matéria de aula civil iii

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Formação e celebração dos contratos 1ª Etapa: Oferta Oferta, proposta ou policitação. Na medida que um formula a outro aquilo que pode a vir a ser um contrato, ele se obriga a este. Vinculará o policitante se a proposta for precisa (se contiver os elementos essenciais, sem necessidade dos pormenores), se tiver o mínimo de precisão ela obrigará, e este mínimo para esta precisão estará no caso concreto – deverá ter os mínimos elementos essenciais. Toda proposta feita a grande público se obriga, mas tem que ter elementos essenciais. Não se confunde com as negociações preliminares (fase de pontuação), é aquela fase em que as pessoas fazem entre si sondagens, é tudo que antecede à proposta. Não há vínculo jurídico aqui, embora se admita que a frustração resulte em responsabilidade (quebra de boa fé – Art. 422 do CC), não foi formulada uma proposta que possa gerar a quebra do vínculo. Extra contratual define de modo preciso aquele que tem de responsabilidade civil. Descumprimento terá o oblato (aquele que recebe a proposta do policitante) direito a perdas e danos. Pré-contratual é aquilo que vem antes de um contrato. A proposta é declaração unilateral receptícia de vontade: Art. 422 – Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Art. 427– A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar nos termos dela, da natureza do negócio ou da circunstância do caso. A proposta não obriga, conforme a segunda parte do caput do Art. 427 do CC/02: a) Se isso resultar da própria proposta (o policitante se reserva), ex: cláusula de não obrigatoriedade. Os próprios termos da proposta, se o contrário não resultar em termos diversos dela. b) Se isso resultar da natureza do negócio, oferta para um indeterminado número de pessoas, limitando-se pelo estoque. Podemos dizer ser, também as condições, características do negócio jurídico, informar das Página 1 de 14

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Formação e celebração dos contratos

1ª Etapa: Oferta Oferta, proposta ou policitação. Na medida que um formula a outro aquilo que pode a vir a ser um contrato, ele se obriga a este. Vinculará o policitante se a proposta for precisa (se contiver os elementos essenciais, sem necessidade dos pormenores), se tiver o mínimo de precisão ela obrigará, e este mínimo para esta precisão estará no caso concreto – deverá ter os mínimos elementos essenciais. Toda proposta feita a grande público se obriga, mas tem que ter elementos essenciais. Não se confunde com as negociações preliminares (fase de pontuação), é aquela fase em que as pessoas fazem entre si sondagens, é tudo que antecede à proposta. Não há vínculo jurídico aqui, embora se admita que a frustração resulte em responsabilidade (quebra de boa fé – Art. 422 do CC), não foi formulada uma proposta que possa gerar a quebra do vínculo. Extra contratual define de modo preciso aquele que tem de responsabilidade civil. Descumprimento terá o oblato (aquele que recebe a proposta do policitante) direito a perdas e danos.Pré-contratual é aquilo que vem antes de um contrato. A proposta é declaração unilateral receptícia de vontade:

Art. 422 – Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.

Art. 427– A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar nos termos dela, da natureza do negócio ou da circunstância do caso.

A proposta não obriga, conforme a segunda parte do caput do Art. 427 do CC/02:a) Se isso resultar da própria proposta (o policitante se reserva), ex: cláusula de não

obrigatoriedade. Os próprios termos da proposta, se o contrário não resultar em termos diversos dela.

b) Se isso resultar da natureza do negócio, oferta para um indeterminado número de pessoas, limitando-se pelo estoque. Podemos dizer ser, também as condições, características do negócio jurídico, informar das características da contratação. São limitações da própria condição que é colocado a público.

c) Se isso resultar de circunstâncias do caso Art. 427 e Art. 428 CC/02. A proposta obriga o proponente, salvo se o contrário resultar, das circunstâncias do caso, significa que diferentemente dos termos da proposta ou do conteúdo da mesma, completar-se-á com os incisos do Art. 428 (que são as circunstâncias do caso), ou seja:

Art. 428 do CC – deixa de ser obrigatória a proposta:I – se feita sem prazo, a pessoa presente, não foi imediatamente aceita, considera-se também presente, a pessoa que contrata por telefone ou meio semelhante (critério = imediatamente). A proposta feita sem prazo, à pessoa presente, obriga o aceite imediato. O imediato vai variar de acordo com o caso. O requisito previsto na lei, a presença, não é uma presença espacial e sim temporal, observe que a contratação por telefone, é um contato “presencial” e imediato, e a obrigação se dá pelo imediato.

