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METODOLOGIA DO ENSINO DAS EXPRESSÕES MÓDULO DE EXPRESSÃO PLÁSTICA Concretizar ideias e projectos

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Metodologia do ensino das expressões

MÓDULO DE EXPRESSÃO PLÁSTICA

Concretizar ideiase projectos

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METODOLOgIA DO EnSInO DAS EXPRESSõES

MÓDULO DE EXPRESSÃO PLÁSTICA

Concretizar ideias e projectos

2010

FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O EnSInO PRIMÁRIO

REPÚBLICA DE ANGOLAMINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

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Equipa da ESE de Setúbal (Portugal)Margarida Rocha

Equipa do MP Benguela (Angola)Colaboração dos preofessores de Metodologia

do Ensino das Expressões

Criação e DesignJL Andrade

www.jlandrade.com

ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DOINSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL

www.ese.ips.pt

MAGISTÉRIO PRIMÁRIO DE BENGUELA

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Índice

I IntroduçãoII Exploração dos trabalhos a realizar com os alunos

1. Metodologia1.1. Projectos interdisciplinares

1.2. Diversificar estratégias1.3. Organizar o espaço de trabalho

2. Actividades2.1. Atribuir novos significados

2.2. Quem sou, como sou?2.3. Organizar e arrumar os materiais

2.4. Tecidos: histórias e padrões2.5. Sugestões para utilização dos materiais de apoio às aulas

3. Da aula da Escola do Magistério Primário à aula da Escola Primária3.1. Pistas de aplicação

3.2. Adequação das actividades aos alunos da Escola PrimáriaIII Bibliografia

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As artes não podem ser consideradas, nas sociedades actuais, como um priv-ilégio das elites, mas fruto da aprendizagem, da educação da sensibilidade para olhar o mundo, apropriando-se dele e transformando-o em imagens através de códigos que possam ser compreendidos.

Um programa educativo, que integra as expressões artísticas, valoriza a or-ganização do mundo e a auto-compreensão resultantes de um trabalho que contextualiza o sentido lúdico do fazer como uma acção mais significante do que os resultados. A participação é, em si, mais importante que o produto, pois promove uma identificação das crianças e dos jovens com o que produzem. Se pensarmos num projecto e no seu processo, cada etapa apresentará resultados que poderá tornar-se, ou não, noutro projecto. A finalização dos trabalhos não deve ser a meta principal para a sua realização, mas antes a pesquisa e o desen-volvimento do aluno nas linguagens artísticas, o incremento da sua autonomia e a da capacidade inventiva.

Ao entrar em contacto com as linguagens artísticas (teatro, dança, literatura, artes plásticas e música), as crianças e os jovens experimentam os recursos ex-pressivos, os conteúdos específicos da cada linguagem, os materiais e as técni-cas, possibilitando novas descobertas e novos códigos.

Como refere Barbosa (1991:28), “(…)não podemos entender a cultura de um país sem conhecer a sua Arte”.

InTRODUÇÃO

I

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“A Arte, como uma linguagem aguçadora dos sentidos transmite significados que não podem ser transmitidos através de nenhum outro tipo de linguagem, tais como a discursiva e a científica. Dentre as artes, as visuais, tendo a imagem como matéria-prima, tornam possível a visual-ização de quem somos, onde estamos e como sentimos. A Arte na Educação, como expressão pessoal e como cultura, é um importante instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento individual. Através da Arte, é possível desenvolver a percepção e a imaginação, apreender a reali-dade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi anali-sada” (Barbosa, 1991:31)

As artes não podem ser consideradas, nas sociedades actuais, como um priv-ilégio das elites, mas fruto da aprendizagem, da educação da sensibilidade para olhar o mundo, apropriando-se dele e transformando-o em imagens através de códigos que possam ser compreendidos.

Assim, pretende-se contribuir para uma abordagem integrada e integradora das artes visando a formação de indivíduos reflexivos, críticos e interventivos numa sociedade em constante mutação.

Este módulo é acompanhado por materiais de apoio: exemplos de fichas de operações técnicas (para apoio aos alunos), acetatos e colectânea de textos (ma-teriais do professor).

Ainda segundo a autora:

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EXPLORAÇÃO DOS TRABALHOS A REALIZAR COM OS ALUnOS

II

A metodologia aqui delineada é aplicável, quer na Escola do Magistério Primário de Benguela, quer nas escolas do Ensino Primário.

