meio ambiente

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DIA MUNDIAL DO MEIOAMBIENTE Brasil se prepara para organizar a maior conferência ambiental do planeta, a Rio+20. Muito do que foi prometido à época não foi cumprido. Mas todos sabem: ainda dá tempo, com muito trabalho, de carregar aTerra para o caminho do desenvolvimento sustentável Tarefa árdua CORREIO B RAZILIENSE Brasília, domingo, 5 de junho de 2011

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Page 1: Meio ambiente

DIA MUNDIAL DO

MEIOAMBIENTE

Brasil se prepara para organizar amaior conferência ambiental doplaneta, a Rio+20.Muito do que

foi prometido à época não foicumprido.Mas todos sabem:aindadá tempo,com muito trabalho,de

carregar aTerra para o caminho dodesenvolvimento sustentável

Tarefaárdua

CORREIO BRAZILIENSE • Brasília,domingo,5 de junho de 2011

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3 CORREIO BRAZILIENSE • Brasília,domingo,5 de junho de 2011

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

C opa do Mundo de 2014,Olimpíadas de 2016?Que nada. O mundo

olhará mesmo para o Brasil noano que vem. De 4 a 6 de junho,o Rio de Janeiro será palco domaior encontro internacionalsobre meio ambiente: a Confe-rência das Nações Unidas sobreDesenvolvimento Sustentável,a Rio+20. O evento, que reuniráos principais líderes mundiais,organizações não governamen-tais e entidades do setor priva-do, ocorre 20 anos após a Con-ferência das Nações Unidas so-bre Meio Ambiente e Desenvol-vimento (Rio-92). Pelo menos50 mil pessoas participarão.

“A ideia é renovar o compro-misso político, por parte de to-dos os atores da sociedade, emprol do desenvolvimento susten-tável — além de fazer avaliaçãodos progressos e problemas quese deram desde 1992”, conta o di-retor do Centro de Informaçãodas Nações Unidas para o Brasil(Unic-Rio), Giancarlo Summa.“É também a oportunidade dedecidir de forma coletiva os com-promissos comuns a serem ado-tados para novos desafios daspróximas décadas.” O que se es-pera, ressalta ele, é um esforçopara ir além dos interesse ime-diatos — e olhar para a questãomais global.

Dois temas dominarão a reu-nião. O primeiro, a economiaverde no contexto do desenvol-vimento sustentável e erradica-ção da pobreza. O segundo, as

leis e constitucionalidades paraesse tipo de desenvolvimento. Aproposta é mostrar que econo-mia e meio ambiente são interli-gados e que um beneficia o ou-tro. Também quer se transformaro sistema econômico mundial —hoje baseado no grande desper-dício e uso de fontes não renová-veis — para uma economia fun-damentada em energias limpas.

E o Brasil tem exemplos a darnessa área. O país detém a ma-triz energética mais renováveldo mundo industrializado. Se-gundo dados do governo brasi-leiro, pelo menos 45% de pro-dução provêm de fontes comorecursos hídricos, biomassa eetanol — além das energias eó-lica e solar. No caso das naçõesindustrializadas, esse númerochega apenas a 13% e, nos terri-tórios em desenvolvimento, aporcentagem cai para 6%.

Por isso, o professor do depar-tamento de desenvolvimentosustentável da Universidade deBrasília (UnB), Donald Sawyer,defende que não pode deixar dediscutir a questão de padrões deconsumo e de produção susten-tável. “O tema até foi tratado naEco-92, mas não entrou em con-venções específicas. Ficou perdi-do nesses 20 anos”, comenta.“Espero que o Brasil consiga co-locar para o mundo quais foramas conquistas efetivamente al-cançadas nesse período”, alertaGeraldo Borin, coordenador docurso superior de tecnologia emgestão ambiental da PUC-SP.

Produção de energia eólica:Brasil tem a matriz energética

mais renovável do mundoindustrializado

Uma das grandes diferenças em relação à Rio-92 é que,agora,o objetivo não é apenas mostrar quais os problemas existentes,mas apontar formas de solucioná-los e assumir novos compromissos paratanto.A participação de ONGs será ainda mais intensificada, até fisicamente. Enquanto os líderes mundiais se reunirão na área central da capital, próximo ao porto, as organizações estarão no Aterrodo Flamengo, como à época. O Greenpeace será uma das participantes ativas da conferência, com direito à vinda do famoso navio Rainbow Warrior, que esteve em várias causas defendidas pelaONG mundo afora.O diretor executivo do Greenpeace no Brasil,Marcelo Furtado,explica que o público-alvo será o cidadão brasileiro.“Queremos engajar os que estão distantes dessa temática”,diz.

EXPECTATIVAS

Mãosà obra

Jairo

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ão

BRASIL COMEÇA A SE PREPARAR PARA A CONFERÊNCIA SOBREMEIO AMBIENTE RIO+20, NO ANO QUEVEM. É A CHANCE DECORRIGIR ERROS E PÔR EM PRÁTICA O QUE FOI COMBINADO— MAS DESCUMPRIDO — HÁ DUAS DÉCADAS

CONFIRA [ Site oficial da Rio+20 ]www.uncsd 2012.org

Page 4: Meio ambiente

» CECILIA PINTO COELHO» ALINE BRAVIM» JOÃO PAULO RESENDE

ESPECIAL PARA O CCOORRRREEIIOO

Em 1992, o Brasil estava no início da re-democratização. O mundo cobravapostura diferente não apenas quanto

aos direitos humanos, mas — e principal-mente —em relação ao meio ambiente. Pa-ra reverter a imagem negativa diante deinúmeras queimadas da floresta amazôni-ca e do assassinato de personalidades co-mo Chico Mendes, em 1988, o então presi-dente José Sarney lançou a candidatura doBrasil para sediar uma das maiores reu-niões internacionais sobre meio ambiente,a Conferência das Nações Unidas paraMeio Ambiente e Desenvolvimento (Cnu-mad), também conhecida como Eco-92,Rio-92 e Cúpula da Terra.

A tarefa de concretizar o sonho ficou

nas mãos do primeiro presidente eleitopelo povo em 20 anos, Fernando Collorde Mello. Embora em um contexto degrave crise econômica e escândalos decorrupção, a iniciativa tornou-se reali-dade. A presença maciça de chefes deEstado, a participação da sociedade civile a assinatura de importantes documen-tos — entre os quais, a Agenda 21, a De-claração do Rio, a Declaração sobreprincípios florestais, a Convenção sobremudanças climáticas e a Convenção so-bre biodiversidade deram grande visibi-lidade à conferência no Brasil.

“A Rio-92 foi um divisor de águas, queevidenciou a conscientização dos parti-cipantes para os problemas ambientaise para a priorização do ensino de ques-tões fundamentais e do treinamento efe-tivo das pessoas envolvidas com essa te-mática”, relembra o professor GeraldoBorin, coordenador do curso superior de

tecnologia em gestão ambiental da Pon-tifícia Universidade Católica de São Pau-lo (PUC-SP). O evento também foi deci-sivo para a criação da Comissão de De-senvolvimento Sustentável na Organiza-ção das Nações Unidas (ONU). Para o di-retor do Centro de Informação das ONUno Brasil (Unic- Rio), Giancarlo Summa,a Rio-92 foi determinante porque paísese a opinião pública assumiram o com-promisso de tentar desenvolver-se deforma sustentável.

Já para o diretor-executivo doGreenpeace no Brasil, Marcelo Furtado,embora as pessoas atualmente estejamcientes dos problemas, ainda não sabemcomo agir. “Muitas pensam que apróxima geração é que fará a li-ção de casa que nós não faze-mos. Acho isso injusto, porquecorremos risco de não entregarum planeta decente”, lamenta.

