medeia magazine 12 - julho e agosto 2014

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1 JULHO | AGOSTO 2014 Julho | Agosto 2014 A EMIGRANTE Marion Cotillard passa ao lado do Sonho Americano UM CASTELO EM ITÁLIA O universo íntimo e divertido de Valeria Bruni-Tedeschi está de regresso VIOLETTE A biografia da escritora admirada por Simone de Beauvoir, Albert Camus e Jean Genet SNOWPIERCER Uma distopia futurista que salta do livro para o cinema pela mão de Joon-Ho Bong YASUJIRO OZU Um Verão nipónico com três obras-primas restauradas

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Com a selecção de filmes prestes a estrear em Julho e Agosto, a Medeia Filmes quer provar que os meses de Verão são ideais para uma ida ao cinema. Julho inicia-se com Violette, sobre a vida da escritora francesa Violette Leduc, em particular a sua relação com Simone de Beauvoir. Seguem-se as estreias dos novos filmes de Kelly Reichardt (Night Moves, apresentado na competição do Festival de Veneza), Hany Abu-Assad (Omar, premiado em Cannes), Valeria Bruni-Tedeschi (Um Castelo em Itália, que competiu em Cannes), Joon-Ho Bong (a distopia futurista Snowpiercer) e Philippe Garrel (Ciúme, estreado no Festival de Veneza). No final de Julho, o Espaço Nimas volta a acolher o magnífico cinema de Yasujiro Ozu, com três novos filmes em versões digitais e restauradas: A Flor do Equinócio, Bom Dia e O Fim do Outono. Ainda em Julho, a não perder o novo filme de James Gray, um dos mais vitais cineastas norte-americanos da actualidade, com A Emigrante, protagonizado por Marion Cotillard e Joaquin Phoen

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1JULHO | AGOSTO 2014

Julho | Agosto 2014

A EMIGRANTEMarion Cotillard passa aolado do Sonho Americano

UM CASTELO EM ITÁLIAO universo íntimo e divertido

de Valeria Bruni-Tedeschi está de regresso

VIOLETTEA biografia da escritora admiradapor Simone de Beauvoir,Albert Camus e Jean Genet

SNOWPIERCERUma distopia futurista que salta do livro

para o cinema pela mão de Joon-Ho Bong

YASUJIRO OZUUm Verão nipónico com trêsobras-primas restauradas

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2 JULHO | AGOSTO 2014

EDITORIALCom a selecção de filmes prestesa estrear em Julho e Agosto,a Medeia Filmes quer provar queos meses de Verão são ideais para uma ida ao cinema.Julho inicia-se com Violette, sobre a vida da escritora francesa Violette Leduc, em particular a sua relação com Simone de Beauvoir.Seguem-se as estreias dos novos filmes de Kelly Reichardt(Night Moves, apresentado na competição do Festival de Veneza),Hany Abu-Assad (Omar, premiado em Cannes), Valeria Bruni-Tedeschi (Um Castelo em Itália, que competiu em Cannes), Joon-Ho Bong(a distopia futurista Snowpiercer)e Philippe Garrel (Ciúme, estreado no Festival de Veneza).No final de Julho, o Espaço Nimas volta a acolher o magnífico cinema de Yasujiro Ozu, com três novos filmes em versões digitaise restauradas: A Flor do Equinócio, Bom Dia e O Fim do Outono. Ainda em Julho, a não perdero novo filme de James Gray,um dos mais vitais cineastasnorte-americanos da actualidade, com A Emigrante, protagonizado por Marion Cotillarde Joaquin Phoenix.A assinalar ainda o regressodo ciclo Um Ano de Cinema(s),que acontece de 3 a 23 de Julhono Espaço Nimas, oportunidade para ver ou rever os filmes que marcaram os últimos meses. Descubra mais sobre cada umdestes filmes nesta Medeia Magazine e marque encontro com o melhor cinema em exibição – só na Medeia Filmes.

EquipaDirector: Paulo BrancoEdição e Textos: Frederico Batistae Teresa PiresDesign: André Carvalhoe Catarina Sampaio

Capa: Bom Dia, de Yasujiro Ozu

2 JULHO | AGOSTO 2014

James Gray assina a história de uma emigrante polaca que procura uma vida melhor nos Estados Unidos na década de 1920: ou como o Sonho Americano se pode tornar num pesadelo…

Estamos em 1921 e a polaca Ewa Cybulski (interpretada por Marion Cotillard) embarca, juntamente com a sua irmã Magda, para Nova Iorque. Ao chegarem a Ellis Island, mítica porta de entrada de milhões de imigrantes nos Estados Unidos durante a primeira metade do século XX, os médicos diagnosticam tuberculose a Magda e as irmãs são separadas. À deriva nas perigosas ruas de Manhattan, Ewa torna-se uma presa fácil para Bruno (Joaquin Phoenix) um homem aparentemente gentil que acaba por a sujeitar a um quotidiano de humilhação. Incapaz de experienciar as promessas da Terra Prometida, as esperanças de Ewa dirigem-se para Orlando (Jeremy Renner), um ilusionista e primo de Bruno… “Cresci numa altura em que os filmes costumavam ser pessoais”, revelou James Gray, que esteve em Novembro no Lisbon & Estoril Film Festival para apresentar o filme. O universo de A Emigrante, apesar de ser o primeiro filme de época do realizador, não deixa de fazer parte do seu património pessoal. Os avós de Gray também chegaram aos Estados Unidos na década de 1920. “Os meus avós passaram por Ellis Island em 1923 e ouvi todas essas histórias. Tiveram um grande impacto em mim quando era miúdo”, afirmou à Indiewire.Uma ópera de Puccini, Suor Angelica, foi outra das inspirações paraA Emigrante, a primeira longa-metragem de Gray com uma protagonista feminina. A comoção causada pela ópera (à qual o realizador assistiu em 2008 numa encenação de William Friedkin) abriu espaço para uma novidade no cinema de Gray. “Estava livre daquilo que, na minha opinião, seria um ponto de vista masculino, para explorar um lado mais feminino, características mais emocionais”, referiu.