Ao desenvolver as actividades nas escolas do Ensino Primário deve ter-se em conta o nível etário dos alunos, no sentido de adaptar os materiais e os processos de criação plástica às idades e capacidades dos alunos. Não poderemos esperar que uma criança desenvolva os trabalhos de expressão plástica com um ritmo semelhante ao de um jovem, nem poderemos esperar níveis de complexidade semelhantes, na realização de tarefas.

A abordagem das actividades que aqui se sugerem deve partir, sempre que seja possível e adequado, de situações reais em que se faça sentir a necessi-dade de concretizar determinada actividade na qual se realizam as técnicas mais

1. METODOLOgIA

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adequadas, no sentido de materializar o projecto delineado. Deve-se, assim, evi-tar a abordagem da técnica pela técnica, podendo o professor levar os alunos a detectar essas situações. Por exemplo:

(a) vai haver uma festa na Escola e os alunos querem divulgá-la junto da co-munidade, então poderão fazer cartazes, folhetos e convites;

(b) os alunos sentem que há falta de brinquedos e jogos, então poderão con-struir esses brinquedos e jogos;

(c) aproxima-se uma festividade ou uma data comemorativa e os alunos que-rem intervir, então poderão realizar uma pintura colectiva (mural na escola ou fora da escola, painel para ser exposto num local da comunidade, etc.); etc., …. etc., ….

1.1. Projectos interdisciplinares

É desejável que, sempre que possível, a expressão plástica seja desenvolvi-da em projectos comuns com as outras áreas do currículo. Há casos em que o próprio programa dessas áreas aponta claramente nesse sentido (ex. elaboração de cartazes, organização de painéis de imagens, realização de padrões por meio de carimbagem, criação de formas geométricas, etc.). Existem também outras situações em que, apesar dessa colaboração não estar explicitada, há assuntos que podem ser trabalhados em projectos comuns (ex. na “prevenção de doen-ças” os alunos podem, em banda desenhada, divulgar os cuidados a ter). Para além das possíveis articulações de aprendizagens, na expressão plástica podem-se construir objectos que funcionem como materiais didácticos (ex. colares de contagem, puzzles com o corpo humano, dominós com imagens corresponden-tes a conhecimentos adquiridos, brinquedos com formas geométricas, etc.).

As actividades apresentadas são apenas caminhos possíveis e não devem ser encaradas como modelos prontos a aplicar, independentemente dos contextos e actores, desrespeitando a criatividade e individualidade dos alunos. Cabe ao professor diversificá-las e adaptá-las às diferentes realidades, enquadrando-as, sempre que possível, em situações interdisciplinares

1.2. Diversificar estratégias

Antes da concretização dos projectos há que pesquisar, recolher dados e informações. Para obter estas informações podem usar-se várias estratégias como, por exemplo, fazer visitas de estudo, convidar artistas e artesãos a ir à classe, etc. Por exemplo, se vamos fazer peças de barro podemos começar por

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visitar um oleiro onde poderemos observar o processo de fabrico e cozedura das peças; se queremos conhecer determinada actividade artesanal (ex., tapeçaria, trabalhos de madeira) podemos convidar um especialista ou artífice para falar sobre a sua arte. Nesta fase de recolha de dados, os alunos podem fazer registos gráficos, tirar fotografias, recolher amostras, fazer entrevistas, etc.

1.3. Organizar o espaço de trabalho

O espaço da sala de aula deve ser modificado e adaptado às situações. A or-ganização tradicional da sala de aula, com todos os alunos de frente para o professor e de costas uns para os outros, não é, na maior parte dos casos, a mais adequada para as aulas de expressão plástica. Por exemplo, se é ne-cessário o professor fazer uma demonstração, os alunos podem assistir de pé, à volta da mesa onde decorre essa demonstração; se o trabalho vai ser realizado em grupo, as mesas devem estar agrupadas; se é necessário reflectir e trocar ide-ias sobre um assunto, podem colocar-se as mesas em grande círculo ou em U de modos que todos se vejam. No entanto, a existência de uma sala, mesas e cadeiras não é condição necessária para uma boa aula. Num espaço ao ar livre, num pátio, debaixo de uma árvore, ou em qualquer outro sítio também se podem realizar aulas exemplares. É também muito importante ter cuidado com os materiais, quer na sua conservação, quer na sua utilização (segurança e higiene).

As actividades, a seguir descritas, pretendem exemplificar alguns projectos que podem ser sugeridos, aos alunos, pelo professor nas suas aulas.

