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Módulo 2 Planificação Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticas Agrárias e de Habilidades para a Vida Para os Facilitadores das Jffls

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Módulo 2Planificação

Projecto Celeiro da Vida

Manual de Facilitação de PráticasAgrárias e de Habilidades para a Vida

Para os Facilitadores das Jffls

1

2

Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticas Agrárias e de Habilidades para a Vida

Módulo 2: Planificação

Índice Introdução: A Importância da Planificação nas JFFLS 1

Tópicos especiais Agricultura

Página Tópicos especiais Vida

Página

Tópico M2-2: Planificação agrícola

Parte 1: Planificação Geral Parte 2: Importância dos

Compassos

Tópico M2-3: Teste de germinação da semente Tópico M2-5: AESA: Tomar decisões na machamba

8-14 8-9

10-14

15-16

19-22

Formar um espírito de equipa (Continuação)

Tópico M2-1: Planear para o futuro

Parte 1: Divisão de tarefas diárias

Parte 2: Fazer planos para o Futuro

Tópico M2-4: Ciclo de Tomada de decisões

2

3-7

3-5

6-7

17-18

Resumo e Avaliação do módulo 23 Lista de Referências 24

1

Introdução: A Importância da Planificação nas JFFLS

O presente módulo tratará os diferentes aspectos da planificação, relativamente à produção

agrícola e à vida social dos jovens.

Planificação Agrícola:

Quando planificamos a nossa machamba, temos de pensar em vários aspectos: o que

gostaríamos de produzir, o que é possível produzir, considerando o tipo de terreno, o solo

e os recursos disponíveis (tipo e variedades de culturas, capacidades existentes, etc.) e o

que teremos de fazer para optimizar a produtividade. O que iremos fazer este mês é testar

a capacidade de germinação das sementes que temos. Outra actividade importante será

aprender como fazer um bom acompanhamento do crescimento das plantas, usando a

metodologia AESA.

Planificação da Vida:

Torna-se mais fácil fazer planos quando temos conhecimento do tempo que será

despendido diariamente em cada actividade. O relógio de actividades diárias é um

exercício que leva os jovens a pensarem sobre a divisão de tarefas entre rapazes e

raparigas, permitindo-lhes iniciar uma reflexão sobre as diferenças de género. Os jovens

irão igualmente realizar um exercício que os levará a sonhar sobre o seu futuro e a planear

os passos que deverão percorrer para realizar esse sonho. O tema preponderante durante

estes meses será a introdução ao ciclo de tomada de decisão, ajudando os jovens a

compreender o processo de análise e planificação que deve ser seguido antes de se tomar

uma decisão importante. Esta componente será igualmente abordada em relação à

actividade agrícola, através da metodologia AESA.

DURAÇÃO DO MÓDULO: 8 sessões para um total de 13 h e 40 min

2

Formar um Espírito de Equipa (Continuação)

OBJECTIVO: Continuar a criar um espírito de

equipa e união entre os jovens.

DURAÇÃO: Depende da actividade.

PASSOS:

1. Continue a desenvolver actividades desportivas.

2. Repita diferentes exercícios ou jogos do último mês, se quiser.

3. Introduza outros jogos/actividades do Guião de Actividades Culturais (págs. 15-

19).

4. Comece com exercícios para o Teatro no Guião de Actividades Culturais (págs. 6-

9).

3

Tópico M2-1: Planear para o Futuro

OBJECTIVO: Compreender a importância de

planear a vida e de aprender a fazer

planos para analisar as actividades

diárias e para projectar o futuro a

longo prazo.

DURAÇÃO: Parte 1: 1 h e 40 min

Parte 2: 90 min + 1 h

MATERIAIS: Papel gigante, marcadores e régua.

PASSOS:

Parte 1: Divisão de tarefas diárias 1. (10 min) Plenário: introdução à sessão

Quando vamos à machamba com o objectivo de preparar a terra, o que temos

de levar? (ex.: enxada, água, comida, etc.);

Explique que, quando escolhemos estes instrumentos, estamos a planear para

poder trabalhar bem na machamba;

Continue a explicar que o planeamento é importante para podermos atingir os

nossos objectivos;

Explique que, quando queremos ter tempo para fazer uma actividade desejada,

pensar em tudo o que temos de fazer durante o dia ajuda;

Introduza o exercício para dizer que realizámos inúmeras actividades ao longo

de um dia e que no exercício irão analisar as actividades diárias de diferentes

pessoas durante esse período.

2. (90 min) Trabalho em grupo: exercício de divisão de tarefas diárias, usando

um “Relógio das Actividades Diárias”.

