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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação IX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Dourados – 5 a 7 de junho de 2008. 1 Mato a Dentro : As Expedições de Viajantes Estrangeiros no Discurso Jornalístico do Século XIX em Mato Grosso 1 Silvia Ramos BEZERRA 2 UNIC – Universidade de Cuiabá, Cuiabá, MT RESUMO Compreender como se articulou o projeto de modernização em curso em Mato Grosso no século XX, no que tange tanto ao espaço urbano, desenvolvimento econômico como dos comportamentos e práticas culturais, através da análise do discurso jornalístico presente nos periódicos regionais sobre as expedições de viajantes estrangeiros, especialmente, a expedição da equipe alemã coordenada por Karl Von Den Steinen. PALAVRAS-CHAVE: relatos de viajantes; jornalismo; Mato Grosso; modernidade. Introdução Nas primeiras décadas do século XVIII a descoberta das minas auríferas na região centro-sul do atual estado de Mato Grosso começou a delinear a configuração do espaço urbano e moldar as relações sociais e culturais neste eixo oeste do Brasil. O século XIX, momento posterior à corrida pelo ouro e depois dos primeiros instantes da instituição de órgãos administrativos e burocráticos nesta recém- conquistada face da Colônia, é marcado pela consolidação da ocupação portuguesa graças aos avanços das bandeiras paulistas, que, inicialmente, estava economicamente alicerçadas na atividade garimpeira e, mais tarde, com o avanço capitalista no extrativismo, agricultura e pecuária. Desde o início, o sinal de uma modernização a todo custo sempre estivera presente, seja nas iniciativas governamentais ou nos discursos acalourados da elite que se formava ligada à extração mineral ou aos cargos da Corte portuguesa. A dominação da natureza por meio da empresa civilizatória era conseqüência de uma determinada noção de Cultura e de Natureza que fundamentava a relação dos primeiros habitantes com a natureza inóspita e dotada de segredos recônditos. Neste momento, tanto as viagens exploratórias como o discurso jornalístico são indicativos de que forma era travada a batalha cotidiana pelo progresso decorrente da 1 Trabalho apresentado no GT – Mediações e Interfaces Comunicacionais, do Inovcom, evento componente do IX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste. 2 Mestra em Estudos Culturais MeEL/UFMT, professora do Curso de Design de Moda e Jornalismo UNIC – Universidade de Cuiabá-MT. Email: [email protected] .

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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação IX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Dourados – 5 a 7 de junho de 2008.

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Mato a Dentro : As Expedições de Viajantes Estrangeiros no Discurso Jornalístico

do Século XIX em Mato Grosso1

Silvia Ramos BEZERRA2 UNIC – Universidade de Cuiabá, Cuiabá, MT

RESUMO

Compreender como se articulou o projeto de modernização em curso em Mato Grosso no século XX, no que tange tanto ao espaço urbano, desenvolvimento econômico como dos comportamentos e práticas culturais, através da análise do discurso jornalístico presente nos periódicos regionais sobre as expedições de viajantes estrangeiros, especialmente, a expedição da equipe alemã coordenada por Karl Von Den Steinen.

PALAVRAS-CHAVE: relatos de viajantes; jornalismo; Mato Grosso; modernidade.

Introdução

Nas primeiras décadas do século XVIII a descoberta das minas auríferas na

região centro-sul do atual estado de Mato Grosso começou a delinear a configuração do

espaço urbano e moldar as relações sociais e culturais neste eixo oeste do Brasil.

O século XIX, momento posterior à corrida pelo ouro e depois dos primeiros

instantes da instituição de órgãos administrativos e burocráticos nesta recém-

conquistada face da Colônia, é marcado pela consolidação da ocupação portuguesa

graças aos avanços das bandeiras paulistas, que, inicialmente, estava economicamente

alicerçadas na atividade garimpeira e, mais tarde, com o avanço capitalista no

extrativismo, agricultura e pecuária.

Desde o início, o sinal de uma modernização a todo custo sempre estivera

presente, seja nas iniciativas governamentais ou nos discursos acalourados da elite que

se formava ligada à extração mineral ou aos cargos da Corte portuguesa.

A dominação da natureza por meio da empresa civilizatória era conseqüência de

uma determinada noção de Cultura e de Natureza que fundamentava a relação dos

primeiros habitantes com a natureza inóspita e dotada de segredos recônditos.

