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Memoria descritiva de uma rede de águas residuais e pluviais.TRANSCRIPT
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Índice Geral
I Introdução ................................................................................................... 3
I.1 Considerações iniciais .......................................................................... 5
I.1.2 Objectivos .......................................................................................... 6
I.1.3 Local da instalação, requerente e morada ......................................... 6
I.1.4 Descrição sumária ............................................................................. 6
II Arquitectura e Características do edifício ................................................... 7
III Rede de drenagem de águas residuais domésticas .................................. 9
III.1 Descrição do Sistema de Drenagem de Águas Residuais Domésticas
.............................................................................................................................. 9
III.2 Traçado e pressupostos técnicos para instalação da rede ................ 10
III.3 Materiais aplicados na rede .............................................................. 15
III.4 Dimensionamento da rede ................................................................ 16
IV Rede de drenagem de águas pluviais ..................................................... 31
IV.1 Descrição do Sistema de Drenagem de Águas Pluviais ................... 31
IV.2 Traçado e pressupostos técnicos para instalação da rede ............... 32
IV.3 Materiais aplicados na rede .............................................................. 36
IV.4 Dimensionamento da rede ............................................................... 37
V. Considerações Técnicas ......................................................................... 65
VI. Ensaios a realizar ................................................................................... 67
VI. Considerações finais .............................................................................. 69
VII. Peças Desenhadas ............................................................................... 70
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Índice de Quadros
Quadro 1: Diâmetros mais usuais para tubagem em PVC ................................. 15
Quadro 2: Caudais de descarga dos aparelhos sanitários e características
geométricas dos ramais de descarga ............................................................................. 16
Quadro 3: Dimensionamento dos ramais de descarga ...................................... 19
Quadro 4: Taxas de ocupação de tubos de queda sem ventilação secundária . 22
Quadro 5: Dimensionamento dos tubos de queda ............................................ 23
Quadro 6: Dimensionamento dos colectores prediais ....................................... 25
Quadro 7: Dimensionamento do ramal de ligação ............................................ 27
Quadro 8: Dimensionamento dos ramais de ventilação .................................... 28
Quadro 9: Dimensionamento das colunas de ventilação................................... 29
Quadro 10: Dimensionamento das caleiras ....................................................... 40
Quadro 11: Dimensionamento dos ramais de descarga .................................... 42
Quadro 12: Dimensionamento dos tubos de queda .......................................... 44
Quadro 13: Dimensionamento dos ralos ........................................................... 46
Quadro 14: Dimensionamento dos colectores................................................... 47
Quadro 15: Dimensionamento dos tubos ladrão ............................................... 49
Quadro 16: Dimensionamento das caleiras com grelha .................................... 50
Quadro 17: Dimensionamento dos ralos ........................................................... 52
Quadro 18: Dimensionamento dos tubos de queda .......................................... 53
Quadro 19: Dimensionamento dos colectores de águas de lavagem ................ 54
Quadro 20: Dimensionamento dos ralos ........................................................... 56
Quadro 21: Dimensionamento das caleiras de infiltração ................................. 57
Quadro 22: Dimensionamento dos tubos de queda .......................................... 58
Quadro 23: Dimensionamento dos colectores................................................... 58
Quadro 24: Dimensionamento do poço de bombagem .................................... 59
Quadro 25: Dimensionamento da tubagem que transporta as águas do piso -2
para a caixa no tecto do piso -1 ...................................................................................... 61
Quadro 26: Dimensionamento da bomba .......................................................... 62
Quadro 27: Dimensionamento do ramal de ligação .......................................... 63
Quadro 28: Características do grupo electrobomba .......................................... 65
Índice de Figuras
Figura 1: Altura líquida na caleira ....................................................................... 39
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I Introdução
I.1 Considerações iniciais
Para a realização desta memória descritiva e justificativa não se teve por base
qualquer documento padrão. Assim opta-se por abordar a temática da rede de
drenagem de águas (residuais domésticas e pluviais) de modo a facilitar a leitura do
documento, separando e especificando cada rede independentemente.
Deixa-se ressalvar que apenas se consideram em conjunto os capítulos acerca
da Arquitectura e Características do edifício, bem como as considerações iniciais e
finais, uma vez que a abordagem para as duas redes é em todo similar e não justifica
uma repetição.
Nos pontos intermédios, opta-se então por uma divisão em duas partes: rede
de drenagem de águas residuais e rede de drenagem de águas pluviais. A
organização interna de cada uma das partes é praticamente a mesma. Descreve-se os
elementos constituintes de cada sistema e explicam-se as opções de traçado tomadas
para a rede, optando-se por relacionar directamente com as características técnicas
dos elementos de cada rede.
Desta forma, a corrente memória descritiva está dividida nas seguintes partes:
I Introdução
I.1.1 Considerações iniciais
I.1.2 Objectivos
I.1.3 Local da instalação, requerente e morada
I.1.4 Descrição sumária
II Arquitectura e características do edifício
III Rede de drenagem de águas residuais domésticas
III.1 Descrição do Sistema de Drenagem de Águas Residuais
Domésticas
III.2 Traçado e pressupostos técnicos para instalação da rede III.3 Materiais aplicados na rede
III.4 Dimensionamento da rede
IV Rede de drenagem de águas pluviais
IV.1 Descrição do Sistema de Drenagem de Águas Pluviais
IV.2 Traçado e pressupostos técnicos para instalação da rede IV.3 Materiais aplicados na rede
IV.4 Dimensionamento da rede
V Considerações Técnicas
VI Ensaios a realizar
VII Considerações finais
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I.1.2 Objectivos
A presente memória descritiva refere-se ao projecto de execução de um
sistema de drenagem de águas residuais domésticas e pluviais a construir de raiz num
edifício de utilização mista (habitacional e comércio). O respectivo projecto tem como
âmbito o dimensionamento e a produção das peças desenhadas correspondentes à
rede predial de drenagem de águas residuais e pluviais para que seja possível a sua
construção.
Nesta memória, procura-se justificar e indicar todas as principais etapas do
projecto.
I.1.3 Local da instalação, requerente e morada
O edifício em estudo localiza-se em Lisboa, na Rua Augusta, nº 20, sendo o
requerente Albertino Gonçalves residente na Avenida da Liberdade, nº 100 Lisboa.
I.1.4 Descrição sumária
O edifício a implementar o sistema de drenagem possui 8 pisos acima do solo
e 2 abaixo do qual se desenvolvem: 29 apartamentos para habitação familiar, uma
sala de condomínio, 5 lojas para comércio local e 2 pisos de garagens. Os acessos ao
edifício encontram-se no piso 0. O acesso pedonal efectua-se a meio da fachada
enquanto o acesso dos veículos à garagem encontra-se num dos limites da fachada e
é materializado por uma rampa.
A cobertura do edifício é composta por um terraço e também é constituída por
cobertura em telha.
Para concluir este ponto introdutório, há que referenciar que se considera que o
sistema de drenagem é separativo, constituído por duas redes de colectores distintas,
uma destinada às águas residuais domésticas e outra à drenagem de águas pluviais.
Assim sendo, considera-se a existência de um ponto de ligação ao exterior
para cada rede – ligação da câmara de ramal de ligação de cada rede ao colector
público respectivo – destinada a conduzir as águas provenientes de cada rede de
drenagem do edifício para a rede pública, cuja cota de inserção nos colectores
públicos é de 10 metros, como referido no enunciado do trabalho.
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II Arquitectura e Características do edifício
A rede de drenagem de águas residuais domésticas e pluviais destina-se a
todo o edifício que possui a seguinte constituição:
Dois pisos de cave destinados a estacionamento
Cinco lojas no piso térreo
Cinco apartamentos por piso, nos pisos 1 ao 5
o Um apartamento T4
o Um apartamento T1
o Dois apartamentos T2
o Um apartamento T3
Dois apartamentos T3 por piso nos pisos 6 e 7
Uma sala de condomínio com copa e instalações sanitárias no piso 8
Cobertura em terraço por cima da sala de condomínio e nos fogos T1 e
T3 do piso 1
Cobertura em telha considerada inacessível
No piso térreo a loja 1, 2 e 5 possuem uma IS composta por um lavatório (Lv) e
duas bacias de retrete (Br). As lojas 3 e 4 possuem também uma IS igual às restantes
lojas com o acréscimo de um mictório (Mi) em cada IS.
Ao longo dos apartamentos encontram-se três tipos de IS. Uma que se
denomina de IS 1, totalmente equipada, com banheira (Ba), bidé (Bd), bacia de retrete
(Br) e lavatório (Lv); outra de IS 2, parcialmente equipada, com banheira (Ba) bacia de
retrete (Br) e lavatório (Lv); e por fim de IS 3 uma apenas com bacia de retrete (Br) e
lavatório (Lv).
Assim nos pisos 1 a 5 os:
T1 têm uma IS 1
T2 têm uma IS 1 e uma IS 2
T3 têm uma IS 1, uma IS 2 e uma IS 3
T4 têm duas IS 1 e uma IS 2
Nos pisos 6 e 7:
T3 têm duas IS 1 e uma IS 3
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Todos os apartamentos, independentemente da sua tipologia, possuem uma
cozinha equipada com uma máquina de lavar a roupa (MR), uma máquina de lavar a
loiça (ML) e um lava-loiça (LL).
No piso 8 a copa possui uma IS 3 e apenas um lavatório (Lv).
Considera-se que as águas residuais domésticas provêm das instalações
sanitárias e cozinhas dos fogos do edifício e das lojas e, atendendo à estrutura do
edifício, pretende-se, sempre que possível, que as tubagens desta rede passem nas
coretes previstas no projecto de arquitectura do edifício visualizada nas plantas dos
pisos, apresentadas em Peça Desenhada 5, 6 e 7.
A rede de águas pluviais destina-se à precipitação e, conforme os
regulamentos, também se considera para esta rede as águas de infiltração, de
lavagem da garagem e de recolha de veículos, visto não se considerar a existência de
substâncias poluentes. Como tal está prevista para as varandas, cobertura (terraço e
em telha) e caves de estacionamento.
Em relação à cobertura, é de destacar o facto de esta se considerar inacessível
e totalmente impermeabilizada.
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III Rede de drenagem de águas residuais domésticas
III.1 Descrição do Sistema de Drenagem de Águas Residuais Domésticas
A drenagem é efectuada por gravidade desde os equipamentos até ao colector
público.
O sistema é constituído por ventilação primária através do prolongamento dos
tubos de queda e torna-se necessária a instalação de ventilação secundária realizada
através de ramais e colunas de ventilação, devido à existência de desvios de tubos de
queda.
O sistema de drenagem de águas residuais é então constituído pelos ramais de
descarga que ligam os aparelhos aos tubos de queda, e ramais de ventilação e
respectivas colunas de ventilação, quando necessária a instalação de ventilação
secundária. As águas são lançadas posteriormente dos colectores prediais para a
câmara de ramal de ligação através do ramal de ligação, passando depois para o
colector público. A rede é ainda constituída por alguns acessórios como sifões e bocas
de limpeza.
A concepção da rede de drenagem de águas residuais domésticas é feita ao
abrigo do Decreto-lei 23/95.
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III.2 Traçado e pressupostos técnicos para instalação da rede
Ramais de Descarga
Considera-se a criação de uma caixa de pavimento para unir os ramais de
descarga unitários que provêm directamente dos dispositivos, sendo que
posteriormente as águas residuais são lançadas para o tubo de queda segundo um
ramal de descarga colectivo. Teve-se em conta para a localização das caixas de
pavimento que estas ficassem escondidas e que permitissem a sinfonagem colectiva.
As águas residuais provenientes da bacia de retrete vão directamente para o
tubo de queda respectivo, segundo um ramal de descarga independente.
Destaca-se o pormenor da ligação directa dos ramais de descarga individual ao
tubo de queda, em algumas divisões (uma das casas de banho do T2 do piso tipo e do
T3 do piso 6) devido à localização dos dispositivos e da proximidade ao tubo de queda
instalado, para que assim esta consideração seja viável.
No caso das cozinhas, considera-se a existência de um ramal de descarga em
bateria. Consoante a localização dos dispositivos tem se em conta o número de
aparelhos dispostos nesse ramal em bateria. Também acontece que um dos aparelhos
que não esteja nesse ramal, estando na situação anterior, liga-se directamente ao tubo
de queda através de um ramal de descarga individual.
Considera-se que o lava-loiça duplo é composto por um só ramal de descarga.
Os ramais de descarga estão embutidos no pavimento de modo a não afectar o
elemento estrutural, conforme é descrito no Artigo 219º.
Tubos de Queda
Considera-se suficiente, para o edifício em estudo, a instalação de nove tubos
de queda para albergar as descargas provenientes das instalações sanitárias e
cozinhas dos diferentes fogos, ao longo dos oito pisos.
Trata-se de uma canalização que permite ventilação primária e como tal
prolongam-se os tubos de queda até ao exterior. Tendo em conta o Artigo 233º essa
abertura localiza-se a 0,5 metros acima da cobertura da edificação para todos os tubos
de queda. Em conformidade com o mesmo artigo, deve-se prever a colocação de uma
protecção para evitar a entrada de objectos e/ou pequenos animais.
Para definir a localização dos tubos de queda, considera-se as coretes
representadas nas plantas de projecto e que se crêem previstas para a localização dos
mesmos, sendo que um dos objectivos pretendidos é que ao longo dos vários pisos,
os tubos de queda sejam rectos. Contudo existem alguns condicionalismos, sobretudo
na transição do primeiro piso de habitação para o rés-do-chão, destinado a
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estabelecimento comercial, em que a tipologia difere bastante. O prolongamento do
tubo de queda para o piso térreo implica em alguns casos que estes ficam no meio das
lojas, pelo que se considera um desvio destes.
