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Mayara Conrado Sartori Polimerização via metátese por abertura de anel de olefinas cíclicas catalisada por complexo de rutênio imobilizado em nanotubos de carbono Dissertação apresentada ao Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo, para obtenção do Título de Mestre em Química. Orientador: Prof. Dr. Benedito dos Santos Lima Neto São Carlos, 2014 Exemplar revisado O exemplar original encontra-se em acervo reservado na Biblioteca do IQSC-USP

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Page 1: Mayara Conrado Sartori - USP · 2014-12-05 · eletrônica na região do UV-vis. Os resultados sugerem um complexo pentacoordenado com os íons cloreto cis-posicionados. A ROMP de

Mayara Conrado Sartori

Polimerização via metátese por abertura de anel de olefinas

cíclicas catalisada por complexo de rutênio imobilizado em

nanotubos de carbono

Dissertação apresentada ao Instituto de Química

de São Carlos, Universidade de São Paulo, para

obtenção do Título de Mestre em Química.

Orientador: Prof. Dr. Benedito dos Santos Lima Neto

São Carlos, 2014

Exemplar revisado

O exemplar original encontra-se em acervo

reservado na Biblioteca do IQSC-USP

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Aos meus pais, com todo o amor do mundo.

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AGRADECIMETOS

“E pela lei natural dos encontros, eu deixo e recebo um tanto...”

- Luiz Galvão/Moraes Moreira

Eu acredito muito na troca entre as pessoas. Espero que cada um que passou pelo meu

caminho nesses dois anos tenha levado algo bom de mim, da mesma forma que deixou

comigo. Gratidão eterna a todos que contribuíram (mesmo que indiretamente) na construção

desse trabalho. Em especial, gostaria de agradecer:

Ao professor Benedito, que me recebeu de braços abertos e me ensinou muito.

Obrigada pela orientação e apoio. Aos meus parceiros de mestrado ("os novatos") Marcella

(dupla!!) e Fernando por tudo que vivemos juntos. Aprendi e me diverti muito com vocês.

Aos amigos de laboratório: Marcela, Evania, Larissa, Camila, Tiaguinho, Vinícius,

Magão, Danizinha, Dani Truzzi, Naná, Maycon, Gustavo, Aline, Augusto, Inara, Andressa,

Willy, Natalinha, Silvinha, Regina e Boi. Foi um prazer conviver com vocês. Obrigada pela

amizade, almoços e aprendizado. Ao Thiago técnico por toda ajuda, paciência e amizade. Aos

técnicos do CAQI, em especial André, Carlinhos, Márcio e Silvana. À professora Ana Plepis

e à Virgínia, pela colaboração, ensinamentos e amizade. Às professoras Daniela Zanchet

(Grupo de Catálise e Nanomateriais - UNICAMP) e Regina Buffon (Laboratório de

Organometálicos - UNICAMP) e ao aluno Isaias, por concederem os nanotubos de carbono

para utilização no trabalho. Às secretárias Vero, Gi e Claudia pela ajuda de sempre.

À FAPESP pela bolsa concedida.

À Mônica e Nati, pela convivência e amizade. Só tenho a agradecer por ter morado

com vocês. Aos meus grandes e eternos amigos Ana Paula, Evelyn, Lucas, Bruno e Taís

que, mesmo de longe sempre estão muito presentes em todos os momentos.

Aos meus irmãos Gustavo e Lincoln, que cada vez mais eu sinto que a nossa ligação

é de outros mundos. Obrigada por tudo! Aos meus pais pelo apoio não só nessa, mas em

todas as etapas da minha vida. À minha irmã Gabriela pela amizade e parceria de sempre.

Amo vocês.

Em especial, ao meu avô Armindo, meu maior exemplo, que sempre vai estar

presente em todas as minhas ações.

Durante o mestrado, recebi a notícia muito triste do falecimento do meu professor de

química do colegial. Se não fosse esse cara, eu não teria iniciado o caminho. Gratidão ao

querido e eterno Murilo, por me apresentar a ciência com tanto brilho nos olhos.

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“Não sou daqui nem sou de lá, eu sou de qualquer lugar

Meu passaporte é espacial, sou cidadão da terra

E a minha vida é toda verdade e eu não tenho mais idade

E o meu passado é o meu futuro,

E o meu tempo é o infinito

A minha língua é o pensamento, só falo com o olhar

Minha fronteira é o coração de todos meus irmãos.”

- Sérgio Dias/Liminha

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RESUMO

A proposta do projeto era a imobilização do complexo [RuCl2(PPh3)3] em matriz de

nanotubos de carbono pelo ligante 3-piperidinametanol para ser utilizado em reações de

ROMP. Para tanto, o trabalho dividiu-se em duas etapas: (1) estudo do complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] e sua atividade na ROMP; (2) imobilização do complexo

[RuCl2(PPh3)3] e estudos de ROMP com o mesmo. Na primeira etapa, o complexo foi

caracterizado por análise elementar (CHN), EPR, FT-IR, RMN 31

P{1H} e espectroscopia

eletrônica na região do UV-vis. Os resultados sugerem um complexo pentacoordenado com os

íons cloreto cis-posicionados. A ROMP de norborneno em clorofórmio foi testada na ausência

e na presença de diferentes ácidos no meio. Os melhores rendimentos obtidos foram de 93,6%

de poliNBE (Mn = 11 x 104 g.mol

-1; IPD = 1,8) em reações de 60 min a 50 °C, na presença de

HCl com razão molar [NBE]/[Ru] = 5000 e 5 µL de EDA. Por MEV, observou-se que os

polímeros obtidos não apresentaram poros. Por análise de DSC, obteve-se Tg de

aproximadamente 36,5 °C. Na segunda etapa do trabalho, o composto obtido foi caracterizado

por análise elementar (CHN) e FT-IR. Foram realizados estudos de lixiviação utilizando-se

um sistema de Soxhlet seguido de análise por espectroscopia de absorção atômica. A

porcentagem de rutênio lixiviada foi de 26,13%. O composto SWNT-Ru foi utilizado em

reações de ROMP de NBE. Em reações de 60 min em diclorometano a 50 °C com razão

molar [NBE]/[Ru] = 5000 e 5 µL de EDA, o rendimento foi de 72,1%. Os polímeros com

CNTs foram analisados por MEV e também não apresentaram poros. Já na análise de DSC,

observou-se um aumento na Tg, que foi de 42,5 °C. Na tentativa de separar o catalisador

ancorado do polímero obtido, testou-se a ROMP em tolueno com concentrações de NBE

baixa ([NBE]/[Ru] = 300) e alta ([NBE]/[Ru] = 5000), com adição de etil vinil éter para

finalizar a reação. Em nenhum dos casos obteve-se sucesso. Um experimento adicional ao

trabalho foi a funcionalização de matriz de grafite com complexo de rutênio. O composto

obtido foi caracterizado por análise elementar (CHN), FT-IR e espectroscopia eletrônica na

região do UV-vis. Os resultados mostraram que o grafite pode ser funcionalizado e é uma

alternativa de matriz de baixo custo para imobilização de complexos de rutênio.

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ABSTRACT

The project aimed the complex [RuCl2(PPh3)3] immobilization in carbon nanotubes by

the ligand 3-piperidinemethanol to be used in ROMP. So, this work was divided in two parts:

(1) study of the complex [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] and its activity in ROMP; (2) complex

[RuCl2(PPh3)3] immobilization and ROMP studies with it. In the first part, the complex was

characterized by elemental analysis (CHN), EPR, FT-IR, RMN 31

P{1H} and electronic

spectroscopy on UV-vis. The results suggest a pentacoordinated complex with cis-positioned

chlorides. The ROMP of norbornene in absence and presence of different acids was tested.

The best yield was 93,6% ((Mn = 11 x 104 g.mol

-1; PDI = 1,8) of poliNBE in reactions of 60

minutes at 50 °C in the presence of HCl with a molar ratio [NBE]/[Ru] = 5000 and 5 µL of

EDA. By SEM, it was observed that polymers obtained didn’t showed pores. For DSC

analysis, Tg was approximately 36,5 °C. In the second part of the work, the obtained

compound was characterized by elemental analysis (CHN) and FT-IR. Leaching studies with

a Soxhlet system were performed, followed by analysis by atomic absorption spectroscopy.

The percentage of leached ruthenium was 26,13%. The SWNT-Ru was used in ROMP of

NBE. In 60 minutes reactions in dichloromethane at 50 °C with a molar ratio [NBE]/[Ru] =

5000 and 5 µL of EDA, the yield was 72,1%. The polymers with CNTs were analyzed by

SEM and also showed no pores. In DSC analysis, an increase in Tg was observed, which was

42,5 °C. In attempting to separate the catalyst from the polymer obtained, ROMP in toluene

was tested with low (NEB]/[Ru] = 300) and high ([NBE]/[Ru] = 5000) concentrations, with

addiction of ethyl vinyl ether to complete the reaction. None of them was successful. An

additional experiment was the functionalization of graphite matrix with ruthenium complex.

The obtained compound was characterized by elemental analysis (CHN), FT-IR and

electronic spectroscopy in the UV-vis region. The results showed that the graphite can be

functionalized and is an alternative low-cost matrix for immobilization of ruthenium

complexes.

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LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1 - Ilustração do mecanismo geral da reação de metátese de olefinas.11

............. 16

Esquema 2 - Ilustração do mecanismo da reação de ROMP.14

............................................ 17

Esquema 3 - Ilustração da reação de síntese do complexo precursor [RuCl2(PPh3)3] ......... 27

Esquema 4 - Ilustração da reação de síntese do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip)] ................. 28

Esquema 5 - Ilustração da reação de síntese do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] . 28

Esquema 6 - Ilustração da reação de proteção do ligante 3-pipMeOH com BOC............... 29

Esquema 7 - Ilustração da funcionalização dos SWNT-OH com o ligante 3-pipMeOH

protegido com BOC............................................................................................................... 29

Esquema 8 - Ilustração da reação de desproteção do grupo amino com BOC..................... 30

Esquema 9 - Ilustração da reação de inserção do complexo [RuCl2(PPh3)3] no suporte de

SWNT-N................................................................................................................................ 30

Esquema 10 - Ilustração da formação de dímero para o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-

MeOH)] em solução.50

43

Esquema 11 - Ilustração da formação do catalisador in situ para o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]............................................................................................... 48

Esquema 12 - Ilustração da protonação da hidroxila do ligante 3-pipMeOH e formação

do catalisador in situ para o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]................................. 53

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Exemplos de catalisadores de Grubbs e Schrock.15, 16, 17

................................... 18

Figura 2 - Gráfico ilustrando a dependência do rendimento da reação em relação a

variação da razão molar [NBE]/[Ru] para ROMP de NBE com o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip)] (1mg - 1,3 mol), 5µL de EDA, temperatura ambiente, 5 min de

reação................................................................................................................................... 36

Figura 3 - Espectro de EPR do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)].......................... 39

Figura 4 - Espectro vibracional na região do infravermelho em pastilha de CsI do

precursor [RuCl2(PPh3)3] (apresentado para fins de comparação), do complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] e do ligante 3-pipMeOH. Recorte apresentando bandas

referentes à ligação Ru-Cl no complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]............................. 41

Figura 5 - Espectro de RMN de 31

P{1H} do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em

CDCl3 a temperatura ambiente............................................................................................. 42

Figura 6 - Ilustração de dois arranjos isoméricos possíveis para o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em solução: (a) Pirâmide de base quadrada e (b)

Bipirâmide trigonal.50

........................................................................................................... 43

Figura 7 - Espectros eletrônicos em clorofórmio para o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-

MeOH)]. [RuII] = 10

-3 mol.L

-1 a 25°C. Espectros tirados durante 30 min com intervalo

de 1 min entre eles................................................................................................................ 44

Figura 8 - Primeiro e último espectros na região do UV-vis em clorofórmio para o

complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]. [RuII] = 10

-3 mol.L

-1 a 25°C. Espectros tirados

durante 30 min com intervalo de 1 min entre eles............................................................... 44

Figura 9 - Variação da absorbância com o tempo no comprimento de onda 625 nm para

o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em clorofórmio. [RuII] = 10

-3 mol.L

-1 a 25 °C. 45

Figura 10 - Gráfico ilustrando a dependência do rendimento em relação ao tempo e à

temperatura de reação para ROMP de NBE com o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)], 5µL de EDA, [NBE]/[Ru] = 5000...................................... 46

Figura 11 - Gráfico ilustrando a dependência do IPD em relação ao tempo e à

temperatura de reação para ROMP de NBE com o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)], 5µL de EDA, [NBE]/[Ru] = 5000...................................... 47

Figura 12 - Gráfico ilustrando a dependência do rendimento em relação ao tempo e à

temperatura de reação para ROMP de NBE com o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)], 5µL de EDA, [NBE]/[Ru] = 5000, uma gota de HCl......... 50

Figura 13 - Gráfico ilustrando a dependência do IPD em relação ao tempo e à

temperatura de reação para ROMP de NBE com o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)], 5µL de EDA, [NBE]/[Ru] = 5000, uma gota de HCl......... 50

Figura 14 - Gráfico ilustrando a dependência do rendimento em relação ao tempo de

reação e a quantidade de HCl para ROMP de NBE com o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)], 5µL de EDA, [NBE]/[Ru] = 5000, 23 °C........................... 51

Figura 15 - Gráfico ilustrando a dependência do rendimento em relação ao tempo de

reação e a quantidade de HCl para ROMP de NBE com o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)], 5µL de EDA, [NBE]/[Ru] = 5000, 50 °C........................... 52

Figura 16 - Ilustração da ligação intermolecular entre o oxigênio da hidroxila de uma

molécula de pré-catalisador e o Ru de outra (complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]).... 53

Figura 17 - Espectro de RMN de 1H do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em

CDCl3 a temperatura ambiente............................................................................................. 54

Figura 18 - Espectro de RMN de 1H do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em

CDCl3 com HCl a temperatura ambiente............................................................................. 54

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Figura 19 - Espectro de RMN de 1H do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em

CDCl3 com HNO3 a temperatura ambiente.......................................................................... 55

Figura 20 - Espectros de RMN de 1H ampliados na faixa de 9-6,5 ppm do complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em CDCl3 (azul), em CDCl3 com HCl (vermelho) e em

CDCl3 com HNO3 (verde) a temperatura ambiente............................................................. 56

Figura 21 - Espectros de RMN de 1H ampliados na faixa de 3,8-5,5 ppm do complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em CDCl3 (azul), em CDCl3 com HCl (vermelho) e em

CDCl3 com HNO3 (verde) a temperatura ambiente............................................................. 57

Figura 22 - Espectros eletrônicos em clorofórmio com HCl para o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]. [RuII] = 10

-3 mol.L

-1 a 25°C. Espectros tirados durante 30

min com intervalo de 1 min entre eles................................................................................. 58

Figura 23 - Primeiro e último espectros na região do UV-vis em clorofórmio para o

complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] na ausência e na presença de HCl.

