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FESP: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAIBA
MARIO TOSCANO UCHÔA JÚNIOR
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
JOÃO PESSOA - PB 2009
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MARIO TOSCANO UCHÔA JÚNIOR
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS: DIREITO DE FAMÍLIA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito na Faculdade de Ensino Superior da Paraíba. Orientador: Tiago Felipe Azevedo Isidro.
JOÃO PESSOA - PB 2009
MARIO TOSCANO UCHÔA JÚNIOR
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS: DIREITO DE FAMÍLIA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito na Faculdade de Ensino Superior da Paraíba.
Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________________ Professor: Tiago Felipe Azevedo Isidro - Orientador
_________________________________________ Professor: Bruno Teixeira de Paiva .
_________________________________________ Professor: Jaime César de Araújo Dantas .
RESUMO
A mediação é um processo de facilitação da comunicação e da
construção da relação na regulação das situações conflituosas e um modo de
acompanhamento na tomada de decisões.
O presente trabalho será um estudo sobre “Mediação de conflitos”. A
mediação proporciona, através da intervenção de um especialista da comunicação, uma
intervenção mais célere, menos onerosa e mais co-participativa e facilitadora de
diálogo, na regulação das situações de conflito e na manutenção ou reconstrução da
qualidade relacional.
Falaremos também da qualidade da formação dos mediadores, das
exigências da atuação segundo um código ético e deontológico que constituem uma
garantia da promoção da sua prática baseada nos princípios da confidencialidade,
neutralidade e da imparcialidade.
Os modelos e etapas de procedimentos da Mediação. E por fim, a
Mediação como forma de resolução dos conflitos familiares e suas vantagens na
resolução desses litígios.
Nas fases primitivas da trajetória humana não existia o Estado para impor
o direito acima da vontade do indivíduo. Nesse momento, a solução de um conflito só
poderia ser dada por meio da imposição da vontade do mais forte ou da concessão direta
de uma parte em nome da “paz”. A mediação é tida como um método em virtude de
estar baseada num complexo interdisciplinar de conhecimentos científicos extraídos
especialmente da comunicação, da psicologia, da sociologia, da antropologia, do direito
e da teoria dos sistemas. E é também, uma arte, em face das habilidades e sensibilidades
próprias do mediador;
A mediação adequa-se à solução desses conflitos carecedores de solução
pacífica, possibilitando aos mediados à oportunidade de resolver seus conflitos com
base na comunicação.
Há tempos, as tensas relações familiares careciam de recursos adequados
à solução de seus conflitos, distintos da via judicial.
A resolução consensual dos conflitos, através do cultivo do diálogo,
promovendo uma nova cultura de justiça, certamente nos levará à paz social.
Palavras chaves: Conflitos, Mediação, Justiça.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 08
2. OS CONFLITOS E OS MEIOS DE SOLUÇÃO ................................................. 10
2.1 MEIOS POSSÍVEIS PARA SOLUÇÃO DOS CONFLITOS .................................. 10
2.2 AUTOTUTELA ........................................................................................ 11
2.3 AUTOCOMPOSIÇÃO ................................................................................ 12
2.4 MECANISMOS PARA OBTENÇÃO DA AUTOCOMPOSIÇÃO ........................... 13
2.5 MECANISMOS PARA OBTENÇÃO DA HETEROCOMPOSIÇÃO ........................ 14
2.6 PIRÂMIDE DA SOLUÇÃO DE CONFLITOS ................................................... 15
3. MEDIAÇÃO, ARBITRAGEM, CONCILIAÇÃO E NEGOCIAÇÃO ........................ 16
3.1 CONFLITO ............................................................................................. 17
3.2 MEDIAÇÃO ............................................................................................ 17
3.3 ARBITRAGEM ........................................................................................ 19
3.4 CONCILIAÇÃO ....................................................................................... 20
3.5 NEGOCIAÇÃO ........................................................................................ 21
4. A MEDIAÇÃO ......................................................................................... 23
4.1 CONTEXTO HISTÓRICO ........................................................................... 23
4.2 PRINCÍPIOS DA MEDIAÇÃO ..................................................................... 27
4.3 A QUEM SE DIRIGE? ............................................................................... 30
4.4 QUEM É O MEDIADOR? ........................................................................... 30
4.5 MODELOS DE MEDIAÇÃO ....................................................................... 32
4.5.1 MODELOS DE MEDIAÇÃO FOCADOS NA RELAÇÃO .................................... 32
4.5.1.1 MEDIAÇÃO CIRCULAR-NARRATIVA ........................................................ 33
4.5.1.2 MEDIAÇÃO TRANSFORMATIVA ............................................................... 33
4.5.2 MODELOS FOCADOS NO ACORDO ............................................................ 33
4.6 CAPACITAÇÃO DOS MEDIADORES ........................................................... 34
5. A MEDIAÇÃO FAMILIAR ......................................................................... 36
5.1 FAMÍLIA: MEIO DE REALIZAÇÃO PESSOAL E AFETIVA ............................... 36
5.2 EM BUSCA DE NOVAS SOLUÇÕES: A MEDIAÇÃO FAMILIAR ........................ 37
5.3 A MEDIAÇÃO FAMILIAR, COMO MEIO DE APLICAÇÃO DOS DIREITOS
INDIVIDUAIS E SUA TUTELA .................................................................... 39
5.4 UMA PERSPECTIVA DE SUPERAÇÃO DA CRISE: MEDIAÇÃO PRÉVIA À
INSTÂNCIA DO JUÍZO COMO RESOLUÇÃO ALTERNATIVA DO CONFLITO ...... 43
5.5 VANTAGENS DA MEDIAÇÃO NOS LITÍGIOS FAMILIARES ............................ 47
6. CONCLUSÃO .......................................................................................... 48
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 50
1. INTRODUÇÃO
A organização dos espaços laborais, das relações e recursos humanos
encontra-se em permanente evolução. Os Conflitos fazem parte da nossa vida: conflitos
individuais, sociais, institucionais, empresariais, profissionais, políticos e etc.…
A mediação é um processo baseado em regras, técnicas e saberes, cujo
objetivo é gerir a qualidade da comunicação entre os intervenientes em conflito no
sentido de privilegiar a resolução dos problemas que os opõem, construindo eles
próprios as suas soluções.
A mediação é um processo de facilitação da comunicação e da
construção da relação na regulação das situações conflituosas e um modo de
acompanhamento na tomada de decisões.
O presente trabalho será um estudo sobre “Mediação de conflitos”. Esta
pesquisa assim o será porque visa analisar uma nova forma, alternativa à via judicial, de
solução de conflitos dentro dos litígios que englobam o Direito de Família. Toda a
metodologia terá a seguinte organização: inicialmente, falaremos sobre a definição da
técnica de mediação; em seguida, a diferença entre a mediação, a conciliação e a
arbitragem; posteriormente sobre a figura do mediador; das etapas da mediação; a
respeito da vantagem da mediação nos litígios familiares.
É importante distinguir a mediação das outras formas de resolução de
conflitos: o processo judicial, a conciliação, a arbitragem e a negociação.
A mediação proporciona, através da intervenção de um especialista da
comunicação, uma intervenção mais célere, menos onerosa e mais co-participativa e
facilitadora de diálogo, na regulação das situações de conflito e na manutenção ou
reconstrução da qualidade relacional.
Falaremos também da qualidade da formação dos mediadores, das
exigências da atuação segundo um código ético e deontológico que constituem uma
garantia da promoção da sua prática baseada nos princípios da confidencialidade,
neutralidade e da imparcialidade.
Analisaremos as diferenças entre as formas de resolução de conflitos. Os
modelos e etapas de procedimentos da Mediação. E por fim, a Mediação como forma de
resolução dos conflitos familiares e suas vantagens na resolução desses litígios.
Todo nosso trabalho será efetuado através de extensa pesquisa
bibliográfica com o fim de termos ao final um trabalho bem embasado.
2. OS CONFLITOS E OS MEIOS DE SOLUÇÃO
Conflito é um fenômeno normal, que existe onde existem pessoas, e não
tem de ser necessariamente negativo, pois, pode representar a oportunidade de
crescimento e coesão entre as pessoas, permite o desenvolvimento de capacidades
sociais, uma maior capacidade de comunicação e mesmo de autonomia. O conflito,
porque se constitui e se forma a partir de pontos de vista diferentes, se bem gerido,
proporciona a percepção de diferentes modos de pensar, diferentes modos de abordar a
realidade, que se partilha com os outros.
Conflito e cooperação são elementos integrantes da vida de uma
organização. Hoje, considera-se cooperação e conflito como dois aspectos da atividade
social, ou melhor, ainda, dois lados de uma mesma moeda, sendo que ambas são
inseparavelmente ligadas na prática.
2.1 MEIOS POSSÍVEIS PARA SOLUÇÃO DOS CONFLITOS:
• Quanto ao responsável pela solução:
• Impositivamente por um só dos envolvidos – Autotutela;
• Pacificamente pelos dois envolvidos – Autocomposição;
• Impositivamente por obra de um terceiro imparcial –
Heterocomposição.
2.2 AUTOTUTELA
A autotutela dos interesses é, historicamente, a mais primitiva forma de
solução de conflitos adotada pelas sociedades humanas. Como o nome mesmo indica,
na autotutela cada um defende, por seus próprios meios, os direitos que entenda possuir.
Em outras palavras, os conflitos são resolvidos pela força bruta, prevalecendo,
inexoravelmente os interesses do mais forte.
É desnecessário comentar que a autotutela é incompatível com a paz
social, tendo sido praticamente abolida nos atuais Estados de direito. Entretanto,
resquícios ainda subsistem em situações tais como a legítima defesa, o estado de
necessidade e umas poucas outras.
A autotutela, datada desde os primórdios da civilização, consiste na
defesa dos direitos através do emprego de diversos instrumentos, tais como a força bruta
e meios bélicos. Esta modalidade de solução de conflitos ainda perdura entre nós através
do esforço imediato constante do Código Civil vigente, onde o possuidor turbado ou
esbulhado tem direito de resistir por suas próprias forças, desde que o exercício da
autotutela seja feito de forma imediata. Não contrariando ou excluindo a adoção de
medidas outras possibilitadas pela jurisdição.
A característica fundamental da autotutela está na imposição. Uma parte,
autorizada pelo ordenamento jurídico, impõe a solução do conflito à outra parte. É o
emprego da força como fator decisivo na solução da disputa, e esse fator estão presentes
na greve. É uma reação, e não uma iniciativa. O conceito de greve como autotutela
pressupõe a aceitação de uma premissa, a da greve como defesa, e não como ataque,
diante das condições de trabalho reputadas insustentáveis ou da inobservância do
contrato de trabalho pelo empregador.
