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POLÍCIA MILITAR DA PARAÍBA Doutrina de Policiamento Ostensivo 2000

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  • POLCIA MILITAR DA PARABA

    Doutrina de Policiamento Ostensivo

    2000

  • Doutrina de Policiamento Ostensivo

    Polcia Militar da Paraba

    2

    RAMILTON SOBRAL CORDEIRO DE MORAIS CEL Comandante Geral

    MARCLIO EVANGELISTA DE SOUZA CEL Subcomandante Geral e Chefe do EMG

    JOO BATISTA DE LIMA CEL Diretor de Ensino

    Referncia Bibliogrfica:

    CHAVES, Euller de Assis (Cap). PMPB. Doutrina de Policiamento Ostensivo. Joo Pessoa-PB, 2000. 108p. 1. Doutrina de Policiamento Ostensivo

    1a. Tiragem

    CORDENAO

    Carlos Eleotrio Guimares - CAP DIAGRAMAO E EDITORAO

    Roberto Alves da Silva 1 TEN IMPRESSO

    Alcides Lopes da Silva CB Claudionor Quirino da Silva SD

    CAPA Victor Augusto Rocco Ribeiro - SD

  • Doutrina de Policiamento Ostensivo

    Polcia Militar da Paraba

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    Apresentao

    Prezado Aluno,

    O presente manual reflete o esforo da administrao em fomentar

    subsdios para melhoria do ensino na Polcia Militar. Desde a rudimentar coleta de

    dados at o individual esforo na pesquisa e na classificao de assuntos, nas

    diversas reas, h a preocupao constante e o crescente interesse de que seja

    desenvolvida a melhoria da qualidade do homem e da prestao de servios.

    Espera-se que cada um comungue do mesmo sentimento de

    profissionalidade e d o melhor de si. Persistir na melhoria do prprio grau

    de profissionalismo, atravs do conhecimento crescer no campo pessoal

    e no conjunto da comunidade da qual faz parte.

    Uma boa formao resultar numa performance de reflexos

    positivos, aguando a sensibilidade do cidado, enquanto alvo do trabalho

    policial militar.

    RAMILTON SOBRAL CORDEIRO DE MORAIS CEL Comandante Geral

  • Doutrina de Policiamento Ostensivo

    Polcia Militar da Paraba

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    Prefcio No limiar de um novo sculo, a velocidade do conhecimentos e das informaes globalizadas alcanam, tambm, as atividades de Salvaguarda da Coletividade. nesse contexto que nos situamos como profissionais de Segurana Pblica, preservadores de direitos e parceiros das responsabilidades em Comunidade. Face a esta dinamicidade efetiva, premente repensar a teoria e a prtica policial, adequando-a a uma nova realidade, onde o estado democrtico de direito, o dilogo, a proximidade, a interatividade prevalecem no cenrio atual. Convm salientar que este trabalho um ensaio, ou seja, o comeo, pois no possui aprofundamento, no termina agora, j que acreditamos haver sempre algo a melhorar, a introduzir como filosofia, estratgia, ttica, tcnica, atitudes, comportamentos, conceitos, enfim, altera-se e atualiza-se a Doutrina do Policiamento Ostensivo a todo instante. Da, procurei consubstanciar em informaes sintetizadas, as regras legais e procedimentos doutrinrios que conduzem prtica eficiente e eficaz das atividades do Policiamento Ostensivo inerentes Polcia Militar e vivas nos teatro de operaes da Segurana Pblica e no Sistema de Defesa Social; oferecendo as mnimas condies de contedo oferecido ao instruendo, no que se refere ao exerccio do Policiamento Ostensivo, propiciando-lhe uma atuao adequada s variveis e circunstncias apresentadas no dia-a-dia operacional. Ressalte-se ainda, que no elaborei o presente manual na sua ntegra, face a manuteno da linhas centrais do j existente e do programa apresentado, assim, efetuei inseres e suprimi alguns dados a fim de torna-lo mais didtico, contudo necessria a complementao das informaes com esquemas, ilustraes e at, outros dados que no constem em programas de disciplinas afins.

    EULLER DE ASSIS CHAVES - CAP Colaborador

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    Sumrio

    1. CONSIDERAES INICIAIS ................................................................................ 11

    1.1 Historicidade Do Policiamento Ostensivo ............................................................ 11 1.1.1 Os Primeiros Tempos (Brasil-Colnia) ..................................................... 11 1.1.2 As Tropas Fardadas: Das Ordenanas s Tropas Pagas ...................... 12 1.1.3 Evidncias Aceitas ..................................................................................... 12

    1.2 Legitimidade Do Policiamento Ostensivo ............................................................. 12 1.2.1 Noes De Ordem Pblica, Segurana Pblica E Polcia ...................... 12 1.2.2 Competncia Legal Das Polcias Militar E Civil ........................................ 14

    1.3 Perfil Formal, tico E Os Requisitos Do Policiamento Ostensivo ...................... 16 1.3.1 Caractersticas Do Policiamento Ostensivo (PERFIL FORMAL) ............ 16

    1.3.1.1 Identificao ......................................................................................... 16 1.3.1.2 Ao Pblica ....................................................................................... 16 1.3.1.3 Totalidade ............................................................................................ 17 1.3.1.4 Dinmica .............................................................................................. 17 1.3.1.5 Legalidade ........................................................................................... 17 1.3.1.6 Ao de Presena .............................................................................. 17

    1.3.2 A Aplicao Eficaz Do Policiamento Ostensivo (PERFIL FORMAL) ..... 18 1.5 Requisitos Bsicos Para O Policiamento Ostensivo ........................................... 21

    2. PREVENO DA CRIMINALIDADE ................................................................... 24

    2.1 Generalidades ........................................................................................................ 24 2.2 Polticas De Preveno Da Criminalidade ........................................................... 26

    2.2.1 Modelo De Preveno Penal .................................................................... 26 2.2.2 Modelo De Preveno Social .................................................................... 27 2.2.3 Fundamentos Do Modelo De Preveno Social ...................................... 27

    2.3 Programas De Preveno Da Criminalidade....................................................... 28 2.3.1 Teoria Do Espao Defensvel................................................................... 28 2.3.2 Teoria Geogrfica Do Crime ...................................................................... 29 2.3.3 Teoria Do Reforo Objetivo ....................................................................... 29 2.3.4 Teoria Da Proteo Vitimria ..................................................................... 31

    2.4 Evidncias Aceitas ................................................................................................. 32

    3. IMUNIDADES .......................................................................................................... 34

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    3.1 Imunidade Diplomtica .......................................................................................... 34 3.1.1 Detentores Da Imunidade Diplomtica ..................................................... 34

    3.2 Imunidade Parlamentar ......................................................................................... 35 3.2.1 Detentores Da Imunidade Parlamentar .................................................... 35

    4. ABORDAGEM POLICIAL ..................................................................................... 38

    4.1 Generalidades ........................................................................................................ 38 4.2 Conceito ................................................................................................................. 38

    4.2.1 Suspeito E Delinquente (Distino) ........................................................... 39 4.4 Princpios Da Abordagem ..................................................................................... 40 4.5 Fases Da Abordagem ........................................................................................... 41

    4.5.1 Plano De Ao (1 Fase Preparao / Antes Da Abordagem) ............ 41 4.5.2 Execuo (2 Fase - Ao / Durante A Abordagem) ............................... 42 4.5.3 Decorrente da Abordagem (3 Fase Resultante / Depois) .................. 42

    5. ABORDAGEM DE PESSOAS .............................................................................. 44

    5.1 Orientaes Gerais ................................................................................................ 44 5.2 Abordagem De Pessoas Isoladas ........................................................................ 44

    5.2.1 Abordagem por DCD (dupla Cosme e Damio) ...................................... 44 5.2.2 Abordagem por 03 (trs) PMs (Sem Anteparo) ....................................... 45

    5.3 Abordagem De Pessoas Na Multido .................................................................. 46 5.3.1 Abordagem De Pessoas Em Grupo ......................................................... 46

    6. ABORDAGEM E VISTORIA DE VECULOS ...................................................... 49

    6.1 Composio Da Viatura Operacional ................................................................... 49 6.1.1 Guarnio Composta Por 03 (trs) PMs: ................................................. 49 6.1.2 Guarnio Composta Por 04 (quatro) PMs: ............................................. 49

    6.2 Procedimento Operacional ................................................................................... 50 6.2.1 Procedimentos Bsicos ............................................................................. 50 6.2.2 Locais De Abordagem ............................................................................... 50

    6.2.2.1 Abordagem Realizada Por Guarnio Composta Por 03 (Trs) Pms: .......................................................................................................................... 51 6.2.2.2 Abordagem Realizada Por Guarnio Composta Por 04(Quatro) Pms: ................................................................................................................. 53 6.2.2.3 Abordagem De Veculo Em Movimento ............................................ 56

    7. ABORDAGEM DE EDIFICAES ...................................................................... 58

    7.1 Orientaes Bsicas .............................................................................................. 58

    8. BUSCA PESSOAL ................................................................................................. 62

    8.1 Conceito ................................................................................................................. 62 8.2 Tipos De Busca ..................................................................................................... 64

    8.2.1 Busca Pessoal Ligeira (PRELIMINAR) ..................................................... 64 8.2.2 Busca Pessoal Minuciosa .......................................................................... 65 8.2.3 Busca Pessoal Completa .......................................................................... 67

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    9. IDENTIFICAO DE PESSOAS .......................................................................... 69

    9.1 Conceito ................................................................................................................. 69 9.1.1 Identidade ................................................................................................... 69 9.1.2 Identificao ................................................................................................ 69

    9.2 Documentos De Identidade Pessoal ................................................................... 69 9.2.1 Consideraes Gerais ............................................................................... 69 9.2.2 Tipos De Documento ................................................................................. 69

    9.3 Procedimento Operacional ................................................................................... 69 9.3.1 Consideraes Gerais ............................................................................... 69

    10. USO DE ALGEMAS ............................................................................................. 72

    10.1 Amparo Legal ...................................................................................................... 72 10.2 Procedimento Operacional ................................................................................. 72

    10.2.1 Procedimentos Para Algemar ................................................................. 72 10.2.2 Retirada Da Algema................................................................................. 74

