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MATERIAL DE APOIO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES Apostila 06 Prof.: Pablo Stolze Gagliano Enriquecimento sem causa, Inadimplemento Relativo (Mora) e Absoluto 1. Enriquecimento sem Causa 1 No sistema brasileiro, o enriquecimento sem causa traduz a situação em que uma das partes de determinada relação jurídica experimenta injustificado benefício, em detrimento da outra, que se empobrece, inexistindo causa jurídica para tanto. É o que ocorre, por exemplo, quando uma pessoa, de boa fé, constrói em terreno alheio, ou, bem assim, quando paga uma dívida por engano. Nesses casos, o proprietário do solo e o recebedor da quantia enriqueceram-se ilicitamente à custa de terceiro. Nesse sentido, o art. 884: “Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. 1 Este tema não integra a grade do Intensivo 1, mas você vai perceber que é de fácil compreensão.

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MATERIAL DE APOIO

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Apostila 06

Prof.: Pablo Stolze Gagliano

Enriquecimento sem causa, Inadimplemento Relativo (Mora) e Absoluto

1. Enriquecimento sem Causa1

No sistema brasileiro, o enriquecimento sem causa traduz a situação em que uma das partes de

determinada relação jurídica experimenta injustificado benefício, em detrimento da outra, que se

empobrece, inexistindo causa jurídica para tanto.

É o que ocorre, por exemplo, quando uma pessoa, de boa fé, constrói em terreno alheio, ou, bem

assim, quando paga uma dívida por engano. Nesses casos, o proprietário do solo e o recebedor da

quantia enriqueceram-se ilicitamente à custa de terceiro.

Nesse sentido, o art. 884:

“Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será

obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores

monetários.

1 Este tema não integra a grade do Intensivo 1, mas você vai perceber que é de fácil

compreensão.

Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a

recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará

pelo valor do bem na época em que foi exigido”.

A principal situação de enriquecimento sem causa é a do pagamento indevido.

E é justamente a concepção de pagamento indevido que está estampada no art. 876, CC-02 (art.964, CC-

16):

“Art. 876. Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação

que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição”.

A ação, que objetiva evitar ou desfazer o enriquecimento sem causa, denomina-se actio de “in rem

verso”.

Para o seu cabimento, cinco requisitos simultâneos devem se conjugar:

a) Enriquecimento do Réu;

b) Empobrecimento do Autor;

c) Relação de Causalidade;

d) Inexistência de Causa Jurídica para o Enriquecimento;

e) Inexistência de Ação Específica.

Vale lembrar que prescreve em três anos a pretensão civil de ressarcimento de enriquecimento

sem causa (art. 206 § 3o IV CC ).

O enriquecimento sem causa, inclusive, já fora, em alguns julgados (posto polêmica a matéria),

fundamento para justificar o reconhecimento à (ao) concubina (o) – ou seja, amante – do direito

ao ressarcimento pelo período de convivência, como tivemos a oportunidade de observar, com

base, inclusive, em jurisprudência do STJ2:

“Uma união paralela fugaz, motivada pela adrenalina ou simplesmente pela química sexual, não

poderia, em princípio, conduzir a nenhum tipo de tutela jurídica.

No entanto, por vezes, este paralelismo se alonga no tempo, criando sólidas raízes de convivência,

de maneira que, desconhecê-lo, é negar a própria realidade.

Tão profundo é o seu vínculo, tão linear é a sua constância, que a amante (ou o amante, frise-se)

passa, inequivocamente, a colaborar, direta ou indiretamente, na formação do patrimônio do seu

parceiro casado, ao longo dos anos de união.

Não é incomum, aliás, que empreendam esforço conjunto para a aquisição de um imóvel, casa ou

apartamento, em que possam se encontrar.

Configurada esta hipótese, amigo (a) leitor (a), recorro ao seu bom-senso e à sua inteligência

jurídica, indagando-lhe: seria justo negar-se à amante o direito de ser indenizada ou, se for o caso,

de haver para si parcela do patrimônio que, comprovadamente, ajudou a construir?

Logicamente que não, em respeito ao próprio princípio que veda o enriquecimento sem causa.

Nesse sentido, já decidiu o Superior Tribuna de Justiça:

“Em decisão da 4ª Turma, do ano de 2003, o ministro Aldir Passarinho Júnior, relator de um

recurso (REsp 303.604), destacou que é pacífica a orientação das Turmas da 2ª Seção do STJ no

sentido de indenizar os serviços domésticos prestados pela concubina ao companheiro durante o

período da relação, direito que não é esvaziado pela circunstância de o morto ser casado. No caso

em análise, foi identificada a existência de dupla vida em comum, com a mulher legítima e a

concubina, por 36 anos. O relacionamento constituiria uma sociedade de fato. O Tribunal de

Justiça de São Paulo considerou incabível indenização à concubina. Mas para o ministro relator, é

2 Este nosso artigo, intitulado “Direitos das (os) Amantes – na Teoria e na Prática dos

Tribunais”, encontra-se disponível em nosso site, no endereço: www.pablostolze.com.br

coerente o pagamento de pensão, que foi estabelecida em meio salário mínimo mensal, no

período de duração do relacionamento”.3

Também o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

“Namorar homem casado pode render indenização devida pelo período do

relacionamento. Durante 12 anos, a concubina dividiu o parceiro com a sua mulher ‘oficial’.

