mÍdias sociais e espaÇo de participaÇÃo -...

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Mídias Sociais, Saberes e Representações Salvador - 13 e 14 de outubro de 2011 MÍDIAS SOCIAIS E ESPAÇOS DE PARTICIPAÇÃO Maria Célia Furtado Rocha 1 Gilberto Corso Pereira 2 Resumo: Trata da apropriação de mídias sociais para a participação pública e da incorporação da e-Participação como dimensão do e-Governo; faz algumas reflexões sobre a difusão do uso de redes sociais on-line; apresenta questões relacionadas a limitações de plataformas on-line desenvolvidas para dar suporte a processos participativos. Inspira-se em pensamentos de Walter Benjamin para pensar esse uso das redes como possível meio de recuperação da experiência coletiva. Palavras-chave: PARTICIPAÇÃO PÚBLICA, CROWDSOURCING, CIDADÃO ON- LINE. Abstract: This paper addresses the use of social media for public participation and e- Participation as a dimension of e-Government, offers some thoughts on the widespread use of online social networks and it presents questions related to limitations of online platforms for participatory processes. It draws on Walter Benjamin's thoughts to consider this network use as a means of collective experience recovery Keywords: PUBLIC PARTICIPATION, CROWDSOURCING, CONNECTED CITIZEN. A Internet apresenta-se hoje como ambiente onde cooperação e participação tornaram- se um fenômeno social: os participantes produzem e distribuem conteúdos com base em uma cultura de comunicação aberta. Apesar das imensas possibilidades de utilização das chamadas mídias sociais blogs, wikis, redes sociais, ferramentas de troca de vídeos, ferramentas de discussão, entre outras verifica-se que não vêm sendo predominantemente utilizadas para constituir espaços virtuais de interação capazes de incluir o cidadão como ator ativo na tomada de decisões. Pelo contrário, em geral, elas têm sido utilizadas pelo Estado para um tipo de comunicação unidirecional, que não incorpora os princípios de sociabilidade da nova cultura tecnológica. 1 Doutoranda do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (IHAC/UFBa), Analista de TI da Cia. de Processamento de Dados do Estado da Bahia PRODEB. Economista, Mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia. 2 Professor Associado do Depto. de Planejamento da Faculdade de Arquitetura da UFBa. Arquiteto, Doutor em Geografia pela UNESP.

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Mídias Sociais, Saberes e Representações Salvador - 13 e 14 de outubro de 2011

MÍDIAS SOCIAIS E ESPAÇOS DE PARTICIPAÇÃO

Maria Célia Furtado Rocha1

Gilberto Corso Pereira2

Resumo: Trata da apropriação de mídias sociais para a participação pública e da incorporação

da e-Participação como dimensão do e-Governo; faz algumas reflexões sobre a difusão do uso

de redes sociais on-line; apresenta questões relacionadas a limitações de plataformas on-line

desenvolvidas para dar suporte a processos participativos. Inspira-se em pensamentos de

Walter Benjamin para pensar esse uso das redes como possível meio de recuperação da

experiência coletiva.

Palavras-chave: PARTICIPAÇÃO PÚBLICA, CROWDSOURCING, CIDADÃO ON-

LINE.

Abstract: This paper addresses the use of social media for public participation and e-

Participation as a dimension of e-Government, offers some thoughts on the widespread use of

online social networks and it presents questions related to limitations of online platforms for

participatory processes. It draws on Walter Benjamin's thoughts to consider this network use

as a means of collective experience recovery

Keywords: PUBLIC PARTICIPATION, CROWDSOURCING, CONNECTED CITIZEN.

A Internet apresenta-se hoje como ambiente onde cooperação e participação tornaram-

se um fenômeno social: os participantes produzem e distribuem conteúdos com base em uma

cultura de comunicação aberta. Apesar das imensas possibilidades de utilização das chamadas

mídias sociais – blogs, wikis, redes sociais, ferramentas de troca de vídeos, ferramentas de

discussão, entre outras – verifica-se que não vêm sendo predominantemente utilizadas para

constituir espaços virtuais de interação capazes de incluir o cidadão como ator ativo na

tomada de decisões. Pelo contrário, em geral, elas têm sido utilizadas pelo Estado para um

tipo de comunicação unidirecional, que não incorpora os princípios de sociabilidade da nova

cultura tecnológica.