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II – se feita sem prazo, a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente. É razoável um tempo que leva a proposta chegar ao oblato e ele responder, com tempo razoável da proposta chegar ao proponente, variando conforme o caso. Se há a razoabilidade, aconteceu dentro da razoabilidade, a proposta obriga sim. As variações temporais estão ligadas ao meio a que foi utilizado. Esta razoabilidade, a doutrina chama de “prazo moral”, variável conforme o caso.III – se feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado. A proposta foi feita entre ausentes e foi dado um prazo, a resposta deve ser expedida dentro do prazo, pois a mesma foi aceita, deu a conhecer, que contivesse o prazo na proposta.IV – se antes dela ou simultaneamente chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. Não vai obrigar se antes da proposta, ou simultaneamente, chegar ao oblato, a retratação. A proposta não obriga se dela o proponente se retratar a tempo (simultaneamente ou antes de que a proposta chegue), deve ser antes da aceitação do oblato.

Art. 429 – A oferta ao público equivale a proposta quando encerra aos requisitos essenciais ao contrato (proposta precisa, oferta precisa) salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.

A oferta pública (que é o termo correto de proposta, ao público) obriga ao proponente de igual forma. Porém, especificamente na oferta pública,no Art. 30 do CDC, o que foi proposto, proposta pública, exemplo, um panfleto, indiferente se constar ao contrato, à proposta, se soma ao contrato que foi feito. Esta oferta precisa, pode ser considerada como qualquer meio que se chegue ao público, desde que se possa provar, esta oferta obriga o fornecedor que a fizer veicular ou se dela utilizar, integra ao contrato que vier a ser celebrado. O Art. 35 do CDC estabelece que o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento da oferta, se nega a prestar aquilo que foi ofertado, o consumidor poderá, a sua escolha, escolher entre: rescindir o contrato com direito a restituição de quantia já paga, atualizada e ainda direitos a perdas e danos; ou aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente (típica regra de defesa do consumidor); ou ainda, exigir o cumprimento forçado da obrigação nos termos da oferta, veiculação ou publicidade – ou executar o contrato, obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa.

2ª Etapa: AceitaçãoApós o proponente fazer a proposta, deve-se aguardar a manifestação do oblato. Estamos na fase da aceitação. Em uma linha temporal, temos: “negociações preliminares” >> “proposta – que obriga – salvo Art. 427 e Art. 428 do CC” >> “aceitação”.Deverá ser “opportuno tempore”, ou seja, tempestiva e incondicional, pois se a proposta é aceita com restrições aos dados da proposta, há a perca das características de proponente e oblato, e iremos passar a ter uma nova proposta, ou seja, a primeira proposta deixa de obrigar. Podemos considerar como uma nova proposta, invertendo-se os papéis (Art. 431), o proponente passa a ser oblato e vice versa. Então, há uma nova proposta, e esta obriga o antigo oblato, agora proponente (é o que comumente chamamos de “contra proposta”). O ato de aceitação condicional passa-se a ser chamado de proposta e o antigo oblato, agora proponente, se obriga.

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Art. 431 – A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará em nova proposta.

Contrato celebrado do momento de expedição da aceitação (Art. 434), o nascimento do contrato, se é entre presente e não foi dado prazo, o contrato surge no ato da aceitação. Em casos que não há a simplicidade de responder a proposta, o CC redigiu o Art. 434 – o contrato entre ausentes (ausência temporal e não espacial – lembrar da conversa de telefone, que considera presente) tornam-se perfeitos (sem vício, particípio passado do verbo perfazer – “perfazido”) desde que a aceitação é expedida (a exceção dos 03 incisos). Este artigo encerra com a palavra “exceto”, a saber:

Art. 433 – Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.