Nas fases primitivas da trajetória humana não existia o Estado para
impor o direito acima da vontade do indivíduo. Nesse momento, a solução de um
conflito só poderia ser dada por meio da imposição da vontade do mais forte ou da
concessão direta de uma parte em nome da “paz”. A isso se chamou autotutela ou
autodefesa. É o momento em que o “homem é o lobo do homem”, conforme Hobbes, ou
no qual se estabelece a guerra fratricida pela morte do pai, no mito presente no livro
“Totem e Tabu”, de Freud.
Antes de passar para a análise da autocomposição mediada, cabe tecer
algumas considerações sobre essa forma de enfrentamento de conflitos, que ocorre
quando uma das partes, em vez de buscar uma composição do conflito por meio do
diálogo, utiliza-se de sua própria força para fazerem valer os interesses que ela
considera legítimos. Nesses casos, como não há a busca de uma composição das partes
conflitantes, mas uma ação unilateral em que uma das partes tenta garantir o que
entende como o seu direito, falamos de autotutela e não de autocomposição.
Este seria o caso, por exemplo, se Capitu considerasse que seu gosto
especial pela música lhe dava direito a ficar os discos que foram do casal e, prevendo
que Bentinho não aceitaria essa proposta, em vez de negociar com o ex-companheiro,
ela simplesmente se apossasse de todos os discos. A autotutela, portanto, não é uma
conduta que privilegia o diálogo, mas trata-se de uma imposição unilateral dos
interesses de um sobre os do outro. Porém, para que se caracterize propriamente como
autotutela, é preciso que a parte entenda que está atuando na defesa de um direito, e não
simplesmente na defesa de um interesse pessoal.
Esse comportamento é visto com muitas reservas, havendo inclusive um
crime, chamado de exercício arbitrário das próprias razões, que submete a pena de
prisão quem faz justiça pelas próprias mãos. Porém, há casos em que é reconhecido o
direito à autotutela, como ocorre na legítima defesa, que é a permissão de que a uma
pessoa ameaçada de dano iminente defenda seus interesses legalmente protegidos (ou
seja, seus direitos) com os meios disponíveis. De toda forma, ainda que a nossa
sociedade acolha a autotutela em certos casos, ela é considerada uma medida
excepcional, que somente se justifica no caso de ser a única saída possível para garantir
um interesse legítimo.
2.3 AUTOCOMPOSIÇÃO:
Meio de solução de conflitos pelas próprias partes, com ou sem,
intervenção de terceiros. Objetiva na maioria das vezes a obtenção de um acordo entre
as partes. Proporciona como resultados: renúncia, transação ou submissão.
• Renúncia: Aquele que formulava a pretensão renuncia ao interesse,
pondo fim ao conflito sem nada receber em troca;
• Transação: Há concessões recíprocas, sendo que aquele que exercia
a pretensão renuncia a parte do seu interesse, enquanto que o outro,
em troca, submete-se à parte que restou da pretensão do primeiro;
• Submissão: Aquele que exercia a resistência submete-se
integralmente à pretensão, abrindo mão da totalidade de sua
resistência.
2.4 MECANISMOS PARA OBTENÇÃO DA AUTOCOMPOSIÇÃO:
• Negociação: Processo de conversação, decorrente de
entendimentos e reflexões sobre ofertas recíprocas, buscando-se
uma solução satisfatória para os interesses de cada contratante,
tendo em vista a celebração de um contrato futuro;
• Mediação: É um meio geralmente não hierarquizado de solução de
disputas em que duas ou mais pessoas, com a colaboração de um
terceiro, o mediador - que deve ser apto, imparcial, independente e
livremente escolhido ou aceito -, expõem o problema, são
escutadas e questionadas, dialogam construtivamente e procuram
identificar os interesses comuns, opções e, eventualmente, firmar
um acordo. Cabe, portanto, ao mediador colaborar com os
mediandos para que eles pratiquem uma comunicação construtiva e
identifiquem seus interesses e necessidades comuns.
Há vários modelos de mediação, mas, de regra, recomenda-se a
realização de encontros preparatórios ou entrevistas de pré-mediação. A mediação é tida
como um método em virtude de estar baseada num complexo interdisciplinar de
conhecimentos científicos extraídos especialmente da comunicação, da psicologia, da
sociologia, da antropologia, do direito e da teoria dos sistemas. E é também, uma arte,
em face das habilidades e sensibilidades próprias do mediador;
• Conciliação: É um modelo de mediação focada no acordo. É
apropriada para lidar com relações eventuais de consumo e outras
relações casuais em que não prevalece o interesse comum de
manter um relacionamento, mas apenas o objetivo de equacionar
interesses materiais.
Muito utilizada, tradicionalmente junto ao Poder Judiciário, embora
quase sempre de modo apenas intuitivo. Como procedimento, a conciliação é mais
rápida do que uma mediação transformativa, porém muito menos eficaz. Portanto, a
conciliação é uma atividade focada no acordo, qual seja, tem por objeto central a
obtenção de um acordo, com a particularidade de que o conciliador exerce uma
autoridade hierárquica, toma iniciativas, faz recomendações, advertência e apresenta
sugestões, com vistas à conciliação.
2.5 MECANISMOS PARA OBTENÇÃO DA HETEROCOMPOSIÇÃO:
• Jurisdição Estatal: A solução através do Poder Judiciário decorre
da atribuição sistemática do Estado, que deve dizer o direito e,
principalmente, impor a solução do conflito;
• Arbitragem: meio privado e alternativo de solução de conflitos
referentes aos direitos patrimoniais e disponíveis através do árbitro,
normalmente um especialista na matéria controvertida, que
apresentará uma sentença arbitral.
2.6 PIRÂMIDE DA SOLUÇÃO DE CONFLITOS:
As formas alternativas de solução de conflitos são conhecidas
internacionalmente pela sigla ADR (Alternative Dispute Resolucion), que em português
se transformou nas denominadas MESCs (Métodos Extrajudiciais de Solução de
Controvérsias).
Para efeito meramente ilustrativo, propõe-se a Pirâmide da Solução de
Conflitos, onde se procura esquematizar os mecanismos utilizados usualmente, partindo
do menos formal, indicando um crescimento na rigidez dos procedimentos.
3. MEDIAÇÃO, ARBITRAGEM, CONCILIAÇÃO E
NEGOCIAÇÃO
Como já colocamos a Negociação, a Conciliação, a Mediação e a
Arbitragem são meios alternativos de resolução de litígios. Veremos cada um deles
com, mas clareza de detalhes:
• A Negociação é lidar diretamente, sem a interferência de terceiros, com pessoas,
problemas e processos, na transformação ou restauração de relações, na solução
de disputas ou trocas de interesses. A negociação, em seu sentido técnico, deve
estar baseada em princípios. Deve ser cooperativa, pois não tem por objetivo
eliminar, excluir ou derrotar a outra parte. Nesse sentido, a negociação
(cooperativa), dependendo da natureza da relação interpessoal, pode adotar o
modelo integrativo (para relações continuadas) ou o distributivo para relações
episódicas). Em qualquer circunstância busca-se um acordo de ganhos mútuos.
Nem sempre é possível resolver uma disputa negociando diretamente
com a outra pessoa envolvida. Nesses casos, para retomar o diálogo será preciso contar
com a colaboração de uma terceira pessoa, que atuará como mediadora.
• A conciliação ocorre quando um terceiro ou terceiros (conciliadores)
desenvolvem esforços e se empenham, com sugestões e propostas, para o
consenso dos interessados diretos em resolver os conflitos.
• A mediação é um diálogo entre duas ou mais partes em conflito, assistidas por
um mediador, para que possam chegar a um acordo satisfatório para ambas as
partes. Na mediação prevalece sempre a vontade das partes. O mediador não
impõe soluções, apenas aproxima as partes para que negociem diretamente e
reconheçam o conflito para buscar algum tipo de solução que contemple e
satisfaça razoavelmente os interesses de todas elas.
• Na arbitragem o árbitro, substituindo a vontade das partes em divergência,
decide a pendência pela confiança que foi nele depositada pela eleição prévia em
cláusula compromissória.
Para termos uma melhor perspectiva procuraremos inicialmente
conceituá-los e explica-los. Entretanto começaremos por explicitar o conflito.
3.1. CONFLITO
• CONFLITO: situação que revela desentendimento, confronto de opiniões, entre
duas ou mais pessoas, situação essa que não tem de ser necessariamente
negativa.
Conflito é um fenômeno normal, que existe onde existem pessoas, e não
tem de ser necessariamente negativo, pois, pode representar a oportunidade de
crescimento e coesão entre as pessoas, permite o desenvolvimento de capacidades
sociais, uma maior capacidade de comunicação e mesmo de autonomia. O conflito,
porque se constitui e se forma a partir de pontos de vista diferentes, se bem gerido,
proporciona a percepção de diferentes modos de pensar, diferentes modos de abordar a
realidade, que se partilha com os outros.
3.2. MEDIAÇÃO
• MEDIAÇÃO: Pode-se definir mediação como uma "técnica de composição dos
conflitos caracterizada pela participação de um terceiro, suprapartes, o mediador,
cuja função é ouvir as partes e formular propostas".
Meio geralmente não hierarquizado de solução de disputas em que duas ou
mais pessoas, com a colaboração de um terceiro, o mediador — que deve ser
apto, imparcial, independente e livremente escolhido ou aceito —, expõem o
problema, são escutadas e questionadas, dialogam construtivamente e
procuram identificar os interesses comuns, opções e, eventualmente, firmar
um acordo1.
Em que consiste a mediação? Proporciona em termos individuais, ao
nível das empresas e instituições um conjunto de competências eficazes em
comunicação, negociação e mediação para prevenir e gerir riscos, conflitos e crises.
1 Vasconcelos, 2008.
A mediação é uma forma específica de prevenir e resolver os conflitos
de forma duradoura privilegiando a qualidade da comunicação e das relações humanas
propiciando interesses respectivos e comuns e ajudando na tomada de decisão.
As conceituações sobre Mediação são as mais variadas, na concepção de
Áureo Simões Júnior:
A Mediação é uma técnica pela quais duas ou mais pessoas, em conflito potencial ou real, recorrem a um profissional imparcial, para obterem num espaço curto de tempo e a baixos custos uma solução consensual e amigável, culminando num acordo em que todos ganhem. A Mediação é uma resposta ao incremento da agressividade e desumanização de nossos dias, através de uma nova cultura, em que a solução dos conflitos passa por um facilitador profissional que tenta através de várias técnicas, pela conscientização e pelo diálogo proporcionar uma compreensão do problema e dos reais interesses e assim ajudar as partes a acordarem entre si, sem imposição de uma decisão por terceiro, num efetivo exercício de cidadania.