A EMIGRANTEDE JAMES GRAY ESTREIA 24 JULHOCOM MARION COTILLARD, JEREMY RENNER, JOAQUIN PHOENIX

Programação sujeitaa alterações de última hora. Confirme sempre emwww.medeiafilmes.com

Duração: 117 min

“A modernidade no cinema não é tanto sobre inventar coisas novas mas sim sobre regressar ao passado para construir a partir dos seus alicerces. Os filmes de Gray reinventam a nossa concepção de classicismo. São, por isso mesmo, inteiramente modernos.” Jean Douchet, historiador de Cinema

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3JULHO | AGOSTO 2014

ESTREIAS CINEMA

“Queria transformar o filme num melodrama operático”, assume Gray, que também diz ter abordado A Emigrante num registo mais próximo da fábula. Gray escreveu o papel de Ewa com Marion Cotillard em mente. “Ela é como uma actriz do cinema mudo, não tem de dizer nada. Já sentimos tanta compaixão por ela somente por aquilo que ela é, pela sua alma.” Ainda que não tenha visto nenhum dos filmes anteriores da actriz francesa, o realizador garante que Cotillard “irradia inteligência para além de beleza física e essa é a mais rara das qualidades.” Joaquin Phoenix, por seu lado, volta a filmar com James Gray pelo quarto filme consecutivo. Marion Cotillard compara a relação de ambos à de um velho casal. “O Joaquin precisa de desvendar cada pedaço da história por isso eles falam muito. Às vezes eu acabava por dizer: Tudo bem, rapazes. Tenho um bebé para cuidar por isso vou-me embora. Amanhã contem-me o que andaram a falar”, brinca. “Senti-me muito privilegiada por ter a oportunidade de os ver trabalhar juntos e de acompanhar o processo do Joaquine ver como o James toma conta dele”. O filme surpreendeua crítica internacional, que o considerou um dos melhores da filmografia do realizador de Duplo Amor e Nós Controlamos a Noite.“É como se os fantasmas de uma Nova Iorque antiga e perdidase tivessem libertado da tirania das fotografias desvanecidas e permitido a si mesmos, mais uma vez, andar, pensar e sentir”, escreveu o Village Voice. Já Francisco Ferreira, do jornal Expresso, considerou A Emigrante uma obra-prima e escreveu que “nenhum outro filme neste século conseguiu exprimir assim o mito de um american dream a corromper-se por dentro à nossa frente.”

ESTREIAS CINEMAESTREIAS CINEMA

3JULHO | AGOSTO 2014

James Gray procurava abandonar o registo naturalista dos filmes anteriores uma vez que queria contar uma fábula. Darius Khondji (que expôs na edição 2011 do Lisbon & Estoril Film Festival) foi o Director de Fotografia do filme. Estas foram algumas das referências visuais que o realizador lhe transmitiu:

A FOTOGRAFIA DO FILME

Prémios e Festivais:Festival de Cinema de Cannes - Selecção Oficial - Em CompetiçãoLisbon & Estoril Film Festival - Selecção Oficial - Fora de Competição

. A pintura de George Bellows (celebrado pelos seus retratos realistas de Nova Iorque no início do século XX) e de Everett Shinn (que retratou o sombrio mundo dos espectáculos de variedades em Manhattan no mesmo período).

. As polaroids tiradas nos anos 1960 pelo Arquitecto e designer italiano Carlo Mollino, que James Gray considera estarem próximas dos Autocromos (o principal processo para se obter fotografias coloridas durante o iníciodo século XX).

. O filme Diário de um Pároco de Aldeia (Journal d’un curé de campagne), de Robert Bresson,foi outras das inspirações do realizador. A cena da confissãoé, inclusivamente, uma referência directa ao filme do cineasta francês.

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4 JULHO | AGOSTO 2014

COM VALERIA BRUNI-TEDESCHI, LOUIS GARREL, FILIPPO TIMI, MARINA BORINI, XAVIER BEAUVOIS, CÉLINE SALLETTE, ANDRÉ WILMS

UM CASTELO EM ITÁLIADE VALERIA BRUNI-TEDESCHI ESTREIA 17 JULHO Duração: 104 min

Com a sua família em ruínas, uma mulher encontra um novo amor e recuperaa capacidade de sonhar. Estes são os ingredientes de Um Castelo em Itália,o terceiro filme da actriz-realizadora Valeria Bruni-Tedeschi.

Desde É mais fácil um camelo… que Valeria Bruni-Tedeschi tem equilibrado a sua obra enquanto realizadora num limbo entre elementos autobiográficos e um registo que explode em elementos caricatos, sem nunca perder a mão das suas personagens.

EXCLUSIVOCINEMASMEDEIA

ESTREIAS CINEMA

VALERIA BRUNI-TEDESCHIRealiza e dá vida à personagem de

Louise Rossi-Levi (o paralelismo entre o seu apelido e o da personagem não será casual), uma mulher de quarentae poucos anos, a orbitar em roda livre

à volta de uma família de origens italianas (como a sua) que ameaça

desfazer-se e com o relógio biológico há muito a dar as horas da maternidade.

LOUIS GARRELEx-companheiro de Valeria Bruni-

Tedeschi na vida real, interpreta o papel de Nathan, o homem mais novo que

se apaixona por Louise, com quem vai viver uma relação atribulada. No filme,

o pai de Nathan (interpretado por André Wilms) é um famoso realizador, tal como

o pai de Louis Garrel.

MARISA BORINIA mãe de Valeria Bruni-Tedeschi

desempenhou sempre o mesmo papel nos três filmes assinados pela filha: nada

mais nada menos do que o de mãe. Neste filme mãe e filha falam sempre em italiano. Talvez porque Valeria se sente “mais próxima da sua infância”

sempre que fala nessa língua. Marisa foi nomeada para o César de Melhor Actriz

Secundária.

FILIPPO TIMIO Mussolini de Vencer interpretaem Um Castelo em Itália o papel

de Ludovic, o irmão da protagonista, cuja vida está em risco devido a uma

doença terminal. Mais uma aproximação à biografia familiar de Valeria: o seu

irmão, Virginio, faleceu em 2006.O filme é-lhe dedicado.

“[Na infância] ouvia os Evangelhos. As suas figuras faziam parte do meu

imaginário, quase como personagens de banda-desenhada. Adoro os rituais

religiosos. Às vezes sinto que tenho fé, procuro a fé”, revelou Valeria

numa entrevista. Uma das cenas mais divertidas do filme passa-se

na Igreja de Stª Maria Francesca,em Nápoles, onde se encontrauma cadeira, muito procuradapor mulheres com dificuldadeem engravidar. Louise também

se quer sentar nela mas teráalguns obstáculos pela frente.

“Ela coloca a câmara ao nível dos sentimentos, das emoções, de uma lágrima, de um riso, de uma voz que falha, de um acesso de violência. As suas personagens têm corpo, cantam, dançam, nadam, vão à casa de banho”, lia-se nas páginas da revista do Le Monde quando Um Castelo em Itália foi apresentado em Cannes, onde esteve em competição pela Palma de Ouro.