1 Doutoranda do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade

(IHAC/UFBa), Analista de TI da Cia. de Processamento de Dados do Estado da Bahia – PRODEB.

Economista, Mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia. 2 Professor Associado do Depto. de Planejamento da Faculdade de Arquitetura da UFBa.

Arquiteto, Doutor em Geografia pela UNESP.

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Em 2009-2010, a PRODEB – Cia. de Processamento de Dados do Estado da Bahia

coordenou o projeto de pesquisa “Internet e Interatividade para a Participação Pública”

(projeto 2i2p), que foi realizado em parceria com o LCAD da Faculdade de Arquitetura da

UFBa, com apoio da FAPESB/CNPq, no âmbito do Edital Bahia Inovação – 002/2008, na

modalidade Pesquisador na Empresa. Em suas atividades, o projeto constatou a existência de

obstáculos a essa interação relacionados ao uso de recursos comunicativos da interface

(usabilidade, acessibilidade e arquitetura da informação dos sítios Web). Também esses

motivaram o desejo de aprofundar a pesquisa.

O presente artigo é uma primeira reflexão do projeto de pesquisa “Cidadão em Rede:

de consumidor a produtor de informação sobre o território”, nova parceria da PRODEB com o

LCAD da Faculdade de Arquitetura/UFBa, agora amparada no protocolo de cooperação

tecnológica firmado entre SERPRO, PRODEB, UFBa e SERPRO em janeiro de 2011. O

projeto objetiva-se aprofundar a pesquisa exploratória desenvolvida pelo projeto 2i2p e

ampliar a compreensão das possibilidades de uso de mídias sociais para a construção da

cidadania, no contexto de uma cultura tecnológica, que contemple a participação pública em

eventos e ações tomadas sobre o território. O artigo aqui apresentado em muitos momentos

compila informações publicadas no blog que nasceu no projeto 2i2p (www.2i2p.ba.gov.br).

1. EXPLOSÃO DO CONTEÚDO E PARTICIPAÇÃO

Explosão de conteúdo criado pelo consumidor, remixado a partir de várias fontes,

criação da criação, narração a la Sherazade, agora sem a motivação da morte iminente,

produção de criadores não tão eminentes assim: hoje muitos querem compartilhar. O que os

motiva? Diz um estudo recente que das cinco motivações que levam as pessoas a compartilhar

conteúdo na Rede, três se relacionam a representações de si mesmas frente aos outros e à

auto-afirmação.

A pesquisa “The Psychology of Sharing” do The New York Times Customer Insight

Group (2011) envolveu entrevistas e observação de comportamentos e formas de compartilhar.

Identificou seis tipos de personas, segmentados em função da motivação emocional, a forma

como se deseja fazer a apresentação de si mesmo, o papel do compartilhamento na própria

vida e o valor atribuído ao fato de ser o primeiro a compartilhar aquela informação. Essas

personas vão do altruísta ao carreirista, do conectado ao seletivo.

O estudo dá, inclusive, conselhos e dicas sobre como influenciar o compartilhamento

de conteúdo, com foco sobretudo em negócios. Aqui estão alguns dos conselhos: apele para a

motivação dos consumidores em conectarem-se entre si mesmos – não apenas com a marca;

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confiança é o custo de entrada para ter seu conteúdo compartilhado; seja simples: o conteúdo

será compartilhado e não será confuso; apele para o senso de humor; abrace o senso de

urgência; o e-mail é ainda o primeiro (THE NEW YORK TIMES CUSTOMER INSIGHT

GROUP, 2011).

O fenômeno da produção de conteúdo pelo usuário também leva a outros tipos de

investigação, em geral quantitativas, na expectativa de conhecer o perfil do consumidor-novo

produtor. Assim, por exemplo, descreve-se o perfil dos internautas brasileiros com o

propósito de conhecer, entre outras coisas, quem são os consumidores que geram conteúdo,

participam e se conectam a outros na Internet (eCMETRICS SOCIAL MEDIA SOLUTIONS,

2011). O mercado quer saber o que esses internautas buscam na Internet, focam nos

consumidores que agora emergem segundo os indicadores socioeconômicos do IBGE

(CLASSE C, 2011).

