 – 50% do bio-óleo inicial) (RENGEL, 2007). A Tabela 2.5

apresenta as características de várias propriedades do bio-óleo.

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Tabela 2.5 – Propriedades típicas do bio-óleo (MOHAN, PITTMAN e STEELE, 2006)

Propriedade Características

Aparência De preto ou marrom escuro até verde

escuro, dependendo da biomassa

inicial e condições da pirólise rápida.

Miscibilidade

Quantidades variadas de água estão

presentes, comumente no intervalo de

15% à 30-50% em massa, dependendo

da produção e do modo em que foi

coletado.

O bio-óleo pode tolerar a adição de uma

quantidade limitada de água antes que a

separação de fase ocorra. Não pode ser

dissolvido em água. Miscível com

solventes polares como metanol e

acetona, mas totalmente imiscível com

combustíveis derivados do petróleo.

Densidade A densidade do bio-óleo é

aproximadamente 1,2 kg/L,

comparado com 0,85 kg/L do óleo

combustível leve.

Viscosidade cinemática

A viscosidade varia de 25 cSt à 1000

cSt (medida à 40oC) dependendo da

biomassa alimentada, do conteúdo de

água do bio- óleo, do tipo de pirólise utilizado e de quanto tempo o bio-óleo

envelheceu.

Destilação

Não pode ser completamente

vaporizado após a condensação inicial

da fase vapor à 100oC ou mais, reage

rapidamente e pode produzir um

resíduo sólido que representa 50% da

massa do bio-óleo inicial. É

quimicamente instável e a instabilidade

aumenta com o aquecimento. É sempre

preferível armazenar o bio-óleo a

temperatura ambiente (ou abaixo);

alterações podem ocorrer a temperatura

ambiente, mas muito mais lentamente e

tais mudanças podem ser contornadas

em aplicações comerciais.

Envelhecimento

O bio-óleo apresenta um

comportamento pouco comum: suas

características dependem do tempo que

se passou desde sua produção. A

viscosidade aumenta, a volatilidade

diminui e a separação de fases e o

depósito de resina mudam com o tempo.

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O bio-óleo origina-se da depolimerização e fragmentação da celulose, hemicelulose e

lignina presentes na planta (CZERNIK e BRIDGWATER, 2004). Pouca desoxigenação ocorre

durante a pirólise, resultando num líquido com composição elementar muito semelhante à

biomassa original (OASMAA e CZERNIK, 1999). O bio-óleo contém uma grande variedade de

grupos funcionais incluindo álcoois, aldeídos, ácidos carboxílicos, ésteres, éteres, furanos,

cetonas, fenóis e açúcares. Tais compostos oxigenados são altamente reativos, promovendo

esterificação, condensação, polimerização e outras reações que contribuem para a instabilidade

do bio-óleo quando estocado (POLLARD, ROVER e BROWN, 2011). A Tabela 2.6 apresenta

uma composição aproximada do bio-óleo baseada em seus principais componentes.

Tabela 2.6 – Porcentagem em massa dos principais componentes do bio-óleo (BALAT, BALAT,

et al., 2009)

Componentes majoritários Massa (%)

Água 20 – 30

Fragmentos de lignina: lignina pirolítica insolúvel 15 – 30

Aldeídos: formaldeído, acetaldeído, hidroxacetaldeído, glioxal, metilglioxal 10 – 20

Ácidos carboxílicos: ácido fórmico, propiônico, butírico,

pentanóico, hexanóico, glicólico (hidroxiacético)

10 – 15

Carboidratos:celobiosano, α-D-levoglucosano, oligossacarídeos,

1,6- anidroglucofuranose

5 – 10

Fenóis: fenol, cresóis, guaiacóis, siringois 2 – 5

Furfurais 1 – 4

Álcoois: metanol, etanol 2 – 5

Cetonas: acetol (1-hidroxi-2-propanona), ciclopentanona 1 – 5

O bio-óleo exibe uma faixa extremamente ampla de pontos de ebulição, além de

componentes orgânicos voláteis e água, o líquido contém uma grande quantidade de compostos

não voláteis, como açúcares e oligômeros de lignina, que tendem à polimerização e coqueação

quando aquecidos. Portanto, é impossível a recuperação de compostos químicos por técnicas

tradicionais como destilação à vácuo ou vapor (CZERNIK e BRIDGWATER, 2004). Faz-se

necessária a utilização de técnicas de separação ou purificação como a cromatografia líquida,

extração e centrifugação para recuperar compostos presentes no bio-óleo, no entanto tais

processos são consideravelmente mais caros do que a destilação. Recentemente, foi proposta a

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destilação molecular para o refino do bio-óleo, que foi dividido em três frações: leve,

intermediária e pesada (WANG, GU, et al., 2009).

O pH do bio-óleo pode ser tão baixo quanto 2 ou 3 (MOHAN, PITTMAN e STEELE,

2006). A maioria dos compostos ácidos no líquido são ácidos carboxílicos. Ácido acético e

fórmico representam, respectivamente, cerca de 5% e 3% em massa do bio-óleo (PISKORZ,

SCOTT e RADLEIN, 1988). Além de promover a corrosão dos vasos de aço que estocam

combustíveis, tais ácidos leves são suspeitos de catalisarem reações que afetam negativamente

a estabilidade do bio-óleo (AUBIN e ROY, 1990).

A água é um importante constituinte do bio-óleo, representando 15-35% do líquido em

massa, é derivada tanto da umidade original presente na biomassa quanto das reações de

desidratação que ocorrem durante a pirólise e estocagem do líquido. Embora reduzir a

quantidade de água melhora seu poder calorífico e o deixa mais estável, sua ausência provoca o

aumento da viscosidade (LU, LI e ZHU, 2009).

O baixo valor do poder calorífico do bio-óleo quando comparado com óleo combustível

é devido a dois fatores: a água no líquido aumenta a quantidade de energia para vaporizar o

combustível, reduzindo a energia líquida liberada durante a combustão e a presença de

compostos oxigenados reduz o poder calorífico quando comparados com hidrocarbonetos

(POLLARD, ROVER e BROWN, 2011).

A presença de sólidos no óleo de pirólise tem muitos efeitos negativos, os sólidos

tipicamente são partículas de carvão que não são separadas do vapor de pirólise, o carvão pode

causar erosão, bloqueios, menores taxas de combustão e entupimento dos bocais de spray,

também acredita-se que pode catalisar reações que desestabilizam o bio-óleo, ainda que este

mecanismo não esteja totalmente elucidado (MOHAN, PITTMAN e STEELE, 2006).

Um dos principais inconvenientes do bio-óleo é que sua composição é muito similar com

a biomassa que lhe deu origem e, portanto, muito diferente dos combustíveis e produtos

químicos derivados do petróleo (BALAT, BALAT, et al., 2009). Stamatov et al (2005)

obtiveram bio-óleo de duas espécies de eucaliptos autóctones da Austrália: Eucalyptus

camaldulensis e Eucalyptus globulus. O bio-óleo produzido foi misturado com etanol e

queimado em um pulverizador circular a pressão atmosférica. As chamas foram menores, mais

largas e brilhantes quando comparadas às chamas produzidas por diesel sob as mesmas

condições. A adição de etanol (polar e inflamável) melhorou algumas das características

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indesejadas do bio-óleo como baixa atomização, baixo poder calorífico e alta emissão de NOx

pela chama.

O bio-óleo pode ser separado em frações de componentes semelhantes por meio de

fracionamento com solvente. Um dos meios de separação é a adição de água, a precipitação de

compostos insolúveis na água (primariamente fragmentos derivados da lignina), que responde

por 25-30% da composição do bio-óleo, pode ser atingida por este método. Considera-se que

tal fração da lignina pirolítica contribui significativamente para a instabilidade do bio-óleo.

Portanto, um entendimento das modificações químicas da lignina pirolítica que ocorrem

durante a estocagem do bio-óleo pode ser essencial para a elaboração de soluções para reverter

a instabilidade do bio-óleo (KIM, KIM, et al., 2012).

Amen-Chen et al (1997), isolaram fenol, cresóis, guaiacol, 4-metilguaiacol, catechol e

siringol do alcatrão (bio-óleo) produzido pela pirólise de madeira de eucalipto. O método

incluiu a conversão do bio-óleo bruto em uma fração mais leve. Os componentes fenólicos

foram separados por extração líquido-líquido, utilizando solventes orgânicos e alcalinos.

Análise de cromatografia gasosa com espectrômetro de massa (CG/EM) dos compostos

fenólicos foi utilizada para avaliar o método de separação. A conversão primária permitiu o

isolamento da fração mais leve do bio-óleo sem provocar mudanças significativas no óleo

original. A extração líquido-líquido por solventes orgânicos e alcalinos produziu a fração

fenólica. A remoção dos fenóis foi eficiente sob condições altamente alcalinas.

Uma opção para aprimorar a qualidade do bio-óleo é o fracionamento dos vapores

produzidos (WESTERHOF, BRILMAN, et al., 2011). Segundo Oasmaa et al. (2005), a

remoção das frações mais leves do bio-óleo por condensação fracionada e sua substituição por

etanol conduz ao aumento da estabilidade do óleo. Solventes polares têm sido utilizados para

homogeneizar os líquidos obtidos por pirólise e para retardar o aumento de suas viscosidades.

Informações quantitativas sobre tais efeitos são reportadas para água, metanol e furfural. O

metanol mostrou desempenhar um efeito significante para a estabilidade do bio-óleo. A taxa de

aumento de viscosidade para o bio-óleo com 10% em massa de metanol foi quase 20 vezes

menor do que a do líquido sem aditivos. Acredita-se que a influência do solvente na

viscosidade dá-se por três mecanismos: (1) diluição sem afetar as taxas das reações químicas;

(2) redução da taxa de reação por diluição molecular ou por alteração da microestrutura do

líquido e (3) reações químicas entre o solvente e componentes do líquido que impedem a

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formação de estruturas de cadeias longas (OASMAA, KUOPPALA, et al., 2004). As reações

químicas que ocorrem entre os componentes da pirólise e metanol ou etanol são esterificação e

acetalização, mostradas nas Figuras 2.13, 2.14 e 2.15.

Figura 2.13 – Esterificação de aldeídos e cetonas

Figura 2.14 – Formação de acetal e hemiacetal a partir de aldeídos e cetonas

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Figura 2.15 – Formação de acetal a partir de monossacarídeos

Considerando-se a simplicidade, o baixo custo e seus efeitos benéficos nas propriedades

do líquido, a adição de álcool tem sido sugerida por ser a mais prática para o melhoramento das

qualidades do bio-óleo (OASMAA e CZERNIK, 1999). A Tabela 2.7 lista uma série de

características indesejáveis do bio-óleo e suas possíveis soluções.

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Tabela 2.7 – Soluções para características indesejáveis do bio-óleo (MOHAN, PITTMAN e

STEELE, 2006)

Característica Efeito Solução

Partículas de carvão

suspensas

Levam à erosão,

entupimentos, problemas

na combustão devido à

baixa taxa de queima;

faíscas podem ocorrer na

combustão ocasionando

potenciais depósitos e alta

emissão de CO.

Filtração a vapor quente;

filtração líquida;

diminuição do tamanho do

carvão suspenso para a

redução do efeito;

modificação da aplicação.

Metais alcalinos

Provoca depósito de

sólidos em caldeiras,

motores e turbinas; nas

turbinas o potencial de

dano é considerável,

particularmente quando se

requer alto desempenho.

Filtração a vapor quente;

processamento ou

aprimoramento do bio-

óleo; modificação da

aplicação; pré-tratamento

da biomassa para a

remoção da cinza.

Baixo pH Acarreta corrosão de vasos

e tubos.

Cuidadosa seleção de

material: aço inoxidável e

alguns polímeros olefinas

são aceitáveis.

Incompatibilidade com

alguns polímeros

Dilatação e destruição de

anéis de selagem e juntas.

Cuidadosa seleção de

material

Sensibilidade à alta

temperatura

Decomposição do líquido e

polimerização em

superfícies quentes levando

à decomposição e

entupimento; adesão de

gotículas em superfícies

abaixo de 400oC.

Reconhecimento do

problema e instalações

apropriadas para o

resfriamento; evitar o

contato com superfícies

quentes acima de 500oC.

Alta viscosidade

Altas quedas de pressão

nas tubulações conduzindo

à equipamento mais caros

e/ou possibilidade de

vazamento e mesmo

ruptura. Altos custos de

bombeamento.

Cuidadoso aquecimento até

baixa temperatura, e/ou

adição de água, e/ou adição

de co-solventes, como o

metanol ou etanol.

Conteúdo de água

Efeito complexo na

viscosidade, poder

calorífico inferior,

densidade, estabilidade,

pH, homogeneidade, etc.

Pode ocasionar separação

de fases.

Reconhecimento do

problema, otimização de

acordo com a aplicação.

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Heterogeneidade

Estratificação ou separação

parcial de fases; problemas

de filtração.

Misturar com metanol ou

etanol.

Imran et al. (2014) submeteram biomassa constituída por fibras de madeira ao processo

de pirólise sob pressão de 1 atm, temperatura de reator entre 400 e 550 oC, taxa de alimentação

de 1 kg/h, tempo de residência de vapor no reator entre 2 e 4 s, partículas de biomassa entre 150

e 1000 µm e Na2CO3/γ-Al2O3 (carbonato de sódio sob suporte de alumina) e obtiveram bio-óleo

com baixo teor de oxigênio (16,4% em massa, quando comparado com 47,5% obtido sem o

catalisador), rico em fração orgânica, teor de água de 5,8%, poder calorífico de 36,1 MJ/kg, pH

aproximadamente neutro e sem ácidos carboxílicos. Tais características, baixo teor de água e

oxigênio e alto poder calorífico inferior são atrativas para a utilização do bio-óleo como

combustível.

Lira et al. (2013) estudaram a pirólise rápida de sementes de tucumã amazônica em reator

de leito fluidizado borbulhante para cinco temperaturas diferentes (400, 450, 500, 550 e 600oC)

e obtiveram o menor teor de água para a temperatura de 550oC, assim como o maior valor

de poder calorífico. A eliminação da água conduziu ao aumento do poder calorífico para

30,5 MJ/kg. Esta amostra de bio-óleo teve sua composição determinada por cromatografia

gasosa com espectômetro de massa e foram identificados compostos típicos do bio-óleo

incluindo furanos, fenóis, levoglucosan e alguns compostos ácidos de cadeias pequenas como o

acético e o propanoico, o que acarreta na diminuição do pH do óleo.

O bio-óleo pode ser separado em diferentes frações prontas para a obtenção de diversos

produtos de interesse comercial, como mostra a Figura 2.16.

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Figura 2.16 – Diferentes frações na qual o bio-óleo pode ser separado (ROCHA, MESA PÉREZ e

CORTEZ, 2004)

Devido à essa natureza, o bio-óleo pode ser separado em frações prontas para a obtenção

Bio-óleo

Extração com água

Fase aquosa ácida

Extração com acetato

de etila

Fase aquosa

Carboidratos

Fase orgânica

Mistura de ácidos

carboxílicos, álcoois,

aldeídos e cetonas de baixo peso molecular,

solúveis em água (ácidos

fórmico e acético, metanol,

cetona, etc)

Fase orgânica

Extração com

NaHCO3

Fase aquosa

Acidificação

Ácidos carboxílicos

de >C6

Fase orgânica

Extração com NaOH

Fase aquosa

Acidificação

Fenóis livres (fenol, orto e para cresol assim como fragmentos de lignina

despolimerizada)

Fase orgânica

Compostos neutros

insolúveis em água

(aldeídos, álcoois,

cetones e ésteres)

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de diversos produtos de interesse comercial, uma concepção de uma refinaria de bio-óleo é

fornecida por Bridgwater e mostrada na Figura 2.17.

Figura 2.17 – Concepção de uma refinaria de bio-óleo (ROCHA, MESA PÉREZ e CORTEZ,

2004)

Sui, Yang et al submeteram o talo do algodão à pirólise em reator de leito fluidizado a 400

e 600oC, sendo que o vapor produzido passou por quatro condensadores em sequência com

temperaturas de 300oC, 100oC, 0oC e -20oC respectivamente. Cerca de 90% das moléculas

pequenas incluindo ácido acético, cetonas, aldeídos e água foram coletados no condensador a 0oC

e orgânicos com ponto de ebulição moderados (fenóis) foram coletados no condensador a 100oC.

Em geral foi possível obter diferentes frações com diferentes pontos de ebulição, apesar de alguns

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compostos terem ficado majoritariamente em frações que não correspondiam a seu ponto de

ebulição, devido ao efeito de diferentes pressões de vapor.

2.3 Caracterização dos combustíveis líquidos industriais

As características enumeradas nesta seção devem ser verificadas e determinadas a fim de

se estabelecer as propriedades importantes para a performance de um combustível. Para todas as

propriedades é mencionado o bio-óleo e suas potenciais vantagens ou desvantagens.

2.3.1 Viscosidade

A viscosidade, que quantifica a resistência que um fluído apresenta para fluir, é uma

característica importante do bio-óleo, pois combustíveis muito viscosos não podem ser

bombeados facilmente. Sua viscosidade costuma ser muito variável, dependendo da natureza da

biomassa e das condições do processo que o originou e geralmente busca-se diminuir a

viscosidade do bio-óleo pela adição de algum solvente, como metanol e acetona (CZERNIK e

BRIDGWATER, 2004). Óleos de pirólise que, naturalmente, apresentam maior teor de água

costumam ser menos viscosos, porém, tal característica costuma ser indesejável para suas outras

propriedades combustíveis, como o poder calorífico.

A estocagem do bio-óleo contribui para o aumento de sua viscosidade devido às reações

que ocorrem entre vários de seus componentes, o que permite a formação de moléculas maiores

(CZERNIK e BRIDGWATER, 2004). Óleos produzidos com e sem o efeito de catalisador se

distanciaram bastante do comportamento newtoniano e apresentaram características fortemente

pseudo-plásticas (ZHOU, YANG, et al., 2012).

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2.3.2 Poder calorífico

O poder calorífico de um combustível é definido como a quantidade de calor desprendida

pela sua combustão completa, portanto a medida padrão do conteúdo de energia de um

combustível é seu poder calorífico (PC), o qual é dividido em inferior (PCI) e superior (PCS). Tal

distinção é baseada na fase em que a água é liberada quando ocorre a combustão: vapor (PCI) ou

líquida (PCS). A água líquida é geralmente obtida em processos que ocorrem a temperatura

ambiente como no caso da bomba calorimétrica, já a água na fase vapor é comumente produzida

em processos industriais, onde a temperatura dos produtos de combustão estão acima de 100oC.

A água liberada tem duas origens distintas: a que está presente inicialmente no combustível

(umidade) e a que é formada pela combustão do hidrogênio. Assim a entalpia de vaporização da

água é o que diferencia o PCI do PCS, sendo que devem ser consideradas ambas as origens da

água como é mostrada na Equação 12 (XU, HU, et al., 2011):

𝑃𝐶𝐼 = 𝑃𝐶𝑆 − 2440(9ℎ + 𝑢) (12)

Onde os poderes caloríficos são dados em kJ/kg, h é o teor de hidrogênio presente no

combustível (kg/kg) e u é seu teor de umidade (kg de água/kg de combustível seco).

Para o líquido produzido pela pirólise, o bio-óleo, relações entre PCI e PCS também

existem. Inicialmente o PCS pode ser estimado pela Equação 13:

𝑃𝐶𝑆 = 338,2𝐶 + 1442,8 (𝐻 −

𝑂

8) (𝑘𝐽 𝑘𝑔⁄ )

(13)

Assim, o PCI pode ser determinado a partir do PCS ao considerar-se a porcentagem de

hidrogênio determinado na análise elementar, de acordo com a Equação 14 (OASMAA,

LEPPÄMÄKI, et al., 1997):

𝑃𝐶𝐼 = 𝑃𝐶𝑆 − 218,3𝐻 (𝑘𝐽 𝑘𝑔⁄ ) (14)

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O bio-óleo possui PCI entre 15 e 20 MJ/kg, enquanto que o combustível fóssil

convencional apresenta PCI entre 41 e 43 MJ/kg. Assim o bio-óleo possui metade da densidade

energética do combustível fóssil, fato que é atribuído ao maior conteúdo de água e de oxigênio

presentes no óleo. Para aprimorar o PCI do óleo para que seja usado em um motor é necessária a

redução de ambos os conteúdos, por meios de técnicas de aperfeiçoamento. Experimentalmente,

o poder calorífico do bio-óleo pode ser determinado de acordo com a norma ASTM D 240.

2.3.3 Teor de água

A existência de água no bio-óleo é inevitável, o que é devido à umidade presente na

biomassa. Geralmente seu conteúdo está na faixa de 30 a 35% em massa, sendo de difícil

remoção em razão de apresentar certa solubilidade no óleo. A presença de água apresenta efeitos

negativos e positivos no bio-óleo, por um lado sua presença diminui o poder calorífico na

combustão e pode causar separação de fases durante a estocagem, por outro lado é benéfica pois

reduz a viscosidade e facilita a combustão (bombeamento e atomização) (CZERNIK e

BRIDGWATER, 2004).

O conteúdo de água do bio-óleo é determinado através da titulação de Karl-Fischer de

acordo com a norma ASTM E 203.

2.3.4 Acidez

A acidez do bio-óleo é tipicamente determinada e reportada como pH. O pH é uma

representação da corrosividade do óleo, mas não indica a concentração de seus constituintes

ácidos. Para o caso de óleos do petróleo o número ácido total (NAT) ou acidez é preferível ao pH

e, recentemente, propôs-se o seu uso para o bio-óleo. A acidez é a quantidade de hidróxido de

potássio (KOH) em miligramas que é necessária para neutralizar os ácidos em uma grama de

óleo. Tal procedimento é feito de acordo com as normas ASTM D 664, D974, D1534 ou D3339.

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A norma ASTM D 664 é específica para valores de acidez mais elevados e configura-se

mais adequada para o bio-óleo do que as demais (OASMAA, ELLIOTT e KORHONEN, 2010).

O bio-óleo, devido à sua opacidade, não é adequado para ter seu pH medido com indicadores ou

em pHmetros convencionais, sendo preferível a determinação da acidez nas unidades

mencionadas.

2.3.5 Ponto de fulgor

O ponto de fulgor de um líquido volátil é a temperatura mais baixa na qual o mesmo pode

vaporizar-se para formar uma mistura inflamável com o ar e é geralmente utilizado para

caracterizar seu risco de incêndio e condições de segurança em ocasiões como estocagem e

transporte. O fulgor depende de uma fonte externa de calor e quando esta é retirada, a combustão

cessa-se, tal propriedade também independe da temperatura da fonte (o sol na maioria das vezes).

Özçimen realizou uma compilação de diversos valores para o ponto de fulgor do bio-óleo

obtidos por vários pesquisadores para várias biomassas e constatou que a temperatura variou

entre 58 e 200oC.

O ponto de fulgor é determinado de acordo com a norma ASTM D 93. A norma ASTM D

7544 sugere que o ponto de fulgor para o bio-óleo seja no mínimo 45oC.

2.3.6 Ponto de fluidez

O ponto de fluidez consiste na temperatura mais baixa na qual o combustível pode fluir e,

consequentemente, ser bombeado sob condições padrão. Geralmente quanto menor a viscosidade,

menor é o ponto de fluidez (OASMAA e PEACOCK, 2001), o qual é determinado de acordo com

a norma ASTM D 97. Segundo Özçimen a temperatura de fluidez para vários óleos pirolenhosos

provenientes de diversas biomassas diferentes ficou entre -24 e -2oC. A norma ASTM D 7544

sugere que o ponto de fluidez do óleo da pirólise não exceda -9oC.