Assim, ao nível do piso térreo, os tubos de queda D2, D3, D7, D8 e D9, sofrem
desvios de modo a ficarem encostados à parede, ou embutidos quando a espessura
desta o permitir. Como tal, para a instalação dos tubos de queda no piso térreo,
considera-se pertinente chegar a um consenso com o arquitecto para decidir se se
deve esconder o tubo com um aumento de espessura ou colocação de uma “parede
falsa”, ou se por outro lado não há problemas de colocar embutida na parede por
razões estruturais, ou se se deve considerar o tubo à vista (que se torna desagradável
em termos estéticos). Para o caso específico do tubo de queda D9, a parede é muito
fina, logo a solução terá que passar pelo aumento da espessura da parede. No caso
do tubo de queda D3, este fica localizado numa zona de passagem de veículos e por
razões de segurança, para evitar rotura em caso de embate, deve-se prever um
reforço para proteger o tubo de queda.
O tubo de queda D5 é desviado para um local que aparenta ser destinado a
passagem de tubagens e será coberto por uma “parede falsa”. Por sua vez os tubos
de queda D1, D4 e D6, não sofrem qualquer desvio, estando localizados em coretes
predestinadas à passagem de tubagem.
De qualquer das formas, devem ser cumpridos os regulamentos e, à luz do
artigo 234º, os tubos de queda devem estar dispostos de modo a permitir um fácil
acesso sempre que seja necessário efectuar quaisquer processos de manutenção e
verificação do estado da tubagem.
Para os desvios efectuados, procurou-se que o seu comprimento fosse inferior
a dez diâmetros do atribuído ao tubo de queda, como é proposto na alínea 2 do
artigo 233º. Para os casos que esse valor seja ultrapassado, prevê-se a instalação de
ventilação secundária, não obstante os colectores prediais serem dimensionados para
meia secção e uma boa ventilação dos tubos de queda deve estar garantida à partida.
Para o projecto em estudo, os tubos de queda D2, D5 e D7 sofrem desvios
significativos e como tal para além da instalação de ventilação secundária que decorre
dos regulamentos, salienta-se que o troço de mudança de direcção é tratado como
colector predial.
Em conformidade com o artigo 235º, devem existir bocas de limpeza na
mudança de direcção, na vizinhança da mais alta inserção dos ramais de descarga no
tubo de queda e no mínimo de três em três pisos. Contudo, opta-se por colocar bocas
de limpeza em todos os pisos.
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Os tubos de queda prolongam-se até à cave de estacionamento e a sua
tubagem fica à vista. Como tal, considera-se de fácil acesso e torna-se impossível
colocar uma câmara de inspecção pelas suas características. Assim, segundo a
alínea 1d) do artigo 235º este elemento é substituído por uma boca de limpeza, na
junção do tubo de queda e do colector predial.
Ramal de Ventilação
Os ramais de ventilação são compostos por uma tubagem que liga à coluna de
ventilação, criados para os casos em que seja necessário ventilação secundária,
sendo que a sua função passa pela manutenção do fecho hídrico nos sifões.
A ligação à coluna de ventilação é feita com uma inclinação de 2%.
Os troços verticais devem ter uma altura superior a 0,15m do nível superior do
aparelho. Tem-se também em conta o facto de a ligação do ramal de descarga ao
ramal de ventilação ter de ser superior a duas vezes o diâmetro da tubagem.
Colunas de Ventilação
Fazem parte do sistema de ventilação secundária que complementa a
ventilação efectuada através dos tubos de queda.
Existem quatro colunas de ventilação, estas associadas aos tubos de queda
D2, D5 e D7 e em todos os casos que se considera ventilação secundária, considera-
se que na sua localização, a ligação da coluna ao colector predial se encontra a uma
distância inferior a dez vezes o diâmetro do tubo de queda. De facto, a coluna de
ventilação é concebida de forma a estar próxima do tubo de queda respectivo e a ter o
mesmo desenvolvimento.
Ou seja, repetem-se as mesmas considerações feitas para os tubos de queda
associados a cada coluna de ventilação, em relação à sua localização. Tendo o
mesmo desenvolvimento dos tubos de queda, as colunas de ventilação estão sujeitas
aos mesmos desvios, sendo que estes se tratam de um troço rectilíneo com inclinação
ascendente.
Considera-se que as quatro colunas têm abertura directa para o exterior e não
terminam no tubo de queda, considerando-se o mesmo acréscimo de 0,5 metros
atribuídos aos tubos de queda na ligação da coluna à cobertura.
As colunas de ventilação ligam-se ao respectivo tubo de queda em todos os
pisos por questões de segurança.
Colectores Prediais
Este elemento recolhe as águas residuais dos tubos de queda e dos ramais de
descarga situados no piso térreo.
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Os colectores prediais encontram-se à vista na cave de estacionamento -1 e
como tal, consideram-se facilmente visitáveis e opta-se por substituir as câmaras de
inspecção por bocas de limpeza (a par do que foi feito para os tubos de queda),
localizadas em pontos apropriados para manutenção (alínea 3 do artigo 249º).
Conforme a alínea 4 do artigo 249º, considera-se a instalação de bocas de
limpeza de 15 em 15 metros, sempre que o troço do colector seja considerado
demasiado extenso. Para o caso especifico do colector predial colectivo CD5,
aplica-se mais uma boca de limpeza sem se tratar de qualquer ponto de mudança de
direcção ou junção de dois colectores, para cumprir o regulamento.
Na concepção dos colectores prediais, pretende-se sempre que a tubagem
tenha a menor extensão possível e que esta apresente o menor número de
inconvenientes possível, segundo a estrutura da cave de estacionamento.
Os colectores convergem para uma câmara localizada na primeira cave de
estacionamento e a localização é escolhida tendo em conta a sua acessibilidade, bem
como a proximidade com o exterior, segundo o que é pretendido na alínea 2 do
artigo 250º.
Os ramais de descarga dos aparelhos representados nas lojas estão ligados
directamente a um colector predial.
Ramal de Ligação
Este ramal liga a câmara de ramal de ligação ao colector público. Como tal,
pretende-se que a câmara se situe num local de fácil acesso e relativamente próximo
ao exterior do edifício para, como já referido, se ligar ao colector público através do
ramal de ligação.
Acessórios
o Sifões
Os sifões impedem a passagem de gases para o interior das edificações.
Assim todos os aparelhos devem ser servidos por sifões, seja individualmente ou
colectivamente, segundo o artigo 253º.
A bacia de retrete, como se liga directamente ao tubo de queda, é servida por
um sifão individual. Por sua vez, sempre que se projecta uma caixa de pavimento,
opta-se pela sinfonagem colectiva dos dispositivos. Como tal, verifica-se para todos os
casos que a localização da caixa de pavimento (onde se processa a sinfonagem) é
inferior a três metros, em relação aos dispositivos que para lá escoam as águas
residuais, para que assim cumpra o regulamento enunciado no artigo 255º. Nestes
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casos é proibida a dupla sinfonagem, o que é mais um factor predominante para a
localização das caixas de pavimento.
Nos dispositivos em bateria já referidos, considera-se que a sinfonagem
também é individual.
o Caixas de Pavimento
Estas caixas são providas de várias entradas, consoante os ramais de
descarga individuais que lhe são destinadas.
Dispõem de uma tampa amovível, para possibilitar operações de limpeza e
manutenção.
o Bocas de limpeza
Ao longo de toda a definição da rede de drenagem de águas residuais,
abordou-se a instalação de bocas de limpeza, sobretudo nos tubos de queda e
colectores prediais. Assim sendo, pretende-se complementar o que foi dito
relativamente à sua localização consoante a sua função, em que estas têm de estar
localizadas em pontos de fácil acesso para garantir a manutenção da rede. Trata-se de
um pressuposto fundamental a ter em conta na aplicação nas duas canalizações.
o Ralos
Para todos os aparelhos sanitários, excepto as bacias de retrete, está previsto
que sejam dotados deste acessório.
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III.3 Materiais aplicados na rede
O material utilizado é o policloreto de vinilo (PVC).
Este material termoplástico é bastante vantajoso para o transporte de águas
residuais domésticas, dado estas serem consideradas quimicamente agressivas, às
quais o PVC resiste bem, não se degradando.
São preferíveis para sistemas de drenagem de águas residuais frias, mas
também se podem usar no caso de águas residuais quentes, sendo que nesse caso é
necessário considerado um incremento dimensional de espessura.
Esta tubagem pode ser instalada à vista ou embutida em caleiras ou galerias.
Os diâmetros mais usuais são representados no Quadro 1 que se apresenta de
seguida.
Quadro 1: Diâmetros mais usuais para tubagem em PVC
Dnominal (mm) Dexterior (mm) Espessura (mm) D interior (mm)
50 50,15 2,0 46,2
63 63,15 2,0 59,2
75 75,15 2,0 71,2
90 90,15 2,0 86,2
110 110,20 2,5 105,2
125 125,20 2,8 119,7
140 140,25 2,1 136,2
160 160,25 3,5 153,3
200 200,30 4,3 191,7
250 250,40 5,3 239,9
315 315,50 6,7 302,2
400 400,60 8,4 383,8
Considera-se a média entre o valor mínimo e máximo, tanto para o diâmetro
exterior como para a espessura, sendo esta última relativa à classe 0,4 MPa. Utiliza-se
espessuras desta classe por razões de segurança pois, dado as águas residuais
poderem ser quentes, os tubos devem ter uma espessura superior, o que corresponde
a uma classe inferior.
Deve-se ter em conta a colocação de abraçadeiras com elastómeros para que
se possa ocorrer livremente eventuais contracções ou dilatações térmicas, bem como
para introduzir um isolamento sonoro eficaz das tubagens.
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III.4 Dimensionamento da rede
1. Dados base
Os diâmetros utilizados para os vários componentes da rede são retirados do
Manual dos Sistemas Prediais de Distribuição e Drenagem de Águas, conforme está
apresentado na Tabela 1 do capítulo III.3 Materiais aplicados na rede.
O diâmetro interior – o utilizado nos cálculos – é obtido através do diâmetro
exterior e da espessura da tubagem (Di = De – 2 x e).
Para o dimensionamento e definição das tubagens, recorre-se às indicações do
Decreto Regulamentar nº 23/95.
Segundo o referido regulamento, para o dimensionamento de cada ramal de
descarga individual (dimensionamento base dos restantes), entra-se em consideração
com o caudal de descarga do aparelho a drenar e com os diâmetros nominais mínimos
a considerar, obtidos através do quadro do Anexo XIV do DR nº 23/95 e que se
apresenta no Quadro 2.
Quadro 2: Caudais de descarga dos aparelhos sanitários e características geométricas dos ramais de
descarga
Aparelho Q descarga
(l/min) DN min (mm)
Bacia de retrete Br 90 90
Banheira Ba 60 40
Bidé Bd 30 40
Lavatório Lv 30 40
Máquina da Loiça ML 60 50
Máquina da Roupa MR 60 50
Mictório Mi 60 50
Lava-Loiça LL 60 50
2. Procedimento geral
Em primeiro lugar, partindo dos caudais de descarga de cada aparelho,
começa-se por dimensionar os ramais de descarga. Os troços apresentados estão de
acordo com o apresentado em Peça Desenhada 5, 6 e 7 para os fogos do edifício.
Através da soma dos caudais (acumulados) em cada ramal de descarga, sabe-se o
caudal a transportar por cada tubo de queda. Dos caudais dos tubos de queda e seus
diâmetros, dimensiona-se os colectores prediais em que os tubos de queda
descarregam, dimensionando-se também em paralelo a ventilação da rede.
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3. Dimensionamento
3.1. Ramais de descarga
Aparelhos
Sendo os ramais de descarga as tubagens que suportam o caudal de descarga
dos aparelhos e os direccionam para o tubo de queda, importa saber quais os
aparelhos descarregam para o ramal em questão.
Pisos
Os ramais de descarga apenas estão traçados para os fogos tipo
desenvolvidos no trabalho. Assim sendo, cada um apenas está presente num piso.
Número de aparelhos – n
A partir do número de aparelhos que descarregam para o ramal de descarga,
deduz-se se este é individual ou não.
Ramal individual (Sim ou Não) – Ind.
Um ramal de descarga não individual é qualquer um que suporta o caudal de
descarga de mais do que um aparelho.
Caudal acumulado – Q acum. (l/min)
O caudal acumulado é obtido pela soma directa dos caudais de descarga dos
aparelhos que descarregam para o ramal de descarga em questão.
Caudal de dimensionamento – Q dim. (l/min)
Como refere o artigo 213º do DR (Decreto Regulamentar nº 23/95), “os caudais
de cálculo dos ramais de descarga de águas residuais domésticas devem basear-se
nos caudais de descarga atribuídos aos aparelhos sanitários e nos coeficientes de
simultaneidade, nos termos dos artigos 209º e 211º”. O artigo 209º remete para o uso
do coeficiente de simultaneidade, como forma de ter em conta “a possibilidade do
funcionamento não simultâneo da totalidade dos aparelhos e equipamentos
sanitários”, sendo os caudais de cálculo obtidos pela curva apresentada no Anexo XV
do DR.
