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HISTÓRIA DO BRASIL As Grandes Navegações As grandes navegações marcaram um período da História européia no qual os horizontes se alargaram enormemente. Dentre outros eventos, nessa época, encontrou-se o fim do continente africano e entrou-se em contato com civilizações do Oriente e do Extremo Oriente. No século XVI, uma expedição espanhola liderada pelo português Fernão de Magalhães comprovaria que a terra é redonda, através da viagem de circunavegação. No entanto, não se deve perder de vista o sentido maior dessa expansão marítima para os europeus: obter riquezas. O descobrimento do Brasil e as primeiras décadas da colônia O termo descoberta do Brasil se aplica somente à chegada, em 22 de abril de 1500, da frota comandada pelo navegador português Pedro Álvares Cabral a uma parte da extensão de terra onde atualmente se localiza o território brasileiro. A palavra "descoberta" é usada nesse sentidoem uma perspectiva europocêntrica, ou seja, referindo-se estritamente a um olhar europeu que “descobre um Novo Mundo”, deixando de considerar a presença de diversos grupos de povos ameríndios que habitam a região há muitos séculos. O descobrimentoe o comércio indiano Em 1500, as índias, recém-descobertas‖ por Portugal, supriam as necessidades comerciais do Reino, através do afluxo de especiarias. Neste momento, o Estado e a burguesia portuguesa estavam mais interessados na África e na Ásia, pois os lucros oferecidos pelo comércio com essas regiões eram imediatos, com o comércio das especiarias asiáticas e dos produtos africanos, como o ouro, o marfim e o escravo negro. Em contrapartida, os lucros conseguidos com a extração do pau- brasil era insignificantes se comparados com aqueles adquiridos com os produtos afro asiáticos. O escambo de pau-brasil Em 1501 e 1502 foram feitas expedições pela costa brasileira. Após os primeiros contatos com os indígenas, os portugueses começaram a explorar o pau-brasil da Mata Atlântica.

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HISTÓRIA DO BRASIL

As Grandes Navegações

As grandes navegações marcaram um período da História européia no qual os horizontes se alargaram enormemente.

Dentre outros eventos, nessa época, encontrou-se o ―fim do continente africano e entrou-se em contato com civilizações do Oriente e do Extremo Oriente.

No século XVI, uma expedição espanhola liderada pelo português Fernão de Magalhães comprovaria que a terra é redonda, através da viagem de circunavegação.

No entanto, não se deve perder de vista o sentido maior dessa expansão marítima para os europeus: obter riquezas.

O descobrimento do Brasil e as primeiras décadas da colônia

O termo descoberta do Brasil se aplica somente à chegada, em 22 de abril de 1500, da frota comandada pelo navegador português Pedro Álvares Cabral a uma parte da extensão de terra onde atualmente se localiza o território brasileiro.

A palavra "descoberta" é usada nesse sentidoem uma perspectiva europocêntrica, ou seja, referindo-se estritamente a um olhar europeu que “descobre um Novo Mundo”, deixando de considerar a presença de diversos grupos de povos ameríndios que

habitam a região há muitos séculos.

O “descobrimento” e o comércio indiano

Em 1500, as índias, ―recém-descobertas‖ por Portugal, supriam as necessidades comerciais do Reino, através do afluxo de especiarias.

Neste momento, o Estado e a burguesia portuguesa estavam mais interessados na África e na Ásia, pois os lucros oferecidos pelo comércio com essas regiões eram imediatos, com o comércio das especiarias asiáticas e dos produtos africanos, como o ouro, o marfim e o escravo negro.

Em contrapartida, os lucros conseguidos com a extração do pau-brasil era insignificantes se comparados com aqueles adquiridos com os produtos afro asiáticos.

O escambo de pau-brasil

Em 1501 e 1502 foram feitas expedições pelacosta brasileira. Após os primeiros contatos com os indígenas, os portugueses começaram a explorar o

pau-brasil da Mata Atlântica. O pau- brasil tinha grande valor no mercado europeu, já que sua seiva avermelhada era

muito utilizada para tingir tecidos e para a fabricação de móveis e embarcações. Como estas árvores não estavam concentradas em uma única região, mas espalhadas

pela mata, passou-se a utilizar a mão de obra indígena para executar o corte. Até esse momento, os índios não eram escravizados, eram pagos na forma de

escambo, ouseja, através da troca de produtos. Machados, apitos, chocalhos, espelhos e outros objetos utilitários foram oferecidos aos nativos em troca de seu trabalho (cortar o pau-brasil e carregá-lo até às caravelas).

Os portugueses continuaram a exploração da madeira, erguendo toscas feitorias no litoral, onde funcionavam armazéns e postos de trocas com os indígenas.

Motivações para a colonização

Nesse período, encontravam-se, além dos portugueses, outros estrangeiros no território da América portuguesa. Dentre estes, destacam-se os franceses, que eram os

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principais compradores do pau-brasil da costa brasileira. No final da década de 1520, Portugal via uma dupla necessidade de dar início à

colonização no Brasil. Pois, se por um lado, o Reino passava por sérios problemas financeiros com a perda do

monopólio do comércio das especiarias asiáticas, por outro, a crescente presença estrangeira, notadamente francesa, no litoral do Brasil, ameaçava a posse portuguesa da sua parte nas terras do Novo Mundo.