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2.3.7 Densidade

A densidade do bio-óleo geralmente se encontra na faixa de 1,1-1,3kg/m3 e está relacionada

à quantidade de água, sendo que quando o conteúdo de água do bio-óleo aumenta, sua densidade

diminui (OASMAA, LEPPÄMÄKI, et al., 1997). Tal conteúdo, por sua vez, está associado à

biomassa alimentada e às condições de pirólise. A densidade do bio-óleo é maior que a da

gasolina e do diesel devido à presença de macromoléculas como celulose, hemicelulose e

compostos fenólicos oligoméricos, dentre outros (OASMAA e CZERNIK, 1999). Sua

determinação pode ser feita conforme a norma ASTM D 4052

2.3.8 Teor de sólidos

O teor de sólidos, também denominado impurezas, consiste principalmente do carvão que é

formado durante a pirólise que, por alguma falha na separação, é transportado para o bio-óleo.

Porém, também pode compreender partículas de biomassa não pirolisadas, material do leito do

reator e precipitados formados durante a estocagem. Não deve ser confundido com o teor de

cinzas, listado a seguir.

A quantidade de sólidos, bem como a de cinzas, no bio-óleo está associada ao sistema de

separação. O ciclone, normalmente, separa partículas maiores do que 10 µm permitindo a

passagem de partículas da ordem de 1 µm para o líquido da pirólise (KANG, LEE, et al., 2005).

2.3.9 Teor de cinzas

O teor de cinzas é o conteúdo inorgânico da madeira que pode ser transportado ao óleo da

pirólise e representa o resíduo após a combustão de um combustível. Alto teor de cinza em

combustíveis líquidos como o bio-óleo pode causar elevado desgaste em bombas e injetores,

depósitos e corrosão em equipamentos de combustão devido aos metais alcalinos nas cinzas.

Segundo Rowen (2005), a reatividade de combustíveis sólidos pode ser diferenciada de acordo

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com seu conteúdo de cinzas e os elementos Ca, Na e K elevam fortemente a taxa de reação de

carvão devido aos seus efeitos catalíticos.

A determinação do conteúdo de cinzas pode ser realizada de acordo com a norma ASTM D

482. Segundo Özçimen (2010), o conteúdo de cinzas para óleos pirolenhoso derivados de

diversas biomassas variou de 0,004 a 0,30% em massa. A norma ASTM D 7544 sugere que o

conteúdo de cinzas no óleo de pirólise não deve exceder 0,25%.

2.3.10 Análise elementar

A análise ementar consiste na determinação quantitativa de carbono, hidrogênio,

nitrogênio, enxofre e oxigênio presentes em um material que pode ser utilizado como

combustível. Praticamente todo o calor formado na combustão de produtos originários da

biomassa é obtido pela queima de carbono e hidrogênio, portanto a composição elementar é

importante para avaliar o potencial do combustível. Além do mais, a determinação do conteúdo

de nitrogênio e enxofre é crucial para se controlar a poluição ambiental, devido à possível

formação de óxidos de enxofre quando o combustível é queimado. Sua determinação pode ser

feita de acordo com as normas ASTM D 5373 ou ASTM D 5291.

2.3.11 Composição

A composição química do bio-óleo pode ser determinada utilizando-se técnicas

espectroscópicas como a espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR,

de suas iniciais em inglês). Tal técnica identifica ligações químicas e grupos funcionais em

amostras de óleo de pirólise ao produzir um espectro de absorção no infravermelho, fornecendo

uma visão geral do bio-óleo. Outra técnica largamente empregada é a cromatografia gasosa

acoplada à espectrometria de massa (CG-EM).

Várias reações químicas podem ocorrer durante o período em que o bio-óleo é estocado,

contribuindo para sua composição: esterificação, transesterificação, homopolimerização,

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acetalização, reações fenol/aldeído, adição de álcool em compostos orgânicos insaturados e

oxidação (WEERACHANCHAI, 2009). As reações mais significantes no líquido da pirólise

ocorrem imediatamente após seu resfriamento e cessam durante os três primeiros meses de

estocagem (DIEBOLD, 2000).

2.3.12 Vanádio

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) estabelece uma quantidade máxima de 200 mg/kg

de vanádio (V) para que ocorrências indesejadas, como a incrustação, seja minimizada. Pode ser

incluído nas cinzas, mas foi determinado separadamente de acordo com a norma ASTM D 5708.

2.4 Mistura

Como o objetivo do presente trabalho é a análise de propriedades combustíveis de misturas,

faz-se necessário o estudo da teoria de misturas e como é realizada a obtenção de uma

propriedade em função das proporções de seus componentes, sendo que nesta seção é priorizada a

mistura ternária pois é a temática da pesquisa.

Dentre os vários planejamentos experimentais, os que envolvem misturas apresentam uma

diferença fundamental quando comparado aos demais, a tal ponto que a literatura possui um

grande volume de obras dedicadas exclusivamente ao estudo de experimentos envolvendo

misturas. Ao modificar-se, por exemplo, a pressão e a temperatura de uma reação gasosa,

também é esperado que as características da mesma sejam alteradas, como o rendimento e a

proporção dos produtos formados, dentre outras. No entanto, para misturas tal observação não é

válida, pois quando todos os ingredientes de uma mistura são dobrados a mesma manterá suas

características sendo que apenas a quantidade será maior. Ao se dobrar todos os ingredientes de

um bolo, o bolo obtido será duas vezes maior que o original, porém preservará suas

características, como sabor, cor e textura.

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A pesquisa estatística voltada aos experimentos com mistura, como representada por

numerosos artigos publicados na literatura, é uma atividade relativamente recente. A quase

totalidade da teoria e metodologia envolvendo o assunto veio à tona nas últimas cinco décadas,

entre as exceções estão o livro de Quenouille (1953), cujo o autor estudou o efeito de várias

misturas de hormônios em ratos e H. Scheffé (1958) cujo artigo foi pioneiro em planejamento em

rede simplex (do inglês simplex-lattice designs). Estes planejamentos são creditados por muitos

pesquisadores como o alicerce no qual toda a teoria de planejamentos experimentais para

misturas se desenvolveu e ainda são muito utilizados na atualidade. Assim, busca-se associar um

modelo matemático (polinômio) que descreva o fenômeno estudado a partir dos resultados

obtidos experimentalmente. A Figura 2.18 esquematiza tal processo.

Figura 2.18 – Processo de obtenção de equações em função das proporções dos componentes da

mistura para várias propriedades analisadas

Tal propriedade desejada pode ser densidade, acidez, poder calorífico inferior, pressão,

resistência ao alongamento ou qualquer outra que se considere relevante para a mistura estudada,

seja ela sólida, líquida ou gasosa.

Como já mencionado, as características de uma mistura dependem somente das proporções

relativas de seus componentes e não de sua quantidade total. Portanto, ao se considerar q o

número de componentes (ingredientes) da mistura que está sendo estudada e xi a proporção de

seu i-ésimo componentes tem-se que:

0 ≤ 𝑥𝑖 ≤ 1, 𝑖 = 1,2, … , 𝑞 (15)

Planejamento das misturas a ser

estudadas

Obter resultados experimentais da(s)

propriedade(s) desejada(s)

Obter uma equação que descreva tal fenômeno em

função das proporções dos constituintes da

mistura

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∑𝑥𝑖

𝑞

𝑖=1

= 𝑥1 + 𝑥2 +⋯+ 𝑥𝑞 = 1,0 (16)

2.4.1 Mistura binária

Para uma mistura de dois componentes, denominada binária, a Equação 16 se reduz à:

𝑥1 + 𝑥2 = 1,0 (17)

Tal mistura pode ser representada por uma coordenada de eixos cartesianos, sendo que, por

se tratar de uma mistura binária, há somente um grau de liberdade e pode ser escrita como:

𝑥2 = 1,0 − 𝑥1 (18)

Portanto, x2 é automaticamente determinada ao especificar-se x1, variando-se x1 por todos

os valores possíveis (de 0 à 1) tem-se a Figura 2.19:

Figura 2.19 – Coordenadas de uma mistura binária

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Desta forma, o espaço experimental para uma mistura binária está limitado pela reta x2 = 1

– x1, ou seja, todos os pontos possíveis para a mistura estão sobre a reta e o espaço é dito

unidimensional, tal restrição é devida à redução do grau de liberdade que a Equação 18 apresenta.

2.4.2 Mistura ternária

Para uma mistura de três componentes, denominada ternária, a Equação 16 se reduz à:

𝑥1 + 𝑥2 + 𝑥3 = 1,0 (19)

Para a mistura ternária, cada componente deve ser representado por um eixo, assim a

mistura ternária não é representada por um eixo bidimensional, mas tridimensional. Porém a

restrição da Equação 19 deve ser obedecida, o que restringe os pontos experimentais dentro do

cubo à um triângulo equilátero, como é mostrado na Figura 2.20:

Figura 2.20 – Coordenadas de uma mistura ternária e o triângulo equilátero delimitada pela

Equação 19

Assim todos os pontos possíveis para a mistura ternária estão dentro do triângulo, sendo

que os vértices representam os componentes puros, os lados correspondem às misturas de dois

dos três componentes (binária) e os demais pontos, localizados no interior do triângulo, à mistura

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ternária. Desta forma a mistura ternária também engloba misturas binárias e, consequentemente,

componentes puros. De forma a facilitar a visualização, normalmente apenas o triângulo interno é

exibido.

O lado oposto ao vértice de um componente puro representa uma mistura binária em que

este componente não está presente, ou seja, sua proporção é zero. As retas paralelas ao lado

oposto correspondem às proporções que tal componente pode assumir na mistura, sendo que tais

proporções são cada vez menores à medida que se afasta do vértice, tal conceito está ilustrado na

Figura 2.21:

Figura 2.21 – Proporções que um componente pode assumir na mistura

Tal demonstração é feita para um componente genérico x2, à medida que se afasta do

vértice em que o componente é considerado puro (para o caso deste componente, o inferior

esquerdo) e se aproxima do lado oposto ao vértice, sua proporção diminui, sendo que a proporção

permanece constante sobre as retas. Assim ao determinar-se que, por exemplo, o componente x2

tenha 40% em determinada mistura, todos os pontos possíveis para a mistura ternária ficam

restringidos à reta na qual x2 = 40%. Considerando-se um outro componente no topo, x1, com

proporção 20%, estabelece-se um ponto na reta, como é mostrado na Figura 2.22.

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Figura 2.22 – Proporções de dois componentes na mistura

Desta forma, a determinação de apenas duas proporções determina o ponto da mistura no

diagrama ternário e a proporção de x3 fica determinada automaticamente. Assim nota-se, através

do diagrama, que que a mistura ternária possui dois graus de liberdade, como já é previsto pela

teoria de misturas. Traçando-se todas as retas para todos os componentes da mistura com um

intervalo de 20% tem-se a Figura 2.23:

Figura 2.23 – Digrama completo com um intervalo de 20% entre as proporções

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Os índices das porcentagens foram omitidos, como é habitual em diagramas ternários. O

espaço em que os pontos de uma mistura são distribuídos é denominado simplex. Para ajustar

uma equação polinomial que represente a superfície de resposta sobre toda a região simplex, uma

escolha natural para o planejamento seria pontos uniformemente distribuídos sobre todo o espaço.

Um arranjo ordenado consistindo-se de uma distribuição uniformemente de pontos em um

simplex é conhecido como rede.

Uma rede pode ter uma correspondência especial com uma equação polinomial específica,

para acomodar um modelo polinomial de grau m com q componentes sobre o simplex. A rede,

referida como rede simplex {q, m}, consiste-se de pontos os quais as coordenadas são definidas

pelas seguintes combinações das proporções dos componentes, sendo que cada componente

possui m+1 valores igualmente espaçados de 0 à 1, representado por:

𝑥𝑖 = 0,

1

𝑚,2

𝑚,… ,1 (20)

Para uma mistura de 3 componentes em que se deseja um intervalo de m = 2, a Equação 20

toma a seguinte forma:

𝑥𝑖 = 0,

1

2, 1 (21)

Assim, cada lado do diagrama ternário (cada componente) assumirá três proporções: 0, 0,5

e 1. Portanto a rede simplex {3, 2} consiste-se de seis pontos no lado do triângulo, os quais serão:

(𝑥1, 𝑥2, 𝑥3) = (1,0,0), (0,1,0), (0,0,1), (1

2,1

2, 0) , (

1

2, 0,1

2) , (0,

1

2,1

2)

Os três primeiros pontos estão nos vértices do diagrama e são os componentes puros, os três

últimos se localizam nos pontos médios dos lados do triângulo, como mostrado na Figura 2.24.

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Figura 2.24 – Diagrama para a rede simplex {3, 2}

Ao selecionar-se m = 3 para uma mistura de três componentes, procura-se ajustar um

polinômio de terceiro grau para a propriedade da mistura analisada, assim cada componente

assumirá 𝑚 + 1 = 4 proporções:

𝑥𝑖 = 0,

1

3,2

3, 1

(22)

Desta forma a rede simplex {3, 3} contém as seguintes coordenadas:

(𝑥1, 𝑥2, 𝑥3) = (1,0,0), (0,1,0), (0,0,1), (2

3,1

3, 0) , (

2

3, 0,1

3) , (

1

3,2

3, 0),

(1

3, 0,2

3) , (

1

3,1

3,1

3) , (0,

2

3,1

3) , (0,

1

3,2

3)

Logicamente a soma dos componentes em cada mistura é igual à unidade, diferentemente

da rede simplex {3,2}, a {3,3} não apresenta somente pontos nos vértices e nos lados, mas

também no centro do triângulo.

O número de pontos de mistura na rede simplex é descrito em termos fatoriais, como

exibido pela Equação 23:

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(𝑞 + 𝑚 − 1

𝑚) =

(𝑞 + 𝑚 − 1)!

𝑚! (𝑞 − 1)! (23)

A Equação 23 permite que a Tabela 2.8 seja obtida, sendo que para q > 3, o diagrama de

mistura assume forma cada vez mais complexa.

Tabela 2.8 – Número de pontos na rede simplex {q, m} para vários valores de m e q

Número de componentes (q)

Grau do modelo (m) 3 4 5 6 7 8 9 10

1 3 4 5 6 7 8 9 10

2 6 10 15 21 28 36 45 55

3 10 20 35 56 84 120 165 220

4 15 35 70 126 210 330 495 715

2.4.3 Polinômios canônicos

Uma forma geral de função de regressão que pode ser ajustada facilmente à informação

coletada para os pontos de uma rede simplex {q, m} é a denominada forma canônica do

polinômio. Tal forma é obtida ao aplicar-se a restrição 𝑥1 + 𝑥2 +⋯+ 𝑥𝑞 = 1,0 ao polinômio

padrão a fim de simplifica-lo.

Inicialmente, é assumida que há uma relação fundamental que define a dependência da

resposta η em função das proporções x1, x2,...,xq dos componentes a qual representa o sistema da

mistura. Tal representação é o cerne do conceito de superfície de resposta e pode ser expressa

por:

𝜂 = 𝜙(𝑥1, 𝑥2, … , 𝑥𝑞) (24)

Assim, η denota a resposta que é dependente das proporções dos componentes da mistura.

A superfície de resposta 𝜙 é assumida contínua em xi, i= 1, 2,...,q. Geralmente, funções

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polinomiais são usadas para representar 𝜙(𝑥1, 𝑥2, … , 𝑥𝑞), com a justificativa de que tal função

pode ser expandida utilizando-se a série de Taylor e desta forma um polinômio pode ser usado

como aproximação.

Uma forma geral de função de regressão que pode ser ajustada às informações coletadas

nos pontos de uma rede simplex {q, m} é derivada utilizando-se o seguinte procedimento, sendo

que a equação de grau m pode ser escrita como:

𝜂 = 𝛽0 +∑𝛽𝑖𝑥𝑖

𝑞

𝑖=1

+∑∑𝛽𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗

𝑞𝑞

𝑖≤𝑗

+∑ ∑ ∑𝛽𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗𝑥𝑘

𝑞𝑞

𝑖≤𝑗≤𝑘

𝑞

+⋯

(25)

O número de termos da Equação 25 é (𝑞+𝑚𝑚) =

(𝑞+𝑚)!

𝑚!𝑞!, sendo que a restrição 𝑥1 + 𝑥2 +⋯+

𝑥𝑞 = 1,0 deve ser respeitada. Assim para um componente xq da mistura tem-se que:

𝑥𝑞 = 1 −∑𝑥𝑖

𝑞−1

𝑖=1

(26)

Deste modo, a relação mostrada pela Equação 26 retira a dependência entre os termos xi,

porém tal fato não altera o grau do polinômio. O efeito de substituir a Equação 26 na 25 é que η

se torna um polinômio de grau m para (q – 1) componentes x1, x2,...,xq-1 com (𝑞+𝑚−1𝑚

) termos. E

apesar da equação resultante após a substituição ser mais simples pois contém menos termos e

componentes, o efeito do componente q é obscurecido por tal substituição pois este termo não

está incluído na equação. Devido à tal limitação a Equação 26 não é utilizada, assim uma outra

abordagem é necessária para representar a superfície.

Tal alternativa é desenvolvida ao se multiplicar alguns termos da Equação 25 pela

identidade 𝑥1 + 𝑥2 +⋯+ 𝑥𝑞 = 1,0 e simplificando-a. A equação assim gerada é chamada de

equação polinomial canônica, forma canônica do polinômio ou simplesmente polinômio {q,m}.

O nome polinômio {q,m} é dado à estas equações por alguns autores porque esta forma

polinomial é frequentemente usada em conjunto com a rede simplex {q,m}.

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Para um sistema contendo q componentes, a função de resposta 𝜙 pode ser expressa por um

polinômio de primeiro grau (m=1):

𝜂 = 𝛽0 +∑𝛽𝑖𝑥𝑖

𝑞

𝑖=1

(27)

Após multiplicar o termo 𝛽0 por 𝑥1 + 𝑥2 +⋯+ 𝑥𝑞 = 1,0 a Equação 27 assume a seguinte

forma:

𝜂 = 𝛽0 (∑𝑥𝑖

𝑞

𝑖=1

) +∑𝛽𝑖𝑥𝑖 =

𝑞

𝑖=1

∑𝛽𝑖∗𝑥𝑖

𝑞

𝑖=1

(28)

Em que 𝛽𝑖∗ = 𝛽0 + 𝛽𝑡 para todos i = 1, 2,...,q. O número de termos na equação é q, que é o

número de pontos na rede {q,1}. Os parâmetros 𝛽𝑖∗, 𝑖 = 1,2, … 𝑞, possuem significados simples e

evidentes que descrevem a forma da superfície de resposta sobre a região simplex.

O polinômio geral de segundo grau com q componentes:

𝜂 = 𝛽0 +∑𝛽𝑖𝑥𝑖

𝑞

𝑖=1

+∑𝛽𝑖𝑖𝑥𝑖2

𝑞

𝑖=1

+∑∑𝛽𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗

𝑞

𝑖<𝑗

(29)

Aplicando-se 𝑥1 + 𝑥2 +⋯+ 𝑥𝑞 = 1,0, o termo xi2 pode ser escrito como:

𝑥𝑖2 = 𝑥𝑖

(

1 −∑𝑥𝑗

𝑞

𝑗=1𝑗≠1 )

(30)

Assim, para m = 2:

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𝜂 = 𝛽0 (∑𝑥𝑖

𝑞

𝑖=1

) +∑𝛽𝑖𝑥𝑖

𝑞

𝑖=1

+∑𝛽𝑖𝑖𝑥𝑖

𝑞

𝑖=1

(1 −∑𝑥𝑗

𝑞

𝑗≠𝑖

) +∑∑𝛽𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗

𝑞

𝑗𝑖 <

= ∑(𝛽0 + 𝛽𝑖 + 𝛽𝑖𝑖)𝑥𝑖 −

𝑞

𝑖=1

∑𝛽𝑖𝑖𝑥𝑖

𝑞

𝑖=1

∑𝑥𝑗

𝑞

𝑗≠𝑖

+∑∑𝛽𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗

𝑞

𝑗𝑖 <

=∑𝛽𝑖∗

𝑞

𝑖=1

𝑥𝑖 +∑∑𝛽𝑖𝑗∗ 𝑥𝑖𝑥𝑗

𝑞

𝑗𝑖 <

(31)

Ao comparar-se as Equações 28 e 30, é possível perceber que os parâmetros na Equação 31

são funções simples dos parâmetros da Equação 28, ou seja, 𝛽𝑖∗ = 𝛽0 + 𝛽𝑖 + 𝛽𝑖𝑖 e 𝛽𝑖𝑗

∗ = 𝛽𝑖𝑗 −

𝛽𝑖𝑖 − 𝛽𝑗𝑗 , 𝑖, 𝑗 = 1,2, … , 𝑞, 𝑖 < 𝑗. Ademais a Equação 31 pode ser escrita na forma homogênea:

𝜂 =∑𝛿𝑖𝑖𝑥𝑖2 +

𝑞

𝑖=1

∑∑𝛿𝑖𝑖𝑥𝑖𝑥𝑗

𝑞

𝑗𝑖 <

=∑∑𝛿𝑖𝑖𝑥𝑖𝑥𝑗

𝑞

𝑗𝑖 ≤

(32)

A qual é obtida ao se multiplicar o termo ∑ 𝛽𝑖∗𝑞

𝑖=1 𝑥𝑖 na Equação 30 pela identidade 𝑥1 +

𝑥2 +⋯+ 𝑥𝑞 = 1,0 e simplificando-se os termos.

Ambos os modelos nas Equações 31 e 32 são equivalentes no sentido que a Equação 32 é

derivada da 30, sem alterar o grau do polinômio ou reduzir o número de termos. Devido à

restrição 𝑥1 + 𝑥2 +⋯+ 𝑥𝑞 = 1,0 nas proporções dos componentes, um número infinito de

funções de regressão podem ser derivadas a partir da Equação 28, e tais equações são

equivalentes às Equações 31 e 32 ao passo que as proporções de todos os componentes são

incluídas. Isto pode ser visto ao perceber-se que, para todas as funções ϕ, as equações lineares

𝛽0 − 𝜙 + ∑ (𝛽𝑖 + 𝜙)𝑥𝑖𝑞𝑖=1 são equivalentes quando ∑ 𝑥𝑖 = 1.