STA. MARIA FRANCESCADELLE CINQUE PIAGHE

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5JULHO | AGOSTO 2014

Um actor de 30 anos vive com uma mulher mas a verdade é que continua a amar outra, com quem tem uma filha. Mas as suspeitas de infidelidade não lhe permitem encontrar a tranquilidade desejada. Em Ciúme, Philippe Garrel dirige o seu filho Louis Garrel numa história que lhe é muito familiar.“A ideia que sustenta o filme é a de que o meu filho interpreta o papel do avô [Maurice Garrel] aos 30 anos - a mesma idade que o Louis tem agora - ainda que o filme se passe na actualidade. O filme conta o relacionamento que o meu pai teve com uma mulher - e o facto de ao admirá-la ter, involuntariamente, provocado ciúmes à minha mãe exemplar”, revelou Philippe Garrel na sua nota de intenções.“Abusa-se frequentemente da palavra ‘pureza‘, mas é disso que se trata”, lia-se nos Cahiers du Cinéma quando o novo filme de Philippe Garrel se estreou nos cinemas franceses. “Cinema em estado

Prémios e Festivais:Festival de Veneza - Selecção Oficial - Competição

NIGHT MOVESDE KELLY REICHARDTCOM JESSE EISENBERG, DAKOTA FANNING, PETER SARSGAARD

Dur: 112 min

ESTREIA 10 JULHO

CIÚMEDE PHILIPPE GARRELCOM LOUIS GARREL, ANNA MOUGLALIS, REBECCA CONVENANT

Duração: 77 min

ESTREIA 31 JULHO

O ciúme percorre todas as personagens deste novo filme de Philippe Garrel, que pela quarta vez volta a ter o seu filho Louis como protagonista.

puro, cinema em película de rostos projectados, eles mesmos ecrãs sobre os quais se projectam os sentimentos. Cinema em estado puro, ou seja a vida captada com a acuidade que nos faz respirar com mais força, colocando-nos faceà intensidade do instante”, resumia Nicholas Elliott nas páginas da lendária revista francesa. “Realizado num brilhante preto e branco pelo veterano Director de Fotografia Willy Kurant (que filmou Masculino Feminino para Godard), o filmeé íntimo e intenso”, de acordo com a Village Voice, que acrescenta: “é justo na intersecção daquilo que é directo com aquilo que é oblíquo, como um bom haiku.”

Em Night Moves, Jesse Eisenberg, Dakota Fanning e Peter Sarsgaard põem em prática um plano violento em nome da ecologia.

A quinta longa-metragem de uma das melhores realizadoras independentes americanas é a história de três ambientalistas radicais que se juntam para pôr em prática o mais intenso protesto das suas vidas: a explosão de uma barragem hidroeléctrica no Santiam River, no estado de Oregon. Compram um pequeno barco (cujo nome dá o título ao filme), arranjam identidades falsas, adquirem uma quantidade enorme de explosivos feitos de adubo de nitrato de amónio e ajustamo temporizador. O grupo é composto por Josh (Jesse Eisenberg) que vive e trabalha numa quinta comunitária de agricultura sustentável e está farto de planos pouco ambiciosos, Dena (Dakota Fanning), uma jovem em ruptura com a sua família de classe alta, e Harmon (Peter Sarsgaard), um solitário ex-Marine. Na segunda parte deste thriller, os três militantes ecologistas lidam com os efeitos das suas acções. Night Moves reflecte acerca das consequências do extremismo, enquanto

deixa o espectador desarmado com tanta tensãoe suspense. Para a revista Slate, o filme “é realizado por Reichardt com a concisão e a elegância de um jogador de xadrez”. David Denby, crítico de cinema da The New Yorker, escreveu que“o que interessa verdadeiramente a Reichardt é a realização física da forma como o acto é executado; o seu sentimento em relação ao peso e à palpabilidade do mundo”. “A magnificência natural de Oregon (...) ainda aumenta mais a nossa ambivalência em relação ao grupo – eles são, ao mesmo tempo, protectores e violadores do ambiente, justos e criminosos.”

ESTREIAS CINEMA

Prémios e Festivais:Festival de Veneza - Selecção Oficial - Competição

Page 6: Medeia Magazine 12 - Julho e Agosto 2014

6 JULHO | AGOSTO 2014

ESTREIAS CINEMA

A pouco tempo do termo da rodagem do seu novo filme, Paul, o realizador, envolve-se com a actriz secundária, Alina. No dia seguinte, supostamente o último dia da actriz nas filmagens, Paul simula estar doente e mente ao produtor. Na sua terceira longa-metragem, Corneliu Porumboiu cria uma ficção auto-reflexiva sobre o seu trabalho, à medida que o filme e a vida se entrelaçam gradualmente, tomando um rumo inesperado.

Omar começa com uma imagem impressionante do Muro da Separação, em muito semelhante ao de Berlim: intimidante, omnipresente e coberto de graffiti. Vemos Omar (Adam Bakri) a escalar o muro com a ajuda de uma corda, com a cara pressionada contra a parede e a descer pelo outro lado. O jovem está habituado a pôr a vida em risco e a esquivar-se das balas dos guardas, tudo para visitar a sua amada, Nadia (Leem Lubany). Construído pelo Estado de Israel sob o pretexto de impedir ataques suicidas por parte dos palestinianos, o muro separa não só palestinianos dos israelitas, mas, principalmente, palestinianos de palestinianos. Omar torna-se um “soldado da liberdade” e, juntamente com Amjade Tarek, irmão de Nadia, formula um plano que tem como intuito o assassinato de um soldado israelita.Omar é capturado, brutalmente torturado, um advogado diz-lhe que será condenado a 90 anos de prisão, a menos que traia os seus amigos e os denuncie aos captores. Será que o protagonista vai atraiçoar os companheiros e a sua causa? Ou vai jogar o jogoe tentar manipular aqueles que o querem manipular? Para a Hollywood Reporter, o filme “obrigaa audiência a reflectir acerca da interminável onda de violência e retaliação nos territórios ocupados”. Serge Kaganski, da revista francesa Les Inrockuptibles, afirma que, depois do aclamadoO Paraíso Agora (2005), “Hany Abu-Assad prova que é possível ter um ponto de vista engajado sem reificar o adversário, e que é permitido tratar o conflito israelo-palestiniano através de histórias viciantes e de um cinema no seu melhor, tanto em termos de complexidade como de eficácia”.

Depois de ter recebido uma ovação de cinco minutos na última edição do Festival de Cannes, o novo filme de Hany Abu-Assad estreia-se em exclusivo nas salas da Medeia Filmes.

