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Page 1: Matéria Estúdio Mamute Hoje Em Dia

VIVIANE MORENO

REPÓRTER

SEGUE CAPA – O produ-tor, compositor, instrumen-tista e cantor Flávio Henri-quecalcula que, quando mon-tou o estúdio Via Sonora, em1996, havia outros cinco emBH. Hoje, de acordo com omúsico, seriam mais de 100,de todos os tipos. “Com for-mato comercial, que é só estú-dio, com infra-estrutura, temuns 15”, estima ele.

O melhor momento paraesse mercado, na avaliaçãode Flávio Henrique, teria sidohá dez anos. “Os estúdios ain-da eram poucos e aparece-ram as leis de incentivo, queaumentaram a produção. Foiuma injeção muito boa de re-cursos no mercado. Pegueiuma época muito boa, não ti-nha nem como atender tantagente”.

Já o André Melo, diretorexecutivo da SerrassônicaProdutora de Áudio (empre-sa surgida em 2000 da uniãodo estúdio Polifonia com aprodutora Estúdio B), avaliaque agora é o melhor momen-to para se ter um estúdio.

“O estúdio vivia de alu-guel para artista gravar de-mo. Hoje, a gente grava discotambém (principalmente osartistas do selo Serrassônica,casos de Rogermoore, Bluesa-tan, OscilloID, Iconili, Casti-lho & Zimun), mas cria maisconteúdo para publicidade,cinema, televisão. Na época,tinha como a empresa sobre-viver alugando a estrutura.Hoje, achoimpossível, não va-le mais a pena”, avalia ele.

A principal mudança nes-sas duas décadas, na visão deAndré Melo, é que, antes,qualquer artista que quisessegravar qualquer coisa, pormais simples que fosse, tinhaque ir para o estúdio. Hoje,ele pode fazer por conta pró-pria ou com uma estruturamenor; só procura um estú-dio profissional quando vaigravar disco, não gasta di-nheiro com demo.

Ele diz que as pessoas co-meçaram a gravar em casa eque demorou alguns anos pa-raosprópriosartistaspercebe-rem que, dependendo do gê-nero, podem fazer uma coisainteressantecomestruturape-quena, mas, em muitos casos,não se consegue a qualidadedeum bomestúdio.

“Com a internet facilitan-do um monte de coisa, as pes-soas começaram a achar quepodiam fazer tudo sozinhas,que eram livres, não precisa-vam de gravadora. Mas, emvez de ter mil bandas, agorahá 100 mil; se não tiver quali-dade, ninguém vai querer teescutar. Voltou a importânciadefazer a coisabemfeita.A di-ferença é que antes se gravavaem estúdio grande porquenão havia opção. Hoje se gra-va porque se a coisa é caseiraninguém vai escutar”.

O baterista Alex Ferreira eo baixista Ricardo “Gui” Mon-teiro também acreditam nomercado.Eles dizem ter inves-tido R$ 700 mil para criar oMamute Estúdio, com um es-túdio de 205 metros quadra-dos (que será ampliado para280m² até o final do ano), qua-tro salas, uma técnica de40m², sala de gravação de42m², cabine de voz de 15m² esala de ensaio de 42m².

“É o terceiro maior de Mi-nas em nível de sala indivi-dual – atrás do Diante do Tro-no e do Concha Acústica, quetêm 70m² cada – e o maior emsalas somadas”, garante AlexFerreira.

O músico conta que já en-saiou em vários lugares da ci-

dade e pôde observar de per-to os defeitos e qualidades decada um. “Por isso fiz comofiz, tentando sair do comum.O mercado fonográfico é mui-to concorrido, mas tem muitasala pequena e equipamen-tos de baixa qualidade. E parafazer uma gravação legal econquistar uma clientela,tem que ter supra sumo”.

Ensaiar no Mamute custaR$ 40 o período de duas horas(preço promocional). Gravarcom a própria branda custaR$ 110 a hora (captação e gra-vação).

Alex calcula que gravarum disco com dez faixas cus-ta, no mínimo, R$ 15 mil. Nãoexiste valor máximo, já queele pode ter orquestra, ter mú-

sicos “de primeira grandeza”,convidados especiais etc.

O céu é o limite. “Possotrazer o guitarrista RogerFranco, o baterista Pezão, otrio de metais do Djavan, oguitarrista do GuilhermeArantes, o Pinguim do Char-

lie Brown Jr. Se tem menosgrana, pode gravar com a mi-nha banda, que é formadapor músicos muito bons, masnão têm o mesmo prestígiodesses nomes, que acabamtornando o disco mais vendá-vel”, diz Alex Ferreira que, de-pendendo do contrato, assu-me a função de produtor, ouseja, cabe a ele “ditar os arran-jos, formatar a cara da banda,dizer o que excesso, como umtécnico de futebol. Varia mui-to, depende do artista”.

Ele é filho de músico (o fa-lecido Toninho do Violão,que tocava violão de sete cor-das no grupo Minas ao Luar) etoca todo sábado na Rede Su-per, a maior emissora gospeldo país. Diz que sempre foi

um empreendedor, assim co-mo Gui, que teve três estú-dios em Santos (SP) e já tocoue gravou muita gente, casosde Lobão, Dudu Nobre, Surtoe Detonautas.

