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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA MAURO ANTONIO GUERRA JUNIOR RELAÇÃO ENTRE O NÍVEL DE APTIDÃO FÍSICA E A POTENCIALIZAÇÃO PÓS-ATIVAÇÃO EM ATLETAS VITÓRIA 2017

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Page 1: MAURO ANTONIO GUERRA JUNIOR - portais4.ufes.br

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

MAURO ANTONIO GUERRA JUNIOR

RELAÇÃO ENTRE O NÍVEL DE APTIDÃO FÍSICA E A

POTENCIALIZAÇÃO PÓS-ATIVAÇÃO EM ATLETAS

VITÓRIA

2017

Page 2: MAURO ANTONIO GUERRA JUNIOR - portais4.ufes.br

MAURO ANTONIO GUERRA JUNIOR

RELAÇÃO ENTRE O NÍVEL DE APTIDÃO FÍSICA E A

POTENCIALIZAÇÃO POS-ATIVAÇÃO EM ATLETAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Educação Física do Centro de

Educação Física da Universidade Federal do Espírito

Santo como requisito obrigatório para o título de

mestre.

Orientador: Prof. Dr. Lucas Guimarães Ferreira.

VITÓRIA

2017

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MAURO ANTONIO GUERRA JUNIOR

RELAÇÃO ENTRE O NÍVEL DE APTIDÃO FÍSICA E A

POTENCIALIZAÇÃO POS-ATIVAÇÃO EM ATLETAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física do Centro de

Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito obrigatório para o

título de mestre.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Lucas Guimarães Ferreira (orientador)

Prof. Dr. André Soares Leopoldo

Prof. Dr. Richard Diego Leite

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“Quando uma criatura humana desperta para um

grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua

alma, todo o universo conspira a seu favor.”

Johann Goethe

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AGRADECIMENTOS

A todos aqueles que direta e indiretamente contribuíram para que essa jornada acadêmica de

pós-graduação fosse concluída, minha eterna gratidão, e em especial:

- ao meu pai Mauro A. Guerra, à minha mãe Francisca Lopes Guerra e à minha irmã

Luciana Lopes Guerra, pois sem eles nada disso teria acontecido, meu eterno amor e gratidão;

- ao amigo e orientador, Prof. Dr. Lucas Guimarães Ferreira, que com sua competência

e experiência orientou-me no desenvolvimento dessa pesquisa, sempre com muita paciência

com meus lapsos de ansiosidade, meu sincero respeito, admiração e gratidão;

- aos membros da banca, Prof. Dr. Richard Diego Leite e Prof. Dr. André Soares

Leopoldo, pelas correções e sugestões inicialmente já realizadas e novas sugestões que

certamente virão para melhorar esse trabalho;

- aos amigos de laboratório, Helder Souza e Leonardo Caldas, que em vários

momentos contribuíram diretamente para a realização desse trabalho;

- ao Doze Futebol Clube, que disponibilizou toda sua estrutura para que essa pesquisa

fosse realizada;

- aos funcionários da Academia Anatomia;

- à minha esposa, Raquel S. Dettogni, e à minha filha, Laís S. Guerra, que em todos os

momentos dessa jornada se abdicaram dos preciosos instantes de nosso convívio para me

oferecer incentivo, solidariedade e apoio na concretização dessa jornada, minha especial

homenagem;

- por fim, agradeço especialmente a DEUS, que em todos os momentos esteve, está e

estará comigo.

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RESUMO

A Potencialização Pós-ativação (PPA) vem sendo utilizada como estratégia de aumento da

destreza neuromuscular na execução de exercícios que exigem potência e força muscular.

Trabalhos têm demonstrado a ocorrência da melhora do desempenho do salto vertical através

do uso de exercícios de pliometria, e diversas vezes a manifestação e a magnitude da PPA são

relacionadas ao nível de aptidão física. Entretanto, em nosso conhecimento nenhum estudo

associou as capacidades físicas e a inter-relação das mesmas na perspectiva de um “score” de

aptidão física geral com a magnitude da ocorrência da PPA. OBJETIVOS: Investigar os

efeitos da associação de exercícios de pliometria e sled towing na e a relação da resposta

individual à PPA com escores de aptidões físicas específicas e geral. MATERIAIS E

MÉTODOS: Participaram do estudo 24 jogadores profissionais de futebol de campo do sexo

masculino. Os atletas foram submetidos a testes físicos de agilidade, potência muscular,

capacidade aeróbia e avaliação da composição corporal. Na sessão para estimulo da

potencialização foram realizadas atividades condicionantes que consistiam em saltos e

corridas com o sled towing. Após o término da atividade condicionante os atletas realizaram 2

repetições do salto contra movimento (SCM) na plataforma de contato com 1, 3 e 5 minutos

de recuperação. A análise de variância (ANOVA) de uma via de medidas repetidas foi

utilizada para avaliar as diferenças no desempenho do SCM. Para uma análise de aptidão

física geral, foi utilizado o STEN Score e a correlação de Pearson foi usada para relacionar os

resultados da PPA ao nível de aptidão. RESULTADOS: foram encontradas diferenças

significativas para o desempenho do salto após 1, 3 e 5 minutos após a atividade

condicionante em relação ao valor basal (3,58%; 5,10%; 5,48%, respectivamente). Houve

uma forte e significativa correlação entre o nível de aptidão física e potecialização pós-

ativação (r = 0,71). Na divisão dos atletas em grupos, de maior e menor aptidão física, a

atividade condicionante promoveu aumento significativo da altura do SCM em ambos os

grupos, porém quando analisados pelo delta, o pós-teste de Bonferroni indicou diferença

significativa (p < 0,05) entre os grupos com maior e menor aptidão em todos os momentos

após a indução da PPA. CONCLUSÃO: Os resultados permitem concluir que uma sessão de

exercícios pliométricos associada a sprints com o uso de sled towing como atividade

condicionante resulta no aumento do desempenho do SCM em atletas. Além disso, foi visto

que o nível de aptidão física influenciou diretamente na resposta da PPA.

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Palavras-chave: Potencialização pós-ativação, atividade condicionante, aptidão física,

desempenho, salto contra movimento, pliometria.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo determinante para a potencialização pós-ativação ............................ 13

Figura 2 – Sequência de ações no salto contra movimento ............................................. 15

Figura 3 – Sequência de ações do salto agachado ........................................................... 16

Figura 4 – Teste T ............................................................................................................ 26

Figura 5 – Atividade condicionante de saltitos (ankle hops) .......................................... 27

Figura 6 – Atividade condicionante de saltos reativos .................................................... 28

Figura 7 – Atividade condicionante de sled towing ........................................................ 28

Figura 8 – Salto contra movimento sobre a plataforma de contato ................................. 29

Figura 9 – Valores médios e desvio padrão para o desempenho do salto contra

movimento ....................................................................................................................... 31

Figura 10 – Delta do valor do salto vertical após a atividade condicionante nos

indivíduos com maior aptidão (acima do Percentil 50) e menor aptidão (abaixo do

Percentil 50) .................................................................................................................... 34

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estudos que utilizaram saltos verticais como forma de atividade

condicionante. .................................................................................................................. 18

Tabela 2 – Valores médios e desvio padrão para idade, percentual de gordura, VO2máx,

potência muscular e agilidade.......................................................................................... 31

Tabela 3 – Valores médios e desvio padrão para o desempenho do salto contra

movimento ....................................................................................................................... 31

Tabela 4 - Valores da correlação de Pearson para os valores médios das valências

físicas e desempenho do salto contra movimento após atividade condicionante ............ 32

Tabela 5 - Valores individuais do STEN Score.. ............................................................. 32

Tabela 6 - Valor da correlação de Pearson para os valores médios do STEN Score e o

desempenho do salto contra movimento após atividade condicionante.. ........................ 33

Tabela 7 - Valores médios e desvio padrão para o desempenho do salto contra

movimento dos grupos Maior Aptidão e Menor Aptidão.. ............................................. 33