Prémios e Festivais:Festival de Locarno – Selecção Oficial – CompetiçãoLisbon & Estoril Film Festival – Em Competição

Prémios e Festivais:Festival de Cannes – Un Certain Regard – Prémio do JúriÓscares – Nomeado para Melhor Filme Estrangeiro

OMARDE HANY ABU-ASSADCOM ADAM BAKRI, LEEM LUBANY, IYAD HOORANI

Dur: 96 min

ESTREIA 17 JUL QUANDO A NOITE CAI EMBUCARESTE OU METABOLISMODE CORNELIU POROMBOIUCOM DIANA AVRAMUT, MIHAELA SIRBU, ALEXANDRU PAPADOPOL

Dur: 89 minESTREIA 24 JUL

EM COMPLEMENTO:LUMINITA DE ANDRÉ MARQUESCOM CONSTANTIN COJOCARU, DAMIAN OANCEA, DORINA LAZAR, DRAGOS BUCUR, EMILIA DOBRIN, ION HAIDUC

Dur: 20 min

Em complemento estreia-se a curta-metragem Luminita,a quarta realizada por André Marques depois da sua “trilogia Miúdos” composta por João e o Cão (apresentada no Festival de Berlim), O Lago e Schogetten. O filme acompanha o reencontro de dois irmãos que não se comunicam há anos e que se encontram no funeral da sua mãe, onde terão de enfrentar as suas obrigações enquanto filhos e os seus próprios sentimentos de perda.

Prémios e Festivais:Festival Internacional de Gijón – Prémio Especialdo Júri e Melhor ArgumentoFestival Curtas Vila do Conde – Prémio do PúblicoFestival Luso-Brasileiro – Menção Especial do Júri

EXCLUSIVOCINEMASMEDEIA

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EXCLUSIVOCINEMASMEDEIA

7JULHO | AGOSTO 2014

GRIGRISDE MAHAMAT-SALEH HAROUNCOM SOULEYMANE DÉMÉ, ANAÏS MONORY, CYRIL GUEI

Dur: 101 min

ESTREIA 31 JUL

ESTREIAS CINEMA

Grigris tem a perna esquerda paralisada mas esta deficiência é totalmente esquecida quando dança.Na discoteca, Grigris é o centro de todos os olhares,é para ele que se dirigem os aplausos. Este talento, bem como o seu emprego numa loja de fotografia, permitem-lhe ganhar dinheiro suficiente para se sustentar. Porém, quando o tio adoece, o jovem precisa de encontrar uma forma de pagar o hospital. Grigris começa, então, a trabalhar para traficantes de gasolina, cada vez mais numerosos no Chade. O intuito inicial do realizador era falar acerca das perseguições entre contrabandistas e agentes de alfândega, chegando até a pensar fazer um documentário. Foi quando estava sem ideias sobre o que fazer, que Grigris “apareceu na sua vida como um presente de Deus, um amuleto mágico”. Haroun conheceu Souleymane Démé em 2011, num

Prémios e Festivais:Festival de Cannes - Selecção Oficial - Competição

SNOWPIERCER DE JOON-HO BONG Duração: 126 minESTREIA 24 JULHO

Depois do aclamado Un homme qui crie, prémio do júri em Cannes,o realizador e argumentista Mahamat-Saleh Haroun traz-nos um retrato das vidas marginais no coração de África.

espectáculo de dança em Uagadugu, capital da Burkina Faso. Quando o dançarino surgiu no palco, segurando a sua perna paralisada da mesma forma que no filme – como uma arma –, Haroun teve a certeza de que tinha encontrado o seu protagonista. O cineasta quis mostrar pessoas marginalizadas que procuram uma solução e, para a IndieWIRE, “consegue-o sem nunca mostrar as condições de vida das personagens com pena”. Exemplo disto é Mimi, por quem Grigris se apaixona, que, por ser mulata e prostituta, encerra em si dois preconceitos da sociedade chadiense. Haroun assumiu a árdua tarefa de quebrar estes tabus com elegância e realismo.

Num futuro pós-apocalíptico, a Terra sucumbiu a uma nova Era Glacial e os únicos sobreviventes encontram-se num comboio com uma estrutura altamente hierarquizada. Os passageiros que vivem na parte da frente do comboio desfrutam de um luxo relativo enquanto que os restantes vivem encafuados nas últimas carruagens. Tudo se altera à medida que o descontentamento aumenta no comboio. O primeiro volume, com o título Le Transperceneige foi publicado em 1984, escrito por Jacques Lob e ilustrado por Jean-Marc Rochette. A história conta ainda com mais dois volumes, com argumento escrito por Benjamin Legrand. A história deste comboio em perpétuo movimento alcançou um novo patamar em 2005 quando o realizador Joon-Ho Bong descobriu os livros...

COM CHRIS EVANS, TILDA SWINTON, JAMIE BELL, ED HARRIS, JOHN HURT, OCTAVIA SPENCER

O realizador de The Host e Mother decidiu adaptar esta “fábula filosófica intemporal”, segundo Rochette, para cinema. Com mais de um ano de pré-produção, três meses de rodagem, efeitos especiais irrepreensíveis e um elenco internacional (Chris 'Capitão América' Evans, as oscarizadas Tilda Swinton e Octavia Spencer e ainda John Hurt, Ed Harris e Jamie Bell), é o mais ambicioso filme de Bong.A Variety considerou-o “um épico tremendamente ambicioso e visualmente estupendo”, enquanto que os Cahiers du Cinéma defendem que “o prazer de ver florescer uma obra de uma tal vitalidade deve-se provavelmente à arte da versatilidade tão afiada que se tornou, de filme para filme, propriedade exclusiva do seu autor.”

DO LIVRO... ...PARA O CINEMA

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8 JULHO | AGOSTO 2014

EXCLUSIVOCINEMASMEDEIAESPAÇO NIMAS

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A SUA SALA DE CINEMAINDEPENDENTE

Há um ano, Viagem a Tóquio e O Gosto do Saké tiveram a sua estreia comercial em Portugal, mais de cinquenta anos depois de Yasujiro Ozu os ter filmado. Foram milhares os espectadores que puderam rever ou ver pela primeira vez na sala escura duas obra-primas de um dos maiores cineastas da História do Cinema em versões restauradas. A partir de 24 de Julho, Ozu está de regresso aos cinemas portugueses e o Espaço Nimas vai exibir, também em versões digitais e restauradas (num processo coordenado pelo estúdio japonês Sochiku) mais três obras fundamentais do realizador.Regressaremos assim ao universo ora terno ora pungente de Yasujiro Ozu, onde as crispações de uma sociedade japonesa em mutação se confundem com os conflitos entre duas gerações.Desde a insatisfação relativamente aos casamentos combinados pelos pais (A Flor do Equinócioe O Fim do Outono) até a uma mais prosaica greve de silêncio iniciada por dois irmãos quando os pais não lhes compram uma televisão (Bom Dia).Podem separar-nos décadas e até a transição para um novo século, mas a humanidade do cinema de Ozu continua tão actual quanto na época em que foi filmado.

O mês de Julho marca ainda o regresso do muito solicitado ciclo Um Ano de Cinema(s) à Medeia, desta vez no ecrã do Espaço Nimas. Oportunidade para (re)ver filmes como 12 Anos Escravo, A Vida de Adèle, Grand Budapest Hotel, Debaixo da Pele ou Like Someone in Love.