[RuII] = 10

-3 mol.L

-1 a 25°C. Espectros tirados durante 30 min com intervalo de 1 min

entre eles............................................................................................................................... 59

Figura 24 - Micrografias MEV (5000X) dos polímeros obtidos na ROMP de NBE

utilizando o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] como pré-catalisador na ausência

(a) e na presença (b) de HCl................................................................................................. 60

Figura 25 - Curva DSC (corridas 1 e 2) para poliNBE sintetizado com o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]. Atmosfera de N2 com fluxo de 80 mL.min-1

, taxa de

aquecimento de 10 °C.min-1

na faixa de temperatura 25 - 200 °C....................................... 61

Figura 26 - Curva DSC (corridas 1 e 2) para poliNBE sintetizado com o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em meio ácido. Atmosfera de N2 com fluxo de

80 mL.min-1

, taxa de aquecimento de 10 °C.min-1

na faixa de temperatura 25 - 200 °C.... 61

Figura 27 - Espectro vibracional na região do infravermelho em pastilha de KBr dos

compostos SWNT-OH, SWNT-N e do ligante 3-pipMeOH............................................... 63

Figura 28 - Espectro vibracional na região do infravermelho em pastilha de KBr dos

compostos SWNT-Ru e SWNT-N....................................................................................... 64

Figura 29 - Espectro vibracional na região do infravermelho em pastilha de CsI dos

compostos SWNT-Ru e [RuCl2(PPh3)2(3-pipMeOH)]........................................................ 64

Figura 30 - Espectros eletrônicos na região do UV-vis em diclorometano das águas de

lavagem do composto SWNT-Ru........................................................................................ 66

Figura 31 - Micrografia MEV (50.000X) do polímero obtido na ROMP de NBE

utilizando SWNT-Ru........................................................................................................... 68

Figura 32 - Curva DSC (corrida 1) para poliNBE-SWNT sintetizado com o SWNT-Ru.

Atmosfera de N2 com fluxo de 80 mL min-1

, taxa de aquecimento de 10 °C min-1

na

faixa de temperatura 25 - 200 °C......................................................................................... 69

Figura 33 - Curva DSC (corrida 1) para poliNBE-SWNT sintetizado com complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em meio de SWNT-OH. Atmosfera de N2 com fluxo de

80 mL min-1

, taxa de aquecimento de 10 °C min-1

na faixa de temperatura 25 - 200 °C.... 69

Figura 34 - Espectro vibracional na região do infravermelho em pastilha de KBr do

grafite................................................................................................................................... 71

Figura 35 - Espectro vibracional na região do infravermelho em pastilha de KBr do

óxido de grafite.................................................................................................................... 71

Figura 36 - Espectro vibracional na região do infravermelho em pastilha de KBr do

grafite funcionalizado com o complexo cis-[RuCl2(phen)2](PF6)2]..................................... 72

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Figura 37 - Espectro eletrônico de absorção na região de 300 a 800 nm para o grafite

funcionalizado com o complexo cis-[Ru(H2O)2(phen)2](PF6)2 em solução de DMSO....... 73

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Alguns reagentes utilizados com suas abreviaturas, estruturas, massas

moleculares e fórmulas moleculares..................................................................................... 25

Tabela 2 - Dependência do rendimento em relação variação da razão molar [NBE]/[Ru]

para ROMP de NBE com o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip)] (1,3 µmol), 5µL de EDA,

temperatura ambiente, 5 min de reação................................................................................. 37

Tabela 3 - Análise elementar (CHN) do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] com

composição RuCl2P2C42H43NO............................................................................................. 38

Tabela 4 - Atribuições das bandas dos espectros vibracionais do complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]............................................................................................... 41

Tabela 5 - Rendimentos obtidos com variação de tempo e temperatura na reação para

ROMP de NBE com o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] (1mg – 1,23 mol), 5µL

de EDA, [NBE]/[Ru] = 5000. Mn, Mw e IPD dos polímeros obtidos com menor e maior

tempos de reação................................................................................................................... 46

Tabela 6 - Rendimentos obtidos com variação de tempo e temperatura na reação para

ROMP de NBE com o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] (1mg – 1,23 mol), 5µL

de EDA, [NBE]/[Ru] = 5000. Mn, Mw e IPD dos polímeros obtidos com menor e maior

tempos de reação com uma gota de HCl............................................................................... 49

Tabela 7 - Valores da Tg dos polímeros obtidos com o precursor

catalítico[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em ausência e presença de HCl no meio................ 60

Tabela 8 - Análise elementar (CHN) comparativa dos SWNT-OH e SWNT-N.................. 62

Tabela 9 - Valores da Tg dos polímeros obtidos com SWNT-Ru e com

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em ausência e presença de SWNT-OH................................. 68

Tabela 10 - Análise elementar CHN do grafite e do óxido de grafite.................................. 70

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

ADMET - Acyclic diene metathesis

ATC - Agente de transferência de cadeia

BOC - Di-terc-butil dicarbonato

CM - Cross-metathesis

CNT - Carbon nanotubes

DEDAM - Dietildialilmalonato

DMF - N-N’-Dimetilformamida

DMSO - Dimetilsulfóxido

DSC - Calorimetria exploratória diferencial

EDA - Etildiazoacetato

EPR - Espectroscopia de ressonância paramagnética de elétrons

FTIR - Fourier transform infrared spectroscopy

GPC - Gel Permeation Chromatography

HPLC - High-performance liquid chromatography

IPD/PDI - Índice de polidispersividade

MEV/SEM - Microscopia eletrônica de varredura

Mn - Massa molecular numérica média

Mo - Molibdênio

Mw - Massa molecular poderal média

MWNT - Multiple-walled carbon nanotubes

NBD - Norbornadieno

NBE - Norborneno

ORMOSIL - Organic modified silicates

poliNBE - Polinorborneno

PS-DVB - Poliestireno divinilbenzeno

RCM - Ring-closing metathesis

RMN - Ressonância magnética nuclear

ROM - Ring-opening metathesis

ROMP - Ring-opening methatesis polymerization

ROMCP - Ring-opening methatesis copolymerization

Ru - Rutênio

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SWNT - Single-walled carbon nanotubes

Tg - Temperatura de transição vítrea

THF - Tetraidrofurano

TMS - Tetrametilsilano

TON - Turn over number

UV-vis - UV-visível

W - Tungstênio

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 16

1.1 Aspectos gerais da metátese de olefinas.................................................................. 16

1.2 Aspectos gerais da catálise suportada..................................................................... 18

1.3 Catálise suportada e metátese de olefinas............................................................... 19

1.4 Catalisadores ancorados em nanotubos de carbono.............................................. 21

1.5 Pesquisa no Grupo de Química Inorgânica e Analítica do IQSC......................... 21

2 PROPOSTA DE TRABALHO E JUSTIFICATIVA................................................ 23

3 OBJETIVOS................................................................................................................. 24

3.1 Gerais.......................................................................................................................... 24

3.2 Específicos.................................................................................................................. 24

4 PARTE EXPERIMENTAL......................................................................................... 25

4.1 Procedimentos gerais................................................................................................ 25

4.2 Síntese dos complexos............................................................................................... 27

4.2.1 Síntese do complexo [RuCl2(PPh3)3]......................................................... 27

4.2.2 Síntese do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip)]................................................. 27

4.2.3 Síntese do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]................................. 28

4.3 Imobilização de complexo de rutênio em matriz de SWNT-OH........................... 28

4.3.1 Funcionalização dos SWNT-OH com o ligante 3-pipMeOH.................. 28

4.3.2 Inserção do complexo [RuCl2(PPh3)3] no suporte de SWNT-N............. 30

4.3.3 Lavagem do pré-catalisador ancorado..................................................... 30

4.4 Funcionalização do grafite........................................................................................ 31

4.4.1 Síntese do óxido de grafite......................................................................... 31

4.4.2 Síntese do óxido de grafite funcionalizado com 3-amnpy....................... 31

4.4.3 Síntese do óxido de grafite funcionalizado com um complexo de

rutênio a partir de cis-[RuCl2(phen)2]........................................................................ 32

4.5 Estudos de ROMP..................................................................................................... 32

4.5.1 Procedimento geral....................................................................................... 32

4.6 Caracterizações.......................................................................................................... 33

4.6.1 Análise elementar (CHN)........................................................................... 33

4.6.2 Espectroscopia de ressonância paramagnética eletrônica (EPR).......... 33

4.6.3 Espectroscopia na região do infravermelho............................................. 33

4.6.4 Espectroscopia Eletrônica de absorção na região UV-Vísivel................ 33

4.6.5 Ressonância magnética nuclear (RMN)................................................... 34

4.6.6 Espectroscopia de absorção atômica ........................................................ 34

4.6.7 Cromatografia de permeação em gel (GPC)............................................ 34

4.6.8 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)........................................... 35

4.6.9 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)........................................... 35

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................. 36

5.1 ROMP de norborneno em baixas concentrações utilizando o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip)] como pré-catalisador.............................................................. 36

5.2 Complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]................................................................ 37

5.2.1 Síntese.......................................................................................................... 37

5.2.2 Caracterização............................................................................................ 38

5.2.2.1 Análise Elementar (CHN).............................................................. 38

5.2.2.2 Espectroscopia paramagnética de elétrons (EPR)....................... 38

5.2.2.3 Espectroscopia vibracional na região do infravermelho............. 39

5.2.2.4 Ressonância magnética nuclear de 31

P{1H}.................................. 42

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5.2.2.5 Espectroscopia Eletrônica na Região do UV-vis.......................... 43

5.2.3 Estudos de ROMP...................................................................................... 45

5.2.3.1 ROMP de NBE utilizando o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] como pré-catalisador........................................ 45

5.2.3.2 ROMP de NBE utilizando o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] como pré-catalisador em meio ácido............... 48

5.2.3.3 Análise de MEV dos polímeros obtidos utilizando-se o

complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]............................................................ 60

5.2.3.4 DSC dos polímeros obtidos utilizando-se o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]............................................................................. 60

5.3 Imobilização de complexo de rutênio em matriz de SWNT-OH........................... 62

5.3.1 Funcionalização dos SWNT-OH com o ligante 3-pipMeOH.................. 62

5.3.2 Inserção do complexo [RuCl2(PPh3)3] no suporte de SWNT-N............. 63

5.3.2.1 Lavagem do pré-catalisador ancorado......................................... 65

5.3.3 Estudos de ROMP...................................................................................... 66

5.3.3.1 ROMP de NBE utilizando complexo de rutênio imobilizado

em matriz de SWNT-OH..................................................................................... 66

5.3.3.2 Análise de MEV dos polímeros obtidos utilizando-se complexo

de rutênio imobilizado em matriz de SWNT-OH............................................. 67

5.3.3.3 DSC dos polímeros obtidos utilizando-se complexo de rutênio

imobilizado em matriz de SWNT-OH................................................................ 68

5.4 Funcionalização do grafite........................................................................................ 70

5.4.1 Caracterização do óxido de grafite.............................................................. 70

5.4.2 Caracterização do óxido de grafite funcionalizado com o complexo de

rutênio........................................................................................................................... 72