    11. LOCAL DE CRIME ............................................................................................... 76

    11.1 Conceituao ....................................................................................................... 76 11.2 A Importncia Da Preservao Do Local De Crime ......................................... 76 11.3 Caractersticas Do Local De Crime .................................................................... 76

    11.3.1 Situao Topogrfica ............................................................................... 76 11.3.2 Natureza Do Evento................................................................................. 76

    11.4 Das Provas .......................................................................................................... 77 11.4.1 Conceito .................................................................................................... 77 11.4.2 Classificao ............................................................................................. 77

    11.5 Dos Vestgios ....................................................................................................... 77 11.5.1 Conceito .................................................................................................... 77 11.5.2 Classificao ............................................................................................. 77 11.5.3 Ao Policial No Local De Crime ............................................................ 78

    11.7 Isolamento Do Local De Crime ........................................................................... 79 11.7.1 Conceito .................................................................................................... 79 11.7.2 Tcnica Utilizada ...................................................................................... 79

    11.8 Testemunhas ....................................................................................................... 80 11.8.1 Conceito .................................................................................................... 80 11.8.2 Ao Do Policial Militar Ao Arrolar Testemunhas ................................... 80

    12. ATENDIMENTO DE OCORRNCIAS POLICIAIS ........................................... 83

    12.1 Conceitos Bsicos ............................................................................................... 83 12.2 Atuao No Local De Crime ............................................................................... 83 12.3 Ocorrncias Policiais ........................................................................................... 83

    12.3.1 Ocorrncias Tpicas De Polcia ............................................................... 83 12.3.1.1 Envolvendo Ilcitos Contra A Pessoa .............................................. 83

    1) Aborto criminoso ..................................................................................... 84 2) Rixa .......................................................................................................... 84 3) Ameaa ................................................................................................... 84

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    4) Homicdio ................................................................................................. 84 5) Homicdio Tentado .................................................................................. 85 6) Leso Corporal ........................................................................................ 85 7) Violao de Domiclio ............................................................................. 85 8) Maus Tratos ............................................................................................ 85 9) Omisso de Socorro ............................................................................... 86 10) Porte Ilegal de Armas ........................................................................... 86 11) Vias de fato/Agresso .......................................................................... 86 12) Atrito Verbal ........................................................................................... 86 13) Outras .................................................................................................... 87

    12.3.1.2 Envolvendo Ilcitos Contra O Patrimnio ......................................... 87 1) Dano ........................................................................................................ 87 2) Furto ......................................................................................................... 87

    3) Roubo (tentado ou consumado) ................................................................ 88 4) Extorso .................................................................................................. 89 5) Invaso de Imvel (Esbulho Possessrio) ............................................ 90 6) Apropriao Indbita ............................................................................... 92 7) Estelionato ............................................................................................... 93 8) Fraude No Comrcio .............................................................................. 93 9) Negar saldar despesas........................................................................... 93 10) Receptao ........................................................................................... 94 11) Posse No Justificada de Instrumento Usual ..................................... 94 12) Outras .................................................................................................... 95

    12.3.1.3 Envolvendo Ilcitos Contra Os Costumes E A Paz Pblica ........... 95 1) Atentado Violento ao Pudor ................................................................... 95 2) Corrupo de Menores ........................................................................... 95 3) Estupro .................................................................................................... 96 4) Ultraje Pblico ao Pudor ......................................................................... 96 5) Embriaguez ............................................................................................. 96 6) Perturbao ruidosa do trabalho ou do sossego (DESORDEM) ....... 97 7) Outros ...................................................................................................... 97

    12.3.1.4 ENVOLVENDO ILCITOS VINCULADOS S DROGAS ............. 97 1) Cultivo ou produo ................................................................................ 98 2) Posse de equipamento de produo e/ou fabrico ................................ 98 3) Comrcio ou fornecimento gratuito (trfico) .......................................... 98 4) Uso ou posse para uso prprio .............................................................. 98 5) Outras ...................................................................................................... 99

    12.3.1.5 Outras Ocorrncias Policiais ............................................................ 99 1) Falsificao e ou uso de dinheiro falso .................................................. 99 2) Resistncia, Desobedincia ou Desacato ............................................. 99 3) Fuga ou Evaso de Presos .................................................................. 100 4) Contra a Sade Pblica ........................................................................ 100 5) Propaganda eleitoral no permitida ..................................................... 100 6) Recusa de dados de Identificao ....................................................... 101 7) Encontro de Cadver ............................................................................ 101

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    8) Delinqente Procurado ......................................................................... 101 9) Suicdio (tentado ou consumado) ........................................................ 101 10) Requisio da Polcia Militar pela Autoridade Judiciria .................. 102 11) Outros .................................................................................................. 102

    12.3.2 Ocorrncias Atpicas De Polcia ............................................................ 102 12.3.2.1 ASSISTNCIAS ............................................................................. 102

    1) Alienado mental .................................................................................... 103 2) Criana/Adolescente (Perdido, Extraviado Ou Fugitivo) .................... 103 3) Atendimento a Parturiente ................................................................... 103 4) Pessoa Ferida ou Enferma .................................................................. 104 5) Outros .................................................................................................... 104

    12.3.2.2 Solicitao De Pessoas Ou Entidades .......................................... 104 1) Transportes de Bens ou Valores ......................................................... 105 2) Deslocamento de Autoridades ............................................................. 105 3) Outros .................................................................................................... 105

    BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 106

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    1. CONSIDERAES INICIAIS

    1.1 Historicidade Do Policiamento Ostensivo 1.2 Legitimidade Do Policiamento Ostensivo 1.3 Perfil Formal, tico E Os Requisitos Do Policiamento Ostensivo 1.5 Requisitos Bsicos Para O Policiamento Ostensivo

    CAPTULO

    "Sbio aquele que conhece os limites da prpria ignorncia". (Scrates)

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    1. CONSIDERAES INICIAIS FINALIDADE O fim primordial deste documento tcnico-profissional consiste em consubstanciar em informaes sintetizadas, as regras legais e procedimentos doutrinrios que conduzem prtica eficiente, eficaz e efetiva das atividades do Policiamento Ostensivo inerentes a Policia Militar no teatro de operaes da Segurana Pblica e no Sistema de Defesa Social. OBJETIVO Oferecer as condies de consulta mnimas e necessrias ao Corpo Discente da Corporao e subsidiar o Corpo Docente como complemento do contedo oferecido ao instruendo, no que se refere ao exerccio do Policiamento Ostensivo, propiciando-lhe uma atuao adequada s variveis e circunstncias apresentadas no dia a dia operacional. 1.1 HISTORICIDADE DO POLICIAMENTO OSTENSIVO Tudo em nossas vidas tem uma razo de ser, de uma forma ou de outra, as coisas, instituies, enfim, todo ente representativo tem a sua fonte originria, diferente no o com o Policiamento Ostensivo. Em sntese temos os seguintes registros: 1.1.1 OS PRIMEIROS TEMPOS (BRASIL-COLNIA) O vu crepuscular cai sobre o Sculo XV, e raia a aurora do Sculo XVI. Uma terravirgem, habitada por silvcolas, aflora para o ento mundo civilizado. Tudo comeou com os portugueses. Do descobridor e colonizador, herdamos tudo: idioma, vocao desbravadora, tolerncia, religio, comodismo, organizao poltico-administrativa, etc. Herdamos tambm os princpios jurdico-policiais que, atravs dos sculos, modelaram e cristalizaram a nossa concepo de Segurana Pblica. Os Almotacs, autoridades encarregadas de zelar pela Ordem Pblica nas vilas recm-criadas no Brasil-Colnia, representando a primeira manifestao de uma autoridade policial constituda. Tal termo, vindo do rabe (almohthacel), originado do verbo haaba, que significa contar, calcular), designa o funcionrio ou autoridade, a que se atribui o dever de fiscalizar a exatido dos pesos e medidas, a taxao dos preos estabelecidos e mesmo a distribuio de gneros expostos ao consumo pblico. Os Almotacs tinham como auxiliares os Alcaides Pequenos e Meirinhos. O certo que dessas primeiras manifestaes de poder policial no Brasil-Colnia, nota-se a preocupao com a ordem econmica; o POBRE j marginal na sociedade nascente tambm fiscalizado. E mais: poder judicante e poder policial constituem um s organismo.

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    1.1.2 AS TROPAS FARDADAS: DAS ORDENANAS S TROPAS PAGAS O crescimento chegou. A Colnia foi-se povoando. As riquezas de variados matizes, agricultura, minerao, expandiram-se. A desordem social estava nascendo. No mais era possvel manter a ordem interna e repelir a ameaa externa com a incipiente e trpega FORA DE SEGURANA: Alcaides Pequenos, Meirinhos, Quadrilheiros, Inspetores de Quarteiro. Estas eram figuras da ordem local, muito domstica. Nascem as Companhias de Ordenanas, organizadas nas cidades, vilas e povoados. Comandam-as os Capites-Mores que, juntamente com os Alferes, Sargentos e Cabos, eram escolhidos por eleio, do que se lavrava assento nas Cmaras. As Companhias de Ordenanas mantinham a Ordem Pblica nas cidades, vilas e parquias. Disciplinados e obedientes ao poder poltico local constituiu a primeira manifestao de Policiamento Ostensivo em nosso pas. Entretanto, as Companhias de Ordenanas mais composta de voluntrios e/ou homens menos favorecidos (pobres, negros, pardos e ndios) no serviram aos desgnios dos senhores ambiciosos em extorquir toda a riqueza da terra florescente. Estavam, as Ordenanas, limitadas a patrulhamentos locais, rondas e conduo de presos, afora as desordens que promoviam por conta prpria. Surgem as Companhias de Drages, compostas em sua maioria por homens oriundos do reino, bem adestrados e, portanto, mais aptos ordem interna nas Capitanias. Era o advento das Tropas Pagas, soldados profissionais organizados e adestrados de acordo com os parmetros da legislao militar portuguesa, redigida pelo Conde de Lippe. A contnua evoluo das Foras de Segurana resultou na criao, na Capitania de Minas, do legendrio Regimento Regular de Cavalaria, em 09 de julho de 1775, constituindo-se na mais evidente organizao de uma Fora Pblica. 1.1.3 EVIDNCIAS ACEITAS Em verdade, as Tropas Pagas dos Sculos XVII e XVIII as famosas Companhias de Drages, Ordenanas e os Regimentos so as razes das atuais Polcias Militares hoje e, tambm da atividade de Policiamento Ostensivo. preciso compreender que as Polcias Militares foram criadas, sem exceo, objetivando suprir uma manifesta necessidade social. Sobretudo, est claro que a sua destinao especfica deve ser interpretada, a rigor, a partir da funo pblica que exercemos, de natureza eminentemente civil. 1.2 LEGITIMIDADE DO POLICIAMENTO OSTENSIVO 1.2.1 NOES DE ORDEM PBLICA, SEGURANA PBLICA E POLCIA A Ordem Pblica, a Segurana Pblica e a Polcia so conceitos estreitamente vinculados, pelo que estas noes precisam ser esclarecidas com preciso.