Outro fator relevante foi a descoberta de ouro e prata na América espanhola. Em 1530, o governo português enviou ao Brasil a primeira expedição colonizadora, sob

o comando de Martim Afonso de Sousa. Essa expedição visava o povoamento e a defesa da nova terra, assim como, sua

administração e sistematização da exploração econômica.

A organização da estrutura político-administrativa do Brasil colonial

O sistema de Capitanias Hereditárias – Em 1532, tomou-se a decisão de dividir a colônia em 14 Capitanias Hereditárias, doadas a

nobres portugueses que teriam a obrigação de povoar, proteger e desenvolver economicamente seus territórios.

Para estimular os donatários a ocupar as novas terras, o rei lhes concedeu amplos poderes políticos, para governar suas terras. Dessa forma, os donatários poderiam doar sesmarias, exercerem jurisdição civil na Capitania e obterem direitos comerciais.

Em contrapartida, os donatários deveriam arrecadar tributos para a Coroa. A nobreza e a burguesia portuguesa não se interessaram pelo empreendimento, pois não apresentavam atrativos visivelmente rentáveis. Das Capitanias organizadas, poucas obtiveram êxito.

As que mais prosperaram foram as Capitanias de São Vicente e de Pernambuco. As outras fracassaram como empresa colonizadora, como foi o caso da Capitania de Ilhéus, onde o donatário Pereira Coutinho acabou sendo devorado pelos índios antropófagos locais.

Contudo, o sistema continuou a existir até finais do século XVIII.

O Governo Geral – Com o risco sempre iminente da perda do território para os franceses e com a notícia

da descoberta da mina de Potosi (na atual Bolívia) pelos espanhóis, em1545, (a maior mina de prata do mundo na época), em 1548, a Coroa portuguesa decidiu implantar um governo central na colônia.

Esse sistema administrativo, introduzido em 1548, centralizava o poder político e administrativo da colônia nas mãos de um representante do rei, o governador geral. Entre suas principais funções estavam:

consolidar o poder político e religioso; incentivar o povoamento visando a defesa do território contra invasões; auxiliar na administração e proteger militarmente os donatários, estabelecendo assim,

um maior controle social. A primeira sede do Governo Geral foi em Salvador.

As Câmaras MunicipaisEram órgãos locais da administração colonial portuguesa.Sua fundação data de 1549, na cidade de Salvador, por Tomé de Souza. Suas funções eram bastante extensas e abarcavam diversos setores da vida

econômica, social e política na colônia. As câmaras municipais prevaleceram em todo o período colonial, tornando-se a base da administração.

Seus membros eram constituídos pelos homens bons.As câmaras eram importantes centros de poder e de decisão na colônia e, algumas

vezes, se confrontavam com a Coroa.

Os cristão-novos

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O termo designa os judeus convertidos ao cristianismo católico.

A questão indígena Além da violência contra os indígenas, que foram escravizados em muitas regiões da

colônia, durante o processo de colonização, suas terras foram tomadas, seus meios de sobrevivência destruídos e suas práticas religiosas proibidas.

Um dos principais grupos indígenas do Brasil foi o dos tupinambás, e também um dos grandes inimigos da colonização portuguesa. Espalhados pela costa brasileira,eram encontrados, sobretudo, na Bahia e no Rio de Janeiro.

Nos primeiros anos da empresa colonizadora, os portugueses fizeram comércio (escambo) com os índios, no entanto, com a implementação das plantations, começaram a utilizar a mão de obra indígena de forma compulsória. O trabalho indígena conseguido pela força, foi largamente utilizado em toda a colônia até cerca de 1600.

A resistência Indígena Os povos indígenas, ao contrário do que preconizava parte da historiografia

tradicional,não aceitaram pacificamente a dominação dos não- índios e, durante todo o processo colonizador, empreenderam uma forte resistência.

Dentre esses movimentos de resistência indígena antiescravista, destaca-se a Confederação dos Tamoios, um movimento que reuniu diversos povos indígenas contra a dominação portuguesa.

A França Antártica

A implantação do colonialismo na América Portuguesa

Somente a partir de 1550, pode-se considerar que a estrutura colonial se impôs de fato na América portuguesa.

Era a sociedade colonial, patriarcal, escravista e monocultora.

A estrutura colonial

O Pacto colonialFoi um conjunto de normas que regulamentaram as relações políticas e econômicas entre

as metrópoles e suas respectivas colônias, na chamada Era Mercantilista.

A exploração da cana-de-açúcar O açúcar extraído da cana possuía um alto valor nesse mercado; passou a ser chamado de engenho o conjunto formado pela grande propriedade rural

açucareira O engenho de açúcar constituiu a peça principal do sistema mercantilista português do

período, sendoorganizado na forma de latifúndios,com técnicas agrícolas complexas, mas apesar disso, com baixa produtividade.

A partir de meados do século XVI, para sustentar a produção de cana-de-açúcar, os portugueses começaram a importar africanos como mão de obra escrava.

A pecuáriaA atividade criatória cumpriu um duplo papel no desenvolvimento colonial: primeiro, o

de complementar a economia do açúcar; segundo, o de dar início a penetração, conquista e povoamento do interior do Brasil, principalmente do sertão nordestino.

O escravismo colonial

A presença holandesa no comércio Os Países Baixos possuíam relações comercias com Portugal desde a Idade Média.Assim sendo, tornaram-se parceiros fundamentais para o sucesso da agromanufatura

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açucareira, participando do transporte da cana para a Europa e do refino do açúcar. Dessa forma, Holanda e Portugal tornaram-se sócios no comércio europeu do açúcar, havendo nessa sociedade certa desvantagem de Portugal.