𝑞𝑖=1

A fórmula para um polinômio de terceiro grau, {q, 3}, é:

𝜂 =∑𝛽𝑖∗𝑥𝑖 +

𝑞

𝑖=1

∑∑𝛽𝑖𝑗∗ 𝑥𝑖𝑥𝑗

𝑞

𝑗𝑖 <

+∑∑𝛿𝑖𝑖𝑥𝑖𝑥𝑗

𝑞

𝑗𝑖 <

(𝑥𝑖 − 𝑥𝑗) +∑ ∑ ∑𝛽𝑖𝑗𝑘∗ 𝑥𝑖𝑥𝑗𝑥𝑘

𝑞

𝑖<𝑗<𝑘

(33)

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Uma fórmula mais simples para um caso especial de polinômio cúbico onde os termos

𝛿𝑖𝑖𝑥𝑖𝑥𝑗(𝑥𝑖 − 𝑥𝑗) não são considerados é o polinômio cúbico especial:

𝜂 =∑𝛽𝑖∗𝑥𝑖 +

𝑞

𝑖=1

∑∑𝛽𝑖𝑗∗ 𝑥𝑖𝑥𝑗

𝑞

𝑗𝑖 <

+∑ ∑ ∑𝛽𝑖𝑗𝑘∗ 𝑥𝑖𝑥𝑗𝑥𝑘

𝑞

𝑖<𝑗<𝑘

(34)

A partir deste ponto, os asteriscos dos termos 𝛽𝑖∗, 𝛽𝑖𝑗

∗ 𝑒 𝛽𝑖𝑗𝑘∗ serão removidos e os termos

serão 𝛽𝑖, 𝛽𝑖𝑗 𝑒 𝛽𝑖𝑗𝑘 para todos os polinômios {q, m}. Os asteriscos foram utilizados somente para

manter os parâmetros do polinômio geral distintos dos parâmetros dos polinômios derivados {q,

m}. Para o caso de uma mistura de três componentes, os quatro casos aqui apresentados são

escritos da seguinte forma:

Primeiro grau (linear)

𝜂 = 𝛽1𝑥1 + 𝛽2𝑥2 + 𝛽3𝑥3 (35)

Segundo grau (quadrática)

𝜂 = 𝛽1𝑥1 + 𝛽2𝑥2 + 𝛽3𝑥3 + 𝛽12𝑥1𝑥2 + 𝛽13𝑥1𝑥3 + 𝛽23𝑥2𝑥3 (36)

Terceiro grau (cúbica)

𝜂 = 𝛽1𝑥1 + 𝛽2𝑥2 + 𝛽3𝑥3 + 𝛽12𝑥1𝑥2 + 𝛽13𝑥1𝑥3 + 𝛽23𝑥2𝑥3 + 𝛿12𝑥1𝑥2(𝑥1 − 𝑥2)

+ 𝛿13𝑥1𝑥3(𝑥1 − 𝑥3) + 𝛿23𝑥2𝑥3(𝑥2 − 𝑥3) + 𝛽123𝑥1𝑥2𝑥3

(37)

Terceiro grau (cúbica especial)

𝜂 = 𝛽1𝑥1 + 𝛽2𝑥2 + 𝛽3𝑥3 + 𝛽12𝑥1𝑥2 + 𝛽13𝑥1𝑥3 + 𝛽23𝑥2𝑥3 + 𝛽123𝑥1𝑥2𝑥3 (38)

O número de termos nos polinômios {q,m} é uma função de m, que é o grau da equação,

como também do número de componentes q. O número de termos para vários valores de q é

exibido na Tabela 2.9.

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Tabela 2.9 – Número de termos nos polinômios canônicos

Número de

componentes, q Linear Quadrático Cúbico especial Cúbico

2 2 3 - -

3 3 6 7 10

4 4 10 14 20

5 5 15 25 35

q q q(q + 1)/2 q(q2 + 5)/6 q(q + 1)(q + 2)/6

Os termos 𝛽𝑖𝑥𝑖 e 𝛽𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗 nas equações polinomiais possuem interpretações simples. No

vértice correspondente ao componente puro i, por exemplo, tem-se xi = 1 e xj = 0 para todo j ≠ i,

então 𝜂 = 𝛽𝑖. O parâmetro 𝛽𝑖, portanto, representa a resposta esperada para o componente puro i

e 𝛽𝑖 é a altura da superfície de resposta sobre o simplex no vértice onde xi = 1 para i=1,2,...q.

Caso a superfície de resposta seja definida pela Equação 35 , que é o caso quando a mistura é

estritamente linear ou aditiva, então a superfície é representada por um plano sobre o simplex. Tal

caso é ilustrado pela Figura 2.25:

Figura 2.25 – Superfície de uma mistura linear sobre o simplex

Quando a mistura entre os componentes é assumida linear, a resposta à uma mistura binária

dos componentes i e j é dada por 𝜂 = 𝛽𝑖𝑥𝑖 + 𝛽𝑗𝑥𝑗, uma vez que todos os outros βs são ajustados

para zero. Se, entretanto, a verdadeira resposta à mistura binária é mais corretamente

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representada por 𝜂 = 𝛽𝑖𝑥𝑖 + 𝛽𝑗𝑥𝑗 + 𝛽𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗 , então existe um excesso. O excesso, o qual é

representado pelo termo 𝛽𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗, representa a diferença entre os modelos linear e quadrático. Se a

quantidade 𝛽𝑖𝑗 é positiva, é dito haver sinergia entre os componentes, caso 𝛽𝑖𝑗 seja negativa a

mistura é considerada antagônica.

Como exemplo é possível citar uma mistura entre dois gases A e B, cuja resposta de

interesse é a densidade. Para tal mistura, caso não haja interação, é esperada que sua densidade

seja igual à densidade de cada gás puro multiplicada por sua respectiva proporção na

mistura, (𝜌𝐴𝐵 = 𝜌𝐴𝑥𝐴 + 𝜌𝐵𝑥𝐵), para qualquer proporção considerada. Mas caso ocorra contração

de volume a densidade da mistura será maior do que a densidade média, ou seja, ocorreu uma

interação entre os componentes (neste caso, a contração) e é considerada sinérgica pois o

resultado é maior do que o esperado caso não houvesse interação. Assim é necessária a adição de

um termo ao polinômio que represente tal fenômeno, ou seja, o termo quadrático que representa o

produto entre as duas proporções. Portanto o polinômio canônico que melhor descreve esta

mistura é o quadrático, 𝜌𝐴𝐵 = 𝜌𝐴𝑥𝐴 + 𝜌𝐵𝑥𝐵 + 𝜌𝐴𝐵𝑥𝐴𝑥𝐵, sendo 𝜌𝐴𝐵 > 0, pois a densidade é

sinérgica.

Um modo plausível de entender, geometricamente, os termos nos polinômios de primeiro e

segundo grau é considerar como os termos individualmente contribuem para a descrição da forma

da superfície de mistura. O termo 𝛽𝑖𝑥𝑖 contribui para o modelo somente quando o valor de 𝑥𝑖 > 0

e como 𝛽𝑖 representa a altura da superfície acima do simplex no vértice 𝑥𝑖 = 1, tem-se que, neste

vértice 𝛽𝑖𝑥𝑖 = 𝛽𝑖. O termo 𝛽𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗 no modelo quadrático contribui para o modelo em todas as

regiões do simplex em que 𝑥𝑖 > 0 e 𝑥𝑗 > 0. No lado que liga os vértices correspondentes aos

componentes i e j, o valor do termo 𝛽𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗 é máximo quando 𝛽𝑖𝑗 > 0 em 𝑥𝑖 = 𝑥𝑗 = 1 2⁄ onde

𝛽𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗 = 𝛽𝑖𝑗 4⁄ . No modelo cúbico especial, o termo 𝛽123𝑥1𝑥2𝑥3 contribui com 𝛽123 27⁄ para o

modelo, o qual é máximo na centroide (𝑥1, 𝑥2, 𝑥3) = (1 3⁄ , 1 3⁄ , 1 3⁄ ).

2.4.4 Os coeficientes polinomiais como funções das respostas nos pontos de rede

Uma relação especial existe entre a rede simplex {q, m} e a equação polinomial {q, m}, tal

relação é uma correspondência direta entre o número de pontos na rede e o número de termos no

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polinômio. Como resultado desta relação, os parâmetros no polinômio podem ser expressos como

funções simples das respostas esperadas nos pontos da rede simplex {q, m}. Para tal

demonstração é introduzida a nomenclatura proposta por Scheffé (1958), em seu artigo sobre

misturas.

A resposta para o componente puro i é denotada por 𝜂𝑖; a resposta para a mistura binária

com proporções iguais (0,50, 0,50) dos componentes i e j é denotada por 𝜂𝑖𝑗 e a resposta para a

mistura ternária com proporções iguais dos componentes i, j e k por 𝜂𝑖𝑗𝑘.

As equações para expressar os parâmetros nos modelos polinomiais em termos de 𝜂𝑖, 𝜂𝑖𝑗 e

𝜂𝑖𝑗𝑘 são dadas pela resolução de (𝑞+𝑚−1𝑚

) equações simultaneamente. Este número corresponde

não somente ao número de parâmetros na equação polinomial {q, m} mas também ao número dos

pontos da rede e, portanto, ao número de respostas esperadas 𝜂𝑖 , 𝜂𝑖𝑗 medidas nos pontos da rede

simplex {q, m}. Por exemplo, se o modelo quadrático for usado para uma mistura de três

componentes, as respostas esperadas nos pontos da rede simplex {3, 2} devem preencher a

Equação 39.

𝜂 = 𝛽1𝑥1 + 𝛽2𝑥2 + 𝛽3𝑥3 + 𝛽12𝑥1𝑥2 + 𝛽13𝑥1𝑥3 + 𝛽23𝑥2𝑥3 (39)

Com as seguintes substituições:

𝜂𝑖 𝑒𝑚 𝑥𝑖 = 1, 𝑥𝑗 = 0, 𝑖, 𝑗 = 1,2,3, 𝑗 ≠ 𝑖

𝜂𝑖𝑗 𝑒𝑚 𝑥𝑖 =1

2, 𝑥𝑗 =

1

2, 𝑥𝑘 = 0, 𝑖 < 𝑗, 𝑘 ≠ 𝑖, 𝑗

Aplicando-as na Equação 17, (3+2−12) = 6 equações se originarão:

𝜂1 = 𝛽1 (40)

𝜂2 = 𝛽2 (41)

𝜂3 = 𝛽3 (42)

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𝜂12 = 𝛽1 (

1

2) + 𝛽2 (

1

2) + 𝛽12 (

1

4) (43)

𝜂13 = 𝛽1 (

1

2) + 𝛽3 (

1

2) + 𝛽13 (

1

4) (44)

𝜂23 = 𝛽2 (

1

2) + 𝛽3 (

1

2) + 𝛽23 (

1

4) (45)

Resolvendo-se as seis equações simultaneamente, e tal resolução é possível porque o

número de equações é igual ao número de parâmetros desconhecidos, as fórmulas para os

parâmetros 𝛽𝑖 e 𝛽𝑖𝑗, 𝑖, 𝑗 = 1, 2 e 3, 𝑖 < 𝑗 são:

𝛽1 = 𝜂1 (46)

𝛽2 = 𝜂2 (47)

𝛽3 = 𝜂3 (48)

𝛽12 = 4𝜂12 − 2𝜂1 − 2𝜂2 (49)

𝛽13 = 4𝜂13 − 2𝜂1 − 2𝜂3 (50)

𝛽23 = 4𝜂23 − 2𝜂2 − 2𝜂3 (51)

O parâmetro 𝛽𝑖 representa a resposta para o componente puro i, e 𝛽𝑖𝑗 compara a resposta no

ponto médio do lado que une os vértices dos componentes i e j com a resposta no vértice dos

componentes i e j. Assim, no polinômio de seis termos (Equação 17), a soma 𝛽1𝑥1 + 𝛽2𝑥2 +

𝛽3𝑥3 representa mistura linear ou aditiva dos três componentes enquanto os termos extras

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𝛽𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗 , 𝑖 < 𝑗 são representantes das medidas de desvios do plano da superfície que é resultante

da mistura não aditiva dos componentes. Tal procedimento é exibido pela Figura 2.26:

Figura 2.26 – Porções linear e não-linear para uma mistura ternária, considerando o modelo

quadrático

Assim, a superfície quadrática é resultante da contribuição de dois efeitos: linear e não-

linear. A porção linear é a superfície plana enquanto a porção não-linear é curva. É possível

reparar que a superfície quadrática resultante preserva os vértices da superfície plana (onde os

componentes são puros, ou seja, não há mistura e por isso é dita linear) enquanto os demais

pontos são provenientes do efeito não-linear (da mistura propriamente dita, ou seja, do efeito

provocado pela interação entre os componentes). As equações foram derivadas utilizando-se

apenas três componentes por conveniência, pois o objetivo deste trabalho é a análise de misturas

ternárias.

2.4.5 Pseudocomponentes

Em diversas ocasiões, as frações dos componentes de uma mistura não podem assumir

qualquer valor. Em uma mistura de antibióticos, por exemplo, muitas vezes há a necessidade de

especificar-se quantidades mínimas para garantir o princípio ativo e/ou máxima para evitar que

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efeitos indesejados ocorram. Em uma liga metálica, a fim de preservar suas características

desejáveis, determinados componentes precisam estar dentro de um intervalo de proporção

aceitável. Cornell (2011) exemplifica o caso de três ingredientes que são utilizados para formar

um alvejante com o objetivo de se limpar manchas de gordura. Para ser efetivo o alvejante deve

conter pelo menos 30% de bromo e 25% de talco em massa e no mínimo 2% de HCl diluído.

Desta forma, a especificação de limites inferiores e superiores que determinados componentes

podem assumir em uma mistura é um processo comum em diversas áreas das ciências naturais e

da engenharia.

Muitas vezes, a necessidade é que se especifique quantidades mínimas para os

componentes. Tal quantidade mínima é denominada limite inferior e representada por Li, assim:

0 < 𝐿𝑖 ≤ 𝑥𝑖 , 𝑖 = 1, 2, … , 𝑞 (52)

Para exemplificar, é definida uma mistura de três componentes cujos limites inferiores são

0,35, 0,20 e 0,15, tais limites inferiores são mostrados pela Equação 31:

𝐿1 = 0,35 ≤ 𝑥1, 𝐿2 = 0,20 ≤ 𝑥2, 𝐿3 = 0,15 ≤ 𝑥3 (53)

A imposição de limites inferiores determina uma região dentro do simplex, denominada

sub-região, esta sub-região é delimitada utilizando-se o conceito de pseudo-componente. A

Equação 52 pode ser manipulada algebricamente para se obter a Equação 54, que define o

pseudo-componente xi’:

𝑥𝑖′ =

𝑥𝑖 − 𝐿𝑖1 − 𝐿

(54)

𝐿 =∑𝐿𝑖

𝑞

𝑖−1

< 1 (55)

Esta transformação foi introduzida por Kurotori (1966). Para o exemplo apresentado: 𝐿 =

0,35 + 0,20 + 0,15 = 0,70 e os pseudo-componentes são:

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𝑥1′ =

𝑥1 − 0,35

0,30

𝑥2′ =

𝑥2 − 0,20

0,30

𝑥3′ =

𝑥3 − 0,15

0,30

Desta forma os valores de xi’ são transformadas lineares de xi, logicamente, o grau de

liberdade é preservado e continua sendo q – 1, como ocorre no caso dos componentes originais.

Assim, os pseudo-componentes constituem misturas dos componentes originais e sua introdução

se deve ao fato de que é mais fácil ajustá-los aos modelos estatísticos. A orientação do simplex

dos pseudo-componentes é a mesma dos originais, o vértice xi’ = 1 do simplex dos pseudo-

componentes é o mais próximo do vértice xi = 1 dos componentes originais, portanto os vértices

do simplex dos pseudo-componentes correspondem às seguintes proporções dos componentes

originais:

(𝑥1′ , 𝑥2

′ , 𝑥3′ ) = (1, 0, 0) = (𝑥1, 𝑥2, 𝑥3) = (1 − 𝐿2 − 𝐿3, 𝐿2, 𝐿3)

(𝑥1′ , 𝑥2

′ , 𝑥3′ ) = (0, 1, 0) = (𝑥1, 𝑥2, 𝑥3) = (𝐿1, 1 − 𝐿1 − 𝐿3, 𝐿3)

(𝑥1′ , 𝑥2

′ , 𝑥3′ ) = (0, 0, 1) = (𝑥1, 𝑥2, 𝑥3) = (𝐿1, 𝐿2, 1 − 𝐿1 − 𝐿2)

Os limites definem uma região específica do diagrama ternário e pode-se interpretar que a

cada limite imposto (L1, L2 e L3) a sub-região fica menor e mais restrita. No exemplo

apresentado, inicialmente considera-se apenas L1 ≥ 0,35. Esta especificação limita uma área no

diagrama definida por todos os pontos em que a proporção do componente 1 é igual ao maior do

que 0,35, como é exibido na Figura 2.27:

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Figura 2.27 – Sub-região definida por limite inferior de um componente

Assim, logo no primeiro limite considerado, já restringe-se uma sub-região no diagrama.

Todos os pontos utilizados no experimento devem obrigatoriamente estar dentro da área

destacada, independentemente dos limites inferiores dos demais componentes da mistura. Se

apenas o componente 1 apresentasse limite inferior, a região mostrada na Figura 2.27 seria a sub-

região dos pseudo-componentes.

No entanto, como os demais componentes também precisam estar acima de uma proporção

mínima, é esperado que a sub-região se torne cada vez menor. Para o componente 2 tem-se L2 ≥

0,20 e a sub-região assume a forma mostrada na Figura 2.28.

Figura 2.28 – Sub-região definida por limites inferiores de dois componentes

Portanto, ao considerar-se mais um limite inferior, a sub-região é diminuída, com a

exclusão dos pontos para os quais x2 < 0,20. Por fim, o limite inferior do componente 3, L3 ≥

0,15, restringe mais a sub-região, a qual adquire sua configuração final, como mostrado na Figura

2.29:

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Figura 2.29 – Sub-região definida por limites inferiores dos três componentes

É importante notar três fatos decorrentes do estabelecimento de limites inferiores:

1. Quando apenas limites inferiores são estabelecidos a sub-região dos pseudo-componentes

sempre apresentará formato triangular, como demonstrado no exemplo.

2. Como consequência destes limites inferiores surgem também limites superiores, como é

possível ver na Figura 2.29. No entanto este fato não deve ser confundido com a

imposição de limites superiores para os componentes da mistura. Quando são

estabelecidos limites superiores o formato triangular não é preservado e a sub-região dos

pseudo-componentes pode assumir diversas formas.

3. É necessário que as restrições impostas, os limites inferiores, sejam consistentes. A

consistência é averiguada quando, após aplicadas as restrições, a sub-região é definida no

diagrama. Quando os limites são inconsistentes a sub-região não é formada no diagrama,

indicando que as misturas propostas são impossíveis e o planejamento experimental

inviável.

Para se obter as proporções dos componentes originais deve-se manipular a Equação 54 a

fim de resolve-la para xi:

𝑥𝑖 = 𝐿𝑖 + (1 + 𝐿)𝑥𝑖′ (56)

Deste modo, a análise pode ser feita, inicialmente, para os pseudo-componentes e

posteriormente pode-se introduzir a relação da Equação 56 para que os resultados sejam exibidos

em termos dos componentes originais.

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3 METODOLOGIA E APARATO EXPERIMENTAL

Neste trabalho foram executadas as seguintes etapas principais:

Tratamento da biomassa

Produção do bio-óleo

Preparo das misturas

Análise das misturas

3.1 Tratamento da biomassa

O tratamento compreende os processos pelos quais a biomassa é submetida antes de ser

pirolisada. A biomassa recebida foi o rejeito do processo de picagem, denominada finos de

eucalipto, sendo que houve peneiramento dos cavacos (partículas de biomassa grandes e

achatadas) antes de seu transporte, ou seja, a biomassa em estado bruto foi previamente peneirada

antes de ser enviada ao local de pirólise, onde deu-se início aos processos de tratamento.

Tais processos englobam a secagem e a trituração. Ambos são importantes na tentativa de

eliminar o teor de água do bio-óleo e evitar que partículas muito grandes comprometam o

pirólise, pois tais partículas podem não ser pirolisadas completamente, o que acarreta no

aparecimento de sólidos no bio-óleo.

3.1.1 Secagem

A biomassa utilizada (eucalipto) foi fornecida pela Suzano Papel e Celulose. O eucalipto

picado (serragem) foi inicialmente exposto ao sol para secar, sendo devidamente espalhado em

uma esteira plástica com o objetivo de se obter uma secagem uniforme. Este processo durou dois

dias e é ilustrado na Figura 3.1.

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Figura 3.1 – Serragem de eucalipto sendo seca ao sol

3.1.2 Trituração

A biomassa foi, posteriormente, triturada. Tal processo deu-se em um moinho do tipo faca-

martelo, com capacidade de 90 kg/h, potência de 15 cv, peneira de 1,5 mm, modelo DPM-4 da

marca Nogueira.

A trituração é fundamental pois a biomassa recebida inicialmente apresentava uma

granulometria indesejável para a pirólise, constituída por partículas em sua maioria grandes e

heterogêneas quanto à forma. Portanto procurou-se a redução e a homogeneização da biomassa,

ainda que a trituração não seja uma operação uniforme. A serragem antes e depois da trituração é

ilustrada na Figura 3.2 e na Figura 3.3, respectivamente.

Figura 3.2 – Biomassa antes da trituração

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Figura 3.3 – Biomassa após a trituração

Uma parte da biomassa foi separada e teve sua granulometria determinada por uma série de

peneiras padronizadas, cujos resultados estão na parte de discussão.

3.2 Planta de pirólise

A planta de pirólise na qual o bio-óleo foi produzido está localizada na empresa Bioware e

é denominada planta de pirólise rápida (PPR), com exceção do ciclone (composto por aço-inox),

todos os elementos são compostos de aço-carbono. A Figura 3.4 exibe a planta de pirólise,

composta pelos elementos descritos a seguir.

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Figura 3.4 – Planta de pirólise rápida da Bioware

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3.2.1 Silo de alimentação

O silo de alimentação é onde a biomassa é colocada manualmente para, em seguida, entrar

na rosca alimentadora. Consiste de uma estrutura metálica cilíndrica que apresenta um misturador

em formato de hélice acoplado em sua parte superior cuja função é revolver a biomassa e

direcioná-la para a rosca alimentadora. O silo vazio e preenchido com serragem de eucalipto é

exibido nas Figuras 3.5 e 3.6 respectivamente.

Figura 3.5 – Silo vazio com a passagem para a rosca alimentadora

Figura 3.6 – Silo preenchido com serragem de eucalipto

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3.2.2 Rosca alimentadora

A alimentação da biomassa é feita por uma rosca transportadora com velocidade regulável a

fim de dosar a taxa de alimentação da biomassa ao reator. A Figura 3.7 exibe a rosca

alimentadora.

Figura 3.7 – Rosca alimentadora conectando o silo alimentador ao reator

3.2.3 Reator de leito fluidizado

O reator de leito fluidizado possui formato cilíndrico, constituído externamente por aço-

carbono e revestido internamente por fibra cerâmica e cimento refratário e opera utilizando ar

como gás fluidizante e areia como material inerte. Possui altura de 1515 mm, e diâmetro interno e

externo de 425 mm e 582 mm, respectivamente.

Carvão vegetal pré-aquecido foi adicionado ao leito de modo a aumentar sua temperatura e

mantê-la constante. A biomassa foi introduzida pela rosca alimentadora aproximadamente na

altura estática do leito, que já se encontrava fluidizado mediante ação do ventilador centrífugo

acoplado à base do reator. O ar promoveu combustão parcial da biomassa, o que favoreceu a

manutenção da temperatura do reator. Desta forma a biomassa foi pirolisada e saiu do reator sob

as formas de vapor e sólidos (carvão).

A biomassa foi alimentada no reator quando o leito fluidizado atingiu uma temperatura na

partida entre 500oC e 550oC. A introdução da biomassa acarretou numa diminuição da

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temperatura do leito, que nesta fase é uma mistura binária de areia e biomassa, que se estabilizou

na faixa de 450 a 480oC. O regime de fluidização se manteve borbulhante.

Tal processo é denominado auto-térmico, pois a combustão parcial sofrida pela biomassa

auxilia na estabilização da temperatura do reator na faixa desejada, sendo que não há

aquecimento por meio externo.