Até aqui a intenção é conhecer e classificar os pretensos consumidores, penetrar na

sua “psicologia”; fabricando tipos ideais, prever e agir para influenciar seu comportamento. O

mercado, não se pode negar, tanto quanto unhas, tem olhos aguçados.

Estudos com outro tipo de interesse como os de organismos que reúnem empresa,

terceiro setor, academia e entidades governamentais, caso do Comitê Gestor da Internet

brasileira – CGI.br (2010), têm revelado, por exemplo, o que cidadãos buscam em sites da

administração pública e como eles fazem para se comunicar através da Internet. A pesquisa

TIC Domicílios do CGI.br mostra que, em 2009, brasileiros do Nordeste e do Norte do país

utilizavam, em termos proporcionais, bem mais as redes sociais do que seus compatriotas do

Sudeste e Sul e que publicação em blog é menor no Nordeste do que em outras regiões do

país, conforme os mapas a seguir. O estudo destaca também o uso que o brasileiro da classe C

(segundo classificação do IBGE) tem dado à Internet como meio de comunicação. Os dados

sugerem a necessidade de mais estudos sociológicos para entender a diversidade de

comportamentos.

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Fonte: CGI.br (2010) e Eletronet (2011).

Não temos notícia de semelhante preocupação em conhecer seus usuários por parte de

nossos governos estaduais e locais e pelos responsáveis por suas administrações, que de modo

geral parecem sempre mais focadas no ir-e-vir de seu dia-a-dia do que em observar os

resultados sociais gerados por suas atividades, e muito menos em levar em conta o ponto de

vista do cidadão. Isso a despeito do fato de as Nações Unidas já incorporarem a participação

pública como um elemento do e-Gov.

Com relação a isso, vejam-se os resultados da avaliação realizada pelas Nações Unidas

dos canais disponíveis em 2009 para a participação on-line dos cidadãos na administração

pública, em nível nacional, em diversos países (UNITED NATIONS, 2010). A e-Participação

foi um aspecto-chave avaliado por refletir o quanto os governos colocam os cidadãos no

centro dos e-serviços – participação que muda a dinâmica do relacionamento governo-cidadão

e que vai além do voto on-line. A pesquisa reconheceu a importância da e-Participação em

todos os seus aspectos – e-informação, e-consulta e e-tomada de decisão – e constatou a

tendência para escutar e engajar os cidadãos. Avaliou como governos estão interagindo com

cidadãos usando blogs, chats, SMS, Facebook, Twitter e outros. O relatório de pesquisa

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concluiu que ferramentas da Web 2.0 e redes sociais criaram um novo ambiente que deve ser

incorporado no dia-a-dia dos políticos e tomadores de decisão.

A pesquisa observou os seguintes níveis de interação entre governo e cidadãos:

a) e-Informação: a avaliação determinou se o governo está provendo informações que

encorajem e se dá poder à participação dos cidadãos, o que incluiu avaliar a existência de

publicação on-line de políticas de e-Participação; calendário de fóruns de discussão on-line;

notificação eletrônica para alertar cidadãos que pretendem participar. Nesse aspecto a

Austrália obteve o maior escore, seguida de Japão, México e República da Coréia.

b) e-Consulta: a avaliação desse aspecto considerou os meios utilizados para capturar a

visão do cidadão, sua opinião, feedback e resposta a questionários on-line, chats, instant

messaging, blogs, etc. A maioria dos sites governamentais dos Estados Unidos realizam

pesquisa de satisfação do usuário, mas foi a República da Coréia que obteve o maior escore

neste item.

c) e-Decisão: avaliou-se em que medida os países estão comprometidos em envolver o

cidadão e em levar em consideração sua visão quando tomam decisões. A República da

Coréia liderou essa avaliação, sendo seguida pela Austrália e Cazaquistão. Uma curiosidade:

Apenas 9% dos países pesquisados permitem a submissão de e-petição para consideração pelo

governo. O Reino Unido é um dos líderes nesse meio, permitindo a cidadãos assinarem suas

petições e enviá-las diretamente ao Gabinete do Primeiro Ministro.