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LISTA DE ABREVIATURAS

PPA Potencialização pós-ativação

MRCL Miosina regulatória de cadeia leve

SV Salto vertical

SCM Salto contra movimento

SA Salto agachado

CAE Ciclo alongamento-encurtamento

TP Treinamento pliométrico

EMG Eletromiografia

SJ Sargent Jump

SP Salto em profundidade

RM Repetição máxima

%G Percentual de gordura

YYIR Yo-yo intermitent recovery

STEN Standart tem

DP Desvio padrão

ANOVA Análise de variância

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11

2. MECANISMOS FISIOLÓGICOS DA POTENCIALIZAÇÃO PÓS-

ATIVAÇÃO ............................................................................................................. 12

3. ATIVIDADE CONDICIONANTE E POTENCIALIZAÇÃO ....................... 14

3.1 POTENCIALIZAÇÃO E SALTO VERTICAL .................................................. 15

3.2 POTENCIALIZAÇÃO E SLED TOWING ......................................................... 19

4. POTENCIALIZAÇÃO E CAPACIDADES FÍSICAS ..................................... 20

5. OBJETIVOS ........................................................................................................ 23

6. METODOLOGIA ................................................................................................ 24

6.1 AMOSTRA .......................................................................................................... 24

6.2 TESTES FÍSICOS ............................................................................................... 24

6.3 PROCEDIMENTOS DA SESSÃO DA POTENCIALIZAÇÃO PÓS-

ATIVAÇÃO ............................................................................................................... 27

6.4 DETERMINAÇÃO DO SCORE DE APTIDÃO FÍSICA GERAL .................... 29

6.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................. 30

7. RESULTADOS .................................................................................................... 31

8. DISCUSSÃO ........................................................................................................ 35

9. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 40

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 41

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11

1. INTRODUÇÃO

Várias modalidades esportivas se caracterizam por usar predominantemente o

metabolismo aeróbio durante a maior parte da duração de suas competições físico-

esportivas. Porém, já é aceito que as ações que definem esta disputa como chutes,

saques, arremessos e cortadas, ou as determinantes para o desempenho físico dos atletas

como sprints, mudanças de direção em alta velocidade e saltos, são movimentos que

exigem potência muscular. Essa é caracterizada pela habilidade de se realizar exercícios

de intensidade alta ou máxima por curtos períodos de tempo, tipicamente

compreendendo um intervalo de segundos a alguns minutos (COBURN, 2012). A

associação da melhora da potência muscular ao rendimento esportivo especifico para

cada modalidade faz dos fatores determinantes para o alcance da máxima performance

esportiva algo muito complexo e do interesse de profissionais e pesquisadores do

esporte.

Uma estratégia legal que vem sendo utilizada por atletas com o intuito de promover

melhoria da potência muscular e velocidade é a potencialização pós-ativação (PPA). A

PPA pode ser definida como o aumento do desempenho neuromuscular posteriormente

à realização de uma sobrecarga na musculatura esquelética (RASSIER e MACINTOSH,

2000), ou segundo Baudry e Duchateau (2007), como o aumento do torque de uma

contração muscular causado por uma contração condicionante. Sugere-se assim o

emprego desse tipo de estratégia antes das atividades físico esportivas como forma de

aparato condicionante.

Outro importante aspecto ligado à PPA é o exercício complexo (Complex Training).

Acredita-se que a realização de exercícios condicionantes de alta intensidade, seguido

da execução do gesto esportivo com biomecânica similar, pode levar a ganhos de

potência na técnica esportiva (ROBBINS, 2005; HOGSON, DOCHERTY, ROBBINS

et al. 2005; COMYNS et al. 2007). Um bom exemplo seria a associação de 5 repetições

máximas no agachamento com imediata realização de uma serie de 4 a 6 repetições de

saltos pliométricos, e após um intervalo a execução de um salto do bloco de largada na

natação.

Os fatores que levariam à ocorrência da PPA são controversos e individuais, não

existindo ainda um consenso claro a respeito. Tanto os fatores da atividade

condicionante (tipo de exercício, volume, intensidade e tempo de recuperação), quanto

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12

as características individuais (nível de treinamento, genética e fatores neurais) podem

influenciar a manifestação e magnitude da potencialização (WILSON et al. 2013;

SUCHOMEL, LAMONT, MOIR et al. 2015). Dentre os fatores citados acima a

respeito das características do individuo, o nível de treinamento tem recebido maior

atenção. De fato, atletas potencializam mais que indivíduos treinados e não-treinados

(WILSON et al. 2013). Tal observação nos leva a crer que o nível de aptidão física

tenha correlação com a ocorrência da PPA em maior magnitude.

2. MECANISMOS FÍSIOLOGICOS DA POTENCIALIZAÇÃO PÓS-

ATIVAÇÃO

Há diversos mecanismos fisiológicos relacionados à ocorrência da potencialização. Um

dos mais prováveis é a fosforilação da miosina regulatória de cadeia leve (MRCL), a

qual resulta em maior interação entre as proteínas actina e miosina devido à alteração da

posição das pontes cruzadas (RASSIER; MACINTOSH, 2000). Segundo os mesmos

autores, a realização de uma sessão de contrações musculares resulta na fosforilação da

MRCL levando à aproximação das cabeças globulares da miosina aos sítios ativos da

actina após um período de descanso. Esse processo favorece, então, a velocidade e a

força da próxima contração muscular.

Dentro dessa proposta, Hamada et al. (2000) sugerem que uma ação muscular prévia

pode acarretar uma maior liberação do cálcio pelo retículo sarcoplasmático e aumento

de sua concentração no sarcoplasma. Isso leva a uma maior taxa de formação das pontes

cruzadas devido a um aumento da sensibilidade das proteínas contráteis ao cálcio,

consequentemente aumentando a velocidade da contração muscular e a taxa de

desenvolvimento de força (TDF) (METZER; GREASER; MOSS, 1989).

Outro evento local que pode estar relacionado com as alterações momentâneas na

produção de força é a modificação aguda da arquitetura do músculo esquelético.

Mahlfeld; Franke; Awiszus (2004) verificaram que o ângulo de inclinação das fibras

musculares diminui nos instantes subsequentes à realização de contrações voluntárias

máximas. Segundo os autores, quando os ângulos de penação diminuem, há o

favorecimento da transmissão da força produzida para os tendões. Pode-se esperar

então, que esta modificação aguda na arquitetura muscular implique em alterações no

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13

desempenho da força após a ativação prévia. Adicionalmente, Gülich e Schmidtbleicher

(1996) afirmam que devidas atividades condicionantes ocasionam alterações neurais

como a modificação do padrão neural para o recrutamento de unidades motoras (reflexo

de Hoffmann). Em seu estudo encontrou-se uma correlação significativa entre o

aumento da amplitude do reflexo de Hoffman dos músculos do tríceps sural e o

aumento do desempenho no salto vertical.

Nem toda forma de exercício poderá ser chamada de atividade condicionante, uma vez

que a ocorrência da PPA não é observada em todos os estudos. De fato, para que uma

ação muscular seja considerada como atividade condicionante é necessário que a mesma

possua uma ordem esquemática e reproduzível, onde volume e intensidade possam ser

controlados e que ocasione na ocorrência da PPA, como esquematizado na Figura 1. No

trabalho de Batista et al. (2003), os autores submeteram indivíduos ativos a quatro séries

de cinco saltos em profundidade ou cinco contrações isométricas voluntárias máximas

de cinco segundos com intervalos de três minutos entre cada contração. Ao avaliar o

salto contramovimento (SCM) cinco, dez e quinze minutos após, nenhuma diferença

significativa foi encontrada para as variáveis analisadas. Quando a melhora do

desempenho não ocorre, se diz que houve inibição ou ausência da atividade

condicionante ou predominância da fadiga (SALE, 2002).

Figura 1- Modelo determinante para o fenômeno de potencialização pós-ativação.

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A predominância de fadiga ocorre quando a ativação condicionante provoca diminuição

do desempenho da força e/ou potência muscular subsequente. Uma vez que fadiga e

potencialização são decorrentes da ativação prévia, é coerente assumir que ambos os

processos são iniciados juntos e que coexistem por alguns instantes após a contração

que lhes deu origem (RASSIER, 2000).

3. ATIVIDADE CONDICIONANTE E POTENCIALIZAÇÃO

Como mencionado acima, o controle e o tipo da atividade condicionante é fundamental

para a ocorrência da PPA. Diversos tipos de exercícios têm sido propostos como

atividades condicionantes, e historicamente falando, a ideia de realizar um exercício que

proporcione uma melhora do rendimento é de interesse de atletas e treinadores. Assim,

os exercícios chamados de aquecimento (warm-up) têm sido realizados

indiscriminadamente antes de qualquer atividade físico-esportiva, mesmo não se

enquadrando como atividade condicionante (VERKHOSHANSKY; SIFF, 2009).