Art. 434 – Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedita, exceto:

I – no caso do artigo antecedente: ou seja, o Art. 433 – considera-se inexistente a aceitação se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante; ou seja,o oblante fez uma retratação ao proponente, antes da aceitação chegar ao proponente. Imaginar que o contrato tem início no momento da aceitação. Inexistência é o pior dos vícios que um ato pode ter, pois a inexistência quer dizer que não existiu aquele ato, e o que é inexistente não pode operar efeitos. Na situação da retratação e aceitação, adota-se a teoria da recepção, pois se a retratação for recepcionada antes da aceitação, significará que a aceitação nunca existirá. A aceitação estará condicionada a não existência de uma retratação, ou seja, se a aceitação chegar na mão do proponente, antes de uma retratação, o contrato estará vigente. Isto é uma exceção.

II – se o proponente se houver comprometido a esperar resposta: se o proponente comprometeu a esperar uma resposta, ou se ela não chegar em um prazo convencionado (veja inciso III abaixo), nestas situações a aceitação vai gerar uma exceção ao Artigo 434.

III – se ela não chegar no prazo convencionado: se não chegar no prazo combinado.

Art. 430 - Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.

Neste caso, o proponente deverá avisar imediatamente o oblato, ao receber exporaneamente, a proposta, que não existe contrato, por intempestividade. Se não houver o aviso, o proponente responderá pelas perdas e danos. Existe uma situação que o proponente não recebeu a proposta e o oblato não sabe que a proposta não foi recebida (por erros de terceiro), então cria-se um problema.

O lugar da proposta valerá o local onde a proposta foi feita, conforme o Art. 435 – ou seja, valerá o local da proposta do proponente.

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Art. 435 – Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

Dar critérios de classificação, mas não são critérios necessariamente legais, e sim doutrinárias, para auxiliar na aplicação prática aos casos concretos.

Classificação quanto número de pólos: como se desenha uma relação.a) Bilaterais (dois pólos): b) Plurilaterais – não pelo número de pessoas, mas de pólos plurilaterais (mas cada um

com seu objetivo), situações específicas;

Classificação quanto aos efeitos (reciprocidade de prestações):a) Sinalagmáticos (contratual): a lógica é ter prestações recíprocas, onde os pólos tem

prestações específicas. Contratos em que existe a assunção de prestações específicas, existem a correspondência de prestações. Os contratos sinalagmáticos são bilaterais conforme a quantidade de pólos. Algumas doutrinas chamam os contratos sinalagmáticos de bilateral, mas analisando outro tipo de bilateridade, onde os dois pólos tem obrigações a cumprirem. Ainda, um contrato bilateral (pelo número de pólos) pode ser bilateral (pelo número de prestações). Art. 476 do CC/02, nos contratos bilaterais (no critério de classificação quanto aos efeitos – sinalagmático), nenhum dos contratantes antes de cumprir da sua obrigação pode exigir da outra parte o cumprimento da obrigação dela (exceptio non adimpleti contractus). Conforme o Art.491, a regra é pagar primeiro e depois entregar a coisa, EXCETO a venda à crédito, que entrega-se a coisa, e paga-se depois, em tese, a ordem das prestações é pagar primeiro e entregar a coisa depois.

b) Unilaterais – aqui, não há as prestações recíprocas entre os pólos; exemplo, uma doação, onde somente um pólo tem a prestação, a obrigação. Os contratos unilaterais são bilaterais conforme a classificação do número de pólos. Aqui é impossível a aplicação do Art. 476 do CC/02, pois não há reciprocidade de prestações.