Separado da mulher, o parceiro passou a ter com a ex-concubina uma relação estável. Na

separação, cinco anos depois, ela entrou com pedido de indenização. Foi atendida por ter

provado que no período do concubinato ajudou o homem a ampliar seu patrimônio. A 7ª

Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul fixou indenização de R$ 10 mil.

Para o desembargador José Carlos Teixeira Giorgis, relator da matéria, deve haver a

possibilidade do concubino ganhar indenização pela vida em comum. ‘Não se trata de

monetarizar a relação afetiva, mas cumprir o dever de solidariedade, evitando o

enriquecimento indevido de um sobre o outro, à custa da entrega de um dos parceiros’,

justificou. O casal viveu junto de 1975 a 1987, enquanto o parceiro foi casado com outra

pessoa. Depois, mantiveram união estável de 1987 a 1992. Com o fim da união, ela ajuizou

ação pedindo indenização pelo período em que ele manteve outro casamento. A mulher

alegou que trabalhou durante os doze anos para auxiliar o parceiro no aumento de seu

patrimônio e, por isso, reivindicou a indenização por serviços prestados. O desembargador

José Carlos Teixeira Giorgis entendeu que a mulher deveria ser indenizada por ter investido

dinheiro na relação. Participaram do julgamento os desembargadores Luis Felipe Brasil

Santos e Maria Berenice Dias”.4”

Trata-se, vale reiterar, de uma temática muito controvertida, e que deve ser enfrentada na grade de

Direito de Família.

3 http://www.conjur.com.br/static/text/60967,1, acessado em 13 de julho de 2008. 4 http://www.conjur.com.br/static/text/40960,1, acessado em 13 de julho de 2008.

2. Inadimplemento Relativo (Mora)

A mora tanto poderá ser do credor (mora accipiendi ou credendi), como também, com mais

freqüência, do devedor (mora solvendi ou debendi).

O Novo Código Civil fez referência ao fato de que também incorrerá em mora o credor se se

recusar a receber a prestação no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer:

“Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que

não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer”.

Quanto aos efeitos da mora do credor, o art. 400, CC-02 (art. 958, CC-16), dispõe:

“Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela

conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-

la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar

entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.”

Vale ainda anotar, com base no ensinamento de CLÓVIS BEVILÁQUA5, os seguintes requisitos da mora do

devedor:

a) a existência de dívida líquida e certa;

b) o vencimento (exigibilidade) da dívida;

c) a culpa do devedor.

5 BEVILÁQUA, Clóvis. Direito das Obrigações. Campinas – SP: RED, 2000, pág. 152.

Deve haver ainda, por óbvio, a viabilidade do cumprimento tardio da obrigação.

Os efeitos da mora do devedor, por sua vez, são, basicamente: a responsabilidade civil decorrente do

atraso no pagamento (art. 395), e, bem assim, a “perpetuatio obligationis”, ou seja, a responsabilidade

civil pela integridade da coisa, durante a mora (art. 399):

“Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos

valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir

a satisfação das perdas e danos”.

“Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade

resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção

de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada”.

3. Inadimplemento Absoluto (Culposo e Fortuito)

Enfrentaremos aqui o inadimplemento total da obrigação.

Se o descumprimento decorreu de desídia, negligência ou, mais gravemente, por dolo do devedor,

estaremos diante de uma situação de inadimplemento culposo no cumprimento da obrigação, que

determinará o conseqüente dever de indenizar a parte prejudicada (sem prejuízo de eventual tutela

específica).

Por outro lado, se a inexecução obrigacional derivou de fato não-imputável ao devedor, enquadrável na

categoria de caso fortuito ou de força maior, configurar-se-á o inadimplemento fortuito da obrigação,

sem conseqüências indenizatórias, em regra, para qualquer das partes.

Sobre o inadimplemento culposo, dispõe o art. 389, CC-02 (art. 1056, CC-16):

“Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros

e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e

honorários de advogado”.

Já quanto ao inadimplemento fortuito, leia-se a regra prevista no art. 393 do novo Código:

“Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou de

força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos

efeitos não era possível evitar ou impedir”.

Retomaremos importantes aspectos jurídicos referentes à inexecução das obrigações na grade de

Responsabilidade Civil.