Segundo Christopher W. Moore, renomado mediador americano A
mediação é definida como:
A interferência em uma negociação ou em um conflito, de uma terceira pessoa aceitável, tendo o poder de decisão limitado ou não autoritário, e que ajuda as partes envolvidas a chegarem, voluntariamente, a um acordo, mutuamente, aceitáveis em relação às questões em disputa.
A Mediação se origina da palavra latina "mediatio" - "meditationis" no
seu genitivo, que significa, "intervenção com que se busca produzir um acordo" ou
ainda "processo pacífico de acerto de conflitos, cuja solução é sugerida, não imposta às
partes".
Mediação vem do latim mediare e quer dizer dividir ao meio, repartir em
duas partes iguais. Quem primeiro usou a palavra mediador foi Justiniano, em
substituição da palavra proxenetas, que eram os mediadores que atuavam nas
províncias. Na religião podemos encontrar diversas passagens em que se menciona a
figura do mediador. Tendo sido Jesus o seu precursor... “Porque há um só Deus, e um só
Mediador entre Deus e os homens Cristo Jesus, homem...” (I Timoteo 2:5).
Assim definida, a Mediação é uma forma de tentativa de resolução de
conflitos através de um terceiro, estranho ao conflito, que atuará como uma espécie de
"facilitador", sem, entretanto interferir na decisão final das partes que o escolheram. Sua
função é a de tentar estabelecer um ponto de equilíbrio na controvérsia, aproximando as
partes e captando os interesses que ambas têm em comum, com a finalidade de objetivar
uma solução que seja a mais justa possível para as mesmas. É uma tentativa de um
acordo possível entre as partes, sob a supervisão e auxílio de um mediador. Uma das
grandes vantagens da Mediação é que ela pode evitar um longo e desgastante processo
judicial, pois a mesma se dá antes que as partes se definam por uma briga nos tribunais,
resolvendo suas diferenças de forma extrajudicial, levando ao Judiciário apenas aquelas
questões que não podem ser resolvidas de outra forma. Exemplos práticos: Conflitos de
vizinhança, separação, divórcio, conflitos trabalhistas, etc.
Os melhores exemplos de mediação de tempos antigos encontramos na
China antiga, que usava este instituto para resolver as divergências entre seu povo. Hoje
a china já formou um milhão de mediadores que atuam inclusive nas escolas.
A Lei nº. 9.307/96 regulamenta a arbitragem no Brasil. Mas não a
conceitua de forma explicita. Para a autora Rozane da Rosa Cachapuz a arbitragem é:
“meio extrajudicial de resolução de conflitos, tem por finalidade a busca da fonte
causadora que originou o problema, para juntamente com os envolvidos, encontrar uma
solução”.
A medição fundamenta-se na soberania da vontade das partes, onde
apenas elas são responsáveis pela solução final do conflito. O papel do mediador é
intervir quando os recursos das partes em termos de conhecimento e persuasão, não
conseguiram chegar a uma solução. Neste momento cabe ao mediador apresentar as
partes, algo novo, diferente, para estimular e até mesmo ajudar os interessados para que
surjam ofertas e propostas para chegarem a uma solução.
É conduta obrigatória das Juntas de Conciliação e Julgamento no Brasil
bem como nos Tribunais Regionais do Trabalho e no Tribunal Superior do Trabalho,
quando se trata de dissídios coletivos, atuar como mediadores, para a solução pacifica e
justa do conflito, sendo passível de nulidade do julgado se esta função não for exercida,
por primeiro.
Com efeito, a mediação, ainda não sendo disciplinada na legislação
brasileira, envolve a tentativa das partes em litígio para resolver, suas pendências, com o
auxílio de um terceiro, necessariamente neutro e imparcial que desenvolve uma
atividade consultiva, procurando quebrar o gelo entre as partes que, permanecem com o
poder de pôr fim ao conflito mediante propostas e soluções próprias.
3.3. ARBITRAGEM
• ARBITRAGEM: Constitui-se a arbitragem num "instituto misto”, porque, como
leciona Guido Soares: É, a um só tempo, jurisdição e contrato, sendo um procedimento estipulado pelas partes, com rito por elas determinado, ou, na falta, suprido pela lei
processual da sede do tribunal arbitral, fundando-se no acordo de vontade das partes que procuram obter a solução de um litígio ou de uma controvérsia.
Pode-se, ainda, conceituar arbitragem como "um processo de solução de
conflitos jurídicos pelo qual o terceiro estranho aos interesses das partes, tenta conciliar
e, sucessivamente, decide a controvérsia".
Outro conceito pertinente esclarece que "a arbitragem é uma forma de
composição extrajudicial dos conflitos, por alguns doutrinadores considerada um
equivalente jurisdicional".
Impende ressaltar que a utilização da arbitragem está adstrita a direitos
passíveis de serem transacionados, ou seja, direitos de índole patrimonial. Assim, não
pode ser utilizada em matéria de Direito de família, Direito Penal, Falimentar e
Previdenciário.
3.4. CONCILIAÇÃO
A principal caracteristica da conciliação consiste na hipótese de que se as
partes não chegarem a um entendimento o conciliador pode propor uma solução, que a
seu ver seja a mais adequada àquela situação. Ficando a vontade das partes a aceitação
da solução proposta pelo conciliador. Por ser um processo pacifico e voluntário cria um
ambiente adequado para que as partes procurem de forma criativa uma solução
amigável para sua disputa. O conciliador tem como objetivo principal conduzir as
partes, ou se for o caso propor a elas, a melhor solução para o problema.
A conciliação pode ser aplicada em qualquer tipo de conflito que surja na
convivência entre as pessoas. É antes de tudo, assim como a mediação, uma técnica para
solução dos conflitos de interesses que podem surgir em qualquer meio, seja ele
político, comercial nacional ou internacional, entre empresas, entre pessoa física e
pessoa jurídica e entre pessoas físicas.
A conciliação poderá ser conduzida diretamente pelo juiz togado como
pelo leigo ou pelo conciliador sob orientação deste. Tendo a conciliação sucesso, a
mesma será reduzida a termo e receberá homologação do juiz togado, mediante
sentença a que se reconhece a força de titulo executivo.
Logo, se o juiz togado dirigiu a instrução caberá a ele proferir o
julgamento de mérito da causa, pelo principio da imediatividade e identidade física do
juiz. Se for o juiz leigo quem dirigiu a instrução, caberá a ele proferir a sentença, a qual
terá que ser imediatamente homologada pelo juiz togado. A sentença realmente só
adquire a sua eficácia especifica depois de passar pelo juiz togado, seja pela
homologação, ou seja, pela elaboração própria.
3.5. NEGOCIAÇÃO
• NEGOCIAÇÃO: Toda negociação tem um ou mais objetivos e estes objetivos
podem ser categorizados como ideais, realistas e prioritários. Os objetivos ideais
são aqueles que poderiam ser concretizados caso o lado oposto da negociação
estivesse de acordo com o que é pedido. Ambas partes da negociação podem
oferecer resistência aos objetivos realistas de uma das partes e através de
negociações exaustivas busca-se atingir um consenso sobre as prioridades de
ambos os lados.
As negociações giram em torno do princípio da troca: é preciso dar para
poder receber. A chave para qualquer negociação é que cada uma das partes deve tirar
vantagens das concessões que se fazem. Em princípio, negociar com êxito nunca
deveria resultar num vencedor nem num perdedor. Ou ambas as partes obtêm um
resultado satisfatório (win/win) ou é um caso de fiasco (loose/loose). O último caso
verifica-se quando nem as prioridades mínimas das partes são atingidas.
É necessário que se tenha o cuidado de fazer claramente a distinção entre desejos e
necessidades quando determinar os seus objetivos. Pode desejar uma coisa (por
exemplo, um carro da empresa), mas não necessitar dele necessariamente (porque quase
nunca tem que sair da empresa durante o horário do trabalho). É somente quando de fato
precisa verdadeiramente de alguma coisa que deve incluí-la nos seus desejos.
Primeiro de tudo devem ser diagnosticadas as questões que criaram a
necessidade de negociação. Isto é muito importante porque a falha no diagnóstico da
situação, pode causar hostilidade durante o processo e conseqüente fracasso. Para
diagnosticar a situação devem ser respondidas algumas questões, tendo em conta as
causas, mais do que as personalidades envolvidas. No mínimo, deveram ser encontradas
respostas para as seguintes 6 questões:
• O que se quer? É isso mesmo?
• O que se acha que a outra entidade quer ou precisa? De certeza? • Há divergências relativamente a fatos, objetivos, métodos ou funções?
• O que se perde se o conflito reinar?
• Que objetivos são partilhados por ambas as partes?
• Se decidir a colaborar durante a negociação, quais os primeiros passos a dar?
Durante as negociações poderão ser usados 5 mecanismos para ajudar a
evitar, reduzir ou resolver impasses no processo. Estes mecanismos são apenas uma
ajuda à resolução, mas não substituem a negociação.
• Arbitragem voluntária: as entidades envolvidas, aceitarem que
certos pontos de discórdia, sejam resolvidos por uma entidade
neutra (individual ou coletiva).
• Mediador: um elemento neutro, ouvir ambas as entidades, de
modo a aconselhá-las com novas alternativas, no sentido de
chegarem a um entendimento e colaboração.
• Provedor: alguém que ajuda os empregados a apresentar as suas
preocupações e que lhes fornece informações de como prosseguir
a negociação.
• Facilitador: é uma entidade neutra que dá formação e consultoria
a cada entidade envolvida, de forma independente e isenta, com o
objetivo e ajudar a definir os problemas e a criarem alternativas.
É normalmente usado antes da negociação.
• Tribunal: quando uma ou ambas as entidades apresentam um
processo em tribunal, indicando o que a outra entidade fez de
errado e o que quer como recompensa. Este mecanismo é
desvantajoso, pois cria uma situação de vitória-derrota, provoca
uma decisão imposta pelo tribunal, para além dos custos tempo e
dinheiro envolvidos.
4. MEDIACÃO
4.1 CONTEXTO HISTÓRICO
• Pré-história e história da mediação.
Podemos identificar um começo de mediação na cultura da Grécia
antiga, com a corrente filosófica que pretende fazer refletir as pessoas sobre a sua
relação ao outro e consequentemente a si próprio. A maiêutica instrumentalizava tal
pesquisa. Com efeito, a via maiêutica tinha por finalidade permitir a uma pessoa
expressar o seu conhecimento em si – ou seja, que teria sido adquirido em vidas
anteriores. O filósofo punha em prática esse “savoir-faire” (know-how) de modo que a
pessoa possa refletir e expressar o melhor dela própria. Tal prática propunha-se
desenvolver a responsabilidade pessoal, através do controle das paixões e fazer refletir
cada um sobre as suas relações mestre/escravo em relação a si próprio e em relação aos
outros2.
