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Meios Cascos O primeiro veleiro a reproduzir, o célebre Endeavour. Inicialmente só tinha dados sobre o convés e estibordo da embarcação (foto 1). Não desisti, embora faltasse o perfil das cavernas. . Foto 1 Num conjunto de 4 modelos cortei várias silhuetas iguais, “pintei” as faces destas com uma velatura escura antes de as colar entre si. (no exemplo estão sobre um plano de formas obtido muito mais tarde…e que ainda não sabia interpretar) foto 2. . Foto 2 Recortando a aresta do topo superior do bloco obtido após a colagem, de acordo com o contorno do meio convés (foto 3) e depois a formão e grosa eis o modelo em bruto em 3 fases sequenciais na foto 4. .

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Meios Cascos O primeiro veleiro a reproduzir, o célebre Endeavour. Inicialmente só tinha dados sobre o convés e estibordo da embarcação (foto 1). Não desisti, embora faltasse o perfil das cavernas. .

Foto 1

Num conjunto de 4 modelos cortei várias silhuetas iguais, “pintei” as faces destas com uma velatura escura antes de as colar entre si. (no exemplo estão sobre um plano de formas obtido muito mais tarde…e que ainda não sabia interpretar) foto 2. .

Foto 2

Recortando a aresta do topo superior do bloco obtido após a colagem, de acordo com o contorno do meio convés (foto 3) e depois a formão e grosa eis o modelo em bruto em 3 fases sequenciais na foto 4. .

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Foto 3

Foto 4

O uso da velatura acentuou as linhas longitudinais dando um efeito decorativo ao conjunto já terminado (foto 5). . .

Foto 5

O leme construído à parte foi colado juntamente com o modelo à placa de fundo (existem prateleiras com diversos acabamentos e tamanhos que se prestam a este fim em Grandes Superfícies como o Leroy ou o Aki)

Este método aconselhado para modelos a partir de 50 cm de comprimento é conhecido como sistema “pão com queijo”…curiosa a designação. Nas fotos 6 e 7 a “Muleta” do Sado e na foto 8 o conhecido “Rabelo do Douro”. .

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Foto 6

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Foto 7

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Foto 8

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Quem se quiser “deliciar” com a última construção desta mítica barca, em tamanho real http://cidadesurpreendente.blogspot.com/2005/08/arquitectura-do-rabelo.html

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Foto 9 “Bisquine”, foto 10 “L’Abri du Pecheur”, os iates: “Inch’allah”, (por pintar) e terminado (ver fotos 11 e 12). “O Voador Azul” fig13. Pintados a spray…várias decapagens, recomeçando várias vezes tudo de novo…nem sempre o querer é poder. ..

Foto 9

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Foto 10

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Foto 11

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Foto 12

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Foto 13

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A partir deste momento passei a utilizar Planos de Formas a 3 Dimensões (foto15), disponíveis em revistas como o Chasse Marée, a Wooden Boats.Esta mini colecção terminou com a “Boa Esperança” (foto 14). A leitura do interessantíssimo livro CARAVELA TROPICAL de João Céu e Silva da Editorial Notícias foi “responsável” por este ultimo trabalho.

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Foto 14

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Foto 15

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A utilização de meios cascos “nova” técnica de que há memória desde o século XVI,onde o futuro proprietário de um barco, recebia primeiro uma 1/2 maqueta deste do mestre carpinteiro. (feito da madeira a ser utilizada no mesmo) foto16 (exemplar de antiquário)

Alterações introduzidas ou não seriam o molde da obra a executar.

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Foto 16

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Mais tarde oferecido ao cliente, muitas vezes passando de geração em geração … No nosso admirável Museu da Marinha é possível ver alguns. Alguns séculos depois “A Copa da América” torna-se um marco histórico! A revista francesa BATEAU MODÈLE tem à venda uma obra com cerca de 33 planos para apaixonados por esta extraordinária regata, já com mais de 150 anos., …o inconveniente é o seu preço! Contentei-me em construir alguns modelos (descritos em revistas) com cerca de 37 cm. Galeria de fotos Foto 17: Vários meios cascos em MDF, excepção o do Endeavour em madeira. (faia) .

Foto 17

Foto 18: Endeavour em “faia”, foi utilizado verniz colorido a contrastar com o fundo na mesma madeira, onde se aplicou acabamento incolor. .