4. Jurisprudência Selecionada

4.1. Enriquecimento sem Causa

CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. ALARME ANTIFURTO

DISPARADO QUANDO DA SAÍDA DE CLIENTE EM ESTABELECIMENTO COMERCIAL. EXAME

DAS MERCADORIAS ADQUIRIDAS. ETIQUETA NÃO RETIRADA COMO CAUSA DO INCIDENTE.

LESÃO CONFIGURADA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.

I. O soar de alarme antifurto em estabelecimento comercial de grande porte, chamando a

atenção de todos para o cliente que portava mercadorias adquiridas, uma das quais

continha etiqueta equivocadamente não destacada no caixa, acarreta dano de

ordem moral e o dever de pagar pela indenização respectiva, que deve, por outro

lado, ser fixada com moderação, a fim de evitar enriquecimento sem causa.

II. Recurso especial conhecido pela divergência e parcialmente provido, para redução do

valor da indenização a patamar razoável.

(REsp 552.381/MG, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em

28.09.2004, DJ 27.06.2005 p. 402)

PROCESSUAL CIVIL - RECURSO ESPECIAL - DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO - SÚMULA

284/STF - AÇÃO MONITÓRIA - CHEQUE PRESCRITO ATÉ PARA AÇÃO DE LOCUPLETAMENTO -

CORREÇÃO MONETÁRIA - TERMO INICIAL - EMBARGOS DECLARATÓRIOS

PREQUESTIONADORES - SÚMULA 98.

- Mera alegação de contrariedade à Lei Federal, sem demonstração da alegada ofensa à lei

federal, não basta para justificar o conhecimento do recurso especial.

- O cheque prescrito serve como instrumento de ação monitória, mesmo vencido o prazo de

dois anos para a ação de enriquecimento (Lei do Cheque, Art. 61), pois o Art. 1.102a, do CPC

exige apenas "prova escrita sem eficácia de título executivo", sem qualquer necessidade de

demonstração da causa debendi.

- No procedimento monitório, nada impede que o Juiz determine a correção monetária e os

juros de mora imputados ao valor do crédito traduzido na "prova escrita sem eficácia de

título executivo".

- Na ação monitória para cobrança de cheque prescrito, a correção monetária corre a partir

da data em que foi emitida a ordem de pagamento à vista. É que, malgrado carecer de força

executiva, o cheque não pago é título líquido e certo (Lei 6.899/81, Art. 1º, § 1º).

- Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não

tem caráter protelatório.

(REsp 365.061/MG, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA,

julgado em 21.02.2006, DJ 20.03.2006 p. 263)

4.2. Inadimplemento Relativo (Mora)

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO

ESPECIAL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO.

NOTIFICAÇÃO PESSOAL. DESNECESSIDADE. DECISÃO MANTIDA.

1. A jurisprudência desta Corte consolidou-se no sentido de que, nos pedidos de busca e

apreensão de bem alienado fiduciariamente, é dispensável a intimação pessoal do devedor

para a constituição em mora, a qual pode ser comprovada por meio de notificação

extrajudicial realizada por meio do Cartório de Títulos e Documentos. Precedentes.

2. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no AREsp 346.560/MS, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA,

julgado em 05/09/2013, DJe 16/09/2013)

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE

AUTOMÓVEL COM GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.

NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL REALIZADA POR CARTÓRIO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS

SITUADO EM COMARCA DIVERSA DA DO DOMICÍLIO DO DEVEDOR.

VALIDADE.

1. A notificação extrajudicial realizada e entregue no endereço do devedor, por via postal e

com aviso de recebimento, é válida quando realizada por Cartório de Títulos e Documentos

de outra Comarca, mesmo que não seja aquele do domicílio do devedor. Precedentes.

2. Julgamento afetado à Segunda Seção com base no procedimento estabelecido pela Lei nº

11.672/2008 (Lei dos Recursos Repetitivos) e pela Resolução STJ nº 8/2008.

3. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.

(REsp 1184570/MG, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em

09/05/2012, DJe 15/05/2012)

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL. JUROS DE MORA. INÍCIO. CITAÇÃO.

MANUTENÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA.

1. O STJ pacificou entendimento de que os juros de mora6 têm início à partir da citação nas

hipóteses de responsabilidade contratual.

2. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no REsp 1080005/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado

em 22/03/2011, DJe 28/03/2011)

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO DE

INDENIZAÇÃO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL DE INCIDÊNCIA. EVENTO DANOSO.

SÚMULA 54/STJ.

1. "Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade

extracontratual" (Súmula 54/STJ).

2. Embargos de declaração acolhidos, para determinar que os juros de mora incidam a partir

do evento danoso.

(EDcl no AgRg no AgRg no Ag 1200470/MS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA

TURMA, julgado em 22/03/2011, DJe 28/03/2011)

6 Amigo (a) do coração: “Juros” é tema de outra grade do Curso LFG.

DIREITO CIVIL. TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA DE OBRIGAÇÃO POSITIVA, LÍQUIDA E COM

TERMO CERTO.