PROGRAMAÇÃO

“Da escuridão para a luz. Sucedendo imediatamente à desolação e aos tons sombrios a preto e branco de Tokyo Twilight (1957), A Flor do Equinócio (1958) foi uma enorme mudança emocional para Yasujiro Ozu, intensificada pelo facto de ter sido o seu primeiro filme a cores. Embora a decisão de filmar com película Agfacolor tenha sido imposta pelo estúdio (em parte para apresentar com maior brilho a estrela Fujiko Yamamoto, que tinha vindo para a Shochiku da produtora rival Daiei), Ozu não poderia ter encontrado uma melhor história para envolver com a sua nova palete: A Flor do Equinócio é luminoso, moderno,e decidido na sua representação de filhos a lutar pelas suas convicções mesmo que os pais estejam a dar pequenos passos no reconhecimento da individualidade da sua prole.Tudo parece florescer de novo em A Flor do Equinócio. A geração mais nova já não encara o casamento como um assunto dos pais, um ponto de vista apregoado bem cedo no filme por Hisako (Miyuki Kuwano), cuja camisola cor-de-rosa, resplandecente no meio dos tons acastanhados da sua casa, exprime a sua encantadora individualidade. “Não quero um casamento combinado com um estranho”, afirma confiante Hisako, transportando a pérpetua examinação da vida familiar japonesa levada a cabo por Ozu para um patamar moderno. É claro que, com atitudes tão novas e liberais, amplia-se ainda mais o abismo entre paise filhos. Mas em vez de um grande conflito geracional – como Ozu retratou no passado – temos a delicada hipocrisia de Wataru Hirayama (o antigo ídolo de matinées Shin Saburi), o patriarca dominante e protagonista do filme, em constante auto-contradição. Com a sua complacente melena grisalha nas têmporas, Hirayama encarna os valores tradicionais da sociedade japonesa a enfrentar a pouco e pouco uma mudança cultural. Perto do início do filme, no casamento do filho de um amigo, Hirayama faz um discurso ora melancólico ora condenador no qual relembraas oportunidades românticas limitadas da sua geração, devido à tradição dos casamentos combinados.

JULHO | AGOSTO 2014

Yasujiro Ozu intromete a hipótese de um casamento combinado entre a relação de um pai conservador com a sua filha rebelde.Um tema que se torna tabu neste filme do mestre japonês, com estreia marcada para 24 de Julho numa versão digital restaurada.

Programação sujeitaa alterações de última hora. Confirme sempre emwww.medeiafilmes.com

A FLOR DO EQUINÓCIODE YASUJIRO OZU Dur: 118 min

COM SHIN SABURI, KINUYO TANAKA, INEKO ARIMA, YOSHIKO KUGA, FUJIKO YAMAMOTOESTREIA 24 JULHO

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9JULHO | AGOSTO 2014

BOM DIADE YASUJIRO OZU

Dur: 93 min

ESTREIA 24 JUL

PROGRAMAÇÃO

O FIM DO OUTONODE YASUJIRO OZU Dur: 128 minESTREIA 24 JUL

A partir de um antigo filme seu (Eu nasci, mas…, filmado em 1932), Yasujiro Ozu retoma a história de dois irmãos, modificando-a para se adequar à época em que foi rodado. Em Bom Dia, os dois rapazes juram não voltar a dizer uma única palavra até que os pais comprem uma televisão, para poderem ver o Campeonato de Sumo. Filmado a partir da perspectiva destas duas crianças caprichosas, o filme apresenta-se como uma fina sátira da vida familiar japonesa e do consumismo crescente na época.

COM KEIJI SADA, YOSHIKO KUGA, KUNIKO MIYAKE, KOJI SHITARA

Embora Hirayama valorize os casamentos por amor dos jovens como um exemplo de progresso, ele passa o resto do filme a tentar contrariara mesma liberdade à sua filha Setsuko (Ineko Arima).Torna-se claro, à medida que o filme avança, que a oposição de Hirayama à escolha de um marido representa apenas o derradeiro poder da sua autoridade em perda. A crítica de Ozu aos valores familiares conservadores é suave e não radical, porventura reflectida na evolução da mentalidade de Hirayama. O olhar assombrado de A Flor do Equinócio sobre a colisão entre o velho e o novo parece ser verdadeiramente livre, quer narrativa como esteticamente. Chaleiras vermelhas devidamente enquadradas, ramos amarelos de flores frescas, garrafas de refrigerante cor-de-laranja: é um novo mundo para Ozu, tal como o é para Hirayama. Mesmo os famosos

planos-almofada [pillow-shots] de Ozu (essas imagens fugazes e poéticas de ambiente que nos transportam entre cenas) têm de repente uma nova capacidade expressiva, como quando corta de uma extensão de tapete vermelho para os luminosos sinais de néon vermelhos e azuis do bairro de Ginza. Ainda que tenha resistido a usar a cor durante muitos anos, tal como tinha resistido ao som nos anos 1930, Ozu conseguiu fazer uma transição suave, aproveitando a forma como as propriedades dos tons vermelhos, em particular, para realçar a sua visão de uma sociedade em mudança. Algo fez sentido, e a partir deste ponto, todos os filmes de Ozu exploraram este novo e vibrante espectro.”

(Michael Koresky – The Criterion Collection)

COM SETSUKO HARA, YÔKO TSUKASA, MARIKO OKADA

Se em Primavera Tardia, realizado em 1949, a actriz Setsuko Hara interpretava uma rapariga relutante com a ideia de casamento por não querer abandonar seu pai viúvo, em O Fim do Outono o papel inverte-se. Nesta adaptação do seu filme anterior, a actriz interpreta agora o papel de uma viúva com a árdua tarefa de convencer a filhar a casar. O problema é que a rapariga também não quer deixar a mãe sozinha. O Fim do Outono volta a colocar o cinema de Ozu no centro dos antagonismos entre pais e filhos e entre o passado e a modernidade.

Apresentada no último Festivalde Berlim, a versão digital restauradade O Fim do Outono chega agora ao Espaço Nimas com a inesquecível Setsuko Hara como protagonista, no papel de uma viúva que quer arranjar um casamento para a filha.

Em 1959 Yasujiro Ozu realizou esta sátira bem-humorada com duas crianças como protagonistas e onde a televisão é a grande culpada da cisão entre pais e filhos. Paradescobrir em versão digital e restaurada.