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    A idia de Estado inseparvel da idia de polcia, assim afirma Cretella Jnior (1987, p.19). O Estado instituiu a fora de polcia, com o objetivo de manter a ordem social. Como ensina Cretella Jnior (1987, p.165), a definio jurdica de Polcia a de que um conjunto de poderes coercitivos exercidos pelo Estado sobre as atividades do cidado mediante restries legais impostas a essas atividades, quando abusivas, a fim de assegurar a Ordem Pblica. Conforme observa Lazzarini (1987, passim): A Ordem Pblica, objeto da Segurana Pblica, a situao de normalidade, de tranqilidade, e de convivncia pacfica e harmoniosa da populao, fundada nos princpios ticos vigentes na sociedade o direito, o costume e a moral -, que o Estado busca assegurar e garantir atravs do exerccio, pela Administrao Pblica, do Poder de Polcia. A noo de Ordem Pblica extremamente vaga e ampla, sendo constituda por um mnimo de condies essenciais a uma vida social conveniente a tranqilidade ou boa ordem, a segurana e a salubridade. [grifo nosso] Sob a tica sociolgica, Osmar Sette diz: A Ordem Pblica no significa, simplesmente, a ausncia ou inexistncia de desordem. A Ordem Pblica engloba a observncia de preceitos morais, polticos, sociais, econmicos e culturais, no representando um simples caso de polcia. A Ordem Pblica significa o respeito ao esprito de todas as Leis, criadas no sentido e com a inteno de ordenar a Organizao Social, em busca do desenvolvimento, do progresso, da paz e da liberdade. direito inalienvel de toda a sociedade privar da Ordem e da Segurana Pblica, cuja concretizao, entretanto, responsabilidade e dever de todos os segmentos sociais para que possa existir de fato: E para manter a Ordem Pblica que existem as organizaes policiais, sejam civis ou militares. E como a Polcia mantm essa ordem? Primeiramente, recebendo o Poder de Polcia do Estado e com ele fortalecendo o poder da polcia, para poder atuar. Na definio de Meirelles (1991, p.110), Poder de Polcia: a faculdade de que dispe a Administrao Pblica para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefcio da coletividade ou do prprio Estado. (...) o mecanismo de frenagem de que dispe a Administrao Pblica, para conter os abusos do direito individual. Em sentido amplo, o Poder de Polcia compreende um sistema total de regulamentao interna, pelo qual o Estado busca no s preservar a Ordem Pblica, mas, tambm, estabelecer para a vida dos cidados aquelas regras de boas maneiras e de boa vizinhana que se supem necessrias para evitar o conflito de direitos e para garantir a cada um o gozo ininterrupto de seu prprio direito, at onde for razoavelmente compatvel com os direitos dos demais. J o poder da polcia, no entendimento de Cretella Jnior (op. cit.), constitui-se na possibilidade de ao da Polcia que, para ser legtima, se fundamenta no Poder de Polcia. Pois, se assim no for, a ao policial ser considerada arbitrria, o que representa uma afronta ao Estado de Direito, condio imprescindvel para que o indivduo possa ter assegurado seus direitos vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade -, isto , possa se sentir seguro quanto ao exerccio da cidadania. Como vimos, a Segurana Pblica um dos aspectos da Ordem Pblica. Mrio Pessoa, apud Lazzarini (1987, p. 15-16), diz que:

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    Segurana Pblica o estado antidelitual, que resulta da observncia dos preceitos tutelados pelos cdigos penais comuns e pela lei das contravenes. As aes que promovem a Segurana Pblica so aes policiais repressivas ou preventivas tpicas. As mais comuns so as que reprimem contra a vida e a propriedade. Todavia, a Segurana Pblica pode resultar da simples ausncia, mesmo temporria, dos delitos e contravenes. (...) a Segurana Pblica flutuante ou instvel, resultado dos numerosos fatores que podem afet-la. J De Plcido e Silva, apud Lazzarini (1987, p.16), diz que Segurana Pblica o afastamento, por meio de organizaes prprias, de todo perigo, ou de todo mal, que possa afetar a Ordem Pblica, em prejuzo da vida, da liberdade, ou dos direitos de propriedade do cidado. Na viso de Moreira Neto (1987, passim), Dizer que algum ou algo esto seguros equivale a afirmar que esto garantidos contra tudo o que, previsivelmente, possa lhe opor. No h garantia absoluta; logo no h segurana absoluta. Ela se apresentar sempre como um conceito relativo, produto de cotejo (comparao) entre os riscos previsveis e as garantias possveis. O conceito de segurana , basicamente, a garantia de preservao de valores, implcitos na idia: O que se garante (valor)? Quem garante (autor da garantia)? Contra quem (ou contra o que) se garante (perigo)? Com o que se garante (fator da garantia)? A partir deste esquema lgico, Moreira Neto passa a examinar os diferentes tipos de segurana: internacional, nacional, externa e interna. No que diz respeito especificamente Segurana Pblica, esta se adequa ao referido esquema lgico da seguinte forma: O que se garante o inefvel valor da convivncia pacfica e harmoniosa, que exclui a violncia nas relaes sociais, que se contm no conceito de Ordem Pblica; a segurana pode se referir vida, incolumidade das pessoas e do patrimnio, ao exerccio de seus direitos e deveres, liberdade e ao funcionamento das instituies, principalmente do Estado, valores imprescindveis existncia de uma sociedade democrtica; Quem garante o Estado, que j tomou a si o monoplio do uso da fora na sociedade e , pois, o responsvel pela Ordem Pblica; o inciso V, do 1o, do art. 7o, da Constituio do Estado da Paraba, prev que compete exclusivamente ao Estado manter e preservar a segurana, a Ordem Pblica e a incolumidade da pessoa e do patrimnio; Garante-se a Ordem Pblica contra a ao de seus perturbadores; Garante-se a Ordem Pblica atravs do exerccio, pela Administrao Pblica, do Poder de Polcia. 1.2.2 COMPETNCIA LEGAL DAS POLCIAS MILITAR E CIVIL Conforme estabelece o Inciso V, Art. 2o, da Constituio do Estado da Paraba, promulgada em 1989, a Segurana Pblica constitui-se um dos objetivos prioritrios do Estado. A mesma Constituio, j em seu Art. 42, de acordo com o Art. 144 da Constituio Federal de 1988, diz: A Segurana

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    Pblica, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, exercida para preservao da Ordem Pblica, da incolumidade das pessoas e do patrimnio e asseguramento da liberdade e garantias individuais, atravs das Polcias Militar e Civil. [grifo nosso] A Polcia Militar um dos rgos que integra o Sistema de Segurana Pblica Estadual e compete-lhe: exercer as funes de polcia ostensiva atividade de Policiamento Ostensivo em todas as suas formas - e de preservao da Ordem Pblica, conforme estabelecem o 5o do art. 144 da Constituio Federal de 1988, e os incisos I e II do art. 48 da Constituio do Estado da Paraba. [grifo nosso] A Polcia Militar tem por objetivo prevenir e reprimir a criminalidade em relao incolumidade pessoal, propriedade, tranqilidade pblica e social. Desta forma, ela encarregada de assegurar a Ordem Pblica e a promover a segurana humana, agindo contra todos os fatos que ameaam a vida, a liberdade, a propriedade, garantindo tanto a existncia do Estado quanto a Ordem Pblica e a segurana geral das pessoas e da propriedade dos cidados. A atividade de Policiamento Ostensivo uma ao policial, exclusiva da Polcia Militar, desenvolvida como um dos mecanismos de preveno e de represso da criminalidade e, por conseguinte, uma forma de promover a Segurana Pblica e garantir a Ordem Pblica. O Policiamento Ostensivo, como o prprio nome indica, visvel, marcado por uniformes, smbolos, veculos caracterizados e desenvolve tticas que propiciem a maior visibilidade possvel e a demonstrao de fora. O Policiamento Ostensivo realizado, sobretudo, atravs do patrulhamento, nas suas diversas formas a p, motorizado, montado, areo, em embarcao e em bicicleta -, e parte da crena de que a visibilidade da polcia inibe a ao dos criminosos, constituindo-se no principal elemento da preveno pela reduo da oportunidade de delinqir. Voltado para a ao de preveno da Ordem Pblica, se caracteriza como um mecanismo de dissuaso, pois visa evitar e impedir a perturbao potencial e iminente da Ordem Pblica, atravs da presena e da fora policial. Quando voltado para represso da Ordem Pblica, se caracteriza como um mecanismo de conteno, pois visa restabelecer a Ordem Pblica, atravs da fora policial. O patrulhamento constitui-se o ato de se vigiar e percorrer sistematicamente uma rea ou zona delimitada, com a finalidade de se inibir e/ou impedir a ao dos perturbadores da Ordem Pblica. O trabalho de preservao da Ordem Pblica se destina a impedir os atos individuais ou coletivos que atentem contra a segurana interna, as atividades lcitas, os bens pblicos ou particulares, a sade e o bem-estar das populaes, e a vida dos cidados, mantendo a situao de garantia e normalidade que o Estado busca assegurar a todos os membros da sociedade. Sendo assim, a funo principal da Polcia Militar a preveno da violncia criminal, pois desenvolve sua atividade procurando evitar a ocorrncia do ilcito. A Polcia Civil um rgo auxiliar do Poder Judicirio Estadual e compete-lhe as funes de Polcia Judiciria e a apurao de infraes penais, exceto as militares, conforme estabelecem o 4o, do Art. 144, da Constituio Federal de 1988, e o Art. 44, da Constituio do Estado da Paraba. Seu trabalho tem por fim a elucidao dos crimes, que se processa atravs da investigao policial. [grifo nosso]