Em ação monitória para a cobrança de débito decorrente de obrigação positiva, líquida e com

termo certo, deve-se reconhecer que os juros de mora incidem desde o inadimplemento da

obrigação se não houver estipulação contratual ou legislação específica em sentido diverso. De

início, os juros moratórios são os que, nas obrigações pecuniárias, compensam a mora, para

ressarcir o credor do dano sofrido em razão da impontualidade do adimplemento. Por isso, sua

disciplina legal está inexoravelmente ligada à própria configuração da mora. É importante destacar

que, por se tratar de direito disponível, as partes podem convencionar o percentual dos juros de

mora e o seu termo inicial, hipótese em que se fala em juros de mora contratual. Quando, porém,

não há previsão contratual quanto a juros, ainda assim o devedor estará obrigado ao pagamento

de juros moratórios, mas na forma prevista em lei (juros legais). Quanto ao aspecto legal, o CC

estabelece, como regra geral, que a simples estipulação contratual de prazo para o cumprimento

da obrigação já dispensa, uma vez descumprido esse prazo, qualquer ato do credor para constituir

o devedor em mora. Aplica-se, assim, o disposto no art. 397 do CC, reconhecendo-se a mora a

partir do inadimplemento no vencimento (dies interpellat pro homine) e, por força de

consequência, os juros de mora devem incidir também a partir dessa data. Assim, nos casos de

responsabilidade contratual, não se pode afirmar que os juros de mora devem sempre correr a

partir da citação, porque nem sempre a mora terá sido constituída pela citação. O art. 405 do CC

(contam-se os juros de mora desde a citação inicial"), muitas vezes empregado com o objetivo de

fixar o termo inicial dos juros moratórios em qualquer hipótese de responsabilidade contratual,

não se presta a tal finalidade. Geograficamente localizado em Capítulo sob a rubrica "Das Perdas e

Danos", esse artigo disciplinaria apenas os juros de mora que se vinculam à obrigação de pagar

perdas e danos. Ora, as perdas e danos, de ordinário, são fixadas apenas por decisão judicial.

Nesse caso, a fixação do termo inicial dos juros moratórios na data da citação se harmoniza com a

regra implícita no art. 397, caput, de que nas obrigações que não desfrutam de certeza e liquidez,

a mora é ex persona, ou seja, constitui-se mediante interpelação do credor. Precedentes citados:

REsp 1.257.846-RS, Terceira Turma, DJe 30/4/2012; e REsp 762.799-RS, Quarta Turma, DJe

23/9/2010. EREsp 1.250.382-PR, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 2/4/2014.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. BUSCA E APREENSÃO.

CONTRATO DE FINANCIAMENTO. GARANTIA FIDUCIÁRIA. MORA EX RE.

VENCIMENTO DO PRAZO PARA PAGAMENTO. COMPROVAÇÃO. PROTESTO POR TELEGRAMA.

INVALIDADE.

1. A mora do devedor, na ação de busca e apreensão de bem objeto de contrato de financiamento

com garantia fiduciária, constitui-se ex re, de modo que decorre automaticamente do vencimento

do prazo para pagamento.

2. A mora do devedor deve ser comprovada por notificação extrajudicial realizada por intermédio

do Cartório de Títulos e Documentos a ser entregue no domicílio do devedor, sendo dispensada a

notificação pessoal.

3. In casu, o v. acórdão estadual considerou inválido o protesto do título por telegrama, na medida

em que não foi formalizado por meio de Cartório de Títulos e Documentos. Nesse contexto, o v.

acórdão recorrido não destoa do entendimento desta Corte de justiça.

4. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no AREsp 385.511/RS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em

17/12/2013, DJe 04/02/2014)

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO.

CLÁUSULAS ABUSIVAS. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO JULGAMENTO ULTRA PETITA. COMPROVAÇÃO

DA MORA. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.

I - O órgão julgador, na ação de busca e apreensão, não pode, de ofício, revisar as cláusulas do

contrato de financiamento subjacente, por considerá-las abusivas. Assim agindo, ultrapassa o

limite da irresignação da parte interessada e a natureza eminentemente patrimonial dos direitos

envolvidos.

II - A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de que, na ação de

busca e apreensão de bem objeto de contrato de financiamento com garantia fiduciária, a mora

constitui-se ex-re, ou seja, decorre automaticamente do vencimento do prazo para pagamento.

Precedentes.

Recurso Especial provido.