Foi inicialmente proposta por Gülich e Schmidtbleicher (1996), a ideia de inclusão de

exercícios de força nas rotinas de aquecimento, em complementação aos exercícios

convencionais. A explicação para tal prática baseava-se em estudos iniciais que

demonstraram a possibilidade de exercícios dependentes da manifestação da força

explosiva serem potencializados, ou seja, beneficiados com a melhora aguda do

desempenho (GULLICH e SCHMIDTBLEICHER, 1996; GOURGOULIS et al. 2003).

Diversos trabalhos utilizaram exercícios de força muscular como forma de atividade

condicionante e tiveram aumento no desempenho na atividade de potência muscular

subsequente (SEITZ; DE VILLARREAL; HAFF, 2014; WEBER et al. 2008; CILLI et

al. 2014; SUCHOMEL et al. 2015; SEITZ et al. 2016).

Outros tipos de exercícios podem ser opções de atividade condicionante,

especificamente aqueles que se assemelham aos métodos utilizados durante os treinos

das modalidades específicas e/ou que possam ser facilmente empregados durante o

aquecimento. Dentre esses, estão os saltos pliométricos (BATISTA et al. 2003; TERZIS

et al. 2012; CHEN et al. 2013; BONFIM LIMA et al. 2011; TOBIN; DELAHUNT,

2014), a utilização de plataforma vibratória (CORMIE et al. 2006; RONNESTAD,

2009; ARMSTRONG et al. 2010) e corridas com ou sem a utilização de sled towing

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(LATORRE-ROMÁN et al. 2014; GARCIA-PINILLOS et al. 2015; WINWOOD et al.

2016).

3.1 POTENCIALIZAÇÃO E SALTO VERTICAL

Para mensuração do desempenho em atividades que exigem potência muscular de

membros inferiores, os diferentes tipos de saltos verticais (SV) têm sido utilizados como

padrão ouro. O desempenho nos saltos verticais tem se mostrado uma excelente

ferramenta tanto para verificação do aumento do rendimento esportivo (GABBETT;

DOMROW, 2007; IMPELLIZZERI et al. 2008), quanto para a verificação da condição

de fadiga (WELSHT et al. 2008).

Os mais comuns SV são o SCM e o Salto Agachado (SA). O SCM é um salto de fácil

execução e caracterizado por uma ação excêntrica seguida de uma ação concêntrica.

Para sua execução, o saltador inicia-se na posição em pé, faz um movimento

descendente através das flexões de joelhos, quadris e tornozelos e, imediatamente,

estende-os verticalmente até saltar sobre a superfície do solo (Figura 2). Já no SA, o

saltador inicia-se estacionado, semi-agachado e, ao estímulo visual e/ou sonoro estende

joelhos quadris e tornozelos, saltando verticalmente sobre a superfície do solo (Figura

3). Nessa técnica, o indivíduo deve realizar apenas uma contração concêntrica.

(LINTHORNE, 2001).

Figura 2 - Sequência de ações no salto contra movimento.

Fonte: Linthorne, 2001.

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16

Figura 3 – Sequência de ações do salto agachado.

Fonte: Linthorne, 2001.

A principal diferença entre esses dois tipos de saltos é que o impulso gerado pela ação

muscular no SCM é otimizado pela utilização de um mecanismo fisiológico

denominado ciclo alongamento-encurtamento (CAE). Este mecanismo proporciona uma

maior produção de potência quando a ação muscular excêntrica é seguida

imediatamente por uma ação muscular concêntrica, em comparação com o SA, que

proporciona ação puramente concêntrica (UGRINOWITSCH; BARBANTI, 1998).

Segundo Schmidtbleicher (1992), isso pode ser explicado pela utilização da energia

elástica acumulada devido à deformação de algumas estruturas (tendões e músculos) e à

presença do reflexo miotático. O CAE leva à ativação de reflexos que favorecem a

velocidade de desenvolvimento da força.

Kreighbaum e Barthels (1990) afirmam que a capacidade de geração de força pode

aumentar em até 20% quando na presença do CAE. A energia elástica é armazenada e

utilizada na ação concêntrica subsequente devido ao princípio da conservação da

energia mecânica (VERKHOSHANSKY e SIFF, 2009). Portanto, quanto menor o

tempo de transição entre a fase excêntrica e concêntrica, maior será o aproveitamento da

energia elástica. O reflexo miotático, também chamado reflexo de estiramento, o qual

produz a energia elástica, envolve a ação das duas estruturas proprioceptivas auxiliares

no controle do movimento: os fusos musculares e o órgão tendinoso de Golgi.

Cabe ressaltar que os SV também são empregados nos treinamentos físicos como

método de treinamento pliométrico (TP). Os efeitos do TP sobre a melhora da potência

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17

muscular e velocidade já estão bem documentos na literatura, bem como sua

superioridade sobre os exercícios resistidos neste quesito. Kubo et al. (2007), ao

investigarem os efeitos do TP e do treinamento resistido sobre as propriedades

mecânicas do complexo músculo-tendão com uso de ultrassonografia e da atividade

muscular através de eletromiografia (EMG) concluíram que a melhora da altura dos

saltos ocorreram por meio de alterações no complexo músculo-tendão. Seus achados

indicam que apesar de não haver diferenças na EMG, o TP foi mais eficaz na melhora

da potência muscular, uma vez que com o uso do TP a altura do Sargent Jump (SJ), do

SCM e do salto em profundidade (SP) foram maiores.

A proximidade dos saltos pliométricos com a capacidade de sprint também é bem

documentada na literatura, uma vez que o TP melhoraria principalmente a capacidade

de aceleração. Os trabalhos de Chelly et al. (2010), Meylan e Malatesta (2009), Mujika;

Santisteban; Castagna (2009), e Diallo et al. (2001) observaram que o treinamento com

pliometria foi eficiente em melhorar a aceleração em distâncias de 0 a 5 metros; de 0 a

10 metros , 0 a 15 metros e 0 a 20 metros respectivamente.

Na utilização de SV como atividade condicionante, deve-se ressaltar o trabalho de

Tobin e Delahunt (2014), que utilizou exercícios de pliometria em jogadores

profissionais de rugby. Os resultados deste estudo demonstram que uma única sessão de

40 saltos foi suficiente para uma melhora significativa no SCM durante os 5 minutos

após a atividade condicionante de pliometria. Outros trabalhos utilizaram os SV como

protocolo de atividade condicionante e/ou protocolo de medição para a ocorrência da

potencialização (JONES; LEES, 2003; JENSEN; EBBEN, 2003; BURKETT et al.

2005; KILDUFF et al. 2007; CHATTONG et al. 2010; McCANN; FLANAGAN, 2010;

KILDUFF et al. 2011; LOWERY et al. 2012; NACLERIO et al. 2014; TOBIN;

DELAHUNT, 2014).

Os estudos que utilizaram SV como forma de atividade condicionante e também como

ferramenta de avaliação da ocorrência as PPA estão na Tabela 1.

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11

Tabela 1. Estudos que utilizaram saltos verticais como forma de atividade condicionante

Estudo Amostra Atividade Condicionante Tempo de

Recuperação

Avaliação

da PPA

Resultados Sexo

Burkett et al.

(2005)

29 atletas

universitários

1x5 SCM com 75% 1RM

+

1x5 SCM com 10% MC

2 min SCM >SCM M

Chattong et

al. (2010)

20 não-atletas A- SCM sobre pliobox

com 5, 10, 15 e 20% da

MC.

B- SCM sem sobrecarga

2 min SCM >SCM nas 2 condições M

Bonfim Lima

et al. (2011)

12 não-atletas 2 x 5 Salto em

Profundidade

5, 10, 15 min. SCM > CMJ aos 15min comparado ao

basal e aos 5min

M

Terzis et al.

(2012)

10 não-atletas 1 x 3 SCM 1 min SCM > no melhor e na media dos saltos M

Lowery et al.

