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Compre e não jogue fora: devolva 28 de julho de 2010 | 0h 00 Karina Ninni - O Estado de S.Paulo LIXO ESPECIAL PARA O ESTADO O termo soa esquisito e, por enquanto, só frequenta o vocabulário de especialistas. Mas a logística reversa, prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos aprovada este mês pelo Senado, pode mudar as relações de consumo. Por meio dela, empresas ficam obrigadas a recolher o resíduo do que fabricam e o consumidor, a devolver produtos usados para reciclagem. Quando o projeto for sancionado, na segunda-feira, isso já será obrigatório para itens como pilhas, baterias, pneus e eletroeletrônicos. O caso dos eletroeletrônicos é o que mais carece de regulamentação. Reunidos hoje no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), representantes do governo, de toda a cadeia de produção e reciclagem, de universidades e ONGs tentam definir como pôr em prática a logística reversa. O principal embate no grupo de trabalho, criado em 2009, é o estabelecimento de metas. "Na resolução dos pneus, editada em 1998 pelo Conama, foram estabelecidos metas e prazos. Na resolução das pilhas e baterias, do mesmo período, não", diz a doutoranda Ângela Cássia Rodrigues, da Faculdade de Saúde Pública da USP, que integra o grupo de trabalho. "No caso dos pneus, rapidamente se montou uma estrutura para coleta e reciclagem. Com pilhas e baterias a gente continua dependendo do voluntarismo dos fabricantes e dos consumidores." "Governos, ONGs e academia gostam de falar de metas. Mas a sociedade não está educada ainda. O brasileiro extrapola em uma vez e meia o grau de obsolescência de um produto. Quanto a indústria vai gastar para educar esse cidadão?", alega o relator do grupo de trabalho e diretor de Responsabilidade Socioambiental da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), André Luiz Saraiva. Para Saraiva, a regulamentação do setor é urgente. "Temos Copa do Mundo em 2014. E as vendas vão parar nas alturas", prevê, com base nos números do primeiro semestre deste ano, quando quase 7 milhões de famílias adquiriram aparelhos de TV. As empresas evitam falar em quem vai pagar a conta da logística reversa. "A solução é reduzir impostos", diz Saraiva. Ângela defende que o custo da gestão de resíduos seja embutido no preço dos produtos. "A melhor forma é atribuir o custo aos fabricantes. Quando eles planejam o lançamento de um produto, têm de planejar a destinação final." Com a regulamentação, pessoas como Paulino Pereira de Andrade, dono da empresa Mundinho Azul, terão de ser incorporados à cadeia da logística reversa. Paulino, que recolhe sucata eletrônica nas residências com dois veículos sem custo para quem requisita o serviço, quer se capitalizar com os eletroeletrônicos. "Vejo uma grande oportunidade nesse mercado. Quando abrir minha primeira loja, em dois ou três meses, quero me credenciar para ser o parceiro de grandes empresas que vão ter de cumprir a lei", diz Paulino. /Vida Compre e não jogue fora: devolva - Estadao.com.br http://www.estadao.com.br/noticia_imp.php?req=not_imp586956,0.php 1 de 2 30/07/2010 10:50

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O jornal Estado de São Paulo, no dia 28 de Julho de 2010, dedicou algumas linhas para discutir o tema do lixo eletrônico e citou algumas das soluções oferecidas pela Reciclo Ambiental.

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Compre e não jogue fora: devolva28 de julho de 2010 | 0h 00

Karina Ninni - O Estado de S.Paulo

LIXOESPECIAL PARA O ESTADOO termo soa esquisito e, por enquanto, só frequenta o vocabulário de especialistas. Mas alogística reversa, prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos aprovada este mêspelo Senado, pode mudar as relações de consumo. Por meio dela, empresas ficamobrigadas a recolher o resíduo do que fabricam e o consumidor, a devolver produtosusados para reciclagem. Quando o projeto for sancionado, na segunda-feira, isso já seráobrigatório para itens como pilhas, baterias, pneus e eletroeletrônicos.

O caso dos eletroeletrônicos é o que mais carece de regulamentação. Reunidos hoje noConselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), representantes do governo, de toda acadeia de produção e reciclagem, de universidades e ONGs tentam definir como pôr emprática a logística reversa. O principal embate no grupo de trabalho, criado em 2009, é oestabelecimento de metas.