4|5 CORREIO BRAZILIENSE • Brasília,domingo,5 de junho de 2011

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

Conferência das NaçõesUnidas sobre MeioAmbiente Humano

Esse foi o primeiro grande evento sobre otema.Nele,é reconhecido o fato de o serhumano e meio ambiente serem umaúnica coisa.Surge também o conceito de“ecodesenvolvimento”,criado pelosecretário-geral da Conferência,MauriceStrong.O termo defende a ideia de que sóé possível ter desenvolvimento a longoprazo se você cuidar dos problemasambientais em curto prazo.

Criação do Programadas Nações Unidas para oMeioAmbiente (Pnuma)

Institucionalização dessatemática no âmbito da organização.

Convenção deVienasobre Camada de Ozônio

Exigia comprometimento dos Estados,masfoi considerado um acordo vazio,por nãoestabelecer metas específicas e concretas.

Relatório Nossofuturo comum

Surge o conceito de desenvolvimentosustentável:é necessário e deve serimplementado pelo uso racional dosrecursos naturais,de forma a garantir acontinuidade dessas riquezas paragerações futuras.

Protocolode Montreal

Com teor específico,complementa aConvenção deViena.É importante porquefoi o símbolo de que,a partir da vontadepolítica,é possível atingir objetivos.

Protocolode Kyoto

Sugere redução dos gases causadores doefeito estufa para países signatários eimpõe metas para nações poluidorasdesenvolvidas.

Rio +10,em Johannesburg

Buscou avaliar,dentre outros objetivos,oque tinha sido feito.

COP XV,em Copenhagen

Nações desenvolvidas se comprometemcom recursos financeiros para combater osefeitos do aquecimento global. Países comoa Bolívia, aVenezuela e o Sudão criticaramo documento emitido na reunião por setratar de uma carta de intenções.

Um marco ecológico

HÁ DUAS DÉCADAS, O RIO SEDIAVA A MAIS IMPORTANTE CONFERÊNCIACOM CHEFES DE ESTADOS PARATRATAR SOBRE A SUSTENTABILIDADE DO PLANETA

1972

1973

1987

1987

1997

2002

2009

1985

LINHA DOTEMPO

Reunião sobre meio ambiente promovida pelas Nações Unidas mobilizou participação inédita de chefes de estados:108 ao todo

Monica Zaratini/AE - 6/6/92

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6|7 CORREIO BRAZILIENSE • Brasília,domingo,5 de junho de 2011

1992

LINHA DO TEMPO \\CONFIRA ABAIXO UMA SÉRIE DE DESASTRES AMBIENTAIS CAUSADOS PELA AÇÃO DO HOMEM NA NATUREZA, DESDE A ECO-92:

EXPLOSÃO DEGÁS NO MÉXICO

Uma série deexplosões na redecoletora de esgoto

da cidade deGuadalajara

provocou a morte de300 pessoas e deixou1,5 mil feridos.Uma

faixa de 8km de casase veículos ficaramcompletamente

destruídos.

1994

VAZAMENTODE ÓLEO EM SP

Dutos de umterminal marítimo

da Petrobras,localizado em São

Paulo, se romperame 2,7 milhões de

litros de óleovazaram.Ao todo,18 praias foram

contaminadas e abiodiversidade

foi afetada.

1995

ONDA DE CALOREM CHICAGO

Ao todo,739 pessoasmorreram.Nessescasos os problemas

ocasionados pela altatemperatura podem

ser de leve intensidade(exantema cutâneo,

síncope, cãibras)ou graves

(exaustão, lesões,choque térmicoou insolação).

1996

EXPLOSÃO EMOSASCO (SP)

Um acúmulo de gásde cozinha,devido a

problemas nainstalação da

tubulação, causou umaexplosão no OsascoPlaza Shopping.Nototal, 42 pessoas

morreram e mais de300 ficaram feridas.

Quarenta lojas foramdestruídas.

1998

VAZAMENTODE ÓLEO

Uma rachadura de cercade um metro que liga arefinaria de São José dosCampos aoTerminal deGuararema, ambos em

São Paulo, causou ovazamento de 1,5

milhões de litros deóleo combustível no rioAlambari.O duto estava

há cinco anos semmanutenção.

1999

ÓLEO NORIO NEGROVazamento de 3mil litros de óleono oleoduto da

refinaria daPetrobrás que

abastece a ManausEnergia (Reman)

atinge o Igarapé doCururu (AM) e Rio

Negro.Danosambientais aindanão recuperados.

2000

MORTANDADEDE PEIXES

Morreram mais de130 toneladas depeixes na Lagoa

Rodrigo de Freitas,no Rio de Janeiro.A cerca de 100 km

de São Paulo,outras centenas

de milharesapareceramboiando norioTietê.

2001

CRISE DOAPAGÃO

A falta de chuvas,aliada a falta deplanejamento einvestimento,

diminuiu reservasdo Brasil e

comprometeu ageração de

energia.

2002

REFINARIAINTOXICA CRIANÇAS

A Companhia deTecnologia de Saneamento

Ambiental multou aRefinaria HenriqueLage de São Josédos Campos em

R$ 210.442 pela emissãode fumaça preta, quechegou a intoxicar

30 crianças da EscolaMunicipal Maria

AméliaWakamatsu.

A RIO-92 É A MAIOR CONFERÊNCIA SOBRE MEIO AMBIENTE REALIZADA NO MUNDO.ENTRETANTO,DIANTE DAS SOLUÇÕES PROPOSTAS,POUCAS SAÍRAM DO PAPEL

» CECILIA PINTO COELHO» ALINE BRAVIM» JOÃO PAULO RESENDE

ESPECIAL PARA O CCOORRRREEIIOO

Oobjetivo da Eco-92 era claro: reuniro maior número de chefes de esta-do possível e traçar metas sustentá-

veisparaminimizaroabismoentreospaísesdesenvolvidos e aqueles em desenvolvi-mento. A reunião em si foi um grande even-to. Ao todo, 108 representantes de diversospaíses assinaram documentos como a Con-venção do clima, o Tratado da biodiversida-de, a Agenda 21 Global e a Declaração doRio. Entretanto, na prática, o que se viu foiumaenormedificuldadedecolocarasideiasem prática e ainda há muitos pontos queprecisam ser aprimorados na Rio+20.

E no meio de tantas metas de um futuropromissor, o efeito mais visível da Rio-92 foia articulação das comunidades internacio-nais em torno do aquecimento global. OProtocolo de Kyoto, por exemplo, assinadopor 189 nações que se comprometeram emreduzir a emissão de gases-estufa na atmos-fera, nasceu de uma reunião dos signatáriosda Convenção do Clima, firmada na Eco-92.

Embora haja dificuldade de se im-plementar as propostas previstas, oevento é referência em processos polí-ticos. Os tratados e convenções são efi-cazes em suas teorias; o que falta é a prá-tica. “Os problemas, nós já conhecemos.

Devemos aproveitar a Rio+20 para dis-cutir as falhas que cometemos há quase20 anos . Sem prática não há desenvol-vimento, temos que pensar a longo pra-zo”, ressalta Albano Araújo, coordena-dor da ONG The Nature Conservancy.

Biodiversidade

O documento assinado em 1992 quetrata da biodiversidade, traz como metaprincipal a proteção das espécies do plane-ta, além do uso sustentável de seus compo-nentes. Assinado por 156 países, estabele-cia mecanismos para que os territórios ti-vessem acesso pago às florestas. Previa,também, transferência de tecnologia e re-conhecimento de patentes e produtos quefossem descobertos a partir de pesquisas.

No Brasil, o acordo entrou em vigorem dezembro de 1993. Nele, destaca-se oProtocolo de Biossegurança, que autori-za países a deixarem de importar produ-tos que contenham organismos geneti-camente modificados. Das 175 naçõessignatárias da Agenda 21, 168 confirma-ram sua posição de respeitar a conven-ção sobre biodiversidade.