Desta forma a serragem de eucalipto foi pirolisada e os seus constituintes, que nesta fase

são gases (não condensáveis), vapores (condensáveis) e sólidos (carvão e cinzas) entraram no

ciclone. A Figura 3.8 mostra o reator de leito fluidizado no qual ocorreu a pirólise.

Figura 3.8 – Reator de leito fluidizado

3.2.4 Ciclone

O ciclone é constituído por aço inox e possui um ventilador em seu topo, cuja função é

evitar o entupimento e controlar a pressão na saída do reator, promovendo a separação gás-sólido

por força centrífuga.

O gás carregando as partículas sólidas suspensas (aerossol) flui para baixo em espiral

adjacente à parede, à medida que o ciclone afunila o gás flui para cima e as partículas são

lançadas em direção à parede, ocorrendo a separação. O gás sai no topo e entra no condensador e

o carvão é coletado em um tambor, como mostrado na Figura 3.9.

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Figura 3.9 – Ciclone com tambor acoplado para a coleta de sólidos (carvão)

Os sólidos são recolhidos no tambor acoplado ao ciclone, no entanto, tal separação não é

perfeita, o que ocasiona na presença de sólidos e cinzas no bio-óleo.

3.2.5 Condensador

O condensador é um trocador de calor do tipo casco e tubo com um rotor acoplado no topo,

apresenta 33 tubos com diâmetros de 1,25 pol (31,7 mm) e arranjo de feixe.

Os gases e vapores passam por um expansor, de modo a diminuir a velocidade do

escoamento e entraram no trocador de calor que funciona em contato indireto com a água. Os

vapores da pirólise entraram nos tubos enquanto a água, no casco e em contra-corrente,

promoveu a troca de calor. Parte dos vapores se condensam e são separados na parte inferior do

equipamento. Tal líquido foi denominado fração leve do bio-óleo ou BOL (bio-óleo leve).

A parte do vapor não condensada neste estágio, aerossol, é sugada pela centrífuga no topo

do condensador. Tal fração, após ser condensada no topo, constitui-se na parte pesada do bio-

óleo, denominada BOP (bio-óleo pesado). A água que passa pelo trocador de calor é resfriada

numa torre de resfriamento. Os gases restantes são queimados na câmara de combustão e

liberados ao meio ambiente por uma chaminé.

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As Figuras 3.10, 3.11 e 3.12 mostram, respectivamente, o condensador, a fração pesada e a

fração leve do bio-óleo.

Figura 3.10 – Condensador

Figura 3.11 – Fração pesada do bio-óleo saindo da centrífuga do condensador

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Figura 3.12 – Fração leve do bio-óleo saindo do condensador

Desta forma foram obtidas duas frações de bio-óleo, a leve e a pesada, sendo constatada a

grande diferença de viscosidade entre ambas.

3.3 Preparo das misturas

Tais frações foram misturadas entre si e com o etanol em diversas proporções formando,

desta forma, a mistura ternária que foi a base da pesquisa. Assim o bio-óleo é separado durante o

processo de pirólise para, após colhidas suas frações, ocorrer a mistura entre as mesmas. À

primeira vista pode-se parecer redundante separar e depois misturar as frações do bio-óleo, porém

pretende-se corrigir propriedades indesejadas para a performance do combustível que são devidas

à predominância da fração leve no bio-óleo. O BOL é rico em água e ácidos carboxílicos leves, o

que acarreta na diminuição do poder calorífico do combustível, porém não pode ser

completamente desprezado pois também pode ser importante para diminuir sua viscosidade ou,

através de reações de esterificação, conferir estabilidade ao combustível. Tais reações de

esterificação podem ocorrer com o etanol ou com compostos do bio-óleo e são conhecidas como

esterificação de Fischer.

Com base no conhecimento prévio das frações do bio-óleo, foram determinados limites

inferiores para os três compostos da mistura. Procurou-se privilegiar a fração pesada (BOP) uma

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vez que é esperada que tal fração apresente maior PCI e que suas desvantagens, como alta

viscosidade e alto ponto de fluidez, possam ser corrigidas por proporções relativamente pequenas

de etanol e BOL. Tais limites inferiores implicam em limites superiores, como demonstrado.

Determinando-se a sub-região utilizada no experimento. A sub-região dos pseudo-componentes é

exibida na Figura 3.13 e os limites na Tabela 3.1. Foram preparadas 7 misturas diferentes

definidas pelas letras A, B, C, D, E, F e G, com as porcentagens exibidas na Tabela 3.2.

Figura 3.13 – Sub-região dos pseudo-componentes e pontos escolhidos

Normalmente, o componente predominante é localizado no topo do diagrama (bio-óleo) de

forma a facilitar a visualização. Todas as frações e porcentagens apresentadas estão em base

mássica. As misturas foram agitadas em um agitador elétrico por cerca de 30 minutos.

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Tabela 3.1 – Limites inferiores e superiores para os componentes da mistura

Nomenclatura Componente Limite Inferior (%) Limite Superior (%)

x1 BOP 60 90

x2 Etanol 5 35

x3 BOL 5 35

Tabela 3.2 – Porcentagens em massa dos componentes em cada mistura

Misturas BOP (%) Etanol (%) BOL (%)

A 90,0 5,0 5,0

B 60,0 35,0 5,0

C 60,0 5,0 35,0

D 75,0 20,0 5,0

E 60,0 20,0 20,0

F 75,0 5,0 20,0

G 75,0 12,5 12,5

Portanto, para as misturas ternárias definidas, serão determinados os parâmetros

característicos dos combustíveis listados na seção 2.3. No entanto, inicialmente, as proporções

dos componentes originais devem ser transformadas em proporções de pseudo-componentes.

Assim as variáveis da Equação 32 assumem os seguintes valores:

Somatório dos limites inferiores:

𝐿 =∑𝐿𝑖 =

𝑞

𝑖−1

𝐿1 + 𝐿2 + 𝐿3 = 0,70

Sendo que, para cada ponto, a proporção dos três componentes é transformada em

proporção de pseudo-componentes, para o ponto A tem-se:

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𝑥1′ =

𝑥1 − 𝐿11 − 𝐿

=0,90 − 0,60

0,30= 1,0

𝑥3′ = 𝑥2

′ =𝑥2 − 𝐿21 − 𝐿

=0,05 − 0,05

0,30= 0

Procedendo-se da mesma forma para os demais pontos, determina-se as proporções de

todos os pseudo-componentes, como exibido pela Tabela 3.3:

Tabela 3.3 – Misturas em termos de componentes originais e pseudo-componentes

Componentes originais Pseudo-componentes

Mistura x1 x2 x3 x1' x2' x3'

A 0,9 0,05 0,05 1 0 0

B 0,6 0,35 0,05 0 1 0

C 0,6 0,05 0,35 0 0 1

D 0,75 0,2 0,05 0,5 0,5 0

E 0,6 0,2 0,2 0 0,5 0,5

F 0,75 0,05 0,2 0,5 0 0,5

G 0,75 0,125 0,125 0,5 0,25 0,25

Nota-se que as proporções dos pseudo-componentes assumem valores que são,

estatisticamente, mais simples de se trabalhar: considera-se três pontos em que o pseudo-

componente é puro (A, B, C), três em que a mistura é binária (D, E, F) e apenas no ponto G todos

os pseudo-componentes estão presentes. Seria esperado que os pseudo-componentes no ponto G

fossem, cada um, um terço da mistura, porém preferiu-se favorecer o bio-óleo pesado e foi

escolhido um ponto diferente, ainda que próximo, do esperado. Tal alteração, no entanto, não

altera a análise estatística.

Para os pseudo-componentes puros:

(𝑥1′ , 𝑥2

′ , 𝑥3′ ) = (1,0,0) = (𝑥1, 𝑥2, 𝑥3) = (1 − 𝐿2 − 𝐿3, 𝐿2, 𝐿3) = (0,90,0,05,0,05)

(𝑥1′ , 𝑥2

′ , 𝑥3′ ) = (0,1,0) = (𝑥1, 𝑥2, 𝑥3) = (𝐿1, 1 − 𝐿1 − 𝐿3, 𝐿3) = (0,60, 0,35, 0,05)

(𝑥1′ , 𝑥2

′ , 𝑥3′ ) = (0,0,1) = (𝑥1, 𝑥2, 𝑥3) = (𝐿1, 𝐿2, 1 − 𝐿1 − 𝐿2) = (0,90,0,05,0,05)

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O bio-óleo é majoritário em todas as misturas e tal fato é uma consequência direta dos

limites inferiores impostos. O ponto x2’ é denominado ponto rico em etanol, pois é neste ponto

em que tal composto está presente em maior proporção, ainda que em menor proporção do que o

bio-óleo. Para o ponto x3’ o raciocínio é análogo. Assim os pontos x1’, x2’ e x3’ são,

respectivamente, os pontos ricos em BOP, etanol e BOL.

Todas as misturas se apresentaram muito escuras e opacas, não sendo possível identifica-las

apenas visualmente, como é mostrada na Figura 3.14.

Figura 3.14 – Misturas produzidas

A Tabela 3.4 apresenta um breve resumo das propriedades determinadas neste trabalho e

como foram realizadas tais determinações, assim como eventuais desvios das normas citadas,

devido à natureza viscosa e opaca das misturas.

Tabela 3.4 – Propriedades determinadas e condições do experimento

Propriedade Condições do experimento

Viscosidade

dinâmica

Determinada com o auxílio de um viscosímetro da marca

Brookfield do tipo rotacional, a mistura previamente preparada e

aquecida era colocada no viscosímetro e as viscosidades tomadas

à medida que a temperatura decrescia. Tal procedimento está de

acordo com a norma ASTM D2196, propriedades reológicas de

materiais não newtonianos por viscosímetro rotacional.

Resultados obtidos em cP e posteriormente convertido em

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viscosidade cinemática em Cst. Realizado na Bioware. Sem

réplicas.

Poder Calorífico

Determinado de acordo com a norma ASTM D240, método de

ensaio padrão para calor de combustão em combustíveis

hidrocarbonetos líquidos por bomba calorimétrica. Resultados em

MJ/kg. Realizado na Associação Brasileira de Cimentos Portland

(ABCP). Sem réplicas.

Teor de água

Determinado de acordo com a norma ASTM E203, método de

ensaio padrão para determinação de água utilizando titulação

volumétrica de Karl Fischer. Resultados em porcentagem.

Realizado na central analítica do Instituto de Química da

Unicamp. Duas réplicas (quatro réplicas no ponto G).

Acidez

Determinada de acordo com a norma ASTM D664, método de

ensaio padrão para número ácido de produtos do petróleo por

titulação potenciométrica. Resultados mgKOH/g. Realizado na

central analítica do Instituto de Química da Unicamp. Duas

réplicas (quatro réplicas no ponto G).

Ponto de fulgor

Determinado de acordo com a norma ASTM D93, método de

ensaio padrão para ponto de fulgor por vaso fechado de Pensky-

Martens. Resultados em graus Celsius. Realizado no

Departamento de Química da Universidade Estadual de Londrina.

Sem réplicas.

Ponto de fluidez

Determinado de acordo com a norma ASTM D97, método de

ensaio padrão para ponto de fluidez em produtos do petróleo.

Resultados em graus Celsius. Realizado na Analytical Technology

Biocombustíveis. Sem réplicas.

Densidade

Determinada de acordo com a norma ASTM D4052, método de

ensaio padrão para densidade, densidade relativa e gravidade API

de líquidos por medidor de densidade digital. Resultados em

g/mL. Realizado no laboratório didático da Faculdade de

Engenharia Mecânica da Unicamp. Sem réplicas.

Teor de sólidos

Determinado de acordo com a norma ASTM D579, conteúdo de

sólidos em líquidos de pirólise por filtração de sólidos em

metanol. Devido à sua indisponibilidade, o diclorometano não foi

utilizado. Resultados em porcentagem. Realizado no laboratório

didático da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp.

Quatro réplicas para as misturas A, E e F e três réplicas para as

demais.

Teor de vanádio

Determinado de acordo com a norma ASTM D5708,

determinação de níquel, vanádio e ferro em óleos brutos e

combustíveis residuais. Resultados em mg/kg. Realizado na

Analytical Technology Biocombustíveis. Sem réplicas.

Análise elementar

Determinada de acordo com a norma ASTM D5291, determinação

de carbono, hidrogênio e nitrogênio em produtos do petróleo e

lubrificantes. Resultados em porcentagem mássica. Realizado na

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Associação Brasileira de Cimentos Portland (ABCP). Sem réplica.

Composição

Determinada por cromatografia gasosa com espectrometria de

massa, não há normas. Resultados em porcentagem mássica.

Realizado na central analítica do Instituto de Química da

Unicamp.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A análise de resultados foi dividida em duas partes: a dos componentes “puros” e a das

misturas. Os componentes considerados puros são a biomassa, o carvão, o bio-óleo leve (BOL) e

o bio-óleo pesado (BOP). As misturas são as sete misturas ternárias preparadas para análise

discutidas na seção 3.3. A pirólise que produziu o bio-óleo estudado foi realizada na empresa

Bioware no dia 6 de Março de 2014. A Figura 4.1 exibe o perfil de temperatura para vários

pontos do reator desde o aquecimento inicial do leito até a final da pirólise.

Figura 4.1 – Perfil de temperatura para vários pontos do reator

Os termopares responsáveis pela leitura das temperaturas exibidas na Figura 4.1 ocupam

alturas crescentes no reator. A introdução da biomassa provocou a diminuição da temperatura

observada em 15:00, sendo que sua estabilização levou, aproximadamente, 15 minutos. A pirólise

continuou até cerca de 15:50, quando foi notado o aumento da temperatura.

Pode-se considerar que, no início do processo, houve gaseificação da biomassa devido à

maior temperatura. A Tabela 4.1 exibe a quantidade produzida dos produtos da pirólise (carvão,

bio-óleo pesado, bio-óleo leve e gases) e suas respectivas porcentagens.

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Tabela 4.1 – Massa e rendimento dos produtos da pirólise

Massa (Kg) Rendimento (%)

Carvão 15,83 12,71

Bio-óleo pesado 15,02 12,06

Bio-óleo leve 48,66 39,07

Gases 45,03 36,16

O bio-óleo leve predomina sobre o pesado em uma proporção de aproximadamente 3:1.

Esta predominância pode acarretar efeitos indesejáveis para o combustível como aumento do teor

de água e acidez e diminuição do PCI. Um possível efeito negativo é o aumento da viscosidade

das misturas em virtude da maior proporção do BOP. O bio-óleo em estado bruto, ou seja, sem

fracionamento ofereceria uma viscosidade certamente bem menor do que as que foram

determinadas para as misturas.

4.1 Análises dos componentes puros

Os componentes classificados como puros são a biomassa de eucalipto, o produto sólido da

pirólise (carvão) coletado pelo ciclone e ambas as frações do bio-óleo (leve e pesada) que foram

separadas no condensador.

Neste caso, o termo pureza está relacionado ao estado bruto dos produtos obtidos, ou seja,

às frações puras dos produtos que foram utilizados para o preparo das misturas.

4.1.1 Granulometria da biomassa

A granulometria da biomassa previamente triturada foi determinada através de uma série de

peneiras. Tal procedimento é padrão para a biomassa que será pirólisada e seu diâmetro médio

(denominado diâmetro de Sauter) foi determinado a partir de dois testes, cujos perfis são exibidos

na Figura 4.2 e na Figura 4.3.

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Figura 4.2 – Primeiro teste de granulometria da biomassa

Figura 4.3 – Segundo teste de granulometria de biomassa

A análise granulométrica forneceu um diâmetro de Sauter de 0,527 mm.

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00

ΔX

i

Dpi (mm)

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00

ΔX

i

Dpi (mm)

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4.1.2 Análise elementar

A Tabela 4.2 apresenta a análise elementar para os produtos da pirólise e da biomassa em

base úmida.

Tabela 4.2 – Análise elementar da biomassa e dos produtos da pirólise

% do elemento

C H O* N S Cl

Biomassa 44,17 6,22 49,60 nd 0,01 -

Carvão 73,90 3,80 22,00 0,29 0,01 -

Bio-óleo leve 27,62 8,11 63,86 nd 0,01 0,40

Bio-óleo pesado 53,89 6,60 39,30 nd 0,19 0,024

nd – não detectado

*Oxigênio calculado por diferença

O carvão apresenta uma grande quantidade de carbono e este fato é determinante em seu

PCI, o maior dentre os compostos “puros”. O bio-óleo pesado possui aproximadamente o dobro

do carbono do bio-óleo leve, o que é desejado para se obter maior porder calorífico. O nitrogênio

só ocorreu de forma detectável no carvão, no bio-óleo compostos nitrogenados podem estar

presentes em quantidades ínfimas.

4.1.3 Poder calorífico

A Tabela 4.3 apresenta os poderes caloríficos (inferior e superior) para os produtos da

pirólise e para biomassa em base úmida.

Tabela 4.3 – Poder calorífico inferior e superior para a biomassa e os produtos da pirólise

PCI (MJ/kg) PCS (MJ/kg)

Biomassa 16,1 17,5

Carvão 26,9 27,7

Bio-óleo leve 9,1 10,8

Bio-óleo pesado 21,3 22,8

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O carvão, devido à sua alta concentração de carbono, apresenta o maior poder calorífico,

sendo seguido pelo bio-óleo pesado cuja separação foi pretendida exatamente para obter-se um

líquido de maior poder calorífico. A parte leve possui poder calorífico muito baixo (menos da

metade quando comparada à parte pesada), sendo inclusive superado pela biomassa (eucalipto).

Oasmaa et al (2010) obtiveram o PCI para bio-óleos obtidos por pirólise rápida para várias

biomassas, incluindo o eucalipto. Tais resultados estão na Tabela 4.4.

Tabela 4.4 – PCI para o bio-óleo obtido por pirólise rápida de várias biomassas (Oasmaa et al,

2010)

Biomassa PCI (MJ/kg)

Eucalipto grandis 15,6

Pinho 15,3

Palha de cevada 9,1

Capim amarelo 14,3

Com exceção do bio-óleo leve, todos os PCIs determinados no presente estudo

apresentaram PCI maiores do que os exibidos na Tabela 4.4, ou seja, o bio-óleo pesado promoveu

um grande aumento nesta propriedade. Pode-se dizer que o bio-óleo pesado concentra compostos

energéticos que, quando misturados, produzem misturas com PCI maior do que a média dos bio-

óleos obtidos a partir de diversas biomassas.

4.1.4 Acidez, teor de água, teor de sólidos, densidade e ponto de fluidez

Tabela 4.5 – Acidez, teor de água, teor de sólidos e ponto de fuidez para as frações do bio-óleo

Acidez

(mg

KOH/g)

Teor de água

(%)

Teor de sólidos

(%)

Densidade

(kg/m3)

Ponto de fluidez

(oC)

Bio-óleo leve 99 ± 1 25,9 ± 0,2 1,3 ± 0,3 1134,0 -17

Bio-óleo pesado 56,5 ± 0,1 9,1 ± 0,4 6,1 ± 0,6 1257,0 7

A fração leve do bio-óleo apresentou maior acidez e teor de água enquanto que a fração

pesada possui maior teor de sólidos, densidade e ponto de fluidez. Tal separação teve o objetivo

de concentrar características que favorecessem o aumento do poder calorífico na parte pesada,

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98

ainda que esta parte apresente maior teor de sólidos do que a leve, o que pode ser prejudicial para

sua utilização como combustível.

4.2 Análise das misturas

Como mencionado na seção 3.3 foram realizadas sete misturas com o objetivo de se

determinar a influência de cada fração (bio-óleo pesado, bio-óleo leve e etanol) sobre

propriedades importantes de combustíveis industriais. Para tal análise foi utilizado o conceito de

pseudo-componentes de modo a facilitar o procedimento estatístico. Desta forma, as sete misturas

ocupam pontos padrões na sub-região triangular definida pelos limites inferiores de cada

componente, ou seja, três pontos nos vértices, três pontos nos lados e um ponto interior.

Algumas propriedades, como análise elementar, poder calorífico, teor de água e acidez,

foram enviadas para análise duas vezes de modo a investigar os efeitos do envelhecimento do

bio-óleo. No entanto, as análises foram focadas nas primeiras medidas, uma vez que foram

obtidas nos três primeiros meses após a produção do bio-óleo. Em novembro, oito meses após a

pirólise, as misturas foram feitas novamente com as frações envelhecidas do bio-óleo, tal tempo

de armazenamento é considerado muito grande e as misturas feitas neste estágio são consideradas

fora dos padrões para serem utilizadas como combustível devido, principalmente, ao aumento de

viscosidade.

Para tais análises foi utilizada a seguinte distinção: nova (mistura com até três meses) e

envelhecida (misturas feitas com as frações envelhecidas do bio-óleo, enviadas para análise em

Novembro).

Com o objetivo de testar a adequação das misturas foram utilizadas duas normas para fins

comparativos: ASTM D7544 (Especificação padrão para biocombustível líquido de pirólise) e

ANP (Agência Nacional de Petróleo) portaria 80 de 1999 que estabele limites para óleos-

combustíveis. Ainda assim, normas para bio-óleo são incipientes e carecem de especificações

mais detalhadas.

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99

Considerou-se, inicialmente, um modelo cúbico especial para as misturas (m = q = 3, como

mostra a Tabela 2.8, ou seja, com sete termos) tal modelo foi simplificado dependendo dos

parâmetros estatísticos obtidos. Todas as análises estatísticas foram realizadas no software

statistica.

4.2.1 Análise elementar

A análise elementar das misturas foi divida em duas: novas (determinadas com até 3

meses) e as envelhecidas e são mostradas na Tabela 4.6 e na Tabela 4.7

Tabela 4.6 – Análise elementar das misturas novas

% do elemento

BOP:EtOH:BOL Mistura C H O* N S Cl Va (mg/kg)

90:05:05 A 55,12 6,68 37,95 nd 0,03 0,22 16,3

60:35:05 B 51,86 7,79 40,14 nd 0,02 0,19 10,8

60:05:35 C 49,81 7,36 42,60 nd 0,02 0,21 25,1

75:20:05 D 54,62 7,17 38,02 nd 0,02 0,17 36,7

60:20:20 E 50,87 7,67 41,15 nd 0,02 0,29 28,7

75:05:20 F 50,47 6,88 42,47 nd 0,02 0,16 31,3

75:12,5:12,5 G 53,44 7,06 39,33 nd 0,03 0,14 37,2

nd = não detectado

*Oxigênio calculado por diferença

Na análise elementar procura-se obter uma alta relação C/O, pequeno teor de enxofre e

uma quantidade de vanádio inferior à 200 mg/kg. O enxofre é corrosivo e pode causar emissões

poluentes, já o vanádio pode formar depósitos por incrustações acarretando na perda da eficiência

térmica do equipamento. A norma ANP estabelece um valor máximo de 2,5% de teor de enxofre,

sendo que os teores de todas as misturas estão todos abaixo do valor estipulado pela norma. A

norma ASTM D 7544 estabelece um valor bem menor: 0,05%. Como o teor das misturas são

todos muito baixos, tais misturas também atendem à esta norma.