Neste momento, tanto as viagens exploratórias como o discurso jornalístico são

indicativos de que forma era travada a batalha cotidiana pelo progresso decorrente da 1 Trabalho apresentado no GT – Mediações e Interfaces Comunicacionais, do Inovcom, evento componente do IX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste. 2 Mestra em Estudos Culturais MeEL/UFMT, professora do Curso de Design de Moda e Jornalismo UNIC – Universidade de Cuiabá-MT. Email: [email protected].

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modernidade. Isto acontecia, em grande parte, num processo de identificação e

constituição subjetiva deste povo que se formava: primeiro, por meio das imagens de Si

Mesmo, como eram ou como deveriam ser (imagem esta que era convenientemente

formulada pelo discurso jornalístico); e dois, como resultado do encontro/confronto com

o imaginário do Outro sobre este Mesmo (ou seja, sobre como as narrativas dos

viajantes definiram a população e sua cultura).

É, pois, com o objetivo de compreender a relação entre os relatos da imprensa

mato-grossense e o relato dos viajantes estrangeiros no processo de desenvolvimento do

projeto de modernidade capitalista para o sertão brasileiro que esta pesquisa foi

elaborada.

Nosso recorte privilegia a expedição ao Xingu realizada por Karl Von Den

Steinen e sua equipe em meados de 1884, uma vez que, sobre esta, existiu um certo

noticiamento por parte da imprensa local, segundo que pudemos constatar em consulta

ao acervo de jornais do Arquivo Público Estadual em Cuiabá, Mato Grosso.

A emergência da imprensa como agente modernizador da região central do

Brasil e a maneira como esta incentivava as expedições de viajantes estrangeiros para a

promoção do reconhecimento, esquadrinhamento e aproveitamento da natureza são

elementos primordiais para a compreensão da atuação do jornalismo na constituição

tanto do espaço (e tempo) modernos, como dos sujeitos modernos, dando-lhes feições

mais próximas das atuais.

As expedições estrangeiras em Mato Grosso – homem versus natureza

Lenine Póvoas classifica a ocorrência das viagens à Capitania de Mato Grosso

em dois ciclos: o primeiro ciclo, o dos cronistas que início na fundação de Cuiabá até o

final do século XVIII – marcado por narrativas esparsas, oficiosas3, sem “mérito

literário”, mas que revelam uma literatura de informação em que se pode reconstituir os

acontecimentos que tiveram destaque na vida da Capitania; e o segundo ciclo, das

investigações científicas que datam do final do século XVIII até século XIX – com

objetivos políticos e científicos (Póvoas, 1982, p.19).

3 No final do século XVIII, o governo português e espanhol decidem que determinar que expedições exploratórias e de reconhecimento realizassem a demarcação das fronteiras estabelecidas no Tratado de Madri.

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Estas expedições de caráter científico tinham a intenção precípua de “consolidar

de vez a ocupação dessas terras – de cujas fabulosas riquezas davam contar não só os

cronistas que descreviam as minas” (1982, p.23-24).

O século XIX, contudo, é marcado por viagens voltadas ao reconhecimento das

potencialidades geográficas do cerrado e da amazônia mato-grossenses. Assim, durante

todo o século, as expedições palmilhavam o solo, muitas delas como parte dos projetos

políticos governamentais que intencionavam a investigação da floresta amazônica e

demais ecossistemas inexplorados, sendo que as demais incursões eram organizadas por

organismos internacionais, principalmente europeus, com comitivas compostas por

astrônomos, médicos, naturalistas, minerologistas, etnólogos, entre outros especialistas.

As principais delas são: expedição austríaca de Johann Natterer, de1822;

expedição Langsdorff, de 18254; expedição francesa de Francis Castelnau de 1843;

expedição chefiada por Moutinho, de 1850; expedição italiana de Bartolomé Bossi, de

1862; missão Morgan, com Carlos Hartt e Herbert Smith, de 1870; e finalmente, no

final do século, a expedição belga de Ferdinand Nijs.