De modo geral, a República da Coréia obteve a melhor performance, seguida pela

Austrália, Espanha e Nova Zelândia. Observaram-se no Chile, Croácia, Chipre e Mongólia

boas práticas: ênfase na obtenção de feedback e inputs dos cidadãos e maior utilização de

blogs, fóruns de discussão, redes sociais, questionários.

A Europa dominou a lista dos 35 países considerados top em e-Participação (cerca de

50% dos países da lista), seguida pela Ásia (mais de 30% dos países da lista) e, depois, as

Américas e a Oceania. A África não se classificou na lista dos 35 melhores.

Para além dessas e outras iniciativas de administrações públicas, verifica-se que um

público cada vez mais on-line apropria-se das mídias sociais demonstrando vontade de abrir

espaço para amplificar sua voz e torná-la pública. Alguns têm demonstrado competência para

fazer-se ouvir, mobilizar energias, empurrar a “máquina” do governo para a ação.

Aqui citamos um caso relacionado à decisão política de grau mais elevado: trata-se

dos islandeses, que estão revendo sua Constituição, usando a Internet como ferramenta para a

discussão de artigos e outros pontos do texto proposto. A nova Carta está sendo escrita e

acompanhada pelos cidadãos através de mídias sociais.

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Antonella Napolitano (2011), num post de 11 de julho, conta que há cerca de um ano

um fórum nacional reuniu milhares de pessoas selecionadas aleatoriamente para discutir a

criação do novo documento. A Assembléia Nacional produziu, então, um documento que se

tornou a base para o trabalho de um pequeno grupo (uma espécie de Assembléia

Constituinte), composto por 25 membros eleitos por voto popular. A partir de abril de 2011,

esse grupo começou a trabalhar nos artigos e a publicar seu trabalho em um site específico e

numa página do Facebook, onde se pode comentar essa produção. No final de julho o

Parlamento recebeu a versão draft do documento para revisão. O texto final será submetido à

aprovação dos cidadãos através de referendo.

O contato cotidiano da população com o trabalho do grupo responsável pela

elaboração da Carta foi também garantido por meio de outras mídias sociais: via Twitter,

YouTube e Flickr. Mas, como diz Antonella Napolitano, o alto grau de participação está

evidentemente relacionado com o nível de alfabetização digital dos islandeses, um dos mais

elevados do mundo.

Napolitano (2011) informa ainda que o WikiLeaks também desempenha papel

importante na evolução da transparência naquele país. Julian Assange, fundador do

Wikileaks, começou a trabalhar como consultor do governo islandês na implementação de um

projeto de lei conhecido pela sigla IMMI – Icelandic Modern Media Initiative, com o objetivo

tornar a Islândia um refúgio para jornalistas, ativistas e cada um que sofra problemas de

liberdade de expressão. A IMMI fornecerá uma série de vantagens em termos de proteção de

fontes e dos dados. Esse projeto deverá tornar-se lei em meados de 2012.

No Brasil, a despeito do crescente número de sites não governamentais voltados a

estimular a webcidadania (ver www.webcidadania.org.br), seja acompanhando ações dos

representantes eleitos (www.votenaweb.com.br), seja publicando sugestões, demandas e

reclamações (http://www.criticarbh.com.br/view/), não temos ainda registros dos impactos

devidos a esse tipo de atuação. Entretanto se sabe que será preciso muito mais do que usar a

Internet para a mobilização massiva e veloz – a frustração com os resultados práticos do

movimento Ficha Limpa comprova o quanto é difícil garantir os resultados dessas ações.

Assim também nos perguntamos qual será de fato o resultado de reclamações, demandas e

movimentações que partem de outras iniciativas nascidas na Rede. Qual o impacto do Eleitor

2010 (www.eleitor2010.com), site destinado a denúncias de eleitores elaborado na plataforma

open source Ushahidi, ela mesma nascida dos esforços que colocaram o conhecimento técnico

a favor de uma causa política relacionada aos conflitos após as eleições de 2007 no Quênia? E

qual será o resultado das demandas aportadas no Urbanias (www.urbanias.com.br) que acolhe

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reclamações sobre tráfego, barulho e problemas dessa natureza na cidade de São Paulo? E o

projeto WikiMapa (http://wikimapa.org.br/), que começou no Rio de Janeiro com o objetivo

de estimular jovens moradores a mapear favelas e áreas de baixa renda e a compartilhar

informações georreferenciadas desses locais, utilizando, inclusive, o celular, como será que as

informações prestadas são apropriadas em prol de tais comunidades?