2.1. Atribuir novos significados

A realização de assemblages - técnica de colagem e montagem bidimension-al ou tridimensional de produtos artísticos – além de ser um excelente recurso para o estudo das produções artísticas recentes, possibilita o desenvolvimento da capacidade de expressão de modo a explorar diversos materiais e criar objec-tos tridimensionais.

2. ACTIVIDADES

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Podem ser feitos com materiais reutilizáveis, sucata, fragmentos naturais, ob-jectos, etc. que os alunos poderão levar de casa ou recolher nas imediações da escola. Serão trabalhados os conceitos de forma, estrutura, textura, cor e equilí-brio aquando da junção dos vários elementos de texturas, formas e cores dife-rentes.

É importante fazer a ligação com outras áreas do currículo, nomeada-mente as que respeitam à Educação Ambiental e Educação para a Saúde pois, ao estarmos a trabalhar com objectos e materiais que, muitas vezes, pol-uem as ruas das cidades e espaços exteriores da escola, estamos a contribuir com a recolha e aproveitamento desses materiais para a preservação do ambiente. Além disso também se contribui para a melhoria da qualidade do envolvimento físico e visual.

O professor pode começar por fazer uma breve abordagem à Arte Contem-porânea, mostrando aos alunos algumas reproduções de obras de artistas plásti-cos (ex: Duchamp, Dubuffet, Ben Vautier, Daniel Spoerri,Niki de Saint Phale, etc) que utilizaram nas suas obras vários objectos encontrados e pedaços e/ou frag-mentos de objectos já utilizados, chamando a atenção dos alunos para a nova significação que esses elementos adquirem ao serem colocados num contexto diferente do habitual. Poderá seguir-se um debate, orientado pelo professor com base nas reproduções disponibilizadas (projectadas e/ou distribuídas, aos alu-nos, em suporte papel), sobre as “novas” possibilidades de se fazer arte.

Depois da observação das reproduções das obras dos artistas que usam a as-semblage e do debate, o professor pode propor à classe a criação e montagem de uma assemblage a partir de um tema definido em conjunto, lembrando que uma forma tridimensional permite ser vista de todos os lados.

Como complemento das reproduções mostradas e se existir, na comunidade, um ou mais artistas que realizem obras utilizando esta técnica, será muito en-riquecedor observar essas obras e falar com os artistas sobre o processo criador implicado na realização de tais obras.

O professor deve incentivar os alunos para a pesquisa de outras obras, em livros ou na Internet, no Centro de Recursos da E.M.P. Para além dos exemplos mostrados pelo professor, os alunos poderão basear-se em obras que tenham observado durante a pesquisa que efectuaram.

Quando os alunos terminarem os seus trabalhos, que podem ser realizados em pequenos grupos ou individualmente, devem ser expostos para que todos

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possam apreciá-los. Os alunos e o professor devem comentar os trabalhos, sa-lientando o significado das suas produções e relatando como foi o processo de trabalho.

Conteúdos RecursosFormaEquilíbrioEstrutura Textura Cor

Materiais variados (de desperdício, naturais, reutilizáveis,objectos, etc)MadeirasAramesInstrumentos: Tesouras, alicates, pincéis, etcColasTintas

2.2. Quem sou, como sou?

O professor introduz o tema do retrato e auto-retrato, apresentando alguns exemplos de retratos e auto retratos realizados por vários pintores (ex: Almada Negreiros, Andy Warhol, Costa Pinheiro, Frida Kahalo, Júlio Pomar, Matisse, Pi-casso, Sarah Afonso, Van Gogh, etc.). Sugere-se que o professor chame a aten-ção dos alunos para o facto do retrato representar, para além da aparência física do retratado, o seu “estado de alma” e traços da sua personalidade. Em suma, e muito genericamente, o retrato transmite a interpretação do artista sobre o seu retratado, quer seja o próprio ou outra pessoa. Para além destes aspectos, deverão os alunos, orientados pelo professor, observar e comentar as técnicas de representação utilizadas pelos vários pintores, no sentido de apreciar a conju-gação dessas técnicas com os resultados obtidos.

A partir desta actividade, poderá o professor propor aos alunos a realização de retratos dos alunos da classe e auto-retratos, utilizando vários meios e técni-cas de representação, com base nos exemplos observados. O professor deve incentivar os alunos para a pesquisa de outras obras, em livros ou na Inter-net, no Centro de Recursos da E.M.P, etc.. Para além dos exemplos mostrados pelo professor, os alunos poderão basear-se em obras que tenham observado durante a pesquisa que efectuaram.