Entretanto, estudos atuais mostramque a situação está longe de ser resolvi-da. Cerca de 150 espécies são extintasdiariamente. Apesar de 2010 ter sido oAno Internacional da Biodiversidade,não houve motivos para comemoração.

Os números dão um parâmetro da situa-ção atual: a diversidade animal se perdea uma velocidade jamais vista na histó-ria. Segundo os cientistas, até 2030 pode-remos estar com 75% da biodiversidadeameaçada de extinção.

Clima

Na Convenção de 19 anos atrás tambémforam traçadas metas para tratar do climaterrestre. O documento proposto articula-va-se em torno das emissões de gás carbô-nico. Sem determinar prazos, o objetivoera reduzir a emissão de gases nocivos aoplaneta. Ao todo, 153 países se comprome-teram a cumprir o acordo.

A partir daí foram realizadas diversasoutras reuniões e negociações ao longodos anos que culminaram no Protocolo deKyoto, em1997. Segundo a representantedo Programa das Nações Unidas para oMeio Ambiente (PNuma) no Brasil, Cristi-na Montenegro, os resultados mais expres-sivos da discussão foram os tratados deBiodiversidade e o do Clima, mas aindanão se chegou tão longe quanto as naçõespretendiam. “Estamos negociando as me-tas e consideramos alto o nível de cons-cientização e que muitos esforços foramfeitos, mas não o suficiente. Na Rio+10(realizada em 2002), por exemplo, nãoconseguimos traçar planos que resolves-sem os problemas relacionados aos

padrões de consumo da sociedade”.Em 2009 foi realizada a última grande

conferência para tratar do clima mundial,a COP15 — em Copenhague, Dinamarca.Esse foi o 15º encontro entre nações, desdea Eco 92. Acordos foram firmados e os paí-ses desenvolvidos se comprometeram ainvestir US$ 30 bilhões para ajudar naçõesem desenvolvimento a lidarem com as alte-rações climáticas. Ao todo, 75 países agrega-ram metas de redução ou limitação do cres-cimento das emissões de gases do efeito es-tufa até 2020, como parte do acordo de Co-penhague.

A situação ainda é complicada. As emis-sões globais de carbono aumentaram 9%entre 1992 e 2001. Nos Estados Unidos,maior potência do mundo, o crescimentofoi de 18%. No Brasil, os últimos dadosapontam para um aumento significativodas liberações de C02: segundo o IBGE, apoluição com o gás no país passou de 1,35bilhão para 2,2 bilhões de toneladas entre1990 e 2005, uma evolução de 62%.

Agenda 21

Para ampliar o leque de discussões,surgiu, durante a Eco-92, a Agenda 21 —com incríveis 2,5 mil recomendaçõesdistribuídas em 40 capítulos. O docu-mento apresenta quase mil propostas deatividades para serem desenvolvidas.Trata praticamente de todos os assuntos

O planeta ainda espera

Page 7: Meio ambiente

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

2003

MASSACREDOS

GOLFINHOSPescadores japoneses

encurralaram emataram lentamente60 golfinhos. Fotos da

baía com marvermelho de sanguechocaram o mundo.

No Japão, sãoabatidos anualmente22 mil golfinhos paravirar carne enlatada.

2004

ENCHENTESNO HAITIMais de 300

pessoas morrerampor causa datempestade

tropical Jeanne nonorte do Haiti.Com ventos de

120 km/h,deixoumais de 100 mil

haitianos afetados.

2005

FURACÃOKATRINAO desastre

aconteceu no finalde agosto na cidadede Nova Orleans,

EUA.Matou mais demil pessoas.Osfuracões estão

relacionados com oaumento da

temperatura dosoceanos,devido aoaquecimento global.

2007

ONDA DE CALORDe 15 a 22 de julho,

temperatura acima de30ºC mata 500

pessoas na Hungria.NaRomênia, cerca de 19mil deram entrada emhospitais do país.Nomesmo período, a

Sérvia enfrentou 50focos de incêndio com

temperaturasde até 43ºC.

2008

ENCHENTESEM SC

Fortes chuvasalagaram mais de

60 cidades em SantaCatarina.Cerca de

1,5 milhão de pessoasforam diretamente

afetadas pelasenchentes.Prefeitosde diversas cidades

chegaram adeclarar estado decalamidade pública.

2009

QUEIMADASNo final de janeiro,Victoria e

Austrália Meridionalexperimentaram condições

extremas para a formação dequeimadas,com temperaturasentre 40 a 47°C em Melbourne

eAdelaide e na maior partenorte dos estados,além do

aumento da velocidade médiado vento.Os números somaram80 cidades atingidas,173 mortose 455 mil hectares destruídos.

2010

PETRÓLEOVAZANO MÉXICOO acidente na

plataformaDeepwaterHorizon,

da empresa BP,provocou vazamento

de cerca de 200milhões de galões de

petróleo.Foi umdos maiores desastres

ambientais,comprejuízo de

US$ 11,2 bilhões.

2011

DESLIZAMENTODETERRA

Chuvas intensasprovocam avalanchese deslizamentos na

região serrana do Riode Janeiro,que

chegou a matar maisde mil pessoas.A

maioria das famíliasficaram sem casas.

Nova Friburgofoi o municípiomais afetado.

relacionados ao desenvolvimentosustentável, como a dinâmica de-mográfica, a crise urbana nos paí-ses em desenvolvimento (incluin-do habitação, saneamento e polui-ção urbana), uso da terra, energia etransportes sustentáveis, além detransferência de tecnologias, pro-dutos químicos, oceanos, padrõesde produção e consumo, além danecessidade de erradicação da po-breza no mundo.

Na teoria, o documento propõe amelhoria do padrão de vida da hu-manidade. Mas, na prática, os resul-tados são diferentes. No começo doano, a ONU divulgou uma estimati-va dos valores que seriam necessá-rios para diminuir a pobreza e paracuidar melhor do meio ambiente nomundo inteiro. Na situação globalatual, seria necessário um investi-mento de 2% do Produto InternoBruto (PIB) mundial para combatera miséria e gerar um crescimentomais verde e eficiente — ou seja, US$1,3 trilhão por ano (R$ 2 trilhões),que segundo a ONU, deveriam ser,mas não são, investidos em 10 seto-res estratégicos da economia: agri-cultura, construção, indústria, trans-portes, turismo, água, abastecimen-to de energia, pesca, manutenção deflorestas e manejo de resíduos.

Declaração do Rio

Esse é o documento mais simbóli-co da conferência. Nasceu com o ob-jetivo de estabelecer uma nova e justaparceria global mediante a criação denovos níveis de cooperação entre osEstados, a sociedade e os indivíduos.Ao todo são 27 princípios do docu-mento, entre eles o que diz que “asautoridades nacionais devem procu-rar promover a internacionalizaçãodos custos ambientais e o uso de ins-trumentos econômicos, tendo emvista a abordagem segundo a qual opoluidor deve, em princípio, arcarcom o custo da poluição, com a devi-da atenção ao interesse público e semprovocar distorções no comércio enos investimentos internacionais”.

Se isso fosse efetivamente seguidoà risca, e as maiores empresas globaistivessem que arcar com os reais cus-tos da poluição, das mudanças cli-máticas e de outros impactos am-bientais, elas perderiam nada menosque um terço de seus lucros — oequivalente a US$ 2,2 trilhões, valorsuperior ao PIB da maior parte dospaíses do mundo. Resta, portanto,esperar que a Rio+20 seja um espaçopara balancear todos esses fatos econsolide ações que sejam possíveisde serem colocadas em prática.

Os acordos estabelecidos na Rio-92 forampostos em prática?