Bem, essas são questões que certamente só o acúmulo de estudos a seu tempo

responderão, o que não invalida nenhuma das iniciativas que despontam. Pelo contrário, é

provável que quanto mais seja melhor. Isso pode vir a ampliar e diversificar as possibilidades

de que pessoas assim mobilizadas venham a realizar seu desejo de influenciar positivamente a

administração pública em prol de uma melhor qualidade de vida dos direta e indiretamente

envolvidos. Pode ser que essas experiências on-line venham mesmo a acolher várias

dimensões da subjetividade em prol da constituição de um novo espaço público

multifacetado. Um espaço não circunscrito a interesses que definem identidades

particularistas, mas que possa mobilizar interesses em prol de questões políticas mais plurais.

Por exemplo, quantos poderão se interessar pelo movimento do Partido Pirata (2011) que em

seu manifesto subscreve posturas em prol da liberdade de criação na Rede, que não deixa de

ser uma das liberdades em geral?

Mas, por enquanto, quem saberá responder ou prever os resultados? O mais provável é

que casos mereçam ser analisados em suas particularidades, como disse Serge Proulx (2011)

ao comentar o Seminário do Laboratório de Política e Comunicação do CNRS, realizado em

Paris em abril de 2011. O Seminário, segundo Proulx, deu ocasião para a desconstrução de

idéias estereotipadas sobre uma suposta “revolução 2.0”. Ele acrescenta que tampouco se

deve propalar, de modo determinista, uma função libertadora da Internet, como fariam os

chamados “ciberutópicos” (PROULX, 2011).

Tratando especificamente do relacionamento entre governo e o cidadão através das

mídias sociais – governo aqui tomado talvez mais administração pública –, Catherine Smith

Howe e Gez Smith falaram do tema governo e o crowdsourcing, em Londres, durante Fórum

Future e-Democracy, em dezembro de 2010. Crowdsourcing, que segundo Wikipedia trata-se

de “modelo de produção que utiliza a inteligência e os conhecimentos coletivos e voluntários

espalhados pela Internet” (CROWDSOURCING, 2011), nesse caso significaria dar acesso e

ampliar a agenda de governo com a promessa de ouvir os cidadãos.

Nesse evento, Catherine desafiou a idéia difundida de que o crowdsourcing é sempre

bom: segundo ela, o público é reduzido ao mínimo denominador comum, o governo é lento e

não é bom em sociedade em rede. Por outro lado, o crowdsourcing não seria bom em efeitos

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longitudinais nos casos em que o cidadão responde mais a tarefas presentes (como, por

exemplo, os efeitos da neve em Londres naquele dia). Não se deve supor, portanto, que o

crowdsourcing em si mesmo conduzirá a uma boa solução, ela diz (2i2p, 2011a).

Gez Smith, por sua vez, acha que pode funcionar e citou como exemplo consultas

públicas levadas a efeito no Reino Unido. Segundo ele, para o crowdsourcing cumprir sua

promessa, é preciso saber como colocar as questões; é preciso saber lidar e dar sentido aos

dados que são aportados pela audiência. O crowdsourcing não deve ser tomado como

deliberação em si mesmo, mas como parte dela – o que seria melhor, para ele, do que o

governo tomar a decisão por todos (2i2p, 2011a).

O governo, então – prossegue – deverá considerar algumas questões se pretende

utilizar o crowdsourcing: despender todo esforço necessário e responder aos cidadãos;

considerar o que se entende por crowdsourcing, pois há diversos conceitos sobre o mesmo;

facilitação pode ser melhor do que moderação (a moderação feita pelo governo muitas vezes

equipara-se à censura).