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Tabela 4.7 – Análise elementar das misturas envelhecidas

% do elemento

BOP:EtOH:BOL Mistura C H O N S Cl

90:05:05 A 56,41 6,86 36,37 0,34 0,02 -

60:35:05 B - - - - - -

60:05:35 C 56,81 7,05 35,64 0,48 0,02 -

75:20:05 D 57,80 7,08 34,69 0,40 0,03 -

60:20:20 E 55,76 7,03 36,84 0,35 0,02 -

75:05:20 F 55,42 6,87 37,34 0,35 0,02 -

75:12,5:12,5 G 60,24 7,33 31,79 0,62 0,02 -

Não foram realizadas análises para a amostra B envelhecida

O teor de carbono aumentou nas misturas envelhecidas, bem como o de oxigênio

diminuiu. Portanto, houve perda de oxigênio com o envelhecimento. As misturas envelhecidas

ficaram armazenadas em tambores de plástico ao ar livre, não completamente estanques. É

provável que o oxigênio tenha sido perdido na forma de vapor associado à outros elementos, tais

como H2O ou CO2. Muitas reações de envelhecimento produzem água tais como as reações

mostradas na seção 4.1.3. A perda de 1 mol de água implica na perda de 16 gramas de oxigênio

4.2.2 Poder calorífico

Os resultados para os poderes caloríficos inferior e superior são mostrados na Tabela 4.8.

Todos os resultados estão em base úmida. A Figura 4.4 mostra o diagrama ternário para o poder

calorífico inferior na região dos pseudo-componentes.

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Tabela 4.8 – PCI e PCS para as misturas (MJ/kg)

Nova Envelhecida

BOP:EtOH:BOL Mistura PCI PCS PCI PCS

90:05:05 A 21,6 23,0 22,6 24,0

60:35:05 B 19,2 20,9 - -

60:05:35 C 17,9 19,4 21,5 23,0

75:20:05 D 21,2 22,7 23,1 24,6

60:20:20 E 19,6 21,2 22,4 23,9

75:05:20 F 19,2 20,6 22,0 23,4

75:12,5:12,5 G 20,7 22,2 22,2 23,8

Não foram realizadas análises para a amostra B envelhecida

Figura 4.4 – Diagrama ternário para o poder calorífico inferior na região dos pseudo-

componentes

O PCI é, provavelmente, a variável mais estudada do bio-óleo. Tentativas de melhorar o

bio-óleo visam, principalmente, sua maximização. A escolha de privilegiar o bio-óleo pesado está

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relacionada à este objetivo. Espera-se concentrar compostos de longas cadeias carbônicas,

aromáticos e fenólicos no BOP. A presença do etanol e do BOL nas misturas busca a diminuição

de viscosidade e a ocorrência de reações de esterificação, pois os ésteres produzidos podem

conferir estabilidade às misturas. Porém, o objetivo central está relacionado à obtenção de um

alto poder calorífico.

A análise da Figura 4.4 permite verificar o aumento do PCI quando se aproxima do

vértice superior do diagrama, no ponto em que x1’ = 1,0 (pseudo-componente) e BOP = 0,90. Tal

fato justifica a preferência pela fração pesada e sua predominância em todas as misturas. O

modelo estatístico encontrado para o PCI aproxima-se muito do modelo linear, como exibido pela

Equação 57.

𝑃𝐶𝐼(𝑀𝐽 𝑘𝑔)⁄ = 21,82𝑥1′ + 19,53𝑥2

′ + 17,63𝑥3′ + 4,51𝑥2

′𝑥3′ (57)

Todos os pseudo-componentes possuem influência significativa sobre o PCI, de todas a

interações apenas x2’x3’ se mostrou significativa, porém bem abaixo dos pseudo-componentes

individuais. Inesperadamente as interações de x1’ se mostraram irrelevantes. Uma explicação

plausível é a de que a maior proporção de etanol presente em x2’ reage com a maior proporção de

BOL em x3’, formando ésteres que podem conferir um pequeno aumento no PCI. Também é

interessante notar que a influência do etanol é intermediária entre as frações de bio-óleo.

O PCI da mistura A mostrou-se levemente superior ao PCI do BOP puro (0,3 MJ/kg), ou

seja, as frações de BOL e etanol presentes nesta mistura (5% cada) promoveram um aumento no

PCI que, ainda que pequeno, pode ser relevante dependendo da quantidade de bio-óleo

produzida. No entanto há um grau de incerteza nesta afirmação, ou seja, esta diferença pode ser

irrelevante baseada no desvio padrão. O PCI da mistura E é maior do que o da mistura F, ainda

que a E possua maior proporção de bio-óleo pesado, provavelmente devido à sinergia entre o

etanol e a fração leve do bio-óleo.

O diagrama ternário para o PCS se mostrou idêntico ao do PCI, apenas a escala dos

valores foi levemente aumentada. O PCS da mistura A também se mostrou o maior de todos,

maior inclusive do que o BOP puro, tal como ocorreu com o PCI. A diferença entre o PCS da

mistura A e do BOP foi de 0,6 MJ/kg, ou seja, o dobro da diferença do PCI.

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Yu et al (2007) submeteram a palha de milho à pirólise em forno microondas e,

posteriormente misturaram o bio-óleo produzido com diferentes proporções, em massa, de metal

e etanol. Os resultados obtidos são mostrados na Tabela 4.9.

Tabela 4.9 – Poder calorífico superior para várias misturas com bio-óleo (Yu et al, 2007)

Misturas Poder calorífico superior (MJ/kg)

Bio-óleo 17,51

Bio-óleo com 10% de metanol 16,21

Bio-óleo com 20% de metanol 15,96

Bio-óleo com 30% de metanol 13,47

Bio-óleo com 10% de etanol 14,15

Bio-óleo com 20% de etanol 12,07

Bio-óleo com 30% de etanol 11,98

Diferentemente do presente estudo, todas as misturas tiveram PCS menor do que o bio-

óleo obtido, com o metanol sendo mais efetivo para o PCS do que o etanol. Misturas binárias são

as mais utilizadas como método de melhoramento do bio-óleo enquanto que misturas ternárias

são bem menos frequentes. O método utilizado neste trabalho, ou seja, a mistura de frações do

bio-óleo de características distintas com um terceiro solvente, não foi identificada por este

trabalho.

A tendência mostrada na Tabela 4.8, o aumento do PCI e do PCS com o envelhecimento é

de díficl explicação, pois o bio-óleo é uma mistura sem proporções definidas de ácidos, álcoois,

aldeídos, ésteres, cetonas, açúcares, fenóis, guaiacóis, siringóis, furanos e compostos

multifuncionais. O mecanismo geral que produz instabilidade nas propriedades do bio-óleo é

muito complexo e provavelmente não há apenas um fenômeno. Já foi observado que, durante o

envelhecimento, compostos reativos e insaturados reagem por meio de polimerização,

esterificação, acetalização, oxidação e dimerização para formarem molécular maiores que

provocam mudanças nas propriedades do bio-óleo. Diebold (2005) identificou as seguintes

reações como importantes no envelhecimento do bio-óleo:

Ácidos orgânicos + álcoois → ésteres + água

Ácidos orgânicos + olefinas → ésteres

Aldeídos + água → hidratos

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Aldeídos + álcoois → hemiacetais + acetais + água

Aldeídos → oligômeros + resinas

Aldeídos + fenóis → resinas + água

Compostos insaturados → poliolefinas

Tais reações, exibidas de forma geral e simplificadas, explicariam a natureza instável do bio-

óleo e seu envelhecimento. Provavelmente a perda de oxigênio através da água (evaporação) seja

responsável pelo aumento do PCI e do PCS. A norma ASTM D 7544 estabelece PCS mínimo de

15 MJ/kg, sendo que todas as misturas e, por consequência, toda a região do diagrama ternário,

estão acima deste valor. A ANP não estabelece limites para o poder calorífico.

4.2.3 Teor de água e acidez

O teor de água e a acidez foram agrupadas nesta seção devido ao comportamento esperado

para estas propriedades: ambas tenderiam a aumentar à medida em que é aumentada a proporção

do bio-óleo leve (BOL), pois o BOL é rico em ácidos carboxílicos leves (fórmico, acético,

propanoico e butanoico) e possui uma quantidade apreciável de água. A análise dos dados obtidos

confirmam tal hipótese: quando se aproxima do vértice x3’ tais propriedades se intensificam, o

que pode ser notado pelo avermelhamento das curvas nas Figuras 4.5 e 4.6.

Tabela 4.10 – Teor de água e acidez para as misturas

Novas Envelhecidas

BOP:EtOH:BOL Mistura Teor de água

(%)

Acidez

(mg KOH/g)

Teor de água

(%)

Acidez

(mg KOH/g)

90:05:05 A 7,8 ± 0,2 48 ± 2 4 ± 1 30,7 ± 0,5

60:35:05 B 9,6 ± 0,3 42,7 ± 0,2 15,2 ± 0,2 27,4 ± 0,2

60:05:35 C 16,6 ± 0,2 73 ± 1 8,2 ± 0,1 54,2 ± 0,6

75:20:05 D 8,4 ± 0,2 42,7 ± 0,4 0,93 ± 0,04 45,7 ± 0,3

60:20:20 E 14,0 ± 0,5 52,8 ± 0,2 29,9 ± 0,8 43 ± 1

75:05:20 F 14,5 ± 0,5 65,2 ± 0,6 5,9 ± 0,1 46 ± 1

75:12,5:12,5 G 10,8 ± 0,6 53,8 ± 0,5 4,0 ± 0,1 38,6 ± 0,8

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Figura 4.5 – Diagrama ternário para o teor de água na região dos pseudo-componentes

As curvas apresentadas na Figura 4.5 são uma representação no diagrama ternário do

modelo cúbico especial inicialmente considerado para o teor de água. Tal modelo é o mais

completo por levar em conta todas as interações possíveis entre os pseudo-componentes (quatro

ao todo – três binárias e a ternária). Desta forma é possível averiguar as variáveis mais

importantes para a propriedade estudada. Para o teor de água as variáveis relevantes são os três

pseudo-componentes puros (x1’, x2’ e x3’), a interação binária entre as frações do bio-óleo

(x1’x3’) e a ternária (x1’x2’x3’). As demais interações não são significantes. Assim a Equação 58

descreve o comportamento da mistura para o teor de água.

𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎 = 7,64𝑥1′ + 9,77𝑥2

′ + 16,92𝑥3′ + 8,85𝑥1

′𝑥3′ − 27,33𝑥1

′𝑥2′𝑥3′ (58)

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Os coeficientes da Equação 58 permitem aferir que os pseudo-componentes,

individualmente, possuem maior efeito para o teor de água do que as demais interações. Apesar

do maior coeficiente para a interação ternária, o produto triplo (x1’x2’x3’) conduz à uma

contribuição menor para este termo, a interpretação para a interação binária é análoga.

Dentre as frações individuais, a fração rica em bio-óleo leve (BOL) é a maior responsável

pelo aumento do teor de água da mistura, pois é esperado que esta possua uma quantidade de

água significantemente maior do que o bio-óleo pesado (BOP). O efeito de x1’ é menor devido ao

fato de que quando x1’ = 1,0 o teor de água é 7,8% (o menor dentre as misturas), assim este

pseudo-componente contribui pouco para a propriedade. Como tal termo (x1’) representa a

influência da mistura com 90% de bio-óleo pesado sobre o cálculo total do teor de água tal

tendência já era esperada, uma vez que a água está presente em maior quantidade na fração leve

do bio-óleo que se condensou primeiro.

O aumento do teor de água tem duas consequências: a diminuição da viscosidade

(desejável) e a diminuição do poder calorífico (indesejável) quando a mistura é visada para fins

combustíveis. Como o presente estudo privilegia o BOP devido às suas características energéticas

favoráveis (compostos pesados de longas cadeias carbônicas, aromáticos e fenólicos), reduzir a

quantidade de água para um valor mínimo apenas para garantir baixa viscosidade e boa fluidez é

o objetivo principal. A Tabela 4.11 exibe o teor de água encontrado para outras biomassas por

diversos pesquisadores.

Tabela 4.11 – Teor de água para bio-óleos obtidos de várias biomassas

Biomassa Teor de água (%) Referência

Bétula 18,9 Oasmaa & Czernik, 1999

Palha de milho 15,2 Yu et al., 2007

Madeira de pinho 16,9 Hassan et al., 2009

Casca de arroz 28,0 Qiang et al., 2008

Bagaço de cana 15,0 Asadullah et al., 2007

Eucalipto grandis 20,6 Oasmaa et al., 2010

O teor de água encontrado para as misturas estão todos abaixo dos teores exibidos na

Tabela 4.11, mesmo as misturas com maior teor de BOL, indicando que o fracionamento do bio-

óleo é um bom procedimento para a redução do teor de água, logicamente biomassas que passam

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por tratamentos que visam eliminar drasticamente o teor de água antes de serem pirolisados

podem apresentar menor teor do que a média.

Todavia, a diminuição do teor de água pode acarretar no aumento da viscosidade e

provocar o chamado envelhecimento do bio-óleo. Assim o teor de água não deve ser maximizado

ou minimizado, mas sim estar em um intervalo que garanta boa fluidez sem afetar

significantemente o poder calorífico das misturas. A redução do teor de água ocorreu em cinco

misturas. A perda por evaporação pode ser uma razão para isso. Outra razão seria a reação de

aldeídos com água formando hidratos.

Todas as misturas possuem teor de água dentro do limite máximo estabelecido de 30% em

porcentagem mássica pena norma ASTM D 7544.

Figura 4.6 – Diagrama ternário para a acidez na região dos pseudo-componentes

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108

A acidez apresenta comportamento semelhante ao do teor de água. Os ácidos carboxílicos

leves presentes no BOL junto com uma quantidade maior de água, como descrito no item

anterior, confere maior acidez à mistura do vértice em que x3’ = 1,0. A fração leve do bio-óleo

concentra mais ácidos do que a fração pesada. O bio-óleo leve pode ser destilado em diversas

frações, sendo que uma delas, amarelada, recebe o nome de extrato ácido. Como a redução da

acidez é importante para se evitar a corrosão, o procedimento de concentrar compostos que

conferem acidez em uma das frações é desejável. Assim as misturas B e D seriam as melhores

escolhas pois possuem menor acidez (42,7 mg/KOH).

A análise estatística indicou o modelo quadrático como o mais apropriado para a análise

da acidez, ou seja, a interação ternária é inicialmente desprezada. Dentre os termos binários os

significativos são os que apresentam o pseudo-componente x3’ (x1’x3’ e x2’x3’), a interação BOP-

etanol (x1’x2’) não se mostrou relevante. Os coeficientes apresentados na Equação 59 comprovam

o maior efeito do que o pseudo-componente x3’ tem sobre a variável estudada, pois o ponto em

que x3’ = 1,0 (ponto C) possui 35% da fração leve, em que os ácidos carboxílicos se concentram.

𝐴𝑐𝑖𝑑𝑒𝑧 = 47,59𝑥1′ + 42,31𝑥2

′ + 73,02𝑥3′ + 19,31𝑥1

′𝑥3′ − 19,58𝑥2

′𝑥3′ (59)

Algo interessante de se notar pela Equação 59 é a interação antagônica dos pseudo-

componentes x2’ e x3’, pois o coeficiente que acompanha x2’x3’ é negativo. Esta interação

representa o efeito que os pontos ricos em etanol e bio-óleo leve têm, quando combinados, na

acidez da mistura. Tal fato pode ser explicado pelas chamadas reações de esterificações de

Fischer, nestas reações o álcool reage com um ácido carboxílico, produzindo éster e água. O

maior número de ocorrência destas reações quando tais pseudo-componentes são combinados em

maiores proporções pode acarretar mudanças relevantes no meio reacional das misturas, que

também podem ser somadas às reações mencionadas na seção 2.2.4. No entanto o mais

determinante para a acidez é a influência dos pseudo-componentes individualmente.

As misturas foram reenviadas para análise sete meses depois e foi constatada a diminuição

da acidez em seis das sete misturas. Tal tendência pode ser explicada pela esterificação dos

ácidos orgânicos e pela formação de resinas, à medida que o tempo passa as características do

bio-óleo pesado passam a ser cada vez mais predominantes e se acentuam e, portanto, as misturas

tendem a se aproximar das características do BOP quando envelhecem.

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109

4.2.4 Ponto de fluidez e ponto de fulgor

Os resultados para os pontos de fluidez e o ponto de fulgor encontram-se na Tabela 4.12.

Tabela 4.12 – Ponto de fluidez e ponto de fulgor para as misturas em graus Celsius (oC)

BOP:EtOH:BOL Mistura Ponto de fluidez Ponto de fulgor

90:05:05 A 1 50

60:35:05 B -35 52

60:05:35 C -24 69

75:20:05 D -17 35

60:20:20 E -34 45

75:05:20 F -16 60

75:12,5:12,5 G -17 48

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110

Figura 4.7 – Diagrama ternário para o ponto de fluidez na região dos pseudo-componentes

Como era esperado, o ponto de fluidez da mistura A é o maior dentre as misturas estudadas,

devido à alta proporção de BOP presente (90%) e é a única mistura cujo ponto está acima de 0oC.

O etanol é o principal responsável pelo abaixamento do ponto de fluidez, seguindo pelo BOL. A

influência da fração pesada do bio-óleo (BOP) é muito menor quando comparado aos demais

componentes. Tal fato é descrito pela Equação 60.

𝐹𝑙𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 (oC) = 𝑥1′ − 35,01𝑥2

′ − 24,01𝑥3′ − 17,74𝑥1

′𝑥3′ − 17,82𝑥2

′𝑥3′ (60)

O coeficiente unitário do pseudo-componentes x1’ representa o valor do ponto de fluidez

quando este pseudo-componente está puro e o mesmo raciocínio é válido para os demais. Com

exceção de tal coeficiente, todos os demais atuam no sentido de diminuir o ponto de fluidez. Para

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111

o modelo escolhido a interação entre os termos x1’ e x2’ foi considerada insignificante, ao passo

que as demais são relevantes, porém menos importantes do que a influência dos pseudo-

componentes puros.

Desta forma, percebe-se a pouca influência que o pseudo-componente x1’ tem sobre o

ponto de fluidez. A grande diferença entre a magnitude entre x1’ quando comparado à x2’ e x3’

mostra que uma pequena quantidade de etanol e BOL já é suficiente para provocar uma

diminuição considerável no ponto de fluidez.

A norma ASTM D7544 estabelece ponto de fluidez máximo de -9oC, assim, com exceção

da mistura A, todas as demais atenderiam à esta norma. Já a ANP estabelece vários valores

máximos dependendo da região e época do ano e tais valores variam entre 15 e 27oC. Portanto

todas as misturas estariam dentro desta norma.

Figura 4.8– Diagrama ternário para o ponto de fulgor na região dos pseudo-componentes

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112

O ponto de fulgor é, provavelmente, o mais complexo das propriedades analisadas

mediante diagrama ternário pois todas as interações são significantes. O fulgor aumenta à medida

em que se aproxima do vértice x3’, que é, individualmente, o pseudo-componente mais

importante para sua determinação, no entanto todos os pseudo-componentes possuem a mesma

magnitude e possuem grande influência na variável.

Ao se caminhar de x2’ = 1,0 para x1’ = 1,0 percebe-se que o ponto de fulgor diminui para

aumentar novamente ao passo que de x3’ = 1,0 para x1’ = 1,0 o fulgor diminui continuamente.

Este comportamento singular deve-se ao maior efeito que a sinergia entre os componentes

possuem quando comparado às demais propriedades (teor de água, acidez, etc).

Desta forma a Equação 61 descreve o ponto de fulgor na sub-região estudada.

𝐹𝑢𝑙𝑔𝑜𝑟 = 50𝑥1′ − 52𝑥2

′ + 69𝑥3′ − 64𝑥1

′𝑥2′ + 2𝑥1

′𝑥3′ − 62𝑥2

′𝑥3′ + 140𝑥1

′𝑥2′𝑥3′ (61)

Dentre os efeitos binários, os que possuem o pseudo.-componente x2’ atuam no sentido de

diminuir o fulgor, enquanto que a interação x1’x3’ apresenta menor magnitude e influência.

Assim a influência do etanol pode ser considerada tão grande quanto a do bio-óleo leve em

virtude da maior magnitude de que as interações binárias do pseudo-componente x2’ apresentam.

A norma ASTMD7544 estabelece o valor mínimo de 45oC para o ponto de fulgor, assim a

região verde-escura da Figura 4.8 estaria excluída caso esta forma fosse seguida. Já a ANP

estabelece o ponto de fulgor mínimo de 66oC para óleos combustíveis, assim apenas a mistura C

estaria dentro desta margem (x3’ = 1,0) bem como a área mais avermelhada ao seu redor.

Weerachanchai (2009) obteve bio-óleo de semente de palmeira e o misturou com diesel e

etanol ou butanol, obtendo diversas misturas ternárias e as caracterizou como combustível. A

Tabela 4.13 apresenta os resultados para os pontos de fluidez e fulgor.

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113

Tabela 4.13 – Ponto de fluidez e ponto de fulgor para várias misturas com bio-óleo produzido por

pirólise lenta (Weerachanchai, 2009)

Ponto de fluidez (oC) Ponto de fulgor (oC)

Bio-óleo 1 82

10% bio-óleo/10% diesel/80% etanol -25 19

10% bio-óleo/50% diesel/40% butanol -8,5 40

25% bio-óleo/25% diesel/50% butanol -6 40

30% bio-óleo/10% diesel/60% butanol -7 41

As misturas exibidas na Tabela 4.13, diferentemente das misturas do presente trabalho,

não tiveram o bio-óleo como componente principal, sendo que tal bio-óleo foi obtido por pirólise

lenta em reator de leito fixo. Porém, o efeito das misturas é o mesmo, abaixando o ponto de

fluidez para valores negativos. O fulgor sofre uma grande diminuição, principalmente na mistura

em que o etanol está presente sendo que o butanol se mostra menos influente. O presente trabalho

obteve pontos de fulgor maiores (entre 35 e 69oC), o que é mais seguro para o armazenamento

das misturas.

4.2.5 Densidade e teor de sólidos

A Tabela 4.14 exibe os valores da densidade e do teor de sólidos para as misturas estudadas.

Tabela 4.14 – Densidade e teor de sólidos para as misturas

BOP:EtOH:BOL Mistura Densidade (kg/m3) Teor de sólidos (%)

90:05:05 A 1231,1 5 ± 1

60:35:05 B 1113,9 4,6 ± 0,6

60:05:35 C 1202,1 8 ± 1

75:20:05 D 1159,9 4 ± 2

60:20:20 E 1141,9 5 ± 2

75:05:20 F 1196,7 4 ± 1

75:12,5:12,5 G 1208,0 6 ± 1

O teor de sólidos, diferentemente das demais propriedades, não está relacionado

diretamente ao processo de pirólise, ou seja, às características reacionais do leito, mas sim ao

processo de separação de sólidos que ocorre após a pirólise e que, na maioria das vezes, não os

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114

separa em sua totalidade. Apesar da quantidade de sólidos produzidos ser uma característica do

processo pirolítico, sua presença no bio-óleo não é.

Portanto o teor de sólidos não é uma característica intrínseca do bio-óleo produzido, mas

sim uma deficiência que a maioria dos processos de pirólise apresentam, que é a separação dos

sólidos. Tais sólidos não separados se mantém suspensos na corrente de ar e formam o aerossol.

Quando o aerossol entrou no condensador para que ocorresse a separação das frações de bio-óleo,

tais partículas de sólidos suspensas passaram a fazer parte de ambas as frações produzidas. Pela

análise da Tabela 4.5 pode-se concluir que tais sólidos ficaram preferencialmente na fração

pesada.

A análise estatística demonstrou que o teor de sólidos não teve relação com as proporções

dos pseudo-componentes das misturas. Tais partículas sólidas podem apresentar tendência à

segregação, ou seja, de se agruparem em determinadas regiões e, mesmo com agitação, tal

tendência pode prevalecer. Os grandes desvios padrões mostrados na Tabela 4.14 (com exceção

da mistura B) comprovam a grande heterogeneidade que diferentes alíquotas da mesma mistura

podem apresentar. Porém tais resultados são úteis para avaliar se a quantidade de sólidos no bio-

óleo é aceitável e se o método de separação sólidos-gás utilizado, neste caso o ciclone, é

eficiente.