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 74

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 76

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16

1 INTRODUÇÃO

1.1 Aspectos gerais da metátese de olefinas

A palavra “metátese” vem do grego, da combinação de duas palavras: meta (troca) e

tithemi (lugar). Já olefina, é uma molécula que apresenta pelo menos uma ligação dupla entre

carbonos. Assim, o termo “metátese de olefinas” remete a uma reação de troca de átomos ou

grupos de átomos dos carbonos olefínicos.1-3

Essa reação é catalisada por complexos de metais de transição e tornou-se conhecida a

partir da década de 1960. O Prêmio Nobel de Química de 20051,4

foi oferecido aos

pesquisadores Yves Chauvin, Robert H. Grubbs e Richard R. Schrock, pelo desenvolvimento

da reação de metátese de olefinas. Enquanto Grubbs e Schrock contribuíram no

desenvolvimento dos catalisadores, Chauvin, em 1971, elucidou o mecanismo da reação,

chamada de mecanismo carbeno/metalociclobutano (Esquema 1).1,2,4-10

Esquema 1 - Ilustração do mecanismo geral da reação de metátese de olefinas.11

Na reação de metátese, o metal-carbeno mimetiza uma olefina, fazendo com que se

forme o intermediário metalociclobutano. Este, por sua vez, sofrerá um rearranjo de ligações,

formando uma nova olefina e uma nova unidade metal-carbeno.12

Atualmente, são conhecidos cinco tipos principais de metátese: RCM (Ring Closing

Metathesis), ADMET (Acyclic Diene Metathesis), ROM (Ring Opening Metathesis), CM

(Cross Metathesis) e ROMP (Ring Opening Metathesis Polymerization).1

A ROMP tem chamado bastante atenção, uma vez que proporciona a obtenção de

polímeros que mantém a insaturação do monômero, tornando possível sua funcionalização e

aplicação nas mais diversas áreas.13

Além disso, não há formação de subproduto e o metal

ativo é mantido na extremidade da cadeia polimérica, o que proporciona uma polimerização

viva.6,14

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17

A reação de ROMP é uma reação catalisada por um metal-carbeno que se coordena a

uma olefina, gerando um processo de troca de ligações carbono-carbono, que resulta em um

polímero na qual as insaturações do monômero são mantidas ao longo de sua cadeia. É

importante ressaltar que a unidade M=C permanece na extremidade do polímero, permitindo

que a polimerização ou copolimerização seja contínua. O mecanismo da reação pode ser

observado no Esquema 2.1,2,4-7

Esquema 2 - Ilustração do mecanismo da reação de ROMP.14

Complexos de Mo, W e Ru vem sendo utilizados na catálise homogênea nas reações

de ROMP. Como exemplos, temos os catalisadores de Schrock a base de Mo e W, que

apresentaram-se bastante eficientes na polimerização de uma grande quantidade de olefinas

cíclicas. Porém, sua baixa estabilidade térmica e elevada sensibilidade ao oxigênio, a água e a

grupos funcionais torna sua utilização limitada.12

Ainda como exemplos, podemos citar os catalisadores de Grubbs, uma série de

complexos de Ru-alquilidenos. Tais compostos mostraram-se muito ativos e apresentaram

resistência aos mais diferentes grupos funcionais, ficando conhecidos como "catalisadores de

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18

1ª geração de Grubbs". Logo surgiram os "catalisadores de 2ª e 3ª geração de Grubbs", que

apresentam carbenos N-heterocíclicos e superam a resistência dos catalisadores de primeira

geração. Ainda, apresentam melhor estabilidade térmica e menor sensibilidade a oxigênio.5

Exemplos de catalisadores de Schrock e Grubbs podem ser observados na Figura 1.

Figura 1 - Exemplos de catalisadores de Grubbs e Schrock.15,16,17

1.2 Aspectos gerais da catálise suportada

A heterogeneização de catalisadores homogêneos vem sendo amplamente estudada,

uma vez que é um método que associa as vantagens da catálise homogênea com as da

heterogênea.18

Na catálise homogênea, temos uma grande disponibilidade de sítios ativos que são

homogêneos entre si. Assim, além de uma alta reprodutibilidade, têm-se maior eficiência e

especificidade que na catálise heterogênea. Ainda, por apresentarem apenas um tipo de sítio

ativo, os catalisadores homogêneos simplificam o controle de reação, uma vez que é possível

realiza-lo apenas alterando-se os ligantes.18,19

Apesar de todas essas vantagens, a separação do catalisador ao final da reação torna-se

muito difícil, podendo gerar a perda do catalisador e contaminação do produto. Além disso, há

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19

uma certa dificuldade na escolha do solvente que será utilizado na reação, uma vez que deve-

se levar em conta a solubilidade característica do catalisador. Na catálise heterogênea, sabe-se

que esses fatores não são empecilhos, uma vez que o catalisador pode ser retirado do meio por

métodos simples, como uma filtração por exemplo, e claramente os solventes não são um

problema para esse tipo de reação.18,19

De um modo geral, os pontos chave associados à heterogeneização de catalisadores

homogêneos são: preservação da alta seletividade, atividade e velocidade de reação da catálise

homogênea; facilidade de separação, reciclagem do catalisador e produtos não contaminados

pelo metal, que são características da catálise heterogênea.20

Industrialmente, há uma crescente demanda por versões suportadas de catalisadores

ativos e altamente seletivos. Uma das razões é que a contaminação dos produtos com o metal

ou ligantes deve ser baixa. Outra, é que a regeneração ou reuso dos catalisadores é bastante

interessante, uma vez que diminui significativamente o custo do processo como um todo. E,

por fim, têm-se acesso a técnicas de alto rendimento e reatores de fluxo contínuo.20,21

1.3 Catálise suportada e metátese de olefinas

Na metátese de olefinas, apesar dos catalisadores de Grubbs possuírem vantagens

como tolerância a muitos grupos funcionais, disponibilidade comercial e simples manuseio,

ainda apresentam algumas desvantagens, principalmente do ponto de vista industrial. O

catalisador não é reciclável, é destruído no final da reação e frequentemente deixa resíduos de

Ru.22

Para minimizar esses problemas, têm-se estudado cada vez mais o ancoramento do

catalisador em um suporte sólido, ao invés do uso de um sistema de duas fases líquido-

líquido. A heterogeneização de catalisadores homogêneos tem atraído atenção, uma vez que

abre a possibilidade para a reutilização do catalisador e sua fácil separação do produto.21,23

A imobilização em suportes sólidos de catalisadores de Grubbs e Hoveyda-Grubbs

tem sido estudada de diversas formas.21,23

O complexo pode ser ancorado aos suportes através

da troca de ligantes haletos24-26

, de fosfinas27,28

, do ligante alquilideno29-31

ou dos ligantes

NHC.20-21,23,32-33

No primeiro exemplo de um catalisador suportado para metátese à base de Ru

relatado, a imobilização se dava através do ligante fosfina, presente em catalisadores do tipo

Grubbs.27

Foram utilizadas várias resinas de PS-DVB derivatizadas com fosfina, com baixa

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20

reticulação (2%) para a imobilização do [RuCl2(PR3)2(=CH=CH=CPh2)]. O catalisador

suportado apresentou atividade significativamente reduzida na metátese de cis-2-penteno e

polimerização de NBE para os quais a substituição incompleta da fosfina, os efeitos de

quelação da fosfina, bem como a difusão limitada foram os responsáveis. Usando a mesma

abordagem, foi relatada a imobilização de [RuCl2(PCy3)2(=CHPh)] sobre um suporte de sílica

mesoporosa derivatizada com fosfina (P-MCM-41).28

Não inesperadamente, poliNBE

preparado com este suporte mostrou IPDs de até 7,2.

O primeiro catalisador suportado para metátese à base Ru e imobilizado através do

carbeno N-heterocíclico se deu pela preparação de 4-(PS-DVB-metiloximetil)-1,3-dimesitil-

4,5-tetrahidrimidazolin-2-ilideno.34

Assim, esse composto foi utilizado para gerar o carbeno

livre correspondente e reagir com [RuCl2(PCy3)2(=CHPh)] para formar o catalisador

suportado. Esta versão suportada do catalisador Grubbs 2ª geração foi utilizada com sucesso

na RCM e reações de metátese de eninos, com TON em torno de 20. Ao mudar para a versão

Hoveyda-Grubbs deste tipo de catalisador, uma reciclagem melhor do suporte foi obtida.35

A fim de superar os problemas relacionados com o inchamento e o baixo

entrecruzamento do suporte de Merrifield, a síntese de suportes adequados para experimentos

de fluxo contínuo como, por exemplo, o suporte monolítico, foram desenvolvidos.20,21,23

Os

catalisadores suportados em monolitos orgânicos foram obtidos pela funcionalização do

monolito com o ligante NHC, seguido de imobilização do [RuCl2(PCy3)2(=CHPh)], para

formar uma versão suportada do catalisador de 2ª geração de Grubbs. Esses catalisadores têm

mostrado alta atividade em várias reações de metátese como ROMP e RCM. O uso de ATCs

como cis-1,4-diacetoxibut-2-eno, DEDAM e 2-hexeno, permitiram a regulação da massa

molecular, bem como aumentaram o tempo de vida dos centros catalíticos, reduzindo a

concentração média de Ru-metilidenos, permitindo assim o uso prolongado desses sistemas.

Além disso, tanto a estrutura do tipo tentáculo como a microestrutura do suporte reduziram a

difusão ao mínimo.

Outros catalisadores suportados também já foram desenvolvidos com sistemas

diferentes dos de Grubbs que se mostraram ativos para RCM.36,37

Contudo, poucas vezes a

atividade desses catalisadores reportados foi testada para ROMP.

De maneira geral, ainda não se chegou a obter resultados que se aproximassem

daqueles em fase homogênea. Assim, observa-se que ainda é necessário investigar novos

sistemas para chegar a catalisadores heterogenizados para ROMP.

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1.4 Catalisadores ancorados em nanotubos de carbono

Nanotubos de carbono (CNT – do inglês carbon nanotubes) são cilindros ocos

formados por átomos de carbono. Generalizando, há dois tipos de CNTs: nanotubos de

carbono de parede única (SWNT – do inglês single-walled carbon nanotubes) e nanotubos de

carbono de parede múltipla (MWNT – do inglês multiple-walled carbon nanotubes). Como o

nome já explica, SWNTs consistem de uma única camada de grafeno, enquanto MWNTs

consistem de várias camadas de grafeno.38-40

Os primeiros relatos sobre CNTs são de 1991, quanto Ijima39

tentou produzir fulerenos

por descarga a arco e observou estruturas formadas por múltiplas camadas de folhas de

grafeno com diâmetros na ordem de nanômetros e comprimentos superiores a 1 µm.

A pesquisa científica tem avançado muito em relação aos CNTs, uma vez que

apresentam aplicações nas mais diferentes áreas. Uma das aplicações de destaque é a

funcionalização desses CNTs para diversas utilizações.41-49

Há relatos na literatura da imobilização de complexos de Ru41-47

em CNTs que, em

alguns casos, são utilizados na ROMP.44-47

Além disso, há estudos da funcionalização do

monômero48,49

utilizado na ROMP para a obtenção de polímeros modificados com CNTs.47-49

São utilizados tanto SWNTs41,42,46,47

quanto MWNTs43-45,48,49

, não havendo grandes alterações

na escolha de um ou outro.

Estudos vem sendo realizados acerca da imobilização de catalisadores de Grubbs de

primeira e segunda geração, que mostraram atividades similares. Pode-se notar que quanto

mais distante o catalisador está do suporte, maior sua atividade catalítica, possivelmente pela

maior acessibilidade do monômero ao catalisador.44,45

Além disso, também há interesse em polímeros modificados com os NTCs.45,46,48,49

trabalhos que apresentam diferentes mecanismos para a polimerização (grafting to e grafting

from). Ainda, observa-se mudanças significativas nas propriedades termomecânicas dos

polímeros com e sem CNTs.48,49

1.5 Pesquisa no Grupo de Química Inorgânica e Analítica do IQSC

Recentemente, a pesquisa tem se voltado para a síntese e aplicação de pré-

catalisadores em metátese do tipo ROMP e ROMCP (Ring Opening Metathesis

Copolymerization), em meio aquoso ou orgânico. Há interesse no desenvolvimento de

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complexos de RuII e Ru

III com diversos ligantes ancilares contendo átomos de de enxofre

bivalente, fósforo trivalente ou nitrogênio trivalente como elementos de coordenação.50-56

Preocupa-se também com o desenvolvimento de sistemas ativos mediante as condições

tropicais brasileiras (luz, calor, umidade e até mesmo presença de O2). O balanço eletrônico

no complexo é explorado, buscando para tanto o uso de ligantes relativamente simples de

serem adquiridos. Os efeitos estéricos também são explorados.6

Estudos recentes promoveram o desenvolvimento de complexos contendo

simultaneamente ligantes de P e N trivalentes do tipo [RuCl2(PIII

)x(NIII

)y].50-56

Foram

utilizadas tanto aminas cíclicas quanto acíclicas, como por exemplo: piperidina, piridina, 4-

picolina, 4-aminopiridina, isonicotinamida, N-(2-hidroxietil)-isonicotinamida, imidazol, 2-

metilimidazol, pirazina, difenilamina, dietanolamina, trietanolamina, anilina ou trietilamina.

Os rendimentos dos polímeros obtidos variaram entrem 30% e 100%, à temperatura ambiente

ou a 50 °C, com 1 a 60 min de reação em clorofórmio, variando-se o tipo de ligante

nitrogenado. Um exemplo entre as aminas cíclicas é o [RuCl2(PPh3)2(pip)]50,54

, que polimeriza

rapidamente NBE de forma quantitativa à temperatura ambiente, apresentando melhores

resultados que o complexo precursor [RuCl2(PPh3)3].50

Isso ocorre usando a razão molar

[NBE]/[Ru] de até 5000/1, resultando em polímero monodisperso (IPD = 1,05) e com cadeias

longas (Mw ~ 106). Um exemplo com aminas acíclicas, é o complexo

[RuCl2(PPh3)2(sec

butilamina)2]56

, neste caso, a reação é semi-quantitativa (92%), com baixa

distribuição de peso molecular (IPD = 1,37), demonstrando que mesmo um complexo

hexacoordenado com ligantes relativamente simples, pode ser ativo em metátese de olefinas.

Considerando-se os resultados apresentados, conclui-se que as aminas são ativas e

promissoras para as reações de ROMP de NBE e de outras olefinas cíclicas (NBD, NBEs

substituídos e 7-oxanorbornenos substituídos). O emprego de aminas como ligantes ancilares

deve-se a necessidade de se empregar ligantes mais comuns e que possuam grande variedade

no mercado nacional, além de apresentarem fácil manuseio e baixo custo.