O que podemos dizer, a despeito das opiniões divergentes, é que o crowdsourcing se

estabeleceu com as ferramentas da Web 2.0 num modo exemplar de compartilhamento de

informações preciosas para ações socialmente relevantes, como se vê em práticas de

monitoramento difuso de catástrofes climáticas e ambientais – Haiti, Rio de Janeiro

(OPENSTREETMAP, 2011) e Fukushima (2i2p, 2011b). Esses são alguns exemplos do

fenômeno do qual órgãos e agências governamentais felizmente são capazes por vezes de tirar

proveito para prestar serviços à sociedade, caso do programa de prevenção contra riscos de

terremotos do USGS (http://earthquake.usgs.gov/), serviço geológico americano.

Mas voltemos às movimentações.

2. PLATAFORMAS PARA A AÇÃO COLETIVA

Num artigo interessante sobre o uso do Facebook e do celular nas revoltas africanas,

Giovanni Calia (2011) aponta uma qualidade dessa rede social on-line que a torna muito mais

próxima da revolução da telefonia móvel do que da web como plataforma autoral: sua

predisposição à criação de relações humanas em que o “conteúdo” é o próprio usuário.

Segundo ele, esta é a chave que levou habitantes de países como Egito ou Tunísia a fazerem

uso dessa ferramenta para se comunicarem nas revoltas recentes e na guerra em curso na

Líbia.

Em sua estratégia de penetração, o Facebook tem focado fortemente em telefones

celulares. Para Calia (2011), não devemos nos admirar de vê-lo investir mais e mais em

modelos de negócio que integrem telefonia móvel e serviços de redes sociais, nem de ver os

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celulares e as redes sociais se tornarem as principais “armas” nas mãos das pessoas que estão

levando adiante as revoltas no Norte da África e no Oriente Médio.

O site da empresa Alexa (http://www.alexa.com/) informa, diz o post de Giovanni Calia

(2011), que o Facebook tornou-se a rede social de referência em muitos países do continente

africano, sendo que, em muitos deles, o número de usuários duplicou nos últimos 7 meses. O

Egito seria atualmente o primeiro país africano em número de usuários do Facebook (cerca de

6,8 milhões), seguido pela África do Sul (3,7 milhões), Marrocos (3,3 milhões) e Nigéria (3,0

milhões). É mesmo interessante visualizar a extensão do uso do Facebook e de outras redes

sociais no mundo inteiro no mapa apresentado por Vincenzo Consenza (2011).

Retornando às reflexões de Calia (2011) sobre a África, como o Facebook cresce tão

rapidamente nessas regiões? Nos últimos anos, ele diz, a África foi o mercado de telefonia

móvel que mais cresceu no mundo, a Nigéria, em particular, com um aumento de 100%. Os

investimentos feitos na África por países como a China e a Índia estariam levando à

diminuição dos custos da tecnologia, incentivando seu desenvolvimento e sua difusão. Outra

razão para esta difusão estaria no mercado de usados – muitos dos telefones descartados pelos

mercados europeus ou japonês, por estarem ultrapassados, são enviados a países não

desenvolvidos.

A ausência de uma infra-estrutura a cabo constitui-se um fator da exclusão digital. A

superação desse quadro passa, segundo Calia, pela telefonia móvel. Aplicações para celulares

permitiriam que as economias dos países africanos se desenvolvam mais rapidamente, como

foi o caso de serviços de comunicação via celular que contribuíram para o crescimento da

produtividade de comunidades rurais da Uganda ou os primeiros serviços de pagamento

através de celular, que se tornaram instrumentos preciosos para pequenos comerciantes da

África do Sul, do Senegal e do Quênia (CALIA, 2011).

Tratando-se de serviços de governo com uso de telefonia móvel, Susana Finquelievich

(2010) fornece exemplos na África e em outros países, em seu artigo “Del Gobierno al

Gobierno Conectado”.

Assim, as redes sociais tornam-se de fato não tanto uma maneira de conectar-se à

Internet na forma como fazemos hoje, mas um modo de entrar em comunicação com outros.

Algo parecido pode estar acontecendo na base da grande adesão de pessoas do Nordeste e

Norte do Brasil às redes sociais on-line, como mostrado no primeiro dos mapas apresentados

neste artigo. Outra evidência pode ser encontrada no uso dado Orkut por grupos de Salvador,

Bahia, para a divulgação e intercâmbio de informações sobre a capoeira (SERPA, 2010).