A densidade é a mais simples das variáveis estudadas pois a densidade das misturas

depende, unicamente, das frações de seus pseudo-componentes. Desta forma não há interações a

serem consideradas e o modelo estatístico é linear. A densidade de cada pseudo-componente

também é uma função linear de seus componentes originais.

As densidades foram obtidas à temperatura ambiente, assim deve-se considerar a hipótese

de seu valor variar com a temperatura pois tal variação depende da ligação inter-molecular entre

os componentes da mistura. Tal ligação define a distância entre as moléculas a qual pode

aumentar ou diminuir com a variação da temperatura.

Neste estudo a densidade foi importante para transformar a viscosidade dinâmica (em cP)

em cinemática (em cSt), pois as especificações para bio-combustível e óleo combustível são

dadas em viscosidade cinemática. Tais densidades foram consideradas constantes na faixa de

temperatura estudada.

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115

4.2.6 Viscosidade

Entre todas as propriedades do bio-óleo a viscosidade é a que apresenta a variação mais

visível, pois seu aumento é facilmente notado quando o bio-óleo é armazenado. O grande número

de reações que ocorrem possui uma grande influência sobre a viscosidade, a qual costuma

aumentar até um estágio em que se torna inviável a utilização do bio-óleo como combustível. O

aumento da viscosidade pode ser o principal fator limitante para a utilização do bio-óleo como

combustível e tal fato inviabiliza seu armazenamento por longos períodos de tempo.

A viscosidade aumenta a tal taxa que, em muitos casos, o bio-óleo produzido há mais de

um ano deixa de fluir, apresentando uma textura pastosa, densa e compacta. Em muitos casos o

bio-óleo não flui mesmo com a ação da gravidade e é necessário aquecê-lo para que ganhe

fluidez. No entanto tal aquecimento pode ser prejudicial pois, dependendo da temperatura, há o

risco de serem evaporados compostos importantes para suas propriedades combustíveis. Devido à

estas características, a viscosidade é a variável mais sensível com o passar do tempo e é

interessante monitorá-la para se ter uma melhor noção de seu comportamento.

A viscosidade também é fortemente dependente da temperatura, razão pela qual os testes

foram feitos para uma faixa pré-determinada (35–60oC). Espera-se que nesta faixa de temperatura

ocorra pouca evaporação dos componentes da mistura. Primeiramente as misturas são tratadas

individualmente para, em seguida, serem comparadas em um mesmo dia. A viscosidade não foi

analisada no diagrama ternário devido às diferenças reológicas existentes entre as misturas.

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116

4.2.6.1 Análise das misturas em função do tempo e da temperatura

Figura 4.9 – Perfil de viscosidade para a mistura A

Na mistura A, a viscosidade sofre um aumento gradual até 60 dias. De 60 à 90 dias o

aumento é muito grande, porém tal diferença diminui com o aumento da temperatura. Esta

tendência implica que a mistura deve ser aquecida quando se torna muito viscosa para ser

utilizada com combustível. Porém tal aquecimento à temperaturas muito elevadas é

desaconselhável pois pode provocar a evaporações de compostos importantes para suas

características.

A mistura A foi a única cuja viscosidade ultrapassou 2000 cP, sendo que o máximo valor

determinado foi de aproximadamente 5600 cP. Segundo Czernik e Bridgwater (2004) a

viscosidade do bio-óleo pode ser tão alta quanto 1000 cP à 40oC, dependendo da biomassa

utilizada e das condições do processo de pirólise. A mistura A atinge 1090 cP em apenas sete

dias. No entanto, os autores não consideram o envelhecimento do bio-óleo. A predominância da

fração pesada do bio-óleo resultou em viscosidades mais altas do que encontradas para a maioria

dos bio-óleos em estado bruto.

0,0

1000,0

2000,0

3000,0

4000,0

5000,0

6000,0

35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0

Vis

cosi

dad

e (

cP)

Temperatura (oC)

Mistura A (BOP:EtOH:BOL - 90:05:05)

0 dias

4 dias

7 dias

14 dias

21 dias

28 dias

45 dias

60 dias

90 dias

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117

Figura 4.10 – Perfil de viscosidade para a mistura B

A mistura B, rica em álcool, apresentou as menores viscosidades. O aumento entre 60 e

90 dias é semelhante à da mistura A, porém relativamente menor. Desta forma o etanol é um

componente importante para a redução da viscosidade, pois o aumento de proporção de etanol da

mistura A (5%) para a B (35%) produziu viscosidades todas abaixo de 1000 cP, sendo que na

mistura A tal faixa é obtida apenas para temperaturas maiores.

Vispute (2011) realizou misturas de bio-óleo obtido por pirólise de madeira de carvalho

com etanol e constatou que, enquanto o bio-óleo puro apresentava uma viscosidade de 153 cP à

25oC, o bio-óleo com 20% de metanol apresentava viscosidade de 17,1 cP na mesma temperatura.

Para o presente estudo a redução do bio-óleo pesado de 90 para 60% resultou em uma redução de

viscosidade de 2265 para 188 cP à 35oC e 28 dias, representando uma redução de

aproximadamente 90%.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0

Vis

cosi

dad

e (

cP)

Temperatura (oC)

Mistura B (BOP:EtOH:BOL - 60:35:05)

0 dias

4 dias

7 dias

14 dias

21 dias

28 dias

45 dias

60 dias

90 dias

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118

Figura 4.11 – Perfil de viscosidade para a mistura C

A mistura C apresentou maiores viscosidades do que a B, pois o bio-óleo leve conferiu

maior viscosidade à mistura do que o etanol. O espaçamento entre as curvas possui um padrão

diferente das misturas anteriores, pois já é notado um aumento relativamente grande entre 21 e 28

dias. Para misturas com a mesma quantidade de BOP, o etanol se mostra mais influente do que o

BOL para a redução da viscosidade.

A diferença das viscosidades entre as misturas B e C foi significante, enquanto a mistura B

exibiu viscosidade de 47 cP para 45 dias e 60oC, a mistura C apresentou viscosidade de 169,2 cP

para o mesmo tempo e temperatura. O etanol, aparentemente, foi mais importante para a redução

da viscosidade do que o BOL.

A mistura C, que assim como a B possui a mesma proporção de BOP e, portanto, ocupa a

base do triângulo do diagrama ternário, apresentou a maioria de suas viscosidades acima de 500

cP enquanto que a mistura B apresentou viscosidades maiores de 500 cP apenas para 90 dias e

temperaturas abaixo de 42 oC.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0

Vis

cosi

dad

e (

cP)

Temperatura (oC)

Mistura C (BOP:EtOH:BOL - 60:05:35)

0 dias

4 dias

7 dias

14 dias

21 dias

28 dias

45 dias

60 dias

90 dias

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119

Figura 4.12 – Perfil de viscosidade para a mistura D

A mistura D possuiu um aumento de viscosidade relativamente grande entre zero e quatro

dias, sendo que houve outro grande aumento entre 7 e 14 dias. As curvas se mostraram bem

próximas com 21, 28 e 45 dias. Devido à mesma proporção de BOP das misturas F e G (75%), a

mistura D está no grupo das misturas cujas viscosidades esperadas são maiores do que as B, C e

E (60% de BOP), porém menor do que a mistura A (90% BOP).

As misturas A, D e B estão localizadas no mesmo lado do digrama ternário, pois todas

possuem a mesma proporção de BOL (5%), porém tais misturas apresentaram magnitudes muito

diferentes de viscosidades, ou seja, a viscosidade é determinada fortemente pelo BOP. Assim é

esperado que misturas com a mesma proporção de BOP apresentem comportamento mais

próximo entre si do que misturas com o mesmo teor BOL.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0

Vis

cosi

dad

e (

cP)

Temperatura (oC)

Mistura D (BOP:EtOH:BOL - 75:20:05)

0 dias

4 dias

7 dias

14 dias

21 dias

28 dias

45 dias

60 dias

90 dias

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120

Figura 4.13 – Perfil de viscosidade para a mistura E

A mistura E mostrou-se menos viscosa do que a D, pois possui menor proporção de BOP

(ambas têm a mesma quantidade de etanol). O primeiro grande aumento se deu entre 28 e 45 dias.

Aumentos consideráveis também ocorreram entre 45 e 60 e 60 e 90 dias. As curvas se

apresentaram mais nítidas e claras comparadas às demais misturas.

A mistura E apresentou semelhanças com a C, porém menos viscosa. Assim, entre as

misturas com 60% de BOL, a mistura E possui viscosidade intermediária entre a B e a C. O fato

de a mistura E estar localizada no ponto médio entre as misturas B e C permite concluir que no

lado onde BOP = 60% a viscosidade aumenta à medida que se caminha para a direita, ou seja, à

medida que se aproxima do ponto C, onde x3’ = 0.

0,0

200,0

400,0

600,0

800,0

1000,0

1200,0

1400,0

35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0

Vis

cosi

dad

e (

cP)

Temperatura (oC)

Mistura E (BOP:EtOH:BOL - 60:20:20)

0 dias

4 dias

7 dias

14 dias

21 dias

28 dias

45 dias

60 dias

90 dias

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121

Figura 4.14 – Perfil de viscosidade para a mistura F

A mistura F é a segunda mistura mais viscosa, pois possui 75% de BOP. Comparada à

mistura A, conclui-se que o etanol possui o importante efeito de retardar o aumento da

viscosidade. Muitas vezes o aumento da viscosidade é associado ao envelhecimento do bio-óleo,

assim solventes adicionados ao bio-óleo com o propósito de reduzir seu aumento de viscosidade

são ditos como retardadores do envelhecimento.

Há praticamente duas sobreposições de curvas (28 e 45 dias e 60 e 90 dias), ou seja, a

mistura permaneceu com suas características viscosas por mais tempo. Sobreposição de curvas

também foi notada na mistura D, que tem a mesma proporção de BOP (75%). Pode-se

conjecturar que esta proporção de BOP (ou próximas) consigam manter a viscosidade com pouca

variação por um certo período de tempo, até a viscosidade dar um salto. No entanto, para tal

hipótese ser confirmada seria necessária a monitaramento destas misturas por mais tempo.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0

Vis

cosi

dad

e (

cP)

Temperatura (oC)

Mistura F (BOP:EtOH:BOL - 75:05:20)

0 dias

4 dias

7 dias

14 dias

21 dias

28 dias

45 dias

60 dias

90 dias

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122

Figura 4.15 – Perfil de viscosidade para a mistura G

A mistura G possui um comportamento próximo ao da F, porém a maior proporção de

etanol provoca uma diminuição nas viscosidades quando são comparadas no mesmo tempo e na

mesma temperatura. Esta mistura é a única que possui todos os três pseudo-componentes

4.2.6.2 Comparação das misturas em um mesmo dia

De modo a facilitar a comparação entre das misturas em um determinado tempo na faixa de

temperatura estudada, as viscosidades de todas as misturas são plotadas no mesmo gráfico. Tais

gráficos são apresentados nas Figuras 4.16 e 4.17.

0,0

200,0

400,0

600,0

800,0

1000,0

1200,0

1400,0

1600,0

35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0

Vis

cosi

dad

e (

cP)

Temperatura (oC)

Mistura G (BOP:EtOH:BOL - 75:12,5:12,5)

0 dias

4 dias

7 dias

14 dias

21 dias

28 dias

45 dias

60 dias

90 dias

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123

Figura 4.16 – Perfis de viscosidade para todas as misturas com 7 dias

Após sete dias a mistura A (90% de BOP) possui viscosidade consideravelmente maior

que as demais, porém tal diferença diminui com a aumento da temperatura e todas as misturas

tendem à convergir. As três misturas com 75% de BOP (F, D e G, nesta ordem) vêm a seguir e as

três misturas cuja a fração do bio-óleo pesado é 60% (C, E e B nesta ordem) são as menos

viscosas. Assim, conclui-se que nos primeiros dias após a produção do bio-óleo a presença de sua

fração pesada é a principal influência na viscosidade das misturas.

0,0

500,0

1000,0

1500,0

2000,0

2500,0

3000,0

35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0

Vis

cosi

dad

e (

cP)

Temperatura (oC)

7 Dias

A

B

C

D

E

F

G

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124

Figura 4.17 – Perfis de viscosidade para todas as misturas com 45 dias

Após 45 dias nota-se, além do aumento de todas as viscosidades, um maior espaçamento

das curvas para menores temperaturas. A mistura com maior proporção de etanol, B, mostra-se

visivelmente como a menos viscosa. As misturas D, F e G (todas contendo 75% de BOP)

apresentam curvas próximas, sendo que a F é a mais viscosa dentre elas pois apresenta apenas 5%

de etanol. A mistura A continua como a mais viscosa, porém sua diferença para as demais

diminui com o aumento da temperatura.

Outro tipo de gráfico que pode ser produzido para a análise da viscosidade é exibido na

Figura 4.18. Para tal caso é fixada uma temperatura e nota-se como a viscosidade variou nesta

temperatura com o passar do tempo para todas as misturas.

0,0

500,0

1000,0

1500,0

2000,0

2500,0

3000,0

35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0

Vis

cosi

dad

e (

cP)

Temperatura (oC)

45 Dias

A

B

C

D

E

F

G

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125

Figura 4.18 – Viscosidades com o passar do tempo para 60oC

Tal modelo gráfico, à temperatura de 60oC, facilita a visualização do aumento das

viscosidades com o passar do tempo. Porém à 60oC as viscosidades tendem a convergir e tais

resultados devem ser analisados como fortemente dependentes da temperatura.

4.2.6.3 Viscosidade cinemática

Muitas das normas de óleo-combustível e de combustíveis obtidos por pirólise são

especificadas em viscosidade cinemática. Assim é necessária a transformação da viscosidade

determinada diretamente (a dinâmica, a qual a viscosímetro forneceu) em cinemática. Tal

transformação é obtida dividindo-se a viscosidade dinâmica das misturas por suas densidades, as

quais foram consideradas constantes com a temperatura. Desta forma os valores determinados

diretamente através do viscosímetro devem ser divididos pelas densidades exibidas na Tabela

4.14.

0,0

200,0

400,0

600,0

800,0

1000,0

1200,0

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Vis

cosi

dad

e (

cP)

Tempo (Dias)

Viscosidade à 60oC para vários dias

A

B

C

D

E

F

G

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126

A ANP (Agência Nacional do Petróleo) estabelece viscosidade cinemática máxima de 960

mm2/s (cSt) à 60oC para óleos combustíveis. Assim as misturas devem apresentar viscosidades

cinemáticas abaixo deste valor para se enquadrarem nesta norma. Tais viscosidades à 60oC se

encontram na. Tabela 4.15

Tabela 4.15 – Viscosidades cinemáticas das misturas à 60oC para vários dias em cSt

Dias

BOP:EtOH:BOL 0 4 7 14 21 28 45 60 90

90:05:05 A 105,8 113,8 159,8 199,9 188,1 206,5 363,6 454,8 901,7

60:35:05 B 9,8 14,4 24,6 28,2 34,1 39,0 42,2 74,7 107,7

60:05:35 C 29,2 33,9 39,1 40,1 73,4 106,8 140,8 178,5 300,4

75:20:05 D 18,3 65,9 77,6 85,3 93,9 125,2 137,7 191,4 306,2

60:20:20 E 19,9 36,0 42,6 59,3 63,8 56,3 62,2 100,5 195,4

75:05:20 F 64,1 70,0 77,2 87,3 101,3 129,3 199,4 283,6 300,3

75:12,5:12,5 G 37,3 40,5 67,1 75,3 84,3 90,4 101,3 155,2 242,3

Todas as misturas se encontram abaixo da norma utilizada, sendo que a única viscosidade

próxima à indicada é a da mistura A com 90 dias. Todas as outras estão bem abaixo do limite

máximo especificado pela norma em questão.

Já a norma ASTM D7544 especifica uma viscosidade cinemática máxima de 125 cSt à

40oC. Os valores de viscosidade cinemática para as misturas à 40oC no decorrer do tempo são

apresentados na Tabela 4.16.

Tabela 4.16 – Viscosidades cinemáticas das misturas à 40oC para vários dias em cSt

Dias

BOP:EtOH:BOL 0 4 7 14 21 28 45 60 90

90:05:05 A 761,8 853,2 1090 1207 1389 1558 1665 1866 -

60:35:05 B 25,5 40,9 74,1 105,9 112,8 135,0 169,2 257,0 541,1

60:05:35 C 86,7 126,9 191,7 345,7 356,2 894,5 983,8 - -

75:20:05 D 122,1 303,3 344,7 619,1 816,4 860,4 1055,0 - -

60:20:20 E 96,9 131,4 149,4 234,8 290,0 313,7 485,9 842,2 -

75:05:20 F 269,6 431,9 542,3 566,3 841,0 1152 - - -

75:12,5:12,5 G 150,6 167,1 236,6 314,9 449,9 652,7 914,2 1153,0 -

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127

Tal norma, bem mais rígida, excluiria a maioria das misturas. Apenas a menos viscosa (B)

poderia ter aproveitada até um tempo razoável desde sua produção (aproximadamente 21 dias).

4.2.7 Composição

As composições das misturas foram determinadas por espectrometria gasosa acoplada à um

detector de massas. Os resultados completos de encontram no ANEXO A – Análise

cromatográfica dos componentes. A presença de uma grande gama de compostos é uma

evidência da grande complexidade e heterogeneidade do bio-óleo. A análise não deve ser

considerada completa e definitiva, uma vez que eram esperados mais compostos do que os que

foram detectados. Porém, tal análise fornece um panorama interessante sobre componentes que

podem predominar. A seguir tem-se uma relação de alguns compostos presentes em quantidade

apreciável (> 2,5%) nas frações do bio-óleo.

Bio-óleo pesado: furfural, furanona, metoxi fenol, creosol, dimetoxi fenol, eugenol,

trimetóxi benzeno, metoxi propenil fenol, glucopiranose, dimetoxi propenil fenol, hidróxi

dimetoxi benzaldeído, hidróxi dimetóxi fenil etanona, dimetóxi hidróxicinamaldeído.

Bio-óleo leve: monoacetato de etanodiol, succinaldeído, furfural, dimetil dodecadienona,

furanona, hidróxi metil ciclopentenona, metóxi fenol, creosol, dimetoxi fenol, trimetoxibenzeno,

hidróxi dimetóxi fenil etanona.

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128

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PRÓXIMOS TRABALHOS

Este trabalho estudou misturas de bio-óleo, separada em fração leve e fração pesada, com

etanol, a fim de produzir biocombustível para utilização na geração de calor industrial.

O fracionamento em bio-óleo leve e bio-óleo pesado permitiu obter misturas com maior

PCI/PCS do que a maioria dos bio-óleos integrais (sem fracionamento). Este procedimento

aumentou o poder calorífico ao separar a parte do bio-óleo mais importante para a sua elevação (a

pesada), excluindo grande parte da fração aquosa e dos ácidos carboxílicos leves. A fração

pesada é aproximadamente um terço da leve.

O aumento da viscosidade devido ao envelhecimento das misturas mostrou-se mais intenso

conforme a maior proporção de fração pesada na mistura. O etanol se mostrou o componente

mais importante para reduzir a viscosidade das misturas e assim retardar seu aumento

(envelhecimento). O aumento da viscosidade é o principal gargalo que impede a utilização do

bio-óleo como combustível a longo prazo. No presente estudo todas as misturas se mostraram

aptas a serem utilizadas em até três meses, de acordo com o Regulamento da ANP no 80. Foi

constatado que a partir de proximadamente três meses, as misturas se tornaram inviáveis para

utilização como combustível.

O ponto de fluidez de todas as misturas testadas ficou abaixo da norma da ANP (Agência

Nacional de Petróleo) para óleos combustíveis, que estabelece limites variados dependendo da

região e da estação do ano. A presença de etanol nas misturas reduziu o ponto de fulgor, pois

apenas uma mistura (C, BOP:EtOH:BOL = 0,60, 0,05, 0,35) apresenta ponto de fulgor maior que

66oC, estabelecido pela mesma norma.

O método utilizado para o melhoramento das características combustíveis do bio-óleo,

mistura, se mostrou eficiente para a maioria das variáveis estudadas, demonstrando que tais

misturam podem atingir a qualidade desejada e que apresentam inúmeras vantagens quando são

comparadas ao bio-óleo bruto (não fracionado).

As características intrínsecas do bio-óleo, em certos aspectos diferentes do óleo

combustível, indicaram a necessidade da elaboração de uma norma ou padronização específica

para o bio-óleo como combustível industrial.

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129

Como sugestões para trabalhos futuros os seguintes pontos devem ser destacados:

Estudar o envelhecimento do bio-óleo por um grande período de tempo, monitorando em

um intervalo pré-deteminado de tempo suas propriedades combustíveis, obtendo um

panorama detalhado sobre suas variações.

Realização de misturas que foquem o melhoramento do bio-óleo original, principalmente

o aumento do poder calorífico e a diminuição da viscosidade.

Análise estatística rigorosa sobre o efeito que solventes adicionados ao bio-óleo podem

ter sobre a viscosidade.

O teste das misturas elaboradas em motores e caldeiras.

Empreender trabalhos que permitam a elaboração de normas para uso de bio-óleo (e

eventuais misturas) como combustível no Brasil.

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138

ANEXO A – ANÁLISE CROMATOGRÁFICA DOS COMPONENTES

Composições das misturas obtidas por cromatografia à gás

As amostras foram diluídas em diclorometano e as soluções obtidas foram analisadas por

cromatografia a gás com espectrometria de massas (GC-MS) nas seguintes condições

cromatográficas.

Amostra: Volume injetado de 1,0 µL

Coluna: HP-5MS, 5% difenil, 95% dimetil polisiloxano (30 m x 0,25 mm; 0,25 µm)

Gás de arraste: He (99,9999); 1,0 mL/min

Injetor: 280 °C, modo Split (1:100)

Forno: 40 °C (2min) 280 °C (5 °C/min); 280 °C (25 min). Tempo total de corrida =

55 min

Detector: Espectrômetro de massas tipo quadrupolo linear

Fonte de Ionização: impacto de elétrons (70 eV)

Modo varredura (o,5 seg/scan)

Faixa de massas: 33 – 500 daltons

Linha de transferência: 280 °C

Filamento: desligado a 3,0 min

Equipamento: Cromatógrafo a gás com espectrômetro de massas tipo quadrupolo linear

modelo 5975C fabricado pela Agilent

Para a identificação dos compostos detectados nos cromatogramas das amostras utilizou-se a base

de dados de espetro de massas NIST11. Quando ocorreram diferenças significativas entre o

espectro de massas obtido e o encontrado na biblioteca foi utilizado o programa AMDIS para

tentativa da interpretação dos espectros. Nas tabelas a seguir estão listados os compostos

encontrados para cada amostra.

A primeira coluna de cada tabela apresenta sua designação bem como números que representam:

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139

1. Número do pico pela ordem de eluição na coluna.

2. tr = tempo de retenção do composto na coluna, em minutos.

3. Nome mais comum do composto identificado.

4. % A = Porcentagem de área normalizada a qual indica a distribuição relativa dos compostos na

amostra.

5. Qualidade é o índice de pesquisa na base de dados que reflete a similaridade do espectro de

massas obtido com os registrados nas bibliotecas utilizadas. Adotam-se sempre índices de

qualidade maior > 70.