Os Jesuítas Desde a década de 1550, a Companhia de Jesus estava presente no Brasil. Essa Ordem foi criada durante a Contra-Reforma católica com o objetivo de promover

a expansão da fé católica pelo mundo. Os Jesuítas também desempenharam um importante papel na educação da colônia,

eles educavam os filhos dos senhores de engenho, comerciantes e de outras famílias abastadas. Durante o período colonial, o direito à educação, era restrito somente a esses grupos sociais.

O Brasil e as relações internacionais

União Ibérica e invasão holandesa

As Revoltas Coloniais

A Revolta de Beckman (1684) O Quilombo dos Palmares (1630-1694) A Guerra dos Mascates 1709-1711

A economia mineradoraO século XVIII marcou na colônia o desenvolvimento da economia mineradora.

O bandeirismoAs Entradas e Bandeiras foram expedições organizadas para explorar o interior

do Brasil. Foram quatro os principais fatores que contribuíram com a interiorização:

a pecuária, a busca por drogas do sertão, A procura por metais e o apresamento de índios.

Em São Paulo, seus habitantes se voltaram para o interior e adotaram maneiras próprias para viver nas matas. Devido à intensa mestiçagem, muitos paulistas falavam o tupi- guarani tão bem, ou melhor, que os portugueses, além disso, influenciados pelos costumes indígenas, andavam com destreza pelas matas. Em consequência disso, tinham fama de desbravadores de fronteiras e de predadores de índios.

Diante das necessidades do governo colonial, a habilidade e a experiência dos paulistas foram mobilizadas, um exemplo disso foi a ação de Domingos Jorge Velho, bandeirante, que auxiliando o governo instituído, destruiu Palmares. Em 1695 deu-se a descoberta de ouro, a partir de então, desde a grande bandeira de Fernão Dias Paes, organizada em 1674, até as primeiras décadas do século XVIII, os paulistas definiriam os contornos das Minas Gerais.

A Guerra dos Emboabas 1707-1709 – Foi o conflito entre paulistas e portugueses na região central das Minas ocorrido entre 1707 e 1709.

A nova invasão francesa no Rio de Janeiro - Entre 1710 e 1711 o Rio de Janeiro foi novamente invadido pelos corsários Jean François Du Clerc e Duguay-Trouin.

O abastecimento - O abastecimento fo o nome dado a política da administração colonial, preocupada com a subsistência dos colonos e escravos dedicados à mineração, assim como dos

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funcionários administrativosdedicados ao seu controle.

A sociedade mineradora

A atividade mineradora foi responsável por profundas mudanças na vida colonial. Em cem anos a população cresceu de 300 mil para, aproximadamente, 3 milhõesde pessoas, incluindo, um deslocamento de 800 mil portugueses para o Brasil.

Paralelamente foi intensificado o comércio interno de escravos, chegando do Nordeste para a região mineira cerca de 600 mil negros. Tais deslocamentos representam a transferência do eixo social e econômico do litoral para o interior da colônia, o que acarretou na própria mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763, pois essa era a cidade de mais fácil acesso à região mineradora.

A vida urbana mais intensa viabilizou também, melhores oportunidades no mercado interno e a formação de uma sociedade mais flexível, permitindo, por vezes, a mobilidade social.

Embora mantivesse a base escravista, a sociedade mineradora diferenciava- se da açucareira por seu comportamento urbano, menos aristocrático e pela camada socialmente dominante que era mais heterogênea, representada pelos grandes proprietários de escravos, grandes comerciantes e burocratas.

A novidade foi o surgimento de um grupo social intermediário formado por pequenos comerciantes, intelectuais, artesãos e artistas que viviam nas cidades e pelos faiscadores, aventureiros e biscateiros (homens livres pobres brancos, mestiços e negros libertos), enquantoque a base social permanecia formada por escravos. Em meados do século XVIII, estes chegaram a representar 70% da população mineira.

O desenvolvimento da vida urbana trouxe também mudanças culturais e intelectuais, destacando-se a chamada escolamineira, que se transformou no principal centro do Arcadismo no Brasil.

Entre os artistas da época, se destacam, na região mineira, o mestre Antônio Francisco Lisboa, o "Aleijadinho" (1730-1814), e no Rio de Janeiro, o mestre Valentim (c. 1745-1813).

O FiscalismoPor todo o século XVIII a grande preocupação da Coroa portuguesa nas Minas Gerais

era o crescente contrabando de ouro. Os contrabandistas vinham de todas as classes sociais, por isso, independente da posição que ocupavam, eram objeto da fiscalização real que se estendiainclusive ao clero e as pessoas ligadas ao rei. Foi instituída na época, uma verdadeira luta entre o Fisco e o contribuinte, dessa forma, muitos impostos pesaram sobre a região das Minas

A Revolta de Vila Rica 1720

A decadência da mineração e o renascimento agrícolaNa segunda metade do século XVIII, a mineração entrou em decadência

com a paralisação das descobertas. O ouro e os diamantes da região mineira por serem de aluvião eram facilmente descobertos e extraídos, permitindo uma exploração constante, fazendo com que as jazidas se esgotassem rapidamente.

Esse esgotamento também pode ser atribuído ao desconhecimentotécnico dos mineradores, já que a extração foi realizada somente nos veios (leitos dos rios), nos tabuleiros (margens) e nas grupiaras(encostas mais profundas). Essa técnica de exploração, apesar de rudimentar, foi suficiente para o sucesso do empreendimento. Numa quarta etapa porém, quando a extração atingiu as rochas matrizes, formadas por um minério extremamente duro (quartzo itabirito), teve início o declínio da economia mineradora.