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23

2 PROPOSTA DE TRABALHO E JUSTIFICATIVA

Como foi apresentado, a metátese de olefinas tem sido uma ferramenta muito

importante em síntese orgânica e em reações de polimerização.1-3,6,7,10

No entanto, ainda é um

domínio de aplicações de laboratório. Apenas alguns exemplos de aplicações industriais de

metátese de olefinas são conhecidos. Como alternativa, tem-se estudado a imobilização do

catalisador sobre um suporte sólido.

Dentro da perspectiva de recuperação das espécies catalítica para ROMP, em projeto

paralelo, outra estudante de nosso grupo (Grupo de Química Inorgânica e Analítica do

IQSC/USP) desenvolve pré-catalisadores do tipo [RuCl2(PPh3)2(X-amina)] imobilizados em

diferentes suportes: em ORMOSIL e em monolito orgânico. No sistema de ORMOSIL, o

complexo é fisicamente ocluído por meio de um processo de sol-gel ou quimicamente

enxertado através de um ligante alquila presente na amina. De forma similar, o pré-catalisador

é quimicamente enxertado em monolito orgânico.

No presente projeto, em busca de matrizes alternativas, o objetivo era imobilizar o

complexo [RuCl2(PPh3)3] em matriz de CNTs, de forma que fosse empregado em reações de

ROMP. O pré-catalisador foi fixado pelo ligante piperidina substituído (3-pipMeOH) ligado à

matriz de CNTs, como será descrito na metodologia. Também foi estudada a atividade do

complexo [RuCl2(PPh3)2(3-pipMeOH)] de modo a estudar a influência da substituição do

ligante piperidina na posição 3. Também foi estudado o grafite como matriz alternativa de

suporte.

Dessa forma, este projeto faz parte do desenvolvimento de pré-catalisadores

heterogeneizados com o objetivo de possibilitar o reuso de catalisadores, dentro da fronteira

de transferência de tecnologia.

Deve ser observado que a funcionalização do CNTs é citada na literatura44,45,48,49

,

repetida por dois grupos distintos, mas, a inserção da piperidina e Ru é inédita.

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3 OBJETIVOS

3.1 Gerais

Imobilizar em nanotubos de carbono um complexo de Ru para aplicação em

polimerização via metátese por abertura de anel de olefinas cíclicas.

3.2 Específicos

Síntese e caracterização do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] (complexo

a ser imobilizado)

Aplicação do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] como pré-catalisador em

reações de ROMP

Imobilização do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em SWNT-OH

Aplicação do complexo imobilizado como pré catalisador em reações de

ROMP

Separação do complexo imobilizado dos polímeros obtidos

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4 PARTE EXPERIMENTAL

4.1 Procedimentos gerais

As sínteses e polimerizações foram realizadas sob atmosfera de argônio. Os traços de

oxigênio do argônio comercial foram eliminados conduzindo-o através de frascos lavadores

contendo íons Cr2+

, resultado da solução ácida de Cr3+

em solução ácida com amálgama de

zinco. A síntese do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] foi realizada em atmosfera de

nitrogênio.

Alguns dos reagentes utilizados estão listados na Tabela 1, onde se encontram a

nomenclatura, abreviatura, estrutura, massa molecular e fórmula molecular.

Tabela 1 - Alguns reagentes utilizados com suas abreviaturas, estruturas, massas moleculares

e fórmulas moleculares.

Nomenclatura Abreviatura Estrutura / MM (g.mol

-1)

/ Fórmula molecular

3-aminopiridina 3-amnpy

94,05 / C5H6N2

3- piperidinametanol 3-pipMeOH

115,17 / C6H13NO

Di-terc-butil dicarbonato BOC

218,25 / C10H18O5

Etil diazoacetato EDA

114,10 / C4H6N2O2

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Nanotubos de carbono de

parede simples

funcionalizados com

carboxila

SWNT-OH

Norborneno NBE

94,15 / C7H10

Piperidina Pip

85,15 / C5H11N

Piridina Py

79,10 / C5H5N

Tricloreto de rutênio (III) RuCl3.xH2O

207,43 / RuCl3.xH2O

Trifenilfosfina PPh3

262,29 / C18H15P

Reagentes adquiridos da Aldrich: 3-amnpy, 3-pipMeOH, cloreto de oxalila, KCl

(cloreto de potássio), SOCl2 (cloreto de tionila), BOC, EDA, etil vinil éter, NH4PF6

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(hexafluorfosfato de amônio), NaNO3 (nitrato de potássio), NBE, KMnO4 (permanganato de

potássio), pip, py, Na2SO4 (sulfato de sódio), RuCl3.xH2O, PPh3, TFA (ácido trifluoracético).

Reagentes adquiridos da Synth: HCl (ácido clorídrico), HNO3 (ácido nítrico), HClO4

(ácido perclórico), H2SO4 (ácido sulfúrico).

Reagente adquirido da Merck: H2O2 (peróxido de hidrogênio).

Os SWNT-OH foram adquiridos do Lab. Nanomateriais – Dep. Física – UFMG. O

grafite da marca Faber Castell foi triturado para uso.

Os solventes utilizados foram DMF (dimetilformamida) da J.T.Baker, acetona da

Panreac, éter etílico e tolueno da Mallinckrodt e clorofórmio, diclorometano e metanol da

Tedia. Todos os solventes de grau HPLC foram utilizados como adquiridos, exceto o éter

etílico, que foi destilado ao abrigo da luz, em seguida misturado a sulfato ferroso amoniacal,

filtrado, e tratado com sódio metálico ao abrigo da luz por 24 h. Para análises de RMN de

31P{

1H} e

1H foi utilizado CDCl3 (Tedia) 99%.

A temperatura ambiente (TA) foi de 25±1 °C.

4.2 Síntese dos complexos

4.2.1 Síntese do complexo [RuCl2(PPh3)3]

O complexo [RuCl2(PPh3)3] foi sintetizado de acordo com a literatura.57,58

A reação

para obtenção desse complexo pode ser observada no Esquema 3. O rendimento obtido foi de

76%.

Esquema 3 - Ilustração da reação de síntese do complexo precursor [RuCl2(PPh3)3].

4.2.2 Síntese do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip)]

O complexo [RuCl2(PPh3)2(pip)] foi sintetizado de acordo com a literatura.50

A reação

para sua obtenção pode ser observada no Esquema 4. O rendimento obtido foi de 51%.

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Esquema 4 - Ilustração da reação de síntese do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip)].

4.2.3 Síntese do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]

Essa síntese foi realizada em Schlenk de 250 mL. Dissolveu-se 0,94 mmol do ligante

de 3-pipMeOH (0,107 g) em 10 mL de acetona e então adicionou-se 0,31 mmol de

[RuCl2(PPh3)3] (0,300 g). A solução ficou em agitação por duas horas, formando um

precipitado de cor vinho (Esquema 5). O produto obtido foi filtrado e lavado com éter etílico

previamente destilado e degaseado e, em seguida, com metanol quente. Por fim, o produto foi

seco a vácuo e mantido em frasco de Schlenk. O rendimento da reação foi de 49%.

O composto foi mantido em atmosfera de nitrogênio, uma vez que, exposto ao ar,

tende a alterar sua coloração, passando de vinho a preto em poucos dias.

Esquema 5 - Ilustração da reação de síntese do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)].

4.3 Imobilização de complexo de rutênio em matriz de SWNT-OH

4.3.1 Funcionalização dos SWNT-OH com o ligante 3-pipMeOH

Essa síntese foi realizada em três etapas, sendo a primeira a proteção do grupo amino

do ligante com BOC, a segunda a inserção deste nos SWNT-OH e a terceira a desproteção do

grupo amino.

Proteção do ligante 3-pipMeOH com BOC

Essa síntese foi realizada com base na literatura para outro composto, com o objetivo

de proteger o grupo amino com BOC, evitando reações paralelas.59

A uma solução de 3-

pipMeOH (1 g) em 10 mL diclorometano, adicionou-se 2,08 g de BOC. A solução foi agitada

por uma hora e meia à temperatura ambiente. A essa mistura, adicionou-se água e o produto

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foi extraído com diclorometano. As fases orgânicas foram combinadas, secas com Na2SO4

anidro e evaporadas. Obteve-se de um óleo amarelado que foi utilizado sem purificação

adicional (Esquema 6).

Esquema 6 - Ilustração da reação de proteção do ligante 3-pipMeOH com BOC.

Funcionalização dos SWNT-OH com o ligante 3-pipMeOH protegido com

BOC

As reações estão ilustradas no Esquema 7 e descritas a seguir.

Esquema 7 - Ilustração da funcionalização dos SWNT-OH com o ligante 3-pipMeOH

protegido com BOC.

A acilação foi realizada de acordo com a literatura.48,49

Refluxou-se 0,200 g de

SWNT-OH em 12 mL de cloreto de oxalila e 1 gota de DMF a 70 °C por 48 horas. O cloreto

de oxalila residual foi removido por destilação à vácuo.

Imediatamente, adicionou-se uma solução de 1 mL do ligante 3-pipMeOH protegido

com BOC em 10 mL de diclorometano e 1 gota de piridina e deixou-se reagir por 20 horas à

temperatura ambiente. O produto obtido (uma pasta de coloração preta esverdeada) foi

filtrado e seco a vácuo.

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Desproteção do grupo amino com BOC

A reação foi realizada com base na literatura para outro composto59

e é ilustrada no

Esquema 8. Em uma solução do produto acima em diclorometano, foram adicionados 2 mL

de TFA. A solução foi agitada por 16 horas em temperatura ambiente. O produto obtido

(SWNT-N) foi lavado com diclorometano.

Esquema 8 - Ilustração da reação de desproteção do grupo amino com BOC.

4.3.2 Inserção do complexo [RuCl2(PPh3)3] no suporte de SWNT-N

Por fim, o complexo imobilizado foi formado, adicionando-se ao SWNT-N uma

solução de [RuCl2(PPh3)3] em diclorometano que foi então mantida por 1 hora a 40 °C. O

produto obtido (uma pasta preta) foi lavado com diclorometano e seco a vácuo (Esquema 9).60

Esquema 9 - Ilustração da reação de inserção do complexo [RuCl2(PPh3)3] no suporte de

SWNT-N.

4.3.3 Lavagem do pré-catalisador ancorado

De modo a acompanhar o desprendimento do pré-catalisador do suporte, foram

realizados estudos utilizando-se um sistema de Soxhlet. Colocou-se o composto em um papel

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de filtro, fechou-se o papel, que foi colocado no copo do Soxhlet. Foram realizadas seis

lavagens com diclorometano, com duração de aproximadamente 25 min cada uma.

Após o experimento, o composto foi analisado por espectroscopia de absorção atômica

para determinação da quantidade de pré-catalisador liberada do suporte.

4.4 Funcionalização do grafite

4.4.1 Síntese do óxido de grafite

Essa síntese foi realizada de acordo com a literatura.61,62

2,0 g de grafite em pó foram

adicionadas a 45 mL de H2SO4 gelado. Então, 20 g de KMnO4 e 3 g de NaNO3 foram

adicionados lentamente, sob agitação. Transferiu-se a mistura para um banho a 30°C e agitou-

se por 20 min. Em seguida, adicionou-se lentamente 250 mL de água deionizada e a

temperatura foi aumentada para 98 °C. Manteve-se essa temperatura por 30 min.

A reação foi finalizada com a adição de 500 mL de água deionizada, seguida da adição

de 40 mL de uma solução de H2O2 30%. A mistura obteve a coloração amarelo brilhante. Em

seguida, filtrou-se a mistura e lavou-se com HCl para remoção dos íons metálicos.

Finalmente, o produto foi lavado repetidas vezes com água destilada, até que o pH fosse 7. O

produto foi seco em estufa à vácuo.

4.4.2 Síntese do óxido de grafite funcionalizado com 3-amnpy

Primeiramente, realizou-se a funcionalização do óxido de grafite com cloreto de acila,

partindo-se de 30 mg de óxido de grafite em 2 mL de diclorometano previamente degaseado.

Adicionou-se 1 mL de cloreto de tionila e deixou-se em refluxo a 50°C por duas horas e meia.

O produto foi lavado com 2 mL de diclorometano e imediatamente adicionou-se 38

mg de 3-amnpy, observando-se grande efervescência. Deixou-se em refluxo, também a 50°C

por duas horas. Filtrou-se a mistura e o produto foi seco à vácuo. O composto obtido era

“pastoso” e teve-se certa dificuldade em secá-lo.

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4.4.3 Síntese do óxido de grafite funcionalizado com um complexo de rutênio a

partir de cis-[RuCl2(phen)2]

O complexo cis-[RuCl2(phen)2] havia sido previamente sintetizado de acordo com a

literatura.63

A funcionalização também foi realizada de acordo com a literatura.64

Foram adicionadas 85 mg do complexo cis-[RuCl2(phen)2] a uma mistura 1:1

etanol/água previamente degaseada e deixou-se em refluxo à 50°C por quatro horas para

obtenção in situ do aquo-complexo cis-[Ru(H2O)2(phen)2]+2

.

Em seguida, adicionou-se o óxido de grafite funcionalizado com a 3-aminopiridina e

deixou-se em refluxo à 50°C por cinco horas.

Então, após resfriada a mistura, adicionou-se NH4PF6 como contra-íon ao complexo

de Ru, e isolou-se por filtração o sólido com coloração ferrugem.

4.5 Estudos de ROMP

4.5.1 Procedimento geral

Para as reações de polimerização, dissolveu-se 1 mg de complexo em 2 mL de

clorofórmio HPLC degaseado (com temperatura de reação variável - 23 ou 50 °C) e, em

seguida, adicionou-se o monômero NBE em razões molares variáveis (de 50 a 5000).

Imediatamente, adicionou-se 5 µL de EDA. Decorrido o tempo de reação estipulado,

adicionou-se 5 mL de metanol.

No caso do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip)], como as concentrações eram muito baixas,

o polímero não precipitou. Para precipitá-lo, rotaevaporou-se os solventes.