Será interessante usar materiais e suportes diversificados para que os alunos se apercebam que a escolha de materiais e técnicas não pode ser aleatória já que essa escolha vai ser uma condicionante do produto final. Com efeito, as características de um desenho a tinta são muito diferentes de um desenho a pastel ou de uma pintura a guache, apesar de todas poderem ser realizadas so-

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bre o mesmo suporte - o papel.

Também se pode aproveitar esta actividade para os alunos aprenderem a fazer suportes e materiais, já que vai ser necessário utilizá-los para realizarem os retratos. Por exemplo: fazer papel a partir de papel já utilizado, fazer pincéis com fibras naturais, fazer tintas a partir de pigmentos (naturais ou artificiais), etc.

Depois de terminados, os trabalhos devem ser expostos para que todos pos-sam apreciá-los. Os alunos e o professor devem comentar os trabalhos, salientan-do o significado das suas produções. Os alunos devem fazer a descrição do seu processo de trabalho, reflectindo sobre as dificuldades encontradas e as estratégias que utilizaram para superar essas dificuldades.

Conteúdos RecursosPontoLinhaTexturaEstruturaComposiçãoEquilíbrioRitmoLuz/CorComunicação Visual

Suportes diversos (papel, cartão, tecido, tela, madeira, etc….)Riscadores diversos (lápis de cor, lápis de cera, marcadores, pastel seco ou giz, pastel de óleo, carvão, grafite, sanguínea, etc….)Tintas diversas (guache, têmpera, acrílico, óleo, etc….)Pincéis de várias grossurasRecipientesDiluentes (para o caso de se trabalhar com tintas ou pastéis de base de oleosa)

2.3. Organizar e arrumar os materiais

Para realizar actividades de expressão plástica temos necessidade de ter sem-pre disponíveis uma série de materiais como tintas, pincéis, recipientes, lápis, papéis, materiais de desperdício, etc. Todos sabemos como é difícil arranjar es-paço, na sala de aula, para ter esses materiais. E porque não arranjar caixas, de vários tamanhos, com tampa, sem tampa, para guardá-los? Podemos fazer ou recuperar…

Mãos à obra!...

Uma caixa tem a forma de um paralelepípedo, de um prisma ou de um cubo. Se aprendermos a planificar sólidos geométricos, podemos construir todas as caixas de todas as formas e tamanhos que necessitarmos! E que boa oportuni-dade para aliarmos a Matemática à Expressão Plástica! E, se a escola não tiver re-cursos monetários para adquirir cartolina e cartão, podemos aproveitar materiais reutilizáveis: cartão e papel de embalagens. É só cortar, dobrar e colar!...

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Mas também podemos fazer caixas só com dobragens, usando a técnica japonesa de Origami. Podemos fazer caixas (a chamada caixa de pasteleiro) em papel ou cartolina fina e, ao mesmo tempo, estudarmos geometria de uma for-ma bem prática.

Se conseguirmos arranjar algumas caixas em bom estado e que tenham as dimensões adequadas para guardar materiais (por exemplo, os de maiores di-mensões como os materiais de desperdício), também podemos aproveitá-las.

Para que os materiais fiquem bem arrumados e a sala fique com o espaço da arrumação bem colorido, organizado e agradável, podemos pintar as caixas usando várias técnicas e materiais e até podemos basear-nos em obras de ar-tistas plásticos da comunidade, ou africanos, ou mundiais. Ou, se o desejarmos, podemos pintar as nossas caixas com motivos alusivos aos materiais que elas contêm. Vamos pôr as mãos à obra e fazer muito com muito pouco?

Conteúdos RecursosMedidaDobragemCorteRecorteColagemGeometria: traçado de paralelas e perpendiculares; figuras geométricas simplesElementos da linguagem visual: linha, formaTécnicas de desenho e pintura

X-AtoTesouraRégua e esquadroCompassoColaPincéisTintasRecipientesMateriais recuperados: papéis, cartão, cartolina, caixas, etc.

2.4. Tecidos: histórias e padrões

Os tecidos africanos constituem um marco da cultura africana. Ritmos visuais, cores, padrões, histórias; existe um mundo a (re)descobrir. Que tal fazermos uma viagem à volta dos tecidos que vestem o quotidiano?