Art. 476 – Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

Classificação dos contratos quanto a vantagem perseguida: leva em conta a vantagem para ambas as partes ou apenas uma.

a) Onerosos: ambas as partes têm vantagem. Tem que existir ônus e vantagens para ambas as partes. Aqui, todos os sinalagmáticos se encaixam.

b) Gratuitos: não há vantagem ou utilidade para uma das partes. Aqui somente uma das partes tem vantagem. Uma doação, além de ser unilateral, de acordo com a classificação 2, nem sempre é gratuito. Embora, pouco usual, existe uma doação com encargo (doar um terreno, mas vinculado a construção de uma capela), e ao impor um encargo (encargo não é prestação e sim ônus), há a pluralidade de ônus, um, de um lado, em doar e outro, do outro lado, de fazer uma capela, então é um contrato

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unilateral, conforme a classificação 2, mas não é gratuito, pelos dois ônus (sendo um de cada lado).

“Todos os sinalagmáticos são onerosos, mas nem todos os unilaterais são gratuitos”.

Classificação dos contratos quanto ao prazo: em relação ao prazo do contrato.a) Prazo determinado: contratos que tem prazo estabelecido para seu fim. Ele se encerra

com o advento do prazo.b) Prazo indeterminado: contratos que não tem prazo determinado, ele fica em aberto.

Classificação em relação a prestação: a) Cumutativos (pré-estimados): as prestações de ambos contratantes são determináveis,

em tese não há desequilíbrio patrimonial. É possível a aplicação de cláusula “rebus sic stantibus”.

b) Aleatórios: Art. 458 CC/02 – cria uma dependência de evento futuro, caracteriza-se pela incerteza quanto aos resultados patrimoniais, não pelo desequilíbrio das prestações, e é essa a diferença destes contratos pelos contratos cumutativos, o que caracteriza este tipo de contrato é a incerteza quanto ao resultado patrimonial e não o desequilíbrio deste resultado. Nestes contratos podem ter desequilíbrio patrimonial, mas não dá direito a indenização, imagina que uma pessoa paga durante 10 anos o seguro total de um carro sem nunca usar, ou no primeiro mês de pagamento do contrato de seguro, o veículo ter sido indenizado. “Alea jacta est” (a sorte está lançada) – área de incerteza, inaplicabilidade da cláusula “rebus sic stantibus”, ou seja, em contratos de execução futura mantém as condições de contratação, e extraordinariamente permitem a revisão do contrato.

Art. 458 – Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte nãop tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir,

Classificação em relação à execução (cumprimento) dos contratos:a) Execução imediata: têm suas prestações executadas imediatamente. Pode haver hiato

entre a oferta e a aceitação, mas não entre a aceitação e a execução do contrato.b) Execução diferida: prestação se prolonga no tempo, até cumprimento, o contrato é

celebrado em um momento e cumprido posteriormente. Exemplo compra e venda à prazo.

c) Execução continuada: as prestações são constantes (o pagamento não extingue o contrato). Exemplo: contrato de locação. A diferença entre contrato diferido e continuado, é que nos contratos diferidos, mesmo que em vários pagamentos, a exemplo 12 meses, na 6ª parcela, se houver a rescisão contratual, devolve a coisa e rever o valor pago, há o cumprimento parcelado do contrato, já no contrato de execução continuada, exemplo de uma locação em 12 meses, se no 6º mês houver a rescisão contratual, a parte pagadora não terá os valores pagos reavidos.

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Aplicação da teoria da imprevisão (Art. 478/480 do CC/02) somente se aplica nos contratos de execução diferida e de execução continuada. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar extremamente onerosa, por motivo de eventos futuros e extraordinários, para uma das partes, poderá o devedor pedir a rescisão do contrato.

Art. 478 – Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença a decretar retroagirão a data da citação.

Art. 480 – Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.

Prescrição, contagem separada, Art 189 do CC/02, se violado o direito surge a pretensão que se extingue pela prescrição conforme prazos do código. A prescrição fulmina a pretensão e a decadência fulmina o direito. Nos contratos de prestação continuada, exemplo no contrato de trabalho (CLT), temos duas prescrições, uma para ajuizar a reclamatória (2 anos) e outra para reclamar que é de 5 anos da data que entrou em juízo, ou seja, prestações continuadas foram sofrendo prescrição em contagem separada.

Art. 189 – Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição nos prazos a que aludem os Art. 205 e 206.