6. Atribuído por tempo de retenção e similaridade.

Tabela A1 – Compostos detectados para o BOP

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade

5

1 4,44 Hidróxi Butanona 0,27 (6)

2 4,50 Monoacetato de Etanodiol 1,24 AMDIS

3 4,73 Succinaldeído 0,75 72

4 5,99 Furfural 3,07 95

5 6,62 Não determinado 0,22 -

6 6,68 Dimetil Dodecadienona 0,44 (6)

7 7,03 Acetil Oxipropanona 0,54 (6)

8 8,06 Metil Ciclopentanona 0,38 87

9 8,28 Furanona 2,75 87

10 e 11 9,08 e 9,82 Não determinados 1,02 -

12 10,27 Metil Furanona 0,55 87

13 10,39 Fenol 0,80 95

14 10,84 Não determinado 0,57 -

15 11,71 Metil Ciclopentanodiona 1,95 93

16 12,12 Não determinado 0,30 -

17 12,27 Metil Furanona 1,08 AMDIS

18 12,62 Metil Fenol 0,82 95

19 13,26 Metil Fenol 0,90 94

20 13,66 Metoxi Fenol 2,23 96

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140

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade

5

21 a 23 14,54 a 16,32 Não determinados 0,92 -

24 16,74 Creosol 2,31 98

25 16,92 Catecol 1,31 93

26 17,15 Dianidro Glucopiranose 0,92 (6)

27 a 29 17,46 a 18,33 Não determinados 0,94 -

30 18,66 Metoxi Benzenodiol 1,65 95

31 19,18 Etil Metoxi Fenol 1,10 90

32 19,47 Metil Benzenodiol 0,45 (6)

33 19,69 Não determinado 0,56 -

34 20,12 Metoxi Vinilfenol 1,09 81

35 21,11 Dimetoxi Fenol 9,69 97

36 21,29 Eugenol 2,36 98

37 21,55 Metoxi Propil Fenol 0,31 72

38 22,36 Vanilina 1,77 97

39 22,61 Metoxi Propenil Fenol 0,89 98

40 23,58 Trimetóxi Benzeno 6,63 AMDIS

41 23,66 Metoxi Propenil Fenol 4,18 98

42 23,89 Álcool Homovanilíco 0,41 74

43 24,28 Glucopiranose 3,24 AMDIS

44 24,56 Apocinina 1,45 94

45 25,54 Butil Pirogalol 1,55 72

46 e 47 25,65 e 25,75 Não determinados 1,63 -

48 26,45 Dimetóxi Acetofenona 1,79 AMDIS

49 e 50 26,68 e 26,87 Não determinados 0,56 -

51 27,34 Dimetóxi Propenil Fenol 3,37 97

52 27,50 Não determinado 0,50 -

53 28,45 Dimetóxi Propenil Fenol 2,07 95

54 28,62 Hidróxi Dimetoxi Benzaldeído 5,40 87

55 29,53 Dimetóxi Propenil Fenol 8,01 95

56 29,62 Éster Dimetílico do Ácido Dietil Hexadienóico 1,44 AMDIS

57 30,24 Hidróxi Dimetóxi Fenil Etanona 4,54 97

58 31,05 Ácido Dimetóxi Hidróxifenil Acético 1,86 (6)

59 e 60 32,03 e 32,17 Não determinados 1,43 -

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141

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade

5

61 35,26 Dimetóxi Hidróxicinamaldeído 3,83 AMDIS

.

Tabela A2 – Compostos detectados para o BOL

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

1 4,42 Hidróxi Butanona 1,75 AMDIS

2 4,50 Monoacetato de Etanodiol 4,84 AMDIS

3 4,71 Succinaldeído 4,33 72

4 4,94 Não determinado 0,45 -

5 5,98 Furfural 10,66 90

6 6,67 Dimetil Dodecadienona 2,56 78

7 7,02 Acetil Oxipropanona 2,01 AMDIS

8 8,05 Metil Ciclopentenona 1,11 AMDIS

9 8,28 Furanona 10,49 87

10 9,08 Não determinado 0,97 -

11 9,83 Metil Ciclopentenona 1,69 86

12 10,27 Metil Furanona 1,53 81

13 10,40 Fenol 1,84 97

14 11,71 Hidróxi Metil Ciclopentenona 4,80 94

15 12,28 Metil Furanona 2,53 80

16 12,63 Cresol 1,46 93

17 13,26 Metil fenol 1,44 70

18 13,67 Metóxi Fenol 4,34 96

19 16,74 Creosol 3,11 97

20 16,94 Benzenodiol 1,46 AMDIS

21 17,15 Dianidro Glucopiranose 1,35 70

22 17,66 Não determinado 0,76 -

23 18,67 Metóxi Benzenodiol 1,83 93

24 19,18 Metóxi Etil Fenol 1,00 AMDIS

25 21,12 Dimetoxi Fenol 11,43 97

26 21,29 Eugenol 1,20 97

27 22,38 Vanilina 1,62 96

28 23,59 Trimetoxibenzeno 5,33 AMDIS

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142

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

29 24,58 Apocinina 0,81 (6)

30 25,54 Butil Pirogalol 0,75 (6)

31 27,35 Dimetóxi Propenil Fenol 1,12 AMDIS

32 28,45 Dimetóxi Propenil Fenol 0,61 (6)

33 28,63 Hidroxi Dimetóxi Benzaldehyde 3,70 93

34 29,54 Dimetóxi Propenil Fenol 0,57 76

35 30,25 Hidróxi Dimetóxi Fenil Etanona 2,28 95

36 31,06 Ácido Dimetóxi Hidróxifenil Acético 1,03 (6)

37 35,28 Dimetóxi Hidróxicinamaldeído 1,22 AMDIS

Tabela A3 – Compostos detectados para a mistura A

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

1 4,43 Hidróxi Butanona 0,22 (6)

2 4,50 Monoacetato de Etanodiol 1,44 (6)

3 4,73 Succinaldeído 0,68 AMDIS

4 5,99 Furfural 2,43 93

5 6,62 Não determinado 0,18 -

6 6,68 Dimetil Dodecadienona 0,40 83

7 7,03 Não determinado 0,44 -

8 8,06 Metil Ciclopentenona 0,29 (6)

9 8,28 Furanona 2,50 87

10 9,08 Não determinado 0,25 -

11 9,82 Metil Ciclopentanona 0,61 (6)

12 10,27 Metil Furanona 0,45 87

13 10,39 Fenol 0,70 95

14 10,84 Não determinado 0,46 -

15 11,45 Dietóxi Tetrahidro Furano 0,60 80

16 11,71 Metil Ciclopentanodiona 1,74 96

17 12,27 Metil Furanona 1,00 AMDIS

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143

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

18 12,62 Metil fenol 0,49 98

19 13,25 Metil fenol 0,79 81

20 13,66 Metoxi fenol 1,98 96

21 a 26 13,77 a

16,56 Não determinados 1,59 -

27 16,74 Creosol 1,96 94

28 16,92 Catecol 1,32 94

29 17,14 Dianidro Glucopiranose 1,04 AMDIS

30 a 34 17,46 a

18,33 Não determinados 2,17 -

35 18,66 Metóxi Benzenodiol 1,90 96

36 19,17 Etil Metóxi Fenol 0,98 93

37 19,47 Metil Benzenodiol 0,44 87

38 19,69 Não determinado 0,56 -

39 20,12 Metóxi Vinilfenol 0,57 74

40 21,11 Dimetóxi Fenol 8,82 97

41 21,29 Eugenol 2,07 97

42 21,55 Metóxi Propil Fenol 0,23 72

43 22,36 Hidróxi Metóxi Benzaldeído 1,71 97

44 22,61 Metóxi Propenil Fenol 0,86 98

45 23,58 Trimetoxibenzeno 6,02 AMDIS

46 23,66 Metóxi Propenil Fenol 3,75 98

47 23,89 Álcool Homovanilíco 0,42 (6)

48 24,30 Glucopiranose 4,70 80

49 24,56 Apocinina 1,52 95

50 25,54 Butilpirogalol 1,52 72

51 25,65 Metil Vanilil Fenetamina 0,80 78

52 25,75 Não determinado 0,99 -

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144

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

53 26,45 Dimetóxi Acetofenona 1,88 AMDIS

54 a 56 26,68 a

27,00 Não determinados 1,02 -

57 27,34 Dimetóxi Propenil Fenol 3,10 97

58 e 59 27,50 e

28,35 Não determinados 0,73 -

60 28,45 Dimetóxi Propenil Fenol 1,91 95

61 28,62 Hidroxi Dimetóxi Benzaldeido 5,46 93

62 28,84 Não determinado 0,21 -

63 29,53 Dimetóxi Propenil Fenol 7,12 95

64 29,62 Éster Dimetílico do Ácido Dietil

Hexadienóico 1,66 AMDIS

65 30,24 Hidróxi Dimetóxi Fenil Etanona 4,79 97

66 30,52 Não determinado 0,26 -

67 31,05 Ácido Dimetóxi Hidróxifenil Acético 1,96 (6)

68 a 71 32,03 a

33,96 Não determinados 2,12 -

72 35,26 Dimetóxi Hidróxicinamaldeído 4,24 AMDIS

Tabela A4 – Compostos detectados para a mistura B

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

1 4,42 Hidróxi Butanona 0,24 (6)

2 4,49 Monoacetato de Etanodiol 1,37 AMDIS

3 4,73 Não determinado 0,27 -

4 5,98 Furfural 2,08 95

5 7,01 Acetil Oxipropanona 0,34 72

6 8,05 Metil Ciclopentanona 0,30 93

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145

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

7 8,27 Furanona 1,67 87

8 8,74 Não determinado 0,19 -

9 9,06 Metil Furanona 0,26 74

10 9,81 Metil Ciclopentanona 0,72 76

11 10,26 Metil Furanona 0,45 87

12 10,39 Fenol 0,64 97

13 11,44 Dietoxitetrahidro Furano 2,84 94

14 11,71 Metil Ciclopentanodiona 1,67 93

15 12,26 Metil Furanona 0,87 81

16 12,63 Metil Fenol 0,53 98

17 13,24 Metil Fenol 0,75 95

18 13,51 Não determinado 0,54 -

19 13,66 Metóxi Fenol 1,80 96

20 a 23 14,53 a

16,56 Não determinados 1,87 -

24 16,73 Creosol 1,75 96

25 16,91 Catecol 1,95 96

26 17,15 Dianidro Glucopiranose 0,81 (6)

27 17,46 Não determinado 0,36 -

28 17,65 Levoglucosano 0,41 72

29 17,73 Hidróximetil Furancarboxaldeído 1,04 AMDIS

30 18,33 Não determinado 0,41 -

31 18,65 Metoxi Benzenodiol 2,01 96

32 18,75 Não determinado 0,67 -

33 19,17 Etil Metoxi Fenol, 1,05 90

34 19,46 Metil Benzenodiol 0,92 94

35 19,69 Não determinado 0,41 -

36 20,12 Metoxi Vinilfenol 0,49 74

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146

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

37 20,26 Não determinado 0,50 -

38 21,12 Dimetóxi Fenol 7,60 97

39 21,29 Eugenol 1,79 98

40 22,27 Não determinado 0,25 -

41 22,36 Vanilina 1,70 97

42 22,61 Metóxi Propenil Fenol 0,64 98

43 23,58 Trimetoxibenzeno 5,31 AMDIS

44 23,66 Metóxi Propenil Fenol 3,02 98

45 23,89 Metóxi Propil Fenol 0,33 93

46 24,44 Glucopiranose 7,13 90

47 24,56 Apocinina 2,52 95

48 25,54 Butilpirogalol 1,42 72

49 e 50 25,65 e

25,77 Não determinados 2,15 -

51 26,45 Dimetóxi Acetofenona 1,63 AMDIS

52 27,01 Não determinado 0,47 -

53 27,34 Metóxi Propenil Fenol 2,92 98

54 e 56 27,50 e

28,34 Não determinados 0,48 -

57 28,45 Dimetóxi Propenil Fenol 1,80 93

58 28,63 Hidróxi Dimetóxi Benzaldeído 5,19 95

59 28,85 Hidróxi Propenil Metóxi Fenol 0,26 91

60 29,54 Dimetóxi Propenil Fenol 6,14 94

61 29,62 Não determinado 1,26 -

62 30,24 Hidróxi Dimetóxi Fenil Etanona 4,21 97

63 31,05 Ácido Dimetóxi Hidróxifenil Acético 1,84 (6)

64 a 67 32,03 a

33,96 Não determinados 2,05 -

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147

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

68 35,26 Ácido Dimetóxi Fenil Propenóico 4,17 70

69 e 70 46,42 e

50,09 Não determinados 0,94 -

Tabela A5 – Compostos detectados para a mistura C

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

1 4,42 Hidróxi Butanona 0,49 (6)

2 4,49 Monoacetato de Etanodiol 2,27 AMDIS

3 4,71 Succinaldeído 1,37 72

4 5,98 Furfural 3,32 90

5 6,68 Dimetil Dodecadienona 0,74 AMDIS

6 7,02 Acetil Oxipropanona 0,64 72

7 8,28 Furanona 1,81 86

8 9,81 Metil Ciclopentanona 0,89 91

9 10,26 Metil Furanona 0,70 87

10 10,39 Fenol 0,95 97

11 11,44 Dietoxitetrahidro Furano 0,87 91

12 11,71 Hidróxi Metil Ciclopentenona 2,28 91

13 12,27 Metil Furanona 1,33 AMDIS

14 12,62 Metil Fenol 0,68 96

15 13,25 Cresol 0,93 87

16 13,66 Metoxi Fenol 2,65 97

17 16,74 Creosol 2,49 98

18 16,92 Catecol 1,77 96

19 17,15 Dianidro Glucopiranose 1,10 AMDIS

20 18,66 Metoxi Benzenodiol 1,95 94

21 19,18 Etil Metoxi Fenol 1,24 93

22 21,11 Dimetoxi Fenol 10,63 97

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148

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

23 21,29 Eugenol 2,42 98

24 22,36 Vanilina 2,05 97

25 22,61 Metoxi Propenil Fenol 0,94 97

26 23,58 Trimetóxi Benzeno 6,89 AMDIS

27 23,66 Metoxi Propenil Fenol 3,68 98

28 24,28 Anidro Glucopiranose 3,00 AMDIS

29 24,56 Apocinina 1,45 94

30 25,54 Butil Pirogalol 1,69 72

31 25,65 Metóxi Propil Fenol 0,74 72

32 26,45 Dimetóxi Acetofenona 1,62 AMDIS

33 27,34 Dimetóxi Propenil Fenol 3,47 98

34 28,45 Dimetóxi Propenil Fenol 2,18 95

35 28,62 Hidróxi Dimetil Benzaldeído 5,99 91

36 29,53 Dimetóxi Propenil Fenol 7,39 95

37 29,62 Éster Dimetílico do Ácido Dietil

Hexadienóico 1,45 AMDIS

38 30,24 Hidróxi Dimetóxi Fenil Etanona 5,04 97

39 31,05 Ácido Dimetóxi Hidróxifenil Acético 2,27 (6)

40 e 41 32,03 e

32,17

Não determinados 1,52 -

42 35,26 Dimetóxi Hidroxicinamaldeído 4,91 AMDIS

Tabela A6 – Compostos detectados para a mistura D

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

1 4,50 Monoacetato de Etanodiol 1,82 AMDIS

2 6,00 Furfural 2,97 83

3 8,31 Furanona 2,83 AMDIS

4 11,45 Dietoxitetrahidro Furano 3,13 90

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149

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

5 11,71 Metil Ciclopentanodiona 1,55 95

6 13,66 Metoxi Fenol 2,43 95

7 16,74 Creosol 2,44 95

8 16,92 Catecol 1,44 AMDIS

9 17,15 Dianidro Glucopiranose 1,16 AMDIS

10 18,66 Metoxi Benzenodiol 1,75 AMDIS

11 19,17 Etil Metoxi Fenol 1,20 93

12 21,11 Dimetoxi Fenol 11,42 97

13 21,29 Eugenol 1,59 92

14 22,36 Vanilina 2,04 95

15 22,61 Não Determinado 0,85 -

16 23,58 Trimetóxi Benzeno 7,73 AMDIS

17 23,66 Metoxi Propenil Fenol 5,01 98

18 24,25 Anidro Glucopiranose 7,69 AMDIS

19 24,56 Apocinina 1,52 AMDIS

20 25,54 Butil Pirogalol 1,56 AMDIS

21 25,65 Não Determinado 0,63 -

22 26,45 Dimetóxi Acetofenona 1,95 AMDIS

23 27,34 Dimetóxi Propenil Fenol 3,35 95

24 28,45 Dimetóxi Propenil Fenol 1,98 83

25 28,62 Hidróxi Dimetil Benzaldeído 7,30 95

26 29,53 Dimetóxi Propenil Fenol 9,76 95

27 29,62 Éster Dimetílico do Ácido Dietil

Hexadienóico 1,96 AMDIS

28 30,24 Hidróxi Dimetóxi Fenil Etanona 4,83 96

29 31,05 Ácido Dimetóxi Hidróxifenil Acético 1,94 (6)

30 35,26 Dimetóxi Hidroxicinamaldeído 4,18 AMDIS

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150

Tabela A7 – Compostos detectados para a mistura E

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

1 4,50 Monoacetato de Etanodiol 3,81 AMDIS

2 4,74 Succinaldeído 0,97 AMDIS

3 6,01 Furfural 4,14 90

4 8,31 Furanona 2,24 AMDIS

5 10,40 Fenol 0,87 AMDIS

6 11,44 Dietóxi Tetrahidro Furano 6,57 91

7 11,72 Metil Ciclopentanodiona 2,61 AMDIS

8 13,53 Não Determinado 0,83 -

9 13,66 Metoxi Fenol 2,66 90

10 16,74 Creosol 2,73 87

11 16,92 Catecol 1,42 AMDIS

12 17,14 Dianidro Glucopiranose 1,29 AMDIS

13 18,66 Metoxi Benzenodiol 1,44 AMDIS

14 19,17 Etil Metoxi Fenol 1,22 AMDIS

15 20,13 Não Determinado 0,81 -

16 21,11 Dimetóxi Fenol 10,71 97

17 21,29 Eugenol 1,38 76

18 22,36 Vanilina 1,75 76

19 22,61 Não Determinado 0,67 -

20 23,58 Trimetóxi Benzeno 6,85 AMDIS

21 23,66 Metóxi Propenil Fenol 4,41 98

22 24,24 Anidro Glucopiranose 7,21 AMDIS

23 24,57 Apocinina 1,09 AMDIS

24 25,54 Butil Pirogalol 1,22 AMDIS

25 25,65 Não Determinado 0,45 -

26 26,45 Dimetóxi Acetofenona 2,02 AMDIS

27 27,34 Dimetóxi Propenil Fenol 2,53 96

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151

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

28 28,45 Dimetóxi Propenil Fenol 1,62 AMDIS

29 28,62 Hidroxi Dimetóxi Benzaldeido 6,20 93

30 29,53 Dimetóxi Propenil Fenol 7,84 94

31 29,62 Éster Dimetílico do Ácido Dietil

Hexadienóico 1,93 AMDIS

32 30,24 Hidróxi Dimetóxi Fenil Etanona 3,73 AMDIS

33 31,05 Ácido Dimetóxi Hidróxifenil Acético 1,27 (6)

34 35,26 Dimetóxi Hidroxicinamaldeído 3,50 AMDIS

Tabela A8 – Compostos detectados para a mistura F

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

1 4,50 Monoacetato de Etanodiol 3,01 AMDIS

2 4,74 Succinaldeído 1,74 AMDIS

3 6,01 Furfural 4,74 90

4 8,32 Furanona 2,43 AMDIS

5 11,45 Dietóxi Tetrahidro Furano 1,79 AMDIS

6 11,73 Metil Ciclopentanodiona 2,73 AMDIS

7 13,67 Metóxi Fenol 3,50 90

8 16,74 Creosol 2,94 93

9 17,15 Dianidro Glucopiranose 1,14 AMDIS

10 18,67 Metoxi Benzenodiol 1,49 AMDIS

11 19,18 Etil Metoxi Fenol 1,32 AMDIS

12 21,12 Dimetoxi Fenol 13,55 96

13 21,29 Eugenol 1,40 76

14 22,37 Vanilina 2,09 95

15 22,61 Não Determinado 0,79 -

16 23,58 Trimetóxi Benzeno 8,60 AMDIS

17 23,66 Metóxi Propenil Fenol 5,39 96

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152

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

18 24,22 Anidro Glucopiranose 2,70 AMDIS

19 24,57 Apocinina 1,09 AMDIS

20 25,54 Butil Pirogalol 1,56 AMDIS

21 26,46 Dimetóxi Acetofenona 1,93 AMDIS

22 27,34 Dimetóxi Propenil Fenol 3,31 91

23 28,45 Dimetóxi Propenil Fenol 1,77 AMDIS

24 28,62 Hidroxi Dimetóxi Benzaldeido 7,27 90

25 29,54 Dimetóxi Propenil Fenol 9,22 93

26 29,62 Éster Dimetílico do Ácido Dietil

Hexadienóico 1,99 AMDIS

27 30,24 Hidróxi Dimetóxi Fenil Etanona 4,64 87

28 31,06 Ácido Dimetóxi Hidróxifenil Acético 2,12 (6)

29 35,26 Dimetóxi Hidroxicinamaldeído 3,77 AMDIS

Tabela A9 – Compostos detectados para a mistura G

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

1 4,50 Monoacetato de Etanodiol 4,30 AMDIS

2 4,75 Succinaldeído 0,98 (6)

3 6,01 Furfural 4,79 80

4 8,34 Furanona 0,64 AMDIS

5 11,45 Dietóxi Tetrahidro Furano 5,68 72

6 11,74 Metil Ciclopentanodiona 1,63 AMDIS

7 13,67 Metóxi Fenol 3,60 81

8 16,74 Creosol 2,93 81

9 19,18 Metóxi Etil Fenol 1,24 AMDIS

10 20,13 Não Determinado 0,98 -

11 21,12 Dimetoxi Fenol 13,72 97

12 21,29 Eugenol 1,48 AMDIS

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153

# Pico 1 tR 2 Nome do Composto 3 % A

4 Qualidade 5

13 22,38 Vanilina 1,49 AMDIS

14 23,59 Trimetóxi Benzeno 8,67 AMDIS

15 23,66 Metóxi Propenil Fenol 6,01 93

16 24,22 Anidro Glucopiranose 3,77 AMDIS

17 25,54 Dihidróxi Metóxifenil Etanona 1,37 AMDIS

18 26,46 Dimetóxi Acetofenona 2,75 AMDIS

19 27,35 Dimetóxi Propenil Fenol 2,90 AMDIS

20 28,45 Dimetóxi Propenil Fenol 1,62 AMDIS

21 28,63 Hidroxi Dimetóxi Benzaldeido 7,07 93

22 29,54 Dimetóxi Propenil Fenol 10,27 94

23 29,62 Éster Dimetílico do Ácido Dietil

Hexadienóico 2,09 AMDIS

24 30,25 Hidróxi Dimetóxi Fenil Etanona 4,21 70

25 31,06 Ácido Dimetóxi Hidróxifenil Acético 1,72 (6)

