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Matrizes teóricas do
pensamento jurídico
Do positivismo ao pós-positivismo
Curso de Especialização – IDDE
Prof. Dr. Felipe Magalhães Bambirra
www.felipebambirra.com.br
O positivismo jurídico
Origens
◦ Antiguidade
◦ Modernidade
Vertentes e modelos modernos
◦ A matriz francesa
◦ A matriz inglesa
◦ A matriz alemã
Estado e Positivismo Moderno:
transformações estruturais Quanto à posição da norma no sistema;
Quanto ao modo de confecção normativa;
Quanto à aplicação da lei – soluções a priori;
= Direito local, mutável, volitivo, “objetivo”.
A Escola da Exegese
Motivos
◦ Desconectar o direito do passado histórico;
Fragmentariedade do direito
Fundamentos
◦ Codificação, Parlamento, Jusnaturalismo
◦ Direito = lei escrita = unidade e totalidade do
Direito;
A Escola da Exegese
Interpretação, argumentação e decisão
jurídica
◦ Proibição da interpretação;
◦ Dedução lógica;
◦ Recurso a voluntas legislatoris.
= Segurança formal + simplicidade
cognitiva Vs. Insegurança material +
complexidade silenciada
Escola Histórica do Direito
Motivos
◦ Crítica ao racionalismo iluminista
◦ Necessidade de compreensão histórica e
cultural do Direito (costumes)
Fundamentos
◦ Necessidade científica de compreensão do
Direito;
◦ Crítica à “vontade” do legislador;
◦ História como magistra vitae (Savigny);
Escola Histórica do Direito
Interpretação, argumentação e decisão
◦ Principal fonte do Direito: costumes =
abertura interpretativa;
◦ “Ajuste” entre texto da lei e textos históricos
(jurídicos)
◦ Interpretação gramatical, lógica, histórica e
sistemática;
◦ A questão da interpretação teleológica;
◦ O uso do Volksgeist como abertura
interpretativa.
O Movimento do Direito Livre
Motivos
◦ Rebalanceamento entre os vetores segurança jurídica formal/material, e abertura cognitiva à complexidade.
◦ A decisão jurídica cria direito;
◦ “Decido conforme a minha consciência”.
Fundamentos
◦ Crítica a: a) exclusividade da lei escrita; b) plenitude lógica do sistema (lacunas); c) racionalidade formal e abstrata.
◦ O problema da justiça do direito.
O Movimento do Direito Livre
Interpretação, argumentação de decisão
jurídica
◦ Lei como mera referência interpretativa;
◦ Decisão extra legem, ultra legem e contra legem;
◦ O problema da argumentação jurídica.
A Jurisprudência dos Interesses
Motivos ◦ Superação da Begriffsjurisprudenz, por meio da
“jurisprudência dos interesses”;
◦ Confluência e superação das demais Escolas;
◦ Utilitarismo social (Bentham);
Fundamentos ◦ Intenção finalista do direito, fundamentada e
argumentada
◦ Reconhecimento da insuperabilidade das lacunas
◦ Decisão como centro das preocupações e objeto da Ciência jurídica;
◦ Segurança jurídica formal e material.
A Jurisprudência dos Interesses
Interpretação, argumentação e decisão
jurídica
◦ Escolha de interesses no plano legislativo e
judicial;
◦ Interesses fáticos e interesses jurídicos –
“método da inversão”;
◦ Ponderação de interesses.
Apogeu e superação do paradigma
positivista Hans Kelsen
◦ A Teoria Pura do Direito – pureza metodológica?
◦ A decisão como ato de vontade e o problema da interpretação;
◦ A norma fundamental;
◦ A questão da hierarquia normativa hoje;
Thomas Kuhn;
A virada hermenêutica;
Superação da dicotomia juspositivismo x jusnaturalismo?