EXCLUSIVOCINEMASMEDEIA

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Page 10: Medeia Magazine 12 - Julho e Agosto 2014

10 JULHO | AGOSTO 2014

3 Julho, Quinta . 14h15, 16h45, 19h15, 21h45POR DETRÁS DO CANDELABRO de Steven Soderbergh

4 Julho, Sexta . 14h15, 16h45, 19h15, 21h45HANNAH ARENDT de Margarethe Von Trotta

5 Julho, Sábado . 14h15, 19h15VIAGEM A TÓQUIO de Yasujiro Ozu

5 Julho, Sábado . 16h45, 21h45O GOSTO DO SAKÉ de Yasujiro Ozu

6 Julho, Domingo . 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45BLUE JASMINE de Woody Allen

7 Julho, Segunda . 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45DON JON de Joseph Gordon-Levitt

8 Julho, Terça . 14h15, 16h45, 19h15, 21h45A FUGA de Jeff Nichols

9 Julho, Quarta . 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45FRANCES HA de Noah Baumbach

10 Julho, Quinta . 14h15, 16h45, 19h15, 21h45CHINA, UM TOQUE DE PECADOde Jia Zhangke

11 Jul; Sexta . 14h15, 16h45, 19h15, 21h45LIKE SOMEONE IN LOVEde Abbas Kiarostami

12 Julho, Sábado . 14h15, 19h15JIMMY P. REALIDADE E SONHOde Arnaud Desplechin

12 Julho, Sábado . 16h45, 21h45O DESCONHECIDO DO LAGO de Alain Guiraudie

13 Julho, Domingo . 14h30; 17h45; 21h00A VIDA DE ADÈLE de Abdellatif Kechiche

14 Julho, Segunda . 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45A PROPÓSITO DE LLEWYN DAVIS de Ethan e Joel Coen

15 Julho, Terça . 14h15, 16h45, 19h15, 21h45TAL PAI TAL FILHO de Hirokazu Koreeda

16 Julho, Quarta . 14h15, 16h45, 19h15, 21h45O PASSADO de Asghar Farhadi

17 Julho, Quinta . 14h15, 16h45, 19h15, 21h4512 ANOS ESCRAVO de Steve Mcqueen

18 Julho, Sexta . 14h15, 16h45, 19h15, 21h45DEBAIXO DA PELE de Jonathan Glazer

19 Julho, Sábado . 14h15, 19h15NINFOMANÍACA - VOL.1 de Lars von Trier

19 Julho, Sábado . 16h45, 21h45NINFOMANÍACA - VOL.2 de Lars von Trier

20 Julho, Domingo . 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45GRAND BUDAPEST HOTEL de Wes Anderson

21 Julho, Segunda . 14h15, 18h30, 21h45A GRANDE BELEZA de Paolo Sorrentino

22 Julho, Terça . 14h15, 16h45, 19h15, 21h45GLORIA de Sebastián Lelio

23 Julho, Quarta . 14h15, 16h45, 19h15, 21h45O GRANDE MESTRE de Wong Kar Wai www.medeiafilmes.com

Bilhetes: 4 euros

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11JULHO | AGOSTO 2014

O que fazem James Franco, Mila Kunis, Jessica Chastain ou Zach Braff num filme assinado por uma dúzia de talentosos jovens realizadores acabados de sair da Universidade de Nova Iorque? Uma evocação da vida e da obra do celebrado poeta norte-americano C.K. Williams, que já venceu os mais importantes prémios da área, incluindo o Pulitzer. Através de alguns dos seus poemas, o filme percorre os principais momentos que marcaram a vida de Williams, da infância à paternidade.

Fredi é um sujeito opulento e misterioso, que esconde um segredo. A sua mãe morreu e transmitiu-lhe um dom. Um dom sobre o qual ele evita falar. Mas não pode deixar de reconhecer que as suas mãos têm poderes curativos… De onde surgiu este poder? Porquê a ele? Fredi pode questionar-se mas sabe que tem de o aceitar. Realizado por François Dupeyron e produzido por Paulo Branco, o filme esteve em competição no Festival de San Sebastián, foi um dos finalistas do Prémio Louis Deluc e o protagonista foi nomeado para o César de Melhor Actor.

MINHA ALMA POR TI LIBERTADE FRANÇOIS DUPEYRONCOM GRÉGORY GADEBOIS, CÉLINE SALLETTE, JEAN-PIERRE DARROUSSIN

EM EXIBIÇÃO

ESTREIAS CINEMA

Apresentado no Festival de Cannes, Sara Prefere Correr é um retrato sensível da jovem Sara, uma atleta promissora que recebe a proposta para integrar a equipa de atletismo da Universidade de Montréal. Apesar de não ter o apoio da família, decide arriscar e partir com o seu amigo Antoine, com quem, ingenuamente, se acaba por casar para obter subsídios do Estado. Mas um casamento não vai corresponder às expectativas desta jovem determinada...

SARA PREFERE CORRERDE CHLOÉ ROBICHAUDCOM SOPHIE DESMARAIS, JEAN-SÉBASTIEN COURCHESNE

Dur: 97 min

ESTREIA 14 AGO

No Festival de Berlim comoveu o público e o júri, e conquistou o Grande Prémio do Júri e o Prémio de Melhor Actor, entregue a Nazif Mujić, um estreante que interpreta a sua própria história nesta obra: um caso verídico que aconteceu na Bósnia há alguns anos, quando recusaram a uma mulher uma operação vital por não estar inscrita na Segurança Social nem ter o montante necessário para a pagar. Um pormenor de enorme importância: o casal era da etnia roma, um elemento que acrescenta relevância ao sempre actual tópico da discriminação.

AN EPISODE IN THE LIFEOF AN IRONPICKERDE DANIS TANOVICCOM NAZIF MUJIC, SENADA ALIMANOVIC, SEMSA MUJIC

ESTREIA 7 AGO Dur: 75 min

Dur: 119 min

TAR DE EDNA BIESOLD, SARAH-VIOLET BLISS, GABRIELLE, DEMEESTERE, ALEXIS GAMBIS, BROOKEGOLDFINCH, SHRIPRIYA MAHESH, TINE THOMASENPAMELA ROMANOWSKY, BRUCE THIERRY CHEUNG

COM JAMES FRANCO, MILA KUNIS, JESSICA CHASTAIN, ZACH BRAFFDuração: 73 minESTREIA 14 AGOSTO

EXCLUSIVOCINEMASMEDEIA

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12 JULHO | AGOSTO 2014

VIOLETTEDE MARTIN PROVOST ESTREIA 3 JULHOCOM EMMANUELLE DEVOS, SANDRINE KIMBERLAIN, OLIVIER GOURMET

Duração: 132 min

Violette Leduc, que marcou a literatura francesa do século XX com as suas obras polémicas e a sua personalidade indomável, inspirou o novo filme de Martin Provost.