Como características fundamentais que determinavam as representações que os

estrangeiros fizeram da província de Mato Grosso temos: concepção eurocêntrica de

cultura que concebia modos, hábitos e costumes da população local com base em

valores culturais europeus, razão que se encontra para as severas críticas que

manifestavam em seus relatos; noção particular de natureza que compreendia o

território como um manancial de riquezas (minerais, animais e vegetais) em estado

bruto, pois “os seus habitantes não se empenhavam em explorá-la”, cabendo, pois, ao

imigrante o papel de extrair as riquezas que os nativos desconheciam ou desprezavam

(Siqueira, 2002, p. 136).

A expedição de Karl Von Den Steinen ao Xingu

Em 1884 tem início uma das mais documentadas expedições estrangeiras à Mato

Grosso: a expedição comandada por Karl Von Den Steinen5, psiquiatra alemão que se

dedicou aos estudos etnográficos. Além de Von Den Steinen, os expedicionários que

4 Financiada pelo Czar russo Alexandre I, a expedição foi chefiada pelo Cônsul da Rússia no Brasil, Barão Jorge Henrique Langsdorff. Cf. KOMISSAROV, Boris. Expedição Langsdorff: acervo e fontes históricas. São Paulo: Ed. UNESP, 1994. 5 Karl Von Den Steinen, nasceu em 7 de março de 1855,na cidade de Mühlheim-na-Ruhr, e morreu em Cromberg, Alemanha central, em 4 de novembro de 1929.

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compunham a comitiva eram: seu primo Guilherme Von Den Steinen, desenhista e o

astrônomo Oto Klaus. O objetivo da viagem era explorar o rio Xingu e seus afluentes,

bem como estudar as tribos indígenas desta região parcamente conhecida do território

provincial.

Foram os visitantes prontamente acolhidos pelo presidente da província, Barão

de Botovi, e puderam conhecer durante sua estada a cidade de Cuiabá e as

características culturais de uma localidade situada na fronteira entre as importantes

cidades do litoral e as tribos indígenas.

As duas expedições realizadas pelo pesquisador alemão a Mato Grosso foram

realizadas em 1884 e 1887. Entre as diversas descobertas está a primeira identificação

de povo indígenas desta região.

A expedição inaugural partiu de Cuiabá e atravessou o rio Paranatinga,

localizado entre os rios Xingu e Tapajós, tendo alcançado os povos Bakairi de

Paranatinga, Krutenaus, Trumais, Jurunas, bem como os Suyá. Seguindo o rio Xingu, de

sua nascente até a foz, Von Den Steinen chega a Belém do Pará, cinco meses depois de

sua saída de Cuiabá.

As diversas observações recolhidas nesta primeira viagem foram reunidas no

livro “Brasil Central” 6, editado em 1894 na Alemanha e continha um mapeamento

cartográfico extenso do território do Alto Xingu e diversas fotos exclusivas da região e

das tribos que ali habitavam.

Três anos depois desta expedição, Von Den Steinen retorna a Mato Grosso para

uma segunda incursão, agora com a companhia do antropólogo Paul Ehrenreich e o

matemático Pedro Vogel7. Neste regresso o encontro se dá com os Kurisevo e demais

povos do Alto Xingu8. Daí decorre a publicação da obra “Entre os naturais do Brasil

Central”. Sobre esta segunda expedição Von Den Steinen proferiu uma conferência para

a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. Assim descreve suas impressões sobre o

que viu:

“Qual será o futuro dos nossos amigos do Xingu? São três mil aborígines que apresentamos, primitivos como saíram das mãos da natureza, portanto, capazes

6 Cf. STEINEN, Karl von den. O Brasil Central: expedição em 1884 para a exploração do rio Xingu. Trad. de Catarina Baratz Cannabrava. São Paulo:Comp. Ed. Nacional, 1942. 7 Ehrenreich desempenhava a função de fotógrafo, enquanto Vogel ficou responsável pelas observações “astronômicas, magnéticas, meteorológicas e geológicas” (STEINEN, s/d, p.03). 8 Cf. COELHO, Vera Peneado (Org.). KARL VON DEN STEINEN : Um Século de Antropologia no Xingu, São Paulo: EDUSP, 1993.

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de desenvolvimento intelectual e moral se foram guiados propriamente ou brutais se forem maltratados” (Steinen, s/d, p.25)

Von Den Steinen na imprensa de Mato Grosso

Para a realização desta pesquisa, de acordo com a documentação disponível no

Arquivo Público Estadual de Mato Grosso, no acervo de jornais, pudemos encontrar

duas menções nos periódicos relativos à expedição de Von Den Steinen.