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    Conforme comenta Rocha (1998, p. 4 - 6), Na elucidao dos crimes, a Polcia utiliza as tcnicas cientficas de levantamento de local, coleta de dados, retrato falado, recognio visiogrfica e exames e pesquisas de laboratrio. No trabalho de rua, na obteno de informaes e nas diligncias, emprega os mtodos de vigilncia, com campanas, disfarces, despistamentos etc.; nas entrevistas e nos interrogatrios, observa o perfil psicolgico das pessoas e aplica os mtodos da anlise transacional, da psicopatologia forense, da psicologia do testemunho etc., e, em alguns casos, o lie detector. A investigao policial uma pesquisa sobre pessoas e coisas teis para a reconstruo das circunstncias de um fato legal ou ilegal e sobre a idia que se tem a respeito deste. No Brasil, a formalizao da investigao policial sobre crime ou contraveno penal feita por meio do inqurito policial, observando-se as normas do Cdigo de Processo Penal e da legislao sobre os Juizados Especiais Criminais. O inqurito policial procedimento administrativo de carter inquisitivo que formaliza a investigao policial, contendo apenas os elementos necessrios para instruir a denncia do Ministrio Pblico, nos crimes de ao penal pblica, ou a queixa-crime do ofendido ou do seus representante legal, feita por meio de advogado, nos crimes de ao penal privada. [grifo nosso] Portanto, o trabalho da Polcia Civil eminentemente repressivo, porque ela atua aps a ecloso do ilcito penal, funcionando como auxiliar do Poder Judicirio. 1.3 PERFIL FORMAL, TICO E OS REQUISITOS DO POLICIAMENTO OSTENSIVO 1.3.1 CARACTERSTICAS DO POLICIAMENTO OSTENSIVO (PERFIL FORMAL) 1.3.1.1 IDENTIFICAO O Policiamento Ostensivo uma atividade policial, exclusiva da Polcia Militar, que, como o prprio nome indica, visvel, marcado por uniformes, smbolos, veculos caracterizados e desenvolve tticas que propiciem a maior visibilidade possvel e a demonstrao de fora. 1.3.1.2 AO PBLICA O Policiamento Ostensivo exercido visando preservar o interesse geral da Segurana Pblica nas comunidades, resguardando o bem comum em sua maior amplitude. No se confunde com zeladoria, atividade de vigilncia particular de bens ou reas privadas e pblicas, nem com a segurana pessoal de indivduos sob ameaa. A atuao eventual nessas duas situaes ocorre por conta das excepcionalidades e no como regra de observncia imperativa.

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    1.3.1.3 TOTALIDADE O Policiamento Ostensivo uma atividade essencialmente dinmica, que tem origem na necessidade comum de segurana da comunidade, permitindo-lhe viver em tranqilidade pblica. Esta atividade desenvolvida sob os aspectos preventivo e repressivo, consoante seus elementos motivadores, assim considerados os atos que perturbam a Ordem Pblica. Consolida-se por uma sucesso de iniciativas de planejamento e execuo, ou em razo de clamor pblico. Deve fazer frente a toda e qualquer ocorrncia, quer por iniciativa prpria, quer por solicitao, quer em razo de determinao. Havendo envolvido (pessoas, objetos), quando couber, sero encaminhados aos rgos competentes, ou estes cientificados para providncias, se no implicar em prejuzo para o desenlace do atendimento. 1.3.1.4 DINMICA O desempenho do sistema de Policiamento Ostensivo far-se-, com prioridade, no cumprimento e no aperfeioamento dos planos de rotina, com o fim de manter continuado e ntimo engajamento do policial com sua circunscrio, para obter o conhecimento detalhado do espao geogrfico e dos hbitos da comunidade, a fim de melhor servi-la. O esforo feito para manuteno dos efetivos e dos meios na execuo daqueles planos que contero rol de prioridades pela presena continuada, objetivando criar e manter, na comunidade, a sensao de segurana que resulta na tranqilidade pblica, objetivo final da preservao da Ordem Pblica. As operaes policiais-militares, destinadas a suprir exigncias no atendidas pelo policiamento existente em determinados locais, podero ser executadas esporadicamente, em carter supletivo, atravs da saturao concentrao macia de pessoal e material para fazer frente inquietante situao temporria sem prejuzo para o plano de policiamento. 1.3.1.5 LEGALIDADE Todas as atividades da Polcia Militar devem ser desenvolvidas dentro dos limites que a lei estabelece. A ao policial para ser legtima deve estar fundamentada no Poder de Polcia, que discricionrio, mas no arbitrrio. Seus parmetros so a prpria lei. 1.3.1.6 AO DE PRESENA a manifestao que d comunidade a sensao de segurana, pela certeza de cobertura policial. Ao de presena real consiste na presena fsica do Policial Militar nos locais onde a probabilidade de ocorrncia seja grande. Ao de presena potencial a capacidade da fora policial, num espao de tempo mnimo, acorrer ao local onde o ilcito seja iminente ou j tenha ocorrido.

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    1.3.2 A APLICAO EFICAZ DO POLICIAMENTO OSTENSIVO (PERFIL FORMAL) Fundamentalmente, o Policiamento Ostensivo se apresenta em seus mais diversos tipos (Trnsito, Florestal, Controle de Tumultos, Guardas, Geral e outros) pela combinao de algumas de suas variaes ou variveis para a operacionalizao eficiente e eficaz dos recursos humanos e materiais disponveis, tais como:

    1) Processo: A p; A cavalo; Em bicicleta; Em embarcao; Motorizado:

    - Automvel; - Motocicleta.

    Areo.

    2) Modalidade: Patrulhamento; Permanncia; Escolta; Diligncia.

    3) Circunstncia

    Ordinria Extraordinria Especial

    4) Lugar

    Urbano; Rural.

    5) Durao

    Turno; Jornada.

    6) Nmero

    Frao elementar; Frao constituda.

    Da necessrio considerar alguns fatores que influenciam na aplicao operacional eficaz dos recursos disponveis, so eles: a) Fatores determinantes: Tipicidade; gravidade; incidncias de ocorrncias policiais militares, presumveis ou existentes.

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    b) Fatores componentes: Custo; espaos a serem cobertos, mobilidade; possibilidade de contato direto, objetivando conhecimento do local de atuao e relacionamento; autonomia, facilidade de fiscalizao e controle; flexibilidade; proteo ao PM. c) Fatores condicionantes: Local de atuao, caractersticas fsicas e psicossociais, clima, dia da semana, horrio, disponibilidade de recursos. Como exemplo, faamos um comparativo com a varivel processo, levando-se em considerao alguns fatores componentes, conforme demonstra o seguinte quadro:

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    PROCESSO FATOR

    A p Montado Automvel Bicicleta Motocicleta Helicptero

    Custo Mn Md Gr Bx Md Mx

    Espao coberto Mn Bx Gr Bx Md Mx

    Mobilidade Mn Md Gr Bx Md Mx

    Conhecimento do local

    Mx Gr Bx Gr Md Md

    Relacionamento Mx Md Bx Gr Md Mn

    Autonomia

    Mn Md Gr Bx Md Md

    Fiscalizao e controle

    Mn Md Gr Bx Md Mx

    Flexibilidade

    Mx Md Bx Gr Md Md

    Proteo ao PM Mn Md Gr Bx Md Mx

    LEGENDA :

    Mx - mximo Gr - grande Md mdio Bx baixo Mn mnimo

    1.4 Princpios Do Policiamento Ostensivo (PERFIL TICO) 1) Universalidade O Policiamento Ostensivo se desenvolve para a preservao da Ordem Pblica, tomada no seu sentido amplo. A natural, e s vezes imposta, tendncia especializao no constitui bice preparao do Policial Militar, capaz de dar tratamento adequado aos diversos tipos de ocorrncias. Aos policiais militares, especialmente preparados para determinado tipo de policiamento, caber a adoo de medidas, ainda que as preliminares, em qualquer ocorrncia policial. 2) Responsabilidade Territorial Todo e qualquer Policial Militar em atividade fim na execuo do Policiamento Ostensivo responsvel pela segurana na rea geogrfica sob sua jurisdio. Para tanto, compete-lhe a iniciativa de todas as providncias legais e regulamentares, que visem a garantia da Ordem Pblica.