Como as outras atividades eram subsidiárias ao ouro e ao diamante, toda economia colonial entrou em declínio.

As reformas pombalinas e as conjurações coloniais

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A época pombalina

O Absolutismo Ilustrado – Também chamado de Despotismo Esclarecido

As Reformas Pombalinas Foi um conjunto de reformas implementadas durante o mandato do Marquês de Pombal,

com o objetivo de modernizar a administração portuguesa e impulsionar a economia do Império.

De acordo com essas reformas, reforçou-se a idéia de que a colônia tinha como principal meta prosseguir como fornecedora de riquezas para o Reino, por isso, na administração colonial, o governo pombalino reformou a legislação da indústria de mineração e estimulou ainda mais a exportação de produtos primários.

O regime de monopólio comercial foi reforçado, com o objetivo de se obter maior eficiência na exploração da colônia como fonte de riqueza.

Nesse intuito, entre 1755 e 1759, foram criadas, respectivamente, a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão e a Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e Paraíba.

Essas eram empresas monopolistas destinadas a dinamizar as atividades econômicas no Norte e Nordeste da colônia mantendo (entre outras regalias que aumentavam os lucros dos comerciantes portugueses) o direito exclusivo de navegação; sobre o tráfico de escravos e de compra e venda de produtos da colônia.

Em 1765, foi instituída na região das Minas a chamada derrama, com a finalidade de obrigar os mineradores a pagarem os impostos atrasados (a derrama era uma taxa per capita, em quilos de ouro, que a colônia era obrigada a enviar para a metrópole, independente da real produção de ouro).

No âmbito dessas reformas, as principais alteraçõesse deram na esfera político-administrativa e na educação.

Em 1759, o regime de capitanias hereditárias foi definitivamente extinto, sendo incorporadas aos domínios da Coroa portuguesa.

Em 1763, a sede do governo-geral da colônia foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, cujo crescimento sinalizava o deslocamento do eixo econômico do Nordeste para a região Centro-Sul.

Em 1757, Pombal criou o Diretório dos Índios, legislação cuja função era gerir os antigos aldeamentos e tornar os índios livres e, ao mesmo tempo, vassalos do rei, essa lei também incentivou a miscigenação (casamentos entre colonos e índios).

Em 1759, acusando os membros da Companhia de Jesus de conspirarem contra o Estado, o Marquês de Pombal ordenou a expulsão dos Jesuítas de todo império português, decretando assim a emancipação dos ameríndios e transferindo para a

Coroa portuguesa o governo das Missões. O ministro regulamentou ainda o funcionamento das Missões, afastando os padres de sua

administração. O governo pombalino determinou ainda que a educação na colônia passasse a ser transmitida por leigos nas instituições de ensino régio.

Complementando esse "pacote" de medidas, o Marquês procurou dar maior uniformidade cultural à colônia, proibiu a utilização do Nheengatu – língua geral– uma mistura das línguas nativas com o português, falada pelos bandeirantes, tornando, assim, obrigatório o uso do idioma português.

O reinado de D. Maria I No reinado da sucessora de D. José I, prevaleceu o caráter absolutista ilustrado

da política pombalina. Assim, em 1785, as manufaturas foram proibidas na colônia.

A Guerra Guaranítica - Nome dado aos violentos conflitos que envolveram os índios guaranis e as tropas espanholas e portuguesas no sul do Brasil após a assinatura do Tratado

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de Madri.

O caráter geral das conjurações -As conjurações de fins do século XVIII não são maiscomo as antigas revoltas coloniais.Diferentes das antigas revoltas chamadas nativistas, as conjurações desse período

contestavam a colonização e começavam a organizar um movimento no sentido de promover a independência do Brasil da metrópole portuguesa.

As conjurações coloniais

A Co n j u ra ç ã o M i n e i r a 1 7 89 A Co n j u ra ç ã o C a ri o c a 1794 A C o n j ur a ção B a i a n a 17 9 8

A época joanina1808-1821

A partir de 1808, pode-se dizer que o Brasil deixa de ter as características de uma colônia. Com a chegada da família real e da Corte portuguesa à cidade do Rio de Janeiro, o Centro-Sul da América portuguesa passou a cumprir um papel de metrópole ante o resto do Império português.

Pode-se falar, então, que 1808 marca uma ruptura maior do que aquela de 1822, ano da independência do Brasil em relação a Portugal.

OBSERVAÇÃOA Revolução Pernambucana 1817A Revolução Liberal do Porto 1820

EXERCÍCIOS

1. UFRJ 2003. À frente do projeto de expansão do lusocristianismo estavam os monarcas portugueses, aos quais, desde meados do século XV, os papas haviam concedido o direito do padroado (...) Quando se iniciou o ciclo das grandes navegações, Roma decidiu confiar aos monarcas da Península Ibérica o padroado sobre as novas terras descobertas.

As relações entreos Estados nascentes e a Igreja Católica constituíram-se em um dos mais importantes eixos de conflito ao longo da etapa final da Idade Média. Ao contrário de outras regiões, na Península Ibérica a resolução do problema implicou o estreitamento das interações entre uma e outra instituição.

a) Cite duas das atribuições das Coroas Ibéricas contidas na delegação papal do Padroado, cujo fim último era a expansão do catolicismo nas terras recém-descobertas da América.

b) Indique a principal fonte de arregimentação de recursos para a realização das tarefas que, por meio do Padroado, estavam a cargo das Coroas Ibéricas na América nos séculos XVI e XVII.