(REsp 1186747/SC, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/05/2010, DJe

25/05/2010)

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. INEXISTÊNCIA DE NOVOS ARGUMENTOS

CAPAZES DE INFIRMAR A DECISÃO ORA AGRAVADA. MANUTENÇÃO POR SEUS PRÓPRIOS

FUNDAMENTOS. A JURISPRUDÊNCIA DA 2.ª SEÇÃO DO STJ É PACÍFICA NO SENTIDO DE QUE NA

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, A MORA CONSTITUI-SE EX RE, ISTO É, DECORRE AUTOMATICAMENTE DO

VENCIMENTO DO PRAZO PARA PAGAMENTO. NA ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, COMPROVA-SE A MORA DO

DEVEDOR PELO PROTESTO DO TITULO, SE HOUVER, OU PELA NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL FEITA POR

INTERMÉDIO DO CARTÓRIO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS.

AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

(AgRg no Ag 997.534/GO, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em

17/11/2009, DJe 30/11/2009)

Direito civil e processual civil. Agravo no recurso especial. Busca e apreensão. Alienação fiduciária.

Caracterização da mora.

Precedentes. Comprovação da Mora.

- A jurisprudência da 2.ª Seção do STJ é pacífica no sentido de que na alienação fiduciária a mora

constitui-se ex re, isto é, decorre automaticamente do vencimento do prazo para pagamento.

- Na alienação fiduciária, comprova-se a mora do devedor pelo protesto do titulo, se houver, ou pela

notificação extrajudicial feita por intermédio do Cartório de Títulos e Documentos.

Negado provimento ao agravo no recurso especial.

(AgRg no REsp 1041543/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em

06/05/2008, DJe 28/05/2008)

Ação de busca e apreensão. Notificação por carta. Precedentes da Corte.

1. Na jurisprudência da Corte para comprovar a mora não é necessário intimação pessoal, basta que o

aviso por carta seja entregue no endereço do devedor, não se exigindo que a assinatura constante do

aviso seja a do próprio destinatário. No caso, porém, os endereços do contrato, da notificação e

daquele em que efetivada a citação são diferentes tornando inadequada a aplicação da jurisprudência

da Corte.

2. Recurso especial conhecido e provido.

(REsp 676.207/RJ, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em

07.06.2005, DJ 29.08.2005 p. 338)

A purga da mora, nos contratos de alienação fiduciária, só é permitida quando já pagos pelo menos

40% (quarenta por cento) do valor financiado.

(Súmula 284, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28.04.2004, DJ 13.05.2004 p. 201)

OBS. Compare a Súmula 284 com o art. 56 da Lei nº 10.931 de 2004:

Súmula 284, STJ:

A purga da mora, nos contratos de alienação fiduciária, só é permitida quando já pagos pelo menos

40% (quarenta por cento) do valor financiado.

(SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28/04/2004, DJ 13/05/2004 p. 201)

Lei n. 10.931 de 2004:

Art. 56. O Decreto-Lei no 911, de 1o de outubro de 1969, passa a vigorar com as seguintes alterações:

"Art. 3o .............................................................................

§ 2o No prazo do § 1o, o devedor fiduciante poderá pagar a integralidade da dívida pendente, segundo

os valores apresentados pelo credor fiduciário na inicial, hipótese na qual o bem lhe será restituído

livre do ônus.

No STJ, veja, pois, o seguinte julgado, a respeito desta temática:

Ação de busca e apreensão. Decreto-Lei nº 911/69 com a redação dada pela Lei nº 10.931/04.

1. Com a nova redação do art. 3º do Decreto-Lei nº 911/69 pela Lei n° 10.931/04, não há mais falar em

purgação da mora, podendo o credor7, nos termos do respectivo § 2º, "pagar a integralidade da dívida

pendente, segundo os valores apresentados pelo credor fiduciário na inicial, hipótese na qual o bem

lhe será restituído livre do ônus".

2. Recurso especial conhecido e provido, em parte.

(REsp 767227/SP, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em

25/10/2005, DJ 13/02/2006 p. 800)

No entanto, é de boa cautela acompanhar a jurisprudência do STJ e do STF para se verificar que rumo

pretoriano será adotado a respeito desta temática.

Mais recentemente, por exemplo, decidiu-se:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM

PEDIDO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS. CONTRATO DE FINANCIAMENTO GARANTIDO POR

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.

1. Com a edição da Lei 10.931/04, afastou-se a possibilidade de purgação da mora nas ações de busca e

apreensão oriundas de contrato de mútuo garantido por alienação fiduciária.

2. Compete ao devedor, no prazo de cinco dias da execução da liminar, pagar a integralidade da dívida,

entendida esta como os valores apresentados pelo credor fiduciário na inicial.

3. Inviável a inclusão de outras despesas de cobrança no montante devido para purga da mora,

porquanto apenas podem ser incluídas no leito estreito da ação de busca e apreensão, as verbas

expressamente previstas pelo § 1º, do artigo 2º, do Decreto-lei 911/69.

4. Necessidade de retorno dos autos à origem para apreciação do pedido de reparação dos danos

morais.

5. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

(AgRg no REsp

1249149/PR, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/11/2012,

DJe 09/11/2012)

7 A referência deve ser ao devedor.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO.

ART. 3º DO DECRETO-LEI 911/69, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI 10.931/2004. PURGAÇÃO DA MORA.

INTEGRALIDADE DA DÍVIDA PENDENTE.

1. Consoante jurisprudência desta Corte, após a edição da Lei 10.931/2004, que deu nova redação ao art.

3º do Decreto-Lei 911/1969, não há falar mais em purgação da mora. Sob a nova sistemática, após

decorrido o prazo de cinco dias contados da execução da liminar, a propriedade do bem fica consolidada

com o credor fiduciário, devendo o devedor efetuar o pagamento da integralidade do débito

remanescente a fim de obter a restituição do bem livre de ônus.

2. Agravo interno desprovido.

(AgRg no REsp 1300480/PR, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe

01/02/2013)

Confira também o noticiário STJ de 15 de junho de 2012. E acompanhe a jurisprudência!...

OBS.: em 25 de abril de 2014, a página do STJ no Facebook noticiou:

O ministro Luis Felipe Salomão (foto), do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou a suspensão, em

todo o país, da tramitação dos processos nos quais se discute se haveria a necessidade de pagamento

integral do débito para caracterizar a purgação da mora, em casos de busca e apreensão de bem

alienado fiduciariamente, ou se bastaria o pagamento das parcelas vencidas.

Fonte: https://www.facebook.com/notes/superior-tribunal-de-justi%C3%A7a-stj/suspensos-todos-os-

processos-sobre-forma-de-pagamento-em-caso-de-busca-e-apreens/10154115539945397 acessado em

03 de maio de 2014.

Como dito, vale a pena acompanhar o desdobramento do tema, meus amigos do coração... consultem

sempre o site do STJ... e do STF também, claro.

A notificação destinada a comprovar a mora nas dívidas garantidas por alienação fiduciária dispensa

a indicação do valor do débito.

(Súmula 245, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28.03.2001, DJ 17.04.2001 p. 149)

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. PROTESTO E INSCRIÇÃO NO SPC INDEVIDOS.

REGISTROS DO BANCO DESATUALIZADOS. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL. DANO MORAL

CONFIGURADO. TERMO INICIAL DOS JUROS MORATÓRIOS. SÚMULA 54/STJ.

1. O Tribunal a quo fixou a indenização por danos morais em R$10.000,00 (dez mil reais), atualizados

monetariamente, "acrescidos de juros de 0,5 (meio por cento) ao mês, incidentes a contar da

publicação do acórdão".

2. As razões recursais são acolhidas: consoante entendimento pacificado nesta Corte, "os juros

moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual" (Súmula

54/STJ). Precedentes.

3. Destarte, in casu, os juros de mora têm como termo inicial a data do evento danoso (16.08.98),

quando ao autor lhe foi negado o direito de retirar talão de cheques, em virtude de constar seu

nome irregularmente inscrito no SPC, por um indevido protesto.

4. Recurso conhecido e provido.

(REsp 815.917/PR, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUARTA TURMA, julgado em 21.03.2006, DJ

10.04.2006 p. 228)

Finalmente, vale conferir a recente súmula 380 do STJ:

Súmula: 380

A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização da mora do autor.

E, mais recentemente, vale anotar:

Os juros de mora na indenização do seguro DPVAT fluem a partir da citação.

(Súmula 426, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/03/2010, DJe 13/05/2010)

Ver, no site do STJ, outras súmulas e julgados atinentes ao tema.

4.3. Inadimplemento Absoluto

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.

TRANSPORTE DE PASSAGEIRO EM COLETIVO. ASSALTO. PASSAGEIRO ATINGIDO POR DISPARO DE ARMA

DE FOGO. RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR AFASTADA. PRECEDENTES.

INAPLICABILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. JUSTIÇA GRATUITA.CONDENAÇÃO. POSSIBILIDADE.

1. A Segunda Seção desta Corte Superior firmou entendimento de que, não obstante a

habitualidade da ocorrência de assaltos em determinadas linhas, é de ser afastada a

responsabilidade da empresa transportadora por se tratar de fato inteiramente estranho à

atividade de transporte (fortuito externo), acobertado pelo caráter da inevitabilidade.

2. A jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que a gratuidade não afasta a condenação

em honorários advocatícios, apenas suspende a sua exigibilidade pelo prazo de 5 (cinco) anos.

3. Agravo regimental não provido.

(AgRg no REsp 823.101/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em

20/06/2013, DJe 28/06/2013)

AGRAVO REGIMENTAL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ASSALTO - INTERIOR DE ÔNIBUS - RESPONSABILIDADE

DA EMPRESA - EXCLUDENTE - CASO FORTUITO - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA - IMPROVIMENTO.