Sugestões para várias actividades a realizar a partir dos tecidos que poderão ser realizadas individualmente ou articuladas em conjuntos de 2 ou 3. Poderão ser desenvolvidas em trabalho de grupo, pelos alunos, ou em trabalho individual:

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Conteúdos RecursosMovimentoRitmoMóduloPadrãoCorElementos da linguagem visual: linha, formaTécnicas de desenho e pintura

TecidosRevistasFotografiasTesouraColaLápis de corMarcadoresGouachesPincéisPapéis

(i) VAMOS ESTUDAR OS MÓDULOS QUE GERAM PADRÕES;

Apresentar à turma vários tecidos onde sejam bem visíveis os elementos in-dividuais (módulos) que, em repetição, geram os padrões. Podem ser apresenta-dos os próprios tecidos ou imagens de tecidos.

Trabalhar com os alunos, recorrendo a imagens e esquemas, os conceitos de módulo e de padrão

Os alunos, guiados pelo professor, procurarão identificar os módulos e os pa-drões.

(ii) VAMOS DESCOBRIR OS RITMOS QUE HABITAM OS TECIDOS;

Apresentar à turma vários tecidos onde sejam bem visíveis os vários tipos de ritmo por repetição de elementos gráficos (simples, alternado, radial, crescente, decrescente, etc.). Podem ser apresentados os próprios tecidos ou imagens de tecidos.

Trabalhar com os alunos, recorrendo a imagens e esquemas, os conceitos de movimento e ritmo.

Os alunos, guiados pelo professor, procurarão identificar os vários tipos de ritmo

(iii) VAMOS PESQUISAR, RECOLHER UMA SÉRIE DE AMOSTRAS DE TECIDOS;

Pedir aos alunos que, autonomamente, façam uma recolha de amostras de tecidos africanos em que sejam bem visíveis os elementos estudados: módulo, padrão e ritmos. Esta recolha pode ser de tecidos, propriamente ditos, ou de ima-

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gens de tecidos, quer de recortes de revistas ou de fotografias. Será muito en-riquecedor e interessante acompanhar esta recolha de tecidos por uma pesquisa sobre história de alguns desses motivos. Esta pesquisa pode ser feita junto de pessoas que, na comunidade, se dediquem a estes assuntos e tenham conheci-mentos sobre eles, ou em livros, ou em sites, na internet.

(iv) VAMOS ORGANIZAR UM DOSSIER COM AS NOSSAS RECOLHAS;

Todos os materiais recolhidos através das várias pesquisas devem ser orga-nizados num dossier organizado por temas. Estes temas poderão corresponder aos conteúdos estudados ou às histórias relacionadas com os motivos dos teci-dos. Ou seja: os tecidos ou imagens de tecidos poderão ser organizados por, por exemplo: (a)módulo e padrão; (b) ritmo por repetição simples; (c) ritmo por repetição alternada ou por temas relacionados com as histórias

(v) VAMOS (RE) INVENTAR PADRÕES, VAMOS DESENHAR NOVOS TECIDOS;

Depois de já terem trabalhado as figurações (módulo, padrão e ritmo) e terem feito as pesquisas e recolhas relacionadas com os tecidos, os alunos poderão apresentar novos projectos. Está na altura de desenharem os elementos figura-tivos ou geométricos e colorirem os projectos para os seus próprios tecidos. Os seus desenhos poderão ser estampados artesanalmente em panos ou t-shirts, com a técnica do stencil (molde esvaziado), usando tintas acrílicas para tecido .

(vi) VAMOS DESENHAR OS MODELOS QUE PODEREMOS FAZER COM OS TECI-DOS QUE CRIÁMOS.

E se já desenharam novos tecidos, porque não serem “designers de moda” durante algumas aulas? Poderão desenhar alguns modelos de roupa feminina e/ou masculina ou de uso doméstico, depois de procurarem alguma informação na internet e em revistas.

2.5 Sugestões para a utilização dos materiais de apoio às aulas.

Nas aulas devem ser sempre disponibilizadas imagens, aos alunos. Não faz qualquer sentido desenvolver actividades de expressão plástica sem ter imagens para motivar os alunos para essas actividades. Por sua vez, a imaginação e a cria-tividade não surgem no vazio, precisam de bases (da “inspiração”), de sugestões, para se desenvolverem.

Os professores também deverão ser facilitadores das aprendizagens dos alu-nos, pelo que terá todo o interesse a utilização de fichas de apoio, como por

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exemplo, para procedimentos técnicos. As fichas de apoio devem ser elaboradas pelos professores, de acordo com os conteúdos e técnicas a ensinar e com o nível etário e de desenvolvimento cognitivo dos alunos.