Siga o Exercício na 1ª Ficha de Apoio (págs. 4-5).

3. (5 min) Resumo da Sessão.

4

1ª Ficha de Apoio para o Tópico M2-1: Divisão de Tarefas Diárias num

Relógio das Actividades Diárias

OBJECTIVOS: 1. Compreender os diversos tipos de

actividades executadas durante um dia – e as

relativas cargas de trabalho entre

mulheres/raparigas e homens/rapazes.

2. Planear formas de adequar o horário e o

programa das JFFLS ao tempo disponível das

raparigas e dos rapazes.

3. Discutir formas de reduzir a carga de

trabalho diária das raparigas.

DURAÇÃO: 90 min

MATERIAIS: Papel gigante, marcadores a cores.

PASSOS: 1. (5 min) Introdução pelo facilitador

Comece por perguntar o que acontece no dia-a-dia de um rapaz e de uma

rapariga naquela comunidade;

Explique que vão analisar como são divididas as tarefas entre eles;

Exemplifique a forma de elaborar o relógio de actividades diárias, usando

figuras.

2. (30 min) Trabalho em grupos pequenos mistos (rapazes e raparigas)

a. Peça a cada grupo para elaborar um relógio para um rapaz e uma rapariga

(de preferência deverão basear-se na rotina diária de dois membros do

grupo, de idades semelhantes). Devem descrever as características desse

rapaz e rapariga (sexo, idade e tipo de agregado familiar, como, por

exemplo, agregado chefiado por idosos, por uma mulher, homem ou

jovem);

b. Divida os participantes em grupos, explicando que alguns irão usar um

exemplo na época chuvosa, e outros, na época seca;

c. Devem primeiro concentrar-se nas actividades do dia anterior, elaborando

um quadro de todas as actividades executadas em diversas horas do dia e

mostrando o tempo que levaram a realizar cada uma delas;

d. Marque cada actividade num diagrama circular tipo queijo (para que pareça

um relógio). As actividades que são executadas simultaneamente, como

cuidados com os jovens e trabalho na horta, podem ser marcadas dentro do

mesmo espaço;

e. Explique que deverão usar figuras para representar as diversas actividades,

para que o relógio seja claro para todos.

3. (20 min) Plenário: apresentações

5

1ª Ficha de Apoio para o Tópico M2-1: Relógio de Actividades Diárias

(pág. 2)

4. (30 min) Discussão em plenário

Peça aos grupos para compararem o dia de um rapaz e de uma rapariga, as

diferentes actividades, as horas de trabalho e de descanso de cada um. Facilite a

discussão, usando as seguintes questões:

Como é dividido o tempo em cada um dos relógios? Quanto tempo é

dedicado às actividades produtivas? E às actividades domésticas? E às

actividades comunitárias? E ao lazer? E para dormir? Como variam de

acordo com o sexo, condição familiar e estação do ano?

Em que são comparáveis os relógios das raparigas e dos rapazes? Para cada

sexo, o tempo está dividido para várias actividades ou concentrado em

poucas?

Quem realiza mais actividades?

Será que a carga de trabalho prejudica a participação nas JFFLS? Como?

O que poderemos fazer para que os que estão mais ocupados participem

mais na escola e nas JFFLS?

Exemplos de Relógios Diários

6

Tópico M2-1: Planear para o Futuro (Parte 2)

Parte 2: Fazer Planos para o seu Futuro

Notas para o Facilitador: Os sonhos dos jovens podem corresponder a personagens que representem estereótipos de género e que

desempenhem papéis típicos de género ou que sejam personagens que fogem dos estereótipos, que têm

características dificilmente encontradas na comunidade ou que desempenhem profissões/funções que,

por questões sociais e económicas, dificilmente pensam poder realizar.

O facilitador deve motivar o debate sobre os factores que limitam as oportunidades das raparigas e dos

rapazes.

1. (90 min) Jogo “Sonho de Criança”

Uma actividade que ajuda a reflectir sobre o que os jovens gostariam de ser

quando crescerem. Este jogo revela características e aspirações que eles

guardam na memória.

(2 min) Divida o grupo em dois subgrupos e peça para se colocarem em duas

filas, frente a frente.

(3 min) Peça para que todos pensem numa pessoa ou personagem que

admiram e que um dia gostariam de ser como ela. (Como a Lurdes Mutola,

Luísa Diogo, Polícia, Bombeiro, etc.).

(5 min) Indique que uma das filas deverá representar as características das

personagens que gostariam de ser, usando apenas gestos, sem falar. Os

membros da outra fila deverão, então, tentar adivinhar a personagem

escolhida pelo parceiro em frente.