Ambas datam do dia 29 de maio de 1884, mês e ano da partida da expedição. O

primeiro registro jornalístico, aqui em análise, é encontrado no periódico “O

Expectador”9, noticioso publicado em Cuiabá por um imigrante alemão. Assim descreve

o compatriota, em pequena nota, a viagem de Von Den Steinen:

“A COMMISSÃO allemã, de exploração do rio XINGU, partio d´aqui no dia 26 do corrente. Acompanharão a Commissão, os senhores Srs. Capitães Paula Castro e Tupy Caldas que vae commandando a força. Boa estrella os guie” (sic) (O Expectador, 1884, p.02)

Imagem 1: Nota sobre expedição Von Den Steinen, em 29 de maio de 1884, jornal “O Expectador”

Nesta publicação, a expedição ganha proeminência ao ponto de merecer algumas

linhas e os votos de boa viagem. Curioso observar, que o editor, apesar de destacar a

presença dos capitães locais (Paula Castro e Tupy Caldas), ao evocar a importância do

conhecimento nativo sobre o que aquilo que os aguardava na matar, evidencia já no

início da nota o que efetivamente dá um caráter noticioso ao fato: a comissão ser de

origem estrangeira, européia, mais especificamente, alemã10.

9 “O Expectador” foi fundado em 1884, de propriedade do imigrante alemão Pedro Moseller, era editado e redigido por este. Tinha como slogan: “orgão dos interesses sociais” ou “ridendo castigat mores”. Teve vida curta, circulando por apenas alguns meses (MENDONÇA, 1963, p.65). 10 Podemos supor que o interesse pelo fato resida na proximidade do editor com os envolvidos, afinal, eram compatriotas.

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Contudo, é no periódico “Echo de Cuiabá”11 que a expedição ganha numerosas

linhas (seis parágrafos) publicadas:

“A exploração portanto empreendida pela Commissão Allemã nos descortinando, essas riquezas esses tantos productos que fornecerão, trabalho a uma multidão (...) e esclarecimentos á sciência, nos será por certo de muita vantagem e ninguém negará, com justiça, a grande importância que nossa terra (Matto-Grosso) poderá colher de um tal empreendimento; maximé, sendo como nos consta, essa commissão acompanhada de um distincto oficial do exército brazileiro, o Sr. Capitão Francisco de Paula Castro, em quem sobra illustração para assegurar o bom êxito de um tão importante commetimento” (sic) (Echo de Cuiabá, 1884, p. 02)

Das páginas do “Echo de Cuiabá” é importante extrair algumas noções em voga

à época e que confirmam a sede modernizadora que se propagava nos discursos da elite

local, e conseqüentemente, no discurso jornalístico.

A primeira delas, diz respeito à idéia de que a natureza desconhecida que

preenchia este sertão brasileiro deveria ser alavanca do crescimento econômico e do

desenvolvimento humano, pois a expedição aparece na argumentação jornalística como

meio de revelar “essas riquezas, esses tantos productos que fornecerão, trabalho a uma

multidão”. Natureza explorada era convertida em capital útil à modernização regional.

Isto está claro também no trecho que segue:

“Os (...) elementos para a futura grandeza de Matto-Grosso consistem nas immensas riquezas naturaes que se encontram em cada um de seus rios, em cada uma de suas escuras florestas e nas entranhas de suas terras, que guardam os seus maiores thesouros” (sic)

Em segundo lugar, Mato Grosso se evidencia, nacional e internacionalmente,

como fomentador de conhecimentos, fornecendo com suas riquezas naturais

“esclarecimentos á sciência”, compartilhando assim da busca moderna pelo progresso

científico e racional do homem em seu enfrentamento com a natureza.