I. Fato inteiramente estranho ao transporte (assalto à mão armada no interior de ônibus coletivo),

constitui caso fortuito, excludente de responsabilidade da empresa transportadora.

II. O agravante não trouxe qualquer argumento capaz de modificar a conclusão alvitrada, a qual se

mantém por seus próprios fundamentos.

Agravo improvido.

(AgRg no Ag 711.078/RJ, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/09/2008, DJe

30/09/2008)

CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ASSALTO A ÔNIBUS SEGUIDO DE ESTUPRO DE PASSAGEIRA.

CASO FORTUITO. CONFIGURAÇÃO. PREPOSTO.

OMISSÃO NO SOCORRO À VÍTIMA. RESPONSABILIDADE DA TRANSPORTADORA.8

I. A 2ª Seção do STJ, no julgamento do REsp n. 435.865/RJ (Rel. Min.

Barros Monteiro, por maioria, DJU de 12.05.2003), uniformizou entendimento no sentido de que constitui

caso fortuito, excludente de responsabilidade da empresa transportadora, assalto a mão armada ocorrido

dentro de veículo coletivo.

II. Caso, entretanto, em que a prova dos autos revelou que o motorista do ônibus era indiretamente

vinculado a dois dos assaltantes e que se houve com omissão quando deixou de imediatamente buscar o

auxílio de autoridade policial, agravando as lesões de ordem física, material e moral acontecidas com a

passageira, pelo que, em tais circunstâncias, agiu com culpa a ré, agravando a situação da autora, e por

tal respondendo civilmente, na proporção desta omissão.

III. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.

(REsp 402.227/RJ, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 07.12.2004, DJ

11.04.2005 p. 305)

Direito processual civil. Agravo no agravo de Instrumento. Recurso especial. Contrato de compra e venda.

Incorporação Imobiliária.

Compensação com parcelas pagas. Aluguel. Perdas e danos.

- Resolvendo-se o contrato por culpa do promitente comprador, incumbe a este o pagamento das perdas

e danos, devendo tais verbas ser compensadas com os valores por ele já pagos, sob pena de

enriquecimento ilícito do promitente vendedor.

Agravo no agravo de instrumento improvido.

(AgRg no Ag 581.366/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 08.03.2005, DJ

21.03.2005 p. 366).

8 Esta jurisprudência insere-se no âmbito da responsabilidade aquiliana (extracontratual),

tema a ser visto no intensivo 2, mas serve para que você observe o entendimento amplo

que o STJ tem dado aos conceitos de “caso fortuito e força maior”. Esta temática deve ser

retomada na grade de responsabilidade civil.

5. Texto Recomendado

No site do CJF recomendamos, a respeito do tema “enriquecimento sem causa” a leitura de artigo

do Prof. Menezes Leitão da Universidade de Lisboa:

http://www.cjf.jus.br/revista/numero25/artigo04.pdf

Vale a pena conferir!

Texto profundo e erudito!

6. Bibliografia Básica

Fonte: Novo Curso de Direito Civil – Obrigações – vol. II, PABLO STOLZE GAGLIANO e

RODOLFO PAMPLONA FILHO, (Ed. Saraiva) www.saraivajur.com.br

7. Fique por Dentro

Os julgados abaixo reafirmam a linha de pensamento predominante no STJ no sentido de que o

assalto em transporte coletivo equipara-se a um “evento fortuito”, excluindo a responsabilidade

do transportador:

AGRAVO REGIMENTAL - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - RESPONSABILIDADE CIVIL -

TRANSPORTE COLETIVO - ASSALTO - CASO FORTUITO - EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE -

PRECEDENTES - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA - IMPROVIMENTO.

1.- O entendimento desta Corte é firme no sentido de que, em caso de transporte coletivo de

passageiros, "o transportador só responde pelos danos resultantes de fatos conexos com o serviço

que presta" (REsp 468.900/RJ, Rel. Min. ARI PARGENDLER, DJ 31.3.2003) e de que "assalto à mão

armada dentro de coletivo constitui fortuito a afastar a responsabilidade da empresa

transportadora pelo evento danoso daí decorrente para o passageiro" (Rcl 4.518/RJ, Rel. Min.

RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, SEGUNDA SEÇÃO, DJe 07/03/2012).

2.- O Agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar a conclusão alvitrada, a qual

se mantém por seus próprios fundamentos.

3.- Agravo Regimental improvido.

(AgRg no AREsp

235.629/MA, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/10/2012, DJe

06/11/2012)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. RECEBIDOS

COMO AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO TEMPESTIVOS OPOSTOS NA ORIGEM.

REJEITADOS. RECURSO ESPECIAL. TEMPESTIVO. TRANSPORTE COLETIVO. ASSALTO À MÃO ARMADA.

RESPONSABILIDADE. AFASTAMENTO.