Na verdade,grande parte das propostas chegoua sair do papel. Inúmeras reuniões de alto nívelforam realizadas e eu tive, inclusive,o prazer departicipar de algumas delas.O direito à informaçãofoi discutido e,de lá para cá,muita coisa mudoupara melhor nesse sentido.O direito à participaçãotambém evoluiu.Entretanto,há melhorias propostasque só ficaram no papel.Podemos reverter ospontos negativos na Rio+20.É uma grandeoportunidade de pensar no futuro.

O que não pode deixar deser discutido na Rio+20?

O planeta enfrenta problemas sérios comrelação à poluição nuclear,direitos e deveres naagricultura e consumo de agrotóxicos.Sou contra aenergia nuclear:os males provocados por essaindústria são difíceis de serem controlados.Esse é,sem dúvidas,um dos maiores males da humanidade.Precisamos discutir também os limites daagricultura para evitarmos mais desmatamento.E,por último,devemos traçar metas para o consumode agrotóxicos.A população se envenenadiariamente.Creio que esses são pontos que nãopodem ficar de fora da pauta do evento.

Especialista em direito ambiental e professor naUniversidade Metodista de Piracicaba (UniMep)

PAULOAFFONSO LEME MACHADO

DUAS PERGUNTAS PARA

Page 8: Meio ambiente

JCGontijo investeem tecnologia verde

Batizado de Atitude Verde, empresapossui o maior programa de

conscientização ambiental Recuperação de áreas ver-des e degradadas, redu-ção de energia e consu-mo de água, materiais e

sistemas, nas obras, que agridammenos o meio ambiente. Esse éo caminho que leva a sustentabi-lidade, segundo Rodrigo Barjud,geólogo formado pela UNB comespecialidade em monitoramentoambiental e gerente de meio am-biente da JCGontigo.

É ele quem coordena o maiorprograma de conscientizaçãoambiental entre as empresas deconstrução civil do Distrito Fe-deral. O programa Atitude Ver-de visa difundir os conceitos deresponsabilidade social e educa-ção ambiental junto aos colabo-radores e à comunidade local, etransformar pequenas ações deconscientização em redução deimpactos ambientais.

O próprio colaborador da em-presa é o disseminador das ideias

ambientais. Por meio de concur-sos, eles apresentam ideias, quese aprovadas, serão colocadas emprática e o colaborador premia-do. “Importantes ideias já foramimplantadas em busca de melho-ria na qualidade ambiental, comoa adoção de equipamentos paraevitar o risco de erosão do solo,de enchentes e prevenir danosambientais”, diz o gerente.

Para ele, esse assunto estácada vez mais presente nas estra-tégias de trabalho da empresa.“A construção civil é um dos seto-res que mais tem a contribuir paraa sustentabilidade. Nos últimosanos, a JCGontijo tem trabalha-do com muito comprometimentopara atingir a sustentabilidade emseus canteiros de obras”.

O uso consciente e adequa-do da água é uma das medidasadotadas por meio do programa.Segundo pesquisas divulgadasrecentemente pela empresa de

Consultoria e Planejamento deUso Racional da Água, H2C, o bra-sileiro gasta cerca de cinco vezesmais do que o volume indicadocomo suficiente pela OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS), que éde 40 litros diários por pessoa. NoBrasil, cada pessoa consome emmédia 200 litros/dia.

O reúso da água da chuvapode reduzir pela metade osgastos com o consumo de água.“No Living Superquadra ParkSul, por exemplo, implantamosum reservatório com capacida-de para armazenar aproximada-mente três milhões de litros deágua reutilizável, sendo que ametade é utilizada na irrigaçãopaisagística, lavagem de esta-cionamento e áreas comuns pormeio de um sistema automatiza-do”, explica o geólogo.

Outra proposta da empresapara minimizar o impacto am-biental é o uso de energias al-ternativas, além da utilização deequipamentos comprovadamen-te econômicos, como o uso de

materiais mais resistentes na fa-chada, para reduzir a manutençãoe evitar gastos periódicos.

A recuperação de áreas de-gradadas no cerrado é outraação que reforça ainda mais apreocupação da JCGontijo como meio ambiente. No parqueecológico do Tororó, região ad-ministrativa de Santa Maria, porexemplo, foram plantadas apro-ximadamente 75 mil mudas deárvores nativas, recuperando 63hectares do parque.

A empresa mantém um vivei-ro com mais de 400 mil mudas deárvore, que serão plantadas nesteano, em diversas áreas degrada-das e parques urbanos.

“Às vezes, o Estado nãodispõe de mão de obra paradar manutenção contínua a es-ses espaços, que ao longo dotempo vão se desgastando,em função do uso e da açãodo efeito do tempo. E esse é opapel do programa implantadopela nossa empresa”, completaRodrigo Barjud.

RESPONSABILIDADE AMBIENTALOs empreendimentos que possuem o selo Green Buldingby JCGontijo contam com dispositivos que favorecem o usoracional da água, o aproveitamento dos recursos naturais,contribuindo com o desenvolvimento sustentável. Entreesses dispositivos estão:

• Sistema de aquecimento solar de água comcompensação a gás.

• Gás canalizado.• Medição individual de água por apartamento.• Isolamento térmico de coberturas.• Melhor aproveitamento da luz natural com janelas e

projeto arquitetônico que favorecem a circulação de ar e aeconomia de energia com ar-condicionado e iluminação.

• Vaso sanitário com seletor para duas vazões.• Torneiras com controle de vazão nas áreas comuns.• Paisagismo: pomar com árvores frutíferas e mini-horta para

educação ambiental infantil.• Sistema automatizado para irrigação das áreas verdes.• Uso de madeira de reflorestamento nos halls sociais.• Processo seletivo na coleta de resíduos sólidos para

reciclagem.• Recuperação de áreas degradadas.

No Living Superquadra Park Sul, a água reutilizável é utilizada na irrigação paisagística, por meio de um sistema automatizado. Abaixo,área comum do Reserva Santa Monica, exemplo de empreendimento sutentável

À esquerda, funcionário trabalha na recuperação de áreas degradadas no cerrado. À direita, viveiro de mudas próprio, com mais de 400 mil mudas de árvores.

Su

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Page 9: Meio ambiente

» CECILIA PINTO COELHO» ALINE BRAVIM» JOÃO PAULO RESENDE

ESPECIAL PARA O CCOORRRREEIIOO

Quais progressos devemos esperardessa reunião de líderes mundiais?

Com efeito, o Brasil espera que aRio+20 possa reavivar o que em 1992 fi-cou conhecido como o “espírito do Rio”,para usar as palavras do então secretário-geral das Nações Unidas, Boutros BoutrosGhali. Esse “espírito” foi traduzido numaforte mobilização política que possibili-tou a adoção de importantes acordosmultilaterais na área do meio ambiente edo desenvolvimento sustentável. Para oBrasil, é importante que a Rio+20 possaresgatar esse espírito e produzir resulta-dos à altura do esperado pela comunida-de internacional e adequados à dimen-são da gravidade dos problemas econô-micos, sociais e ambientais de nosso pla-neta. É forçoso reconhecer que o mundoé hoje muito diferente de 1992 e as mes-mas condições que levaram, numa mes-ma Conferência, a um forte consenso in-ternacional em temas como mudança doclima, biodiversidade e desertificação,não estão presentes.

Por exemplo…As Nações Unidas vivem uma crise

sem precedentes e o sistema multilateral

nunca esteve tão vulnerável como atual-mente. Nessas circunstâncias, o Brasil,como anfitrião do evento, tem papel degrande relevância, estando a sua lideran-ça e protagonismo entre as condições deêxito da Conferência. O Brasil esperagrandes avanços em 2012, particular-mente na renovação do compromissopolítico entre as nações que possa levar àadoção de medidas concretas para umnovo modelo de desenvolvimento quepossibilite, na prática, a implementaçãodo conceito de desenvolvimento susten-tável, consagrado em 1992 mas que, na

prática, pouco saiu do papel. Para isso, éimportante observar que a Rio+20 não éuma conferência sobre meio ambiente,mas sobre desenvolvimento sustentávele, como tal, deverá refletir em sua discus-são uma complexidade muito maior quea experimentada em 1992.