(2012)

13 não-atletas 1 x 3 Agachamento com

56%, 70% e 93% de

1RM

0, 2, 4, 8 e 12 min. SCM > 4 min com 70%

> 4 e 8 min com 93%

Bergman et

al. (2013)

12 não-atletas 8x10 Saltito Bilateral 0 e 30s entre as

series

SP >SP entre as séries. M

Chen et al.

(2013)

10 não-atletas 1x5 Salto em

Profundidade + 2x5 Salto

em Profundidade

2, 6 e 12 min SCM > 2 min comparado ao pre-teste e

aos6 e 12 min.

> 6 min comparado aos 12 min .

M

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12

Sortiropoulos

et al. (2014)

12 não-atletas 1x6 SA com 70%, 100%

e 130% da carga de

máxima potencia

mecânica.

1, 3, 5, 7 e 10 min SA > da potencia mecânica do SA

comparado a 100% e controle aos

5 min.

> da potencia mecânica com 70%

comparado ao controle aos 7 min.

M

Tobin e

Delahunt,

(2014)

20 jogadores

de Rugby

2x10 saltitos + 3x5 salto

com barreira (70cm) +

3x5 Salto em

profundidade

1, 3 e 5 min SCM >1, 3 e 5 min. M

M: masculino; F: feminino; RM: repetição máxima; MC: massa corporal; SCM: salto contra movimento; SA: salto agachado; >: aumento do desempenho; <:

diminuição do desempenho; min: minutos.

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11

3.2 POTENCIALIZAÇÃO E SLED TOWING

Para o desenvolvimento de força e potência muscular nos membros inferiores, obtendo

assim o consequente aumento da aceleração e da velocidade máxima durante corridas

curtas, diversos pesquisadores têm sugerido que os programas de treinamento de

velocidade devam incluir exercícios específicos de força, nos quais o atleta realiza o

movimento esportivo com a adição de uma carga extra (ALCARAZ et al. 2008). Nestes

exercícios o atleta pode, correr uma determinada distância arrastando um trenó com

pesos preso em sua cintura por meio de uma corda (sled towing), correr usando um

cinto com pesos ou correr com um paraquedas fixado a um colete usado pelo atleta

(ALCARAZ et al. 2008)

Os trabalhos de Spinks et al. (2007) e Clark et al. (2010) demonstraram que os treinos

físicos com o uso de trenó apresentaram melhora do desempenho em corridas curtas de

intensidades supramáximas quando comparados a treinos sem o uso deste equipamento.

A melhora normalmente encontrada neste tipo de treino se da pelo aumento da potencia

mecânica produzida pela contração muscular, assim um aumento na velocidade de

corrida pode ser alcançado através de uma boa aplicação de força sobre o solo (MORIN;

EDOUARD; SAMOZINO et al. 2011).

Cottle et al. (2014) avaliaram a força de reação do solo do pé anterior e posterior em um

passo por meio de duas plataformas de força, durante o início de uma corrida realizada

sem trenó e com o trenó com cargas correspondentes a 10 e 20% da massa corporal.

Neste estudo, foi encontrado um maior impulso com 20% de carga do que com 10%

para o pé anterior e um maior impulso com 20% de carga do que sem trenó para ambos

os pés. É possível que esse maior impulso possa ser transferido para o salto vertical

como forma de estimulo neural. Kawamori et al. (2014) investigaram a resposta da

força de reação do solo e da efetividade durante o segundo contato do pé com o solo em

uma corrida de 5 m com o trenó com carga de 10 e 30% da massa corporal. Seus

resultados demonstraram que o impulso horizontal e propulsivo foi maior quando a

corrida foi realizada com a carga de 30% do que sem carga.

Alguns trabalhos demonstraram que cargas mais elevadas também podem proporcionar

uma melhora imediata da capacidade de sprint. É o caso do trabalho de Winwood et al.

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12

(2016), que utilizou o método de sled towing como forma de atividade condicionante.

Nesse trabalho, os pesquisadores submeteram 22 atletas de rugby a corridas

supramáximas de 15 e 7,5 metros com carga de 75% e 150% da massa corporal,

respectivamente, e avaliaram se houve PPA através de sprints aos 4, 8 e 12 minutos de

recuperação. Seus achados mostram que a realização de corridas supramáximas com

carga de 75% da massa corporal no sled towing acarretou em uma diminuição

significativa do tempo de sprint de 15 metros aos 12 minutos de recuperação quando

comparada aos valores basais.

Assim, é possível que a associação de exercícios de pliometria e corridas supramáximas

com trenó de carga possa promover uma ação sinergética que leve à potencialização

pós-ativação para melhora aguda do desempenho do SCM.

4. CAPACIDADES FÍSICAS E POTENCIALIZAÇÃO

A ocorrência da PPA e sua magnitude têm sido associadas a características dos

indivíduos como: nível de aptidão física; tipo e tempo de treinamento; genética

(composição dos tipos de fibras musculares); idade e sexo (SALE, 2002; HODGSON;

DOCHERTY; ROBBINS, 2005; DOCHERTY; HODGSON, 2007; STONE et al.

2008). Porém, numa recente meta-análise feita por Wilson et al. (2013), os aspectos

idade e sexo não apresentaram tamanho de efeito significativo em relação à magnitude

da PPA. No que diz respeito ao tipo e tempo de treinamento, os resultados desse mesmo

estudo demonstraram que o nível de treinamento possui uma boa correlação para a

ocorrência da PPA.

No trabalho de Suchomel et al. (2016), os autores investigaram, por meio da avaliação

do SA, as respostas temporais da PPA em dois grupos distintos de força muscular e

submetidos a dois tipos de atividades condicionantes. Após a execução de um pequeno

aquecimento convencional, os indivíduos realizaram a atividade condicionante que

consistia em meio-agachamentos (somente a fase concêntrica) com 5x30%, 3x50%,

3x70% e 2x90% de 1 repetição máxima (RM) da força máxima concêntrica com

desaceleração (não-balístico) e sem desaceleração (balístico) no final do movimento.

Imediatamente e a cada minuto, os indivíduos realizaram dez SA com um minuto de

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13

intervalo entre eles. Os autores concluíram que os indivíduos que possuem força

muscular de duas vezes a sua massa corporal potencializam mais precocemente e

mantiveram a potencialização por mais tempo quando comparados a indivíduos que não

suportam realizar o agachamento com tal carga. Um fator limitante deste estudo, como

os próprios autores expõem, é que a amostra não foi composta por atletas e sim por

indivíduos treinados em exercícios resistidos.

Uma das possíveis explicações para isso seria o fator genético, segundo Stone et al.

2008, a ocorrência da PPA estaria ligada à predominância de fibras musculares do tipo

II. Desta forma, segundo os mesmos autores, indivíduos mais fortes, com

predominância desse tipo de fibra muscular, teriam uma recuperação maior e mais

rápida aos exercícios de força como forma de atividade condicionante e com isso,

fosforilariam mais MRCL (MAUGHAN et al. 1983; THORSTENSSON; GRIMBY;

KARLSSON,. 1976; STONE et al. 2008).

Trabalhos como Seitz, De Villarreal e Haff (2014), Terzis et al. (2009) e Stone et al.

(2008), corroboram tais afirmações, relatando relação da força muscular com o

fenômeno da PPA, sugerindo que indivíduos mais fortes desenvolveriam uma menor

fadiga ou até mesmo se recuperariam de forma mais rápida dos exercícios

condicionantes. Já Tilin e Bishop (2009) sugerem que indivíduos mais fortes teriam

uma quantidade maior de miosina de cadeia pesada e, consequentemente, uma melhor

condição de fosforilação da MRCL.

Num recente trabalho que analisou as relações entre a máxima PPA, o torque máximo

de extensão de joelho e o percentual de isoformas de miosina de cadeia pesada do tipo II

no quadríceps femural, os pesquisadores encontraram uma forte correlação (r = 0,62), (r

= 0,77) da máxima PPA voluntária e o torque máximo de extensão de joelho e o

percentual de miosina de cadeia pesada do tipo II, respectivamente (SEITZ et al. 2016).

Sobre o âmbito da aptidão física geral, nenhum estudo realmente fez essa análise de

forma direta. Os estudos disponíveis têm sido meta-análises que levaram em

consideração somente a modalidade e o tipo de treinamento (WILSON et al. 2013;

SUCHOMEL, LAMONT, MOIR et al. 2015), não tendo avaliado o nível de aptidão

física geral, bem como as demais qualidades físicas responsáveis pela formação física

do atleta.