Depois de se ter lançado à vida da pintora naïf Séraphine Louis, com uma longa-metragem que lhe valeu a consagração nos Prémios Césars ao vencer sete galardões, o realizador volta a assinar um filme biográfico centrado numa mulher única.Desta vez a escolha recaiu sobre Violette Leduc, a escritora de La Bâtarde, mulher de paixões arrebatadas, elogiada por Sartre, Camus ou Genet, e dona de um temperamento imprevisível. Mas não foi a polémica que cativou Provost. “À medida que ia descobrindo mais coisas sobre ela, mais me comovia com aquilo que estava profundamente escondido no seu interior, a fragilidade e a dor”, afirmou.O carácter excessivo de Violette Leduc poderia inspirar dezenas de histórias mas Provost concentrou-se naquilo que considerou mais autêntico na escritora. “As pessoas dizem que ela era uma pessoa complicada. Eu vejo-a como uma pessoa muito insegura, a combater uma batalha solitária consigo mesma. As pessoas raramente se apercebem dos riscos que os artistas assumem, quer seja um pintor, um escritor ou um realizador”, acrescenta o cineasta francês. “Quis fazer de Violette uma heroína.”A relação com a também escritora Simone de Beauvoir é um dos pontos-chave deste filme biográfico. Amor não-correspondido de Violette, sua mentora e inspiração, Beauvoir foi a relação mais forte que Leduc manteve na sua vida. “Sem Simone, acho que Violette se teria auto-destruído”, garante Provost.

ESTREIAS CINEMA

“Escrever tornou-se no meu trabalho graças a si. Enquanto escrever livros o meu sentimento por si, o meu amor, não será estéril. A noite passada assumi o compromisso de continuar a escrever se este terceiro livro não tiver o mesmo sucesso dos anteriores. Tenho um leitor em cada livro que vale por dez mil, cem mil leitores, que é você. É a minha família, o meu trabalho, a minha independência. Quando não lhe conto com toda a franqueza as minhas indignidades, tenho medo, temo. Mas não lhe escondo nada, querida Simone de Beauvoir. (…) Esqueci-me de lhe dizer que vi o “Luzes da Cidade”. Vi-o com o Jacques Guérin. E vi“O Mundo Não Perdoa” com a Lucienne, de quem já lhe tinha falado. Conto-lhe estes detalhes por necessitar de pureza. Não me ama como eu a amo. Que privilégio.Eu a amarei sempre e será sempre belo.”

“Sou um deserto que fala sozinho, escreveu-me Violette Leduc um dia, numa carta. Pois encontrei nesse deserto inúmeras belezas. Além disso, os que vêm falar-nos do fundo da sua solidão de nós falam (…) a noite da infância, os desaires, as renúncias, a súbita comoção de uma nuvem em pleno céu. Surpreender uma paisagem, um ser, tal como existem na nossa ausência: sonho impossível que acalentamos todos.”

Violette Leduc sobre Simone de Beauvoir:

Simone de Beauvoir sobre Violette Leduc:

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13JULHO | AGOSTO 2014

ESTREIAS CINEMA

LUCYDE LUC BESSONCOM SCARLETT JOHANSSON, MORGAN FREEMAN, ANALEIGH TIPTON

ESTREIA 21 AGOSTO

A trama passa-se em Hamburgo, no pós-11 de Setembro. O carismático membro de uma unidade de espionagem alemã, Günther Bachmann (Seymour Hoffman), tenta encontrar Issa, um misterioso homem de origem chechena que chega à cidade para recuperar a fortuna do seu pai defunto. Nada neste jovem parece claro: será ele uma vítima, um ladrão, ou pior, um terrorista? Um banqueiro (Willem Dafoe) e uma advogada (Rachel McAdams) determinada a defender os direitos humanos vão ver-se envolvidos no imbróglio. Entretanto, Issa estabelece contacto com um proeminente líder da comunidade islâmica local, cuja credibilidade é posta em causa tanto por Bachmann, como por uma agente da CIA (Robin Wright). O desafio de Bachmann é aproveitar-se da relação entre Issa e Abdullah para

Philip Seymour Hoffman, Rachel McAdams, Willem Dafoe e Robin Wright protagonizam este thriller psicológico baseado no bestseller de John Le Carré.

expor uma rede de financiamento de actos terroristas que está a ser dirigida a partir de Hamburgo. Mas para isto ele precisa de tempo, sendo que está sob a constante ameaça de que os seus rivais de outras agências capturem Abdullah e o possivelmente inocente Issa. Acerca do desempenho de Seymour Hoffman, um dos últimos da sua carreira, o crítico Guy Lodge afirma que “é de uma beleza astuta – o seu sotaque peculiar não é feito por imitação, mas sim através de interpretação baseada na personagem. Muitos poucos actores contemporâneos possuem tanta inteligência. Ele desempenha o papel do lobo solitário Bauchmann com o grau certo de ironia e é um prazer observar o seu flirt mordaz com a personagem de Robin Wright”.

Michael Kohlhaas é um comerciante de cavalos simples e justo, que leva uma vida exemplar. Mas face à injustiça, a sua bondade cessa, dando lugar à cólera. Kohlhaas cria um pequeno exército para fazer justiça pelas próprias mãos, saqueando populações, submetendo-as à sua ira. Protagonizado por Mads Mikkelsen (protagonisa da série Hannibal e dos filmes A Caça e 007 – Casino Royale), o filme é uma adaptação da obra de Heinrich von Kleist.

A VINGANÇA DE MICHAEL KOHLHAASDE ARNAUD DES PALLIÈRESCOM MADS MIKKELSEN, BRUNO GANZ, DENIS LAVANT

ESTREIA 21 AGO

Scarlett Johansson é Lucy, uma jovem que é obrigada pela máfia a transportar drogas dentro do seu estômago. Acidentalmente, a substância é libertada e Lucy ganha poderes sobre-humanos, que incluem a telecinesia, a ausência de dor e a capacidade de adquirir conhecimento instantaneamente. Do mesmo realizador de Léon, o Profissional e O 5º Elemento, Lucy conta ainda com a participação de Morgan Freeman, no papel de um professor universitário que vai ajudar a protagonista.

O HOMEM MAIS PROCURADODE ANTON CORBIJNCOM PHILIP SEYMOUR HOFFMAN, RACHEL MCADAMS, WILLEM DAFOE

ESTREIA 7 AGO

Duração: 121 min

Dur: 122 min

EXCLUSIVOCINEMASMEDEIA

Prémios e Festivais:Festival de Cannes - Selecção Oficial - Em Competição

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14 JULHO | AGOSTO 2014

TEATROMUNICIPALCAMPOALEGRE

14 JULHO | AGOSTO 2014

O fio condutor da programação de Julho no TM∙CA é a literatura, com a qual o cinema se cruzou desde o início, usando ou subvertendo as suas técnicas, adaptando obras literárias.As “Terças-feiras Clássicas” serão dedicadas a um pequeno ciclo que reúne Fellini e Pasolini, com as suas adaptações de grandes clássicos da literatura europeia, de Petrónio, Casanova, Boccaccio e Chaucer. Adaptações/recriações arrojadas e estimulantes, por dois dos nomes maiores do cinema italiano, que chegarama trabalhar juntos.Violette Leduc é uma notável escritora francesa da segunda metade do século XX, contemporânea de Simone de Beauvoir (com quem manteve uma intensa, turbulentae profícua relação), Sartre, Camus (que a editou, na Gallimard), Jean Genet...Iremos vê-la, iremos vê-los em Violette, de Martin Provost,filme cativante e avassalador, que, como Beauvoir dizia dos livros de Leduc, “Apesar de lágrimas e gritos, […] reconforta[m] – ela gosta muito desta palavra – devido a uma coisa a que chamarei sua inocência no mal, e porque extraem muitas riquezas da escuridão.” [Aníbal Fernandes, na introdução a Teresa e Isabel, ed. Relógio d’Água]O TM∙CA fecha em Agostoe regressa em Setembro.Com Yasujiro Ozu.