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Uma questão que esse tipo de inserção no mundo digital nos coloca relaciona-se com o

tipo de interação que se experimenta predominantemente por essa via. Mais, tomando de

empréstimo a noção de modo de produção aberto do conhecimento (FALCÃO et al., 2005),

em que condições espaços constituídos por meio das mídias sociais facilitariam sua

associação a uma espécie de “modelo aberto de constituição da cidadania” e propiciariam a

criação compartilhada de conhecimento capaz de promover ações coletivas que almejem

alterar o contexto social e político?

A esse respeito, e com foco em plataformas on-line, vale à pena ver os primeiros

resultados do projeto de pesquisa “Web platforms and collective action: the complementary

roles of proprietary and non-proprietary platforms”, da Universidade de Westminster (2i2p,

2011c). Eles apontam para o fato de que redes sociais proprietárias como o Facebook não são

suficientes para grandes mobilizações de caráter político; são importantes para difundir

mensagens, mas devem ser complementadas por plataformas especialistas, adaptadas às

necessidades dos ativistas.

O projeto conduzido por Anastasia Kavada, do Communication and Media Research

Institute, aponta que grupos políticos vêem problemas na possibilidade de acesso a dados

pessoais por terceiros. Essas ferramentas também são limitadas para estabelecer conversação

entre pessoas que não são “amigos” mas que possuem interesses políticos comuns. (Será que

nesse ponto o Google plus, estruturado segundo a metáfora do círculo e oferecendo a

possibilidade de trazer informações sobre aqueles que o usuário escolhe seguir, levaria

vantagem – até quando – sobre o Facebook?)

Por sua vez, plataformas especializam-se em fornecer funcionalidades para a tomada

de decisão, discussão e edição colaborativa de documentos por grupos, como a aplicação open

source Crabgrass (http://crabgrass.riseuplabs.org/). Entretanto o limite de plataformas como

essas, diz o estudo, está no fato de não serem capazes de, sozinhas, difundirem a mobilização

política.

Algumas dessas plataformas incorporam funcionalidades para dar suporte ao processo

de participação via Internet: Infotoolkit (http://www.infotoolkit.org/) inclui a gestão das

comunicações de comunidades, e o ePart (http://www.epart.it/) permite o acompanhamento de

ações demandadas à administração pública italiana. O site Protect the Human

(http://www.protectthehuman.com/), da Anistia Internacional, por sua vez, aproxima

abordagens de redes sociais e de organização de grupos.

Contudo não é sem importância considerar as limitações que podem residir em

plataformas para a participação on-line, de acordo com os pontos de vista daqueles que as

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desenvolvem. No seu blog, Caherine Smith Howe (2011) traz a opinião de Lawrence Lessig

em Code v2 , de 2005, sobre a existência de três gerações de arquiteturas de plataformas na

Internet: a primeira geração foi construída com objetivo não-comercial, por pesquisadores e

hackers, com foco na construção de uma rede; a segunda foi construída pelo comércio; e a

terceira poderia muito bem ser o produto do governo. Lessig já colocava a seguinte questão:

quais desses reguladores preferimos? Quais deles devem ser controlados?

À despeito da falta de transparência e controle sobre o código embutido no software

comercial, as pessoas estão criando espaços cívicos on-line – espaços que suportam a

motivação do usuário do tipo “eu quero falar com a minha comunidade” (HOWE, 2010) –

dentro das limitações das plataformas comerciais. Para tornar esses espaços cívicos

verdadeiramente abertos e democráticos, seria preciso que o governo começasse a pensar na

democracia on-line, e não apenas no seu próprio interesse em governar (HOWE, 2011).

3. COLABORAÇÃO E EXPERIÊNCIA

Sob as condições aqui comentadas, o consumidor dessas tecnologias digitais vem-se

transformado em produtor de informações, contribuindo desse modo para a elaboração de

renovadas narrativas, como de um outro modo antes se fazia (ou ainda se faz) pela narração

oral de histórias. Poder-se-ia dizer que a catedral, uma vez instalada no estúdio do amador,

como observou Walter Benjamin (1985) no ensaio em que trata da reprodução técnica da obra

de arte no início do século XX, foi hoje às ruas pelas mãos do novo cronista, que,

diferentemente do flâneur por ele retratado, já não quer se destacar do movimento, mas

potencializar a oportunidade de que sua visão particular da rua, da vizinhança, do lugar, venha

a se misturar a outras incontáveis narrativas, propiciando um uso cívico de espaços on-line

orientado por um modelo de cidadania aberta.