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14

Ainda sobre a relação da aptidão física geral e a PPA, o trabalho de Hamada et al.

(2000) demonstrou ocorrência de PPA em triatletas, corredores de longa distância e

praticantes de treinamento de força em nível recreativo e sujeitos sedentários. Os

participantes foram estimulados nos músculos tríceps sural e tríceps braquial com uma

única contração voluntária isométrica máxima de dez segundos de duração. A

manifestação da PPA se deu apenas naqueles músculos que eram envolvidos em algum

tipo de treinamento, indiferente de qual seja o tipo de treinamento. Assim como os

autores esperavam, os triatletas e praticantes de treinamento resistido, que treinam tanto

os membros superiores quanto os inferiores, tiveram potencializados os extensores do

cotovelo e os flexores plantares. Por outro lado, corredores de longa distância, que

praticamente só treinam os membros inferiores, manifestaram a potencialização apenas

dos flexores plantar. Considerando que atletas de corrida de longa distância possuem

predominantemente fibras musculares de tipo I, o resultado mais esperado pelos autores

seria a piora, ou a não manifestação da potencialização ao invés de seu aumento.

Mesmo assim, eles sugerem em sua conclusão que o treinamento de resistência aeróbia

pode aumentar a PPA, uma vez que as adaptações ocorridas em função do treinamento

dessa capacidade física aumentam o conteúdo de miosina de cadeia leve “rápida” em

fibras do tipo I, podendo ampliar a capacidade de fosforilação da MRCL, o que por sua

vez tem sido relacionado com um dos prováveis mecanismos da potencialização.

Em nosso conhecimento, nenhum trabalho associou as demais capacidades físicas e a

inter-relação das mesmas na perspectiva de um “score” de aptidão física geral e a

relacionou com a ocorrência e magnitude da PPA. Nossa hipótese é que uma sessão de

saltos pliométricos e sprints com uso de sled towing como atividade condicionante pode

induzir no aumento do desempenho do SCM e que as valências físicas de capacidade

aeróbia, agilidade e potencia muscular, assim como uma menor adiposidade corporal, se

correlacionam com a manifestação e magnitude da PPA. Assim, atletas com maiores

níveis de aptidão física teriam uma correlação positiva e significativa com a ocorrência

e magnitude da PPA.

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15

5. OBJETIVOS

O presente trabalho possui dois principais objetivos:

a) Investigar os efeitos agudos da associação de exercícios de pliometria e sprints

com sled towing na manifestação da PPA através do desempenho no SCM.

b) Identificar a relação entre a resposta da PPA com o nível de aptidão física geral.

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16

6. METODOLOGIA

6.1 AMOSTRA

Participaram do estudo 24 jogadores do sexo masculino com idade entre 19 a 35 anos,

profissionais de futebol de campo do Doze Futebol Clube. Foram excluídos do estudo

atletas que estavam retornando de lesão ou diagnosticados com doenças

cardiovasculares, metabólicas e ósteo-articulares. Os procedimentos foram realizados

após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelos participantes do

estudo.

Todos os testes foram aplicados pelo período da manhã (10:30 horas), durante a

temporada regular do campeonato capixaba da 1ª Divisão. Durante todas as visitas para

aplicação de testes e coleta de dados os atletas se encontravam concentrados em um

centro de treinamento, onde foi possível controlar variáveis como prática de atividade

física do dia anterior, horário de alimentação e sono e etc. Os jogadores foram

orientados a não consumirem nenhum suplemento alimentar à base de cafeína e não

praticarem nenhuma atividade física intensa em um período de 24 horas antes da

aplicação dos testes.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição de pesquisa com humanos

(registro CAAE número 55993816.6.0000.5542).

6.2 TESTES FÍSICOS

Os testes utilizados no presente estudos fazem parte da rotina de testes aplicados aos

atletas pela comissão do time. Sendo assim, os atletas já eram familiarizados aos

procedimentos de avaliações. Os testes físicos foram divididos em 2 dias. No primeiro

dia, foram feitas as avaliações de composição corporal e da capacidade aeróbia máxima.

No segundo dia, foram feitos os testes de potência muscular e agilidade. As sessões que

incluíram a analise da PPA ocorreram em um intervalo de 72 horas após os testes

físicos. Para tal, os seguintes protocolos foram utilizados:

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a. Composição Corporal: após a aferição da massa corporal em uma balança

(PLENNA®, São Paulo, Brasil), o método de dobras cutâneas foi o escolhido

para aferição do percentual de gordura corporal (%G). Com a utilização de um

compasso de dobras cutâneas (SANNY®, São Paulo, Brasil) foram medidas as

seguintes dobras: tríceps, subescapular, supra-ilíaca e tríceps sural, de acordo

com os procedimentos propostos por Costa (2001). O protocolo utilizado para

cálculo da densidade corporal foi o de Whiters et al. (1987), seguido pelo

protocolo de Siri (1961) para calculo do %G.

b. Potência Muscular: o SA foi escolhido para mensurar a potência muscular. No

SA, as mãos ficaram fixadas no quadril e os joelhos flexionados, sem

adiantamento excessivo do tronco conforme descrito por Linthorne (2001). Para

a realização dos testes de salto foi utilizado um plataforma de contato (CEFISE,

São Paulo, Brasil) e software Jump Test (CEFISE, São Paulo, Brasil), que

calculou a altura do salto através de um cronômetro digital, capaz de calcular o

tempo de voo do salto com uma precisão de 0,001 segundo. O valor do salto

adotado foi a média das duas tentativas.

c. Agilidade: para avaliação da agilidade foi utilizado o Teste – T. Conforme

descrito por Pauole et al. (2000), os atletas devem realizar uma corrida frontal de

9,14 metros, um deslocamento lateral de 4,57 metros para direita ou esquerda,

outro deslocamento lateral de 9,14 metros para o lado contrário, mais um

deslocamento lateral (4,57 metros) em retorno ao centro, finalizando em uma

corrida de costas de 9,14 metros até a linha de partida. Para a mensuração do

tempo foi utilizado o sistema de fotocélulas Speed Test (CEFISE, São Paulo,

Brasil). O tempo selecionado foi o menor após três tentativas. Abaixo uma

esquematização do teste (Figura 4).

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Figura 4 - Teste T.

Fonte: Paoule et al. (2000)

d. Capacidade Aeróbia: Para medição da máxima capacidade aeróbia foi aplicado

o Yo-Yo Intermittent Recovery Test nível 1 (YYIR1), proposto por Krustup

(2003). O teste consiste de corridas de 40 metros, ida e volta (20 + 20 metros),

com incrementos de velocidade controlados pelos sinais sonoros. Entre cada

corrida de ida e volta, os sujeitos realizam 10 segundos de recuperação ativa

consistindo em 10 metros de trote (5 + 5 metros). O VO2máx foi calculado através

da fórmula:

VO2máx (ml/min/kg) = distância x 0,0084 + 36,4

Na fórmula, distância é o total percorrido em metros, sendo o final do teste

determinado quando o atleta falhar por duas vezes na tentativa de alcançar a

linha de chegada ao tempo determinado pelo estímulo sonoro ou desistência

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própria. Para a determinação da distância percorrida foi considerada a distância

anterior à última tentativa de falha em alcançar a marcação. O teste foi realizado

no campo de jogos com linhas demarcadas por cones com uma distância de 20

metros. Outro cone foi colocado 5 metros atrás da linha de chegada para

delimitação da área de recuperação ativa do atleta.

6.3 PROCEDIMENTOS DA SESSÃO DA POTENCIALIZAÇÃO PÓS-ATIVAÇÃO

Na sessão em que a PPA foi avaliada, o SCM foi utilizado como indicador do

desempenho neuromuscular. Para isso, todos os atletas realizaram 5 minutos de jogging

como aquecimento e após 1 minuto realizaram 2 SCM na plataforma de contato, como

medida basal do desempenho. Após a medida basal, os atletas retornaram ao campo

onde foram submetidos às atividades condicionantes que consistiram em 2 séries de 15

repetições de saltitos (Figura 5), 3 séries de 5 saltos reativos sobre barreira de 50 cm

(Figura 6) e 3 séries de 20 metros de sprints com sled towing com carga de

aproximadamente 15% da massa corporal (Figura 7). O intervalo entre as séries de

todos os exercícios condicionantes foi de 1 minuto. Após o término da atividade

condicionante os atletas realizaram mais 2 repetições do SCM na plataforma de contato

(Figura 8) com 1 (T1), 3 (T3) e 5 (T5) minutos de recuperação em relação aos

exercícios condicionantes. Este protocolo de avaliação do desempenho após indução da

PAP foi usado anteriormente por Tobin e Delahunt (2014).