(10 min) Peça à fila de observadores para adivinharem que personagem o

parceiro em frente representou e porquê.

(10 min) Repita o passo 3 e 4 para a segunda fila.

(5 min) Plenário: o Facilitador coloca algumas questões a partir de

alguns dos sonhos apresentados (por um rapaz e por uma rapariga): i. Que características/gestos levaram a descobrir a personagem?

ii. Porque é que sonha vir um dia a ser como essa personagem?

iii. Acha que é provável que o sonho se realize? Porquê?

(20 min) Trabalho em grupos i. Escolher um dos desejos apresentados pelos membros do grupo.

ii. Reflectir nas etapas que têm que seguir para atingir este desejo (ex.:

ganhar dinheiro, continuar a estudar, bem como os pressupostos ou

condições para tal, tais como, não casar demasiado cedo, etc.).

iii. Listar as etapas previstas.

iv. Fazer um plano, incluindo actividades, prazos e as condições

necessárias para que cada etapa se realize – até que o seu desejo se

concretize.

(20 min) Apresentação e discussão dos planos em plenário.

2. (1o dia: 1 hora para organizar as ideias) Faça uma peça de teatro:

Exemplo de tema: “Criança sem Visão no Futuro”

(ANTES DA SESSÃO: leia Guião de Actividades Culturais, págs. 3-5 para

ideias sobre como ensinar o Teatro aos jovens)

7

Tópico M2-1: Planear para o Futuro (Parte 2)

Exemplo de Tópico: Uma menina mora com os avós e estes decidem que ela não

poderá continuar os estudos porque tem de casar, ou porque tem de trabalhar na

machamba, que fica longe de casa. Como pode a rapariga sair desta situação?

8

Tópico M2-2: Planificação Agrícola (Parte 1)

OBJECTIVO: Saber como Planear na Machamba.

DURAÇÃO: Parte 1: 2 h e 5 min

Parte 2: 1 h e 15 min

MATERIAIS: Papel gigante e marcadores.

PASSOS:

Parte 1: Planificação Geral

1. (60 min) Plenário: chuvas de ideias e discussão

(5 min) Reveja a aula sobre Calendários de Culturas do Módulo 1 (Tópico M1-3),

voltando a mostrar, como exemplo, um calendário já feito.

Discuta as seguintes questões: i. (5min) Em agricultura há diferentes calendários – Porquê?

(Há muitos tipos de culturas e de animais e todos eles têm diferentes

necessidades e épocas).

O facilitador pode dar um exemplo: Mostre as culturas de ciclo curto, médio

e longo da JFFLS (Mostre a 1a Ficha de Apoio, pág. 11).

ii. (10 min) Como podemos obter comida suficiente todo o ano tendo em conta o

ciclo de cultura, a época e as necessidades da cultura?

Pode explicar que queremos fazer um plano para todo o ano. Este plano

contém calendários de diferentes culturas e inclui outros componentes, como

animais, árvores e plantas medicinais;

o Pode dar um exemplo: Temos diferentes épocas durante o ano que

favorecem mais a uma do que outra cultura (Mostre a 2a Ficha de Apoio,

pág. 12). Porquê?

o Pode perguntar: Qual é o tempo da chuva? Temos acesso a água durante o

tempo seco? Fale de culturas de sequeiro e de regadio (Culturas de Sequeiro

são aquelas que esperam chuva (ex.: Cereais); de Regadio são aquelas que

precisam de rega (ex.: Hortícolas).

Na Machamba:

iii. (30 min) Discussão na Machamba de Aprendizagem: Que outros factores

temos de ter em conta quando fazemos um plano agrícola para o ano?

Quais são as dimensões das machambas?

Quais são as características do terreno e do solo?

Qual é a melhor altura para a sementeira, anotando as variações no clima, no

mercado, etc.?

Densidade: quantidade de sementes/plantas/estacas que temos de

semear/plantar para conseguir a colheita desejada? (Pensar no compasso e

quantidade de sementes por unidade/ha (3a Ficha de Apoio, pág. 13-14).

Pergunte quais são as culturas que queremos semear.

Qual será a finalidade de produção? (comercialização ou consumo?).

9

Tópico M2-2: Planificação Agrícola (Parte 1, pág.2)

2. (30 min) Trabalho em grupo

Dê a tarefa de elaborar um plano com as etapas que temos de seguir, por ordem

consecutiva, para produzir na machamba:

1. Encontrar um terreno para fazer a machamba;

2. Observar o tipo de solo e escolher o tipo de culturas;

3. Planear os sistemas de controlo da erosão.

3. (20 min) Plenário: apresentação dos planos

4. (15 min) Plenário: discussão i. Foi possível fazer um plano?

ii. Que etapas precisámos de seguir?

iii. Pensam que é necessário fazer planos? Porquê?