Em busca de melhorar os rendimentos das polimerizações utilizando o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)], foram realizados estudos de ROMP em meio ácido. O

procedimento é similar ao descrito acima, porém, antes da adição do EDA, adicionou-se 1, 5

10 ou 15 gota de HCl 3,0 mol.L-1

. Para entender os efeitos da adição de HCl, também foram

realizadas reações adicionando-se em seu lugar KCl (10 mg), H2SO4 (1 gota) e HNO3 (1

gota).

No caso do SWNT-Ru, foram utilizados como solvente diclorometano e tolueno. Na

tentativa de separar o polímero dos SWNT-Ru, adicionou-se uma quantidade de etil vinil éter

e deixou-se em agitação por 30 min antes da adição de metanol.

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As reações foram realizadas em duplicata. O rendimento das reações foi calculado a

partir da massa dos polímeros isolados, que foram previamente secos.

4.6 Caracterizações

4.6.1 Análise elementar (CHN)

Os teores de C, H e N dos compostos foram determinados na Central Analítica do

Instituto de Química de São Paulo (equipamento da Perkin-Elmer modelo CHN 2400).

4.6.2 Espectroscopia de ressonância paramagnética eletrônica (EPR)

Os espectros de ressonância paramagnética eletrônica foram obtidos em um

equipamento da Bruker modelo EMXPlus banda X (9 - 10 GHz) em uma cavidade retangular

utilizando um dedo frio a 77 K.

4.6.3 Espectroscopia na região do infravermelho (FT-IR)

Os espectros dos compostos foram realizados em um espectrômetro BOMEM FTIR

MB – SÉRIE (região de 250 – 4000 cm-1

). As amostras foram preparadas em pastilhas de CsI

ou KBr na proporção de 1:100 mg composto/(CsI ou KBr).

4.6.4 Espectroscopia Eletrônica de absorção na região UV-Vísivel

O espectro de absorção na região UV-Visível dos complexos foi registrado em um

espectrofotômetro HITACHI modelo U-3501, usando-se celas de quartzo com 1,00 cm de

caminho ótico.

Todas as medidas foram feitas usando como referência uma solução (branco) não

contendo a espécie analisada.

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4.6.5 Ressonância magnética nuclear (RMN)

Os espectros de RMN 31

P{1H} e

1H foram obtidos usando um Bruker DRX-400 de

9,4T. As amostras foram preparadas com CDCl3 previamente degaseado como solvente. Os

deslocamentos químicos obtidos foram relatados em ppm relativo à alta frequência do TMS

ou 85 % H3PO4.

4.6.6 Espectroscopia de absorção atômica

O equipamento utilizado foi o Polarized Zeeman Atomic Absorption

Spectrophotometer - Hitachi, modelo Z-8100. A curva de calibração foi obtida a partir de

soluções padrão de Ru nas concentrações de 1, 5, 10 e 15 ppm.

A digestão das amostras foi realizada de acordo com a literatura.65

Primeiramente,

adicionou-se 5 mL de HNO3 65% em um béquer contendo a amostra e deixou-se pernoitar.

Na manhã seguinte, aqueceu-se a 160 °C até que a maior parte do ácido fosse evaporada.

Então, foi adicionado 1,3 mL de HClO4 70% e aqueceu-se a 210 °C por aproximadamente 30

min. Então, filtrou-se a suspensão obtida e com o filtrado foi feita uma solução com água

milli-q que foi utilizada para análise.

4.6.7 Cromatografia de permeação em gel (GPC)

Obteve-se os valores de Mn (massa molecular numérica média), Mw(massa molecular

ponderal média) e IPD (índice de polidispersidade - Mw/Mn) utilizando-se um Shimadzu

Prominence LC System equipado com uma bomba LC-20AD, um degaseficador DGU-20A5,

um módulo de comunicação CBM-20A, um forno CTO-20A e um detector RID-10A,

conectado a uma coluna PL gel (5µ MIXED-C: 30 cm, ø = 7,5 mm). O tempo de retenção foi

calibrado com padrão de poliestireno (570 a 1.036.000 g.mol-1

) usando como eluente

clorofórmio grau HPLC.

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4.6.8 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

Para as análises, utilizou-se um microscópio eletrônico de varredura da ZEISS-LEICA

440 (voltagem de aceleração de 20 KeV). As amostras (filmes poliméricos) foram coladas em

porta-amostra de alumínio.

Para a preparação dos filmes diluiu-se os polímeros obtidos em 40 mL de clorofórmio

e, em seguida, deixou-se evaporar o solvente em placa de teflon.

4.6.9 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

As medidas de DSC foram realizadas com um DSC-2010, TA Instruments (New

Castle, DE, USA) com temperatura de calibração com índio. Os experimentos foram feitos

em panelinha aberta, taxa de aquecimento de 10 °C min-1

na faixa de temperatura 25 - 200 °C

sob atmosfera de nitrogênio com fluxo de 80 mL min-1

. Após atingir a temperatura de 200 °C,

esperou-se o material resfriar, e uma segunda corrida, nas mesmas condições, foi realizada.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 ROMP de norborneno em baixas concentrações utilizando o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip)] como pré-catalisador

A reação de ROMP com baixas concentrações de NBE foi testada uma vez que, após a

imobilização do pré-catalisador, altas concentrações iniciais de NBE tornariam a solução com

poli-NBE obtido muito viscosa. Isso dificultaria sua filtração para separação do catalisador.

Assim, é necessário saber a reatividade do complexo com baixas razões [NBE]/[Ru].

Os valores de rendimentos para a atividade catalítica do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip)]

em diferentes razões molares (50, 100, 150, 200, 400, 600, 800 e 1000) com 5 µL de EDA,

temperatura ambiente por 5 min, com 1 mg (1,3 mol) do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip)] são

apresentados na Figura 2 e na Tabela 2.

Figura 2 - Gráfico ilustrando a dependência do rendimento da reação em relação variação da

razão molar [NBE]/[Ru] para ROMP de NBE com o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip)] (1mg -

1,3 mol), 5µL de EDA, temperatura ambiente, 5 min de reação.

0 200 400 600 800 1000

0

20

40

60

80

100

Ren

dim

ento

(%

)

[NBE]/[Ru]

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Tabela 2 - Dependência do rendimento em relação a variação da razão molar [NBE]/[Ru]

para ROMP de NBE com o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip)] (1,3 µmol), 5µL de EDA,

temperatura ambiente, 5 min de reação.

nNBE (mmol) [NBE]/[Ru] Rendimento (%)a

0,06 50 67,4

0,13 100 79,4

0,19 150 50,7

0,25 200 69,8

0,51 400 44,5

0,76 600 32,5

1,02 800 46,5

1,27 1000 36,5 a Média das duplicatas

A variação não-linear do rendimento da polimerização com o aumento da razão

[NBE]/[Ru] pode ser decorrente das concentrações iniciais muito baixas de monômero, que

tornaram difícil a precipitação dos polímeros. O material foi isolado por rotaevaporação do

solvente. Uma conclusão é que o sistema foi ativo tal como para estudos com razões

superiores a 1000.50

O fato de os valores de rendimento decaírem com o aumento da concentração de NBE

pode ser associado ao número de unidades de Ru iniciando as reações de ROMP. Com a razão

de 50, existem poucas cadeias para a iniciação e ocorre a propagação de modo formar cadeias

de polímero que podem ser isoladas. Já com a razão de 1000, mais cadeias de poliNBE são

formadas, mas com massa muito pequena para serem isoladas. Ou seja, muitas cadeias de

oligômeros são formadas, mas não são possíveis de serem isoladas.

5.2 Complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]

5.2.1 Síntese

Foram encontradas algumas dificuldades na síntese do composto [RuCl2(PPh3)2(pip-3-

MeOH)] que apresenta o grupo -OH como ponto de ligação a um suporte sólido.

Primeiramente, tentou-se realizar os experimentos em atmosfera de argônio em

sistema convencional com balão de fundo redondo, mas o complexo apresentou grande

facilidade de decomposição dada sua transformação em um composto de coloração preta.

Assim, repetiu-se a síntese utilizando-se frascos de Schlenk, obtendo-se um composto de

coloração vinho. O complexo tem de ser armazenado em atmosfera de nitrogênio para que

não sofra oxidação.

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O rendimento da reação foi de 49%. Por levantamento bibliográfico, esse composto é

inédito.

5.2.2 Caracterização

5.2.2.1 Análise Elementar (CHN)

A Tabela 3 apresenta os resultados de análise elementar (CHN) para o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] com composição RuCl2P2C42H43NO. Os resultados estão de

acordo com o erro menor que 1% e dentro do erro do equipamento de ± 0,4 unidades.

Observa-se que os resultados experimentais são condizentes com as composições

esperadas para o complexo pentacoordenado. Dessa forma, o complexo apresenta dois íons

cloreto, com o centro de Ru no estado de configuração eletrônica d6, com estado de oxidação

dois.

Tabela 3 - Análise elementar (CHN) do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] com

composição RuCl2P2C42H43NO.

Elemento Teórico Experimental

C 62,15 62,07

H 5,34 5,46

N 1,73 1,72

5.2.2.2 Espectroscopia paramagnética de elétrons (EPR)

O complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] apresentou sinais no espectro de EPR, o

que pode ser observado na Figura 3.

Deve ser observado que a análise para CHN é consistente com a existência de apenas

dois íons cloretos coordenados, logo o centro de Ru estaria em estado de oxidação dois.

A presença de sinal implica na presença de espécies paramagnéticas. Uma possível

explicação é que a geometria do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] seja bipirâmide

trigonal, com dois elétrons desemparelhados.

Já no caso do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip)], que apresenta geometria pirâmide de

base quadrada em estado sólido, não apresenta sinal no espectro de EPR, uma vez que não

apresenta elétrons desemparelhados.

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Figura 3 - Espectro de EPR do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)].

2000 2500 3000 3500 4000 4500

Campo magnético (G)

5.2.2.3 Espectroscopia vibracional na região do infravermelho (FT-IR)

O espectro no infravermelho em pastilha de CsI do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-

MeOH)] pode ser observado na Figura 4. Os espectros do complexo precursor [RuCl2(PPh3)3]

e do ligante 3-pipMeOH (também em pastilha de CsI) foram apresentados para fins de

comparação. Os dados obtidos para o complexo em estudo encontram-se na Tabela 4.

A região de 3080-3010 cm-1

é característica do modo vibracional de estiramento ν(C-

H) de compostos aromáticos, onde o carbono está na hibridização sp2. Estas bandas, centradas

em 3052 cm-1

no precursor, são atribuídas aos anéis aromáticos do ligante PPh3. No complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)], essas bandas também apareceram em 3053 cm-1

. Esta absorção

mostra que essa vibração quase não sofreu influência pela coordenação do ligante ao

complexo precursor.66

Já a região de 1625-1430 cm-1

corresponde às vibrações de estiramento ν(C=C), que

geralmente apresentam intensidade variável. Logo, no precursor, as bandas observadas em

1582-1438 cm-1

podem ser atribuídas a esse modo vibracional dos anéis da fosfina. No

complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)], essas bandas aparecem em 1588-1435 cm-1

.66

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O modo vibracional de estiramento ν(P-C) aparece na região de 1130-1090 cm-1

,

sendo observado para o complexo precursor em 1088 cm-1

. No complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-

3-MeOH)], é observado em 1091 cm-1

.66

As bandas que aparecem na região de 1010-990 cm-1

são bandas resultantes de uma

interação entre o estiramento do anel aromático ν(C=C) e o estiramento da ligação ν(P-C).

Para o precursor, foram observadas duas bandas de baixa intensidade em 1027 e 998 cm-1

.

Para o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)], foram observadas também duas bandas de

baixa intensidade em 1029 e 997 cm-1

.66,67

Na região de 900-650 cm-1

estão absorções bastante intensas para compostos

aromáticos, as vibrações de deformação angular fora do plano δ(C-H). No entanto, em

fosfinas contendo a ligação P-Ph, essas vibrações ocorrem na região de 750-680 cm-1

. No

precursor, observou-se duas bandas intensas em 744 e 694 cm-1

atribuídas a esse modo

vibracional. No complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] foram observadas duas bandas em

747 e 694 cm-1

.66,67

Na região de 560-480 cm-1

, bandas intensas são características em compostos P-Ph,

sendo observadas três bandas intensas em aproximadamente 543, 517 e 494 cm-1

para o

precursor. No complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] foram observadas três bandas em 542,

521 e 509 cm-1

.66,67

Em complexos contendo ligação Ru-Cl, são observadas bandas na região de 300-350

cm-1

, que variam em quantidade, dependendo da disposição dos íons Cl- na esfera de

coordenação. No complexo precursor, aparece uma banda em 322 cm-1

, assim, pode-se inferir

que os íons cloreto estão trans-posicionados. No caso do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-

MeOH)], aparecem duas bandas em 349 e 325 cm-1

, indicando os íons cloreto cis-

posicionados.50,68

É interessante observar que o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip)] também

apresenta os íons cloreto cis-posicionados, com bandas em 338 e 310 cm-1

. A presença do

metanol no anel da amina, apenas deslocou as bandas.50

A região entre 3550-3200 cm-1

é característica do modo vibracional de estiramento

ν(O-H). Essas bandas, podem ser observadas no ligante 3-pipMeOH na região de 3358 cm-1

e

no complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] na região de 3394 cm-1

.67

O grupo CH2 do 3-CH2OH ligado à piperidina aparece em uma banda de baixa

intensidade na região de 2932 cm-1

ligante, enquanto que no complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-

MeOH)] aparece na região de 2946 cm-1

.67

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Bandas de absorção de intensidade média a fraca para ligação C-N em aminas

alifáticas aparecem na região de 1250-1020 cm-1

. As vibrações responsáveis por essas bandas

envolvem estiramento C-N acoplado com o alongamento de ligações adjacentes na molécula.