Refletindo aqui um pouco sobre esses espaços e a experiência tão cara hoje aos

usuários (e desenvolvedores) de tecnologias digitais, lembramos que Jeanne Marie Gagnebin

(1985) fala como a noção de experiência foi central nas reflexões de Benjamin, no prefácio

dos ensaios desse autor publicados pela Brasiliense em 1985 com o título Magia e técnica, ate

e política. Nos textos dos anos 30, considerados fundamentais, Walter Benjamin demonstra o

enfraquecimento da grande experiência coletiva com o passado, o “Erfahrung”, no mundo

capitalista moderno, em detrimento de um outro conceito, a “Erlebnis”, que se refere à

experiência vivida privadamente, característica do indivíduo solitário (GAGNEBIN, 1985).

Segundo Gagnebin, nesses textos, Benjamin esboça uma reflexão sobre a necessidade de

reconstrução da Experiência para garantir uma memória e uma palavra comuns, malgrado a

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desagregação e o esfacelamento social vivido então. A reconstrução da experiência viria, pois,

acompanhada de uma nova forma de narratividade (GAGNEBIN, 1985, p. 9).

Uma vez perdido o elo com o passado e com a tradição, o fio e caminho da teia, ainda

assim Benjamin pensou que as histórias das culturas humanas se transmitem a partir da

linguagem onde se depositam as experiências. Em cada língua, a experiência de grupos e

comunidades deixa seus traços, que, em seus estudos, ele recolhe na forma de “fragmentos do

pensamento”. São trechos, citações, palavras que, como colecionador, Benjamin reunia e,

segundo Hannah Arendt (1987), os dispunha frente a frente, lado a lado, de modo que um

iluminasse o outro, dando vez e voz a uma nova possibilidade de interpretação.

Pensamos poder relacionar essa espécie de colagem em que Benjamin se empenhava

com o fenômeno da explosão de conteúdo que tratamos na primeira parte desse artigo. Por sua

vez, os espaços cívicos referidos por Catherine Howe e mesmo alguns sites aqui citados que

se propõem a ser “murais de reclamações” tratados como webcidadania talvez careçam de dar

espaço e permitir ao acaso o seu trabalho criativo, se pretenderem constituir-se num espaço de

práticas de criação compartilhada, assumindo características do que começamos aqui a

chamar de um modelo de constituição da cidadania segundo um modo de produção aberto do

conhecimento. Algo a se pensar é se as atuais características desses espaços on-line poderão

se configurar mais em estímulo do que obstáculo – em parte decorrentes da arquitetura dos

softwares utilizados – à promoção das interações sociais em movimento e ação social

efetivamente.

Práticas de criação coletiva, compartilhamento de idéias, criação com base em

citações, remixagem de fontes, narrativa das narrativas, commons entendido como algo que se

usa e se possui de forma coletiva, para ser detido e utilizado por muitas pessoas (LESSIG

apud FALCÃO, 2005, nota 19) – práticas permeadas de valores e de uma ética que funda

comunidades hackers e é compartilhada por tantas pessoas cuja atividade “tem algo de alegre

porque frequentemente tem origem na experimentação feita por diversão” (HIMANEN, 2007,

tradução nossa) – são possivelmente uma das mais bem-intencionadas iniciativas do presente.

Associadas a um novo modo de produção do conhecimento – difuso, contextualizado e

não planejado (FALCÃO, 2005) –, tais práticas permitiriam ao ativismo ir além de si mesmo

e dariam a oportunidade ao espaço cívico on-line como hoje conhecido constituir-se em um

nível mais alto de participação pública, pois grupos maiores de indivíduos teriam acesso a

conjuntos maiores de informação, conhecimento e compartilhamento de experiência. Quem

sabe assim, pudéssemos experimentar um modelo de cidadania com características de redes e

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de grupos, onde Estado, governos e administração pública sejam nós de uma rede cuja

topologia venha a responder a demandas pela participação pública e democrática.

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