10

Tópico M2-2: Planificação Agrícola (Parte 2)

Parte 2: A Importância dos Compassos

OBJECTIVO: Compreender a importância da

densidade de culturas.

MATERIAIS: Papel gigante, marcadores e fita

métrica.

PASSOS: 1. Antes da aula: Organize a visita a uma machamba

com culturas para observar compassos/densidade.

2. (5-15 min) Visitar uma machamba perto da

escola.

3. (15 min) Plenário: chuva de ideias e discussão

O que entendem por densidade de sementeira/plantação?

Porque será importante plantar uma cultura, respeitando uma determinada

densidade ou um compasso?

Discuta e resuma o tópico (Veja 2ª nota no fim da 3a Ficha de Apoio, pág. 14).

4. (30 min) Observação

Peça aos jovens para observarem o compasso entre as plantas, bem como a forma

como as culturas foram plantadas (em linha, em canteiros ou aleatoriamente).

Explique como medir a densidade de uma cultura (por exemplo, peça-lhes para

contar o número de plantas por m2 ou 10 m

2).

Peça aos jovens para medirem a densidade da cultura.

Pergunte-lhes se acham que a densidade/compasso está correcta e porquê.

Informe os jovens sobre a densidade desejável (“densidade óptima”) para a cultura

em observação na machamba e como isso difere de cultura para cultura (veja a 3a

Ficha de Apoio, pág. 13-14).

5. (30 min) Plenário: discussão e conclusões

Perguntas:

o Quais poderão ser as vantagens e desvantagens das diferentes formas de

sementeira (em linha, em canteiros ou aleatoriamente)?

o A densidade da planta observada era igual à densidade usada pelo

agricultor na altura da sementeira?

Explique que para se obter uma densidade adequada, é necessário usar uma

densidade maior na altura da sementeira, devido ao fraco poder germinativo e ao

risco de perda de plantas como resultado de pragas e doenças. Veja o Tópico M2-3

(pág. 14-15), onde os jovens aprendem a fazer testes da capacidade germinativa de

sementes.

Faça um resumo da sessão.

11

1a Ficha de Apoio para o Tópico M2-2: As Machambas de Aprendizagem de JFFLS

Culturas de Investimento

(médio e longo prazo) 50 m² mandioca 50 m² ananaseiros 50 m² batata-doce Fruteiras

Cereais (médio prazo) 100 m² Milho 100 m² Mapira

Culturas de Rendimento

(curto prazo) 50 m2 Girassol 50 m2 Feijões Várias Hortícolas (cada 50 m2)

Outras Plantas medicinais Espécies Indígenas Artesanato

12

2a Ficha de Apoio para o Tópico M2-2: Calendário de Culturas JFFLS (Tempo favorável)

NB: Embora exista um calendário agrícola, ultimamente o ciclo hidrológico é muito inconstante, influenciando as datas de sementeira das culturas.

Culturas O N D J F M A M J J A S

Cereais

Milho

Mapira

Outras Culturas

Girassol

Feijão Nhemba

Feijão Vulgar

Mandioca

Amendoim

Gergelim

Batata Reno

Batata-Doce

Hortícolas

Tomate

Couve

Repolho

Alface

Pimento

Cebola

Alho

Beringela

Piripiri

Feijão Verde

Cenoura

13

3a Ficha de Apoio para o Tópico M2-2: Tamanho e Compassos das Culturas a Praticar nas JFFLS (pág. 1)

Culturas Tamanho

m2

Compassos (cm)

Plantas/ 10 m2ou

1 m2

Densidade

Plantas por m2

Produção P/ha

(kg) Variedade* Observações

Cereais

Milho 100 90 X 40 25 3500 Sussuma Consociação com leguminosas e outras culturas compatíveis.

Mapira 100 80 X 20 10 1500 Macia Consociação com leguminosas e outras culturas compatíveis.

Subtotal 200

Outras Culturas *

Girassol 50 90 X 20 15 750 *

Soja 50 50 X 20 55 1500 * Ideal para rotações, consociações em solos fracos.

Feijões 50

Vulgar: 60 X 25

Nhemba: 50 X 20

Boer: (ver a nota)

55

50

650 700 Bónus Ideal para consociações com cereais ou outras culturas compatíveis

(melhoramento dos solos, controlo de ervas, humidade, pragas). Para Feijão Boer, os compassos dependem dos objectivos - não devendo ser

menos que 90 cm entre linhas e 50 entre plantas.