“O universo da músicasempre me fascinou. Colocarnosso talento e experiência àdisposição de pessoas que so-nham gravar seria nossa con-tribuição para a música”,afiança Alex Ferreira, paraquem seu público, até agora,seja majoritariamente evan-gélico. “Somos evangélicos eacabamos trabalhando maiscom esse público, mas nossoalvo é qualquer pessoa que so-nha gravar”. Inclui aí CD,DVD, videoclipe, ensaios,spots, jingles, campanhas pu-

blicitárias.Funcionando há um mês

e meio, o estúdio Mamute co-meçou a ser montado doisanos e meio antes. “Rodamosmuito procurando lugar, con-siderando o tamanho e aquestão financeira”, contaAlex Ferreira, que optou peloBairro Pirajá, num lote quesua família tinha atrás do Mi-nas Shopping.

“Estúdio de gravação é co-mo oficina mecânica: se forbom profissional, o clientevai até você”, pontua.

Ferreira se diz bem locali-zado: “Estou a 10 quilôme-tros do Centro, a 1,5 quilôme-tro da Avenida Cristiano Ma-chado, a cinco quilômetrosda Pampulha”. (VM)

Donos de estúdios investem em trilhas e publicidade para sobreviverCARLOS ROBERTO

Hoje, vamos a São Leopol-do, no distante Rio Grande doSul, onde há menos analfabe-tos e mendigos que na maio-ria dos municípios brasilei-ros. Os empresários locaisacreditam que, em um país sé-rio, analfabetismo e pobrezasão males que têm cura. E,por ousarem apressar essacura, são punidos pela buro-cracia federal, mais cega esem rumo que os persona-gens de Saramago.

Silvino Geremia, um des-ses empresários, descreveu re-centemente, para a revistaExame, um sintoma da ce-gueira federal: “Acabo de des-cobrir mais um desses absur-dos que só servem para atra-sar a vida das pessoas que to-cam e fazem este país: inves-tir em educação é contra alei”. Se você não acredita, leiao que se segue.

A empresa dele, a Gere-mia, fundadahá25anos, fabri-ca equipamentos para extra-ção de petróleo, com tecnolo-gia de ponta e muita pesquisa,disputando mercados com in-dústrias dos Estados Unidos,Canadá e outros países. Por is-so, precisa de gente qualifica-da. E qualificação, ainda queos ministros da Educação e daPrevidência não saibam, exi-ge cursos inovadores, boas es-colase bons livros.

Silvino criou, em 1988,um programa que custeia aeducação dos funcionários,em todos os níveis. Do varre-dor do chão da fábrica até otécnico de primeira linha, to-dos podem estudar o que qui-serem. “Sea União não tem re-cursos e eu tenho, acho quedevo pagar a escola dos meusfuncionários”.

Jamais cobrou um centa-vodaUniãoporinvestirnode-senvolvimento das pessoas edo País. Mas, este ano, apare-ceu na empresa um fiscal doINSS e decretou que a escolaoferecida ao trabalhador é sa-lário indireto. Logo, a Geremiaterá que recolher a contribui-ção social sobre os valores pa-

gos às escolas, acrescida de ju-ros de mora e multa por “atra-sonopagamento aoINSS”.

“Boquiaberto” é pouco,para descrever a reação doempresário, ao saber que teráde pagar26 mil reais porofere-cer educação gratuita aos em-pregados. Ele já recorreu à Jus-tiça, não só pelo valor que ex-torquido, mas por consideraressa tributação um atentadoà inteligência.

- Estou revoltado. Mesmomultadomilvezesnãovoureco-lherumcentavo–elepromete.

Nem teria que apresentaroutros argumentos, de tãogrosseiro que é o achaque,mas faz questão de esclarecersuaposição, coisa que o gover-no raramente faz:

- Mais da metade dascrianças que iniciam a 1ª sé-rie não concluem o ciclo bási-co. A Constituição diz queeducação é direito do cida-dão e dever do Estado. Equem é o Estado? Somos nós,todos nós. E não aceito que oEstado me penalize por fazero que ele não faz.

Se a moda pega, diz Silvi-no, as empresas que criammais benefícios para funcio-nários vão recuar. E recomen-da ao governo que investiguequem desvia dinheiro, sone-ga impostos, rouba a Previ-dência ou contrata mão-de-obra sem registro.

- Não temos tempo a per-der. Leis ultrapassadas e forada realidade devem ser revo-gadas.A legislação e a mentali-dade dos homens públicos de-vem se adequar aos novostempos. E, por favor, deixemtrabalhar em paz quem estáfazendo alguma coisa.

Silvino jura que não desis-tirá de investir no patrimôniomais precioso da empresa: aspessoas. E reconhece: “Souteimoso e não tem jeito”.

Tomara que outros apren-dam com ele. Mesmo que osburocratas mostrem os den-tes, empresários corajosos ede visão podem curar a ce-gueira de Brasília.

Concorrênciaaumentaeforçaàsadaptações

TIÃOMARTINSE-mail: [email protected]

Leo Moraes, do Estúdio Pato Multimídia: “Todo músico sonha ter estúdio, ter mais autonomia”

“MaiorestúdiodeMinas”acabadeseraberto

Ensaio sobre acegueira

Flávio Henrique, do Via Sonora: “Meu estúdio foi dos primeiros a ter um bom piano acústico”

EMMANUEL PINHEIRO

“O mercado é muitoconcorrido, mas temmuita sala pequena e

equipamentos debaixa qualidade”

HOJE EM DIA - BELO HORIZONTE, SEGUNDA-FEIRA, 27/6/2011

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