Tem-se então que os caudais de cálculo/dimensionamento para os ramais de
descarga individuais são dados pelo caudal acumulado já obtido e os caudais dos
ramais não individuais são dados pela curva do Anexo XV do DR, que se traduz na
seguinte equação:
18
𝑄𝑐 ≅ 7,3497𝑄𝑎0,5352
Qc – Caudal de cálculo/dimensionamento (l/min)
Qa – Caudal acumulado (l/min)
Secção
Os ramais de descarga individuais são dimensionados a secção cheia
enquanto os ramais não individuais são dimensionados para escoamento a meia
secção (1/2), como é obrigatório pelo DR.
Coeficiente de rugosidade – K (m1/3/s)
O coeficiente de rugosidade de Manning-Strickler varia com o tipo de material,
tendo o valor de 120 m1/3/s para tubagens em PVC.
Inclinação – i (%)
De acordo com o artigo 214º do DR, as inclinações devem variar entre 10 e 40
mm/m. Opta-se pela inclinação de 1% para todos os ramais de descarga para se
reduzir a quantidade de betonilha de regularização, não deixando de cumprir o mínimo
regulamentar.
Diâmetro interior – D int (mm)
Para determinar o diâmetro, recorre-se à fórmula de Manning-Strickler:
Ramais individuais (secção cheia):
𝐷 =𝑄𝑑
3/8
0,04 ∙ 𝐾3/8 ∙ 𝑖3/16
Ramais não individuais (meia secção):
𝐷 =𝑄𝑑
3/8
0,03084 ∙ 𝐾3/8 ∙ 𝑖3/16
D – Diâmetro interior da tubagem (mm)
Qd – Caudal de dimensionamento (l/min)
K – coeficiente de rugosidade (m1/3
/s)
i – inclinação (m/m)
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Diâmetro nominal – DN (mm)
Opta-se pelo diâmetro nominal (referente à Tabela 1) cujo diâmetro interior é
imediatamente superior ao diâmetro interior obtido na alínea anterior. Tem-se em
conta que, para os ramais de descarga não individuais, o diâmetro nominal é o
máximo dos diâmetros dos ramais de descarga que nele convergem.
Diâmetro nominal mínimo – DN min (mm)
O diâmetro nominal mínimo para os ramais de descarga é função do aparelho,
sendo os diâmetros mínimos os apresentados na Tabela 2.
Diâmetro nominal final – DN final (mm)
O Diâmetro nominal final é o máximo entre o DN e o DN min.
Apresenta-se de seguida o Quadro 3 com os resultados do dimensionamento
para cada troço (estando ordenados pela mesma ordem dos tubos de queda Di),
estando a folha de cálculo apresentada no anexo I.
Quadro 3: Dimensionamento dos ramais de descarga
Troço Ind. Q acum
(l/min) Q dim.
(l/min) Secção DN final
(mm)
D1
ML S 60 60,0 1 50
LL S 30 30,0 1 50
MR S 60 60,0 1 50
ML-LL S 60 60,0 1 50
LL-MR N 90 81,7 1/2 75
MR-D1 N 150 107,4 1/2 90
D2
Lv1-Cp1.1 S 30 30,0 1 50
Ba-Cp1.1 S 90 90,0 1 63
Cp1.1-D2 N 90 81,7 1/2 75
Br-D2 S 90 90,0 1 90
D3
Ba-Cp1.2 S 60 60,0 1 50
Bd-Cp1.2 S 30 30,0 1 50
Cp1.2-D3 N 90 81,7 1/2 75
Br2-D3 S 90 90,0 1 90
Lv2-D3 S 30 30,0 1 50
Br1-D3 S 90 90,0 1 90
20
Lv1-D3 S 30 30,0 1 50
Ba-Cp1.3 S 60 60,0 1 50
Bd-Cp1.3 S 30 30,0 1 50
Cp1.3-D3 N 90 81,7 1/2 75
D4
LL S 30 30,0 1 50
ML S 60 60,0 1 50
MR S 60 60,0 1 50
LL-ML S 30 30,0 1 50
ML-D4 N 90 81,7 1/2 75
MR-D4 S 60 60,0 1 50
D5
Ba-Cp4.1 S 60 60,0 1 50
Bd-Cp4.1 S 30 30,0 1 50
Lv-Cp4.1 S 30 30,0 1 50
Cp4.1-D5 N 120 95,3 1/2 75
Br1-D5 S 90 90,0 1 90
Ba-D5 S 60 60,0 1 50
Br2-D5 S 90 90,0 1 90
Lv-D5 S 30 30,0 1 50
D6
MR S 60 60,0 1 50
ML S 60 60,0 1 50
LL S 30 30,0 1 50
MR-LL S 60 60,0 1 50
ML-D6 N 120 95,3 1/2 75
LL-D6 S 30 30,0 1 50
D7
Lv-D7 S 30 30,0 1 50
Br-D7 S 90 90,0 1 90
D8
Lv-Cp7.1 S 30 30,0 1 50
Ba-Cp7.1 S 60 60,0 1 50
Cp7.1-D8 N 90 81,7 1/2 75
Br1-D8 S 90 90,0 1 90
Bd-Cp7.2 S 30 30,0 1 50
Lv-Cp7.2 S 30 30,0 1 50
Ba-Cp7.2 S 60 60,0 1 50
Cp7.2-D8 N 120 95,3 1/2 75
Br2-D8 S 90 90,0 1 90
D9
Lv-D9 S 30 30,0 1 50
Br-D9 S 90 90,0 1 90
21
LL-D9 S 30 30,0 1 50
D10
Lv S 30 30,0 1 50
Mi S 60 60,0 1 50
Lv-Mi S 30 30,0 1 50
Mi-D10 N 90 81,7 1/2 75
D11
Br1-D11 S 90 90,0 1 90
D12
Br2-D12 S 90 90,0 1 90
3.2. Tubos de queda
Para os tubos de queda de águas residuais, o diâmetro do tubo é sempre o
mesmo em toda a sua extensão (artigo 231º do DR). Assim, o caudal de cálculo (Qd) é
obtido na secção mais condicionante – na qual passa o maior caudal, isto é, na secção
inferior do tubo.
Aparelhos
Considera-se a totalidade dos aparelhos cujo caudal é direccionado para o tubo
de queda em questão.
Pisos
Consideram-se os aparelhos de todos os pisos, de forma a considerar o caudal
na secção inferior do tubo.
Número de aparelhos – n
O número de aparelhos resulta da multiplicação do total de aparelhos por fogo
pelo número de pisos em que esse fogo se repete.
Caudal acumulado – Q acum. (l/min)
O caudal acumulado é obtido pela soma directa dos caudais de descarga dos
aparelhos que descarregam os ramais de descarga que, por sua vez, descarregam
para o tubo de queda.
Caudal de dimensionamento – Q dim. (l/min)
Tal como para os ramais de descarga não individuais, o caudal de
dimensionamento é obtido através do caudal acumulado multiplicado pelo coeficiente
de simultaneidade, o que se traduz na equação já referida:
𝑄𝑐 ≅ 7,3497𝑄𝑎0,5352
22
Ventilação secundária (Sim/Não) – Vent. Sec.
A ventilação secundária existe para desvios de tubos de queda superiores a
dez vezes o diâmetro do tubo de queda. É em função de haver ou não ventilação
secundária que é atribuída a taxa de ocupação.
Taxa de ocupação – T ocup.
A taxa de ocupação do tubo de queda pretende garantir que o tubo de queda
está apenas parcialmente ocupado, já que este tem que permitir a ventilação. A taxa
de ocupação é dada pela razão entre a área ocupada pela massa líquida (Se) e a área
da secção interior do tubo (Sq).
Para os tubos de queda que têm ventilação secundária, a taxa de ocupação é a
taxa máxima, que corresponde a Se/Sq = 1/3 (isto porque como se tem ventilação
secundária, a primária deixa de ser tão importante e pode-se ter a ocupação máxima
do tubo de queda).
Para os tubos de queda que não têm ventilação secundária, o processo de
obtenção da taxa de ocupação é um processo iterativo. Fixa-se a taxa de ocupação
máxima, 1/3, e vê-se se estão satisfeitas as condições do anexo XVII do DR,
representado no Quadro 4. As taxas de ocupação variam segundo o conjunto de
valores {1/3, 1/4, 1/5, 1/6, 1/7} até o diâmetro resultante estar dentro do intervalo de
cálculo correspondente à taxa de ocupação escolhida.
Quadro 4: Taxas de ocupação de tubos de queda sem ventilação secundária
Diâmetro do tubo de
queda (mm)
Taxa de
ocupação (ts)
D = 50 1/3
50 < D ≤ 75 1/4
75 < D ≤ 100 1/5
100 < D ≤ 125 1/6
D > 125 1/7
Diâmetro interior – D int (mm)
O diâmetro interior dos tubos de queda de águas residuais domésticas é obtido
através do ábaco do anexo XVIII do DR, que se traduz na seguinte expressão:
Dq = 4,4205 ∙ Qd3/8 ∙ ts
−5/8
Dq – Diâmetro interior do tubo de queda (mm)
Qd – Caudal de dimensionamento (l/min)
ts – Taxa de ocupação
23
Diâmetro nominal – DN (mm)
Atribui-se à tubagem o diâmetro nominal cujo diâmetro interior mais se
aproxima do obtido.
Diâmetro nominal mínimo – DN min (mm)
O diâmetro mínimo corresponde ao máximo entre o diâmetro dos ramais de
descarga que descarregam para o tubo de queda, sendo que este deve ser no mínimo
de 50 mm.
Diâmetro nominal final – DN final (mm)
O diâmetro final corresponde ao máximo entre o diâmetro nominal obtido
através do interior e o diâmetro nominal mínimo.
Do supracitado, resulta o dimensionamento dos tubos de queda, cujos
resultados se encontram na íntegra no anexo I (Quadro 5Quadro 1):
Quadro 5: Dimensionamento dos tubos de queda
Tubo de queda
Q acum.
(l/min) Q dim.
(l/min) Vent. Sec.
T ocup. DN final (mm)
D1 750 254,1 N 1/5 110
D2 900 280,1 S 1/3 90
D3 2100 440,9 N 1/7 160
D4 750 254,1 N 1/5 110
D5 1950 423,7 S 1/3 90
D6 300 155,6 N 1/4 75
D7 240 138,1 S 1/3 90
D8 780 259,5 N 1/5 110
D9 150 107,4 N 1/4 90
D10 90 81,7 N 1/3 75
D11 90 81,7 N 1/3 90
D12 90 81,7 N 1/3 90
3.3. Colectores prediais
Tubos de queda
Os colectores prediais recolhem as águas residuais dos vários tubos de queda
ao longo do seu desenvolvimento e a sua nomenclatura pode ser observada em Peça
Desenhada 4.
24
São também dimensionados os desvios dos tubos de queda no piso térreo, que
têm de ser tratados como colectores (a designar por colectores intermédios) a partir de
um desvio superior a dez vezes o diâmetro do tubo de queda.
Caudal acumulado – Q acum. (l/min)
O caudal acumulado resulta da soma do caudal dos vários tubos de queda que
intersectam o colector predial, sendo que os colectores intermédios transportam o
caudal do tubo de queda desviado.
Caudal de dimensionamento – Q dim. (l/min)
O caudal de dimensionamento, tal como nos ramais de descarga não
individuais e nos tubos de queda, resulta da seguinte expressão:
𝑄𝑐 ≅ 7,3497𝑄𝑎0,5352
Secção
De acordo com o artigo 246º, os colectores prediais são dimensionados para
escoamento em meia secção (1/2).
Coeficiente de rugosidade – K (m1/3/s)
Como já referido, K depende do material e para a tubagem em questão (PVC),
e toma o valor de 120 m1/3/s.
Inclinação – i (%)
De acordo com o artigo 246º, a inclinação deve variar entre 10 e 40 mm/m
(entre 1% e 4%). Opta-se pela inclinação de 1% pela maior facilidade em chegar à
câmara de ramal de ligação e para não ter velocidades excessivas no colector predial,
não se deixando de cumprir os mínimos regulamentares.
Diâmetro interior – D int (mm)
O diâmetro interior dos colectores prediais é obtido pela fórmula de Manning-
Strickler para escoamento em meia secção, já mencionada:
𝐷 =𝑄𝑑
3/8
0,03084 ∙ 𝐾3/8 ∙ 𝑖3/16
Diâmetro nominal – DN (mm)
Opta-se pelo diâmetro nominal cujo diâmetro interior é imediatamente superior
ao diâmetro resultante da alínea anterior.
25
Diâmetro máximo anterior – DN máx anterior (mm)
O diâmetro máximo anterior corresponde ao maior diâmetro dos tubos de
queda cujo caudal é suportado pelo colector predial. O diâmetro do colector predial
tem de ser igual ou superior a este diâmetro máximo.
Diâmetro nominal mínimo – DN min (mm)
O diâmetro nominal mínimo para colectores prediais (artigo 247º) é de 100 mm.
Assume-se o valor de 110 mm dado ser o diâmetro comercial existente para tubagens
em PVC imediatamente superior a 100 mm.
Diâmetro nominal final – DN final (mm)
Este diâmetro corresponde ao valor máximo entre as parcelas DN, DN máximo
anterior e DN mínimo.
Os colectores prediais, em concordância com a Peça Desenhada 4, e cujos
resultados detalhados estão apresentados no anexo I, são dimensionados segundo os
seguintes parâmetros (Quadro 6):
Quadro 6: Dimensionamento dos colectores prediais
Q dim.