2. UERJ 2006.As grandes navegações dos séculos XV e XVI possibilitaram a exploração do Oceano Atlântico, conhecido, à época, como Mar Tenebroso. Como resultado, um novo movimento penetrava nesse mundo de universos separados, dando início a um processo que foi considerado por alguns historiadores uma primeira globalização e no qual coube aos portugueses e espanhóis um papel de vanguarda.

A) Apresente o motivo que levou historiadores a considerarem as grandes navegações uma primeira globalização.

B) Aponte dois fatores que contribuíram para o pioneirismo de Portugal e Espanhanas grandes navegações.

3. ENEM 2007. A identidade negra não surge da tomada de consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma diferença biológica entre populações negras e brancas e/ou negras e amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico que começa com o descobrimento, no século XV, do continente africano e de seus habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento esse que abriu o caminho às

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relações mercantilistas com a África, ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à colonização do continente africano e de seus povos.

Com relação ao assunto tratado no texto acima, é correto afirmar que

a) a colonização da África pelos europeus foi simultânea ao descobrimento desse continente.

b) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugueses a desenvolverem esse continente.

c) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início da escravidão no Brasil.

d) a exploração da África decorreu do movimento de expansão européia do início da Idade Moderna.

e) a colonização da África antecedeu as relaçõescomerciaisentreesse continente e a Europa.

4. Puc-Rio 2005. A aventura da colonização empreendida pela Coroa de Portugal, nas terras da América, entre os séculos XVI e XVIII, expressou-se na constituição de diversas regiões coloniais.Sobre essas regiões coloniais, estão corretas as seguintes afirmativas COM EXCEÇÃO DE:

(A) No vale do Rio Amazonas, a partir do século XVII, ordens missionárias exploraram as "drogas do sertão", utilizando o trabalho de indígenas locais.(B) No vale do Rio São Francisco, a partir do final do século XVI, ocorreu a expansão de fazendas de criação de gado, voltadas para o abastecimento dos engenhos de açúcar do litoral.(C) Na Capitania de São Vicente, em especial por iniciativa dos habitantesda vila de São Paulo, organizaram-se expedições bandeirantes que, no decorrer do século XVII, abasteceram propriedades locais com a mão de obra escrava dos índios apresados.(D) Nas Minas, durante o séculoXVIII, a extração do ouro e de diamantes, empreendida por aventureiros e homenslivres e pobres, propiciou o surgimento de cidades, onde o enriquecimento fácil estimulava a mobilidade social.(E) No litoral de Pernambuco, durante a segunda metade do século XVI, a lavoura de cana e a produção de açúcar expandiram-se rapidamente, o que foi acompanhado pela gradual substituição do uso da mão-de-obra

escrava do nativo americano pelo negro africano.

5. UERJ 2008.

O ato de comemorar é uma forma de reiterar lembranças e evitar esquecimentos. As comemorações dos 500 anos de história do Brasil não fugiram a essa intenção. Em produtos variados, como a capa do caderno acima reproduzida, procurou-se enaltecer o que era característico e particular da nação. Um dos valores da identidade nacional brasileiraRepresentado na imagem está diretamente associado à:

(A) riqueza mineral(B) unidade religiosa(C) extensão do território(D) miscigenação do povo

6. UFRJ 2008. Em meados do século XVI, mais da metade das receitas ultramarinas da monarquia portuguesa vinham do Estado da Índia. Cem anos depois, esse cenário muda por completo. Em 1656, numa consulta ao Conselhoda Fazenda da Coroa, lia-se a seguinte passagem: “A Índia estava reduzida a seis praças sem proveito religioso ou econômico. (...) O Brasil era a principal substância da coroa e Angola, os nervos das fábricas brasileiras”. (Adaptado de HESPANHA, Antônio M. (coord). História de Portugal – OAntigo Regime. Lisboa: Editora Estampa, s/d.)

a) Identifique duas mudanças nas bases econômicas do império luso ocorridas após as transformações assinaladas no documento.

7.UFRJ2008. As Câmaras Municipais da América portuguesa do século XVII tinham a responsabilidade de, juntamente com os Oficiais da monarquia, zelar pelo bem comum da população. Para o exercício de tais funções, a Câmara possuía certas atribuições econômicas, políticas e jurídicas.

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Indique duas prerrogativas das Câmaras Municipais coloniais.

8. UFF 2003. Segundo o historiador Sérgio Buarque de Holanda, vários aspectos estabeleceram a diferença entre a colonização portuguesa – dos―semeadores‖ – e a colonização espanhola – dos ―ladrilhadores‖.Identifique a opção que revela uma diferença observada no tocante à construção das cidades no Novo Mundo.

(A) As formas distintas de construção das cidades no Novo Mundo derivaram do modo como a Espanha concebeu a idéia renascentista de homem, o que fez seus navegadores, ao contrário dos portugueses, considerarem os indígenas americanos como seus pares.(B) As cidades portuguesas na Costa da América tornaram-se feitorias por um acordo de não concorrência firmado entre Espanha e Portugal, expresso no Tratado de Tordesilhas, pelo qual a Espanha ficou encarregada das áreas de mineração.(C) As experiências comerciais na Ásia e na África acentuaram o papel da circulação nas práticas mercantilistas de Portugal; por isso, as cidades portuguesas da América eram feitorias, diferentemente das espanholas que combinavam comércio e produção.(D) As cidades portuguesas na América – feitorias – constituíram-se centros comerciais por influência direta do modelo de Veneza

e Florença. As cidades espanholas, por outro lado, tiveram como modelo a experiência urbana manufatureira francesa.(E)As cidades portuguesas especializaram-se em organizar a entrada de produtos agrícolas no território colonizado, enquanto as espanholas atuaram comonúcleos mercantis voltados para a criação de mercados consumidores de produtos manufaturados da metrópole.