Economia verde é um dos principaisfocos do evento…E diversos países játrabalham suas agendas econômicaspensando em crescimento com baixaemissão de carbono. Isso mexe comtoda estrutura econômica de umanação (sequestro de carbono,investimentos em novas tecnologiasetc.).O que o Brasil já faz para inserir-sedentro desse contexto?

O Brasil tem todas as condições paraser líder em sustentabilidade. Temos re-cursos naturais estratégicos e, com deci-sões acertadas, temos a garantida de umfuturo invejável. A Comissão Econômicapara a América Latina (Cepal) está justa-mente, neste momento, construindouma visão sobre como se deu o desenvol-vimento nos diferentes países nos últi-mos 20 anos, em que medida fomos ca-pazes de aderir aos fundamentos da sus-tentabilidade em nossas políticas de de-senvolvimento. O Brasil está fazendomuita coisa para pautar suas políticas nasustentabilidade e em suas estratégias dedesenvolvimento. São diferentes iniciati-vas, muitas delas em diferentes graus ou

estágios de implementação. Por exemplo,toda a agenda chamada de agriculturasustentável dentro do Ministério da Agri-cultura (Mapa) tem a ver com a economiaverde. É só olhar para a política de desen-volvimento produtivo do Ministério deIndústria e Comércio para vermos que asustentabilidade é tema transversal echave nas visões de competitividade.

As críticas em relação à Eco-92dizem respeito,basicamente,ao altonúmero de propostas acordadasentre as nações e a grandedificuldade de implementá-las…

É que os problemas que em 1992 eramvistos como problemas ambientais são,hoje, percebidos como de desenvolvi-mento. O que está em jogo, portanto, nãoé apenas a conservação dos recursos na-turais do planeta, mas a forma como a co-munidade internacional deverá adotarmodelos de desenvolvimento que sejamsocialmente inclusivos, economicamen-te viáveis e ambientalmente sustentáveis.Um outro aspecto relevante, como condi-ção de sucesso da Rio+20, relacionado àcrise do sistema multilateral, é a necessi-dade de reduzir as desconfianças, quehoje produziram uma grave cisão entre omundo desenvolvido e o mundo em de-senvolvimento, e que têm impedido oacordo em inúmeras negociações multi-laterais recentes.

10|11 CORREIO BRAZILIENSE • Brasília,domingo,5 de junho de 2011

Agora serámais difícil

ENTREVISTA IZABELLA TEIXEIRA

www2.correiobraziliense.com.br/sersustentavel

LLeeiiaa aa íínntteeggrraa ddaa eennttrreevviissttaa

A MINISTRA DO MEIOAMBIENTE DIZ QUEA RIO+20NÃOAPRESENTARÁ NOVOS COMPROMISSOS,MAS SERÁ

IMPORTANTEAO PERMITIRA CRIAÇÃO DE MEDIDASQUE DEEM CONDIÇÕES DE SE IMPLEMENTAR O

CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.

O Brasiltem todas ascondições paraser líder emsustentabilidade

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Page 10: Meio ambiente

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

CÓDIGO FLORESTAL JÁ ESTÁ NO SENADO FEDERAL.CASO NÃO OCORRAMNOVAS MUDANÇAS, A PRESIDENTE DILMA PODE USAR PODER DE VETO

Impasse ambiental» CECILIA PINTO COELHO» ALINE BRAVIM» JOÃO PAULO RESENDE

ESPECIAL PARA O CCOORRRREEIIOO

O tema é polêmico — e, comotal, nem decidido está. O novoCódigo Florestal Brasileiro,

aprovado na Câmara e rumo ao Sena-do, deve sacrificar cerca de 60 milhõesde hectares de matas, o que equivale a103 áreas do tamanho do Distrito Fe-deral. O documento anistia os agricul-tores que desmataram ilegalmente atéjulho de 2008, além de transferir aos es-tados a regularização em áreas de pre-servação permanente (APPs). Não sãoboas medidas — pelo menos é que en-tendem os cientistas (pouco ouvidosnas discussões, por sinal) e os ambien-talistas. O governo de Dilma Roussefftambém não gostou — a presidentehavia prometido à então candidataMarina Silva (PV) que, para ter o apoiodela no segundo turno das eleições,não permitiria alterações que pudes-sem favorecer o desmatamento.

Faz sentido: o Brasil se prepara parareceber a maior conferência ambientaldo mundo. Como, então, pôr em risco a(boa) imagem sustentável do país? Dil-ma aceita até vetá-lo, caso o Código saiado Senado sem alterações.“Se julgar quea proposta vai ser prejudicial ao país, euvetarei", garantiu. Mas por que chegar àtal situação? “Quem desmatou e des-cumpriu o Código Florestal nos últimosanos não pode ficar impune. É um totaldesrespeito com aqueles que se preocu-param em preservar”, ressalta Ana Cristi-na Barros, representante nacional daONGThe Nature Conservancy (TNC).

Por outro lado, o novo Código Flores-tal regulariza cerca de 5,2 milhões depropriedades rurais particulares no país.Isso equivale a 38,7% do território nacio-nal. O documento ainda promete tirar90% dos produtores rurais brasileiros dairregularidade. Entretanto, não resolveos impasses. “Nós só queremos consoli-dar as áreas que estão sendo utilizadashá muito tempo e que não causam da-nos ambientais”, defende AssueroVero-nez, presidente da Comissão Nacionalde Meio Ambiente da Confederação Na-cional de Agricultura e Pecuária (CAN).

Page 11: Meio ambiente

AAMAZÔNIATEM…

5.029.322 km² de área

Um quinto da água potável do mundo

Dois terços das reservas de energia elétrica do planeta

Índio José transmite ao filho Bua,de 8 anos,aimportância da preservação do meio ambiente

30% de todas as espécies vivas

maior província mineral do mundo

22 mil km de rios navegáveis

» VERÔNICA MACHADOESPECIAL PARA O CCOORRRREEIIOO

Manaus (AM) — Poron éum pequeno peixe ca-racterístico dos rios ama-

zônicos. Significa também José,na língua dessano. E é assim cha-mado o índio da etnia Tuiuca,que mora a 40km ao norte de Ma-naus. Para ele, nome é tão impor-tante quanto dhu’utanâ — “nos-sa terra” na língua da tribo. “Paranós, pedra é viva, árvore é viva,água é viva. Não tem como mal-tratar”, ensina para o filho Bua —Elias em português — de 8 anos.

Preservar o meio ambiente éuma lição passada entre geraçõesnas tribos. A missão é manter in-tacta a natureza. Durante anos,os índios reivindicaram a posse eregularização de terras. Mas de-marcar não foi suficiente. Erapreciso um plano para unir as leisindigenistas e ambientais. Agora,está pronto! Foi finalmente cons-truída a Política Nacional de Ges-tão Territorial e Ambiental emTerras Indígenas, cuja sigla, aliás,parece uma expressão indígena:PNGati. A expectativa é que apresidente Dilma Rousseff assineo decreto que institui a políticanos próximos dias.

A ideia é gerenciar as áreas eestabelecer direitos e deveres, co-mo pensar em alternativas eco-nômicas, fiscalizar parques eco-lógicos, proteger as terras e defi-nir regras para a exploração dosrecursos naturais. O gerente deConservação do Programa Ama-zônia da ONGTNC, Marcio Sztut-man, acredita que proposta é umgrande salto humano e jurídico.“Todos ganham com isso. Comoos índios se relacionam intima-mente com a natureza, precisa-mos estruturar melhor os territó-rios em nome da preservação”,diz. A coordenadora da categoriaindígena do Ministério do MeioAmbiente, PaulaVanucci, concor-da. Para ela, é importante legiti-mar as questões ambientais semesquecer de fortalecer as condi-ções de vida dos povos.