Assim, o filósofo acompanhava uma reflexão, permitia a uma pessoa
posicionar-se, fazer as escolhas pelas quais se poderia auto-determinar através da
passagem para o ato. O ensino, que assim era dispensado pelos retóricos, tornava-se
antagônico ao dos sofistas que se satisfaziam da relação de eficácia das técnicas da
comunicação (com as sua aplicações nomeadamente nos processos) exceto a dimensão
do que hoje é apelidado de desenvolvimento pessoal, ou seja, o contributo pedagógico
do ato mediador do filósofo.
Nessa época que podemos qualificar de pré-histórica da mediação, já que
não se encontrava conceitualizada enquanto tal formou-se duas correntes:
• A da intervenção de um terceiro interveniente para fazer emergir
a responsabilidade individual, o compromisso livre de paixões (e
nomeadamente nas situações conflituosas);
• A da intervenção de um terceiro interveniente que se substituía às
pessoas e ia ao sentido da tomada de decisão imposta,
desresponsabilizando as pessoas.
2 cf. La République, Livre IV, Platon
Segundo alguns autores, a mediação existe há muito tempo, desde o
tempo em que existe a intervenção de uma terceira parte nos conflitos de outrem. Mas é
claro que se a intervenção de terceiros nos diferendos de toda a natureza se pratica há
muito, não se trata da Mediação tal como tendemos em defini-la desde fins do século
XX. Que possamos identificar, no decurso da história, procedimentos semelhantes ao
dos mediadores, para apresentar ou representar o modo como os homens se comportam
entre si e fazem passar as suas mensagens. Numerosos autores associam tais
procedimentos de tipo medial à própria mediação, seja referindo-se a uma concepção de
branda justiça, seja à tomada de decisão arbitral à maneira do rei São Luís ou do rei
Salomão, à conciliação, ou à negociação.
Ora a concepção da mediação, como disciplina, só aparece no fim do
século XX. Consiste em criar uma extensão da discussão contratual assistida, tendo em
conta um diferendo que impede as partes de ter uma troca serena ao ponto de preferir a
confrontação (lei do talião, lei do mais forte..) ou recorrer a um processo de arbitragem
constrangedor (sistema judicial ou arbitral) que imponha uma solução.
Em nossa pesquisa encontramos uma citação de referência histórica da
mediação feita por Rozane Cachapuz3:
A mediação é um instituto bastante antigo: sua existência remonta aos idos de 3000 a.C. na Grécia. bem como no Egito, Kheta, Assíria e Babilônia, nos casos entre as Cidades- Estados. Os romanos formaram uma cultura jurídica que influi, ainda hoje, em nossa legislação. Na antiga Roma, o arcaico Diritto Fecciali, isto é. direito proveniente da fé, em seu aspecto religioso, era a manilestação de uma justiça incipiente, onde a mediação aparece na resolução dos conflitos existentes. O direito romano já previa o procedimento in iure e o inijudicio, que significavam, na presença do juiz, o primeiro, e do mediador ou árbitro, o segundo. No antigo ordenamento ático e, posteriormcnte, no ordenamento romano republicano, a mediação não era reconhecida como instituto de direito, mas sim, como regra de mera cortesia.
E no decurso da história temos ainda inúmeras confrontações em todo o
mundo que podemos perceber a mediação como forma de resolução dos conflitos,
entretanto iremos nos ater a era contemporânea em alguns países ao redor do planeta,
apenas para citar o surgimento da mediação como doutrina.
A Mediação já existia desde o momento em que uma terceira pessoa
intervinha no conflito tentando resolvê-lo. A história da mediação teve início nos anos
70, nos EUA, espalhando-se para o Canadá, a China e alguns países da Europa.
Diversos são seus meios de atuação: meio ambientes, trabalhistas, educacionais,
3 CACHAPUZ, 2003, p.24
familiares, comerciais, comunitários e relações internacionais, e firmou-se pela própria
sociedade que buscava resolver seus próprios conflitos.
• FRANÇA:
A mediação convencional apareceu em França no início dos anos 80, é
livre e espontaneamente escolhida pelas partes que procedem elas próprias a escolha de
uma terceira parte, o mediador. A mediação judicial promulgada a partir do decreto lei
de 22 de Julho de 1996 é a mediação aceita pelas partes no decurso de um processo e
ordenada pelo juiz que designa e mandava um mediador. Neste caso de aceitação
durante o processo, o juiz promove a mediação. O prazo inicial da mediação não pode
exceder três meses. Esse prazo pode ser renovado, por um mesmo período, a pedido do
mediador, do juiz ou das partes.
• ARGENTINA
A Argentina promulgou a Lei n 24.573 de 25 de outubro de 1995,
instituindo a mediação obrigatória, embora fazendo exclusão de algumas situações.
Estabelece a referida lei o Registro de Mediadores, atribuindo a responsabilidade ao
Ministério da justiça, exigindo para o mediador que possua título de advogado. Tem ele
direito a honorários que serão pagos pelas partes, conforme acordo. Frustrada a
mediação, os honorários serão pagos através de um Fundo.
• JAPÃO
No que se refere ao direito civil, duas leis disciplinam a mediação: a Lei
para determinação de casos de família e a Lei sobre mediação em direito civil. Os
tribunais de família foram criados no japão em 1949. A mediação possui um papel
fundamental nestes tribunais, sendo obrigatória para os litígios envolvendo o direito de
família. Já no que tange às outras áreas do direito civil, a mediação não é obrigatória e
seu papel é secundário.
• PARAGUAI
Fazendo um breve relato da origem da mediação no país, se remontam ao
ano de 1996, época em que instituições como o Centro de Arbitragem e Conciliação do
Paraguai, da Câmara e Bolsa de Comércio e a Universidade Católica Nossa Senhora da
Assunção, por meio de profissionais pioneiros que apostavam e com o pleno
convencimento de que essas ferramentas contribuiriam para alcançar a solução pacífica
e de modo mais rápido dos conflitos, se iniciava o processo de formação através de
cursos de capacitação em mediação no pais.
Marcou-se assim, os avanços da difusão da Mediação e a Arbitragem no
país, com a implementação de uma Oficina de Mediação conectada aos julgados de
primeira instância civil e comercial, do trabalho, da criança e adolescente, e de justiça
de paz letrada de Assunção, e fundamentalmente pela aprovação da lei que regula
ambas figuras, ou seja, a lei nº 1.879/02.
• ESTADOS UNIDOS
Segundo Marcos Scripilliti e José Fernando Caetano4, o uso da mediação
como forma de solução de conflitos nos Estados Unidos não é novidade. Os primeiros
grupos de imigrantes (chineses, judeus e quacres) buscavam resolver seus conflitos por
meio de métodos próprios diante da falta de familiaridade ou mesmo confiança no
sistema jurídico do novo território ocupado.
• BRASIL
A Mediação surgiu no Brasil para tentar solucionar os obstáculos de
acesso a justiça e a ineficiência do sistema judiciário brasileiro.
A Constituição Imperial de 1824 já citava relações extra-judiciários nos
artigos 160 e 161, a Carta Magna cita algumas soluções extra-judiciais como a
Conciliação, a Constituição Federal de 1988 cita no artigo 98, inciso I e II, o Código de
Processo Civil cita no artigo 125.
O Ministério do trabalho foi percussor na busca de possibilidades extra-
jurídicas para resolver os conflitos, procurando assim solucionar as causas não
atendidas pela justiça trabalhista, criando assim a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de
2000 onde contém a participação dos trabalhadores nos lucros e resultados da empresa,
no artigo 4º desta lei apresenta como soluções extra-judiciais para a solução dos
conflitos a Mediação e a Arbitragem.
Observa-se também soluções extra-judiciais nas garantias do direito
como garantia do direito a vida, garantia do direito a justiça.
Introduzida como prática no Brasil em 1996, juntamente com a Lei nº
9.307/96 — Lei da Arbitragem, também conhecida como Lei Marco Maciel, não se
encontra, ainda, regulada através de legislação, mas nos sistemas legais no qual a
mediação familiar foi implementada através de legislação específica, o reconhecimento
da autonomia da vontade das partes e da sua capacidade de resolução das questões
familiares encontra-se afirmação no sistema jurídico, através do papel subsidiário e
4 PORTELA SCRIPILLLITI e CAETANO, 2004, a. 1, nº 1, p. 317-331, jan-abr..
supletivo reservado ao Estado, em um franco processo de desjudicialização, de um
modo ainda não presente em nosso ordenamento jurídico, cujas características se
mantém na forma interventiva.
Muito embora não havendo uma legislação que venha regular a aplicação
do procedimento de mediação familiar, nada impede a sua aplicação, vez que possibilita
uma maior celeridade e eficácia nas questões judiciais, que consolidará os resultados
obtidos através da homologação.
• LINHA DO TEMPO:
• 1494 - o Tratado de Tordesilhas de 1494. Entre Espanha e
Portugal com mediação do Papa. Por ele se definiu as áreas de
incursões marítimas dos dois países.
• 9. 8. 1825 - D. João VI ainda assumiria o título de Imperador
do Brasil para si próprio em 29 de agosto de 1825 nas cláusulas
do tratado de reconhecimento da independência do Brasil,
firmado por mediação inglesa entre o Brasil e Portugal.
• 8/1864 - Solano López ofereceu-se como mediador, mas não foi
aceito. Rompeu então relações diplomáticas com o Brasil,
em agosto de 1864, e divulgou um protesto afirmando que a
ocupação do Uruguai por tropas do Império brasileiro seria um
atentado ao equilíbrio dos Estados do Prata.
• 9. 4. 2006 - O ex-chanceler uruguaio Sergio Abreu do Partido
Nacional (Blanco), de oposição, pediu ao Brasil uma "liderança
responsável" para mediar o conflito entre Argentina e Uruguai e
salvar "o pouco que resta de credibilidade" ao Mercosul.
4.2 PRINCÍPIOS DA MEDIAÇÃO
Os princípios da mediação podem variar de país para país. No entanto,
existe consenso sobre alguns deles, os quais indicam a boa utilização dessa modalidade
de solução de controvérsias. São eles: liberdade das partes, não-competitividade, poder
de decisão das partes, participação de terceiro imparcial, competência do mediador,
informalidade do processo, confidencialidade no processo.
• A LIBERDADE DAS PARTES - significa que devem estar livres quando resolvem
os conflitos por meio da mediação. As partes não podem estar sofrendo qualquer
tipo de ameaça ou coação. Devem estar conscientes do que significa esse
procedimento e que não estão obrigadas a assinar qualquer documento;
• NÃO-COMPETITIVIDADE – deve-se deixar claro que na mediação não se pode
incentivar a competição. As pessoas não estão em um campo de batalha, mas
sim estão cooperando para que ambas sejam beneficiadas. Na mediação não se
pretende determinar que uma parte seja vencedora ou perdedora, mas que ambas
fiquem satisfeitas;
• PODER DE DECISÃO DAS PARTES - na mediação o poder de decidir como o
conflito será solucionado cabe às pessoas envolvidas. Somente os indivíduos que
estão vivenciando o problema são responsáveis por um possível acordo. O
mediador somente facilitará o diálogo, não lhe competindo poder de decisão.