9. UFF 2004. ―(...) se a região [colonial] possui uma localização espacial, este espaço já não sedistingue tanto por suas características naturais, e sim por ser um espaço socialmente construído, da mesma forma que, se ela possui uma localização temporal, este tempo não se distingue por sua localização meramente cronológica, e sim como um determinado tempo histórico, o tempo da relação colonial.Deste modo, a delimitação espácio-temporal de uma região existe enquanto materialização de limites dados a partir das relações que se estabelecem entre os agentes, isto é, a partir de relações sociais.

A partir do texto, podemos entender que a

empresa colonial é produtora de uma região e de um tempo coloniais, definidos pelas relações sociais construídas por suas características internas e pela maneira como se relaciona com o que se situa fora dessa mesma região colonial. A Afro- américa, produto da ocupação do Novo Mundo, principalmente por portugueses, espanhóis e ingleses, pode ser compreendida, nessa perspectiva, como um conjunto de:

(A) economias subordinadas ao mercado mundial capitalista e à lógica do capital industrial, garantindo a penetração do capitalismo no continente americano, o que explica a rápida industrialização ocorrida no século XIX, como desdobramento da revolução industrial;(B) sociedades que reproduziam as existentes nas metrópoles, podendo ser compreendidas a partir da substituição do trabalho compulsório das relações feudais pelo ―trabalho livre‖;(C) economias surgidas na lógica do mercantilismo, no caso da Inglaterra, e do feudalismo, nas colônias ibéricas, sendo o comércio a principal preocupação dos britânicos, enquanto os governos de Portugal e Espanha privilegiavam a expansão do poder daIgreja;(D)sociedades com organização socioeconômica diferente da existente nas metrópoles, tendo na exploração do trabalho escravo a base da produção da riqueza, que era, em grande parte, transferida paraas metrópoles, segundo a lógica do capital comercial;(E) economias baseadas na monocultura de produtos de grande demanda na Europa, gerando uma sociedade polarizada entre Senhores e Escravos, não possibilitando a formação de um mercado interno e o surgimento de outras classes sociais.

10. UFRJ 2009. A tabela a seguir mostra algumas das conseqüências econômicas e sociais da introdução do plantio da cana-de-açúcar em substituição ao de tabaco em Barbados (Caribe) no século XVII.

Característ. sócio-econômicas 1645 1680

Cultivo exportável dominante Tabaco Açúcar

Número de fazendas 11.000 350

Tamanho das fazenda 10 acres* +10acres*

Número de escravos / 5.680 37.000 africanos e afro-descendentes

* medida agrária adotada por alguns países

a) Relacionando as variáveis presentes na tabela, explique como o exemplo de Barbados

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ilustra as transformações fundiárias e sociais próprias da maior inserçãodas regiões escravistas americanas no mercado internacional na época colonial.

b) Cite duas capitanias açucareiras daAmérica Portuguesa que apresentavam características fundiárias e sociais semelhantes às de Barbados em fins do século XVII.

11. PUC 2009. Sobre as características da sociedade escravista colonial da América portuguesa estão corretas as afirmações abaixo, À EXCEÇÃO de uma. Indique-a.

(A) O início do processo de colonização na América portuguesa foi marcado pela utilização dos índios – denominados ―negros da terra‖- como mão-de-obra.(B) Na América portuguesa, ocorreu o predomínio da utilização da mão-de- obra escrava africana seja em áreas ligadas à agroexportação, como o nordeste açucareiro a partir do final do século XVI, seja na região mineradora a partir do século XVIII. (C) A partir do século XVI, com a introdução da mão-de-obra escrava africana, a escravidão indígena acabou por completo em todas as regiões da América portuguesa.(D) Em algumas regiões da América portuguesa, os senhores permitiram que alguns de seus escravos pudessem realizar uma lavoura de subsistência dentro dos latifúndios agroexportadores, o que os historiadores denominam de ―brecha camponesa‖.(E) Nas cidades coloniais da América portuguesa, escravos e escravas trabalharam vendendo mercadoriascomo doces, legumes e frutas, sendo conhecidos como ―escravos de ganho‖.

12. UERJ 2009. O trabalho na colônia1. 1500-1532: período chamado pré- colonial, caracterizado por uma economia extrativa baseada no escambo com os índios;2. 1532-1600: época de predomínio da escravidão indígena;3. 1600-1700: fase de instalação do escravismo colonial de plantation em sua forma ―clássica‖;4. 1700-1822: anos de diversificação das atividades em função da mineração, do surgimento de uma rede urbana, mais tarde de uma importância maior da manufatura – embora sempre sob o signo da escravidão predominante.

A partir das informações do texto, verificam-se alterações ocorridas no sistema colonial em relação à mão-de-obra. Apresente duas justificativas para o incentivo do

Estado português à importação de mão-de-obra escrava para sua colônia na América.