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    3) Continuidade O Policiamento Ostensivo atividade imprescindvel, de carter absolutamente operacional, e ser exercido diuturnamente. A satisfao das necessidades de segurana da comunidade compreende um nvel tal de exigncias, que deve encontrar resposta na estrutura organizacional, nas rotinas de servio e na mentalidade do Policial Militar. 4) Aplicao O Policiamento Ostensivo, por ser uma atividade facilmente identificada pela farda, exige ateno e atuao ativas de seus executores, de forma a proporcionar o desestmulo ao cometimento de atos anti-sociais, pela atuao preventiva e repressiva. A omisso, o desinteresse e a apatia so fatores geradores de descrdito e desconfiana por parte da comunidade e revelam falta de preparo individual e de esprito de corpo. 5) Iseno No exerccio profissional, o Policial Militar, atravs de preparo psicolgico, deve procurar atuar sem demonstrar emoes ou concepes pessoais. No dever haver preconceito quanto profisso, nvel social, raa, condio econmica ou posio poltica das partes envolvidas. Ao Policial Militar cabe observar atentamente o que diz a Constituio Federal de l988, no Art. 5o e seus incisos, que trata dos direitos e deveres individuais e coletivos do cidado, lembrando que todos so iguais perante a lei. Para tanto, resta ao Policial Militar agir com imparcialidade e impessoalidade. 6) Antecipao A fim de ser estabelecido e alcanado o esprito predominantemente preventivo do Policiamento Ostensivo, a iniciativa de providncias estratgicas, tticas e tcnicas, destina-se a minimizar a surpresa, caracterizar um clima de segurana na comunidade e fazer frente ao fenmeno de evoluo da criminalidade, com maior eficincia. 1.5 REQUISITOS BSICOS PARA O POLICIAMENTO OSTENSIVO 1) Conhecimento da Misso O desempenho da atividade de Policiamento Ostensivo impe, como condio essencial para eficincia operacional, o completo conhecimento da misso, que tem origem na tomada da informao real em tempo hbil, no preparo tcnico-profissional e se completa com o interesse do indivduo. 2) Conhecimento do local de atuao

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    Compreende o conhecimento amplo do espao geogrfico - seu aspecto fsico e a realidade poltico-econmica e social da comunidade que habita esse ambiente. 3) Relacionamento Compreende o estabelecimento de contatos com os integrantes da comunidade, proporcionando a familiarizao com seus hbitos, costumes e rotinas, de forma a criar uma empatia entre o Policial Militar e a comunidade, para que juntos possam trabalhar por uma melhor segurana. 4) Postura e compostura A atitude, compondo a apresentao pessoal, bem como a correo de maneiras no trato com as pessoas, influem decisivamente no grau de confiabilidade do pblico em relao Corporao e mantm elevado o grau de autoridade do Policial Militar, facilitando-lhe o desempenho operacional. 5) Comportamento na ocorrncia O carter impessoal e imparcial da ao Policial Militar revela a natureza eminentemente profissional da atuao, em qualquer ocorrncia, e requer que seja revestida de urbanidade, energia serena, brevidade compatvel e, sobretudo, iseno, tolerncia e bom senso.

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    2. PREVENO DA CRIMINALIDADE

    2.1 Generalidades 2.2 Polticas De Preveno Da Criminalidade 2.3 Programas De Preveno Da Criminalidade 2.4 Evidncias Aceitas

    CAPTULO

    "O tempo que voc gosta de perder no tempo perdido." (Bertrand Russell)

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    2. PREVENO DA CRIMINALIDADE 2.1 GENERALIDADES H um ditado popular que diz que melhor prevenir do que remediar. Aplicado questo da Segurana Pblica, podemos dizer que melhor prevenir o crime do que reprimi-lo. A preveno do delito representa, se no a principal funo, pelo menos uma das funes mais importantes e tradicionais da polcia. Em suas Reflexes o Socilogo Osmar Sette afirma: Um Sistema de Preveno da Criminalidade compreende a ao conjunta do Governo, do Sistema Carcerrio, da Justia Criminal, do Ministrio Pblico, dos Advogados, dos Meios de Comunicao Social, da Populao, da Polcia Judiciria e de Investigao e, finalmente, do Policiamento Ostensivo executado pelas Polcias Militares. Continua aquele estudioso: a violncia um fenmeno intrnseco da natureza humana e presente em todas Organizaes Sociais, at porque se manifesta sob diversas formas. Seria muita pretenso querer suprimi-la definitivamente utilizando o trabalho das Polcias Militares, apenas, ou at mesmo empregando todo o Sistema de Preveno da Criminalidade. Realmente, o que se prope e se deseja conter a violncia a nveis suportveis pela sociedade, objetivando assegurar o desenvolvimento, o progresso, a paz e a liberdade como valores definitivos que amparem e orientem seguramente o longo percurso do ser humano nesta vida. No Brasil, a questo da criminalidade e da violncia nunca foi abordada na perspectiva do seu controle. Ao contrrio, sempre se imaginou possvel extirp-las. Da o prestgio das batidas policiais, das blitzen, do combate, da cruzada e da guerra contra o crime. Segundo afirma Silva (1990, passim): O tema preveno sempre foi negligenciado entre ns. A sociedade organizada dirigente do Brasil sempre acreditou na eficcia da represso. O modelo de sistema criminal no Brasil reconhecidamente ineficaz. A esto o emperramento da justia criminal, a discriminao penal contra as pessoas pobres, o surrealismo dos sistemas carcerrios e o despreparo e a truculncia da polcia. Hoje os tempos so outros, e as medidas repressivas isoladamente mostram-se incuas; e pior: acabam contribuindo para o incremento da violncia. Sendo assim, faz-se necessria a adoo de polticas de controle da criminalidade, e no especificamente, de combate. Essas polticas, naturalmente, vo implicar esforos de muitos setores pblicos, e no apenas da polcia. O objetivo de qualquer poltica pblica para a rea da segurana no acabar com a criminalidade, e sim situ-la num limite que no ameace a harmonia social e a prpria ordem estabelecida. preciso que se busque meios mais eficazes de conter a escalada do crime e da violncia, e desenvolver formas menos traumticas de lidar com a populao, sem o que, pretendendo combater a violncia, a polcia acaba contribuindo para aument-la, sobretudo pela revolta que acarreta quando, selecionando as pessoas perigosas em funo do nvel social,

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    da cor da pele, do local da moradia, ou por qualquer outro esteretipo, as fere naquilo que tm de mais nobre, a sua dignidade. Alm do mais, as polticas pblicas, sejam elas de qualquer nvel, devem distinguir claramente as medidas preventivas das repressivas. Segundo afirma Rico (1992, passim): Alguns tericos costumam distinguir entre a preveno a priori, isto , o conjunto das aes destinadas a impedir que o delito se produza ou a reduzir as condutas delitivas a sua expresso mnima, e a preveno a posteriori, isto , os diversos mecanismos de tratamento orientados para evitar a reincidncia; ou tambm entre a preveno geral, dirigida ao conjunto da populao, e preveno especfica, destinada a grupos de pessoas ou a pessoas isoladas. [grifo nosso] Mais recentemente, tem-se considerado que a preveno pode emanar do sistema de justia penal ou da coletividade, subdividindo-se esses dois enfoques em duas outras categorias, conforme as medidas de preveno tomem como base o infrator (caso em que se tem por objetivo modificar suas motivaes e seu comportamento ou neutralizar a sua ao) ou as vtimas e o meio (estas medidas defensivas pretendem prevenir ou reduzir os riscos de vitimizao e atenuar as possveis conseqncias do delito, tanto sobre a vtima quanto sobre o pblico em geral). [grifo nosso] No que diz respeito polcia, os textos legais no costumam precisar em que consiste a sua ao preventiva nem quais so suas atribuies nesta matria. Um estudo realizado pela Interpol entre os pases membros dessa instituio permitiu estabelecer as modalidades da ao preventiva dos servios policiais: uma ao repressiva eficaz (rpida descoberta das infraes e rpido estabelecimento da culpabilidade dos autores); a presena policial na via pblica (patrulhas e rondas); a utilizao de medidas administrativas (aplicao de regulamentos sobre armas, explosivos, documentos de identidade, controles de fronteiras e de certos estabelecimentos); a vigilncia dos pr-delinqentes identificados e dos reincidentes potenciais; a informao s possveis vtimas; a multiplicao de medidas de auto proteo; a ao social educativa em relao aos jovens ou aos autores de delitos que pagaram a pena imposta; e a ao dirigida populao em geral. [grifo nosso] Em sntese, o conceito de preveno de carter ambguo. No parece haver consenso em determinar com preciso o que se quer evitar ou antecipar com esse tipo de ao. Em ltima instncia, trata-se de impedir ou de reduzir as atividades delitivas de certos indivduos. Segundo essa viso, considera-se geralmente o delito como algo negativo, atribuvel a certas causas ou circunstncias, assim mesmo negativas (pobreza, desorganizao familiar etc.). Existem, entretanto, condutas criminosas em relao s quais possvel questionar-se, primeiramente, se so devidas realmente a essa espcie de fatores e, em segundo lugar, se h realmente vontade poltica de reprimi-las ou preveni-las. esse, por exemplo, o caso dos furtos nas grandes lojas, das fraudes cometidas atravs de cartes de crdito ou cheques e, em geral, dos chamados delitos do colarinho branco. No parece evidente que a lgica utilizada para a determinao, represso e preveno de tais delitos seja a mesma que a empregada para a delinqncia tradicional. [grifo nosso]

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    2.2 POLTICAS DE PREVENO DA CRIMINALIDADE A Constituio Cidad de 1988 mudou o enfoque da Segurana Pblica. A definio moderna de uma poltica de Segurana Pblica a ser adotada passa, tambm, pelo conhecimento da realidade scio-poltico e econmica da comunidade que se vai trabalhar. As polcias de todo o mundo esto buscando uma atuao que no esteja baseada apenas numa concepo puramente jurdica, onde a Segurana Pblica sinnimo de polcia e o enfrentamento da criminalidade e da violncia se d atravs do uso da fora e da lei penal, e migrando, hoje, para uma prtica calcada numa concepo social, onde a Segurana Pblica responsabilidade da comunidade organizada, com a participao de todos os segmentos e dos cidados. 2.2.1 MODELO DE PREVENO PENAL A preveno da criminalidade, segundo o modelo de preveno penal, desconhece as contradies sociais como causas da criminalidade. Na afirmao de Dornelles (1988) o crime entendido como doena social e, portanto, requer medidas teraputicas para defesa do corpo social (represso, controle, vigilncia e conteno dos segmentos degenerados). A pena fator determinante e imprescindvel na preservao da Ordem Pblica e, portanto, coexiste a crena do seu efeito intimidatrio e de que o seu agravamento a forma mais eficaz de se enfrentar o crime, de reduzi-lo. Na viso de Molina (1997, p. 305), a concepo deste modelo de que: prevenir equivale a dissuadir o infrator potencial com a ameaa do castigo, a contramotivar-lhe. A preveno, em conseqncia, concebida como preveno criminal (eficcia preventiva da pena) e opera no processo motivacional do infrator (dissuaso). Conforme Molina (1997), o modelo neoclssico de preveno do delito defende a incrementao do sistema legal, como forma mais eficaz e estratgica para prevenir a criminalidade. No obstante, o sistema legal deixa intactas as causas do crime e atua tarde demais, quando o conflito se manifesta (opera sintomatologicamente). Ainda hoje, o posicionamento de parte da sociedade e das autoridades, especialmente, trabalhar o sentimento de insegurana pblica como um caso de polcia. E todos passam a exigir cada vez mais policiais fardados na rua. H um entendimento generalizado que o recrudescimento da violncia decorrente, sobretudo, da falta ou reduo de policiamento. A idia de preveno da criminalidade limita-se ao do policiamento tradicional cultura do vigilante/vigiado. Aumentar o nmero de policiais no, necessariamente, reduz os ndices de criminalidade nem aumenta a proporo de crimes elucidados. Por conseguinte, o policiamento, por si s, no reduz o crime nem aumenta as probabilidades de priso de suspeitos. Alm do mais, no tranqiliza os cidados o bastante para diminuir o seu medo do crime, nem gera maior confiana na polcia. O mximo que pode ocorrer a reduo temporria do crime, em grande parte pelo seu deslocamento para outras reas.