Se existirem condições de projecção com computador e data show, devem ser sempre usadas imagens em apresentações de PowerPoint (preferencial-mente). Se não existir essa possibilidade, devem ser apresentados acetatos das imagens. Se não for possível qualquer tipo de projecção de imagens, é sempre possível ter na aula reproduções impressas em papel, preferencialmente coladas em suporte mais ou menos rígido (cartão, por exemplo) e protegidas por capas plásticas, para que possam durar mais tempo e, assim, serem usadas mais vezes. Estas imagens, no formato mínimo A4, devem ser observadas e manuseadas pe-los alunos.

3.1. Pistas de Aplicação

As orientações metodológicas preconizadas para a Escola do Magistério Primário são igualmente adequadas para as Escolas do Ensino Primário, Assim, aconselha-se o mesmo tipo de procedimentos, nomeadamente os relacionados com os projectos multidisciplinares em que se cruzam os conteúdos de várias áreas. Acentua-se a necessidade de evitar a abordagem da técnica pela técnica, devendo o professor levar os alunos a detectar situações reais a partir das quais poderão desenvolver-se vários projectos.

3.2. Adequação das actividades aos alunos da Escola Primária

As actividades atrás propostas podem ser desenvolvidas com os alunos das Escolas do Ensino Primário, principalmente a partir da 3ª classe. No caso de alu-nos mais novos, é preciso adaptar aquelas que envolvem utensílios cortantes, por questões de segurança, como é o caso da actividade 2.3., que exige o uso de X-atos para cortar o cartão para as caixas. Neste caso, pode-se optar por fazer caixas apenas com dobragens ou aproveitar e recuperar caixas já existentes. Ai-

3. DA AULA DA ESCOLA DO MAgISTÉRIO PRIMÁRIO À AULA DA ESCOLA PRIMÁRIA

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METODOLOGIA DO ENSINO DAS ExPRESSõES | PERCURSOS DE ORIENTAÇÃO • 19

nda no que respeita ao trabalho com alunos da 1ª e 2ª classes, pode-se, igual-mente, optar por técnicas mais de acordo com a idade e estádio de desenvolvi-mento gráfico. Por exemplo, ainda na actividade C, algumas caixas podem ser decoradas com papel rasgado e colado; na actividade 2.2., alguns retratos po dem ser feitos em monotipia com recurso à digitinta, uma técnica apropriada para os níveis etários mais baixos.

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BIBLIOgRAFIA

III

Bibliografia básica

ARNHEIM, R. (1973). Arte & Percepção Visual - Uma psicologia da visão cria-dora. Livraria Pioneira Editora: São Paulo.

BARBOSA, A. M. (1991). A imagem no ensino da arte. Editora Perspectiva: São Paulo.

BRITO, M.J. e MIRANDA, H. (2000). Debaixo d’olho - Educação Visual 7º/8º/9º. Texto Editora: Lisboa

MAYER, R. (1999). Manual do artista - de técnicas e materiais. Martins Fontes: São Paulo.

MIRALDO, G. e SEBASTIÃO, E. (1998). Educação Visual 7-ºano. Porto Editora: Porto

MUNARI, B. (1981). Fantasia, invenção, criatividade e imaginação na comunica-ção visual. Editorial Presença: Lisboa.

NOBRE, F. (1999). Atelier de Artes 10/11/12 - Materiais e Técnicas de Expressão Plástica. Areal Editores, Lda: Porto.

PINA, I.; NUNES, P.; FERREIRA, S. (2001). Oficina de Artes (Bloco I, II, III). Lisboa

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22 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA

Editora: Lisboa.

SAUSMAREZ, M. (1986), Desenho Básico - As dinâmicas da forma visual. Edito-rial Presença: Lisboa.

WRIGHT, M. (1997). Introdução às Técnicas Mistas. Editorial Presença: Lisboa.

Webgrafia

http://www.guiasdeportugal.org/pdfs/natal/bricolage_tecnica_do_stencil.pdf

http://aervilhacorderosa.com/category/tecidos-africanos/

http://greatcraftdisaster.com/category/tecidos-africanos/

http://www.anniecicatelli.com/tecidos.htm

http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/37924/xmview/2/ID/37924/Default.aspx

http://kandando-angola.forum-livre.com/tecidos-panos-africanos-f94/antro-pologia-tecelagem-africanapanos-tecidos-t305.htm

http://www.modaluanda.com/index.php?content=1

http://www.scielo.br/pdf/cp/v36n128/v36n128a09.pdf

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2483-8.pdf?PHPSESSID=2010061509201068

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