Foto 18

Foto 19: A prova em como o MDF pode adquirir a cor do "mogno" ou até outra tonalidade menos escura como o "carvalho" utilizando vernizes sintéticos de cor que imitam diversas madeiras de qualidade. .

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Foto 19

Foto 20: Tentativa para se conseguir a melhor combinação entre as cores dos modelos e os suportes. .

Foto 20

Foto 21: A colocação de mastros e de lemes nos modelos será imprescindível? Dê-me a sua opinião s.f.f. .

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Foto 21

Finalmente uma amostra de carenas da Taça América. Foto 22: Genesta 1885

Foto 22

Foto 23: Thistle 1887

Foto 23

Foto 24: Shamrock 1899

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Foto 24

Foto 25: Reliance 1903

Foto 25

Foto 26: Endeavour 1934

Foto 26

Foto 27: Black Magic 1995

Foto 27

A classificação, na Copa da América, destes ícones da Vela desportiva poderá ser analisada no site: http://www.myskipper.com/TacaAmerica/Historial.asp Curiosamente só o “Reliance” foi um vencedor, todos os outros foi a beleza das suas linhas que cativaram modelistas e coleccionadores. Como nasceu esta competição, que chegou aos nossos dias e cujo entusiasmo no “Mundo da Vela” se mantêm?!

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Final do séc. XIX, a Exposição Universal de Londres enaltecia o esplendor da coroa britânica. Os americanos sem querer ficar atrás, em matéria de construção naval, apresentaram o projecto de Georges Steers, um barco piloto “ América” ainda em construção no estaleiro de William Brown. O Conde de Wilton, Comodoro do Royal Yacht Squadron deseja-o ver participar na regata de Cowes, marcada para Agosto de 1851, contando com a presença da Rainha de Inglaterra… Mais do que um convite, um repto! Sem haver um desafio oficial, sentia-se uma provocação, a derrota do “América” seria uma vergonha para E.U.A. Na madrugada de 22 de Agosto, na neblina que envolvia a ilha de Wight, 17 barcos iam competir num percurso de 53 milhas. Ao sinal da partida e depois de algumas peripécias, o “América” tomou a dianteira seguido a algumas milhas pela frota inglesa. Às 20:37h um tiro de canhão saudou o seu triunfo e nesse mesmo dia o Conde de Wilton (sabe Deus com que cara…) entregou em mãos o troféu a Jonh Cox Stevens. Uma taça com 60 cm de altura e o peso de 4.168 gramas de prata finamente cinzelada ao estilo rococó (foto 28) passou a partir dessa data a ser disputada até hoje!

Foto 28

Tendo conseguido com tonalidades semelhantes um contraste razoável, tentei cores mais claras e “nasceu” esta colecção. Eis ainda o “Genesta” (foto 29) aqui sem mastros e infra estruturas.

Foto 29

Porque não regressar à ideia inicial com o “Rainbow” (foto 30), mostrando detalhes na foto 31?

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Foto 30

Foto 31

Seguiu-se o “Forty” (foto 32), o “Yankee” (foto 33) e finalmente o “Sumurun” (foto 34).

Foto 32

Foto 33

Foto 34

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“Genesta”, em 1885 os ingleses inconformados com a primeira Copa da América tentam novamente a sua sorte com este veleiro de casco esguio, ainda hoje um segredo em carpintaria naval… “Rainbow” primeira escuna de linhas modernas feito em 1897 mostrou ser velocíssimo alcançando fama numa regata de 4 horas num percurso de 60 milhas, um recorde ainda hoje recordado. “Forty”, desenhado pelo arquitecto genial Herreshoff dá origem à classe dos “Forties”. As suas linhas bojudas, para permitirem uma boa habitabilidade da tripulação, mereceram-lhe fortes criticas na época, mas a construção em linha de montagem (uma novidade) e os sucessos posteriormente alcançados são revividos nos nossos dias com o “Marilee” “Yankee” de 1927 tornou-se num dos mais velozes veleiros. “Sumurun”, do famoso estaleiro “William Fife and Sons”, tornou-se conhecido como um “aristocrata dos iates” tendo o seu apogeu entre 1920 e 1930. É pena ter deixado de aparecer a revista francesa Yachting Classique cujo número “hors série 1” é fabuloso mostrando fotos e planos de veleiros clássicos, tesouros por quem se interessa por este tema. Octávio Oliveira