Por último, é preciso salientar que, assim como em “O Expectador”, há um

destaque à figura do nativo, representado pelo oficial do exército que acompanha a

caravana. Observa-se que ao evocar o componente humano da paisagem mato-

grossense, o narrador demonstra, em primeiro lugar que, o reconhecimento da região já

estava em curso pelos habitantes (civilizados) tão estudiosos e com “ilustração” quanto 11 “Echo de Cuiabá”, segundo Rubens de Mendonça, foi o “fiel escudeiro” do periódico ligado ao Partido Conservador, “A Situação”, de 1867, radicalmente ligados aos interesses políticos desta agremiação política. O “Echo” foi fundado anos mais tarde, 1884, e circulou por apenas dois meses (Mendonça. 1963, p. descobrir)

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aqueles que chegavam; e segundo, que a colaboração dos agentes regionais

(principalmente o Estado) garante a soberania do território a ser explorado. É o que

demonstra este outro trecho do jornal:

“é incontestavelmente digna de louvor a protecção que o governo dispensou á dita commissão, concedendo para garantir as vidas de seus membros contra as agressões dos índios uma escolta considerável de soldados” (sic)

Outro componente político também se revela na leitura do documento: a

expedição pode servir de auxílio na luta pela autonomia da Província de Mato Grosso

em relação às demais províncias brasileiras, como pretendiam as elites locais. Sobre a

autonomia da Província de Mato Grosso, temos: “essa época se aproxima; a exploração

do Xingu, um dos mais importantes affluentes do Amazonas será um passo gigante dado

para ella: porquanto” (sic).

Imagem 2: Notícia sobre a expedição Von Den Steinen, em 29 de maio de 1884, jornal “Echo de Cuiabá”

A Sibéria Brasileira ou Das impressões alemãs sobre o sertão brasileiro

Sibéria brasileira12. Está é a alcunha que Karl Von Den Steinen atribuiu à

Província de Mato Grosso encravada no centro brasileiro em idos de 1884. Maciel

explica o termo:

“Considerada por muitos a “Sibéria Brasileira”, lugar de degredo e exílio para civis e militares sediciosos, mesmo a visão mais suave, reiterada pela quase

12 A comparação com a região inóspita e desabrigada na Rússia, local de degredo e de morte, é apresentada no texto “O Brasil Central: expedição em 1884 para a exploração do rio Xingu”.

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totalidade dos viajantes, é a de uma tranqüilidade muito próxima da monotonia, quando não da decadência” (Maciel, 1992, p. 19).

Graças a uma vegetação densa (coberta em parte pela floresta amazônica e em

outras por cerrados e pantanais), a província, localizada numa região pouquíssimo

povoada e de difícil acesso, era considerada no imaginário nacional como, por um lado,

uma terra selvagem, lendária e misteriosa, e por outro, como o Eldorado de riquezas e

tesouros.

É com este espírito aventureiro que as expedições passam a cruzar o território,

influenciadas por imagens muitas vezes idílicas, outras assustadoras, que viam as

formações urbanas como incipientes vestígios de civilizações modernas. Pois,

“caminhando pelas suas ruas, quase se tem consciência de que se está vivendo nos

trópicos (....) tudo é de tal modo cheio de indizível tranqüilidade idílica” (2002, p. 143)

Assim, a capital da Província era descrita pelo expedicionário alemão:

“Apenas um acontecimento perturba essa serenidade. É que todo mês a voz do século XIX ressoa no Rio Cuiabá... Um tiro de canhão e a corneta do quartel anunciam a presença do vapor, ancorado no porto. Todos correm para o correio e em pouco tempo os que conhecem a leitura e a escrita se acham reunidos para a chamada” (Steinen, 1942, p. 68).

A serenidade da cidade contrastava com outra imagem que também recheava os

relatos de viajantes: a de “terra de ninguém”, onde se cometiam toda a sorte de

violências, corrupções e atrocidades sem condenações, nem punições legais. “Vemos

que estas impressões sobre a cidade, presentes nos discursos científicos dos viajantes,

revelam duas interpretações diametralmente opostas: a cidade distante, do sossego e da

paz; e de outro lado, o paraíso do vício, da devassidão e da violência impune (Bezerra,

2007, p. 63).

Confirmando esta dualidade presente nos relatos de viajantes, Von Steinen fala

sobre como a população local tinha por hábito o uso indiscriminado de armas e

instrumentos belicosos. Como prova disto, ele comenta certa passagem de um jornal

local um anúncio público informando a proibição do porte de armas:

“A fim de darmos uma idéia das várias tendências de diferentes povos e épocas que se defrontavam nessa ocasião, citaremos ainda aqui uma ordem expedida pela Polícia de Cuiabá, de então: ‘É proibido nas ruas desta Capital, o uso das seguintes armas: espingarda, carabina, pistola, revólver, espada, florete, punhal, navalha, faca de ponta, canivete grande, bengala de estóque, sovela e cacête” (Jucá APUD Steinen, 1986, p. 57).