1. Em homenagem aos princípios da economia processual e da fungibilidade, devem ser

recebidos como agravo regimental os embargos de declaração que contenham exclusivo

intuito infringente.

2. Pacificado o entendimento nesta Corte de que somente os embargos declaratórios

opostos intempestivamente não interrompem o prazo para outros recursos. Recurso especial

tempestivo.

3. Este Tribunal tem jurisprudência tranquila de que eximida a responsabilidade da empresa

de transporte coletivo em caso de assalto à mão armada ocorrido no interior de ônibus.

Precedentes.

4. Agravo regimental a que se nega provimento.

(EDcl no Ag 1395921/BA, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em

19/04/2012, DJe 25/04/2012)

RECLAMAÇÃO. RESOLUÇÃO STJ Nº 12/2009. DIVERGÊNCIA ENTRE ACÓRDÃO DE TURMA RECURSAL

ESTADUAL E A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. RESPONSABILIDADE CIVIL. ASSALTO NO INTERIOR DE ÔNIBUS

COLETIVO. CASO FORTUITO EXTERNO. EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE DA EMPRESA

TRANSPORTADORA.

MATÉRIA PACIFICADA NA SEGUNDA SEÇÃO.

1. A egrégia Segunda Seção desta Corte, no julgamento das Reclamações nº 6.721/MT e nº

3.812/ES, no dia 9 de novembro de 2011, em deliberação quanto à admissibilidade da reclamação

disciplinada pela Resolução nº 12, firmou posicionamento no sentido de que a expressão

"jurisprudência consolidada" deve compreender: (i) precedentes exarados no julgamento de

recursos especiais em controvérsias repetitivas (art. 543-C do CPC) ou (ii) enunciados de Súmula da

jurisprudência desta Corte.

2. No caso dos autos, contudo, não obstante a matéria não estar disciplinada em enunciado de

Súmula deste Tribunal, tampouco submetida ao regime dos recursos repetitivos, evidencia-se

hipótese de teratologia a justificar a relativização desses critérios.

3. A jurisprudência consolidada neste Tribunal Superior, há tempos, é no sentido de que o assalto

à mão armada dentro de coletivo constitui fortuito a afastar a responsabilidade da empresa

transportadora pelo evento danoso daí decorrente para o passageiro.

4. Reclamação procedente.

(Rcl 4.518/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em

29/02/2012, DJe 07/03/2012)

AGRAVO REGIMENTAL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - RESPONSABILIDADE CIVIL - TRANSPORTE COLETIVO

- ASSALTO - CASO FORTUITO - SÚMULA 83/STJ - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA - IMPROVIMENTO.

I. O entendimento desta Corte é firme no sentido de que, em caso de transporte coletivo de passageiros,

"o transportador só responde pelos danos resultantes de fatos conexos com o serviço que presta" (REsp

468.900/RJ, Rel. Min. ARI PARGENDLER, DJ 31.3.2003) e que havendo "assalto com arma de fogo no

interior do ônibus, presente o fortuito, os precedentes da Corte afastam a responsabilidade do

transportador" (REsp 286.110/RJ, Rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, DJ 1.10.2001). Aplicável,

portanto, à espécie, o óbice da Súmula 83 desta Corte.

II. O Agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar a conclusão alvitrada, a qual se

mantém por seus próprios fundamentos.

III. Agravo Regimental improvido.

(AgRg no Ag 1348966/RJ, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/12/2010, DJe

03/02/2011)

AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO. ACÓRDÃO PROLATADO POR TURMA RECURSAL DE JUIZADO

ESPECIAL. RESOLUÇÃO N. 12/2009. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. ASSALTO

DENTRO DE ÔNIBUS.

CASO FORTUITO OU DE FORÇA MAIOR. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA TRANSPORTADORA.

INEXISTÊNCIA. JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO STJ.

JULGAMENTO DE PLANO DA RECLAMAÇÃO. POSSIBILIDADE.

1. Assalto dentro de ônibus coletivo é considerado caso fortuito ou de força maior que afasta a

responsabilidade da empresa transportadora por danos eventualmente causados a passageiro.

Jurisprudência consolidada do STJ.

2. Cabível, de plano, o julgamento de reclamação em que o julgado do Juizado Especial não está de

acordo com decisão proferida em reclamação anterior de conteúdo equivalente. Art. 1º, § 2º, da

Resolução n. 12/2009 do STJ.

3. Agravo regimental desprovido.

(AgRg na Rcl 12.695/RJ, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em

12/06/2013, DJe 17/06/2013)

Mas vale sempre a pena consultar o site e atualizar-se constantemente.

Bom estudo, meus amigos!

8. Mensagem

Queridos amigos,

Segue uma Verdade que considero absoluta:

“Tudo passa, só Deus não muda!”

Fé e Força, sempre!

Um abraço!

Até a próxima!

Fiquem com Deus, o amigo,

Pablo.

C.D.S. 2014.1