(l/min) DN final
(mm)
Cd 1 81,7 110
Cd 2 81,7 110
Cd 3 118,4 110
Cd 4 81,7 110
Cd 5 147,1 110
Cd 6 280,1 110
Cd 7 322,4 125
Cd 8 440,9 160
Cd 9 558,8 160
Cd 10 259,5 110
Cd 11 138,1 110
Cd 12 299,6 125
Cd 13 107,4 110
Cd 14 322,4 125
Cd 15 254,1 110
Cd 16 155,6 110
Cd 17 304,2 110
Cd 18 423,7 125
Cd 19 533,6 125
26
Cd 20 636,5 160
Cd 21 254,1 110
Cd 22 695,4 160
Cd 23* 280,1 110
Cd 24* 423,7 140
Cd 25* 138,1 110
* Desvios de tubos de queda dimensionados como colectores.
3.4. Ramal de ligação
Caudal acumulado – Q acum. (l/min)
O caudal acumulado é obtido pela soma dos caudais acumulados dos
colectores prediais que convergem na câmara de inspecção, nomeadamente os
colectores C9 e C22.
Caudal de dimensionamento – Q dim. (l/min)
O caudal de cálculo é obtido através da aplicação do coeficiente de
simultaneidade ao caudal acumulado:
𝑄𝑐 ≅ 7,3497𝑄𝑎0,5352
Inclinação – i (%)
Adopta-se uma inclinação de 3% por questões de traçado (de forma a que o
ramal de ligação que parte da caixa chegue ao ramal público).
Diâmetro interior – D int (mm)
Tal como os colectores prediais, o ramal de ligação é dimensionado a meia
secção, segundo a expressão:
D =Qd
3/8
0,03084 ∙ K3/8 ∙ i3/16
Mantém-se o coeficiente de rugosidade de 120 m1/3/s e a inclinação de 1%,
com base no já referido para os colectores prediais.
Diâmetro nominal final – DN final (mm)
O diâmetro nominal final resulta do máximo entre o diâmetro nominal cujo
diâmetro interior é imediatamente superior ao obtido na alínea anterior (DN) e o
diâmetro nominal mínimo de 110 mm para tubagens em PVC (DN min).
Tem-se então as seguintes características para o ramal de ligação (Quadro 7):
27
Quadro 7: Dimensionamento do ramal de ligação
Q dim. (l/min)
Dint (mm)
DN final (mm)
913,4 133,96 140
3.5. Ramais de ventilação
Os ramais de ventilação ventilam os ramais de descarga que descarregam nos
tubos de queda que têm ventilação secundária. Sendo necessários para garantir uma
adequada ventilação, de acordo com o artigo 221º do DR, o seu diâmetro “não deve
ser inferior a dois terços do diâmetro dos ramais de descarga respectivos”. Tal deve-se
ao facto de, sendo a taxa de ocupação máxima de água residual 1/3, ter se de garantir
no mínimo uma área de 2/3 de ar para uma boa ventilação. Ao se optar por um
diâmetro igual ou superior a 2/3 do diâmetro do ramal de descarga, garante-se
automaticamente que a área de ar é superior a 2/3 da área do ramal de descarga.
Inclinação – i (%)
Segundo o artigo 222º do DR, a inclinação mínima é de 2%, tendo-se optado
pelo valor mínimo regulamentar.
Diâmetro interior do ramal de descarga – D int Rd (mm)
Sendo o diâmetro do ramal de ventilação determinado com base no diâmetro
do ramal de descarga correspondente, regista-se o diâmetro interior do ramal de
descarga.
Diâmetro interior comercial – D int com. (mm)
Dado ter sido escolhido um diâmetro comercial para o ramal de descarga a
ventilar, é sobre o diâmetro interior correspondente que deve ser efectuado o cálculo
do diâmetro do ramal de ventilação.
2/3 do diâmetro interior comercial – 2/3 D int com. (mm)
Como já referido, o diâmetro do ramal de ventilação corresponde, no mínimo, a
2/3 do diâmetro do ramal de descarga correspondente.
Diâmetro nominal – DN (mm)
Opta-se pelo diâmetro nominal cujo diâmetro interior é o imediatamente acima
do diâmetro interior obtido na alínea anterior.
28
Tem-se então o dimensionamento dos ramais de ventilação, também
apresentado no anexo I (Quadro 8).
Quadro 8: Dimensionamento dos ramais de ventilação
DN (mm)
D2 (V1)
Cp1.1-D2 50
Br-D2 63
D5 (V2)
Cp4.1-D5 63
Br1-D5 63
Ba-D5 50
Br2-D5 63
Lv-D5 50
D7 (V3)
Lv-D7 50
Br-D7 63
3.6. Colunas de ventilação
Diâmetro interior – D int (mm)
O diâmetro interior da coluna de ventilação é obtido através da seguinte
expressão:
𝐷𝑣 = 0,3901 × 𝐿𝑣0,187 × 𝐷𝑞
Dv – Diâmetro interior da coluna de ventilação (mm)
Lv – Altura da coluna (m)
Dq – Diâmetro interior comercial do tubo de queda ventilado, D int com. T.Q. (mm)
Diâmetro nominal – DN (mm)
Opta-se pelo diâmetro nominal cujo diâmetro interior é o imediatamente acima
do diâmetro interior obtido na alínea anterior.
Tem-se então o dimensionamento das colunas de ventilação, também
apresentado no anexo I.
29
Quadro 9: Dimensionamento das colunas de ventilação
Altura da coluna
(m)
DN (mm)
V1 (D2) 25,10 63
V2 (D5) 24,98 75
V3 (D7) 25,01 63
30
31
IV Rede de drenagem de águas pluviais
IV.1 Descrição do Sistema de Drenagem de Águas Pluviais
Trata-se de um sistema misto de drenagem, visto se considerar para esta rede
as águas provenientes de níveis superiores ao colector público (provenientes da
precipitação) bem como a água utilizada para lavagem e as águas de infiltração nas
caves de estacionamento, que precisam de ser elevadas para poder chegar ao
colector público. Considera-se útil tratar individualmente cada caso.
Para o caso específico da cobertura em telha e terraço, bem como das
varandas dos fogos, o sistema de drenagem de águas residuais pluviais é composto
pelas caleiras, onde as águas pluviais da cobertura são recolhidas, e as quais são
lançadas para os tubos de queda através dos ramais de descarga. Seguidamente são
encaminhadas para os colectores prediais que vão ligar à câmara de ramal de ligação
do qual procede para o colector público onde se executa a passagem da rede de
drenagem de águas residuais da rede predial para a rede pública. Ao longo do sistema
é necessária a instalação de acessórios previstos em regulamento e com carácter
funcional para complementar a rede projectada.
Nas caves de estacionamento importa salientar a existência igualmente de
ralos, caleiras (caleiras em grelha para as águas de lavagem e caleiras de infiltração
para as águas de infiltração), tubos de queda, colectores prediais e um poço de
bombagem que lança as águas para a câmara de ramal de ligação.
Ao abrigo do Decreto-lei 23/95, outrora abordado para a rede de drenagem de
águas residuais domésticas, procede-se à concepção da rede de drenagem de águas
residuais pluviais.
32
IV.2 Traçado e pressupostos técnicos para instalação da rede
Como visto no subcapítulo anterior, existem muitos elementos da rede de
drenagem de águas pluviais que são idênticos aos da rede de drenagem de águas
residuais domésticas e como tal, as condições técnicas desses elementos são iguais.
Assim, neste subcapítulo apenas se vão abordar as opções de traçado que importa,
salientar para os elementos da rede, sendo que elementos não referenciados foram
tidos em conta tal como foram definidos para a rede de águas residuais, sendo que
todos os elementos estão representados nas Peças Desenhadas.
Águas residuais provenientes da cobertura e varandas dos fogos
Começa-se por enunciar que através dos requisitos para a inclinação do
terraço e consoante a altura máxima de enchimento a dar ao piso, o terraço do por
cima da sala de condomínio apresenta uma pendente de 9%. Já para a cobertura em
telha a planta de projecto com a arquitectura do edifício sugere uma pendente de
7,70%. Os terraços e varandas dos fogos do edifício, adoptou-se uma inclinação de
1%, que se encontra dentro dos limites regulamentares.
Caleiras
Aplica-se para o edifício em estudo caleiras de secção semicircular, dado ser
esta a secção definida em projecto.
São instaladas caleiras tanto na cobertura em telha como no terraço (existente
no piso 1 e no terraço da cobertura). Estas são instaladas na zona de intersecção das
duas águas da cobertura em telha. No terraço, considera-se a sua colocação na zona
mais baixa considerando a respectiva pendente.
Refere-se que para a localização das caleiras, tem-se sempre em conta as
indicações existentes no projecto, no qual já se consideram definida a sua localização.
Considera-se a existência de um total de 23 caleiras em toda a cobertura do
edifício, seja em terraço ou telha.
Deve-se considerar para estes dispositivos uma inclinação a oscilar entre 2 e
15 mm/m, para que seja possível o escoamento da água para o tubo de queda. Para o
projecto tenta-se adoptar sempre a inclinação mínima possível e para uma mesma
zona considera-se a existência de duas caleiras, sempre que a inclinação seja
contrária e implique o escoamento para tubos de queda diferentes. No capítulo de
dimensionamento aborda-se em maior detalhe a inclinação adoptada.
33
Ralos de pinha
São instalados estes acessórios nos locais para recolha de águas pluviais ao
abrigo do artigo 259º. Este dispositivo encaminha a água para a canalização que as
transporta para o colector público.
Ramais de descarga
Os ramais de descarga utilizados servem para guiar a água escoada ao longo
da caleira para o tubo de queda. Considera-se que não têm um comprimento
significativo em todos os lances abordados e existem no máximo dois ramais de
descarga a ligar ao tubo de queda respectivo, sendo que esse número depende da
localização do tubo de queda.
Tubos de Queda
Para esta componente da drenagem de águas resultantes da precipitação,
considera-se a instalação de 18 tubos de queda.
Os tubos de queda em geral prolongam-se desde a sua instalação até ao tecto
da cave de estacionamento -1.
O tubo de queda P10 tem um comprimento reduzido e serve só para escoar a
água proveniente da caleira do terraço para o tubo de queda D2 instalado na cobertura
em telha que se prolonga até à cave do piso -1. A necessidade de instalação desse
tubo de queda é inequívoca. Contudo, por razões funcionais e arquitectónicas, não se
torna viável o seu prolongamento, sendo que a ligação ao tubo de queda P2 revela-se
uma melhor opção.
Os tubos de queda P11 e P12 também são de comprimento reduzido e escoam
o caudal de água proveniente da caleira 7 e 8 respectivamente, sendo que a água é
depois escoada através das telhas existentes na cobertura, até à caleira 9 e 10
respectivamente, existente para escoar as águas deste nível de cobertura. Isto torna-
se possível devido à inclinação da cobertura, tendo-se em conta o aumento de caudal
escoado para o tubo de queda que vai até ao colector predial.
O tubo de queda P5 tem início no terraço por cima da sala de condomínio e
considera-se um ramal de ligação que liga a caleira existente na cobertura em telha a
esse tubo de queda, que se encontra ao nível do piso 7. Este tubo tem então dois
ramais de descarga que se encontram a alturas diferentes.
Os tubos de queda estão embutidos em paredes. No prolongamento do tubo de
queda P8, note-se que este fica à vista num fogo de todos os pisos de habitação,
sugerindo-se assim o aumento de espessura da parede nesta zona para cobrir o tubo.
A sua colocação não deve afectar a estrutura do edifício.
34
O tubo de queda P1 está embutido numa parede ao longo dos pisos
superiores, mas devido à arquitectura do piso 1, este fica à vista na varanda existente.
Para este caso também se considera o aumento de espessura da parede e, tendo em
conta que se trata de uma varanda e este tubo se encontra num canto, não haverá
qualquer problema de fórum estético quanto ao recobrimento do tubo.
Tal como para os tubos de queda da rede de drenagem de águas domésticas,
os tubos de queda de águas pluviais devem ser rectos. Destaca-se o facto de que ao
nível do piso térreo, os tubos de queda P2 e P6 vão sofrer desvios, para não ficarem
no meio das lojas, sendo que são desviados para o interior das paredes. Em nenhum
caso o desvio é superior a 10 diâmetros do tubo de queda respectivo. Como tal não se
prevê o dimensionamento desses desvios como colectores pluviais.
Deverá ser prevista a protecção do topo do tubo de queda.
Tubos Ladrão
No caso das varandas, estas têm uma pendente de 1%, sendo que o
escoamento de água se faz para a zona mais afastada em relação ao fogo, em que o
caudal é descarregado através de tubos ladrão para o exterior do edifício. Não se
considera a aplicação de tubos de queda neste caso.
Águas residuais provenientes das caves de estacionamento
Poço de bombagem
Para este sistema destaca-se a necessidade de introduzir um poço de
bombagem, visto as caves de estacionamento se encontrarem a cotas inferiores em
relação ao colector público. O poço de bombagem localiza-se por baixo da laje da
cave de estacionamento -2, como pode ser visualizado em Peça Desenhada 13 num
lugar de estacionamento junto aos arrumos. Este local escolhido permite que seja feita
uma fácil manutenção e inspecção conforme é especificado no artigo 262º. Assim
sendo, torna-se necessária a instalação de uma bomba para elevar a água recolhida,
para a caixa de ramal de ligação, cujas características são abordadas no capítulo
“Dimensionamento da rede”.
Como este poço não se destina a águas residuais e a maior parte da água não
tem uma elevada quantidade de poluentes, não são necessários cuidados para
minimizar efeitos de cheiro.
A bomba a instalar está submersa e encontra-se no interior do poço de
bombagem, considerando-se assim necessária a instalação de uma escada inserida
nas paredes do poço, para que se possa realizar inspecções periódicas da bomba
instalada.