A posição de absorção nessa região depende da classe da amina e do padrão de substituição

no carbono α. No ligante, pode-se observar essa banda na região de 1044 cm-1

. Já no

complexo, observa-se essa banda na região de 1031 cm-1

.67

Figura 4 - Espectro vibracional na região do infravermelho em pastilha de CsI do precursor

[RuCl2(PPh3)3] (apresentado para fins de comparação), do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-

MeOH)] e do ligante 3-pipMeOH. Recorte apresentando bandas referentes à ligação Ru-Cl no

complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)].

Tabela 4 - Atribuições das bandas dos espectros vibracionais do complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)].

Atribuição Número de onda (cm

-1)

[RuCl2(PPh3)3] [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]

ν(C-H) da PPh3 3052 3053

ν(C=C) da PPh3 1625, 1430 1588, 1435

ν(P-C) da PPh3 1088 1091

Interação ν(C=C) e

ν(P-C) da PPh3 1027, 998 1029, 997

δ(C-H) da PPh3 744, 694 747, 694

(P-Ph) da PPh3 543, 517, 494 542, 521, 509

ν(Ru-Cl) 322 349, 325

ν(O-H) da (pip-3-MeOH) - 3394

CH2 do CH2OH da (pip-

3-MeOH) - 2946

ν (C-N) da (pip-3-MeOH) - 1031

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5.2.2.4 Ressonância magnética nuclear de 31

P{1H}

O espectro para o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] é apresentado na Figura 5.

O comportamento desse complexo em solução é semelhante ao do complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip)].50

Observa-se a presença de sinais em 61,97 ppm e 44,28 ppm no espectro, indicando a

presença de dois isômeros, da mesma forma que ocorre para o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip)]

em solução.50

Os isômeros são apresentados na Figura 6. O sinal em 61,97 ppm pode ser

associado a um composto com geometria pirâmide de base quadrada (espécie a – Figura 6). É

provável que essa espécie sofra uma mudança estrutural em solução, gerando a espécie b –

Figura 6, com geometria bipirâmide trigonal (correspondente ao sinal em 44,28 ppm). Isso

está em concordância com resultados anteriores para complexos semelhantes.50,58

Figura 5 - Espectro de RMN de 31

P{1H} do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em

CDCl3 a temperatura ambiente.

70 60 50 40 30 20 10 0 -10

61,9

7

-5,4

5

29,2

7

44,2

8

57,3

7

ppm)

O espectro também apresenta um sinal em -5,45 ppm, característico de PPh3 livre e um

sinal em 29,27 ppm, que corresponde à reação da PPh3 livre com traços de O2 para produzir

OPPh3.53,59

Assim, tem-se indícios da descoordenação de PPh3, ocorrendo reações de

dimerização (sinais na região de 57,37 ppm) (Esquema 10).58

Isso pode ser indício de

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43

labilização do complexo, o que seria apropriado à ROMP57,58

, facilitando a coordenação da

olefina ao centro metálico.

Figura 6 - Ilustração de dois arranjos isoméricos possíveis para o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em solução: (a) Pirâmide de base quadrada e (b) Bipirâmide

trigonal.50

Esquema 10 - Ilustração da formação de dímero para o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-

MeOH)] em solução.50

5.2.2.5 Espectroscopia Eletrônica na Região do UV-vis

O espectro eletrônico para o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] apresenta uma

banda bem definida em 625 nm (Figura 7), com aumento da absorbância com o tempo. É

observada também uma banda em 490 nm, sugerindo a ocorrência de mais uma transição

eletrônica. Essas variações podem estar relacionadas à descoordenação da fosfina e formação

do dímero em solução, o que pode explicar a presença de sinais de fosfina livre e oxidada no

espectro de RMN 31

P{1H}.

Na Figura 8 são apresentadas a primeira e última medida para melhor visualização das

variações espectrais. No comprimento de onda 625 nm é possível observar que a absorbância

aumenta com o tempo até que, em aproximada 25 min, começa a manter-se constante. Essa

variação pode ser observada na Figura 9, onde pode ser determinado o valor de t1/2 de 5,8 min

(Kobs = 0,0020 s-1

).

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Figura 7 - Espectros eletrônicos em clorofórmio para o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-

MeOH)]. [RuII] = 10

-3 mol.L

-1 a 25°C. Espectros tirados durante 30 min com intervalo de 1

min entre eles.

300 400 500 600 700 800

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

490 nm

Ab

sorb

ânci

a (u

.a.)

(nm)

625 nm

Figura 8 - Primeiro e último espectros na região do UV-vis em clorofórmio para o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]. [RuII] = 10

-3 mol.L

-1 a 25°C. Espectros tirados durante 30 min

com intervalo de 1 min entre eles.

300 400 500 600 700 800

0.00

0.25

0.50

0.75

1.00

Ab

sorb

ânci

a (u

.a.)

(nm)

primeira medida

após 30 minutos

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45

Figura 9 - Variação da absorbância com o tempo no comprimento de onda 625 nm para o

complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em clorofórmio. [RuII] = 10

-3 mol.L

-1 a 25 °C.

0 5 10 15 20 25 30

0.20

0.24

0.28

0.32A

bso

rbân

cia

(u.a

.)

tempo (min)

A partir dos dados de absorbância, foram calculados os valores de absortividade molar

no comprimento de onda de 625 nm na primeira e última medida de absorbância. Para t = 1

min, o valor da absortividade molar foi de 314,4 L.mol-1

.cm-1

. Para t = 30 min, o valor foi de

195,0 L.mol-1

.cm-1

.

Variações nas bandas podem estar associadas a reorganizações geométricas na esfera

de coordenação do complexo, reações de substituição ou dissociação de ligantes. Os

experimentos foram realizados a temperatura ambiente.

5.2.3 Estudos de ROMP

5.2.3.1 ROMP de NBE utilizando o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] como

pré-catalisador

A atividade catalítica do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] (1mg – 1,23 mol)

na razão molar [NBE]/[Ru] = 5000 foi testada utilizando-se 5 µL de EDA, em diferentes

tempos (5, 10, 30 e 60 min) e temperaturas (23 e 50 ºC). Determinações de Mn, Mw e IPD

para os polímeros obtidos foram realizadas para o menor e maior tempos de reação.

Obtiveram-se os resultados apresentados na Tabela 5 e nas Figuras 10 e 11.

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46

Tabela 5 - Rendimentos obtidos com variação de tempo e temperatura na reação para ROMP

de NBE com o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] (1mg – 1,23 mol), 5µL de EDA,

[NBE]/[Ru] = 5000. Mn, Mw e IPD dos polímeros obtidos com menor e maior tempos de

reação.

T (°C) t (min) Rend (%)a

Mn

(104

g/mol)

Mw

(104 g/mol)

IPD

23 5 20,7 8,5 22,8 2,7

23 10 23,0 - - -

23 30 41,7 - - -

23 60 52,3 1,5 6,0 3,9

50 5 32,0 2,7 9,3 1,8

50 10 39,2 - - -

50 30 65,6 - - -

50 60 74,6 3,8 9,4 1,9 a Média das duplicatas

Figura 10 - Gráfico ilustrando a dependência do rendimento em relação ao tempo e à

temperatura de reação para ROMP de NBE com o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)],

5µL de EDA, [NBE]/[Ru] = 5000.

0 10 20 30 40 50 60

0

20

40

60

80

100

23°C

50°C

Ren

dim

ento

(%

)

tempo (min)

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Figura 11 - Gráfico ilustrando a dependência do IPD em relação ao tempo e à temperatura de

reação para ROMP de NBE com o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)], 5µL de EDA,

[NBE]/[Ru] = 5000.

0 10 20 30 40 50 60

1

2

3

4

23°C

50°C

IPD

tempo (min)

O aumento do tempo de reação faz com que os valores de rendimento sejam maiores.

Observa-se também que o aumento da temperatura de reação propicia aumento nos

rendimentos e melhores valores de IPD. Isso pode estar associado a uma melhora na

eficiência no período de indução. É possível que as temperaturas mais altas estejam

favorecendo a descoordenação do ligante PPh3 seguida pela formação do catalisador in situ

(Esquema 11), gerando cadeias de tamanhos mais uniformes.

Observa-se também que a 23 °C, o aumento do tempo de reação não favorece

melhoria nos valores de massas molares. Ao contrário, ocorre aumento do IPD. A 50 °C, o

valor de IPD é menor em relação aos resultados obtidos a 23 °C e é mantido com o aumento

do tempo de reação. Isso é um indício que o aumento da temperatura propicia a formação de

maior número de complexos que iniciam a ROMP, de forma que se tenham cadeias mais

uniformes.

É importante ressaltar que, em presença de oxigênio (60 min, 50 °C) os rendimentos

não chegaram a 10%. Assim, utilizou-se atmosfera de argônio nas reações. Com o monômero

norbornadieno (NBD), a 50°C por 60 min em argônio, não se obteve polímero.

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Esquema 11 - Ilustração da formação do catalisador in situ para o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)].

5.2.3.2 ROMP de NBE utilizando o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] como

pré-catalisador em meio ácido

Os mesmos estudos de ROMP foram repetidos utilizando-se meio ácido. Como

descrito previamente, as condições de reação foram similares (1 mg do complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)], razão molar de 5000, 5 µL de EDA em diferentes tempos (5 e

60 min) e temperaturas (23 e 50 ºC)), acrescentando-se uma, cinco ou 15 gotas de HCl 3,0

mol.L-1

antes da adição do EDA. No lugar de HCl, também foram utilizadas 1 gota de H2SO4,

1 gota de HNO3 e 10 mg de KCl. Determinações de Mn, Mw e IPD para os polímeros obtidos

foram realizadas para o menor e maior tempos de reação com uma gota de HCl. Os resultados

dos experimentos encontram-se na Tabela 6 e nas Figuras 12, 13, 14 e 15.

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Tabela 6 - Rendimentos obtidos com variação de tempo e temperatura na reação para ROMP

de NBE com o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] (1mg – 1,23 mol), 5µL de EDA,

[NBE]/[Ru] = 5000. Mn, Mw e IPD dos polímeros obtidos com menor e maior tempos de

reação com uma gota de HCl.

Condição T (°C) t (min) Rend (%)a

Mn

(104

g/mol)

Mw

(104 g/mol)

IPD

1 gota HCl 23 5 18,7 15 28 1,8

1 gota HCl 23 10 29,6 - - -

1 gota HCl 23 30 47,8 - - -

1 gota HCl 23 60 70,6 18 30 1,6

1 gota HCl 50 5 43,6 13 26 2,1

1 gota HCl 50 10 65,5 - - -

1 gota HCl 50 30 91,5 - - -

1 gota HCl 50 60 93,6 11 19 1,8

5 gotas

HCl 23 5 46,4 - - -

5 gotas

HCl 23 60 78,9 - - -

5 gotas

HCl 50 5 63,1 - - -

5 gotas

HCl 50 60 94,3 - - -

15 gotas

HCl 23 5 59,6 - - -

15 gotas

HCl 23 60 79,4 - - -

15 gotas

HCl 50 5 68,7 - - -

15 gotas

HCl 50 60 94,3 - - -

10 mg KCl 50 60 não

polimerizou - - -

1 gota

H2SO4 50 60 82,3 - - -

1 gota

HNO3 50 60

não

polimerizou - - -

a Média das duplicatas

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Figura 12 - Gráfico ilustrando a dependência do rendimento em relação ao tempo e à

temperatura de reação para ROMP de NBE com o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)],

5µL de EDA, [NBE]/[Ru] = 5000, uma gota de HCl.

0 10 20 30 40 50 60

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

23°C

50°C

Ren

dim

ento

(%

)

tempo (min)

Figura 13 - Gráfico ilustrando a dependência do IPD em relação ao tempo e à temperatura de

reação para ROMP de NBE com o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)], 5µL de EDA,

[NBE]/[Ru] = 5000, uma gota de HCl.

0 10 20 30 40 50 60

1

2

3

4

23°C

50°C

IPD

tempo (min)

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Observa-se que, na presença de HCl, as reações de ROMP seguem a mesma tendência

de quando o meio não está ácido. Tanto o aumento do tempo, quanto da temperatura geram

melhores rendimentos, com acréscimo de 15-25%. Os valores de IPD variam muito pouco em

relação ao tempo e à temperatura de reação.

É interessante observar também, que os valores de Mn e Mw foram aumentados em

aproximadamente 10 vezes quando na presença de HCl, mas agora apresentam uma diferença

menor entre si, o que faz com que os valores de IPD sejam melhores.

Percebe-se que, a condição ideal de reação é de 50 °C por 30 min (91,5%), uma vez

que obtêm-se maiores rendimentos, similares com a mesma temperatura por 60 min (93,6%).

Figura 14 - Gráfico ilustrando a dependência do rendimento em relação ao tempo de reação e

a quantidade de HCl para ROMP de NBE com o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)],

5µL de EDA, [NBE]/[Ru] = 5000, 23 °C.

0 10 20 30 40 50 60

0

20

40

60

80

100

Ren

dim

ento

(%

)

tempo (min)

1 gota HCl

5 gotas HCl

15 gotas HCl

sem HCl

23°C

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52

Figura 15 - Gráfico ilustrando a dependência do rendimento em relação ao tempo de reação e

a quantidade de HCl para ROMP de NBE com o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)],

5µL de EDA, [NBE]/[Ru] = 5000, 50 °C.