• PARTICIPAÇÃO DE TERCEIRO IMPARCIAL – o mediador deve tratar igualmente
as pessoas que participam de um processo de mediação. Não poderá de forma
alguma privilegiar qualquer uma das partes - deve falar no mesmo tom de voz,
oferecer o mesmo tempo para que elas possam discutir sobre os problemas,
destinar o mesmo tratamento cordial, enfim, o mediador deve agir sem
beneficiar uma parte em detrimento da outra;
• COMPETÊNCIA DO MEDIADOR – o mediador deve estar capacitado para assumir
essa função. Para tanto deve ser detentor de características que o qualifiquem a
desempenhar esse papel, dentre as quais, ser diligente, cuidadoso e prudente,
assegurando a qualidade do processo e do resultado;
• INFORMALIDADE DO PROCESSO - A informalidade significa que não existem
regras rígidas às quais o processo de mediação está vinculado. Não há uma
forma única predeterminada de processo de mediação. Os mediadores procuram
estabelecer um padrão para facilitar a organização dos arquivos e a elaboração
de estatísticas;
• CONFIDENCIALIDADE NO PROCESSO – o mediador não poderá revelar para
outras pessoas o que está sendo discutido no processo de mediação. O processo
é sigiloso e o mediador possui uma obrigação ética de não revelar os problemas
das pessoas envolvidas no processo. O mediador deve agir como protetor do
processo de mediação, garantindo sua lisura e integridade. A confiança das
partes nasce a partir do momento em que têm a certeza de que o mediador não
revelará seus anseios e problemas para um terceiro.
Ainda deve ser esclarecida a necessidade de que a boa-fé seja traço
marcante naqueles que procuram ou são convidados a participar de um processo de
mediação, pois, caso contrário, torna-se quase impossível um diálogo franco e justo. Da
mesma maneira, é imprescindível que exista igualdade nas condições de diálogo, de
forma a evitar que uma parte possa manipular a outra, o que resultaria em um acordo
frágil, com grande probabilidade de ser descumprido.
A sociedade está na carência de alcançar a justiça nas diferentes
modalidades existentes para que definitivamente possa solucionar suas pendências de
maneira eficiente, rápida e com menor onerosidade nas demandas.
O cidadão espera que o Estado, responsável para dirimir qualquer tipo de
lide o faça de forma eficiente e rápida. Onde entra em cena a formas alternativas para
busca de soluções dos conflitos estabelecidos, ou seja, a mediação, a conciliação e a
arbitragem. A necessidade de agilidade nas decisões de conflitos de interesses,
especialmente na área de direito privado, obriga a maioria dos Estados a conceberem
leis que favoreçam a solução amigável dos conflitos. Pois toda vez que o Estado fica
incumbido de solucioná-los, a solução é lenta e num clima contencioso.
A mediação tem como principal característica propiciar oportunidades
para a tomada de decisões pelas partes em conflito, utilizando técnicas que auxiliem a
comunicação no tratamento das diferenças de forma construtiva e interativa. O
mediador tem a função de aproximar as partes para que elas negociem de forma direta a
solução, findando assim, o conflito iniciado com os interesses in casu.
A mediação é uma forma recursal muito eficaz para acabar com uma
demanda. Tem que ser confidencial e voluntário, neste processo de busca pela solução a
responsabilidade pela decisão mais apropriada cabe as partes envolvidas. Sua aplicação
cabe em todo e qualquer ambiente de convivência que venha a gerar conflitos.
Nos tempos atuais o instituto da mediação, começou a ser aplicado nos
EUA, difundindo-se para paises como o Canadá, a China e alguns paises da Europa.
Nos paises da Europa a mediação já é empregada a mais de cinqüenta anos, sendo o
meio mais pratico e rápido para solução de conflitos.
O sucesso da mediação consiste, não apenas no melhor acordo para as
partes, mas na forma como age no emocional das pessoas, desenvolvendo um
sentimento de busca pelo que é justo, reconhecendo suas diferenças, para alcançarem à
satisfação dos interesses resolvidos, sem o desejo de vingança ou ressentimento. A
mediação pode ser:
• Mediação Familiar
• Mediação Empresarial
• Mediação de Conflitos (Comunitária)
• Mediação Escolar
4.3 A QUEM SE DIRIGE?
A qualquer pessoa que privilegie a comunicação e que se encontre
confrontado com problemas na esfera:
• Familiar: divórcio, separação, conflitos entre pais e filhos;
relacionados com sucessões;
• Laboral;
• Comercial;
• Intercultural;
• Escolar;
As vantagens da mediação:
• Rapidez (algumas sessões em três meses no máximo);
• Liberdade na tomada de decisão;
• Econômica (custo proporcional aos seus rendimentos)
• Eficaz (centrada na sua liberdade de tomada de decisão);
• Confidencial;
• Imparcial.
4.4 QUEM É O MEDIADOR ?
O mediador é um profissional especializado que garante a qualidade da
comunicação e das relações humanas de forma independente, neutra e imparcial. È um
profissional na área das ciências sociais, humanas, ou jurídicas especializadas na área da
gestão de conflitos que propiciará a comunicação entre as pessoas para:
• Ouvi-las;
• Permitir que expressem as suas posições sobre o desacordo;
• Propiciar a comunicação;
• Acompanhá-las na tomada de decisão.
Tratando-se da resolução de conflitos interpessoais, a mediação
encontra-se inevitavelmente influenciada pelas diferentes concepções da pessoa
humana.
A concepção que cada um tem da mediação e da formação em mediação
está relacionada com a visão que cada um tem da pessoa humana e que vai influenciar a
sua ação enquanto mediador, de acordo com os valores que sustentam as suas próprias
crenças ou motivações. Tal como continuam a ser polêmicas as discussões em volta da
formação em psicologia, em sociologia, na área da psicanálise e de forma geral, em
todas as áreas que se inscrevem na mudança do comportamento humano, a mediação e a
formação de mediadores interpelam, tal como interpelam todas as áreas do
conhecimento que se inscrevem na evolução do comportamento humano.
Na realidade, nesta nova cultura que se mundializa, centrada sobre o
sujeito e a individualidade, é interpelado tudo que impõe soluções aos outros, agitando
as próprias democracias ao convidar a uma reflexão sobre os seus funcionamentos,
sobre a autonomia das pessoas relativamente à tomada de decisão, e consequentemente
questionando as estruturas de poder.
A mediação, nesse movimento cultural, é uma palavra que reveste
inúmeros conteúdos, quer no Brasil quer no resto do mundo. As inúmeras formações
transmitem esta diversidade de diferentes concepções da mediação. Sem definição que
faça a sua unicidade, verificando-se uma diluição do conceito por vezes confundido
com conciliação e até animação, ou seja, com um pouco de tudo o que implica uma
intervenção ternária, também na dimensão formativa se verifica uma diluição das
necessidades de formação.
4.5 MODELOS DE MEDIAÇÃO
Há modelos focados no acordo e modelos focados na relação. Os
modelos focados no acordo (mediação satisfativa e conciliação) priorizam o problema
concreto e buscam o acordo. Os modelos focados na relação (circular-narrativo e
transformativo) priorizam a transformação do padrão relacional, por meio da
comunicação, da apropriação e do reconhecimento.
Embora os vários modelos de mediação acolham os princípios da
autonomia da vontade, da confidencialidade e da inexistência de hierarquia, a
conciliação — que nem por isto deixa de ser um modelo de mediação — adota o
princípio da hierarquia e limita a confidencialidade e a autonomia da vontade.
6.1 MODELOS DE MEDIAÇÃO FOCADOS NA RELAÇÃO
As mediações focadas na relação obtêm melhores resultados nos
conflitos entre pessoas que mantêm relações permanentes ou continuadas. A sua
natureza transformativa supre uma mudança de atitude em relação ao conflito. Em vez
de se acomodar a contradição para a obtenção de um acordo, busca-se capacitar os
mediandos em suas narrativas, identificar as expectativas, os reais intereses e
necessidades, construir o reconhecimento, verificar as opções e levantar os dados de
realidade, com vistas, primeiramente, à transformação do conflito ou restauração da
relação e só depois, à construção de algum acordo.
Os conflitos que melhor se prestam à mediação focada na relação são os
conflitos familiares, comunitários, escolares e corporativos, entre pessoas que habitam,
convivem, estudam ou trabalham nas mesmas residências, ruas, praças, clubes,
associações, igrejas, bares, escolas, empresas etc. Mediação familiar, para conflitos
domésticos ou no âmbito da família; mediação comunitária, para contos de vizinhança;
mediação escolar, no ambiente das instituições de educação, inclusive quando praticada
pelos próprios alunos em relação aos seus conflitos reciprocos; mediação corporativa,
para os conflitos no ambiente empresarial. A mediação focada na relação também pode
ser utilizada nos Juizados Especiais Criminais, como instrumento de justiça restaurativa.
São elas:
4.5.1 Mediação Circular-Narrativa:
Trata-se de todo um processo criativo decorrente da agregação ao
modelo satisfativo, tradicional, de Harvard, de aportes da teoria geral dos sistemas,
muito especialmente da terapia familiar sistêmica, da cibernética de primeira e segunda
ordem, da teoria do observador, da teoria da comunicação, da teoria da narrativa, etc.
Nesse modelo, a obtenção do acordo deixa de ser o objetivo prioritário para se tornar
uma possível conseqüência do processo circular-narrativo.
Tenta desenvolver um espírito negociador nas partes, para que o acordo
seja logrado. Se busca a transformação da narrativa, para que a mesma seja efetiva.
Foca tanto acordo como a própria relação entre as partes. Tenta um acordo e busca a
solução em si.
4.5.2 Mediação Transformativa:
A mediação transformativa acolhe técnicas da mediação satisfativa,
aspectos da terapia sistêmica de família e os elementos do paradigma da ciência
contemporânea, tais como a complexidade, a instabilidade e a intersubjetividade.
Reforça a importância da pré-mediação e dos conceitos e procedimentos em torno de
posições, escutas, questionamentos, apropriações, prevalência do aspecto intersubjetivo
do conflito, resumos, interações, interesses, opções. dados de realidade e acordos
subjacentes.
Centra-se na modificação do relacionamento entre as partes. O que
importa, mais que a resolução do conflito diretamente, é a mudança comportamental dos
litigantes, pois isso gera, indiretamente e a médio prazo, a resolução da problemática
sem a participação do Estado. Essa modalidade está preocupada com a função social do
instituto. Busca a solução em si.