PROGRAMAÇÃO

Programação sujeitaa alterações de última hora. Confirme sempre emwww.medeiafilmes.com

ESTREIAS NACIONAIS EXCLUSIVASMINHA ALMA POR TI LIBERTA DE FRANÇOIS DUPEYRON

8 Julho às 22h00: FELLINI - SATYRICON de Federico Fellini

15 Julho às 22h00: O CASANOVA DE FELLINI de Federico Fellini

22 Julho às 22h00: DECAMERON de Pier Paolo Pasolini

29 Julho às 22h00: OS CONTOS DE CANTERBURY de Pier Paolo Pasolini

Festival de San Sebastián - Selecção Oficial em CompetiçãoFinalista Prémio Louis DellucPrémios César - Nomeação para Melhor Actor

VIOLETTE DE MARTIN PROVOSTFestival de Haifa - Menção Especial do JúriFestival Internacional de Toronto - Selecção Oficial

UM CASTELO EM ITÁLIA DE VALERIA BRUNI-TEDESCHIFestival de Cannes - Selecção Oficial

QUANDO A NOITE CAI EM BUCARESTEOU METABOLISMO DE CORNELIU POROMBOIUFestival de Locarno e Lisbon & Estoril Film Festival - Selecção Oficial7 Nomeações nos Gopos Awards, incluindo Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Argumento, Melhor Actriz e Melhor Actriz Secundária

ESTREIA EXCLUSIVA CAMPO ALEGRELIÇÕES DE HARMONIA DE EMIR BAIGAZINFestival de Cinema de Berlim – Urso de Prata, Melhor RealizadorLisbon & Estoril Film Festival – Prémio Especial do Júri, João Bénard da Costa

Em complemento, será exibida a curta-metragem PRIMÁRIA de Hugo PedroLisbon & Estoril Film Festival – Prémio MEO – Melhor Curta-metragem

IV Festival Cortéx – Prémio do Júri e do Público, Melhor Curta-metragem Nacional

TERÇAS-FEIRAS CLÁSSICASCICLO FELLINI + PASOLINI(E ALGUNS CLÁSSICOS DA LITERATURA EUROPEIA)

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15JULHO | AGOSTO 2014

PRÓXIMOS LANÇAMENTOS EM DVD

ESTREIAS CINEMAPROGRAMAÇÃOOUTRAS ESTREIAS

15

NUNCA DIGAS NUNCADE ROB REINERMichael Douglas e Diane Keaton protagonizam o novo filme do realizador de Conta Comigo,When Harry Met Sally - Um Amor Inevitável ou Uma Questão de Honra. Um agente imobiliário excêntrico e egoísta (Douglas) vê a sua vida dar uma volta quando se depara com a neta, cuja existência desconhecia, abandonada à porta de casa. Felizmente, tem uma vizinha (Keaton) pronta a ajudar…

ESTREIA 7 AGOSTO

BELLE E SEBASTIÃODE NICOLAS VANIERO livro de Cécile Aubry já foi adaptado para a televisão, na década de 1960, e para uma série de animação japonesa, nos anos 1980 (exibida pela RTP). Agora, a história original do pequeno Sebastião e do seu cão, Belle, chega ao cinema. Tudo se passa bem alto, numa aldeia nos Alpes suiços cujo quotidiano se altera com a 2ª Guerra Mundial. Sebastião tem em Belle um companheiro para o ajudar na busca pela sua mãe…

ESTREIA 7 AGOSTO

Na noite da passagem do ano, um pequeno grupo embrenha-se na sala dum velho hotel em ruínas. Carmine, o mais velho do grupo, lança um desafio a um dos homens, Furio: tem 4 meses para restaurar o hotel e inaugurá-lo com grande pompa. Consciente das dificuldades mas desejoso de se mostrar à altura, Furio aceita encorajado pela sua mulher Margo que acredita que esta missão permitirá ao casal reencontrar o ímpeto perdido.

A Leopardo Filmes orgulha-se de editar brevemente em DVD os melhores documentários do ano: A Dois passos do Estrelato, A Imagem Que Falta e Sacro GRA, três dos documentários mais premiados dos últimos meses.

A DOIS PASSOS DO ESTRELATOA Dois Passos do Estrelato foi o grande vencedor do Óscar de Melhor Documentário. O documentarista Morgan Neville apontou os holofotes para as cantoras que, habitualmente, se mantém na sombra e que colaboraram como backup singers com nomes como Bruce Springsteen, Sting, The Rolling Stones ou Stevie Wonder.

A IMAGEM QUE FALTA (EXCLUSIVO FNAC)O cineasta Rithy Panh, realizador de A Imagem Que Falta, cuja obra cinematográfica se tem debruçado sobre as marcas do regime do Khmer Vermelho, regressa ao tema com este comovente documentário, vencedor do Prémio Un Certain Regard do Festival de Cannese nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.

SACRO GRAConduzindo a sua carrinha, Gianfranco Rosi parte para explorar o GRA (Grande Raccordo Anulare), mais conhecido como GRA de Roma, a auto-estrada que circunda a capital italiana.O realizador fez História no último Festival de Veneza, quando Sacro GRA se tornou no primeiro documentário a vencer o Leão de Ouro.

CADÊNCIAS OBSTINADAS um filme de Fanny Ardantcom Nuno Lopes, Ricardo Pereira, Asia Argento e Gérard Depardieu

ESTREIA EXCLUSIVA CAMPO ALEGRE

JULHO | AGOSTO 2014

NA TERCEIRA PESSOADE PAUL HAGGISA nova longa-metragem de Paul Haggis, vencedor do Óscar de melhor filme com Crash em 2006, conta três histórias interligadas entre si. Em Paris, um escritor (Liam Neeson) mantém um relacionamento extraconjugal.Em Roma, um homem de negócios (Adrien Brody) ajuda uma mulher cuja filha foi sequestrada. Em Nova Iorque encontramos Rick (James Franco), que luta pela custódia do filho que a sua ex-mulher (Mila Kunis) alegadamente tentou matar.

ESTREIA 10 JULHO

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16 JULHO | AGOSTO 2014