0 10 20 30 40 50 60

30

40

50

60

70

80

90

100

50°C

Ren

dim

ento

(%

)

tempo (min)

1 gota HCl

5 gotas HCl

15 gotas HCl

sem HCl

Comparando-se os experimentos com diferentes quantidades de HCl, percebe-se que

há um aumento significativo nos rendimentos quando não há ácido no meio e quando há.

Entretanto, o excesso de HCl só apresenta melhoras nas condições de tempos mais baixos.

Assim, há a necessidade de apenas uma gota de HCl para 60 min de reação.

A melhoria dos rendimentos na presença de ácido sugere que a hidroxila presente no

ligante 3-pipMeOH pode estar se coordenando no espaço vazio de outra molécula do pré-

catalisador quando em solução, ocupando o sítio que estaria vazio para a coordenação da

olefina que dá inicio à reação (Figura 16). É possível que o ácido esteja protonando o

hidrogênio da hidroxila no complexo (Esquema 12).

Na presença de KCl a 50 ºC por 60 min, não houve formação de polímero, ou seja, a

ROMP não ocorreu. Nas mesmas condições, mas na presença de H2SO4, houve um

rendimento relativamente alto. Esses resultados são indícios de que realmente ocorre a

protonação da hidroxila.

No caso do HNO3 não houve polimerização. Uma possível explicação é que o HNO3

esteja destruindo o complexo.

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Figura 16 - Ilustração da ligação intermolecular entre o oxigênio da hidroxila de uma

molécula de pré-catalisador e o Ru de outra (complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]).

Esquema 12 - Ilustração da protonação da hidroxila do ligante 3-pipMeOH e formação do

catalisador in situ para o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)].

Na tentativa de explicar os altos rendimentos nas polimerizações com HCl e a não

polimerização com HNO3, foram obtidos espectros de RMN de 1H do complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em CDCl3, em CDCl3 com HCl e em CDCl3 com HNO3. Os

espectros obtidos encontram-se nas Figuras 17, 18 e 19.

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Figura 17 - Espectro de RMN de 1H do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em CDCl3 a

temperatura ambiente.

8 6 4 2 0

(ppm)

Figura 18 - Espectro de RMN de 1H do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em CDCl3

com HCl a temperatura ambiente.

8 6 4 2 0

(ppm)

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Figura 19 - Espectro de RMN de 1H do complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em CDCl3

com HNO3 a temperatura ambiente.

8 6 4 2 0

(ppm)

Para melhor visualização das bandas, o espectro será dividido em duas partes, de 9,0

ppm a 6,5 ppm (Figura 20) e de 3,8 ppm a 0,5 ppm (Figura 21).

Os sinais entre 8,0 ppm e 6,5 ppm podem ser atribuídos aos hidrogênios das fosfinas,

uma vez que estes são menos blindados que os do ligante 3-pipMeOH. É interessante

observar, que esses sinais se mantém no meio de HCl. Já no meio de HNO3 esses sinais

sofrem uma mudança significativa, dando indícios de que o HNO3 esteja degradando o

complexo.

Comparando-se os espectros na região entre 3,8 ppm e 0,5 ppm, pode-se observar que

em CDCl3, aparece um sinal em 3,65 ppm que some no espectro obtido em CDCl3 com HCl.

Isso pode ser um indício da protonação da hidroxila, uma vez que se especula que esse pico

presente no primeiro espectro seja referente ao hidrogênio da hidroxila. O sinal presente em

aproximadamente 2,2 ppm é mantido nos dois espectros, podendo ser atribuído ao hidrogênio

ligado ao nitrogênio. Novamente, o espectro em meio de HNO3 diverge bastante dos outros

dois.

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Figura 20 - Espectros de RMN de 1H ampliados na faixa de 9-6,5 ppm do complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em CDCl3 (azul), em CDCl3 com HCl (vermelho) e em CDCl3

com HNO3 (verde) a temperatura ambiente.

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Figura 21 - Espectros de RMN de 1H ampliados na faixa de 3,8-5,5 ppm do complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em CDCl3 (azul), em CDCl3 com HCl (vermelho) e em CDCl3

com HNO3 (verde) a temperatura ambiente.

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58

Figura 22 - Espectros eletrônicos em clorofórmio com HCl para o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]. [RuII] = 10

-3 mol.L

-1 a 25°C. Espectros tirados durante 30 min

com intervalo de 1 min entre eles.

300 400 500 600 700 800

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

Ab

sorb

ânci

a (u

.a.)

(nm)

Também foram obtidos espectros eletrônicos do complexo em clorofórmio em meio

de HCl (Figura 22) para comparação com o espectro do complexo em clorofórmio

previamente apresentado. Na Figura 23 é apresentada uma comparação entre a primeira e a

última medida nos dois casos.

Comparando-se os espectros, podemos observar que, apesar de haver um leve

deslocamento no comprimento de onda, o perfil dos espectros é o mesmo, indicando que não

há alterações significativas, o que pode significar que o centro metálico não sofre grandes

mudanças.

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Figura 23 - Primeiro e último espectros na região do UV-vis em clorofórmio para o

complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] na ausência e na presença de HCl.

[RuII] = 10

-3 mol.L

-1 a 25°C. Espectros tirados durante 30 min com intervalo de 1 min entre

eles.

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60

5.2.3.3 Análise de MEV dos polímeros obtidos utilizando-se o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]

Os polímeros obtidos em ausência e presença de ácido no meio a 50 °C com tempos de

reação de 60 min (melhores condições para ambos os casos) foram analisados por MEV

(Figura 24). Ambos apresentaram morfologia bem compacta, sem identificação de poros em

sua estrutura nessa magnitude, ao contrário de polímeros já obtidos com pré-catalisadores

anteriores.69

Figura 24 - Micrografias MEV (5000X) dos polímeros obtidos na ROMP de NBE utilizando

o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] como pré-catalisador na ausência (a) e na presença

(b) de HCl.

5.2.3.4 DSC dos polímeros obtidos utilizando-se o complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-

MeOH)]

As curvas DSC dos polímeros de NBE sintetizados na presença e ausência de ácido

(60 min, 50 °C) mostraram processos endotérmicos e exotérmicos na faixa de temperatura 25

- 200 °C. Após atingir a temperatura de 200 °C, esperou-se o material resfriar, e uma segunda

corrida, nas mesmas condições, foi realizada (Figuras 25 e 26). Os valores da Tg estão na

Tabela 7.

Tabela 7 - Valores da Tg dos polímeros obtidos com o precursor catalítico[RuCl2(PPh3)2(pip-

3-MeOH)] em ausência e presença de HCl no meio.

Condição Tg (°C)

T pico

exotérmico

(°C)

- 36,5 119

Meio ácido 36,3 119

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61

Figura 25 - Curva DSC (corridas 1 e 2) para poliNBE sintetizado com o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]. Atmosfera de N2 com fluxo de 80 mL.min-1

, taxa de

aquecimento de 10 °C.min-1

na faixa de temperatura 25 - 200 °C.

50 100 150 200

-1,8

-1,2

50 100 150 200

-2,0

-1,6

-1,2

-0,8

-0,4

Flu

xo d

e ca

lor

(W.g

-1)

T (°C)

119 °CCORRIDA 1

Flu

xo d

e ca

lor

(W.g

-1)

T (°C)

CORRIDA 2

Tg = 36,5 °C

Figura 26 - Curva DSC (corridas 1 e 2) para poliNBE sintetizado com o complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em meio ácido. Atmosfera de N2 com fluxo de 80 mL.min-1

,

taxa de aquecimento de 10 °C.min-1

na faixa de temperatura 25 - 200 °C.

50 100 150

-1,8

-1,2

-0,6

50 100 150 200

-2,4

-2,0

-1,6

-1,2

-0,8

-0,4

Flu

xo d

e ca

lor

(W.g

-1)

T (°C)

CORRIDA 1 119 °C

Tg = 36,3 °C

CORRIDA 2

Flu

xo d

e ca

lor

(W.g

-1)

T (°C)

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62

Em ambos os casos, a Tg do poliNBE foi obtida na segunda corrida. Seus valores

foram muito próximos (ausência de HCl – 36,5 °C; presença de HCl – 36,3 °C), concordando

com valores descritos na literatura (35 °C).70

Um processo exotérmico foi observado na região

de 119 °C (corrida 1) (Figuras 25 e 26 insert).

Assim, nota-se que a presença de HCl no meio não causa variações muito

significativas na estrutura do polímero.

5.3 Imobilização de complexo de rutênio em matriz de SWNT-OH

5.3.1 Funcionalização dos SWNT-OH com o ligante 3-pipMeOH

De modo a observar a diferença de composição dos SWNT-OH e de sua posterior

funcionalização com o ligante 3-pipMeOH, realizou-se a caracterização por análise elementar

(CHN). Uma vez que a quantidade de carbono presente nos SWNT é indefinida, não foi

possível calcular os dados teóricos. Uma evidência para o sucesso da reação foram as

mudanças significativas nas porcentagens de carbono, hidrogênio e nitrogênio. Os dados

obtidos estão apresentados na Tabela 8.

Tabela 8 - Análise elementar (CHN) comparativa dos SWNT-OH e SWNT-N.

%C %H %N

SWNT-OH 69,75 1,48 0,63

SWNT-N 50,88 5,72 6,79

O espectro na região do infravermelho para o composto SWNT-N em KBr é

apresentado na Figura 27. Os espectros do composto SWNT-OH e do ligante 3-pipMeOH

também são apresentados na mesma figura para fins comparativos.

Como os compostos apresentam majoritariamente carbono em sua composição, a

análise dos espectros é dificultada, uma vez que não é possível distinguir bandas em algumas

regiões. Além disso, as bandas correspondentes à interações das modificações nos CNTs

aparecem bem suaves, uma vez que a quantidade de funcionalizações é muito pequena em

comparação com a quantidade de CNTs.

Na região de 3400 cm-1

, aparece uma banda larga para o composto SWNT-OH,

referente também ao estiramento OH. Essa banda não é visualizada no composto SWNT-N,

podendo indicar que houve a funcionalização da extremidade com -OH.67

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63

Entretanto, a banda em aproximadamente 1068 cm-1

presente nos dois compostos,

pode ser atribuída ao estiramento OH, o que pode indicar que nem todos os grupos

carboxílicos foram funcionalizados, uma vez que, essa banda é mantida nos dois espectros.67

As regiões características do ligante 3-pipMeOH apresentam visualização prejudicada,

não podendo se afirmar muito a respeito das mesmas.

Figura 27 - Espectro vibracional na região do infravermelho em pastilha de KBr dos

compostos SWNT-OH, SWNT-N e do ligante 3-pipMeOH.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

número de onda (cm-1)

SWNT-OH

SWNT-N

3-piperidinametanol

5.3.2 Inserção do complexo [RuCl2(PPh3)3] no suporte de SWNT-N

O espectro na região do infravermelho em pastilha de KBr para o composto SWNT-

Ru é apresentado junto com o espectro do composto SWNT-N na Figura 28. Também para

fins comparativos, na Figura 29 encontram-se os espectros em CsI do composto SWNT-Ru e

do complexo [RuCl2(PPh3)2(3-pipMeOH)].

Comparando-se o espectro do composto SWNT-N com o do SWNT-Ru em KBr,

pode-se observar que a banda em 1068 cm-1

é mantida, apenas sobreposta por uma banda do

complexo inserido. Essa banda pode ser atribuída ao OH67

, novamente podendo indicar que

nem todos os grupos carboxílicos foram funcionalizados.

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64

Ainda, na região entre 500 e 1000 cm-1

pode-se observar o surgimento de algumas

bandas melhor definidas, que podem ser atribuídas ao complexo ancorado.

Figura 28 - Espectro vibracional na região do infravermelho em pastilha de KBr dos

compostos SWNT-Ru e SWNT-N.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

número de onda (cm-1)

SWNT-N

SWNT-Ru

Figura 29 - Espectro vibracional na região do infravermelho em pastilha de CsI dos

compostos SWNT-Ru e [RuCl2(PPh3)2(3-pipMeOH)].

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

número de onda (cm-1)

[RuCl2(PPh

3)

2(3-pipMeOH)]

SWNT-Ru

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65

Agora, comparando-se o espectro do complexo [RuCl2(PPh3)2(3-pipMeOH)] com o do

SWNT-Ru em CsI, notamos, na região de 3050 cm-1

o surgimento de bandas muito fracas que

podem ser atribuídas ao modo vibracional de estiramento ν(C-H) de compostos aromáticos,

no caso aos anéis aromáticos do ligante PPh3. No complexo [RuCl2(PPh3)2(3-pipMeOH)]

essas bandas aparecem centradas em 3053 cm-1

.

Na região entre 550 e 750 cm-1

aparecem algumas bandas que também podem ser

atribuídas ao ligante PPh3, absorções para compostos aromáticos, as vibrações de deformação

angular fora do plano δ(C-H). No complexo [RuCl2(PPh3)2(3-pipMeOH)] foram observadas

bandas entre 747 e 694 cm-1

.66,67

Não foi possível determinar as bandas referentes à ligação Ru-Cl uma vez que a região

em que estas aparecem (300-350 cm-1

)50,68

teve sua visualização prejudicada.

5.3.2.1 Lavagem do pré-catalisador ancorado

De modo a acompanhar o desprendimento do pré-catalisador, foram realizados estudos

utilizando-se um sistema de Soxhlet. Colocou-se o composto em um papel de filtro, fechou-se

o papel, que foi colocado no copo do Soxhlet. Foram realizadas seis lavagens com

diclorometano a aproximadamente 60 °C, com duração de aproximadamente 25 min cada

uma. Antes e após o experimento, o composto foi analisado por espectroscopia de absorção

atômica para determinação da quantidade de Ru desprendida.