4.6 MODELOS FOCADOS NO ACORDO
Esses conceitos eram aplicados enquanto técnicas de negociação,
priorizando-se o conflito objetivo (o problema concreto), com vistas ao acordo
negociado. Esses procedimentos e técnicas, desenvolvidos a partir dos anos cinqüenta e
sessenta do século passado, destinaram-se, inicialmente, a contribuir para a superação
dos constantes impasses nas negociações da Guerra Fria entre Estados Unidos e União
Soviética. Foram utilizados conceitos de psicanálise e lingüística sobre comunicação e
construção do discurso, para uma melhor compreensão do manifesto e do subjacente.
Na ótica da mediação satisfativa, o mediador deverá ser conhecedor da
matéria objeto da controvérsia, para que após o restabelecimento da comunicação entre
as partes, possa contribuir com sugestões práticas e objetivas, a título de subsídios
dirigidos para a facilitação do melhor acordo.
4.7 CAPACITAÇÃO DOS MEDIADORES
A prática da mediação de conflitos pressupõe capacitação para lidar com
as dinâmicas do conflito e da comunicação. A capacitação em mediação de conflitos
inclui, necessariamente, conhecimentos metodológicos de caráter interdisciplinar. O
Plano de Capacitação em Mediação — recomendado pelo Conselho Nacional das
Instituições de Mediação e Arbitragem — CONIMA — prevê um Curso de Capacitação
Básica em Mediação abrangendo o módulo teórico- prático e o estágio supervisionado.
Para o módulo teórico-prático são recomendadas abordagens
sociológicas, psicológicas, de comunicação e de direito, conforme os paradigmas
contemporâneos. Também estão previstos estudos sobre o conflito, os conceitos, os
modelos e as etapas do processo de mediação. O programa também prevê um estudo da
função, perfil, postura, qualificação, código de ética do mediador e referências às áreas
de atuação, a exemplo da mediação familiar, empresarial, trabalhista, organizacional,
comunitária, escolar, penal, internacional e de meio ambiente. No tocante à carga
horária, o CON1MA recomenda para o módulo teórico-prático um mínimo de 60
(sessenta) horas, com freqüência de, pelo menos, 90% (noventa por cento). Ao término
desse módulo teórico-prático, o aluno deverá receber um certificado de participação,
salientando-se o aprendizado de noções básicas de Mediação.
Destacamos, entre essas noções básicas, os preceitos de uma
comunicação construtiva (receptiva, assertiva e integradora). O Estágio Supervisionado
compreende a prática supervisionada de casos reais em que o estagiário revezará
participações como mediador, co-mediador e observador, apresentando, ao final, um
relatório da experiência vivenciada. A etapa denominada Estágio Supervisionado deverá
ser cumprida em, no mínimo, 50 (cinqüenta) horas.
Os certificados de capacitação básica em mediação deverão ser
conferidos aos que cumprirem, com bom aproveitamento, essas duas etapas
(teóricoprática e estágio supervisionado). A avaliação do bom aproveitamento deve
considerar o conhecimento técnico e a conduta do mediador. Deve-se destacar, porém,
que, em virtude das limitações na demanda por mediações em certas localidades, tem
sido comum a ampliação do número de horas-aula do módulo teórico-prático para
contemplar a supervisão de casos simulados.
Há muitas formações, há pouca divulgação do modo como se formam os
mediadores, sobre as metodologias concretas dinamizadas, sobre os referenciais
teóricos. Existem poucas formações que no seu conteúdo proponham por outro lado, o
acompanhamento, a investigação, uma reflexão e uma supervisão das práticas dos
mediadores formados e dos projetos profissionais desenvolvidos.
Os conteúdos e a filosofia de formação também estão interligadas com as
diferentes concepções da mediação, podemos reconhecer, tal como é tipificada por
diferentes autores entre os quais J.L Lascoux que identificam quatro grandes
concepções:
5. A MEDIAÇÃO FAMILIAR
5.1 FAMÍLIA: MEIO DE REALIZAÇÃO PESSOAL E AFETIVA
A afetividade surge como elemento essencial e marcante da união
familiar, nas mais diferentes formas sociais. Na tendência evolutiva da família, um fato
que registra o novo modelo de família é: o compromisso dos vínculos afetivos.
Segundo Paulo Luiz Neto Lôbo5: A função afetiva, que unifica e
estabiliza a família, pressupõe a concretização de princípios que passaram a ser
claramente consagrados pela nova Constituição:
a) Princípio da igualdade absoluta entre os cônjuges e entre os filhos;
b) Princípio da liberdade, conducente da auto-responsabilidade, da
participação, da colaboração;
c) Princípio da pluralidade de entidades familiares, permanecendo a
norma da indução, não mais da cogência, com relação à família
legítima. São princípios que marcam o rompimento da estrutura da
família patriarcal e dão início ao resgate dos valores significativos
para a realização pessoal e afetiva da família brasileira.
Entretanto, não se pode negar que evidentemente, as relações de família
também têm natureza patrimonial6. Se tantas lacunas legais ainda pairam no ar7, ainda
assim, o caminho lógico percorrido pelo Direito de Família é o de andar em
consonância com a família atual. Deve-se, para tanto, abandonar a forma tipicamente
vinculada aos bens e ao patrimônio dos envolvidos em situações legalmente
estabelecidas, os conflitos jurídicos, sabendo-se que elas também apresentam elementos
como amor, ódio e dor.
Diante disso, questiona-se qual “o papel jurídico do afeto nas relações de
família”8. Há muito que o sentimento de afeto ou desafeto ingressou no meio jurídico. A
5 ibdem – Ibid, p. 79. 6 ibdem – Ibid, p. 67. 7 A exemplo da omissão verificada nos casos referentes ao exercício da paternidade e/ou maternidade vinculado à união homossexual. 8 RAMOS, 1998. p. 273.
situação afetiva é enfrentada sem se dar margem a qualquer discussão, ou seja,
considerando-a sem relevância para o Direito de Família na solução de litígios9.
Diante do atual sistema normativo e processual legal, pode-se discutir
quais as dimensões do rompimento familiar, em casos de separação e divórcio, visto que
a família é o centro da realização pessoal e afetiva.
Enquanto a família permanece unida pelo afeto, os conflitos podem ser
entendidos/solucionados distantes da esfera jurídica. Mas, uma vez rompidos os laços
de algum dos envolvidos – pai e mãe –, há conseqüências legais e afetivas para eles
mesmos e seus filhos: a moderna concepção jurídica de família apresenta meios de
enfrentamento de situações fáticas, viabilizando que o julgador decida através de
mecanismos adequados.
5.2 EM BUSCA DE NOVAS SOLUÇÕES: A MEDIAÇÃO FAMILIAR
Em conflitos envolvendo ex-cônjuges, é importante preservar um
mínimo de respeito, para que ambos expressem seus sentimentos, emoções, raivas e
angústias. Isso facilita a comunicação e os leva a pensar nas diferentes opções possíveis
para resolver o conflito.
Muitos casos de rompimento da vida em comum poderiam ser evitados,
mas os envolvidos, algumas vezes por orgulho, vergonha ou medo, acabam não
revelando o desejo de tentar novamente. Por isso, é necessário que o judiciário promova
meios apropriados para se atingir uma possível reconciliação. Além do mais, vê-se,
mesmo nas classes economicamente mais privilegiadas, que as pessoas relutam em
buscar o auxílio de psicólogos, psicanalistas ou psiquiatras. Então, cabe ao Judiciário
proporcionar um acesso rápido e possível a esses recursos nas circunstâncias de
rompimentos familiares, um momento crucial, de máxima necessidade dos envolvidos,
porque todo rompimento causa cicatrizes. Para Maurique10, o fato.
(...) de nós, operadores jurídicos, estarmos apoiados nos conceitos clássicos
de casamento e separação, obrigadas a seguir rígidas formas esquemáticas
e a necessidade de produzir números estatísticos, aliado a não ter formação
específica para entender os conflitos afetivos, aponta para impossibilidade
da solução jurídica tradicional para esse tipo de situação.
O processo de mediação pode ser uma maneira de aproximar as partes
para discutir questões de interesse mútuo ou não, observando e mediando pontos de 9 ibdem – Ibid, p. 274-275. 10 MAURIQUE, 2001, p. 23,.
vista convergentes e divergentes. Dessa forma, é possível iniciar uma batalha contra os
conflitos em questão, e então, discutir as razões e motivos que interferem nas decisões
dos envolvidos.
As partes do conflito precisam resolver questões complexas instauradas
muito além do aspecto, unicamente, legais. E a mediação é uma forma de possibilitar
momentos de comunicação entre o casal resolvendo questões emocionais que
possibilitem uma separação ou divórcio baseado no bom senso, e não na vingança
pessoal.
Antes de tudo, a mediação dos conflitos familiares é uma oportunidade
para o crescimento e a transformação dos indivíduos. Essa situação é muito difícil de
ocorrer, num processo de rompimento conjugal de união estável, separação ou divórcio,
no atual sistema jurídico brasileiro, que não respeita a complexidade existente em
relacionamentos que envolvem vínculos afetivos. Uma preocupação pelos outros.
Por isso, é essencial distinguir os interesses patrimoniais e materiais das
questões afetivas. O que se vê muitas vezes é a utilização do patrimônio, de bens, da
guarda dos filhos para vingar-se de outras e verdadeiras razões do rompimento, as quais
não podem ser discutidas e trazidas ao processo. Assim, no lugar das verdadeiras razões,
conscientes ou inconscientes, acaba-se utilizando a partilha de bens para trazer à tona
vinganças, mágoa, dor, ódio, existentes no momento do rompimento das relações
afetivas. Aparentemente, acaba-se discutindo questões meramente patrimoniais, ou seja:
os bens tomam o lugar do afeto. A mediação é uma forma de favorecer, promover e
facilitar o alcance dos objetivos constantes na legislação constitucional e
infraconstitucional, buscarem o entendimento das partes sem levar em conta unicamente
as provas e alegações constantes no processo, sem precisar ficar atrelado ao “culpado”,
definição um tanto ultrapassada no que diz respeito às verdades relativas e ao
relacionamento entre pessoas, ligadas tanto pelo sentimento de amor quanto pelo de
desamor.
A mediação traz a possibilidade de arejamento e consideração das
questões emocionais irrelevantes para o procedimento judicial11. Tanto é uma realidade,
que após o rompimento, na constância de nova união, as partes podem repetir “erros” e
voltar a se deparar com alguns dos “problemas insolúveis” da união anterior.