A Fundação Nacional dos Ín-dios (Funai), por sua vez, crê queo conjunto de normas guiará asações de todos órgãos que cui-dam do assunto para que tomemdecisões justas de acordo com aConstituição. O diretor de pro-moção ao desenvolvimento sus-tentável da instituição, AloísioGuapindaia, explica que essa ini-ciativa definirá a forma como osíndios usam e exploram a terra.“Tudo irá promover o uso ecoló-gico do território indígena e dascomunidades que lá residem”,conta. E ressalta: “A política traráimpactos apenas para a terra in-dígena regularizada. Não atingi-rá outra propriedade”.

Atentos ao perigo

Quem pode sair perdendo sãoos produtores rurais, segundo aConfederação Nacional de Agri-cultura (CNA). O presidente dacomissão nacional de assuntosfundiários do órgão, Fábio de Sal-les Meirelles, diz que precisamentender melhor os critérios dedemarcação, pois não são claros.“O proprietário rural tem que re-gistrar em cartório que 20% dasterras são de utilização limitadapara a reserva florestal. O governopode utilizar a qualquer momen-to essa área. Com os índios, issonão acontece. Um produtor podeestar há 100 anos naquela terra e,ainda sim, pode ser desapropria-do porque eles consideram umpatrimônio indígena. Onde está odireito de propriedade, que cons-ta em cláusula pétrea da Consti-tuição?”, indigna-se.

Meirelles chama atenção paraoutra questão. As terras indíge-nas são muito ricas em minério emadeira de qualidade. A explora-ção é ilegal. Mesmo que os índiostenham a exclusividade do uso

das terras, o território é da Uniãoe nada pode ser retirado do localsem autorização. “Há casos emque os próprios índios vendemesses recursos — e esses não sãoprotetores do meio ambiente”,comenta. O executivo da CNA es-clarece que o problema não estános índios ou nas demarcações,mas na expansão das terras semfiscalização constante de ilícitos.

A Funai admite que essas si-tuações acontecem, mas sãocorrigidas. “Estamos dentro dalei e, independentemente dequem cometa atividades crimi-nosas, combatemos”, garanteAloísio Guapindaia. Ele diz tam-bém que a fiscalização das fron-teiras é também responsabilida-de da Polícia Federal e do Ibamae que a PNGati intensifica a im-portância do controle de tráficoanimal, mineral, de drogas e dearmas na região.

Hoje, 488 áreas indígenas es-tão demarcadas e outras 123 ain-da aguardam por identificação. Amaioria localiza-se no norte dopaís, na Amazônia. A localidadereúne povoados que conhecemmais de 1,3 mil plantas com prin-cípios ativos medicinais — e cer-ca de 90 delas são usadas da pro-dução de medicamentos nacio-nais e estrangeiros. Como maiorfloresta tropical do mundo, apre-senta um banco genético guar-dado pelo conhecimento mile-nar das populações indígenas.“Para garantir o melhor aprovei-tamento dessas áreas, não pode-mos deixar de assegurar às co-munidades tribais um processopróprio de desenvolvimento econscientização ambiental”, res-salta Guapindaia.

»A estudante do Centro Universitáriode Brasília (UniCeub) viajou aconvite do Exército brasileiro

OTÍTULO ABAIXO SIGNIFICA, NA LÍNGUA DESSANA,“NOSSATERRA”. POIS É: ÍNDIO PEDIUE GOVERNO DILMA DEVE UNIFICAR LEIS E DEFINIR REGRAS DE USO DO SEUTERRITÓRIO

Dhu’utahâ

ApropriaçãoEle tinham oficialmente 10 milhões de hectares na década de 1990 e,em 2000, passaram a controlar mais de 100 milhões de hectares(devidamente demarcados).Hoje,ocupam 12,4% do território brasileiro.

12|13 CORREIO BRAZILIENSE • Brasília,domingo,5 de junho de 2011

Arquivo pessoal de Verônica Machado/Divulgação

Page 12: Meio ambiente

A verdadeira riqueza

OS SEIS BIOMAS EXISTENTES NOTERRITÓRIOBRASILEIRO SÃO ALVO CONSTANTE DE AGRESSÕES.É PRECISO CONHECÊ-LOS PARA DAR IMPORTÂNCIA

A inda agredimos, e muito, o meio am-biente. Uma das razões é o desconheci-mento sobre a importância dele, sobretu-

do, dos nossos biomas. São regiões cuja diversi-dade de fauna e flora é reconhecida internacio-nalmente — daí a preocupação da comunidadeinternacional em sua preservação — e funda-mental para a vida (e a economia) das pessoas. AAmazônia, por exemplo, é de vital importânciapara o equilíbrio de todo o planeta — a florestasozinha ocupa 5% da superfície terrestre e abrigauma variedade enorme de animais e plantas.

Os biomas são conjuntos de ecossistemas(formados por comunidades de seres vivos queinteragem entre si, além de outros fatores, comoclima) e identificados pela vegetação, quandoessa se estende por uma grande faixa do territó-rio nacional, e pelo clima. Segundo o InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), oBrasil está subdividido em seis biomas. Em or-dem de ocupação do território nacional, Ama-zônia (49,29%), Cerrado (23.92%), Mata Atlânti-ca (13,04%), Caatinga (9,92%), Pampa (2,07%) ePantanal (1,76%).

Independentemente do tamanho, os seisbiomas são importantes pela biodiversidade. OPantanal, que é o menor deles, abriga umaenorme quantidade de espécies de peixes, queservem de alimento para outros tantos animais.Já a Mata Atlântica é casa de espécies ameçadasde extinção, como a onça-pintada. “Quando vo-cê pensa em biodiversidade, fica difícil precisarqual bioma é mais ou menos importante, até

mesmo porque não se tem total conhecimentodas espécies. O princípio da precaução deve im-perar aí”, ressalta Eleazar Volpato, professor dodepartamento de engenharia florestal da Uni-versidade de Brasília (UnB).

Os biomas não são vitais apenas pela quanti-dade de animais e plantas raras, mas tambémpor uma questão de sobrevivência. Na Amazô-nia, por exemplo, moram 25 milhões de pessoascuja atividade principal de subsistência está dire-tamente relacionada ao que a natureza tem a ofe-recer. “A maior parte depende da floresta em pé,desde a madeira até os subprodutos florestais.Existem comunidades indígenas inteiras que de-pendem da floresta”, destaca Rafael Cruz, coor-denador para código florestal do Greenpeace.

Todos os biomas brasileiros têm sido alvo deameaças, a principal delas o desmatamento. Oexemplo histórico mais conhecido é o da MataAtlântica, agredida ao longo da história do Brasile hoje reduzida a 7% de sua área original. A Flo-resta Amazônica, embora tenha programas demonitoramento e proteção oficiais e não-ofi-ciais, já perdeu 12% de sua área — boa parte dis-to nas últimas duas décadas.

“Embora a Amazônia tenha proteção, não te-mos segurança jurídica, e ainda há uma culturalatente de que o progresso está associado a verflorestas no chão. Todos os biomas estão afeta-dos e ameaçados”, avisa o professor Volpato. Asprincipais atividades responsáveis pela derru-bada de florestas são a pecuária e a plantação degrandes monoculturas, como a soja.

AmazôniaÁrea:4.196.943km²Cobre os estados do Acre, do Amapá, doAmazonas, do Pará, de Roraima, 98,8%de Rondônia, 54% do Mato Grosso, 34%do Maranhão e 9% doTocantins.AAmazônia é, em todos os sentidos,gigante, e não apenas em tamanho, mastambém em biodiversidade.A florestatem 2.500 espécies — um terço de todaa madeira tropical do planeta — e 30 mildas 100 mil espécies de plantasexistentes na América Latina.