26 35,26 Dimetóxi Hidroxicinamaldeído 4,09 AMDIS

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154

APÊNDICE A – RESULTADOS DO OBTIDOS PELO SOFTWARE

STATISTICA

Resultados para o CPI

Modelo SS df MS SS

Erro

Df

Erro

MS

Erro F p R2 R2

adj

Linear 9,3065 2 4,65327 1,8282 5 0,3656 12,726 0,01092 0,83580 0,77013

Quadrático 1,7271 3 0,57570 0,1011 2 0,0505 11,386 0,08180 0,99091 0,96821

Cúbico

especial 0,0723 1 0,07232 0,0288 1 0,0288 2,5111 0,35837 0,99741 0,98189

Total

Ajustado 11,134 7 1,59068

SS df MS F p

Modelo 11,10599 6 1,850998 64,27076 0,095194

Erro total 0,02880 1 0,028800

Falta de ajuste 0,00000 0 0,000000

Erro puro 0,02880 1 0,028800

Total ajustado 11,13479 7 1,590684

Fator Coeff Std. Error t(9) p -90% +90%

(A)x2’ 19,19786 0,223245 85,99449 0,000135 18,54598 19,84973

(B)x3’ 17,82786 0,223245 79,85774 0,000157 17,17598 18,47973

(C)x1’ 21,63000 0,224857 96,19443 0,000108 20,97342 22,28658

AB 4,60571 1,053303 4,37264 0,048526 1,53009 7,68134

AC 3,57857 0,989663 3,61595 0,068694 0,68877 6,46837

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155

BC -1,72143 0,989663 -1,73941 0,224092 -4,61123 1,16837

Resultados para o teor de água

Modelo SS df MS SS

Erro

Df

Erro

MS

Erro F p R2 R2

adj

Linear 130,224 2 65,112 10,2551 13 0,7888 82,540 0,0000 0,92699 0,91576

Quadrático 6,7606 3 2,2535 3,49457 10 0,3494 6,4486 0,0105 0,97512 0,96268

Cúbico

especial 1,5646 1 1,5645 1,93000 9 0,2144 7,2959 0,0243 0,98626 0,97710

Total

Ajustado 140,480 15

9,3653

3

SS df MS F p

Modelo 138,5500 6 23,09167 107,6813 0,000000

Erro total 1,9300 9 0,21444

Falta de ajuste 0,0000 0 0,00000

Erro puro 1,9300 9 0,21444

Total ajustado 140,4800 15 9,36533

Fator Coeff Std. Error t(9) p -90% +90%

(A)x2’ 9,6000 0,32745 29,31763 0,000000 8,9998 10,20025

(B)x3’ 16,6000 0,32745 50,69507 0,000000 15,9998 17,20025

(C)x1’ 7,8000 0,32745 23,82057 0,000000 7,1998 8,40025

AB 3,6000 1,60416 2,24416 0,051492 0,6594 6,54061

AC -1,2000 1,60416 -0,74805 0,473520 -4,1406 1,74061

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156

BC 9,2000 1,60416 5,73508 0,000282 6,2594 12,14061

ABC -29,6000 10,95851 -2,70110 0,024350 -49,6882 -9,51182

Resultados para a acidez

Modelo SS df MS SS

Erro

Df

Erro

MS

Erro F p R2 R2

adj

Linear 1416,06 2 708,03 98,262 13 7,5586

3 93,672 0,00000 0,93511 0,92512

Quadrático 78,734 3 26,244 19,528 10 1,9528

5 13,439 0,00076 0,98710 0,98065

Cúbico

especial 0,179 1 0,1786 19,350 9

2,1500

00

0,0830

6

0,77972

4

0,98722

2

0,97870

3

Total

Ajustado

1514,33

0 15 100,95

SS df MS F p

Modelo 1494,980 6 249,1633 115,8899 0,000000

Erro total 19,350 9 2,1500

Falta de ajuste 0,000 0 0,0000

Erro puro 19,350 9 2,1500

Total ajustado 1514,330 15 100,9553

Fator Coeff Std. Error t(9) p -90% +90%

(A)x2’ 42,6643 0,981060 43,48793 0,000000 40,8862 44,4424

(B)x3’ 72,9643 0,981060 74,37288 0,000000 71,1862 74,7424

(C)x1’ 48,0000 0,988144 48,57592 0,000000 46,2090 49,7910

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157

AB -19,7714 4,628783 -4,27141 0,001633 -28,1609 -11,3819

AC -3,9571 4,349117 -0,90987 0,384296 -11,8397 3,9255

BC 19,4429 4,349117 4,47053 0,001196 11,5603 27,3255

Resultados para o ponto de Fluidez

Modelo SS df MS SS

Erro

Df

Erro

MS

Erro F p R2 R2

adj

Linear 886,042 2 443,021 29,957 5 5,9914 73,942 0,00019 0,96729 0,95421

Quadrático 29,4429 3 9,8143 0,5142 2 0,2571 38,166 0,02564 0,99943 0,99803

Cúbico

especial 0,0143 1 0,0143 0,5000 1 0,5000 0,0285 0,89339 0,99945 0,99617

Total

Ajustado 916,000 7 130,857

SS df MS F p

Modelo 915,5000 6 152,5833 305,1667 0,043791

Erro total 0,5000 1 0,5000

Falta de ajuste 0,0000 0 0,0000

Erro puro 0,5000 1 0,5000

Total ajustado 916,0000 7 130,8571

Fator Coeff Std. Error t(9) p -90% +90%

(A)x2’ -35,0143 0,503457 -69,5477 0,000207 -36,4844 -33,5442

(B)x3’ -24,0143 0,503457 -47,6987 0,000439 -25,4844 -22,5442

(C)x1’ 1,0000 0,507093 1,9720 0,187364 -0,4807 2,4807

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158

AB -17,8286 2,375384 -7,5056 0,017292 -24,7647 -10,8925

AC 0,2571 2,231866 0,1152 0,918800 -6,2599 6,7742

BC -17,7429 2,231866 -7,9498 0,015457 -24,2599 -11,2258

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159

APÊNDICE B – RESULTADOS DAS VISCOSIDADES

Tabela B1 – Viscosidades medidas para a mistura A

Dias

Temperatura (°C) 0 4 7 14 21 28 45 60 90

60,0 130,2 140,1 196,7 246,0 231,6 254,2 447,6 559,9 1110

59,0 145,2 138,1 204,7 252,7 269,9 266,3 451,9 557,9 1212

58,0 157,8 146,4 212,1 256,6 291,5 283,1 454,7 550,2 1350

57,0 165,6 153,6 220,7 263,6 317,5 302,3 457,1 546,0 1458

56,0 176,7 163,2 228,0 270,8 332,3 325,1 461,9 548,6 1596

55,0 186,8 174,0 239,9 290,2 332,7 353,9 479,9 580,6 1848

54,0 198,3 184,6 257,9 269,3 363,5 380,3 499,1 588,6 2256

53,0 211,6 200,4 291,5 307,1 382,7 428,3 521,9 610,0 2459

52,0 224,4 224,4 313,1 349,4 431,9 497,9 557,9 634,1 2645

51,0 239,0 257,9 335,0 394,9 478,5 549,5 598,7 696,6 2993

50,0 256,4 297,5 362,3 433,3 507,5 623,2 634,7 751,2 3095

49,0 274,4 325,1 419,2 469,3 545,9 685,1 682,7 801,5 3617

48,0 297,5 350,3 437,9 502,7 594,3 720,5 740,2 873,3 3737

47,0 335,9 383,9 500,3 554,0 651,9 836,8 844,6 979,6 4025

46,0 368,5 416,3 526,7 626,0 737,4 875,8 956,2 1131,0 4475

45,0 400,9 464,3 602,3 678,0 884,2 1008 1032 1185,8 4655

44,0 440,3 519,5 646,7 803,7 979,9 1109 1169 1402,3 5087

43,0 505,1 580,7 733,7 861,7 1064 1216 1263 1467,7 5687

42,0 596,3 661,3 850,6 997,7 1195 1318 1388 1583,7 -

41,0 682,7 751,7 976,6 1172 1272 1435 1522 1696,4 -

40,0 761,8 853,2 1090 1207 1389 1558 1665 1866,2 -

39,0 884,2 959,2 1202 1429 1510 1687 1817 2000,6 -

38,0 980,4 1098 1316 1537 1639 1823 1978 2207,7 -

37,0 1089 1214 1438 1670 1774 1964 2221 2493,8 -

36,0 1213 1336 1567 1839 1915 2112 2328 2566,8 -

35,0 1337 1471 1702 2017 2064 2265 2516 2781,5 -

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160

Tabela B2 – Viscosidades medidas para a mistura B

Dias

Temperatura (°C) 0 4 7 14 21 28 45 60 90

60,0 10,9 16,0 27,4 31,4 38,0 43,5 47,0 83,2 120,0

59,0 11,6 16,8 28,5 31,8 41,1 44,7 49,9 87,6 144,0

58,0 11,9 17,5 29,7 33,4 48,6 46,2 51,9 94,2 168,9

57,0 12,0 17,9 31,0 34,8 54,3 48,6 54,6 97,8 182,0

56,0 12,0 18,3 32,4 35,7 54,3 52,5 57,9 103,8 199,2

55,0 13,0 19,0 34,8 44,5 56,1 57,3 62,9 108,6 216,0

54,0 13,5 19,6 36,9 47,1 58,5 63,3 69,6 113,4 220,8

53,0 13,9 20,5 40,5 51,9 62,1 66,3 72,3 124,8 228,0

52,0 14,4 21,4 42,9 55,8 64,8 72,3 77,8 133,8 241,1

51,0 14,7 22,5 45,6 61,1 70,2 80,7 81,6 140,7 251,9

50,0 15,1 23,5 47,6 65,0 73,5 86,4 87,6 150,5 247,1

49,0 15,7 24,5 48,8 67,1 76,5 90,9 93,3 157,2 260,3

48,0 16,3 25,8 50,3 69,3 80,7 94,5 101,1 165,0 266,3

47,0 17,0 27,7 52,7 74,2 83,4 99,0 105,3 173,1 344,3

46,0 17,5 29,4 54,9 77,2 91,2 103,4 112,2 183,6 357,5

45,0 18,3 31,0 56,2 79,6 95,4 108,6 120,0 191,7 367,5

44,0 19,4 33,4 58,5 84,1 98,4 113,4 127,8 204,5 398,3

43,0 20,6 34,9 62,0 89,3 100,5 119,4 137,4 216,0 418,7

42,0 21,8 36,5 65,4 93,7 104,4 122,7 146,1 226,2 465,5

41,0 23,8 39,0 69,3 99,0 107,7 128,1 156,0 241,4 502,7

40,0 25,5 40,9 74,1 105,9 112,8 135,0 169,2 257,0 541,1

39,0 26,7 43,5 78,9 113,8 125,7 140,7 176,7 278,9 609,5

38,0 28,0 46,3 84,6 126,3 133,5 144,9 192,9 301,7 647,9

37,0 29,1 49,2 90,0 133,6 144,6 159,9 204,3 - 691,9

36,0 30,6 52,4 94,7 143,5 153,3 173,4 228,6 - 759,4

35,0 33,0 55,4 99,8 147,9 164,1 188,1 241,7 - 838,6

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161

Tabela B3 – Viscosidades medidas para a mistura C

Dias

Temperatura (°C) 0 4 7 14 21 28 45 60 90

60,0 35,1 40,8 46,9 48,2 88,242 128,4 169,2 214,6 361,1

59,0 34,8 43,6 51,5 54,0 98,5754 165,6 172,9 234 417,5

58,0 37,7 47,5 57,8 60,0 109,593 200,4 184,6 279,5 452,7

57,0 44,4 51,6 62,5 64,8 104,51 220,8 195,6 320,3 494,3

56,0 46,0 57,6 68,1 69,6 110,8 232,8 211,2 289,1 556,7

55,0 47,4 59,7 72,6 74,4 118,1 252,3 228,0 325,1 608,3

54,0 48,3 61,8 75,9 80,4 127,7 271,4 259,3 363,2 646,7

53,0 51,0 64,5 81,6 98,4 138,0 304,7 247,1 387,5 725,8

52,0 52,9 67,2 88,2 112,3 149,1 339,5 265,1 424,7 809,8

51,0 55,2 69,9 94,8 124,3 158,4 374,3 276,8 460,7 899,8

50,0 57,6 75,0 101,1 135,8 167,4 416,3 291,5 464,3 987,4

49,0 57,9 79,8 107,4 146,2 179,1 439,1 326,3 548,3 1088

48,0 59,1 84,3 113,4 156,0 192,6 472,7 332,3 646,7 1197

47,0 61,2 86,4 120,6 168,0 201,9 515,9 346,7 717,4 -

46,0 64,8 88,8 126,6 182,3 216,0 541,1 380,3 784,7 -

45,0 66,3 92,9 133,2 204,2 231,9 598,7 479,2 842,3 -

44,0 69,9 96,6 146,4 235,1 248,6 643,4 557,9 985,0 -

43,0 73,5 107,7 155,5 259,3 275,6 674,3 616,7 1116,0 -

42,0 78,0 113,7 166,5 292,7 312,2 729,4 745,0 - -

41,0 82,5 119,7 181,2 311,9 333,7 799,7 843,4 - -

40,0 86,7 126,9 191,7 345,7 356,2 894,5 983,8 - -

39,0 91,5 148,7 214,5 362,3 379,7 961,0 1124,0 - -

38,0 95,4 151,8 227,4 395,9 429,9 1010,0 - - -

37,0 100,2 168,3 236,0 427,1 456,5 1125,0 - - -

36,0 105,3 182,7 252,1 458,3 492,3 1185,0 - - -

35,0 111,6 195,6 267,9 484,7 534,2 1250,0 - - -

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162

Tabela B4 – Viscosidades medidas para a mistura D

Dias

Temperatura (°C) 0 4 7 14 21 28 45 60 90

60,0 21,2 76,5 90,0 99,0 108,9 145,2 159,7 222,0 355,2

59,0 24,4 82,2 97,2 106,9 117,6 165,6 182,2 243,5 414,0

58,0 27,7 92,1 107,1 117,8 129,6 184,8 203,3 266,3 416,3

57,0 30,7 99,9 116,7 128,4 141,2 213,6 209,5 230,5 477,5

56,0 37,9 109,8 126,0 138,6 152,5 235,1 211,2 333,5 569,9

55,0 43,9 114,6 132,6 151,2 170,4 237,5 223,2 352,7 561,2

54,0 49,9 120,9 140,4 157,2 194,3 259,1 244,9 389,9 591,5

53,0 53,5 127,5 148,2 172,8 226,8 281,9 274,7 403,1 717,4

52,0 57,6 133,5 156,9 192,0 278,3 295,8 355,0 429,8 709,0

51,0 62,9 139,2 171,0 226,8 289,1 331,1 397,3 460,7 817,7

50,0 65,7 153,9 185,7 257,9 311,9 361,1 332,3 477,5 848,2

49,0 70,6 161,4 194,1 283,1 340,7 373,1 370,7 500,8 962,2

48,0 76,9 176,0 204,3 301,1 398,7 400,9 406,7 542,3 1034

47,0 80,7 182,4 232,5 308,3 422,6 431,9 434,3 627,5 1151

46,0 84,3 196,2 241,7 323,9 452,3 477,5 485,9 657,5 -

45,0 89,1 210,3 264,8 375,5 490,7 517,9 527,9 727,0 -

44,0 95,1 225,6 284,0 421,1 533,9 596,3 617,9 832,6 -

43,0 102,0 239,6 294,9 449,9 615,5 647,9 710,4 958,6 -

42,0 108,0 255,0 305,2 470,3 693,5 719,8 829,0 1177,0 -

41,0 115,8 281,6 316,7 551,9 770,2 791,8 909,4 - -

40,0 122,1 303,3 344,7 619,1 816,4 860,4 1055 - -

39,0 130,2 325,1 373,1 699,5 971,8 1077 1203 - -

38,0 140,8 345,5 409,1 811,0 1095 1199 - - -

37,0 153,4 361,1 448,7 910,6 1170 1316 - - -

36,0 163,8 380,3 490,7 1004 1205 1427 - - -

35,0 172,9 423,5 549,5 1131 1248 1551 - - -

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163

Tabela B5 – Viscosidades medidas para a mistura E

Dias

Temperatura (°C) 0 4 7 14 21 28 45 60 90

60,0 22,7 41,1 48,6 67,7 72,9 64,3 71,0 114,8 223,2

59,0 26,4 43,5 51,3 70,0 76,8 72,2 79,7 128,9 263,9

58,0 30,1 45,9 54,3 72,3 83,7 80,6 89,0 165,6 260,3

57,0 33,8 48,0 57,9 75,2 90,9 89,5 98,8 169,2 273,5

56,0 37,4 51,3 62,7 78,3 98,1 98,9 109,2 176,4 304,7

55,0 42,6 57,0 67,8 84,3 102,9 105,4 116,4 187,2 316,7

54,0 45,6 61,2 72,9 94,9 105,9 114,3 138,0 223,2 352,4

53,0 48,0 64,8 76,2 103,2 113,2 135,0 159,6 255,2 370,7

52,0 50,7 67,2 80,9 109,8 124,2 147,6 171,3 275,9 424,9

51,0 54,0 69,3 84,1 119,6 129,3 155,8 183,6 285,5 442,7

50,0 59,7 74,4 89,1 122,4 137,7 166,8 213,6 313,1 475,3

49,0 63,5 79,2 94,2 128,7 148,2 177,3 231,4 339,5 542,4

48,0 67,8 81,0 98,4 134,0 153,0 190,5 243,5 369,5 565,1

47,0 71,7 89,7 103,2 150,1 166,8 202,2 263,9 400,7 638,7

46,0 74,7 94,2 107,7 153,9 182,7 216,6 283,1 463,1 700,7

45,0 77,1 99,4 112,8 171,4 197,7 229,5 296,3 521,9 859,0

44,0 80,7 107,1 118,5 180,7 213,3 248,3 325,1 585,7 895,0

43,0 85,4 110,1 124,2 198,4 226,8 264,5 340,7 640,2 977,8

42,0 89,2 121,5 131,7 208,4 240,5 284,6 380,3 687,5 1101

41,0 93,0 126,1 141,9 220,7 268,1 296,7 421,1 772,6 -

40,0 96,9 131,4 149,4 234,8 290,0 313,7 485,9 842,2 -

39,0 100,1 142,5 160,8 250,6 300,6 331,2 525,5 889,8 -

38,0 103,8 143,4 172,9 267,7 320,6 349,2 634,7 974,2 -

37,0 107,5 158,7 183,3 280,3 341,4 367,7 748,6 1056 -

36,0 111,2 165,3 198,0 292,9 363,2 386,5 862,9 1154 -

35,0 114,9 172,4 213,9 322,9 385,8 405,9 989,9 - -

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164

Tabela B6 – Viscosidades medidas para a mistura F

Dias

Temperatura (°C) 0 4 7 14 21 28 45 60 90

60,0 76,7 83,8 92,4 104,5 121,2 154,8 238,7 339,5 359,4

59,0 80,2 91,9 96,8 109,2 128,4 166,8 255,5 379,1 401,9

58,0 85,6 100,0 102,0 116,4 144,0 186,0 271,1 423,5 417,5

57,0 90,4 107,4 109,2 124,8 153,6 214,8 284,3 436,7 441,3

56,0 98,9 108,0 117,6 134,4 166,8 232,8 298,7 467,9 467,9

55,0 107,1 122,7 126,0 144,9 180,0 284,9 321,5 525,5 500,3

54,0 114,0 133,2 135,6 156,0 198,0 310,7 339,5 543,5 542,3

53,0 120,9 143,7 146,4 164,4 212,4 320,3 363,5 613,1 585,3

52,0 129,3 150,3 156,0 175,2 226,8 375,5 393,5 681,5 711,4

51,0 136,2 163,8 166,8 189,6 244,7 423,4 435,5 710,2 807,3

50,0 141,6 171,6 178,8 206,4 264,8 455,9 459,5 802,6 854,5

49,0 147,0 185,8 194,4 228,6 292,7 485,9 515,9 867,2 1049,0

48,0 155,1 200,1 212,4 309,5 333,1 538,7 565,1 985,0 1187,0

47,0 165,6 212,1 245,9 339,5 371,9 585,5 620,3 1083,0 -

46,0 175,2 231,3 272,3 351,5 404,3 663,7 686,3 1197,0 -

45,0 187,5 250,4 315,5 363,5 442,7 747,4 757,0 - -

44,0 200,1 269,3 339,7 391,1 490,7 853,0 865,0 - -

43,0 217,2 296,3 385,1 417,5 554,3 916,6 1080,0 - -

42,0 232,8 320,6 410,3 443,9 627,9 980 - - -

41,0 250,1 359,9 466,7 482,3 725,8 1064 - - -

40,0 269,6 431,9 542,3 566,3 841,0 1152 - - -

39,0 293,9 496,7 575,9 656,3 988,6 1245 - - -

38,0 325,1 515,9 683,3 694,7 1136 1341 - - -

37,0 357,2 555,5 729,4 765,7 1266 1442 - - -

36,0 398,3 625,1 803,8 847,0 1383 1547 - - -

35,0 441,2 680,3 888,2 979,0 1497 1656 - - -

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165

Tabela B7 – Viscosidades medidas para a mistura G

Dias

Temperatura (°C) 0 4 7 14 21 28 45 60 90

60,0 45,0 48,9 81,1 90,9 101,9 109,2 122,4 187,5 292,7

59,0 51,0 53,1 83,5 92,9 118,8 111,6 132,0 196,7 314,3

58,0 55,2 56,5 86,0 115,5 116,4 118,8 151,2 231,6 327,5

57,0 58,8 59,7 88,4 118,0 115,2 129,6 186,0 277,1 341,9

56,0 62,4 62,4 90,9 123,3 167,3 154,8 210,0 295,1 357,5

55,0 64,8 65,4 93,0 124,7 116,4 199,2 226,8 323,9 407,9

54,0 67,5 69,0 95,2 132,3 126,0 192,0 243,5 340,7 501,5

53,0 70,8 71,7 97,2 134,4 147,6 216,0 275,9 388,7 555,5

52,0 75,0 75,3 99,9 131,0 172,8 222,0 287,9 410,3 620,0

51,0 80,4 81,3 101,7 133,5 184,2 253,1 307,1 466,3 683,9

50,0 83,1 87,6 115,8 155,2 196,8 267,5 340,7 476,3 754,6

49,0 87,6 90,9 127,2 167,3 238,7 293,9 369,5 507,5 817,0

48,0 93,0 96,9 136,2 180,0 253,1 313,1 387,5 560,5 866,0

47,0 102,3 100,2 144,6 196,5 265,1 329,9 449,9 609,5 958,6

46,0 111,3 106,8 154,8 209,8 289,1 362,3 517,1 663,5 1027

45,0 114,0 114,6 166,5 223,5 305,9 398,3 530,3 717,4 1085

44,0 118,5 126,6 180,3 245,9 338,3 423,5 587,2 787,3 1196

43,0 124,5 135,3 191,2 258,6 353,5 477,5 646,7 881,6 -

42,0 132,0 145,3 204,6 268,9 400,7 524,3 725,8 957,8 -

41,0 143,4 154,2 219,3 296,7 419,9 589,1 826,6 1077 -

40,0 150,6 167,1 236,6 314,9 449,9 652,7 914,2 1153 -

39,0 159,3 180,4 259,4 367,5 484,7 736,6 1028 - -

38,0 172,3 190,8 276,8 396,3 537,5 820,6 1159 - -

37,0 180,6 204,0 289,1 407,5 621,5 909,4 1275 - -

36,0 187,9 225,6 311,2 426,9 670,9 1011 1379 - -

35,0 197,8 246,5 331,4 443,0 784,1 1122 1491 - -