11 SERPA, 1998. p.25.
É dever do Direito de Família constitucionalizado utilizar a
multidisciplinaridade, ou seja, o direito à psicologia, à psicanálise, à sociologia e a
conhecimentos de outras áreas para conseguir alcançar uma mediação familiar. No dizer
de Juan Luis Colaiácovo e Cynthia A. Colaiácovo12:
O método do contencioso, que integra o mapa filosófico do advogado,
baseia-se em que: 1. As partes na disputa são adversariais; 2. As disputas se
resolvem pela aplicação da lei apropriada. Por isso, muitas vezes se dá
pouca atenção a carências emocionais das partes, como honra, respeito,
segurança, dignidade, etc., inclusive carência da devida atenção antes,
durante e depois do processo. Estes aspectos, de caráter puramente
subjetivo, quando afetados, são, geralmente, compensados com um
ressarcimento financeiro.
Deve-se considerar, inclusive, que nem sempre a ruptura acontece
plenamente: as sentenças são proferidas, mas os casais não conseguem se separar
emocionalmente. A dissolução da sociedade conjugal provoca mudanças subjetivas e
objetivas na vida das pessoas envolvidas, pois todos perdem. Os conflitos externos
podem ser resolvidos quando os conflitos internos são compreendidos, uma vez que o
caminho da busca por si mesmo leva à compreensão dos mecanismos geradores de
conflitos. Isso equivale a dizer que, enquanto as partes não buscarem resolver ou
identificar seus verdadeiros conflitos internos, não se pode alterar o seu comportamento
e a sua forma de lidar com as disputas. Assim, os interesses não poderão ser satisfeitos.
É recomendável buscar um meio mais eficiente, menos moroso, possível
de ser realizado nos casos de rompimento conjugal, propiciando que os interessados
possam (re) aprender a utilizar à sensibilidade, a empatia, a compreensão um para com o
outro, trazendo alternativas que beneficiem ambos. O desejável, portanto, é uma
mediação capaz de ajudar os envolvidos a superarem as naturais dificuldades
emocionais e as conseqüências jurídicas decorrentes da mudança de vida promovida
pelo término da união.
5.3 A MEDIAÇÃO FAMILIAR, COMO MEIO DE APLICAÇÃO DOS DIREITOS
INDIVIDUAIS E SUA TUTELA.
Primeiramente, é preciso detalhar um pouco mais o que será denominado
como mecanismos de negociação e de solução dos conflitos, os quais passam,
12 COLAIÁCOVO, 1999. p. 63.
necessariamente, por uma transformação, sem que dada solução seja idêntica ou
semelhante ao modelo imaginário estabelecido.
Aparece claro que o meio mais eficiente de intervir no entendimento
entre as partes ou auxiliar nele é permitir a verbalização do sentimento da parte que está
comprometida. Promove-se, então, compreensão que ultrapassa uma visão pessimista e
de auto-piedade pela situação que se apresenta. Quem tem uma visão negativa do
desentendimento jamais aceitará a intervenção se o mediador iniciar a mediação
colocando aspectos positivos do conflito. A parte precisa sentir como o outro
compreende, também, sua posição. Dessa forma, seria forma adequada de propiciar o
entendimento entre as partes levar homem e mulher a compreenderem ou perceberem
algumas razões da outra parte, sem que para isso sejam necessárias definições jurídicas
do que é de direito ou não.
No âmbito da mediação de família, todas as relações se constituem e se
transformam na medida em que são processadas. Mesmo assim, alguns autores afirmam
que quando os clientes dão vazão às suas emoções ou fazem perguntas legais, o
mediador ignora esta parte da comunicação e resume as partes úteis13.
No entanto, ocorrendo o tipo de situação afirmada pelos autores, fica
impossível chegar a uma mediação que se proponha a pôr fim ao conflito. Se as
questões “escondidas” não puderem ser discutidas e comunicadas, jamais ocorrerá o
rompimento das barreiras que entravam o processo de negociação.
Alguns mecanismos de negociação para um possível fim do conflito
emergente podem ser definidos como possíveis intervenções, tais como14:
1. Relacionadas aos valores:
• Evitar tratar o problema em termos que definem valor;
• Permitir que as partes concordem e discordem;
• Buscar um objetivo superior e que independa de critérios de valoração.
2. No relacionamento:
• Realizar encontros privados entre cada um dos envolvidos;
• Promover a expressão e compreensão das emoções;
• Melhorar a qualidade e a forma de comunicação existente.
3. Nos dados em questão:
• Conseguir determinar quais têm importância; 13 HAYNES, 1996. p. 24. 14 MOORE, 1998. p. 62 - 63.
• Reunir dados no início do processo;
• Utilizar especialistas como terceira parte, para romper impasses e
determinar diversos enfoques.
4. De interesse:
• Concentrar-se nos interesses, meios utilizados e manifestos para alcançá-
los;
• Realizar questionamentos objetivos e direcionados;
• Desenvolver técnicas que auxiliem a determinação dos verdadeiros
interesses envolvidos.
5. Nas estruturas:
• Definir o papel de cada um no processo;
• Estabelecer uma tomada de decisão justa e aceitável por ambos;
• Alterar o relacionamento físico e ambiental das partes.
É de fundamental importância, ainda, oferecer oportunidade, mediante
técnicas, jogos, entrevistas, e outros, de interagir num ambiente onde cada um dos
envolvidos tenha possibilidade de se expressar, demonstrar seus sentimentos de outras
formas além da verbalização. Desse modo, será possível verificar as reações, os
impulsos, defesas, angústias, modos de reagir aos conflitos e inclinações interiores de
cada um dos envolvidos.
A mediação aqui abordada configura-se como um procedimento distinto
da conciliação e, ainda mais distante da arbitragem, já que apenas na mediação se
consideram as relações conflituosas e os sentimentos dos envolvidos, bem como as
possíveis conseqüências para as partes.
No caso da mediação, o mediador não opina, não sugere nem decide
pelas partes. Ela deve, sim, ir além do acordo, visando também à melhora da relação
entre as partes. Os objetivos principais da mediação devem ser:
a) Desenvolver a sensibilidade para entender o outro;
b) Desenvolver a harmonia interior;
c) Deixar de aparentar para ser autêntico;
d) Abandonar opiniões e argumentos preconcebidos contra o outro.
O mediador deve funcionar, portanto, como um timoneiro, que orienta a
direção do navio sem interferir no seu curso. Deve-se ter em mente que
O mediador tem que ajudar cada pessoa do conflito para que elas o
aproveitem como uma oportunidade vital, um ponto de apoio para renascer,
falarem-se a si mesmas, refletir e impulsionar mecanismos interiores que as
situem em uma posição ativa diante dos conflitos. O mediador estimula a
cada membro do conflito para que encontrem, juntos, o roteiro que vão
seguir para sair da encruzilhada e recomeçar a andar pela vida com outra
disposição15.
A mediação visa reaproximar as partes para que estas encontrem seus
reais conflitos e seus verdadeiros interesses, proporcionando-lhes, de forma consciente
ou inconsciente, a percepção de diversos ângulos da mesma questão, dificilmente
observados ao assumirem suas posições no litígio, devendo, para tanto, englobar a busca
pela resolução dos problemas e, também, o relacionamento entre as partes. Visa, enfim,
auxilia-las a encontrar um acordo que atenda aos seus interesses, reconhecendo que não
existe melhor sentença do que a vontade comum.
Já em conflitos de ex-cônjuges, um cuidado que se deve ter é o de
preservar um mínimo de respeito, para que ambos expressem seus sentimentos,
emoções, raivas e angústias, facilitando a comunicação e levando-os a pensar nas
diferentes opções possíveis de resolução do conflito.
Deve-se salientar, mais uma vez, que a autocomposição dos conflitos
implica a necessidade da utilização de recursos voltados para a solução dos conflitos, já
que os conflitos externos só podem ser resolvidos quando os internos forem
compreendidos, e o caminho da busca por si mesmo leva à compreensão dos
mecanismos geradores de conflitos.
Isso significa que, enquanto as partes não buscarem resolver ou
identificar seus verdadeiros conflitos internos, não se pode alterar o seu comportamento
e a sua forma de lidar com as disputas, ou seja, os interesses não serão satisfeitos.
Mas, então, como seria possível transformar o comportamento
prejudicial das pessoas frente ao mundo?
As respostas são complexas, e incluem a utilização de métodos
aparentemente simples: o trabalho de autoconhecimento faz com que as pessoas
solucionem seus conflitos internos, sem mesmo saberem a forma como isso ocorreu.
Solucionam os problemas descobrindo a resposta em seu próprio silêncio e preenchendo
as lacunas existenciais.
Mesmo nas classes economicamente mais privilegiadas, as pessoas
relutam em buscar o auxílio psicológico profissional. Por isso, cabe ao Judiciário
15 WARAT, 2001. p. 76-77.
proporcionar um acesso rápido nas circunstâncias de rompimentos familiares, um
momento crucial, de máxima necessidade dos envolvidos, porque todo rompimento
causa cicatrizes.
Enfim, o que se quer afirmar é a viabilidade de um procedimento de
mediação anterior ao processo judicial, com vistas a resolver de forma verdadeiramente
justa os conflitos relacionados ao Direito de Família.
5.4 UMA PERSPECTIVA DE SUPERAÇÃO DA CRISE: MEDIAÇÃO PRÉVIA À
INSTÂNCIA DO JUÍZO COMO RESOLUÇÃO ALTERNATIVA DO CONFLITO
O padrão de comportamento do brasileiro quanto à dissolução de união
e/ou casamento acarreta a necessidade de imposição, por parte do Estado, da presença
das partes para uma tentativa de mediação prévia à instância do juízo. Deve-se lembrar
que, no momento do rompimento, sob emoções fortes, imprecisão de percepção, má
comunicação e comportamento negativo, não se poderiam exigir uma escolha dos
envolvidos entre a forma alternativa para a resolução de conflitos – a mediação - e o
processo tradicional de separação ou divórcio, daí a necessidade de se falar em
imposição. Então, acredita-se na determinação da presença dos envolvidos no processo
de separação ou divórcio, na sessão de mediação. Entretanto, deve caber às partes o
continuum após o estágio inicial, no qual o mediador explicará aos participantes a sua
função e os procedimentos a serem utilizados na mediação.
O momento também seria oportuno para definir aquilo que seria – no
processo tradicional – determinado na audiência de conciliação, com vistas à
homologação de um acordo entre as partes.
Certamente, uma escolha, antes da mediação, estaria baseada nos
sentimentos vivenciados no momento da ruptura da vida em comum, do qual fazem
parte a apreensão, a angústia e a tristeza. No entanto, não se pode esperar que alguém
movido pela raiva, indiferença ou rancor decida adequadamente a respeito de algo.
A mediação em casos de separação e divórcio é plenamente possível,
desde que aconteça com o acompanhamento de mediadores capacitados e treinados.
O procedimento judicial adotado atualmente não condiz com as atuais
necessidades e anseios da comunidade. Certamente os juízes das Varas de Família nem
sempre são suficientemente informados nem possuem condições adequadas de perceber
as mudanças ocorridas depois de algum tempo entre os envolvidos no processo de
separação ou divórcio.