Mandioca 100 Fernando Boa

Amendoim 50 50 X 15 55 680 Natal Comm

Gergelim 80 X 15 10 550 Local

Batata Reno 90 X 30 2000 12.000 *

Batata-Doce 50 X 30

Polpa alaranjada +

local

Ananaseiro 50 1m X 1m Pode ser consociado com outras, culturas sobretudo controlo de ervas daninhas.

Com variedades espinhosas, deve haver compassos de 2 m.

Subtotal 350

* Variedade: Para determinar ou conhecer a variedade da semente, deve-se sempre ler o rótulo ou consultar o agente de vendas.

14

3a Ficha de Apoio para o Tópico M2-2: Tamanho e Compassos das Culturas a Praticar nas JFFLS (pág. 2)

Culturas Tamanho

(m2)

Compassos**

(cm)

Quantidade

Semente/ha (kg)

Produção por

ha (kg) Variedade* Observações

Hortícolas

Normalmente, estas culturas usam a mesma área rotativamente. Pelo que, o seu

cultivo não implica necessariamente o aumento quantitativo de áreas de cultivo.

Tomate 50 75 X 30 34.000 15.000 *

Couve/Repolho 50 Couve: 70 X 30

Repolho: 70 X 40

48.000

36.000

10.000

12.000 * Ideal para consociação com outras culturas

Alface 50 50 X 40 50.000 15.000 * Pode ser feita em consociação com outras culturas, com vista à gestão de pragas

Pimento 50 75 X 30 52.000 12.000 * Pode ser feita em consociação com outras culturas, com vista à gestão de pragas

Piri-piri 1m X 1m 10.000 7000 *

Cenoura 50 25 X 8 5 15.000 *

Cebola 50 25 X 10 400.000 20.000 *

Alho 50 25 X 10 400.000 3000 * Pode ser feita em consociação com outras culturas, com vista à gestão de pragas

Feijão Verde 50 60 X 20 60 4000 *

Beringela 60 X 40 42.000 15.000 *

Subtotal 400

Total 950

* Variedade: Para determinar ou conhecer a variedade da semente, deve-se sempre ler o rótulo ou consultar o agente de vendas.

** Compassos: As plantas precisam de espaço suficiente para crescerem saudáveis. Ao mesmo tempo, os agricultores precisam de plantar o maior número de plantas

possíveis na sua machamba para obterem uma produção alta. Quando é possível encontrar um equilíbrio entre estas duas necessidades, chega-se a uma

“densidade óptima” para cada variedade de planta.

Os compassos aqui sugeridos poderão variar de acordo com as condições de cultivo e de outros factores (solos, rega, adubos, variedade de semente, queda

pluviométrica, etc.). É claro que estes factores determinarão também a quantidade de sementes ou plantas a usar por hectare.

Portanto, estes números não são um padrão fixo, podendo variar de acordo com as opções tecnológicas do agricultor.

14

Tópico M2-3: Teste da Capacidade Germinativa da Semente

OBJECTIVOS: 1. Testar o poder germinativo das sementes.

2. Compreender a importância de testar o seu poder germinativo.

DURAÇÃO: 2 h. para o exercício e cerca de uma semana de observações.

MATERIAIS: Solo (areia), água limpa, 3-4 pratos ou bandejas, lote de sementes

de culturas, papel e marcadores.

PASSOS: 1. (10 min) Plenário: introdução

Coloque as questões seguintes (Veja a Ficha de Apoio na pág. 15).

i. O que significa a “germinação” da semente? (Use a terminologia local

se for necessário para a compreensão dos alunos).

ii. Porque é que às vezes as sementes não germinam?

iii. Alguma vez testaram se uma semente germina ou não?

iv. Será importante verificar se a semente germina antes de semear?

Porquê?

2. (20 Min) Trabalho em grupos

Organize os jovens em 3-4 grupos.

Distribua a cada grupo o material para o exercício (um prato ou bandeja,

solo, papel e marcador).

Do lote de sementes, cada grupo deverá tirar ao acaso 100 ou 10 sementes.

Passos do teste de germinação:

i. Coloca-se areia (solo) no prato ou bandeja,

ii. Semeia-se. (Regra geral, a profundidade de sementeira deve ser igual a

duas vezes o diâmetro (ou espessura) da semente).

iii. Após a sementeira, rega-se, tendo o cuidado de não encharcar, senão

pode apodrecer a semente ou mesmo causar asfixia da raiz, impedindo

a germinação.

iv. Procure um lugar com sombra para colocar o prato.

v. Registe em cada prato (ou num papel a ele anexo): o número (ou nome

do grupo), a variedade da semente (ou nome da cultura), e a data da

sementeira.

vi. Diariamente, deve-se controlar o nível de humidade do solo no prato

(ou bandeja).