35
Assim as águas do piso -1 são escoadas primeiro para o piso -2 e só depois de
todo o caudal existente nas garagens passar no poço é que se pode escoar até ao
colector público.
Caleiras e ralos de pinha
Considera-se para a drenagem das águas de infiltração pelas paredes de
contenção dos dois pisos a existência de quatro caleiras de infiltração. Para o caso do
piso -1, a água escoa através de dois tubos de queda (P20 e P21) para o piso inferior
até chegar ao colector pluvial que se liga ao poço de bombagem.
Para a drenagem de águas de lavagem dos pisos de estacionamento,
considera-se a instalação de uma caleira com grelha na zona de circulação de
automóveis e considera-se a existência de dois ralos por cada cave como se visualiza
em Peças Desenhadas 2 e 3. O escoamento para estes ralos é assegurado pela
criação de uma pendente de 1% daí que a sua localização surja segundo as direcções
impostas e que se pode ver em Peças Desenhadas 2 e 3.
Os ralos existentes no piso -1 são ligados a um colector colocado no tecto do
piso -2, com a mesma pendente definida de 1% e que são encaminhados para um
tubo de queda que permite escoar a água de lavagem desse piso até ao poço de
bombagem. Já a água escoada para os dois ralos de pinha existentes no piso -2 é
encaminhada directamente para o poço de bombagem através de um colector.
36
IV.3 Materiais aplicados na rede
Tal como na rede de drenagem de águas residuais domésticas, a rede de drenagem
de águas pluviais é constituída por tubagem em PVC, estando os diâmetros presentes
na Tabela 1.
37
IV.4 Dimensionamento da rede
1. Dados base
Os diâmetros utilizados para os vários componentes da rede são retirados do
Manual dos Sistemas Prediais de Distribuição e Drenagem de Águas, conforme está
apresentada na Tabela 1 do capítulo Materiais aplicados na tubagem.
O diâmetro interior – o utilizado nos cálculos – é obtido através do diâmetro
exterior e da espessura da tubagem (Di = De – 2 x e).
Para o dimensionamento e definição das tubagens, recorre-se às indicações do
Decreto Regulamentar nº 23/95.
2. Procedimento geral
Em primeiro lugar, determina-se o caudal de cálculo, obtido de forma diferente
para a drenagem das águas pluviais de precipitação, de lavagem e de infiltração. O
dimensionamento é feito a partir desse mesmo caudal, segundo várias considerações,
a referir, com base em Peça Desenhada 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9 e 10. Este é apresentado de
forma resumida, sendo que está detalhado no anexo II.
3. Dimensionamento
3.1. Drenagem de coberturas e terraços
O caudal de cálculo utilizado para a rede de drenagem de coberturas e terraços é
obtido através da consideração da quantidade de precipitação no local. O caudal a
considerar é dado por:
Q = c ∙ I ∙ A
Q – caudal de cálculo (l/h)
c – coeficiente de escoamento (= 1,0 dado se considerar as superfícies totalmente
impermeáveis, sendo o caudal todo drenado e nenhum infiltrado, estando-se também do lado
da segurança)
I – Intensidade de precipitação (mm/h)
A – Área de influência (m2)
A intensidade, I, é dada pela curva de intensidade apresentada no anexo IX do
DR, para a região pluviométrica A (Lisboa), que se traduz na seguinte expressão:
38
I = a ∙ tb
I – Intensidade de precipitação (mm/h)
a, b – constantes que dependem do período de retorno
t – duração da precipitação (minutos)
As constantes a e b são retirados do mesmo anexo. Para um período de retorno T
de 5 anos, tem-se os seguintes valores de a e b:
a = 259,26
b = -0,562
Para uma duração de precipitação de 5 minutos, tem-se que a intensidade de
precipitação é:
I = a ∙ tb = 259,26 ∙ 5−0,562 = 104,93 (mm/h)
A precipitação é recolhida em superfícies verticais, horizontais e inclinadas. No
entanto, opta-se por desprezar a água que passa pela parede, sendo então a área de
cálculo dada pela soma da área horizontal com a área inclinada.
3.1.1. Caleiras
Área – A (m2)
Em função das pendentes da cobertura e terraços, definem-se as áreas de
influência para cada caleira, a utilizar para a obtenção do caudal de cálculo. É de
referir que, particularmente para as caleiras 9 e 10 (vide Peça Desenhada 10), dado as
caleiras 7 e 8 descarregarem para estas, respectivamente, tem-se que à área de
influência medida em planta das caleiras 9 e 10, se soma a área de influência das
caleiras 7 e 8. Isto porque as caleiras 9 e 10 também têm de suportar o caudal que
aflui às caleiras 7 e 8.
Caudal de cálculo – Q (m3/s)
Como já referido, o caudal é obtido através da expressão:
Q = c ∙ I ∙ A
A área, A, a utilizar corresponde à área obtida na alínea anterior. Resultando este
caudal nas unidades l/h, a sua conversão para m3/s é feita através da multiplicação do
caudal por 10−3
3600.
39
Inclinação – i (%)
Tem-se que a inclinação das caleiras deve ser no mínimo 0,5%. No entanto
assume-se uma inclinação de 1% de modo a haver uma drenagem eficaz.
Diâmetro interior – Di (mm)
O diâmetro interior é obtido através de Manning-Strickler. Tem-se que a altura
líquida máxima nas caleiras é de 0,7 x Altura da caleira (H), como se pode ver na
Figura 1, e, sendo H = Diâmetro/2 (dado se tratar de caleiras de secção semi-circular),
a altura líquida máxima é de 0,35 vezes o Diâmetro.
Dado as equações disponibilizadas no Manual dos Sistemas Prediais de
Distribuição e Drenagem de Águas apenas serem aplicadas a escoamentos em
secção cheia e em meia secção, deduz-se a equação para uma secção 0,35D.
Figura 1: Altura líquida na caleira
Através do Manual dos Sistemas Prediais de Distribuição e Drenagem de Águas,
tem-se que para uma relação de h/D = 0,35:
R = 0,19349 D
A = 0,24498 D2
Utilizando estes valores na fórmula de Manning-Strickler (Q = K × A × R2/3 × i1/2),
obtém-se a seguinte expressão para o dimensionamento de secções 35/100 cheias:
𝐷 =𝑄3/8
0,39137 ∙ 𝐾3/8 ∙ 𝑖3/16
D – Diâmetro interior da tubagem (m)
Q – Caudal de dimensionamento (m3/s)
K – coeficiente de rugosidade (m1/3
/s)
i – inclinação (m/m)
Diâmetro interior comercial – Di com. (mm)
40
Opta-se pelo diâmetro interior imediatamente superior ao diâmetro obtido na alínea
anterior, correspondente a um diâmetro nominal comercial.
Diâmetro nominal – DN (mm)
Os diâmetros nominais derivam da Tabela 1, para tubagens em PVC, tendo-se tido
em conta que o diâmetro nominal mínimo para caleiras com ralos de pinha é de 50
mm, de acordo com o DR.
Área da secção – A (cm2)
A área da secção da caleira é obtida através do diâmetro pela expressão:
𝐴 =𝜋 × 𝐷2
8× 10−2
A – Área da secção (cm2)
D – Diâmetro interior comercial (mm)
Tem-se então o dimensionamento das caleiras no Quadro 10 (de acordo com a
nomenclatura da Peça Desenhada 10):
Quadro 10: Dimensionamento das caleiras
Q (m3/s) DN (mm)
A (cm2)
Caleira 1 0,00196 110 43,46
Caleira 2 0,00171 110 43,46
Caleira 3 0,00193 110 43,46
Caleira 4 0,00191 110 43,46
Caleira 5 0,00081 75 19,91
Caleira 6 0,00129 90 29,18
Caleira 7 0,00104 90 29,18
Caleira 8 0,00104 90 29,18
Caleira 9 0,00171 110 43,46
Caleira 10 0,00162 110 43,46
Caleira 11 0,00108 90 29,18
Caleira 12 0,00109 90 29,18
Caleira 13 0,00059 75 19,91
Caleira 14 0,00057 75 19,91
Caleira 15 0,00087 90 29,18
Caleira 16 0,00089 90 29,18
Caleira 17 0,00082 75 19,91
Caleira 18 0,00039 63 13,76
Caleira 19 0,00039 63 13,76
Caleira 20 0,00048 63 13,76
Caleira 21 0,00050 63 13,76
Caleira 22 0,00025 50 8,38
Caleira 23 0,00048 63 13,76
41
3.1.2. Ramais de descarga
Os ramais de descarga estão apresentados pelos elementos que ligam. A título de
exemplo, o ramal de descarga “Ra 1 – P1” liga o ralo 1 ao tubo de queda 1 (vide Peça
Desenhada 10).
Caudal de cálculo – Q (m3/s)
O caudal para o qual o ramal de descarga é dimensionado corresponde ao
somatório do caudal das caleiras que para ele descarregam.
Inclinação – i (%)
De acordo com o artigo 214º, a inclinação mínima dos ramais de descarga de
águas pluviais é de 0,5%. No entanto, tal como para as caleiras, opta-se por uma
inclinação superior de 1,0%.
Diâmetro interior – Di (mm)
O diâmetro interior é obtido através da equação de Manning-Strickler com
unidades S.I. (Sistema Internacional), para escoamentos em secção cheia (segundo o
artigo 214º, os ramais de descarga individuais podem ser dimensionados a secção
cheia):
𝐷 =𝑄3/8
0,6459 ∙ 𝐾3/8 ∙ 𝑖3/16× 103
D – Diâmetro interior da tubagem (mm)
Q – Caudal de dimensionamento (m3/s)
K – coeficiente de rugosidade (m1/3/s)
i – inclinação (m/m)
Diâmetro nominal – DN (mm)
Opta-se pelo diâmetro nominal cujo diâmetro interior é o imediatamente superior
ao obtido na alínea anterior, tendo-se em conta um diâmetro mínimo de 50 mm (dado
serem aplicados ralos de pinha, segundo o artigo 215º).
42
O dimensionamento dos ramais de descarga apresenta-se no Quadro 11:
Quadro 11: Dimensionamento dos ramais de descarga
Q (m3/s) DN (mm)
Ra 1 - P1 0,00196 63
Ra 2 - P2 0,00171 63
Ra 3 - P3 0,00193 63
Ra 4.1 - P4 0,00191 63
Ra 4.2 - P4 0,00171 63
Ra 5 - P5 0,00081 50
Ra 6 - P6 0,00129 63
Ra 10 - P10 0,00059 50
P10 - P2 0,00059 50
Ra 9.1 - P9 0,00057 50
Ra 9.2 - P9 0,00087 50
Ra 13 - P13 0,00089 50
Ra 14 - P14 0,00082 50
Ra 15 - P15 0,00039 50
Ra 16.1 - P16 0,00039 50
Ra 16.2 - P16 0,00048 50
Ra 17.1 - P17 0,00050 50
Ra 17.2 - P17 0,00025 50
É de referir que há ralos implantados directamente sobre tubos de queda, sendo
que para esses não existem ramais de descarga.
3.1.3. Tubos de queda
Carga no tubo de queda – H (m)
A carga no tubo de queda é dada pela altura máxima de água nas caleiras que
servem o tubo de queda, traduzindo-se em 0,35 do seu diâmetro interior comercial.
Caudal no tubo de queda – Qtq (m3/s)
De acordo com o artigo 230º do DR, “os caudais de cálculo dos tubos de queda de
águas pluviais devem ser o somatório dos caudais de cálculo dos algerozes, caleiras e
ramais de descarga que para eles descarregam”, tendo-se assim utilizado os caudais
já calculados em alíneas anteriores.
43
Caudal de cálculo – Qc (m3/s)
Para o dimensionamento dos tubos de queda recorre-se ao anexo XIX do DR, no
qual se encontra a seguinte expressão para a determinação do caudal de cálculo (Qc):
Qc = (α + βH D⁄ ) ∙ π ∙ D ∙ H ∙ √2gH
Qc – Caudal de cálculo (m
3/s)
α = 0,453 (considera-se que a entrada no tubo de queda é cónica – sem aresta viva,
para menores turbulências do escoamento)
β = 0,350
H – carga no tubo de queda (m) = 0,7R (maior altura de água nas caleiras que servem
o tubo de queda)
D – Diâmetro do tubo de queda (m)
g = 9,8 m/s2 (aceleração da gravidade)
É de referir que esta expressão apenas é aplicável a tubos de queda com entrada
em aresta cónica com mais de 1,0 m de desenvolvimento. Como já referido, os tubos
de queda P10, P11 e P12 não percorrem todo os pisos, como os restantes tubos de
queda. No entanto, pode-se observar que o P10 vai desde o piso do condomínio até
ao piso 6, e que os tubos de queda P11 e P12 vão desde a cobertura até ao piso do
condomínio pelo que, sendo o pé direito dos pisos superior a 1,0 m, a expressão
acima exposta é aplicável a estes tubos de queda. Se os tubos de queda tivessem um
comprimento inferior a 1,0 m, utilizar-se-ia a fórmula de Torricelli.
Conhecido o caudal de cálculo (igual ao caudal do tubo de queda), através do
caudal das caleiras/ramais de descarga, coloca-se a expressão anterior em função do
diâmetro do tubo de queda, iterando através da ferramenta Goal Seek do MS Excel,
obtendo-se o diâmetro interior do tubo de queda – Di (m).
Diâmetro nominal – DN (mm)
Opta-se pelo diâmetro nominal cujo diâmetro interior é o imediatamente superior
ao obtido, tendo-se em conta um diâmetro mínimo de 50 mm, dado se tratar de tubos
de queda (artigo 232º do DR).