O objetivo principal do tipo de intervenção proposto é evitar que os
conflitos familiares acabem se tornando crônicos, ao contrário do processo adversarial,
que não se preocupa e não tem espaço, em seu procedimento, para resolver as crises e
conflitos familiares de maneira que as partes possam decidir por si mesmas.
Deseja-se que as partes não precisem renunciar a sua própria autonomia
em nome de advogados, defensores ou juízes, os quais se encontram na difícil situação
de julgar a partir do relato breve dos envolvidos e dos autos do processo.
Já há, inclusive, registros de casos solucionados dentro dessa
metodologia em outros países. No sistema jurídico de conciliação conjugal da
Califórnia, por exemplo, nos casos de guarda dos filhos é solicitado às partes que
tentem a mediação antes da ação judicial16.
Tendo em vista a dificuldade em pleitear, no Judiciário, uma discussão
que transcenda a esfera jurídica, os pares acabam submetendo-se às decisões judiciais,
sem lutar para reverter-lhas, devido ao alto custo emocional, financeiro e à dificuldade
em demonstrar, por meio de seu procurador, o contexto da situação vivida.
Com isso, pode-se ter uma idéia a respeito da importância de procurar
uma alternativa que possa ajudar os envolvidos a acordarem entre si, sem a imposição
de uma decisão, como ocorre no atual sistema judiciário brasileiro.
O que se quer não é simplesmente encobrir o conflito ou protela-lo, com
a única finalidade de diminuir a crise que a Justiça atravessa ou a sobrecarga de
processos, mas sim, acelerar soluções para as relações humanas, priorizando o diálogo
entre as partes envolvidas. A intenção é proporcionar a real compreensão dos problemas
e interesses das partes, esclarecerem a verdade dos fatos, sem prejuízo à lei.
A mediação como alternativa prévia à instância do juízo proporciona
uma intervenção precoce, limitando a hostilidade e o dano emocional17.
Embora a mediação deva esgotar todas as possibilidades de solução
pacífica do conflito, ela não impede que se resolva o litígio em um processo judicial
tradicional. Deve-se considerar, porém, que por se tratar de uma forma consensual de
(re) solução de conflitos e por ser um processo totalmente conduzido de acordo com a
16 MOORE, op. cit., p. 85. 17 ibdem – Ibid, p.91.
vontade das partes, ela pode se tornar mais rápida e com menor custo emocional e
financeiro.
Haja vista fatores como desgastes psicológicos, emocionais e pessoais e
continuidade do relacionamento – mesmo modificado – entre as partes. A esse respeito,
Christopher Moore18 comenta:
A interferência precoce diz respeito às vantagens processuais. A interferência pode desencorajar o comportamento da negociação improdutiva, pode encaminhar as partes para o comportamento ou os procedimentos que vão resultar em acordo, podem deter as respostas que drenam energia, as quais podem acirrar uma disputa e criar barreiras ao acordo mais baseado no processo deficiente do que em diferenças substanciais.
Em suma, há necessidade da mediação prévia à instância do juízo visto
que a audiência de conciliação não proporciona a auto-avaliação e o autoconhecimento
capazes de proporcionar aos envolvidos razão para justificar, perante o outro, com
critérios racionais, a situação existente. Isso ocorre porque as razões subjetivas não os
deixam transparecer. Acontece o contrário: a reação é de fechar-se ou fingir indiferença.
Razões verdadeiras ou falsas nem sempre fazem parte da situação de
comunicação, servindo de causa objetiva para ser eliminada qualquer chance de
conciliação ou de possibilidade de novas oportunidades de relacionamento.
Os advogados, por sua vez, acabam intensificando o conflito, pois agem
de forma equivocada ao ouvir somente um dos envolvidos e julgar verdadeiras todas as
afirmações feitas, sem questionar a subjetividade dos envolvidos. Geralmente, os
advogados não estão preparados para intervir nas situações de impasse ou de
rompimento de outros vínculos, além dos jurídicos.
O que deve, nesse sentido, destacar é que desde os mais remotos tempos
a humanidade tem procurado encontrar formas justas de resolver conflitos e desavenças
relacionados à vida a dois, visando, com isso, atingir uma vida mais plena de felicidade.
Daí a proposta de uma mediação transformadora, capaz de desenvolver
habilidades necessárias para o ser humano lidar com seus conflitos internos e externos.
Essa é a proposta inovadora que permite recuperar a sensibilidade perdida no direito de
família.
O procedimento judicial adotado atualmente não condiz com as atuais
necessidades e anseios da comunidade. Certamente os juízes das Varas de Família nem
sempre são suficientemente informados nem possuem condições adequadas de perceber
18 ibdem – Ibid, p. 85.
as mudanças ocorridas depois de algum tempo entre os envolvidos no processo de
separação ou divórcio.
A mediação proposta não se espelha nas formas tradicionais, mas sim
abre uma nova concepção de direito mais compatível com o mundo globalizado, onde
todas as ciências estão interligadas, com necessidade de mútua colaboração e uma
abordagem interdisciplinar.
A atual sociedade enfrenta paradoxos e questionamentos nunca antes
sentidos. Ações nunca pensadas começam a aflorar. Surgem brechas por onde a
claridade começa a entrar. E perceber como os conflitos do Direito de Família têm mais
relação com sentimentos do que com leis faz parte do momento atual.
Seria ingênuo supor que os envolvidos no processo judicial de separação
ou divórcio, sobrecarregados emocionalmente, estariam em meio a tais circunstâncias,
capazes de solucionar seus conflitos enfrentando temas legais e questões objetivas.
É justamente no âmbito do bem-estar que se percebe o quanto a maioria
das famílias está desestruturada: o afeto, a proteção amorosa, deveria permitir a
construção de uma estrutura emocional capaz de superar traumas e enfrentar a realidade.
O Direito Civil constitucionalizado, de sua parte, tem procurado resolver
os conflitos familiares basicamente ouvindo as partes, e estas, muitas vezes não
expressam verbalmente sua vontade, a qual acaba encoberta por um discurso a respeito
da culpa, do valor da pensão, da guarda dos filhos.
É chegada a hora de transformar os litígios dos foros judiciais em
procedimentos mais rápidos e eficientes, os quais permitam um envolvimento das partes
na busca de soluções e da autocomposição de alternativas para questões em que as
relações de afeto estejam envolvidas.
Quando o sistema jurídico brasileiro adotar a prática de realizar um
serviço de mediação familiar anterior à instauração do processo judicial, então, estarão
as partes – obrigatoriamente – presentes na sessão de mediação, podendo estas, num
determinado momento, negar-se ao acordo.
Para tanto, são essenciais mediadores que não tenham como único
propósito chegar a um acordo, mas sim conseguir a transformação da relação entre as
partes, evitando o surgimento de conflitos posteriores ao rompimento emocional,
quando esse for necessário e jurídico.
De qualquer forma, ainda que o acordo não aconteça, o processo de
mediação permite aos envolvidos um resultado impossível no processo tradicional: ter o
controle da decisão e sair melhor do que entrou.
5.5 VANTAGENS DA MEDIAÇÃO NOS LITÍGIOS FAMILIARES
As vantagens da utilização da mediação para a solução de conflitos são
muitas: sigilo, celeridade, oportunidade de escolha do julgador ou mediador, melhor
relação custo – benefício e maior possibilidade de preservação das relações,
transformando conflito em progresso na melhoria das condições de negócios, produção
e emprego. O mediador aproxima as partes, utilizando técnicas adequadas,
possibilitando que o conflito seja solucionado rapidamente e sem deixar os ranços de
uma batalha judicial. Mediação é a solução ideal para sair de um conflito;
restabelecer o diálogo; preservar os vínculos relacionais; favorecer uma solução
mutuamente satisfatória.
6. CONCLUSÃO
O trabalho realizado permitiu-me sistematizar e de alguma maneira
organizar também, alguns dos conceitos chave para a mediação, particularmente os
relacionados com a questão da Mediação Familiar, que me parecem fundamentais.
Sabendo e sentindo, que é fundamental que se construa uma nova forma
de diálogo, baseada em princípios de respeito e escuta das idéias dos outros, parece-me
de fato crucial que a mediação e suas técnicas devam ser um prática constante no
contexto familiar.
Sabemos que, é difícil ouvir e escutar os outros, esta não é uma
dificuldade específica à nossa sociedade contemporânea, mas nela ganha contornos
específicos, onde por vezes se nega à partida, o querer partilhar opiniões, ou onde
muitas vezes se dão opiniões sem que se fundamente muito bem o que se pretende ou
quer dizer. Este fato produz, por vezes, recurso a situações violentas, como tentativas de
resolução dos problemas. A agressividade que se instaura, revela exatamente esta
incompetência para lidar com os outros.
Vivemos na era da comunicação, pelo menos em termos tecnológicos
temos vindo a passar por uma época de grande esplendor, mas parece que nos
esquecemos da comunicação como fator de relação entre pessoas.
O mediador não apresenta soluções, vantagens ou desvantagens, pode ser
uma pessoa que entende de um determinado assunto, sua base é a imparcialidade ao
dizer quem está certo. O mediador é interdisciplinar.
Ao longo dos anos, a família vem enfrentando um processo ininterrupto
de transformações em sua evolução, dando ensejo a criação das mais variadas formas de
família.
A família patriarcal ainda resiste nos dias atuais, mas começa a perder
forças. Hoje, existem os mais variados modelos de família. Nesses novos modelos, que
são caracterizados pela igualdade, afetividade e pela ausência de uma rígida hierarquia,
os familiares precisam a todo o momento negociar suas diferenças.
A mediação adequa-se à solução desses conflitos carecedores de solução
pacífica, possibilitando aos mediados a oportunidade de resolver seus conflitos com
base na comunicação.
Há tempos, as tensas relações familiares careciam de recursos adequados
à solução de seus conflitos, distintos da via judicial. A mediação proporciona uma
verdadeira mudança de paradigma que incentiva a cultura no diálogo cooperativo.
Ainda há muito a ser discutido e analisado a respeito da mediação
familiar. Espera-se que sua utilização seja cada vez mais difundida na sociedade,
contribuindo para a disseminação de uma cultura de paz e diálogo, em detrimento da
cultura do litígio.
A resolução consensual dos conflitos, através do cultivo do diálogo,
promovendo uma nova cultura de justiça, certamente nos levará à paz social. Trata-se de
uma iniciativa baseada na solidariedade, mobilizando o Estado e comunidade numa
atitude conjunta em prol de uma sociedade melhor.
Nós, partidários de métodos alternativos de solução de controvérsias,
esperamos que o governo venha encorajar o desenvolvimento de práticas restaurativas,
incluindo ai a mediação. Isto inclui a criação de uma legislação apta, implementação de
programas e provisão de apoio e recursos.
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