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    Por fim, uma caracterstica marcante deste modelo que toda ao policial voltada para produzir um resultado imediato; portanto, constitui-se numa ao eficiente, mas no eficaz. 2.2.2 MODELO DE PREVENO SOCIAL Este modelo explica o crime com base na idia da desorganizao social, das contradies existentes na sociedade. Segundo Molina (1997, passim): o crime no um tumor nem uma epidemia, mas um doloroso problema interpessoal e comunitrio: um problema da comunidade, que nasce na comunidade e que deve ser resolvido pela comunidade. O crime, portanto, no um fenmeno casual, fortuito e aleatrio, mas um acontecimento seletivo o crime tem seu momento oportuno, seu espao fsico adequado, sua vtima propcia. [grifo nosso] Dentro deste modelo a questo da Segurana Pblica no um caso s de polcia, mas sim, responsabilidade de toda a sociedade, conforme preceitua o Art. 144 da Constituio Federal de 1988 e o Art. 42 da Constituio do Estado da Paraba. Na concepo deste modelo, um macro sistema de preveno passa pela sociedade organizada, poderes constitudos, justia, sistema prisional, polcia e, principalmente, pelo fortalecimento das comunidades que ocupam um espao geogrfico, de forma que cada um estabelea um frum de discusso, onde participem todas as agncias pblicas, segmentos privados e todos os atores sociais ligados a essa temtica. A polcia, portanto, um dos subsistemas no tratamento das questes da Segurana Pblica. Neste entendimento, a idia produzir segurana com a participao efetiva de cada cidado, resgatando o esprito de cidadania, da solidariedade, da convivncia comunitria princpio fundamental do policiamento comunitrio. Tanto a polcia quanto a comunidade devem trabalhar juntos para identificar, priorizar e resolver problemas, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida na rea. Ao Policial Militar cabe, conseqentemente, no campo do exerccio da polcia ostensiva, alm de trabalhar o cotidiano da coletividade, desenvolver operaes identificadoras e desestimuladoras de atos anti-sociais e, tambm, o papel de harmonizador do convvio social. Por sua vez, a comunidade participa discutindo as causas e as solues, mas principalmente, assumindo a sua responsabilidade de exigir de cada ator pblico ou privado o cumprimento de sua parte e, especialmente, estimulando que as suas relaes sociais sejam desenvolvidas e sustentadas por comportamentos facilitadores e desestimuladores da violncia. Onde se fortaleam os institutos sociais que produzam uma vida mais tranqila e solidria, como a escola, famlia, relaes de vizinhana, a religio e os clubes. Por fim, conforme afirma Molina (1997, p. 317), as chaves da proteo eficaz do delito residem no no fortalecimento do controle social formal, seno numa melhor sincronizao do controle social formal e o informal, e na implicao ou compromisso ativo da comunidade. [grifo nosso] 2.2.3 FUNDAMENTOS DO MODELO DE PREVENO SOCIAL

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    Comenta Molina (1997) que uma moderna poltica de preveno do delito deve observar os seguintes fundamentos bsicos: 1) o objetivo ltimo, final, de uma poltica eficaz de preveno no consiste em erradicar o crime, mas em control-lo; 2) o controle eficaz da criminalidade no justifica o emprego de todo tipo de programas, nem legitima o elevado custo social que determinadas intervenes requerem; 3) prevenir mais que dissuadir, significa intervir na etiologia do problema criminal, neutralizando suas causas; 4) a efetividade dos programas de preveno deve ser a mdio ou longo prazo; 5) a preveno deve ser contemplada, antes de tudo, como preveno social e comunitria, precisamente porque o crime um problema social e comunitrio; 6) a preveno do delito implica prestaes positivas, contribuies e esforos solidrios que neutralizem situaes de carncia, conflitos, desequilbrios, necessidades bsicas; 7) a preveno cientfica e eficaz do delito, pressupe uma definio mais complexa do cenrio criminal, assim como dos fatores que nele interatuam (espao fsico, hbitat urbano, grupos de pessoas com risco de vitimizao, clima social); 8) pode-se tambm evitar o delito mediante a preveno da reincidncia; todavia, melhor que prevenir mais delitos, seria produzir ou gerar menos criminalidade. 2.3 PROGRAMAS DE PREVENO DA CRIMINALIDADE H um grande nmero e uma imensa variedade de programas de preveno j ensaiados em diversos pases. Dentre os inumerveis programas de preveno existentes, Molina (1997, passim) e Rico (1992) destacam as seguintes Teorias que sugerem aes programticas : 2.3.1 TEORIA DO ESPAO DEFENSVEL Seu pressuposto doutrinrio (Escola de Chicago) sugere uma reordenao do equipamento urbano, melhorias infra-estruturais, dotao de servios pblicos bsicos em reas delimitadas que concentram os mais elevados ndices de criminalidade: so reas deterioradas, com pssimas condies de vida, pobre infra-estrutura, significativos nveis de desorganizao social e residncia compulsria dos grupos humanos mais conflitivos (imigrantes, minorias raciais, marginalizados etc.). Entretanto, esta poltica de preveno da criminalidade apresenta algumas contradies tericas. Por uma lado, quando atribui ao meio fsico uma desmedida relevncia etiolgica na gnese da criminalidade. evidente que o meio atrai, porm no cria o delito. Por outro lado, o vago conceito de desorganizao social, oculta um perigoso desconhecimento dos fatores que atua no marco espacial de referncia. Na falta de uma anlise situacional mais slida sobre tais

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    variveis, a referida poltica criminal, na verdade, no favorece a preveno efetiva do delito, mas desloca-o para outras reas; no o evita, simplesmente o desconsidera ou adia. E a estas carncias e limitaes unem-se objees ideolgicas mais graves: o risco de que os programas de base espacial, de rea, sejam profundamente regressivos, anti-sociais e discriminatrios. Primeiro, porque o lgico esforo preventivo costuma perder todo contedo social (prestaes em favor de certas reas), adotando uma natureza puramente policial e repressiva. Prevenir significa, ento, controlar, vigiar, reprimir sempre os mesmos os grupos humanos que habitam os bairros conflitivos e perigosos -, acentuando-se deste modo o impacto seletivo e discriminatrio do controle social, sob o pretexto de uma inteligente ao preventiva (leia-se: policial). [grifo nosso] 2.3.2 TEORIA GEOGRFICA DO CRIME Esta teoria, segundo os gegrafos do crime, consiste em detectar especficas correlaes estatsticas entre espaos concretos e determinadas manifestaes delitivas. Os programas de preveno ( de orientaes sociolgicas ou da chamada Psicologia Comunitria) orientam-se reestruturao urbana e utilizam o desenho arquitetnico para incidir positivamente no hbitat fsico e ambiental, procurando neutralizar o elevado risco crimingeno ou vitimrio que ostentam certos espaos, assim como modificar, tambm de forma satisfatria, a estrutura comportamental e motivacional do vizinho ou habitante destes lugares. Tendo em vista, assim, a significativa incidncia dos fatores arquitetnicos, urbansticos e ambientais na delinqncia ocasional, esta concepo prevencionista visa intervir nos cenrios crimingenos, nas edificaes, remodelando sob outros parmetros a convivncia urbana. De um lado, pretende dificultar o cometimento do delito mediante interposio de barreiras reais ou simblicas que incrementam o risco para o infrator potencial (medidas dirigidas ao melhoramento das vias de acesso aos recintos, pontos de observao ativa e passiva, iluminao etc.). De outro, fomentar atitudes positivas na comunidade, de responsabilidade e solidariedade (sentido de comunidade); so atitudes imprescindveis para melhorar o rendimento do controle social informal j que, conforme todos os indcios, as elevadas taxas de delinqncia no se explicam s e exclusivamente em razo de caractersticas fsicas e arquitetnicas de certos lugares, seno pelo anonimato e ausncia de sentimento de comunidade de seus habitantes que em parte gera o prprio hbitat urbano e que, desde logo, deteriora a efetividade do controle social. Em suma, trata-se de uma arquitetura preventiva que aproveita a seletividade espcio-ambiental do crime urbano e que vai, pois, muito alm de uma estratgia puramente defensiva: deseja uma mudana qualitativa nas atitudes individuais (sentido de comunidade) e no prprio modelo de convivncia urbana, mais comunicativa e solidria, que reclama um ativo compromisso comunitrio na preveno do crime. [grifo nosso] 2.3.3 TEORIA DO REFORO OBJETIVO