Diâmetro nominal máximo dos ramais de descarga – DN max Rd (mm)
De acordo com o artigo 232º do DR, “O diâmetro nominal dos tubos de queda de
águas residuais, domésticas ou pluviais, não pode ser inferior ao maior dos diâmetros
dos ramais a eles ligados, (…)”. Assim, obtém-se o diâmetro máximo dos ramais de
44
descarga ligados ao tubo de queda em questão, sendo que o diâmetro do tubo de
queda não pode ser inferior a este.
Diâmetro nominal final – DN final (mm)
O diâmetro final resulta do máximo entre diâmetro nominal obtido através do
dimensionamento e o diâmetro nominal máximo dos ramais de descarga.
O dimensionamento dos tubos de queda traduz-se resumidamente no Quadro 12:
Quadro 12: Dimensionamento dos tubos de queda
H (m)
Qtq (m3/s)
DN final (mm)
P1 0,0368 0,00196 63
P2 0,0368 0,00231 63
P3 0,0368 0,00193 63
P4 0,0368 0,00362 63
P5 0,0249 0,00081 50
P6 0,0302 0,00129 63
P7 0,0368 0,00270 50
P8 0,0302 0,00109 50
P9 0,0302 0,00144 50
P10 0,0249 0,00059 50
P11 0,0302 0,00104 50
P12 0,0302 0,00104 50
P13 0,0302 0,00089 50
P14 0,0249 0,00082 50
P15 0,0207 0,00039 50
P16 0,0207 0,00087 50
P17 0,0207 0,00074 50
P18 0,0207 0,00048 50
3.1.4. Ralos
De acordo com o artigo 258º do DR, o dimensionamento dos ralos é função da
área da secção dos respectivos ramais de descarga ou dos tubos de queda sobre os
quais os ralos estejam instalados.
Diâmetro nominal – DN (mm)
Segundo o artigo 258º, “A área útil mínima dos ralos de águas residuais
domésticas não deve ser inferior a dois terços da área da secção dos respectivos
ramais de descarga”. Neste sentido, aos ralos associados a ramais de descarga, é
atribuído o mesmo diâmetro nominal que os ramais de descarga respectivos. Isto
45
porque, atribuindo o mesmo diâmetro, garante-se a condição “diâmetro dos ralos” >
2/3 “diâmetro da secção dos ramais de descarga” e, consequentemente, a condição
“área útil dos ralos” > 2/3 “área da secção dos ramais de descarga”. Aos ralos
implantados no topo de tubos de queda, utiliza-se o diâmetro nominal dos tubos de
queda associados para o cálculo do diâmetro dos ralos.
Área da secção – A (cm2)
A área útil do ralo é obtida através do diâmetro interior correspondente ao diâmetro
nominal referido na alínea anterior, pela expressão:
𝐴 =𝜋 × 𝐷2
8× 10−2
A – Área da secção (cm
2)
D – Diâmetro interior comercial (mm)
1,5 x Área do tubo de queda – 1,5 A Tq (cm2)
Para os ralos implantados no topo de tubos de queda, obtém-se a sua área mínima
regulamentar, através da área da secção dos tubos de queda, multiplicando esta
última por 1,5.
Diâmetro interior correspondente a 1,5 A Tq – Di(1,5 A Tq) (mm)
Obtida a área mínima útil dos ralos, obtém-se o diâmetro correspondente a essa
mesma área, através de:
𝐷 = √𝐴 × 8 × 102
𝜋
A – Área da secção (cm2)
D – Diâmetro interior comercial (mm)
Diâmetro nominal final – DN final (mm)
Por último, obtém-se o diâmetro nominal final que, para os ralos associados a
ramais de descarga, corresponde ao diâmetro desses mesmos ramais, e para os ralos
associados a tubos de queda, corresponde ao diâmetro nominal cujo diâmetro interior
é o imediatamente superior ao obtido na alínea anterior.
O dimensionamento dos ralos traduz-se resumidamente no Quadro 13:
46
Quadro 13: Dimensionamento dos ralos
DN final (mm)
Ra 1 63
Ra 2 63
Ra 3 63
Ra 4.1 63
Ra 4.2 63
Ra 5 50
Ra 6 63
Ra 7 63
Ra 8 63
Ra 9.1 50
Ra 9.2 50
Ra 10 50
Ra 11 63
Ra 12 63
Ra 13 50
Ra 14 50
Ra 15 50
Ra 16.1 50
Ra 16.2 50
Ra 17.1 50
Ra 17.2 50
Ra 18 63
3.1.5. Colectores prediais
Os colectores prediais são dimensionados de acordo com os artigos 245º a 248º
do DR.
Caudal de cálculo – Q (m3/s)
O caudal dos colectores é obtido através do somatório dos caudais dos tubos de
queda que neles descarregam, sendo que se considera um novo colector cada vez
que o caudal no troço varia.
Inclinação – i (%)
De acordo com o artigo 246º, a inclinação de um colector deve variar entre 1,0% e
4,0%. Dado se tratar de uma tubagem que transporta um grande caudal, convém que
não atinja grandes velocidades pelo que se assume que a inclinação ideal para um
colector é a mínima, de 1,0%. Procura-se cumprir esta inclinação para grande parte
dos colectores; no entanto, por imposições do projecto (cotas de tubos de queda e
47
comprimento dos colectores), tal não é sempre possível. Não obstante, não se
ultrapassa em qualquer caso a inclinação máxima de 4,0% imposta pelo DR.
Diâmetro interior – Di (mm)
O dimensionamento dos colectores prediais é feito através da equação de
Manning-Strickler para escoamentos em secção cheia (segundo o artigo 246º, os
colectores prediais de águas pluviais podem ser dimensionados a secção cheia):
𝐷 =𝑄3/8
0,6459 ∙ 𝐾3/8 ∙ 𝑖3/16× 103
D – Diâmetro interior da tubagem (mm)
Q – Caudal de dimensionamento (m3/s)
K – coeficiente de rugosidade (m1/3/s)
i – inclinação (m/m)
Diâmetro nominal – DN (mm)
Opta-se pelo diâmetro nominal cujo diâmetro interior é o imediatamente superior
ao obtido na alínea anterior.
Quadro 14: Dimensionamento dos colectores
Q (m3/s)
i DN final (mm)
Cp 1 0,00082 1,00% 110
Cp 2 0,00089 4,00% 110
Cp 3 0,00171 1,00% 110
Cp 4 0,00074 4,00% 110
Cp 5 0,00246 1,00% 110
Cp 6 0,00087 4,00% 110
Cp 7 0,00333 1,00% 110
Cp 8 0,00039 4,00% 110
Cp 9 0,00372 1,00% 110
Cp 10 0,00196 4,00% 110
Cp 11 0,00568 1,00% 110
Cp 12 0,00193 1,00% 110
Cp 13 0,00048 1,00% 110
Cp 14 0,00129 4,00% 110
Cp 15 0,00177 1,00% 110
Cp 16 0,00109 4,00% 110
Cp 17 0,00286 1,00% 110
Cp 18 0,00270 4,00% 110
Cp 19 0,00556 1,00% 110
48
Cp 20 0,00081 1,00% 110
Cp 21 0,00225 2,38% 110
Cp 22 0,00733 1,00% 110
Cp 23 0,00362 4,00% 110
Cp 24 0,01095 1,00% 125
Cp 25 0,00231 2,97% 110
Cp 26 0,01326 1,00% 140
Cp 27* 0,00231 1,00% 110 * Trata-se de um desvio de um tubo de queda que, devido ao facto de ser dez vezes superior ao
diâmetro do respectivo tubo de queda (> 10Dq), é tratado como um colector.
3.1.6. Tubos ladrão
Opta-se por tratar os tubos ladrão como orifícios de descarga, dado se tratarem,
essencialmente, de orifícios situados na parede lateral de um reservatório (sendo o
equivalente a um reservatório as varandas onde se localizam os tubos ladrão).
Área de influência – A inf. (m2)
A área de influência corresponde à área da varanda cujo caudal o tubo ladrão
escoa, sendo medida em planta.
Caudal de cálculo – Q (m3/s)
O caudal é obtido através da já referida expressão:
Q = c ∙ I ∙ A
A área, A, a utilizar corresponde à área de influência obtida na alínea anterior. A
conversão do resultado para m3/s é feita através da multiplicação do caudal por 10−3
3600.
Área da secção – A (cm2)
Como já referido, os tubos ladrão são tratados como orifícios de descarga. Assim,
de acordo com o Manual dos Sistemas Prediais de Distribuição e Drenagem de Águas,
a área da secção em função do caudal de cálculo é obtido pela seguinte expressão:
𝐴 =𝑄
𝐶 × √2 × 𝑔 × ℎ× 104
A – Área da secção do tubo ladrão (cm2)
Q – Caudal escoado (m3/s)
49
C – Coeficiente de vazão = 0,6 (admitindo o tubo ladrão como um orifício de
parede delgada)
g – aceleração da gravidade = 9,8 m/s2
h – altura da lâmina líquida (m)
Segundo a mesma fonte, os orifícios de descarga devem também ter uma secção
mínima de 50 cm2. Considera-se assim o máximo valor para a área da secção do tubo
ladrão entre o resultado da expressão acima e 50 cm2 (Quadro 15):
Quadro 15: Dimensionamento dos tubos ladrão
A (cm2)
TL 1 50
TL 2 50
TL 3 50
TL 4 50
TL 5 50
TL 6 50
TL 7 50
TL 8 50
TL 9 50
TL 10 50
TL 11 50
3.2. Drenagem da cave
a) Lavagem
Como já referido, cada piso da cave tem uma torneira que fornece água de
lavagem. Segundo o Manual dos Sistemas Prediais de Distribuição e Drenagem de
Águas, para uma boca de lavagem de 20 mm de diâmetro, o caudal instantâneo
mínimo a considerar é de 0,45 l/s. Para este caudal, poder-se-ia considerar o caudal
associado à passagem de veículos, mas opta-se por desprezar esta parcela no
cálculo.
3.2.1. Caleiras com grelha
Caudal de cálculo – Q (m3/s)
Considera-se que todas as caleiras com grelha podem receber o total do caudal de
lavagem, dado à torneira estar associada a uma mangueira, que pode, à partida, estar
em qualquer local da cave. Assim, para cada caleira com grelha o caudal de cálculo
corresponde ao caudal de lavagem de uma torneira.
50
Inclinação – i (%)
Opta-se pela inclinação de 1,0% de modo a haver uma drenagem eficaz,
cumprindo o mínimo regulamentar de 0,5%.
Diâmetro interior – Di (mm)
O diâmetro interior é obtido através da equação de Manning-Strickler já deduzida
para uma secção 0,35D:
𝐷 =𝑄3/8
0,39137 ∙ 𝐾3/8 ∙ 𝑖3/16× 103
D – Diâmetro interior da tubagem (mm)
Q – Caudal de dimensionamento (m3/s)
K – coeficiente de rugosidade (m1/3
/s)
i – inclinação (m/m)
Diâmetro nominal – DN (mm)
O diâmetro nominal da secção das caleiras é o que corresponde ao diâmetro
interior imediatamente superior ao diâmetro obtido na alínea anterior, tendo em conta
que para caleiras sem ralo de pinha, o diâmetro mínimo é de 40 mm.
Área da secção – A (cm2)
A área da secção da caleira é obtida através do diâmetro interior correspondente
ao diâmetro nominal da secção da caleira, pela expressão:
𝐴 =𝜋 × 𝐷2
8× 10−2
A – Área da secção (cm2)
D – Diâmetro interior comercial (mm)
O dimensionamento das caleiras com grelhas encontra-se no Quadro 16:
Quadro 16: Dimensionamento das caleiras com grelha
Q (m3/s)
DN (mm)
A (cm2)
Caleira com grelha 1 0,00045 63 13,76
Caleira com grelha 2 0,00045 63 13,76
Caleira com grelha 3 0,00045 63 13,76
Caleira com grelha 4 0,00045 63 13,76
51
3.2.2. Ralos
Caudal de lavagem – Q lavagem (m3/s)
Tal como para as caleiras com grelha, considera-se que todos os ralos podem
receber o total do caudal de lavagem.
Caudal do tubo de queda – Q T.Q. (m3/s)
Os ralos Ra 25.1 e Ra 25.2 recebem não só o caudal de lavagem, como também o
caudal dos tubos de queda P23 (Ra 25.1), P19 e P24 (Ra 25.2).
Caudal – Q (m3/s)
O caudal resulta da soma dos dois caudais obtidos nas alíneas anteriores.
1,5 x área do tubo de queda/colector – 1,5 A TQ/CL (cm2)
Paralelamente aos ralos tratados na drenagem de águas pluviais, considera-se que
a sua área útil deve ser superior a 1,5 vezes a área do tubo de queda ou do colector
de águas de lavagem a que estão associados.
Diâmetro interior correspondente a 1,5 x área do tubo de queda/colector – Di
(1,5A) (mm)
Através da área calculada na alínea anterior, obtém-se o diâmetro correspondente,
através de:
𝐷 = √𝐴 × 8 × 102
𝜋
A – Área da secção (cm2)
D – Diâmetro interior comercial (mm)
Diâmetro nominal – DN (mm)
Opta-se pelo diâmetro nominal cujo diâmetro interior é o imediatamente superior ao
obtido na alínea anterior.