CerradoÁrea: 2.036.448km²As árvores de galhos tortos nosarredores da cidade são um bomexemplo do bioma no qual Brasília estáinserida.Além de ocupar todo o DistritoFederal, o cerrado está em 97% doestado de Goiás, 91% deTocantins, 65%do Maranhão, 61% do Mato Grosso doSul, 57% de Minas Gerais, mais porçõesde outras regiões, totalizando 10estados. O bioma se caracteriza por tervários tipos de paisagem, desde ocerrado mais conhecido, com árvoresbaixas e distantes umas das outras, até ocerradão, com árvores altas, além depedaços com matas ciliares.

MataAtlânticaÁrea: 1.110.182km²Ocupando a totalidade do Espírito Santo,Rio de Janeiro,Santa Catarina,além de 98%do Paraná e porções de mais 11 estados,aMataAtlântica foi o bioma mais devastadopela ação humana desde o descobrimentodo Brasil.No que restou dele ainda hámuitas espécies de plantas e animais.Asárvores da MataAtlântica são altas,comoo jequitibá rosa,o pinheiro-do-paraná e opau-brasil, e se estendem em regiões dealtitude elevada,como a Serra do Mar,quefica a 1100m do nível do mar.

CaatingaÁrea:844.453km²É conhecido por se estenderem boa parte da região Nordeste.A caatinga ocupa todo o Ceará,95% do Rio Grande do Norte,92%da Paraíba,83% de Pernambuco,63%do Piauí, 54% da Bahia,49% deSergipe,48% deAlagoas,2% de MinasGerais e 1% do Maranhão.A grandecaracterística da região é o clima semi-árido e, apesar de não parecer,o biomatem alta biodiversidade.A vegetação,adaptada ao ambiente seco, secaracteriza por árvores entre dois e 12metros, com poucas folhas e,em suamaioria, armazenam a água das chuvas.

PampaÁrea: 176.496km²Mesmo não sendo o menor bioma doBrasil,os campos do Sul (ou pampas,notermo utilizado pelos gaúchos) são osmais restritos: se encontram apenas noRio Grande do Sul,ocupando 63% doestado,e se estendem além da fronteiracom aArgentina e o Uruguai.Apaisagem dos pampas se caracteriza porgrandes campos limpos, sem árvores,com gramíneas, subarbustos e ervas.

PantanalÁrea: 150.355km²Corresponde a 25% do Mato Grossodo Sul e 7% do Mato Grosso. OPantanal é o menor bioma dentro doterritório nacional, mas o tamanho écompensado com uma riquíssimavariedade de plantas e animais. São263 espécies de peixes, 122 demamíferos, 93 de répteis, 1.132 deborboletas e 656 de aves. O bioma secaracteriza por chuvas fortes eterrenos planos alagados, que secomunicam com as águas do rioParaguai nas épocas de cheia.

Terra Mundi Viagens/Divulgação

A Amazônia cobre sete estados do país e ocupa 5% da superfície terrestre

OS BIOMASBRASILEIROS

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

Fonte:Mapa de Biomasdo Brasil do IBGE eWWF

Page 13: Meio ambiente

OBrasilproduz,diariamen-te, 180 mil toneladas delixo urbano, de acordo

com estimativa da AssociaçãoBrasileira de Resíduos Sólidos eLimpeza Pública (ABLP). Cálculosdo Ministério do Meio Ambienteapontam que de 30% a 37% dessetotal corresponde a resíduossecos, aqueles que podemser reutilizados. Porém,a realidade ainda édistante da ideal:apenas 2% do lixoproduzido no ter-ritório nacional éaproveitado paraa reciclagem.

Bem, o paístem até 2014 pa-ra implantar aPolítica Nacionalde Resíduos Sólidos(PNRS). Isso significaque faltam apenas trêsanos para ele se adequar aum novo comportamento sus-tentável, que inclui o cumpri-mento da separação do lixo e adevolução de produtos inutili-záveis às empresas fabricantes.Vamos conseguir?

Os principais instrumentos dalei são o ciclo de responsabilida-des compartilhadas com a popu-lação e a logística reversa. Com

eles, todos deverão dar um fimambientalmente seguro aos resí-duos sólidos dos hábitos de con-sumo e garantir que os cinco tiposde lixo previstos na lei (eletroele-

trônicos, remédios, lâmpadasfluorescentes, embalagens e

óleos lufrificantes) sejamdevolvidos aos fabri-

cantes—e,assim,agridam me-

nos o meioambiente.

O im-p a c t og e r a d opelo lixotambémmexe nae c o n o -

mia brasi-leira. Para ca-

da tonelada deresíduo, são gas-

tosR$150comaco-leta e o aterro sanitá-

rio. Se a quantidade pu-desse ser reduzida, o país eco-

nomizaria uma parte dos R$ 27milhões gastos todos os dias. Va-lor que poderia ser investido emáreas como saúde e educação.

As escolas e universidadessão as primeiras a mobilizarações de reciclagem e reutiliza-ção do que é descartado. Há oitoanos, um colégio particular daAsa Sul tem lixeiras ecológicasdistribuídas por todos os cantos.A iniciativa evoluiu e, atualmen-te, conta com papa-pilhas e ba-terias — além de um projeto doprofessor de música Edinho Sil-va. Ele e os alunos produzem,durante a aula, instrumentoscom sucatas. O material recicla-do vem de casa. “Utilizamos co-pinho de iogurte e latinhas deextrato de tomate para colocararroz e feijão e transformar emchocalhos. Também usamostampinhas, papelão e pregos pa-ra transformar em tambores,

claves e baquetas”, ensina.Outra ação da escola é cha-

mada de ‘Adote um copo’. Nela,os descartáveis são substituídospelos de plástico para os funcio-nários e garrafinhas para os alu-nos. A iniciativa surgiu esse ano,depois que a instituição desco-briu que utilizava 1.250 unida-des descartáveis por semana.

A secretária-executiva Ana Lí-gia Fontes, 44 anos, matriculou ofilho Filippo, 12, na instituiçãohá três meses. Ela conta que ogaroto se acostuma aos poucoscom a educação ambiental, nãoabordada no antigo colégio. “Elecomenta sobre os novos hábitosda escola e eu mostro em casa aimportância disso tudo. A moça

que trabalha na nossa casa já seacostumou a separar latas, co-midas e papel em lixos diferen-tes”, afirma Ana Lígia.

A Universidade de Brasília(UnB) também está preocupadacom a reciclagem. Depois deconstatar que utiliza 700 resmasde papel A4 por semana, a uni-versidade passou a separar o ma-terial em caixas de papelão espa-lhadas pelos departamentos. Opapel recolhido será doado paraquatro cooperativas parceiras doprojeto. “Fizemos um curso decapacitação para os funcionáriosda limpeza, que irão recolher opapel e, a partir do dia 7, as enti-dades voluntárias começarão abuscar o material, que é bastantevalorizado”, anuncia Vera Cata-lão, professora e uma das inte-grantes do grupo de trabalho dacoleta seletiva solidária da UnB.

Outro projeto da universida-de é o ‘Sou UnB, jogo limpo: digonão aos copos descartáveis’, queretirou os copinhos do restau-rante universitário e entregoucanecas de plástico aos estudan-tes e funcionários. “Reduzimos oconsumo de 120 mil copos pormês. O grande trabalho é o edu-cativo para convencer as pes-soas a usar menos embalagem eseparar o papel. Logo, gerar me-nos lixo”, completaVera.

LOGÍSTICA REVERSA? A EXPRESSÃO ESTRANHA ESCONDE UMA POSTURA IMPORTANTE.SAIBA O QUE É ISSO E ENTENDA POR QUE OS ESTUDANTES SÃO OS PRIMEIROS A ADERIR

Cooperarfaz bem

Pilares

A lei foi sancionada eregulamentada no ano passadopelo então presidente Lula eestabelece três pilares principais:responsabilidade compartilhadapelo ciclo de vida dos produtos,acordos entre setores públicose privados e logística reversa.O lixo passa a ser dividido emresíduo,aquele que pode serreaproveitado ou reciclado,erejeito,o que não pode serreaproveitado.