"Na resolução dos pneus, editada em 1998 pelo Conama, foram estabelecidos metas eprazos. Na resolução das pilhas e baterias, do mesmo período, não", diz a doutorandaÂngela Cássia Rodrigues, da Faculdade de Saúde Pública da USP, que integra o grupo detrabalho. "No caso dos pneus, rapidamente se montou uma estrutura para coleta ereciclagem. Com pilhas e baterias a gente continua dependendo do voluntarismo dosfabricantes e dos consumidores."

"Governos, ONGs e academia gostam de falar de metas. Mas a sociedade não estáeducada ainda. O brasileiro extrapola em uma vez e meia o grau de obsolescência de umproduto. Quanto a indústria vai gastar para educar esse cidadão?", alega o relator dogrupo de trabalho e diretor de Responsabilidade Socioambiental da Associação Brasileirada Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), André Luiz Saraiva.

Para Saraiva, a regulamentação do setor é urgente. "Temos Copa do Mundo em 2014. Eas vendas vão parar nas alturas", prevê, com base nos números do primeiro semestredeste ano, quando quase 7 milhões de famílias adquiriram aparelhos de TV.

As empresas evitam falar em quem vai pagar a conta da logística reversa. "A solução éreduzir impostos", diz Saraiva. Ângela defende que o custo da gestão de resíduos sejaembutido no preço dos produtos. "A melhor forma é atribuir o custo aos fabricantes.Quando eles planejam o lançamento de um produto, têm de planejar a destinação final."

Com a regulamentação, pessoas como Paulino Pereira de Andrade, dono da empresaMundinho Azul, terão de ser incorporados à cadeia da logística reversa. Paulino, querecolhe sucata eletrônica nas residências com dois veículos sem custo para quemrequisita o serviço, quer se capitalizar com os eletroeletrônicos. "Vejo uma grandeoportunidade nesse mercado. Quando abrir minha primeira loja, em dois ou três meses,quero me credenciar para ser o parceiro de grandes empresas que vão ter de cumprir alei", diz Paulino.

/Vida

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É de se esperar que, por conta do grau de pirataria que reina no mercado deeletroeletrônicos, empreendedores como Paulino sejam bem-vindos, já que ninguémpoderá garantir que a indústria vá se ocupar de equipamentos "piratas". "Ele até podeoperar, credenciado. O que eu acredito que vá acontecer é que as indústrias vão capacitarsuas redes de assistência técnica para receber usados", prevê Saraiva.

O "filé" dos resíduos eletroeletrônicos, porém, são as placas de computadores, decelulares e de equipamentos afins. Grandes empresas de reciclagem pagam cerca de R$7,50 pelo quilo do produto. E é justamente esse material que o Brasil não tem tecnologiapara reciclar.

"Só cinco empresas do exterior fazem esse trabalho", diz Ronylson Freitas, que, paratrabalhar no setor, criou a RecicloAmbiental. A natureza muitas vezes tóxica dos resíduostorna delicada a questão da formação da cadeia de recicladores. "É perigoso. Osmonitores de tubo, por exemplo, têm de 20% a 30% de chumbo. Os ilegais vendem ocobre, o plástico - e jogam fora o lixo tóxico."

O texto aprovadolNa gestão dos resíduos sólidos deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: nãogeração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final adequada.

lO texto prevê que o lixo poderá ser utilizado para geração de energia desde quecomprovada sua viabilidade técnica e ambiental. A emissão de gases tóxicos deve sermonitorada.

lA União deverá elaborar umPlano Nacional de Resíduos Sólidos com horizonte de 20 anos, a ser atualizado a cada 4anos. O plano prevê o diagnóstico da situação dos resíduos sólidos.lCaso os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes repassem para o Estadosuas atribuições no âmbito da logística reversa, vão ter de remunerá-lo por isso.

lAs pessoas jurídicas que operam com resíduos perigosos são obrigadas a se cadastrar noCadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos e comprovar capacidade técnica.

lÉ proibido lançar resíduos a céu aberto, exceto os provenientes de mineração; em praias,no mar ou em rios. Também é proibida a queima a céu aberto ou em instalações nãolicenciadas.

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