O dimensionamento dos ralos encontra-se no Quadro 17:
52
Quadro 17: Dimensionamento dos ralos
Q (m3/s)
DN (mm)
Ra 19 0,00045 63
Ra 22.1 0,00045 140
Ra 22.2 0,00045 140
Ra 22.3 0,00045 140
Ra 23 0,00045 63
Ra 24 0,00045 63
Ra 25.1 0,00090 140
Ra 25.2 0,00135 140
Ra 25.3 0,00045 140
3.2.3. Tubos de queda
Carga no tubo de queda – H (m)
Para os tubos de queda P19, P23 e P24, a carga no tubo de queda é dada pela
altura máxima de água nas caleiras com grelha que servem o tubo de queda,
traduzindo-se em 0,35 do seu diâmetro interior comercial. Para o tubo de queda P22,
estando este associado a colectores, tem-se que a carga, H, é dada pela máxima
altura de água dos colectores a que está associado – CL1, CL2 e CL11, o que se
traduz no seu diâmetro interior comercial (dado os colectores serem dimensionados a
secção cheia).
Caudal no tubo de queda – Q (m3/s)
Os caudais dos tubos de queda resultam do somatório do caudal dos ralos ou
colectores que neles descarregam.
Caudal de cálculo – Qc (m3/s)
Para o dimensionamento dos tubos de queda recorre-se ao anexo XIX do DR, no
qual se encontra a seguinte expressão para a determinação do caudal de cálculo (Qc):
Qc = (α + βH D⁄ ) ∙ π ∙ D ∙ H ∙ √2gH
Qc – Caudal de cálculo (m3/s)
α = 0,453 (considera-se que a entrada no tubo de queda é cónica – sem aresta viva,
para menores turbulências do escoamento)
β = 0,350
H – carga no tubo de queda (m)
53
D – Diâmetro do tubo de queda (m)
g = 9,8 m/s2 (aceleração da gravidade)
Como já referido, esta expressão apenas é aplicável a tubos de queda com
entrada em aresta cónica com mais de 1,0 m de desenvolvimento. Todos os tubos de
queda dimensionados na presente alínea percorrem pelo menos um piso (pé-direito
superior a 1,0 m), pelo que é válida a expressão.
Conhecido o caudal de cálculo (igual ao caudal do tubo de queda), através do
caudal das caleiras/ramais de descarga, coloca-se a expressão anterior em função do
diâmetro do tubo de queda, iterando através da ferramenta Goal Seek do MS Excel,
obtendo-se o diâmetro interior do tubo de queda – Di (m).
Diâmetro nominal – DN (mm)
Opta-se pelo diâmetro nominal cujo diâmetro interior é o imediatamente superior
ao obtido na alínea anterior, tendo-se em conta um diâmetro mínimo de 50 mm (artigo
232º do DR).
Diâmetro nominal máximo dos colectores – DN max Colect. (mm)
De acordo com o artigo 232º do DR, “O diâmetro nominal dos tubos de queda de
águas residuais, domésticas ou pluviais, não pode ser inferior ao maior dos diâmetros
dos ramais a eles ligados, (…)”. Assim, obtém-se o diâmetro máximo dos colectores
associados aos tubos de queda (neste caso, apenas o tubo de queda P22 está
associado a colectores), sendo que o diâmetro do tubo de queda não pode ser inferior
a este.
Diâmetro nominal final – DN final (mm)
O diâmetro final resulta do máximo entre diâmetro nominal obtido através do
dimensionamento e o diâmetro nominal máximo dos colectores associados aos tubos
de queda (quando aplicável).
O resultado do dimensionamento dos tubos de queda encontra-se no Quadro 18:
Quadro 18: Dimensionamento dos tubos de queda
H (m)
Q (m3/s)
DN final (mm)
P19 0,02072 0,00045 50
P22 0,10520 0,00135 110
P23 0,02072 0,00045 50
P24 0,02072 0,00045 50
54
3.2.4. Colectores
Caudal de cálculo – Q (m3/s)
O caudal dos colectores é obtido através do somatório dos caudais dos ralos,
tubos de queda ou colectores que neles descarregam.
Inclinação – i (%)
De acordo com o artigo 246º, a inclinação de um colector deve variar entre 1,0% e
4,0%. Dado ser uma tubagem que transporta um grande caudal, convém que não
atinja grandes velocidades pelo que se tem que a inclinação ideal para um colector é a
mínima, de 1,0%.
Diâmetro interior – Di (mm)
O dimensionamento dos colectores prediais é feito através da equação de
Manning-Strickler para escoamentos em secção cheia (segundo o artigo 246º, os
colectores prediais de águas pluviais podem ser dimensionados a secção cheia):
𝐷 =𝑄3/8
0,6459 ∙ 𝐾3/8 ∙ 𝑖3/16× 103
D – Diâmetro interior da tubagem (mm)
Q – Caudal de dimensionamento (m3/s)
K – coeficiente de rugosidade (m1/3
/s)
i – inclinação (m/m)
Diâmetro nominal – DN (mm)
Opta-se pelo diâmetro nominal cujo diâmetro interior é o imediatamente superior
ao obtido na alínea anterior, tendo em conta o diâmetro mínimo de 100 mm (110 mm
para tubagens em PVC), estabelecido pelo DR.
O dimensionamento dos colectores encontra-se no Quadro 19:
Quadro 19: Dimensionamento dos colectores de águas de lavagem
Q (m3/s)
DN (mm)
CL 1 0,00045 110
CL 2 0,00045 110
CL 3 0,00135 110
55
CL 4 0,00045 110
CL 5 0,00090 110
CL 6 0,00045 110
CL 7 0,00135 110
CL 8 0,00045 110
CL 9 0,00180 110
CL 10 0,00045 110
CL 11 0,00045 110
b) Infiltração
Os caudais de infiltração são obtidos em concordância com o artigo 126º do DR.
Assumindo-se que a totalidade da área das paredes dos pisos da cave estão em
contacto com o solo, e para um caudal de 1l/s por cada 1000 m2 de área de infiltração,
obtém-se o caudal total de infiltração (Área das paredes/1000).
3.2.5. Ralos
De acordo com o artigo 258º do DR, o dimensionamento dos ralos é função da
área dos tubos de queda a eles associados.
Diâmetro nominal do tubo de queda – DN T.Q. (mm)
Obtém-se em primeiro lugar o diâmetro nominal do tubo de queda a que os ralos
estão associados, sendo que os ralos Ra 20.1 e Ra 20.2 estão associados ao tubo de
queda P20, e os ralos Ra 21.1 e Ra 21.2 estão associados ao tubo de queda P21.
Área da secção – A (cm2)
A área útil do ralo é obtida através do diâmetro interior correspondente ao diâmetro
nominal referido na alínea anterior, pela expressão:
𝐴 =𝜋 × 𝐷2
8× 10−2
A – Área da secção (cm2)
D – Diâmetro interior comercial (mm)
1,5 x Área do tubo de queda – 1,5 A Tq (cm2)
Obtida a área de secção, é calculada a área mínima útil dos ralos, de acordo com o
DR.
Diâmetro interior correspondente a 1,5 A Tq – Di(1,5 A Tq) (mm)
Através da área mínima útil dos ralos, obtém-se o diâmetro corresponde a essa
mesma área, através de:
56
𝐷 = √𝐴 × 8 × 102
𝜋
A – Área da secção (cm2)
D – Diâmetro interior comercial (mm)
Diâmetro nominal final – DN final (mm)
Por último, obtém-se o diâmetro nominal final que corresponde ao diâmetro
nominal cujo diâmetro interior é o imediatamente superior ao obtido na alínea anterior.
O dimensionamento dos ralos encontra-se resumidamente no Quadro 20.
Quadro 20: Dimensionamento dos ralos
DN final (mm)
Ra 20.1 (P20) 63
Ra 20.2 (P20) 63
Ra 21.1 (P21) 63
Ra 21.2 (P21) 63
3.2.6. Caleiras
Caudal linear – Q (l/s·m)
Para o dimensionamento das caleiras de infiltração, calcula-se o caudal de
infiltração linear, obtido por:
Caudal de infiltração do piso
Comprimento total das caleiras de infiltração (perímetro do piso)
Comprimento da caleira – L (m)
O comprimento de cada caleira é medido em planta, sendo utilizado para a
obtenção do caudal que esta tem de suportar.
Caudal de cálculo – Q (m3/s)
O caudal de cálculo obtém-se através da multiplicação do caudal de infiltração
linear pelo comprimento da caleira a dimensionar.
Inclinação – i (%)
Opta-se pela inclinação de 1,0% para a generalidade das caleiras, de forma a
haver uma drenagem eficiente, cumprindo os mínimos regulamentares. No entanto, a
57
inclinação de uma parte das caleiras 1 e 5 é imposta pela inclinação das rampas para
circulação de veículos sobre as quais essas caleiras estão implantadas.
Diâmetro interior – Di (mm)
O diâmetro interior é obtido através da equação de Manning-Strickler já deduzida
para uma secção 0,35D:
𝐷 =𝑄3/8
0,39137 ∙ 𝐾3/8 ∙ 𝑖3/16× 103
D – Diâmetro interior da tubagem (mm)
Q – Caudal de dimensionamento (m3/s)
K – coeficiente de rugosidade (m1/3/s)
i – inclinação (m/m)
Diâmetro nominal – DN (mm)
Opta-se pelo diâmetro nominal cujo diâmetro interior é o imediatamente superior ao
obtido na alínea anterior, tendo em conta o diâmetro mínimo de 40 mm para caleiras
sem ralo de pinha.
Área da secção – A (cm2)
A área da secção da caleira é obtida através do diâmetro interior correspondente
ao diâmetro nominal referido na alínea anterior, pela expressão:
𝐴 =𝜋 × 𝐷2
8× 10−2
A – Área da secção (cm2)
D – Diâmetro interior comercial (mm)
O dimensionamento das caleiras apresenta-se no Quadro 21:
Quadro 21: Dimensionamento das caleiras de infiltração
Q (m3/s)
DN (mm)
A (cm2)
Caleira inf. 1 0,00008 40 5,15
Caleira inf. 1' * 0,00003 40 5,15
Caleira inf. 2 0,00005 40 5,15
Caleira inf. 3 0,00011 40 5,15
Caleira inf. 4 0,00008 40 5,15
Caleira inf. 5 0,00007 40 5,15
Caleira inf. 5´ * 0,00002 40 5,15
Caleira inf. 6 0,00005 40 5,15
58
Caleira inf. 7 0,00011 40 5,15
Caleira inf. 8 0,00010 40 5,15 * Trata-se da mesma caleira com uma inclinação diferente devido à rampa de circulação de
veículos.
3.2.7. Tubos de queda
O dimensionamento dos tubos de queda de águas de infiltração é feito de forma
semelhante aos tubos de queda de águas de lavagem, sendo que a carga nos tubos
de queda, H, é dada pela altura máxima das caleiras de infiltração a estes associadas,
e que o seu diâmetro nominal final é o máximo entre o diâmetro mínimo para tubos de
queda (50 mm, segundo o regulamento), e o diâmetro máximo das caleiras que para
eles convergem. Este apresenta-se no Quadro 22.
Quadro 22: Dimensionamento dos tubos de queda
H (m)
Qtq (m3/s)
DN final (mm)
P20 0,0127 0,00018 50
P21 0,0127 0,00017 50
3.2.8. Colectores
O dimensionamento dos colectores de águas de infiltração é feito da mesma forma
que o dimensionamento dos colectores de águas de lavagem, recolhendo as águas
dos tubos de queda que para eles descarregam. O dimensionamento traduz-se no
Quadro 23.
Quadro 23: Dimensionamento dos colectores
Q (m3/s)
DN (mm)
CI 1 0,00018 110
CI 2 0,00017 110
c) Águas de lavagem e infiltração
Para a drenagem das águas da garagem é necessária a introdução de um
reservatório que acumule um dado volume, ao qual se associa um equipamento
mecânico capaz de elevar as águas até à caixa de ramal de ligação situada no tecto
do piso -1. À semelhança do que se passa com o reservatório hidropneumático no
abastecimento de água por bombagem, o poço de bombagem é introduzido para
minorar ao máximo o funcionamento da bomba. Dota-se também o poço de dois
59
reguladores de nível adequados (bóias flutuadoras). Enquanto uma mede o nível
mínimo de água no poço de bombagem, a partir do qual a bomba deve deixar de
funcionar, outra mede o nível máximo admissível, a partir do qual a bomba começa a
trabalhar, que ao ser atingido, o regulador de nível emite uma ordem de arranque.
Define-se então uma altura mínima de água de correspondente a 20 % do volume,
isto é, 0,2 m, para que a bomba esteja sempre submersa. A altura a partir da qual o
grupo electrobomba deverá começar a trabalhar corresponde a 70 % do volume total,
isto é 0,7 m, de modo a deixar 30 % do volume como margem de segurança.
3.2.9. Poço de bombagem
O caudal afluente ao poço de bombagem compreende o caudal de lavagem e o
caudal de infiltração, que se traduz na soma do caudal dos colectores CL3, CL5, CL9,
CI1 e CI2 (vide Peça Desenhada 2). Para tempos de retenção não superiores a 10
minutos, isto é com o número mínimo de arranques horários igual a 6, segundo o
Manual dos Sistemas Prediais de distribuição e drenagem de águas, o volume útil da
câmara de bombagem pode ser determinado por:
Vut =0,9 ∙ Qafl
N
Vut – Volume útil da câmara de bombagem (m
3)
Qafl – Caudal afluente à câmara de bombagem (l/s)
N – Número horário de arranques do elemento de bombagem
Obtém-se um resultado para o volume útil da câmara de bombagem de 0,66 m3.
Como este volume é muito pequeno, opta-se por impor uma área em planta de 2,00
m2, para permitir uma maior adequação ao espaço e o fácil acesso durante a
manutenção.