14|15 CORREIO BRAZILIENSE • Brasília,domingo,5 de junho de 2011

Faça a sua parteContribuir com a logística reversa e a responsabilidade compartilhadaé dever de todos os cidadãos. Se você encontrar dificuldades paradevolver produtos aos fabricantes, outras empresas podem cuidarda reciclagem do material. Conheça algumas em Brasília.

Cooperativa 100 DimensãoBuscam eletroeletrônicos e outros resíduos sólidos em casa.Telefone:8516-4530.Endereço:QN 16,conj. 5, lote 2,galpão – Área Especial – Riacho Fundo II.

DMSAmbientalRecolhem resíduos sólidos somente em empresas.Telefone:3375-0401.Site:www.dmsambiental.com.br

Eco-TecBuscam eletroeletrônicos em casa, às sextas-feiras.Telefones:8412-4634 e 3347-5873.Site:www.ecotec.webnode.com

Comitê para Democratização da InformáticaRecebem doações de materiais de informática em bom estado de conservação.

Telefone:3322-7233.Site:www.cdidf.blogspot.com. Endereço:SDS EdifícioVenâncioVI, loja 9,bloco O – Conic

LIXO

30% a 37%RESÍDUOS SECOS (REAPROVEITADOS)

55%RESÍDUOS ÚMIDOS (ORGÂNICO)

8% a 10%REJEITO (INAPROVEITÁVEL)

Alunos de escola particular da Asa Sul produzem instrumentos com sucata durante aula de música

Pedro Ladeira/Esp.CB/D.A Press

Page 14: Meio ambiente

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo:: Josemar Gimenez ([email protected]); EEddiittoorraa--cchheeffee:: Ana Dubeux ([email protected]);EEddiittoorr eexxeeccuuttiivvoo:: Carlos Alexandre ([email protected]); EEddiittoorr ddee SSuupplleemmeennttooss:: Renato Ferraz ([email protected]);EEddiittoorr ddee AArrttee:: João Bosco Almeida ([email protected]); EEddiittoorr ddee FFoottooggrraaffiiaa:: Luís Tajes ([email protected]);EEddiiççããoo: Renato Ferraz; AArrttee ee ddiiaaggrraammaaççããoo:: Maurenílson Freire e Roberto de Sousa ([email protected]);EEssttaaggiiáárriiooss:: Bruno Silva, Marianna Rios e Verônica Machado; RReevviissããoo:: Sandro Xavier

EXPEDIENTE

» ALINE BRAVIM

S e você está pensando em re-duzir o consumo de energiade casa para ajudar o meio

ambiente e reduzir os cifrões daconta de luz, pode começar subs-tituindo as lâmpadas incandes-centes pelas fluorescentes. E ol-he que, a partir de 2016, essa tro-ca não será mais uma opção —e, sim, uma obrigação, por ini-ciativa do Ministério de Minas eEnergia (MME). O órgão preten-de retirar progressivamente asfontes luminosas amarelas apartir de junho do ano que veme tem como meta diminuir o gas-to causado pelas clássicas equentes luzes amarelas.

Seguindo a tendência mundialem termos de energia sustentá-vel, o decreto estipula índices mí-nimos de eficiência de lâmpadasincandescentes comuns. As tradi-cionais iluminadoras, caracteri-zadas por seus bolbos de vidro,deverãosersubstituídasporemis-sores de luz — chamados LED(Light Emitting Diode) na siglaem língua inglesa — e pelas fluo-rescentes, que reduzem o consu-mo em mais de 80%.

Apesar de as incandescentesserem mais baratas, a economiase reverte em gastos maiores naconta mensal. Enquanto o preçoda primeira varia, em média, emR$ 2,50, o da segunda chega à casados R$ 9,50. Dados do MME apon-tam que o mercado brasileiro con-some 300 milhões de fontes in-candescentes e 100 milhões defluorescentes. O governo já secomprometeu para que os produ-tos comercializados atendam aosrequisitos mínimos de eficiênciaenergética e qualidade.

A proposta não precisounem virar regra para a família

do estudante de direito MatheusSanches Salles, 21 anos, se adap-tar aos novos padrões. “Há unsdois anos nós resolvemos fazer amudança, justamente para dimi-nuir a conta. Percebemos umaredução de 30 a 40%, por en-quanto”, conta. Segundo ele, odesafio agora é outro. “Estamosnos controlando para não deixaros aparelhos eletrônicos e eletro-domésticos ligados”, diz.

Estima-se que as lâmpadasamarelas sejam responsáveispor aproximadamente 80% dailuminação residencial no Bra-sil. Com a substituição totalpelas fluorescentes, a previsão éque o país economize 10 terra-watts horas por ano até 2030.

Essa redução equivale a mais doque o dobro da economia obti-da pelo Selo Procel, utilizadoatualmente, que funciona comoum indicativo para orientar oconsumidor no ato da compra,a fim de mostrar os níveis de efi-ciência energética de cada pro-duto. E se até 2016 não surgiruma nova tecnologia que per-mita às lâmpadas incandescen-tes se tornarem mais eficientes ,esse tipo de produto será bani-do do mercado.

O presidente do Sindicato doComércio Varejista de MaterialElétrico e Aparelhos Eletrodo-mésticos do Estado de São Paulo(SincoElétrico), Marco AurélioRodrigues, não concorda com a

mudança. Mas prevê que até ofim desse ano o mercado estejaabastecido 100% com produtosestabelecidos pelas novas regras.“Os comerciantes não consegui-rão repô-las.”

Precauções

Apesar das vantagens econô-micas, os produtos químicos utili-zados nas lâmpadas fluorescentessão um risco para a saúde huma-na e para o meio ambiente. O cád-mio, por exemplo, causa tosse, fal-ta de ar, inflamação no sistemarespiratório e até a morte. O mer-cúrio provoca insônia, falha dememória, lesões no sistema ner-voso e fraqueza muscular. Ochumbopodecausarnáusea,con-fusão mental e perda de memória.Materiais químicos perigosos co-mo mercúrio, chumbo e cádmioficam em contato com a popula-ção diariamente, mas nem todasas pessoas sabem disso. Essas trêssubstâncias são utilizadas nasfontes luminosas brancas, tantonas de iluminação pública quantonas de casas ou de empresas.

Esse material, se descartado nolixo comum, faz crescer o risco decontaminação do solo, da água,das pessoas e dos animais. Por is-so, há um cuidado especial nodescarte. O correto seria que o go-verno local se responsabilizassepela coleta em cada cidade.

Alguns setores da sociedadetêm feito sua parte. O shoppingPátio Brasil, por exemplo, desen-volveu um projeto chamado Eco-ponto, que recolhe as lâmpadasfluorescentes do DF. No entanto, éresponsabilidade da população ede empresas levar o produto dedescarte. O material é enviado pa-ra Santa Catarina, onde é descon-taminado e reciclado.

VALE A PENATROCAR AS LUZES AMARELAS PELAS MAISCLARAS? SIM. MAS SÃO NECESSÁRIOS ALGUNS CUIDADOS

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

Economia branca

CONSUMOXGASTOS

Uma residência típica no Brasil consome cerca de 190 kWh/mês, dosquais 15% são devidos as lâmpadas.Assim, a substituição das amarelinhaspelas branquinhas numa residência típica representaria uma redução de

12% na conta de luz do usuário. Para o país, isso representará umaredução de aproximadamente 2,5% do consumo de energia elétrica.

Coleta:shopping Pátio Brasil tem depósito de lâmpadas fluorescentes

Iano Andrade/CB/D.A Press - 12/1/10

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