3. Diariamente, na semana que segue: observação e anotação das observações

Cada grupo deverá fazer observação diária da experiência e registar o número

de sementes germinadas até no máximo sete dias.

(Exemplo : 1o dia – 0 plantas; 2

o dia – 13 plantas, (…); 7

o dia – 97 plantas).

4. Plenário: discussão

i. Quantas sementes germinaram?

ii. Quanto tempo levaram para germinar?

iii. Como avalia o resultado do poder germinativo (alto ou baixo)?

iv. Com base nesse número, o que dá para concluir?

15

Ficha de Apoio para o Tópico M2-3:

Teste da Capacidade Germinativa da Semente

Os Factores que Influenciam a Germinação da Semente:

Em muitos dos casos, a percentagem de germinação indicada no rótulo da embalagem de

um determinado lote de sementes nem sempre irá corresponder à germinação das plântulas

no viveiro, porque:

1. As sementes foram analisadas em laboratório sob condições óptimas de germinação,

inclusive na temperatura ideal para a germinação da espécie em questão;

2. Água;

3. Oxigénio;

4. Luz;

5. Microrganismos;

6. Tipo de solo;

7. Profundidade da sementeira;

Etc.

O que é a Germinação da Semente? É o reinício do desenvolvimento do embrião paralisado (ou interrompido) nas fases finais

de maturação fisiológica. Quando expomos a semente à humidade ela reinicia o

desenvolvimento e dá origem à nova planta.

A alta germinação é um dos pré-requisitos para se alcançar um bom estabelecimento de

plântulas e, consequentemente, a alta produtividade.

A máxima germinação das sementes associada à grande velocidade de germinação e à

uniformidade das plântulas poderá garantir o sucesso da horta (ou machamba).

Tendo em vista a manutenção da qualidade das sementes, recomenda-se ao produtor a

análise das sementes (armazenadas ou adquiridas) antes de as semear.

Vocabulário: embrião – ser vivo no seu estado de desenvolvimento primitivo

Fisiológico – que diz respeito às funções dos diferentes órgãos dos seres

vivos

Maturação – amadurecimento

Paralisar – fazer parar, interromper

16

Tópico M2-4: Ciclo de Tomada de Decisões: O que é?

OBJECTIVO: Aprender o conceito das etapas do processo de tomada de decisões.

DURAÇÃO: 90 min

MATERIAIS: Papel gigante e marcadores.

PASSOS:

1. (5 min) Plenário: introdução pelo facilitador Conte uma história ou situação onde um jovem tem de tomar uma decisão (ex.:

o jovem queria brincar com amigos, mas a mãe está a precisar dele para fazer

limpeza; os pais dizem ao seu filho que devia ser motorista, mas este quer ser

contabilista, etc.).

2. (10 min) Plenário: chuva de ideias Quais seriam as diferentes opções nesta situação?

3. (20 min) Trabalho em dois grupos Divida os jovens em dois grupos para discutir (ou fazer teatro sobre) as

diferentes opções:

1 – O jovem segue os desejos dos pais;

2 – O jovem segue o seu sonho.

4. (30 min) Plenário: apresentação e discussão

Discuta as diferentes vantagens e desvantagens das opções.

Como é que os jovens chegaram à tomada de decisão?

5. (20 min) Plenário: conclusão do facilitador

Mostra o conceito e fases da tomada de decisão (Mostre a ilustração na página

seguinte).

1. Receber/Observar a informação;

2. Analisar a informação;

3. Experimentar as diferentes opções/variedades possíveis;

4. Observar e analisar os resultados;

5. Tomar uma decisão (Partilhar/Decidir).

17

Ficha de Apoio para o Tópico M2-4

Observar

Observar

Analisar

Analisar

Tomar a decisão

Experimentar

Ciclo para

Tomar

Decisões

18

Módulo M2-5: AESA (Análise do Sistema Agro-Ecológico): Tomar

Decisões na Machamba

OBJECTIVO: Introduzir o processo da AESA aos jovens.

DURAÇÃO: 1 h e 50 min, sem contar com a caminhada na machamba.

MATERIAIS: Papel gigante e marcadores.

PASSOS:

1. Antes da aula: O facilitador deverá escolher uma machamba perto da escola

JFFLS onde já haja diversas culturas que os jovens possam observar para

praticar este exercício.