O dimensionamento do poço de bombagem traduz-se nas seguintes variáveis
(Quadro 24):
Quadro 24: Dimensionamento do poço de bombagem
Q afl. (l/s)
V Final (m3)
4,40 2,00
60
3.2.10. Coluna que leva águas do piso -2 para a caixa (em pressão)
A coluna que leva as águas do piso -2 para a caixa no tecto do piso -1 funciona em
pressão. As considerações para o seu dimensionamento são as seguintes:
Caudal de cálculo – Q (l/s)
Como recomendado pelo Manual dos Sistemas Prediais de distribuição e
drenagem de águas, o grupo electrobomba deve ser capaz de elevar o caudal afluente
previsto incrementado em 20%, como margem de segurança. Assim, o caudal afluente
calculado na alínea anterior é majorado em 20%.
Diâmetro interior – Di (mm)
Para o cálculo do diâmetro interior utiliza-se a equação da continuidade, para a
velocidade de escoamento de 1,0 m/s:
𝐷 = √1,273𝑄
𝑣
Q – Caudal (m3/s) (=1,2 Qafl)
v – velocidade de escoamento (m/s)
Diâmetro nominal – DN (mm)
Opta-se pelo diâmetro nominal cujo diâmetro interior é o imediatamente superior
ao diâmetro obtido na alínea anterior.
Velocidade – v (m/s)
Tendo-se que a velocidade de escoamento deve estar entre 0,5 e 2,0 m/s,
verifica-se esta condição para o diâmetro atribuído à tubagem (v=0,9 m/s).
Perda de carga contínua das tubagens – J (m/m)
A perda de carga contínua das tubagens é calculada através de Flamant:
J = 4b × v7/4 × D−5/4
J – Perda de carga (m/m)
b – Factor caracterizador da rugosidade do material (b=0,000134 para tubagens de
materiais plásticos)
v – Velocidade de escoamento (m/s)
D – Diâmetro da tubagem (m)
61
Altura de elevação – H el. (mca)
Obtidas a perda de carga contínua das tubagens – J (m/m) – e, através do
comprimento da tubagem – L (m) – e do desnível geométrico a vencer – Δz (m) –
calcula-se a altura de elevação necessária para o dimensionamento do grupo
electrobomba:
𝐻𝑒𝑙. = 𝐽 ∙ (1,2𝐿) + ∆𝑧 = 12,57 𝑚 𝑐. 𝑎.
Como se pode observar na equação acima, majora-se o comprimento da tubagem
em 20% para considerar as perdas de carga localizadas.
Tem-se então o dimensionamento resumido da tubagem em pressão que
transporta as águas do piso -2 para a caixa no tecto do piso -1 (Quadro 25):
Quadro 25: Dimensionamento da tubagem que transporta as águas do piso -2 para a caixa no tecto do
piso -1
Q (l/s)
DN (mm)
H el. (mca)
5,28 90 7,16
Verifica-se que o diâmetro da tubagem é igual ou superior a 90 mm, como é
recomendando pelo Manual dos Sistemas Prediais de distribuição e drenagem.
3.2.11. Grupo electrobomba
Como recomendado, o grupo electrobomba é constituído por duas bombas,
destinadas a funcionar como reserva activa mútua.
Os elementos de bombagem, por bombearem águas residuais pluviais,
consideram-se ser do tipo “hélice”. Para o caudal afluente majorado em 20% e para a
altura de elevação já calculada, dimensiona-se a bomba através da seguinte
expressão:
𝑃 =𝛾 ∙ 𝑄𝑑 ∙ 𝐻𝑒𝑙𝑒𝑣𝑎çã𝑜
𝜂∙ 1,15 [𝑊]
P – Potência da bomba (W)
γ – Peso volúmico da água = 9800 (N/m3)
Qd – Caudal afluente majorado de 20% (= 5,28 × 10−3 m3/s)
Helevação – Altura de elevação (=7,16 m.c.a.)
η – Rendimento da bomba = 0,7
62
Tem-se que 1,15 corresponde ao factor de segurança. O dimensionamento da
bomba resulta nos seguintes valores (Quadro 26):
Quadro 26: Dimensionamento da bomba
Q (l/s)
H el. (mca)
P (kW)
5,28 7,16 0,61
Assim sendo, a potência da bomba a instalar é aproximadamente de 0,61 kW.
3.2.12. Ramal de ligação
Por último, dimensiona-se o ramal de ligação, que recebe as águas da caixa
localizada no tecto do piso -1 e as encaminha para o ramal público.
Caudal de cálculo – Q (m3/s)
Dado o ramal de ligação transportar as águas residuais pluviais tanto das
coberturas e terraços como da cave, o caudal de cálculo é dado pela soma de todos
estes caudais, que se traduz na soma do caudal transportado pelos colectores Cp 11,
Cp 12, Cp 26 (águas pluviais), CL3, CL5, CL9 (águas de lavagem), CI1 e CI2 (águas
de infiltração).
Inclinação – i (%)
A inclinação é estabelecida por imposições de projecto como de 3,0%.
Diâmetro interior – Di (mm)
Segundo o artigo 146º do DR, "os colectores podem ser dimensionados para um
escoamento em secção cheia, desde que o ramal se destine única e exclusivamente
ao transporte de águas pluviais ou equiparadas". Assim sendo, utiliza-se a equação de
Manning-Strickler para escoamentos em secção cheia:
𝐷 =𝑄3/8
0,6459 ∙ 𝐾3/8 ∙ 𝑖3/16× 103
D – Diâmetro interior da tubagem (mm)
Q – Caudal de dimensionamento (m3/s)
K – coeficiente de rugosidade (m1/3/s)
i – inclinação (m/m)
63
Diâmetro nominal – DN (mm)
Opta-se pelo diâmetro nominal cujo diâmetro interior é o imediatamente superior ao
obtido na alínea anterior.
Diâmetro nominal final – DN final (mm)
O diâmetro nominal final resulta do máximo entre o diâmetro nominal obtido na
alínea anterior, o diâmetro mínimo imposto pelo regulamento de 125 mm e o diâmetro
máximo dos colectores que para ele confluem (140 mm).
Tem-se então um diâmetro final de 140 mm para o ramal de ligação que transporta
as águas pluviais para o ramal público (Quadro 27):
Quadro 27: Dimensionamento do ramal de ligação
Q· (m3/s)
DN final (mm)
0,02526 140
64
65
V. Considerações Técnicas
Neste capítulo abordam-se algumas condições técnicas que se devem ter em
conta na instalação da rede. Assim especifica-se a bomba a instalar no poço de
bombagem e o tipo de impermeabilização que se deve utilizar no edifício, bem como
alguns pormenores construtivos relevantes para a boa concepção da rede no edifício.
Especificação técnica do grupo electrobomba a utilizar
A partir do dimensionamento conclui-se que o grupo electrobomba deve respeitar
as seguintes características mínimas (Quadro 28):
Quadro 28: Características do grupo electrobomba
Q (l/s)
H el. (mca)
P (kW)
5,28 7,16 0,61
As bombas a utilizar devem ser submersíveis e dotadas de equipamento de
comando e segurança em caso de avaria. A colocação das bóias flutuadoras regula o
nível de água no poço de bombagem e, quando se atinge o nível mínimo, emite-se
uma ordem de paragem para que a bomba deixe de funcionar. Por sua vez quando a
água atinge o nível máximo, o regulador emite uma ordem de arranque que em
concordância com a bomba faz com que esta comece a trabalhar.
Ainda se deve ter em conta o facto de que a água depositada no poço não é
quimicamente agressiva e não é constituída por matérias sólidas, sendo constituída na
sua grande maioria por águas de lavagem e infiltração. Assim, considera-se que a
água a bombear é limpa.
Assim sendo, consoante as características abordadas, a bomba escolhida
pertence à série DOMO do fabricante Lowara. O tipo de bomba é a a DOMO 15. Esta
bomba é capaz de bombear cerca de 19,2 m3/h, muito perto dos 19 m3/h
correspondentes aos 5,28 l/s, considerando uma altura de elevação de 7,8 m.c.a.
(superior aos 7,16 m.c.a. precisos). Esta bomba tem uma potência de 1,1 kW,
correspondendo à potência necessária para elevar a água do poço de bombagem.
No anexo III encontra-se a tabela com as características para escolha da bomba,
bem como a curva característica da mesma.
66
Tipo de impermeabilização a utilizar no edifício
A nível dos terraços, opta-se pelo sistema de impermeabilização invertido, porque
permite a protecção da impermeabilização em relação às variações térmicas,
melhorando a sua durabilidade. Este sistema de impermeabilização pode ser
visualizado na Peça Desenhada 17.
Não é do âmbito deste projecto definir a aplicação de isolamento térmico, contudo
deverá ser prevista a correcta impermeabilização de todas as zonas singulares,
nomeadamente, as referentes ao sistema de drenagem de esgotos pluviais (relativos a
águas exteriores). Conforme o projecto de conforto térmico, a adopção de isolamento
em algumas zonas comuns ao projecto de drenagem de águas pluviais (exemplo:
terraços), poderá implicar uma alteração da solução de impermeabilização, sendo que
os pormenores construtivos apresentados são representativos. Salienta-se também a
importância na execução da impermeabilização nas singularidades.
Deve-se ter em conta os pormenores construtivos apresentados na Peça
Desenhada 19, onde se realça a ligação da cobertura com a caleira, onde se torna
obrigatório que o elemento de impermeabilização suba pelo menos 15cm na
platibanda acima da caleira, para garantir que não há infiltrações nessa singularidade.
Realça-se ainda o pormenor construtivo nas varandas em que o sistema de
impermeabilização não está ao longo de todo o piso, sendo que é interrompido quando
chega à extremidade onde está localizada o tubo ladrão. A camada de
impermeabilização é envolvida por uma manta gêotextil, que funciona como camada
de protecção. O pormenor construtivo é exemplificado na Peça Desenhada 20.
Ao nível das garagens, o facto de se tratar de uma zona com escoamento de água
de lavagens, pode afectar a durabilidade do betão e, como tal, opta-se por um sistema
de impermeabilização, sendo que neste caso não se revela importante a aplicação de
isolamento térmico, visto não se tratar de um espaço habitado. Contudo, faz-se
referência novamente ao facto de que essa solicitação depende do projecto de
conforto térmico.
Por último, relativamente à espessura da camada de forma, refere-se que esta
deve ter em conta as pendentes do pavimento e das caleiras, já definidas.
67
VI. Ensaios a realizar
Conforme os regulamentos é obrigatória a realização de ensaios de
estanqueidade e de eficiência para que as redes de drenagem sejam concebidas e
funcionem de forma correcta.
o Ensaios de estanquidade
Os ensaios de estanquidade podem ser realizados com ar ou fumo, ou com
água, em que se avalia a pressão através de um manómetro, sendo que este não
deve verificar quaisquer abaixamentos de pressão durante 15 minutos.
Os ensaios de estanquidade são realizados nas redes de águas residuais
domésticas e nas redes de águas pluviais conforme enunciado no artigo 269º do
Decreto-lei 23/95.
o Ensaios de eficiência
Os ensaios de eficiência dizem respeito à observação do comportamento dos
sifões quanto a fenómenos de auto-sinfonagem e sinfonagem induzida.
Este ensaio tem em conta o número de aparelhos com ligação a tubos de
queda e o número de aparelhos a descarregar em simultâneo.
Para além destes ensaios, deve se ter sempre em conta na instalação da rede
que esta respeite os níveis de conforto e de qualidade do sistema (ruídos e odores).
68
69
VI. Considerações finais
No término da presente memória descritiva, refira-se que todas as peças
desenhadas fundamentais para a construção e implantação das redes projectadas se
encontram a seguir, em Peças desenhadas, devidamente identificadas como tal.
Por fim, há que salientar que em caso de dúvida ou de omissão, as peças
desenhadas prevalecem sobre as peças escritas.
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VII. Peças Desenhadas de rede de drenagem de águas residuais domésticas
Peça Desenhada 5.1 - Planta fogo RC
Peça Desenhada 6.1 - Planta fogo piso 1
Peça Desenhada 7.1 - Planta fogo piso 4
Peça Desenhada 8 ,1 - Planta fogo piso 7
Peça Desenhada 9.1 - Planta condomínio
Peça Desenhada 11 - Pormenor de ligação entre aparelhos e tubo de queda
Peça Desenhada 12 - Pormenor do tubo-ladrão
Peça Desenhada 13 - Poço de bombagem
Peça Desenhada 14 - Corte com alguns tubos de queda domésticos (1)
Peça Desenhada 15 - Corte com alguns tubos de queda domésticos (2)
Peça Desenhada 16 - Corte com alguns tubos de queda pluviais
Peça Desenhada 17 - Pormenor construtivo da impermeabilização do terraço
Peça Desenhada 18 - Pormenor construtivo do murete do terraço
Peça Desenhada 19 - Pormenor construtivo da caleira
Peça Desenhada 20 - Pormenor construtivo da impermeabilização da varanda
VIII. Peças Desenhadas de rede de drenagem de águas pluviais
Peça Desenhada 2 - Planta piso -2
Peça Desenhada 3 - Planta piso -1
Peça Desenhada 5.2 - Planta fogo RC
Peça Desenhada 6.2 - Planta fogo piso 1
Peça Desenhada 7.2 - Planta fogo piso 4
Peça Desenhada 8 ,2 - Planta fogo piso 7
Peça Desenhada 9.2 - Planta condomínio
IX. Sobreposição de redes
Peça Desenhada 1 - Localização
Peça Desenhada 4 - Planta piso -1
Peça Desenhada 10 - Planta Cobertura