Antes de lavado, a quantidade de Ru era de 1,01 mg em cada 100 mg de composto. Ao

final do experimento, havia 0,75 mg de Ru para 100 mg de composto. A porcentagem de Ru

que desprendeu-se foi de 26,13%.

Para completar o experimento, lavou-se o composto com diclorometano até que não

houvesse mais indícios de desprendimento de Ru. As águas de lavagem foram coletadas para

posterior análise por e espectroscopia eletrônica na região do UV-vis. Os resultados obtidos

encontram-se na Figura 30.

A partir dos resultados obtidos, tem-se indícios de que após a quinta lavagem já não há

mais desprendimento de Ru, uma vez que o espectro eletrônico registrado é muito semelhante

ao espectro obtido para diclorometano puro.

Considerando-se o método de realização da ROMP, esse desprendimento é

considerado baixa, podendo estar relacionado à uma quantidade de Ru que estava apenas

adsorvida na matriz. No sistema de Soxhlet o diclorometano foi aquecido a 60°C e ficou

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66

passando excessivamente pelo composto. Já nas reações de ROMP, a maior temperatura

utilizada é 50 °C e não há agitação.

Ainda assim, para as reações de ROMP, de modo a evitar que houvesse

desprendimento de Ru, foram realizadas cinco lavagens no composto SWNT-Ru antes de seu

uso.

Figura 30 - Espectros eletrônicos na região do UV-vis em diclorometano das águas de

lavagem do composto SWNT-Ru.

300 400 500 600 700 800

0

1

2

3

4

Ab

sorb

ânci

a (u

.a.)

/ nm

1ª lavagem

2ª lavagem

3ª lavagem

4ª lavagem

5ª lavagem

5.3.3 Estudos de ROMP

5.3.3.1 ROMP de NBE utilizando complexo de rutênio imobilizado em matriz de

SWNT-OH

A atividade catalítica do SWNT-Ru (13,58 mg) foi testada na ROMP de NBE

utilizando-se 5 µL de EDA, em diferentes tempos (5 e 60 min) e temperaturas (23 e 50 ºC) em

atmosfera de argônio.

Um primeiro teste foi realizado utilizando-se diclorometano (2 mL) como solvente,

razão [NBE]/[Ru]=5000, por 60 min a 50 °C. O experimento foi realizado sem a separação do

catalisador ancorado. Para o cálculo do rendimento, subtraiu-se a massa de SWNT-Ru da

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67

massa do polímero obtido. Observou-se um polímero aparentemente mais rígido que o

poliNBE normalmente obtido. O rendimento da reação foi significante, de 72,1%.

De modo comparativo, foi realizada ROMP com o pré-catalisador [RuCl2(PPh3)2(pip-

3-MeOH)] apenas em meio de SWNT-OH. O rendimento obtido foi de 76,5%. Assim, pode-

se perceber que a matriz de SWNT não interfere nas reações de ROMP, uma vez que, nas

mesmas condições, o pré-catalisador havia proporcionado rendimento semelhante (74,6%) em

experimentos anteriores.

Uma tentativa de separar o catalisador após a ROMP foi realizada com a adição de etil

vinil éter (13,8 L – 13,6 mol) ao final da reação e mais 3 mL de diclorometano. Deixou-se

em agitação por 30 min, ainda a 50 °C. Esperava-se que o polímero formado se dissolvesse no

diclorometano para que posteriormente fosse filtrado e separado do catalisador. Entretanto, o

polímero não se dissolveu, o que tornou a filtração inviável.

A partir disso, foram realizadas novas reações de ROMP em tolueno e foram testadas

as razões [NBE]/[Ru] de 300 e 5000, com o objetivo de tornar possível a filtração do polímero

para sua separação do catalisador. Com a razão mais baixa a solução de polímero foi filtrado,

mas não foi possível sua precipitação, possivelmente devido a pouca quantidade de meros nas

cadeias poliméricas obtidas. Já com a razão mais alta, a dificuldade foi na filtração da solução

de polímero, que era muito viscosa.

5.3.3.2 Análise de MEV dos polímeros obtidos utilizando-se complexo de rutênio

imobilizado em matriz de SWNT-OH

Os polímeros obtidos utilizando-se SWNT-Ru a 50 °C com tempos de reação de 60

min (melhores condições) foram analisados por MEV (Figura 31). Os SWNT foram mantidos

no filme polimérico para analisar seu efeito. Da mesma forma que os poliNBE obtidos

anteriormente, sua morfologia é compacta, não se identificando poros em sua estrutura nessa

magnitude. Entretanto, não foi possível observar a interferência dos SWNTs em sua estrutura,

uma vez que o MEV não permitiu aproximações menores que 100 nm. O diâmetro médio dos

SWNTs varia entre 1,2 e 1,4 nm.71

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68

Figura 31 - Micrografia MEV (50.000X) do polímero obtido na ROMP de NBE utilizando

SWNT-Ru.

5.3.3.3 DSC dos polímeros obtidos utilizando-se complexo de rutênio imobilizado

em matriz de SWNT-OH

Foram obtidas curvas de DSC dos polímeros de NBE sintetizados com SWNT-Ru e

sintetizados com o pré-catalisador [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em meio de SWNT-OH

(Figuras 32 e 33). Os SWNT foram mantidos no filme polimérico para analisar seu efeito. Os

valores da Tg estão na Tabela 9. Também são apresentados os valores dos polímeros obtidos

com o pré-catalisador [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] para comparação.

Tabela 9 - Valores da Tg dos polímeros obtidos com SWNT-Ru e com [RuCl2(PPh3)2(pip-3-

MeOH)] em ausência e presença de SWNT-OH.

Condição Tg (°C)

T pico

exotérmico

(°C)

SWNT-Ru 42,5 96,3

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]

em meio de SWNT-OH 37,5 95,5

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] 36,5 119

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Figura 32 - Curva DSC (corrida 1) para poliNBE-SWNT sintetizado com o SWNT-Ru.

Atmosfera de N2 com fluxo de 80 mL min-1

, taxa de aquecimento de 10 °C min-1

na faixa de

temperatura 25 - 200 °C.

50 100 150 200

-2,0

-1,6

-1,2

-0,8

-0,4

Tg = 42,5 °C

CORRIDA 1

Flu

xo

de

calo

r (W

.g-1

)

T (°C)

96,3 °C

Figura 33 - Curva DSC (corrida 1) para poliNBE-SWNT sintetizado com complexo

[RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] em meio de SWNT-OH. Atmosfera de N2 com fluxo de 80 mL

min-1

, taxa de aquecimento de 10 °C min-1

na faixa de temperatura 25 - 200 °C.

50 100 150 200

-2,0

-1,6

-1,2

-0,8

CORRIDA 1

Tg = 37,5 °C

95,5 °C

Flu

xo d

e ca

lor

(W.g

-1)

T (°C)

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70

Em ambos os casos, a Tg foi obtida logo na primeira corrida. Observa-se uma um

aumento significativo na Tg (6 °C) quando o polímero é obtido com o SWNT-Ru. Há também

um aumento quando o catalisador é utilizado em meio de SWNT-OH, mas é de apenas 1 °C.

O que pode acontecer, é que a presença dos CNTs na estrutura do polímero, organiza sua

estrutura de modo mais compacto, fazendo com que a Tg seja elevada. Há também uma queda

na temperatura do pico exotérmico.

5.4 Funcionalização do grafite

De modo a ter uma alternativa de suporte para o pré-catalisador, estudou-se a

funcionalização de grafite com um complexo de Ru. O grafite utilizado nos experimentos foi

o grafite comercial adquirido em papelaria (marca Faber-Castell).

5.4.1 Caracterização do óxido de grafite

O óxido de grafite foi caracterizado por análise elementar (CHN). Uma vez que a

quantidade de carbonos presente no grafite é indefinido, não foi possível calcular os dados

teóricos. Uma evidência para o sucesso da reação foi a mudança de coloração, como indicado

na parte experimental. A análise elementar (CHN) do grafite também foi realizada para fins

de comparação. Os dados obtidos estão apresentados na Tabela 10.

Tabela 10 - Análise elementar CHN do grafite e do óxido de grafite.

Elemento Grafite (%) Óxido de grafite (%)

C 98,23 88,58

H 1,02 1,01

N 0,09 0,07

A partir desses dados, podemos notar que houve a formação de óxido, uma vez que a

porcentagem de carbono diminuiu.

Foram obtidos os espectros na região do infravermelho para o grafite e para o óxido de

grafite. Sua análise tornou-se inviável, uma vez que os espectros contêm ruído e regiões

indispensáveis à caracterização. Os espectros encontram-se nas Figuras 34 e 35.

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Figura 34 - Espectro vibracional na região do infravermelho em pastilha de KBr do grafite.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

nْ mero de onda (cm-1)

Figura 35 - Espectro vibracional na região do infravermelho em pastilha de KBr do óxido de

grafite.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

nْ mero de onda / cm-1

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5.4.2 Caracterização do óxido de grafite funcionalizado com o complexo de

rutênio

Foi obtido o espectro na região do infravermelho para o grafite funcionalizado com o

complexo cis-[Ru(H2O)2(phen)2](PF6)2. O espectro encontra-se na Figura 36.

Figura 36 - Espectro vibracional na região do infravermelho em pastilha de KBr do grafite

funcionalizado com o complexo cis-[RuCl2(phen)2](PF6)2.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

número de onda (cm-1

)

Observaram-se as freqüências relativas de deformação do anel (1400-1600 cm-1

), e do

movimento do hidrogênio fora do plano (720-770 cm-1

) para o ligante fenantrolina.

As bandas nos intervalos de 1597-1562, 1400-1600 e 1600-1444 cm-1

podem ser

atribuídas aos estiramentos simétricos da ligação C=C, aos estiramentos assimétricos C=C e

C-N e aos estiramentos simétricos das ligações C=C e C=N, respectivamente. A banda forte

que aparece em 840 cm-1

é referente ao ânion PF6.64

Também obteve-se um espectro eletrônico de absorção na região do ultravioleta para o

grafite funcionalizado com o complexo cis-[Ru(H2O)2(phen)2](PF6)2. O espectro encontra-se

na Figura 37.

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73

Figura 37 - Espectro eletrônico de absorção na região de 300 a 800 nm para o grafite

funcionalizado com o complexo cis-[Ru(H2O)2(phen)2](PF6)2 em solução de DMSO.

308 358 408 458 508 558 608 658

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8A

bs

(nm)

O espectro obtido, mostra características semelhantes ao espectro do complexo

[Ru(phen)2Cl2]64

, sendo mais um indício que houve a funcionalização do grafite.

Apesar da dificuldade em sua caracterização, pode-se considerar que houve sucesso na

síntese, podendo o grafite ser uma alternativa de baixo custo para funcionalizações adicionais.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos estudos de ROMP com o pré-catalisador [RuCl2(PPh3)2(pip)] utilizando-se baixa

concentração de NBE, houve uma variação de rendimentos de reação não linear. Apesar

disso, o sistema mostrou-se ativo e com melhores rendimentos com razão [NBE]/[Ru] = 200.

O complexo [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)] foi estudado uma vez que apresenta o

grupo -OH propício a ser ligado a um suporte sólido. A partir dos estudos, encontrou-se um

complexo pentacoordenado com os íons cloreto cis-posicionados que, quando em solução,

tem sua geometria variada entre pirâmide de base quadrada e bipirâmide trigonal.

Nas reações de ROMP de NBE o pré-catalisador [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)]

mostrou-se ativo, com melhores rendimentos e IPD a 50 °C e 60 min de reação. Com a adição

de HCl no meio reacional, o complexo apresentou uma atividade ainda maior, sendo que as

condições de reação consideradas ideais foram de 50 °C com 30 min de reação com apenas

uma gota de HCl. Uma possível explicação para essa melhoria em meio ácido é a protonação

da hidroxila presente no complexo, que estaria se coordenando à uma outra unidade de

complexo. Uma vez protonada, a hidroxila é impedida de se coordenar ao Ru, deixando-o

livre para reagir com a olefina.

De modo comparativo, os experimentos também foram realizados em HNO3. A reação

de ROMP não ocorreu, possivelmente pelo fato de que o HNO3 esteja degradando o

complexo, o que pode ser observado nos espectros de RMN 1H.

Os polímeros obtidos com o pré-catalisador [RuCl2(PPh3)2(pip-3-MeOH)],

apresentaram uma estrutura sem poros com Tg por volta de 36 °C.

Na imobilização do complexo de Ru teve-se indícios de sucesso. Ainda que haja uma

lixiviação relativamente alta (26,13%), após várias lavagens o pré-catalisador ainda mostrou-

se ativo. Não foi possível separar o catalisador do polímero após a ROMP, por dificuldades na

precipitação dos polímeros.

O poli-NBE obtido com o pré-catalisador imobilizado apresentou estrutura semelhante

aos polímeros obtidos anteriormente, entretanto não foi possível observar a interferência dos

SWNTs por MEV, que não permitiu aproximações menores que 100 nm. Mas, quando

observa-se o valor da Tg desses polímeros pode-se notar um aumento de aproximadamente

6 °C, possivelmente porque a presença dos CNTs organiza a estrutura polimérica de modo

mais compacto.

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Adicionalmente, realizou-se a funcionalização de grafite com um complexo de Ru,

que mostrou-se uma interessante matriz alternativa de baixo custo para funcionalizações

adicionais.

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76

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Academic Press, 1997. p. 50-75.

[2] MOL, J. C. Industrial applications of olefin metathesis. Journal of Molecular Catalysis

A: Chemical, v. 213, n. 1, p. 39-45, 2004.

[3] GRUBBS, R. H. Olefin metathesis. Tetrahedron, v. 60, p. 7117-7140, 2004.

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