Pós-Positivismo Jurídico
Pós-Positivismo, neopositivismo e
neoconstitucionalismo
Definição de Barroso:
“O pós-positivismo busca ir além da legalidade
estrita, mas não despreza o direito posto; procura
empreender uma leitura moral do Direito, mas sem
recorrer a categorias metafísicas. A interpretação e
aplicação do ordenamento jurídico hão de ser
inspiradas por uma teoria de justiça, mas não podem
comportar voluntarismos ou personalismos,
sobretudo os judiciais”. (BARROSO, Neoconstitucionalismo e constitucionalização do Direito: o triunfo
tardio do direito constitucional no Brasil., Boletim de Direito Administrativo, São Paulo,
ano 23, n. 1, jan. 2007, p. 22)
As normas jurídicas: regras e
princípios Dworkin e Alexy
Distinção de Canotilho:
◦ a) Grau de abstração
◦ b) Grau de determinabilidade
◦ c) Caráter de fundamentabilidade
◦ d) Proximidade da “idéia de Direito”
◦ e) Natureza normogenética
Ronald Dworkin
Motivos
◦ Críticas ao positivismo
◦ Preocupação prática (hermenêutica) com o
direito
Crítica ao procedimentalismo discursivo
A armadilha semântica do positivismo
jurídico
Resposta certa do Direito e o Juiz
Hércules
Ronald Dworkin
Regras, princípios e policies (políticas
públicas);
Regra: tudo ou nada; princípios: peso!
A interpretação construtiva do Direito;
Direito como Integridade e a Coerência;
Ronald Dworkin
Etapas do juiz Hércules:
◦ 1º: “selecionar diversas hipóteses para a
melhor interpretação dos casos precedentes”;
◦ 2º: “verificar cada hipótese dessa breve lista
perguntando se os juizes dos casos
precedentes poderiam ter dado aqueles
vereditos se estivessem, coerente e
conscientemente, aplicando os princípios
subjacentes a cada interpretação”
Ronald Dworkin
◦ 3º: “perguntar (...) se alguma das três
hipóteses [selecionadas na fase anterior]
devem ser excluídas por incompatibilidade
com a totalidade da prática jurídica mais
geral”;
◦ 4º: Verificar a decisão como parte de uma
teoria geral coerente com a própria “rede de
estruturas e decisões políticas da
comunidade”
Jürgen Habermas
Substituição da razão prática pela razão comunicativa:
◦ Linguistic turn;
◦ Passagem do subjetivismo solipcista para o intersubjetivismo procedimentalista, a partir de três eixos: a) verdade (mundo objetivo); b) correção normativa (mundo social); e c) sinceridade (subjetividade);
◦ Tradição analítica (Wittgenstein) e hermenêutica (Heidegger):pragmática formal universal.
Jürgen Habermas
Cooriginalidade entre direito e moral;
Ação estratégica e ação comunicativa;
Teoria do discurso:
◦ Princípios da universalização (U); e
◦ Ética do discurso (D);
◦ Condições ideais do discurso;
◦ Publicidade e inclusão, direitos comunicativos
iguais, exclusão de enganos e ilusões, não-
coação.
Jürgen Habermas
Conceitos centrais da Teoria da Ação
Comunicativa
◦ 1) Mundo da vida: “Desde a perspectiva conceitual da ação orientada ao
entendimento, a racionalização aparece, antes de tudo, como uma
reestruturação do MV, como um processo que atua sobre a
comunicação cotidiana através da diferenciação do sistema de
saber, afetando assim as formas de reprodução cultural, interação
social e socialização” (HABERMAS, Teoria da Ação Comunicativa, p.
435).
Jürgen Habermas ◦ II) Ação comunicativa: conceito complementar
de mundo da vida – veiculam pretensão de
validez suscetível de crítica e que colocam o
Mundo da Vida a prova: “todos os participantes perseguem sem reservas fins ilocucionários
com o propósito de chegar a um acordo que sirva de base a uma
coordenação combinada dos planos de ação individuais”
◦ III) Ação estratégica: Ação tendo em vista
meios e fins: “A ação teleológica se amplia e se converte em ação estratégica
quando no cálculo que o agente faz de seu êxito intervém a
expectativa das decisões de, pelo menos, um outro agente que
também atua visando a realização de seus próprios objetivos”
Jürgen Habermas
O modelo processual é discursivo? 4 críticas à teoria discursiva:
◦ No processo não há diálogo (Neumann), apenas o juiz apresenta argumentos.