2. (Max. 10 min) Caminhada com os jovens para a machamba escolhida

3. (5 min) Plenário: introdução pelo facilitador

Explique que é necessário observar as culturas regularmente para podermos

cuidar bem delas e que, para isso, vamos usar um método de observação

durante todo o ano (uma vez por semana).

4. (10 min) Plenário: chuva de ideias

O que queremos observar nas nossas culturas?

O que queremos observar no meio ambiente que rodeia as culturas?

O que queremos observar nas nossas machambas?

Há outras coisas para observar/anotar?

5. (5 min) Plenário: o facilitador conclui, mostrando o formato de

apresentação dos dados AESA (2a Ficha de Apoio, pág. 21) e explicando

os passos usados (veja a 1a Ficha de Apoio, pág. 19-20).

6. (45 min) Trabalho em grupo

Os jovens podem tentar fazer uma AESA na machamba. Escolha uma ou

duas culturas diferentes. A mesma cultura deverá ser observada por mais do

que um grupo, para permitir a comparação.

7. (20 min) Plenário: apresentação dos trabalhos em grupo

8. (15 min) Plenário: discussão sobre pontos em conflito

9. (10 min) Discussão, ligando as conclusões ao processo de tomada de

decisões Como é que a AESA ajuda as pessoas a tomar decisões?

19

Ficha de Apoio para o Tópico M2-5

O que é a AESA?

É o estabelecimento, pela observação, da interacção entre a cultura e o ambiente

(animais, tempo, solo, água).

Envolve observações regulares da cultura e do “ecossistema” (animais, solo, tempo,

humidade, outras plantas, etc.).

É uma maneira de registar o que observamos ao longo dos estágios (fases) de

crescimento da planta para tomarmos decisões, com base nos diversos factores

observados.

Porquê Fazer a AESA?

Para aumentar as habilidades de tomada de decisão na agricultura, através da análise

da situação pela observação, desenho e discussão, de forma a optimizar o rendimento.

Promove a aprendizagem pela descoberta.

Como Implementar a AESA?

A AESA é uma abordagem que pode ser implementada pelos extensionistas e camponeses

para analisarem situações da machamba em relação às pragas, predadores naturais,

condições do solo, sanidade da planta, a influência dos factores climáticos e suas

interligações para fazer crescer culturas sãs. Essas análises críticas das situações do campo

ajudam na tomada de decisões apropriadas relativamente ao maneio cultural.

As componentes básicas da AESA são:

Sanidade da planta em diferentes fases;

Dinâmicas da população de pragas e predadores naturais;

Condições do solo e da água;

Factores climatéricos;

Experiências anteriores dos camponeses.

Vocabulário: ecossistema – conjunto formado pelo meio ambiente e os seres vivos

Predador – animal que ataca os outros

Sanidade – saúde

Optimizar – tornar óptimo

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1a Ficha de Apoio para o Tópico M2-5 (pág.2)

Passos para fazer a AESA:

(Recomenda-se fazer AESA uma vez por semana)

a) Observação na machamba

i) No período da manhã, entre na machamba pelo menos 5 passos a partir da

berma. Seleccione um local com a dimensão de 1m², atirando, por exemplo,

uma pedra para trás das costas. Cada equipa selecciona uma área de 1 m² (de

forma aleatória).

ii) Registe a observação na seguinte sequência:

O número de plantas nesse metro quadrado (m²);

O número de insectos voadores (pragas e predadores naturais);

Observe de perto as pragas e predadores naturais que permanecem nas

plantas;

Observe de perto as pragas e predadores naturais, removendo a parte

superficial do solo à volta das plantas;

As doenças e sua intensidade;

Danos de insectos e incidência de doenças em percentagem;

Todo o tipo de ervas, tamanho, densidade populacional em relação à cultura;

Registe as condições do solo;

Registe factores climatéricos como, quente, parcial, nublado, chuvoso,

húmido, etc.

iii) Seleccione três plantas com diferentes aspectos vegetativos e registe

parâmetros, tais como:

Número de folhas;

Altura da planta;

Partes reprodutivas das plantas seleccionadas;

Outros parâmetros agronómicos importantes para a tomada de decisões, para

fazer observações nas semanas seguintes.

Tire uma média das três plantas, para preencher os dados agronómicos.

b) Apresentação desta informação, em grupo, conforme a ilustração na página

seguinte (no papel gigante)

c) Discussão em grupo e tomada de decisões

As observações registadas devem ser discutidas

entre os jovens/camponeses, levantando

perguntas relacionadas com a mudança da

população de pragas e predadores naturais, em

relação ao estágio da cultura, condições do

solo, factores climáticos, como tempo chuvoso,

nublado, quente, etc. Com base nestas

discussões, o grupo toma decisões para práticas

de maneio adequadas.