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As manifestações culturais de Mato Grosso são, na maior parte dos relatos,

desconsideradas como indicativo do avanço modernizador. Certa passagem em “Brasil

Central”, de Von Den Steinen, parece confirmar a impressão de incivilidade e

anacronismo que marcava os relatos estrangeiros:

“quem ainda duvida, porém, que as idéia modernas não penetram até este confim do mundo, deverá ler o seguinte anúncio do barbeiro Teobaldino Severino que ‘oferece aos seus clientes um novo atelier para o exercício da profissão de barbeiro” (Steinen, 1942, p. 73)

O eurocentrismo alemão permitia a Von Steinen apresentar Mato Grosso e sua

capital como resultado de um agrupamento humano atrasado em suas manifestações

sociais e culturais e envoltos num provincianismo completo.

O bairrismo mato-grossense, para o autor, era o que o impedia de vencer

culturalmente a distância geográfica em relação aos grandes centros produtores de

cultura. Exemplo disso é que, segundo Von Steinen, a imprensa local não tratava de

temas exteriores: “Não traziam em suas páginas mais do que política partidária,

acontecimentos locais, notícias diversas, injúrias pessoais e poesia. Durante nossa

permanência jamais vimos notícias que se referisse a outro continente, ou pelo menos,

relativas ao Paraguai” (Siqueira APUD Steinen, 2002, p.56)

Na narrativa do visitante alemão confirma-se a idéia de que a riqueza da

natureza mato-grossense seria muito mal aproveitada por seus habitantes, já que, como

primeiros a chegar a este “Eldorado”, deveriam ser também os primeiros a explorá-lo.

Von Steinen atribui a isto a idiossincrasia da população: “os cidadãos cuiabanos são

dotados de certa indolência e mesquinhez. Apesar do ouro da terra e dos diamantes dos

rios, o mato-grossense é pobre, falta-lhe a necessária mão de obra, assim como

suficiente disposição para o trabalho”. E ainda faz uma profecia aterradora: “as

perspectivas do homem cuiabano são muito piores do que ele mesmo pensa (...) Não se

habita impunemente o centro de semelhante continente” (2002, p. 144).

É importante destacar quais eram os valores em trânsito no contato estrangeiro

com a população urbana local, em que as noções de barbárie e irracionalismo pareciam

carregar as cores das descrições sobre os costumes, valores e práticas culturais dos

habitantes locais. Compreendendo o choque cultural fruto deste contato, Eni Rodrigues

em “Panorama do mercado livreiro mato-grossense do século XIX” argumenta:

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação IX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Dourados – 5 a 7 de junho de 2008.

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“(...) como os demais viajantes estrangeiros, Steinen trazia consigo determinados parâmetros definidores de cultura válidos para seu país de origem e não para um país jovem que ainda vivia as agruras impostas por um processo de colonização. Os estrangeiros não concebiam as atividades locais como componentes específicos de uma determinada cultura. O alemão menosprezava a possibilidade de idéias modernas chegarem a este ‘confim de mundo’. ‘Confim de mundo’ para quem? Desta forma o que os viajantes viam de diferentes dos costumes europeus era logo associado à negligência e inferioridade intelectual e cultural. Inferioridade que será, às vezes, assumida pelos próprios mato-grossenses ao se referirem a sua Província” (Rodrigues, 2004, p. 03).

Relatos de viagem versus relatos jornalísticos – a imprensa construindo a

modernidade

Justamente contra esta visão que imputava a Mato Grosso, e a seus habitantes, a

condição de incivilizados, é que se insurgia a elite mato-grossense em meados do século

XIX. Fomentar a imagem de uma região com potencialidades econômicas impares, em

franco desenvolvimento cultural, aberta às inovações tecnológicas, aos valores

capitalistas e as práticas modernas era uma tarefa para toda a sociedade mato-grossense.

Tarefa esta em que a imprensa deveria caber boa parte.