◦ Indeterminação do processo como insuficiência para se chegar à resposta correta.
◦ Haveria aproximação entre a correção moral e a jurídica?
◦ Discurso de fundamentação vs aplicação (Günther)
Jürgen Habermas
Discursos de justificação e discursos de
aplicação (Günther):
◦ Definição completa da situação concreta;
◦ Relacionamento da situação concreta definida
com todas as possíveis normais aplicáveis;
◦ Seleção da norma adequada à situação
concreta definida;
◦ Análise da coerência entre a norma
selecionada e todas as demais preteridas.
A crítica de Streck.
Jürgen Habermas
Impacto na doutrina brasileira:
◦ Marcelo Cattoni (Teoria da Constituição)
◦ Bernardo Gonçalves (Direito Constitucional)
Robert Alexy
Motivos:
◦ Superação do formalismo kelseniano;
◦ Consideração do pensamento de G. Radbruch;
◦ Necessidade de elaboração de uma teoria da
argumentação jurídica;
◦ Soluções para colisão de normas no nascente
neoconstitucionalismo;
Reintrodução dos valores e princípios no
Direito por meio da argumentação;
Distinção entre casos fáceis e difíceis;
Robert Alexy
Discursos práticos e discursos teóricos;
Adoção do procedimentalismo em
detrimento do substancialismo;
Justificação interna Vs externa;
Robert Alexy Integração: formas e regras de
argumentação: ◦ Forma: a) semântica;
b) genética;
c) histórica;
d) comparativa;
e) sistemática;
f) teleológica
◦ Regras: a) saturação;
b); função;
c) organização hierárquica (semântica e genética Vs teleológica);
Robert Alexy
Regras vs Princípios: princípios como mandados de otimização, regras são determinações.
Proporcionalidade e regras de ponderação:
◦ Adequação: referência empírica a uma situação fática, entre meios e fins;
◦ Necessidade (razoável): o meio é necessário e não há outro com menor externalidade (direito e economia!);
◦ Proporcionalidade em sentido estrito: juízos de ponderação sobre as decisões possíveis;
Robert Alexy
Quanto maior o grau de não satisfação ou de afetação de um princípio, quanto maior tem que ser a importância da satisfação do outro; ponderação: ◦ Identificação dos princípios
◦ Comprovação do grau de não satisfação de um princípio em razão de outro;
◦ Comprovação da importância da satisfação de todos os princípios no caso concreto;
◦ Comprovação dos motivos da maior necessidade de satisfação de um princípio em detrimento de outro (fórmula peso);
◦ Indicação das consequências sobre as condições de precedência
Niklas Luhmann
Conceito de Sistema
◦ Autorreferentes: “capacidade de estabelecer
relações consigo mesmos e de diferenciar
essas relações frente às de seu entorno”;
◦ Sistema e meio ambiente (entorno, diferença);
◦ Sistemas fechados, autoreferentes e
autopoiéticos (Maturana e Varella) =
fechamento operacional;
Niklas Luhmann
Feedback, homeostasia, autorregulação e a
unidade sistêmica;
Autopoiesis: produção de si mesmo como
unidade diferenciada;
A distinção sistema-entorno é
dependente da observação.
Identidade e sentido – contingencialidade
dos sistemas
Niklas Luhmann
A questão da “evolução” dos sistemas
◦ O problema do termo “evolução”;
◦ Capacidade do sistema de interpretar o
ambiente: permanência/sobrevivência no meio:
ontologia da diferença e da relação;
A observação de segunda ordem
◦ Subjetividade e intersubjetividade
Niklas Luhmann
O sentido como meio dos sistemas
sociais;
◦ O sentido como redutor de complexidade;
◦ “Todo sistema é então processador de
sentido, contextos que transformam ruídos
externos ou internos, em informações
dotadas de sentido que serão disponibilizadas
na rede de reprodução autopoiética do
sistema”
Niklas Luhmann
Comunicação: limite da sociedade como
sistema;
◦ Comunicação para Habermas e Luhmann
◦ Sociologia de pessoas?
◦ Informação é algo recebido pelo receptor, do
emissor?
◦ Seleção da informação, do meio e de uma
compreensão
◦ Improbabilidade da comunicação