13. UFRJ 2000. ―(...) Assim, antes de partir de França, Villegagnon prometeu a alguns honrados personagens que o acompanharam, fundar um puro serviço de Deus no lugar em que se estabelecesse. E depois de aliciar os marinheiros e artesãos necessários, partiu em maio de 1555, chegando ao Brasil em novembro, após muitas tormentas e toda a espécie de dificuldades. Aí aportando, desembarcou e tratou imediatamente de alojar-se em um rochedo na embocadura de um braço de mar ou rio de água salgada a que os indígenas chamavam Guanabara e que (como descreverei oportunamente) fica a 23º abaixo do equador, quase à altura do Trópico de Capricórnio.Mas o mar daí o expulsou. Constrangido a retirar-se avançou quase uma légua em busca de terra e acabou por acomodar-se numa ilha antes deserta, onde, depois de desembarcar sua artilharia e demais bagagens, iniciou a construção de um forte, a fim de garantir-se tanto contra os selvagens como contra os portugueses que viajavam para o Brasil e aí já possuem inúmeras fortalezas.‖ (IN: LÉRY, Jean. DeViagem à Terra do Brasil. Rio de Janeiro,Bibliex, 1961, pp. 51).

―(...) Por esse tempo, agitava-se importante controvérsia entre os dirigentes da Companhia (Cia. Das Índias Ocidentais), a qual se travou principalmente entre as câmaras da Holanda e da Zelândia. Versava sobre se seria proveitoso à Companhia franquear o Brasil ao comércio privado, ou se devia competir a ela tudo o que se referisse ao comércio e às necessidades dos habitantes daquela região. Cada um dos dois partidos sustentava o seu parecer. Os propugnadores do monopólio escudavam-se com o exemplo da Cia. Oriental, usando o argumento de que se esperariam maiores lucros, se apenas a Cia. comerciasse, porque, com o tráfico livre, dispersar-se-ia o ganho entre muitos, barateando as mercadorias pela concorrência.‖ (IN: BARLÉU, Gaspar. História

dos Feitosrecentemente praticados durante oito anos noBrasil. SP: Itatiaia, 1974, p.90)

Ao longo dos séculos XVI, XVII e início do XVIII, várias potências européias invadiram a América Portuguesa. Houve breves invasões e atos de pirataria ao longo do litoral no início de século XVI. Posteriormente outras invasões iriam adquirir características diferenciadas. As formas de invasão e ocupação, assim como estratégias e interesses econômicos seriam diversos.

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a) Aponte duas razões para a invasão e o estabelecimento colonialde franceses (a França Antártica) no litoral do Rio de Janeiro entre 1555 e 1567.

b) Identifique o principal interesse daCia. das Índias Ocidentais na invasão de Pernambuco, em 1634.

14. UERJ 2008.Quilombo, o eldorado negroExistiuUm eldorado negro no BrasilExistiuComo o clarão que o sol da liberdade produziuRefletiuA luz da divindade, o fogo santo deOlorumReviveuA utopia um por todos e todos por umQuilomboQue todos fizeram com todos os santos zelandoQuilomboQue todos regaram com todas as águas do prantoQuilomboQue todos tiveram de tombar amando e lutandoQuilomboQue todos nós ainda hoje desejamos tantoExistiuUm eldorado negro no BrasilExistiuViveu, lutou, tombou, morreu, de novo ressurgiuRessurgiuPavão de tantas cores, carnaval do sonho meuRenasceuQuilombo, agora, sim, você e euQuilombo Quilombo QuilomboQuilomboGilberto Gil e Waly Salomão (1983).

A letra da música acima faz referência a uma das formas de resistência escrava – a criação de quilombos – verificada tanto no Brasil colonial quanto após a independência.Explique por que os quilombos representaram um avanço na luta dos cativos contra seus senhores, ao longo do século XIX, e indique duas outras formas de resistência escrava.

15. Puc 2005. COM EXCEÇÃO DE UMA, as opções abaixo apresentam de modo correto regiões das Américasonde se verificou largo emprego de mão-de-obra escrava de origem africana:(A) Vale do Paraíba do Sul, Brasil, meados do século XIX, produção de café.

(B) Estados do sul, Estados Unidos da América, primeira metade do século XIX, produção de algodão.(C) Cuba, século XVIII, produção de açúcar.(D) Região das Minas, América portuguesa, meados do século XVIII,extração de ouro.(E) Vice-reino do Peru, América espanhola, século XVII, ex-tração deprata.

16. ENEM 2006. No principio do século XVII, era bem insignificante e quase miserável a Vila de São Paulo. Joao de Laet davalhe 200 habitantes, entre portugueses e mestiços, em 100 casas; a Câmara, em 1606, informava que eram 190 os moradores, dos quais 65 andavam homiziados*.*homiziados: escondidos da justiçaNelson Werneck Sodré. Formação histórica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1964.

Na época da invasão holandesa, Olinda era a capital e a cidade mais rica de Pernambuco. Cerca de 10% da população, calculada em aproximadamente 2.000 pessoas, dedicavam-se ao comercio, com o qual muita gente fazia fortuna. Cronistas da época afirmavam que os habitantes ricos de Olinda viviam no maior luxo. Hildegard Féist. Pequena história do Brasil holandês. São Paulo: Moderna, 1998 (com adaptações).