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    Esta estratgia tem por finalidade tornar o objetivo mais difcil ou perigoso, reduzindo as ocasies que favorecem a execuo de certos delitos especficos. Esse mtodo consiste em utilizar diversos sistemas de segurana, planejados especialmente para impedir a execuo de determinados delitos, atravs da combinao de recursos humanos e materiais. Os programas podem incluir : 1) Visitas de inspeo a moradias ou estabelecimentos comerciais Os programas de visitas e inspees de moradias e estabelecimentos comerciais visam determinar o grau de segurana destes espaos fsicos perante certos delitos. Desta feita, os policiais podem recomendar a instalao ou modificao de diversos dispositivos de segurana (fechaduras, barrotes, vidros inquebrveis, sistema de alarme etc.) em portas e janelas, com o objetivo de orientar sobre a maneira de se proteger melhor. Para ser eficaz, esse tipo de medida deve ser aplicado ao conjunto de portas e janelas, e no somente s fechaduras, mas tambm ao marco (a melhor fechadura no poder impedir nunca a entrada de um delinqente num ambiente, se ele puder derrubar a porta com um violento empurro); quando num domiclio existem muitas portas e janelas, convm, inclusive, pensar na possibilidade de subscrever uma aplice de seguro, o que muitas vezes pode ser economicamente mais vantajoso do que a instalao de dispositivos sofisticados, mas onerosos. Recomenda-se, tambm, que a residncia esteja sempre ocupada por algum, ou pelo menos parea estar ocupada. Isso se pode conseguir deixando acesa alguma luz de noite, mediante a instalao de um sistema automtico de iluminao; no caso de uma ausncia prolongada, retirando ou fazendo retirar regularmente por um vizinho a correspondncia ou os jornais que possam acumular na caixa de correio, cortando ou fazendo cortar sistematicamente a grama do jardim, mediante a presena de ces de guarda etc. 2) Campanhas publicitrias Atravs da publicao de manuais e folhetos sobre a preveno do delito, busca-se informar os cidados a melhor maneira de se proteger contra o crime em geral ou contra determinados delitos. O objetivo ensinar condutas bsicas preventivas de segurana, despertando nas pessoas o senso de responsabilidade e a confiana na possibilidade de reduzir o nvel de vitimizao. Os folhetos podem ser, tambm, informativos sobre o nvel de criminalidade na rea residencial ou no bairro. 3) Vigilncia dos bairros

    A vigilncia de bairro um programa de preveno do crime que envolve a participao ativa dos cidados, em cooperao com a polcia, para reduzir o crime nas suas comunidades.

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    O programa envolve: a) vizinhos que se conhecem uns aos outros, que gastam o tempo necessrio para cuidar um do outro e trabalham em conjunto em um programa de assistncia mtua; b) cidados sendo treinados a reconhecer e denunciar atividades suspeitas nos seus bairros; c) estratgias de preveno de crime, tais como segurana residencial, operao identificao e outras, sendo implantadas pelos cidados. Como no possvel ter um policial em cada esquina, o envolvimento do cidado essencial para o enfrentamento do crime. preciso que cada cidado esteja em alerta quanto aos comportamentos suspeitos ou estranhos no seu bairro e que comunique de imediato polcia. importante lembrar que a vigilncia de bairro no requer que ningum se arrisque pessoalmente para prevenir o crime. A responsabilidade de prender os criminosos da polcia. 4) Operao de identificao Consiste na orientao aos moradores e comerciantes para identificarem os seus bens de valor, atravs de gravaes e etiquetagem, de maneira visvel e evidente. A finalidade desestimular a ao dos delinqentes que tenham interesse de roubar esses objetos. Para tanto, importante que haja publicidade dessa operao. Os objetivos concretos so: a) intimidar o delinqente potencial e, por conseguinte, reduzir o nmero de roubos em moradias e lojas comerciais; b) aumentar as probabilidades de deteno dos culpados e dos receptadores; c) facilitar a prova perante os tribunais; favorecer a recuperao dos objetos roubados; d) diminuir a utilizao dos recursos policiais; e e) melhorar tanto o bem-estar geral da comunidade quanto as relaes entre esta e a polcia. 2.3.4 TEORIA DA PROTEO VITIMRIA A poltica criminal clssica cuida da preveno do delito dirigindo a mensagem dissuasria da pena ao infrator potencial (preveno criminal) ou procurando ressocializar o condenado para que no volte a delinqir (preveno da reincidncia). A poltica criminal moderna, consciente do papel ativo e dinmico da vtima na gnese do fato delitivo, conta ademais com ela e sugere uma interveno seletiva naqueles grupos ou subgrupos de vtimas potenciais que ostentam maiores riscos de vitimizao (preveno vitimria). As estatsticas de risco demonstram que existem alguns grupos de pessoas especialmente propensos a se converterem em vtimas de delito

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    (crianas e adolescentes, ancios, marginalizados, estrangeiros etc.) e situaes nas quais o cidado contribui para sua prpria vitimizao. Os programas de preveno vitimria pretendem informar e conscientizar as vtimas potenciais dos riscos que assumem, com a finalidade de fomentar atitudes maduras de responsabilidade, autocontrole, em defesa dos seus prprios interesses. E perseguem, tambm, uma mudana de mentalidade da sociedade em relao vtima do delito: maior sensibilidade e solidariedade com quem padece as conseqncias dele. A estratgia mais eficaz para conseguir tais objetivos articula-se por meio de campanhas: campanhas gerais dos meios de comunicao, campanhas tcnicas e organizao de atividades comunitrias. As primeiras esperam mudanas de atitudes, hbitos, estilos de vida e de comportamento na populao em geral. As de carter tcnico orientam-se em relao a determinados grupos de risco, particularmente vulnerveis, para alert-los, sugerindo medidas de preveno elementares (adoo de sistemas de segurana). As campanhas de orientao comunitria, por ltimo, so dirigidas s pessoas de um bairro ou de uma determinada zona territorial. O propsito alcanar uma maior vigilncia da rea, uma maior implicao na ativa preveno do delito, que incremente os riscos para o delinqente. [grifo nosso] 2.4 EVIDNCIAS ACEITAS Verifica-se claramente uma questo conjuntural em que a Polcia Militar colabora atravs do Policiamento Ostensivo, envolvendo e necessitando, alm da nossa ao, o seguinte:

    Ao Governamental; Participao da populao; Ao da Polcia Judiciria; Ao da Polcia de Investigao; Ao do Ministrio Pblico; Ao da Justia Criminal; Ao dos Advogados; Ao do subsistema carcerrio; Ao dos Meios de Comunicao.

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    3. IMUNIDADES

    3.1 Imunidade Diplomtica 3.1.1 Detentores Da Imunidade Diplomtica

    3.2 Imunidade Parlamentar 3.2.1 Detentores Da Imunidade Parlamentar

    CAPTULO

    "A verdade alivia mais do que machuca. E estar sempre acima de qualquer falsidade como o leo sobre a gua." (Miguel de Cervantes)

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    3. IMUNIDADES 3.1 IMUNIDADE DIPLOMTICA Conceito So privilgios atribudos ao agente diplomtico, cuja funo de intermedirio entre o governo de seu pas e o governo junto ao qual acreditado, ficando isento do cumprimento da Lei nacional, quanto aos seus atos pessoais. 3.1.1 DETENTORES DA IMUNIDADE DIPLOMTICA 1) Agentes Diplomticos (Embaixadores, Legados, Nncios Apostlicos, Embaixadores extraordinrios, Ministros Plenipotencirios, Internncios, Ministros Residentes e Encarregados de Negcios); 2) Soberanos e Chefes de Estado; 3) Pessoal, com carter oficial, componente das delegaes e embaixadas (Secretrios, intrpretes, Conselheiros, Adidos civis e militares, Correios e funcionrios subalternos da administrao); 4)Pessoal sem carter oficial (familiares do diplomata ou dos funcionrios e os empregados no servio domstico - quando em exerccio imediato da funo); e 5) Cnsules, quando investidos de misses diplomticas especiais. Ao Policial O Policial Militar diante de ocorrncia envolvendo pessoas possuidoras desta imunidade, deve atentas para os seguintes procedimentos: 1) Respeitar a imunidade diplomtica, que absoluta; 2)Respeitar a inviolabilidade das embaixadas e legaes, pois no se pode entrar discricionariamente sem prvia autorizao do diplomata (por princpio de cortesia internacional, a embaixada, legaes e navios de guerra, so considerados como se fora o prprio territrio do pas amigo); 3)Respeitar a inviolabilidade do domiclio das pessoas que gozam de imunidade diplomtica; 4)Respeitar a inviolabilidade dos objetos de propriedade do diplomata ou destinados embaixada ou legao; 5) Em caso de homizio criminoso, na sede da embaixada ou legao, no penetrar na mesma sem a autorizao do diplomata, ou de quem suas vezes fizer (em geral, o agente diplomtico manda fazer a entrega do delinqente ou facilita sua captura, tratando-se de crime comum; tratando-se, todavia, de crime poltico, no obrigado a entreg-lo); e 6)Dispensar tratamento condigno aos diplomticas. IMPORTANTE:

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    No caso de haver o diplomata cometido um delito de qualquer natureza, cumpre ao Policial Militar reunir os dados da ocorrncia e efetuar a respectiva comunicao autoridade competente; o chefe do governo, se assim entender, que tomar as providncias que o caso comportar, junto ao governo representado. 3.2 IMUNIDADE PARLAMENTAR Conceito So privilgios atribudos aos membros do Congresso Nacional, no tocante a inviolabilidade no exerccio do mandato, por suas opinies, palavras ou voto. A imunidade parlamentar comea a vigorar desde a expedio do diploma at a inaugurao da legislao seguinte. 3.2.1 DETENTORES DA IMUNIDADE PARLAMENTAR 1) Senadores da Repblica; 2) Deputados federais; e 3) Deputados Estaduais, dentro do Estado em cuja Assemblia Legislativa exeram o mandato. Ao Policial O Policial Militar diante de ocorrncia envolvendo pessoas possuidoras desta imunidade, deve atentas para os seguintes procedimentos: 1) Respeitar a inviolabilidade pessoal dos Senadores da Repblica e Deputados federais, em qualquer parte do territrio nacional; 2) Respeitar a inviolabilidade pessoal dos Deputados Estaduais, dentro dos seus respectivos estados; 3) S efetuar a priso de um representante do povo, em flagrante delito de crime inafianvel; 4) No remover o preso do local e, sim, providenciar o comparecimento da Autoridade Policial Judiciria; 5) Dispensar ao preso todas as garantias pessoais que se fizerem necessrias; 6) Tratando-se de crime afianvel, no efetuar a priso em flagrante delito, limitando-se a colher os dados necessrios para a comunicao da ocorrncia Autoridade Policial Judiciria.