Na segunda metade do século XIX, os ideais abolicionistas e republicanos se

aliavam a luta pela liberdade de expressão, como símbolo de uma cultura política

emergente que se voltava aos anseios populares, ou a opinião pública. No Brasil,

opinião pública passou a significar opinião publicada em uma impressa que atendia a

interesses políticos determinados. Além disso, a imprensa passou a representar o

discurso competente, emitindo julgamentos e ideais políticos para seus leitores

(Cordeiro, 1998, p. 84).

Sobre o papel dos jornais no processo de modernização da Província de Mato

Grosso, especificamente sua capital, temos:

“A cidade foi descrita e analisada e os seus problemas foram esmiuçados através dos jornais. Neles podem ser encontradas as descrições de como era Cuiabá e também as ‘receitas’ do que fazer para tornar-se civilizada e moderna. Através da imprensa pretendeu-se reformar os hábitos, imprimir novos costumes e moldar outra imagem da cidade” (Maciel, 1992, p.61).

Os jornais e seus cronistas convertem-se em meios eficazes na mudança das

práticas tradicionais da Província nas últimas duas décadas do século XIX, insistindo na

necessidade de modernização dos espaços urbanos, bem como das práticas culturais que

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farão Mato Grosso “ingressar na ‘civilização moderna’ e fazer com que [este] se insira

no projeto de nação brasileira advindo da República” (Bezerra, 2007, p. 74).

Há que se destacar que a própria presença estrangeira serviu de fomento para o

desenvolvimento e alteração das manifestações culturais. É o que afirma Natália Moraes

em “O fazer jornalismo no século XIX em Cuiabá”:

“A presença dos estrangeiros trouxe mudanças de comportamento e novos conhecimentos para a população que aqui vivia, além de influenciar para a transformação de pensamentos e atitudes” (Moraes, 2005, p. 19)

Durante todo o século XIX, influenciado pelos discursos jornalísticos e pelos

relatos que maldiziam Mato Grosso, o governo local, bem como a iniciativa privada,

passam a agir decisivamente na consolidação de melhorias para a Província, materiais e

culturais.

Entre estas podemos destacar: o retorno da sede da capital da província para

Cuiabá; o nascimento da imprensa em 1839; a abertura de canais de navegação; grandes

obras no cenário urbano como o Palácio do Governo, a Intendência, o Armazém, o

Arsenal de Guerra; incremento das vias de tráfego como a Rua Bela do Juiz (Rua 13 de

Junho) e Rua Nova (atual Rua Dom Aquino) da Rua Cândido Mariano, na Rua do

Campo (atual Rua Barão de Melgaço) nas proximidades do córrego da Prainha e nas

ruas do bairro do Porto; alterações estruturais em função de novas frentes agrícolas em

razão da produção da erva-mate; possibilita a navegação pelo Rio Paraguai, que teve

como conseqüência a viabilização do transporte de cargas e a redução da crise de

abastecimento de importados na cidade, bem como entrada de novas tecnologias e

investimentos; e por fim, a instalação da linha de bonde com tração animal (Romancini,

2005: 38).

Tantos incrementos culturais e econômicos seguem o rastro de um “complexo de

inferioridade” acentuado naqueles que em Mato Grosso residiam. Os relatos de

viajantes colaboravam decisivamente para a construção de duas imagens distintas: a

primeira delas, exterior, em que a cultura local era subestimada em relação às

manifestações das demais províncias e os mitos sobre o barbarismo e a indolência dos

nativos formatavam a visão que se tinha sobre Mato Grosso; e a segunda, interior, onde

habitantes da Província, num verdadeiro “trabalho de Sísifo”, renegavam as práticas

culturais locais em face de uma cultura letrada e eurocêntrica.

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação IX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Dourados – 5 a 7 de junho de 2008.

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Considerações finais

No Brasil, as expedições são fomentadas como parte do processo colonizador. É

a vinda da Família Real para a Colônia brasileira que propicia a abertura dos portos, fato

este indispensável para despertar uma forte expectativa internacional de conhecimento e

reconhecimento das paisagens e riquezas ainda não-reveladas.

“O interesse pelo Brasil não residia unicamente na ampliação de conhecimento, mas igualmente na avidez pela exploração econômica dos recursos da terra visitada. Este fenômeno articula-se à concepção predominante de natureza vigente na Europa a partir do século XVIII e XIX, marcada pelo pensamento racionalista que exortava o progresso material e seu pressuposto: a intervenção humana por intermédio da tecnologia sobre a natureza” (Delgado e Caume, 1999, p. 353).