Os textos acima retratam, respectivamente, São Paulo e Olinda no início do século XVII, quando Olinda era maior e mais rica. São Paulo e, atualmente, a maior metrópole brasileira e uma das maiores do planeta. Essa mudança deveu-se, essencialmente, ao seguinte fator econômico:(A) maior desenvolvimento do cultivo da cana-de-açúcar no planalto de Piratininga do que na Zona da Mata Nordestina.(B) atraso no desenvolvimento econômico da região de Olinda eRecife, associado a escravidão, inexistente em São Paulo.(C) avanço da construção naval emSão Paulo, favorecido pelo comércio dessa cidade com as Índias.(D) desenvolvimento sucessivo da economia mineradora, cafeicultora e industrial no Sudeste.(E) destruição do sistema produtivo de algodão em Pernambuco quando da ocupação holandesa.

17.UFF2008. Segundo alguns autores, a temática da ―fronteira‖ tem-se constituído em matéria-prima para a construção de ―mitos de origem‖. No caso norte-americano,

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por exemplo, a fronteira foi analisada por Turner para explicar as origens da democracia no país, já que ela foi responsável pela proliferação da pequena propriedade. No caso brasileiro, a questão da fronteira ganharia destaque

na década de 1930, com a ocupação do Centro- Oeste, que foi analisada por CassianoRicardo para explicar as origens do autoritarismo brasileiro. Partindo da afirmativa, é correto concluir que:

(A) a ocupação da fronteira dos Estados Unidos gerou um regime democrático porque os presidentes deste país nunca governaram a partir de regimes ditatoriais;(B) a ocupação da fronteira brasileira, que teve na Marcha para o Oeste, lançada por Vargas, mais um de seus capítulos, originou o autoritarismo brasileiro na medida em que o presidente era um ditador;(C) a ocupação da fronteira norte- americana originou historicamente um regime democrático porque seus desbravadores não precisaram enfrentar os habitantes indígenas;(D) a ocupação da fronteira brasileira, tradicionalmente, tem sido interpretada a partir da ação dos bandeirantes, originando oautoritarismo, na medida em queestes últimos precisaram domesticar a―anarquia‖ e o ―comunismo primitivo‖dos selvagens;(E) a ocupação de terras livres, em todo o continente americano, deu origem à Organização dos EstadosAmericanos (OEA), que arbitrava os conflitos interétnicos.

18. UNIRIO 2007. ―Entre os anos de1789 e 1801 as autoridades de Lisboa viram-se diante de problemas sem precedentes. De várias regiões da sua colônia americana chegavam notícias de desafeição ao trono, o que era sobremaneira grave. A preocupante novidade residia no fato de que o objeto das manifestações de desagrado, freqüentes

desde os primeiros séculos de colonização, deslocava-se, nitidamente, de aspectos particulares de ações de governo para o plano mais geral daorganização do Estado.‖ (JANCSÓ, Istvan. ―A Sedução da Liberdade: cotidiano e contestação política no final do século XVIII‖, in: NOVAES, Fernando e SOUZA, Laura Mello(Organizadores). História da Vida Privada noBrasil. SP: Cia. Das Letras, volume 1, 2004, p.388.).

O texto citado faz menção às rebeliões e às sedições ocorridas ao longo do período colonial no Brasil, identificando o objeto

de contestação que motivou esses movimentos. A característica de um desses movimentos em sua relação com o trecho citado acima é apresentada em:

a) As manifestações de desagrado freqüentes desde os primeiros séculos, conforme o trecho citado, dizem respeito às rebeliões nativistasque exigiam da Coroa uma nova ordem econômica livre dos monopólios mercantis sobre a colônia. b) A Conjuração Mineira destacou-se entreos movimentos de sedição colonial, pois conforme o lema de sua bandeira ―Liberdade ainda que tardia‖, teve como reivindicação principal oabolicionismo,que uniu os insurrectos em torno do movimento.c) Ambas as Conjurações, Baiana e Mineira, não obtiveram sucesso em virtude de terem se constituído como movimentos políticos de inspiração doutrinária local e lusitana.d) A preocupante novidade em ambas as conjurações, a que se refere a citação acima, era a liderança das elites econômicas e letradas da colônia em tais sedições radicais, cujas propostas sofriam a influência das idéias antimonárquicas iluministas.e) A Conjuração Baiana expressou uma profunda contestação da ordem política monárquica implantada sobre a colônia ao lutar por um governo republicano livre de Portugal.

19. PUC 2009. A Conjuração Baiana foi um dos movimentos político- sociais ocorridos na América portuguesa que assinalam o contexto de crise do sistema colonial. Leia a seguir um trecho de um dos panfletos sediciosos afixados em locais importantes da cidade de Salvador no ano de 1798.

“Aviso ao Povo Bahiense Ó vós Homens Cidadãos; ó vós Povos curvados, e abandonados pelo Rei, pelos seus despotismos, pelos seus Ministros. Ó vós Povos que nascestes para serdes livres [...], ó vós Povos que viveis flagelados com o pleno poder do indigno coroado,[...]. Homens, o tempo é chegado para vossa ressurreição, sim para ressuscitardes do abismo da escravidão, para levantardes a sagrada bandeira da Liberdade.‖(Retirado e adaptado de DEL PRIORE, Mary etal. Documentos de História do Brasil: de Cabral aos anos 90. São Paulo, Scipione, 1997. p. 38).

a) ESCOLHA e TRANSCREVA uma passagem do documento que evidencie a insatisfaçãodos conjurados baianos com a situação política da época. JUSTIFIQUE sua escolha.

b) APRESENTE uma diferença entre a

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Conjuração Baiana (1798) e a Inconfidência Mineira (1789).