Figura 5 – Atividade condicionante de saltitos (ankle hops).

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Figura 6 – Atividade condicionante de saltos reativos.

Figura 7 – Atividade condicionante de sprint com sled towing.

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Figura 8 – Salto contra movimento na plataforma de contato.

6.4 DETERMINAÇÃO DO SCORE DE APTIDÃO FÍSICA GERAL

Para uma análise de aptidão física geral, foi utilizado o STEN (Standard Ten) Score,

que indica a posição aproximada de um indivíduo no que se refere ao conjunto de

valores e, portanto, a outras pessoas daquela amostra. As pontuações STEN individuais

são definidas por referência a uma distribuição normal e utiliza a seguinte fórmula

(McGUIGAN, 2014):

STEN=[(Valor individual-Media)/Desvio Padrão] x 2 + 5,5

Assim, cada aptidão física avaliada forneceu um valor de 1 a 10 representando a

pontuação individual naquela capacidade física e, ao final, proporcionou uma média de

aptidão física geral que consistiu na média das pontuações STEN dos quatros aspectos

avaliados como determinantes da aptidão física geral.

A partir do valor de cada aptidão física na escala do STEN Score, o valor médio foi

calculado. Utilizando este Score médio, o Percentil 50 (P50) foi calculado para separar a

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amostra entre dois grupos: os de maior aptidão (acima do P50) e menor aptidão (abaixo

do P50).

6.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados estão apresentados como média ± desvio-padrão (DP). Os dados foram

analisados quanto à normalidade (distribuição gaussiana) por meio do teste de Shapiro-

Wilk. Uma vez que os dados apresentaram p > 0,05 no teste de normalidade. Sendo

assim, analises paramétricas foram utilizadas. A análise de variância (ANOVA) de uma

via de medidas repetidas foi utilizada para avaliar as diferenças no desempenho do SCM

em quatro momentos: antes da atividade condicionante (basal) e 1, 3 e 5 minutos

durante a recuperação. Quanto às diferenças entre os grupos de maior e menor aptidão

foram comparadas a ANOVA de 2 vias de medidas repetidas para o fator tempo (salto)

foi utilizada. O pós-teste de Bonferroni foi aplicado para comparações múltiplas em

ambos os casos. Para verificar se houve correlação entre as pontuações do STEN Score

e amplitude da PPA foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson (r). O valor de

p < 0,05 foi considerado como nível de significância estatística. Para todas as análises,

foi utilizado o programa estatístico GraphPad Prism v.6.0.

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23

7. RESULTADOS

A Tabela 2 apresenta os resultados descritivos dos testes e avaliações físicas e a idade

da amostra. Na Tabela 3, apresentam-se os valores da altura no desempenho do SCM.

Foram encontradas diferenças significativas para o desempenho do salto após 1, 3 e 5

minutos da atividade condicionante em relação ao valor basal, confirmando a ocorrência

da PPA por todo período de recuperação analisado.

Tabela 2 – Valores médios e desvio padrão para idade, percentual de gordura, VO2máx, potência muscular

e agilidade

Idade

(anos)

% de

gordura

VO2máx

(ml/kg/min)

Salto agachado

(cm)

Agilidade

(segundos)

Média 23,0 12,9 51,8 37,6 10,1

Desvio Padrão 3,6 2,5 3,3 4,6 0,3

Tabela 3 – Valores médios e desvio padrão para o desempenho do salto contra movimento e percentual

da potencialização pós-ativação.

Basal Após 1 minuto Após 3 minutos Após 5 minutos

Altura do Salto (cm) 42,2± 3,8 43,8± 4.4,3† 44,4± 4,7† 44,6± 4,8†

Aumento em relação

ao basal (%) - 3,79 5,21 5,68

† Diferenças significativas em relação ao valor basal (p < 0,05).

Foi encontrada uma correlação positiva significativa entre o VO2máx e o desempenho do

SCM no quinto minuto (r = 0,61), e uma correlação significativa do desempenho do

SCM no quinto minuto com o Teste-T, porém negativa (r = -0,68). Esses resultados

estão apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 – Valores da correlação de Pearson para os valores médios das valências físicas e desempenho

do salto contra movimento após atividade condicionante.

VO2máx

Teste T Salto Agachado % de Gordura

Pearson 0,61 -0,68 0,39 -0,37

Valor de p 0,001 0,001 0,056 0,071

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Os valores individuais do STEN Score para as variáveis avaliadas e a divisão da

amostra pelo Percentil 50 estão apresentados na Tabela 5.

Tabela 5 – Valores individuais do STEN Score.

VO2max Teste T Salto

Agachado

% de

Gordura Média do STEN

Acima do P50

Jogador 1 6,37 8,36 10,00 6,69 7,854

Jogador 2 7,18 9,03 6,07 7,92 7,551

Jogador 3 9,82 5,59 5,33 7,83 7,142

Jogador 4 7,58 7,53 7,34 4,79 6,810

Jogador 5 8,20 6,71 5,94 5,64 6,621

Jogador 6 5,58 5,83 8,00 5,89 6,324

Jogador 7 4,91 5,90 6,86 7,17 6,211

Jogador 8 6,13 8,29 4,02 6,21 6,160

Jogador 9 5,52 4,33 4,37 10,00 6,054

Jogador 10 7,15 3,95 5,68 6,93 5,928

Jogador 11 5,76 6,32 3,71 7,33 5,780

Jogador 12 5,35 7,15 5,94 3,66 5,533

Abaixo do P50

Jogador 13 3,89 5,57 8,35 4,33 5,527

Jogador 14 7,18 6,06 5,15 3,16 5,386

Jogador 15 4,73 6,22 7,04 3,31 5,324

Jogador 16 4,85 5,45 6,29 4,57 5,292

Jogador 17 5,52 5,39 2,79 7,30 5,249

Jogador 18 5,22 3,94 6,90 4,34 5,100

Jogador 19 5,14 3,05 3,80 7,55 4,886

Jogador 20 4,55 6,07 4,93 2,99 4,638

Jogador 21 5,52 5,30 3,58 3,66 4,515

Jogador 22 3,89 3,00 4,37 3,86 3,776

Jogador 23 2,31 2,61 4,23 2,59 2,939

Jogador 24 1,00 1,00 1,04 4,06 1,774

A Tabela 6 apresenta os resultados da correlação de Pearson para o valor médio do

STEN Score calculado entre os valores individuais de cada valência física e o valor de

delta (altura do SA após a indução da PPA menos a altura do salto na condição pré-

PPA) do desempenho no salto vertical. Foi encontrada uma correlação positiva e

significativa no quinto minuto após a realização da atividade condicionante.

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Tabela 6 – Valor da correlação de Pearson para os valores médios do STEN Score e o

desempenho do salto contra movimento após atividade condicionante.

T1 T3 T5

Pearson 0,38 0,37 0,71

Valor de p 0,07 0,07 0,001

Como apresentado na Tabela 7, a atividade condicionante promoveu aumento

significativo da altura do SV tanto no grupo de maior aptidão quanto no de menor

aptidão. Além disso, a ANOVA de duas vias indicou efeito principal para o fator tempo

(salto; p < 0,0001) e para o fator aptidão (p = 0,039), além de uma interação

significativa (p = 0,023). No grupo de maior condicionamento físico a altura do salto foi

significativamente maior que a condição basal já a partir do primeiro minuto, enquanto

que o grupo de menor condicionamento só obteve a ocorrência da PPA a partir do

terceiro minuto.

Tabela 7 – Valores médios e desvio padrão para o desempenho do salto contra movimento dos grupos

maior aptidão e menor aptidão.

Percentil 50 Basal Após 1 minuto Após 3 minutos Após 5 minutos

Acima P50 (cm) 43,5± 3,6 45,6± 3,7† 46,4± 4,4† 46,5± 4,3†

Abaixo P50 (cm) 41,0± 3,6 41,9± 4,0 42,5± 4,3† 42,7± 4,6†

† Diferenças significativas em relação ao valor basal (p < 0,05). Efeito principal para o fator tempo: p <

0,0001. Efeito principal para o fator aptidão: p = 0,047. Interação: p = 0,062.