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NOTA: Este desenho tenta seguir uma lógica de apresentação dos dados observados na

planta. Todavia, existem outras versões de apresentação da AESA.

2a Ficha de Apoio para o Tópico M2-5: Exemplo do Formato de

Apresentação dos Dados – AESA

AESA Nᵒ ___ O TEMPO

(ilustração)

Informação Geral

Variedade

(Se relevante, Fertilizante)

Data de plantio

Idade da planta

Hora de observação

Informação sobre o

Solo

Informação sobre a

água

Pragas e Doenças

Pragas observadas

Doenças observadas

(Desenhe na planta, do

lado esquerdo)

OBSERVAÇÕES RECOMENDAÇÕES

1. 1.

2. 2.

3. 3.

4. 4.

Dados Agronómicos

Observações sobre a

Cultura

Comprimento médio

da folha

Altura média da planta

Largura média da

folha

Número de folhas

Nº de nós visíveis

Diâmetro do caule

Predadores

(Inimigos

Naturais)

(Desenhe na

planta, do lado

direito)

DESENHO

REALÍSTICO

DA

PLANTA

NO

MEIO

DO

PAPEL

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Resumo e Avaliação do Módulo 2

(30 min) Plenário: resumo

No fim do módulo, faça um resumo com os jovens para avaliar o seu nível de

compreensão. Escolha diversos assuntos e discuta-os. Por exemplo:

Nomeiem algumas técnicas de agricultura de conservação que possam ser usadas para

melhorar a fertilidade na nossa machamba.

Porque é interessante fazer testes de germinação nas sementes? Explique o processo.

Indiquem alguns bons modelos de pessoas e que gostariam de seguir, quando pensam

na vossa vida e no vosso futuro.

Dêem exemplos de papéis desiguais de género na agricultura e em outras actividades

diárias. Como poderemos aumentar a igualdade entre os rapazes e raparigas?

Porque fazemos a AESA na machamba? Como podemos aplicar o processo de AESA

na nossa vida?

(20 min) Exercício de conclusão do Módulo: O que gostei, o que não gostei 1. Peça aos jovens que formem um círculo;

2. Peça aos jovens para dizerem o que gostaram ou que não gostaram no módulo.

Estimule-os a fazerem comentários sobre cada tópico.

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Lista de Referências

Este módulo foi compilado por: Mundie Salm, Consultora da JFFLS

Tradução e revisão: Leonor Quinto, Consultora de Género e Formadora da JFFLS

Ilustrações: Hélder Moisés João Macamero.

Os textos foram baseados e adaptados de diferentes fontes:

Tópico M2-1: Planear para o Futuro Parte 1: Divisão de tarefas diárias escrito por Leonor Quinto. 1ª Ficha de Apoio: Exercício adaptado por Leonor Quinto, baseado no Manual de Trabalho de

Campo, ASEG, 2001, págs. 89-91; página 2: exemplos vêm do treinamento JFFLS sobre Género de

Leonor Quinto, Nov., 2005.

Parte 2: Fazer planos para o seu Futuro Exercício adaptado por Leonor Quinto do manual Jogos para actores e não actores, de Augusto Boal,

2000.

Tópico M2-2: Planificação agrícola Parte 1: Planificação Geral Escrita por Mundie Salm.

Parte 2: Importância de Compassos entre Culturas Adaptada do módulo elaborado por Jaap van de Pol, Consultor de FFS, 2006.

1ª Ficha de Apoio: por Rogério Mavanga, Coordenador JFFLS, 2005.

2ª Ficha de Apoio: por Rogério Mavanga, 2005.

3ª Ficha de Apoio: por Rogério Mavanga, 2005.

4ª Ficha de Apoio: por Rogério Mavanga, 2005.

Tópico M2-3: Testes de Germinação das Sementes Escrito por Engenheiro David Ecineta J. Mboane , DDA Caia e Gestor da Sub-Unidade de Caia, 2007.

Tópico M2-4: Ciclo de Tomada de Decisões Exercício baseado na ideia de dois facilitadores JFFLS, Santos Joaquim e Arménia Langa,

Nhamatanda, Sofala; durante o treinamento JFFLS, Nov., 2005.

Tópico M2-5: Introdução à AESA Escrito por Mundie Salm, baseado no treinamento JFFLS, Nov. 2005.

Ficha de Apoio: Baseada no módulo sobre AESA (Págs.25-28) do Manual de Referência dos

Facilitadores para a Escola na Machamba de Camponês (FFS), por Rodrick Khisa, Zambézia, 2004.