Tanto as incursões governamentais, como as estrangeiras dedicam-se a

domesticar uma natureza indomável, conhecer, controlar, explorar passam a ser

mecanismos para exercer um controle pleno das potencialidades naturais.

Os expedicionários acabam por re-encenar a viagem de Ulisses em seu retorno

para Ítaca: vencer a natureza e seus desafios é garantir não só a sobrevivência, como as

possibilidades de emancipação da condição de sujeitos naturais.

Concordamos com Adorno e Horkheimer para quem a ação civilizatória da

natureza é uma ação dupla no sentido de dominar tanto o natural, quanto o humano

neste natural. O homem ao exercer o controle sobre a natureza busca a contensão do

componente selvagem que lhe constitui. A dominação da natureza é, pois, no

desenvolvimento capitalista, pressuposta da dominação do homem pelo homem. Assim:

“Com a negação da natureza no homem, não apenas o telos da dominação externa da natureza, mas também o telos da própria vida se torna confuso e opaco. No instante em que o homem elide a consciência de si mesmo como natureza, todos os fins para os quais ele se mantém vivo - o progresso social, o aumento de suas forças materiais e espirituais, até mesmo a própria consciência - tornam-se nulos, e a entronização do meio como fim, que assume no capitalismo tardio o carácter de um manifesto desvario, já é perceptível na proto-história da subjetividade” (Adorno e Horkheimer, 1985, p.60-61).

O sentido da entrada “mata à dentro” que se revela tanto no relato jornalístico

como no relato dos viajantes é único: progresso científico e progresso material e cultural

caminham juntos, pois, conhecer a natureza é, precipuamente, criar mecanismos para

explorá-la.

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação IX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Dourados – 5 a 7 de junho de 2008.

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Assim, a imprensa mato-grossense ao promover o registro da passagem de Von

Den Steinen pelo território provincial atesta, ao contrário do que afirma certa

historiografia13, que deposita nas expedições não somente a esperança de verem

exploradas reservas naturais, mas também que estas auxiliem no progresso cultural e

social da Província.

Os jornais efetivamente encampam o projeto modernizador e tornam-se, ao

mesmo tempo, porta-vozes (“echos”) dos desejos das elites locais por “ares modernos”

e observadores atentos (“expectadores”) das ações em prol das benesses capitalistas

modernas, seja com adesão a práticas e costumes exteriores (vindos do litoral ou do

exterior), ou mesmo com a possibilidade de domar a natureza tão rica, mas também tão

indócil e irredutível.

Assim, o jornalismo revela-se, no avanço civilizatório pelo sertão brasileiro,

como um agente indispensável não só para a construção do ideário de um Brasil

Moderno, como efetivamente, contribuiu para a edificação das estruturas, sejam estas

materiais ou espirituais, indispensáveis ao alcance da Modernidade e das feridas sociais,

naturais e culturais que esta teve e tem causado.

REFERÊNCIAS ADORNO, T.W.; HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Trad. Guido de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. BEZERRA, S.R. Boemia e modernidade em Cuiabá: o personagem Zé Bolo-flor. Dissertação (Mestrado em Estudos de Linguagens – Instituto de Linguagens), Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso, 2007. COELHO, Vera Peneado (Org.). Karl Von Den Steinen : Um Século de Antropologia no Xingu, São Paulo: EDUSP, 1993. CORDEIRO, C. O Brasil Vira Manchete: o papel da imprensa na formação do Brasil Moderno. Revista de Ciências Sociais, Ceará, n. 1/2, vol. 29, p. 80-91, 1998. DELGADO, Andrea F. ; CAUME, D. J. . Imagens do Cerrado: o olhar dos viajantes europeus no século XIX. Fragmentos de Cultura, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 351-372, 1999.

13 Em “A Capital de Mato Grosso”, Laura Maciel acredita que “não é, portanto, sem razão que não existem registros sobre a passagem destes aventureiros (...). Mesmo nas crônicas de jornais e revistas nenhum registro foi encontrado” (Maciel, 1992, p. 50). Como demonstramos nesta pesquisa, isto não corresponde aos fatos verificados, pois, apenas no que tange à expedição Von Den Steinen, encontramos dois registros em diferentes jornais da época.

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