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    OBSERVAES: Para que um representante do povo seja processado criminalmente, dever haver uma autorizao antecipada da Cmara da qual fizer parte, ou da Assemblia Legislativa se for o caso. Os VEREADORES no gozam de imunidade parlamentar. SUPLENTE DE PARLAMENTAR no goza de imunidade parlamentar; AMPARO LEGAL: Artigo 53, pargrafo 1, da Constituio Federal, em seu caput diz : "Desde a expedio do diploma, os membros do Congresso Nacional no podero ser presos, salvo em flagrante delito, de crime inafianvel nem processados criminalmente, sem licena prvia de sua casa."

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    4. ABORDAGEM POLICIAL

    4.1 Generalidades 4.2 Conceito 4.4 Princpios Da Abordagem 4.5 Fases Da Abordagem

    CAPTULO

    "No exijas dos outros qualidades que ainda no possui." (Francisco Cndido Xavier)

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    4. ABORDAGEM POLICIAL 4.1 GENERALIDADES A expresso de Luiz Fernando Verssimo nos traz a sntese da importncia do estudo detalhado deste tema, quando diz: Sempre me intriga a notcia de que algum foi preso em atitude suspeita. uma frase cheia de significados. Existiriam atitudes inocentes e atitudes duvidosas diante da vida e das coisas e qualquer um de ns estaria sujeito a, distraidamente, assumir uma atitude que d cadeia! Somos sabedores de que o PM s poder prender o cidado em dois casos:

    Em flagrante delito; e Mediante mandado judicial.

    Todavia, na rotina diria, nos deparamos diante de situaes que, ainda que no cheguem a caracterizar crime ou contraveno, exigem a pronta e enrgica interveno policial. Tal interveno deve ser feita no intuito de investigar, orientar, advertir, assistir, etc. Portanto, no ato de abordar o Policial Militar deve pautar suas aes nos aspectos ticos e legais, legalizando e legitimando seus procedimentos, ou seja, o exerccio consciente de proteo sociedade e a ao discricionria, justifica e fundamenta a ao policial. Para abordar devemos evitar :

    Ruas repletas de pessoas; Logradouros pblicos congestionados; Locais em que possa colocar em perigo pessoas inocentes, caso

    haja reao armada; Locais em que possa haver auxlio de outras pessoas ao suspeito; e Casas de espetculos.

    Observaes: Quando se fizer necessrio abordar em locais supracitados, dever haver o mximo de cautela pr parte dos Policiais Militares, pois o menor erro poder causar srios danos, tanto para a Guarnio como para as pessoas inocentes. Ao tratar com marginais ou possveis criminosos, o policial deve armar-se de uma relativa dose de desconfiana, de malcia, sem contudo, buscar os fatos. 4.2 CONCEITO Tcnica policial em que o Policial Militar aproxima-se de uma pessoa ou pessoas, p, montadas ou motorizadas e que emanam indcios de suspeio;

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    que tenham praticado ou estejam na iminncia de praticar ilcitos penais; com o objetivo de investigar, orientar, advertir, prender, assistir, etc. 4.2.1 SUSPEITO E DELINQUENTE (DISTINO) a) Suspeito O suspeito algum que infunde opinio geral desfavorvel; que inspira cuidado ou desconfiana, de cuja verdade no se tem certeza. Diante da subjetividade conceitual, no podemos encarar a represso legal a suspeito como uma porta escancarada ao abuso. necessrio considerarmos que algumas pessoas so mais desconfiadas do que outras. O que suspeito para uma pessoa pode no s-lo para outra. partir da podemos afirmar que, pela incerteza e pela variao de pessoa a pessoa, os suspeitos no devem ser tratados indistintamente como delinqentes. Existem, ento, pelo menos dois tipos de suspeitos: o suspeito fundado (ou suspeito delinqente, ou quase-delinquente); o suspeito intudo (ou suspeito subjetivo). b) Delinquente O delinqente aquele que cometeu, est cometendo ou pretende cometer algum ilcito tipificado como crime. O convm salientar que em determinadas ocorrncia o PM poder incidir em erro, se agir baseado apenas na primeira informao, decidindo sem instrumentos concretos que determinada pessoa delinqente, no se cercando adequadamente dos fatos. Em suma, o esquema abaixo retrata aspectos a serem considerados para a efetivao de uma abordagem policial, no que se refere aos delinqentes e suspeitos: DELINQENTE Existncia de Fato Justificado SUSPEITO Fundado Existncia de fato justificador Intudo Mera suspiccia

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    4.4 PRINCPIOS DA ABORDAGEM Os princpios de abordagem so inter-relacionados e se completam. So eles: a) Segurana certeza, a confiana, a garantia de que no h perigo a recear. a condio de estar seguro, tranqilo. o ato ou efeito de segurar. O Policial Militar deve cerca-se de todas as cautelas necessrias para eliminao dos riscos de uma abordagem policial contra a prpria integridade fsica ou de pessoas no envolvidas na ocorrncia. Isto acontecer atravs do conhecimento tcnico-profissional e de como empreg-lo adequadamente. No caso de no sentir-se integralmente seguro para a execuo da abordagem, espere uma nova oportunidade. IMPORTANTE: Para efetuar uma abordagem com segurana o PM deve responder s perguntas : QUEM? COMO? O QUE? QUANDO? POR QU? No confundir coragem com aes imprudentes e negligentes. b) Surpresa o ato de abordar uma pessoa, de forma a surpreend-la, no possibilitando reao ou fuga. O fator surpresa, alm de contribuir decisivamente para a segurana dos executores da abordagem, um dissuasor psicolgico da resistncia. c) Rapidez A surpresa de abordagem est proporcionalmente ligada rapidez com que desencadeada e executada. Quanto mais rpida a ao, maior a surpresa e menor a possibilidade de reao. d) Ao Vigorosa a ao firme e resoluta, por parte do Policial Militar, quando em uma abordagem, onde se caracteriza pela postura policial , entonao de voz e domnio da situao. A ao vigorosa no pode ser confundida com violncia arbitrria e desrespeito ao cidado de bem, do qual deve obter compreenso da ao, respeito e admirao. O excesso caracteriza-se covardia, desequilbrio emocional e crime por parte do Policial Militar. A POSTURA DO POLICIAL, MAIS ENTONAO DE VOZ SO FATORES PROPONDERANTES NO ACATAMENTO DAS DECISES

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    POLICIAIS, COMO TAMBM FATORES INIBIDORES DE QUALQUER REAO. e) Unidade de Comando Este princpio consiste em se ter um comando nico nas aes ou operaes policiais, de onde devero emanar todo o planejamento, coordenao, controle e avaliao para o desencadear de qualquer que seja a interveno policial. Em se tratando de uma interveno que envolve apenas uma organizao, no h dvida quanto ao Comando exerce a atividade aquele que possuir maior posto, graduao ou que ocupar nvel mais elevado na direo do rgo. 4.5 FASES DA ABORDAGEM O Policial Militar, antes de conhecer as fases da abordagem, dever saber identificar em quais situaes dever adotar tal procedimento policial. As situaes so:

    no ato de reconhecimento de uma pessoa procurada; em caso de flagrante delito; em caso de suspeio; em caso de assistncia; e em situao de advertncia ou orientao.

    Conhecidas as circunstncias em que abordar, o policial procurar seguir as seguintes fases da abordagem: 4.5.1 PLANO DE AO (1 FASE PREPARAO / ANTES DA ABORDAGEM) o procedimento realizado pelo Policial Militar, na funo de Comando, baseado em todas as informaes possveis colhidas sobre fato que necessita da ao policial (abordagem).As informaes so: 1) Tipo de delito; 2) Local da ocorrncia; 3)Nmero de agentes e meios utilizados; 4) Modus-operandi (procedimentos empregados pelo criminoso); 5) Possibilidade de reao dos criminosos ou reao de terceiros; 6) Verificao de suas prprias foras (efetivo, armamento, viaturas, dentre outros); e 7) Quando e o que faremos na abordagem? Em sntese, o PM procede na seguinte ordem lgica:

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    OBSERVA o local e define quais os integrantes da equipe efetuaro a abordagem; DECIDE o que fazer, como fazer e quando fazer, informando a cada membro da equipe suas misses; e APROXIMA, condicionando-se aos meios disponveis e no deixando de observar os fatores rapidez, surpresa e segurana. 4.5.2 EXECUO (2 FASE - AO / DURANTE A ABORDAGEM) o desencadeamento da ao policial, aps cumpridas as fases anteriores e seguindo os princpios de abordagem, a qual se desenrola da seguinte forma: IDENTIFICAR o abordado, perguntando ao mesmo dados constantes no prprio documento de identidade, evitando conversas desnecessrias; REVISTAR o abordado (busca) com todos os sentidos aguados e rapidez com segurana; ADVERTIR o abordado acerca dos erros porventura cometidos pelo mesmo, sendo enrgico sem, contudo, esquecer os preceitos da boa educao; PRENDER o abordado caso haja indcio de haver cometido infrao penal. 4.5.3 DECORRENTE DA ABORDAGEM (3 FASE RESULTANTE / DEPOIS) LIBERAR o abordado, caso no haja comprovao ou suspeita de prtica de delito; CONDUZIR o abordado presena do Delegado da rea; RELATAR a ocorrncia em formulrio prprio.

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    5. ABORDAGEM DE PESSOAS

    5.1 Orientaes Gerais 5.2 Abordagem De Pessoas Isoladas 5.3 Abordagem De Pessoas Na Multido8

    CAPTULO

    "Uma vida no questionada no merece ser vivida". (Plato)

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    5. ABORDAGEM DE PESSOAS 5.1 ORIENTAES GERAIS A abordagem de pessoas a p, deve ser processada com ateno e cautela, observando todos os movimentos do(s) suspeito(s), pois este(s) poder (o) sacar armas, procurar desfazer-se de txicos, isto , continuar na ilegalidade sem ser incomodado pr integrante do Sistema de Preveno e Represso da Criminalidade. 5.2 ABORDAGEM DE PESSOAS ISOLADAS 5.2.1 ABORDAGEM POR DCD (DUPLA COSME E DAMIO) A abordagem ser realizada por dois Policiais Militares, onde o primeiro ir se aproximar pela frente e ser responsvel pelo contato com o abordado, enquanto o seu companheiro portar-se- de forma oblqua retaguarda do abordado. (Neste posicionamento, importante que o PM no fique na linha de tiro do companheiro).

    Abordado