Quando analisado pelo delta (diferença na altura do salto em relação à condição basal),

a ANOVA de duas vias indicou significância para efeito principal para os fatores tempo

(p < 0,0001) e aptidão (p = 0,039). Além disso, o pós-teste de Bonferroni indicou

diferença significativa (p < 0,05) entre os grupos com maior e menor aptidão em todos

os momentos após a indução da PPA (Figura 9).

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S

alt

o v

erti

ca

l (

cm

)

1 m in 3 m in 5 m in

0

1

2

3

4

5

A b a ix o P 5 0

A c im a P 5 0

*

* *

Figura 9: Delta do valor do salto vertical após a atividade condicionante nos indivíduos com maior

aptidão (acima do Percentil 50) e menor aptidão (abaixo do Percentil 50). Dados expressos com média ±

desvio padrão. *p < 0,05 acima P50 vs abaixo P50.

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27

8. DISCUSSÃO

Um dos principais achados do presente estudo foi que uma sessão de exercícios

pliométricos associada a repetidas corridas com o uso de sled towing resultou no

aumento agudo do desempenho do salto vertical em jogadores profissionais de futebol

de campo. A altura do SCM aumentou em 3,79%, 5,21% e 5,68% em 1, 3 e 5 minutos

após os exercícios condicionantes de saltitos (ankle hops), saltos reativos e sprints com

sled towing com aproximadamente 15% da massa corporal. Esses resultados foram

similares aos encontrados por Tobin e Delahunt (2014), que estudaram jogadores

profissionais de rugby usando somente exercícios de pliometria para induzir a PPA.

Nesta investigação, a altura do SCM aumentou em 4,8%, 3,9% e 3,5% em 1, 3 e 5

minutos respectivamente.

Outros estudos que utilizaram saltos como forma de atividade condicionante

(BURKETT et al. 2005; DE VILLAREAL; GONZALES-BADILLO; IZQUIERDO,

2007; CHATTONG et al. 2010) também encontraram melhora no desempenho do SCM.

De Villareal; Gonzales-Badillo e Izquierdo (2007) analisaram varias formas de warm-up

em jogadores de vôlei. Essas atividades foram realizadas em dias diferentes e

consistiram em saltos com sobrecarga, repetições de agachamentos com diferentes

cargas submáximas, saltos em profundidade (drop jumps) ou exercícios específicos

padrões para o aquecimento de jogadores de vôlei (ankle hops, split squat jump,

standing long and reach e rim jump). A atividade que resultou em melhor desempenho

no SCM (6,96%) após 5 minutos de recuperação foram os exercícios específicos

padrões do vôlei. Alguns dos exercícios condicionantes descritos acima como sendo de

uma sessão de aquecimento específico para vôlei são semelhantes às que utilizamos

como atividades condicionantes de pliometria, porém, no presente trabalho, foram

associadas a sprints com sled towing.

Na recente meta-analise feita por Seitz e Haff (2016), o autores analisaram diferentes

formas de atividades condicionantes em relação a ocorrência da PPA, o uso de

exercícios pliométricos apresentou maior tamanho de efeito (0,47) quando comparado

ao treinamento resistido tradicional de alta intensidade (0,41) e de intensidade moderada

(0,19). Assim, a utilização de exercícios pliométricos como atividade condicionante

parece ser uma boa opção para manifestação da PPA.

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28

Outro resultado importante deste estudo foi a respeito do tempo de recuperação. Nossos

resultados demonstraram a ocorrência da PPA no primeiro minuto e foram diferentes

dos trabalhos que utilizaram exercícios resistidos com médias ou altas cargas e baixo

número de repetições como atividade condicionante. No trabalho de Naclerio et al.

(2014), que utilizou jogadores de futebol americano e beisebol, houve redução do

desempenho do SCM imediatamente à atividade condicionante. A potencialização

ocorreu apenas após 4 minutos. De forma similar, Crewther et al. (2011) encontraram

melhora da performance também a partir do quarto minuto. É sugerido que, dependendo

das características da atividade condicionante utilizada, os efeitos da fadiga ainda

estejam presentes imediatamente após a realização da atividade condicionante, não

sendo possível a manifestação da PPA (RASSIER; MACINTOSH, 2000).

Batista et al. (2007) dão suporte a essa sugestão. Em seu trabalho, os participantes

realizaram como atividade condicionante uma série de dez extensões unilaterais de

joelho no aparelho isocinético, com velocidade de 60º/s e intervalo de 30 segundos entre

as contrações. Para verificar o efeito da PPA sobre o desempenho, o torque de extensão

do joelho foi avaliado a cada 2 minutos do 4º ao 12º minuto. Verificou-se que o torque

muscular teve um aumento progressivo de 1,3 N/m, a cada repetição, ao longo da série

de dez extensões do joelho. Além disso, o torque permaneceu aumentado por doze

minutos após a realização da última extensão. Deve-se atentar pelo fato que as

contrações musculares condicionantes apresentaram duração de apenas 1,5 s (60º /s por

uma amplitude de 90º), o que fez com que os mecanismos responsáveis pela

potencialização fossem ativados em maior proporção que os mecanismos responsáveis

pela fadiga. Os autores sugerem que os protocolos da atividade condicionante sejam de

característica intermitente, isso poderia ser uma boa estratégia para induzir a PPA sem

ocasionarem fadiga.

A utilização de saltos pliométricos e sprints com sled towing como forma de warm-up

pode ser benéfica devida à curta duração da tensão e estresse muscular durante sua

execução e ao moderado volume de treinos necessários para adaptações

neuromusculares. De Villarreal et al. (2008) encontraram melhoras na potência, força

máxima e velocidade de sprint após sete semanas de treinamento pliométrico com uma

frequência de treinos duas vezes por semana e com uma media de 840 saltos semanais.

A utilização de sled towing em corridas curtas supramáximas num programa de oito

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29

semanas com 9 a 14 tiros de 5, 10 e 15 metros semanais foram suficientes para melhoras

no tempo de sprint de 5 e 10 metros (KAWAMORI et al. 2014).

Nosso trabalho foi o primeiro a utilizar saltos pliométricos associados a corridas curtas

com trenó de carga na indução da PPA para salto vertical. O provável mecanismo seria

os estímulos para melhora da aceleração inicial e força gerada na impulsão ao solo que

antecede o salto vertical. Os estudos de Cottle et al. (2014) e Kawamori et al. (2014),

corroboram tal hipótese, uma vez que relatam melhora do impulso inicial e a força de

reação do solo em corridas com o uso de sled towing encontraram uma melhora do

impulso inicial e propulsivo quando a comparada a condição sem trenó.

Os mecanismos fisiológicos sob a potencialização com exercícios resistidos e

pliométricos parecem ser semelhantes (TILLIN; BISHOP, 2009). O aumento do

desempenho muscular após atividade condicionante é relacionado normalmente com a

fosforilação da MRCL e o aumento do recrutamento de unidades motoras (RASSIER;

MACINTOSH, 2000; TILLIN; BISHOP, 2009). Algumas adaptações já observadas ao

TP envolvem mecanismos neurais como o aumento da transmissão da tensão muscular e

acúmulo de energia elástica, reduzindo a dissipação de energia pelo tendão (FOURE;

NORDEZ; CORNU, 2010). É possível que essas respostas possam ocasionar em

alterações de forma aguda na musculatura favorecendo a PPA.

Outro possível mecanismo fisiológico para a ocorrência da potencialização é a

diminuição do ângulo de penação (de 16 para 14,4 graus) observado após 3 a 6 minutos

de uma contração voluntária máxima (MAHLFELD; FRANKE; AWISZUS, 2004). Este

menor ângulo de penação favorece a transmissão de força para os tendões, e a

modificação aguda da arquitetura muscular aperfeiçoaria os eventos subsequentes de

força e potência muscular. Cabe ressaltar que no trabalho de Earp et al. 2010, o ângulo

de penação do gastrocnemio lateral foi o melhor preditor de desempenho nos 3 tipos de

saltos analisados na pesquisa, assim por nossa amostra se tratar de indivíduos treinados

em pliometria nos permite afirmar que essas alterações na arquitetura muscular

ocasionadas pela atividade condicionante de saltos podem ter contribuído para a

ocorrência da PPA. Entretanto, maiores pesquisas são necessárias para melhor afirmar

os efeitos agudos do estímulo pliométrico na unidade músculo-tendão e sua

contribuição ao aumento do desempenho muscular quando utilizado como atividade

condicionante.

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30

Outro resultado deste trabalho foi a alta correlação positiva do nível de

condicionamento físico com a potencialização (r = 0,71). Apesar de diversos trabalhos

comumente correlacionarem o nível de força com a potencialização, eles não

consideraram as outras qualidades físicas que associadas a uma composição corporal

ideal compõem a formação atlética e que segundo nossos resultados, tem influência na

ocorrência e magnitude da PPA.

Os aspectos do nível de treinamento sobre a PPA já foram citados por Wilson et al.

(2013). Em sua meta-análise o tamanho de efeito para ocorrência da PPA após atividade

condicionante foi de 0,89, 0,29 e 0,14 para atletas, indivíduos treinados e destreinados,

respectivamente, sugerindo que aqueles com melhor condicionamento respondem de

forma mais acentuada aos protocolos de indução da PPA. O mesmo pode ser visto no

tempo de recuperação, que indica, em geral, que o intervalo de recuperação entre 7-10

minutos traria melhores benefícios do que entre 3-7 minutos. Entretanto, quando o grau

de treinamento é considerado, os melhores resultados observados ocorreram entre 3-7

minutos em indivíduos mais treinados.

De fato, já foi citado na literatura que indivíduos treinados e atletas potencializariam

mais que indivíduos destreinados devido ao maior nível de força e maior atividade da

fosforilação da MRCL (SALE, 2002; HAMADA et al. 2000; TILIN; BISHOP, 2009;

WILSON et al. 2013; SUCHOMEL et al. 2016). Em seu estudo que teve como principal

objetivo verificar o tempo ótimo de recuperação para a ocorrência da PPA após 3

repetições máximas no agachamento e no supino, Kilduff et al. (2007) encontraram

correlação moderada (r = 0,63) entre o valor de 1RM e SCM após atividade

condicionante em jogadores de rugby profissionais.

Apesar do nível de força muscular ser uma característica fundamental para a PPA, em

diversas modalidades esportivas, como já mencionado anteriormente, ela é manifestada

na forma de potência ou força explosiva, uma vez que os movimentos realizados exigem

muita velocidade e a carga a ser vencida não é a máxima. Já é conhecida a forte

correlação entre a força máxima e a taxa de desenvolvimento de força (TDF) (MOSS et

al. 1997; MCLELLAN; LOVELL; GASS, 2011). A habilidade de gerar o máximo de

força é limitada pelo tempo de contração muscular do gesto esportivo em questão.

Apesar de não termos encontrado uma correlação significativa (p = 0,056), nossos

resultados entre o SA e PPA apresentaram uma correlação positiva moderada. O que de

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31

certa forma corrobora com vários trabalhos que analisaram a importância da força

muscular na potencialização (STONE et al. 2008; TILIN; BISHOP, 2009; SUCHOMEL

et al. 2016).

Nosso trabalho encontrou valores de coeficiente de correlação de r = 0,61 e r = 0,69

para VO2máx e agilidade respectivamente, em relação a PPA. Isso demonstra que a

capacidade aeróbia e a agilidade também são importantes capacidades físicas para a

ocorrência da potencialização.

O aumento da capacidade aeróbia é frequentemente relacionado à resistência à fadiga

após exercícios de alta intensidade, uma vez que a ressíntese de ATP após um exercício

máximo de curta duração é feita predominantemente pelo sistema anaeróbio. Porém,

quando esse exercício é feito de forma intermitente, tem sido sugerido ocorrer um

aumento na contribuição do sistema aeróbio na ressíntese de ATP (TABATA et al.

1997). No clássico estudo de Hamilton et al (1991), ao compararem 2 grupos com

valores de VO2máx diferentes num protocolo de sprints de 6 segundos em esteira,

observaram que o grupo que apresentava maiores valores de VO2máx consumiram mais

oxigênio durante os intervalos e tiveram um percentual menor de decréscimo a partir do

décimo sprint. Resultados similares foram encontrados no estudo de Franchini et al.

(1999), onde um grupo de judocas também separados em dois grupos de acordo com o

valor do VO2máx, realizaram quatro testes de Wingate intermitentes para membros

superiores com intervalos de 3 minutos. Os autores concluíram que os atletas de maior

aptidão aeróbia obtiveram uma tendência à maior potência média nos testes dois e três,

indicando uma possível relação da aptidão aeróbia na velocidade da recuperação e

resistência à fadiga.

Visto que a capacidade aeróbia tem relação com uma maior resistência à fadiga e que no

presente estudo o protocolo da atividade condicionante consistiu em exercícios de alta

intensidade (exercícios pliométricos e sprints com sled towing) realizados de maneira

intermitente, podemos inferir que a recuperação proporcionada por uma maior condição

da capacidade aeróbia máxima pode ser um fator importante para que a potencialização

se sobressaia sobre a fadiga.

Tendo em vista que a PPA tem como principal objetivo a melhora do desempenho

neuromuscular em exercícios que exigem potência e/ou força explosiva, é de

fundamental importância que os atletas se beneficiem desta estratégia legal de aumento

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de performance e possam ter um bom condicionamento físico em todas as capacidades

físicas. Isso fica evidente com o valor da correlação entre o STEN Score de aptidão

física geral e PPA encontrado neste trabalho (r = 0,71). Desconhecemos na literatura

especializada outros trabalhos que correlacionaram o nível de aptidão física geral e a

potencialização.

Quando os atletas foram divididos em grupos de acordo com a aptidão física e foi

levado em consideração o delta da PPA no SCM, o grupo de maior aptidão (acima do

P50) teve uma potencialização maior, mais precoce e duradoura que o grupo de menor

aptidão (abaixo do P50). Como já foi defendido por Stone et al. (2008); Terzis et al.

(2009), e Seitz, De Villarreal e Haff (2014), que avaliaram grupos com níveis de força

muscular diferentes, acreditamos que uma maior aptidão física geral ocasionaria uma

menor fadiga durante a realização da atividade condicionante e uma recuperação mais

rápida após a mesma.

Sobre sua aplicação prática, nosso trabalho tem importante papel para treinadores,

preparadores físicos e atletas, pois os exercícios de aquecimento vêm sido realizados

tradicionalmente antes de qualquer atividade física, muitas vezes sem um protocolo

padrão de volume e intensidade. Nossos resultados sugerem um modelo de aquecimento

de curta duração e de fácil aplicabilidade, capaz de melhorar as atividades subsequentes

que envolvem potência, velocidade e força rápida. Além disso, a PPA, manifestada no

nosso modelo de warm-up, tem sido sugerida como uma possível estratégia a ser usada

em intervalos de jogos nas rotinas de reaquecimento, visando melhoria de desempenho

nos estágios iniciais do segundo período de jogo (RUSSEL et al, 2015). Em adição,

pesquisas têm demonstrado que o desempenho parece ser afetado de forma negativa nos

primeiros 15 minutos do segundo tempo, de modo que estratégias de reaquecimento

adequadas poderiam contrapor tais efeitos deletérios (WESTON et al, 2011).

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33

9. CONCLUSÃO

Levando-se em consideração os dados apresentados e discutidos acima, concluiu-se que

uma única sessão de exercícios de pliometria em conjunto com sprints com sled towing

foi capaz de melhorar o desempenho no salto vertical, e o nível de aptidão física do

atleta tem influência direta na resposta da PPA, principalmente quando correlacionada

às capacidades físicas de potência aeróbia e agilidade. Atletas com uma maior aptidão

física seriam capazes de se recuperar mais rápido e/ou terem uma menor fadiga ao

realizar as atividades condicionantes. Nossos dados ainda são pioneiros neste aspecto e

estudos adicionais poderão elucidar melhor essa questão.

Em suma, este trabalho demonstrou que uma sessão de saltos e corridas com o uso de

treno com carga, podem ser meios efetivos em promover melhoria do desempenho no

salto vertical, especialmente nos indivíduos com maiores níveis de condicionamento

físico.

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