Classificação em relação a pessoa:a) Intuitu persoane: contratos personalíssimos, em razão da pessoa. Este contrato é

aquele que é celebrado em razão da pessoa. Estes contratos são mais difíceis de serem exigidos juridicamente, e há menos mecanismos processuais para exigir o cumprimento de um contrato personalíssimo.

b) Impessoais: contrata-se não em relação à pessoa e sim a prestação. Neste caso, há maior facilidade do cumprimento da prestação, outra pessoa poderá cumprir a prestação no lugar do contratante.

Classificação quanto às partes contratantes (paridade):a) Paritários: são contratos celebrados em igualdade de contratação, os contratantes são

iguais, não há o hipossuficiente.b) De adesão: são cláusulas pré-fixadas, estabelecidas, não há alteração, mesmo que

ainda inseridas pelo aderente, cláusulas não essenciais que possam ser alteradas, exemplo, a escolha de um plano de telefonia. Art. 423 CC/02 – quando houver contrato de adesão, cláusulas ambíguas ou contraditórias, deverá adotar as cláusulas mais favoráveis ao aderente. Nos Art. 54 – cláusulas previamente aprovadas pelo órgão competente e o consumidor não possa alterar substancialmente as cláusulas do contrato, §§ 1º - inserção de cláusula no formulário não descaracteriza o contrato de

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adesão, não são cláusulas essenciais que descaracterizam o contrato de adesão; e 3º - redação clara e objetiva, do CDC.

Art. 423 – Quando houver no contrato de adesão, cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.

CONTRATOS PRELIMINARES

Estamos diante de um contrato, o contrato preliminar é um contrato, mas não há o que se confundir em “fases preliminares, sondagens feitas antes mesmo da proposta, fase de puntuação”. O objeto do contrato preliminar é a celebração de outro contrato. É bastante comum, utilizado, quando não há uma possibilidade de como assinar um contrato imediatamente, é a promessa de contrato – contratará no futuro. No início, no CC de 16, não existia a previsão de promessa de contrato, e apenas eram permitidas perdas e danos, o que levou à prática do “sinal ou arras”, como uma função de cobrir as despesas da parte que arrependeu, quando há esta possibilidade pactuado no contrato de promessa. Hoje é possível uma sentença que substitua da vontade, em caso de uma parte não cumprir o objeto do contrato de promessa, ou seja, celebração de um novo contrato.Trata-se de vínculo atual ante a impossibilidade de celebração imediata do contrato, depois virá o definitivo.Deverá ter os requisitos do definitivo, exceto quanto á forma (Art. 462 – o contrato preliminar, exceto quanto a forma, deve conter todos os requisitos essenciais do contrato a ser celebrado), a forma é o único requisito que não está atrelado ao contrato definitivo. É possível estabelecer cláusula de arrependimento (Art. 463 – concluído o contrato preliminar, com observância no disposto do artigo 462 e desde que dele não consta cláusula de arrependimento . . . .), pelo que se presume irretratável em regra, mas para que não seja irretratável, tem que estar expressamente previsto em contrato. OBS: havendo cláusula de retratabilidade, somente envolverá o sinal (logo, arrependimento – sua possibilidade – deve ser expresso).

Art. 462 – O contrato preliminar, exceto quanto a forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.

Art. 463 – Concluído o contrato preliminar, com observância ao disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra parte para que o efetive.

Execução específica – Art. 466/CPC – letras A a D.Exemplo: contrato de promessa de compra de venda de imóvel, é um contrato cujo o objeto de no futuro contratar a compra de venda de um imóvel. No contrato preliminar, estabelece as condições e os pagamentos e no dia do cumprimento deste contrato, há a obrigação de celebrar o contrato de compra e venda (escritura pública), pois as partes cumpriram integralmente o contrato de promessa de compra e venda, enfim, este contrato de promessa

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tem força de contrato, ele se encerraria no ato da celebração do contrato definitivo (escritura pública em cartório de notas).

Art. 1417 e 1418 (Adjudicação compulsória).

Art. 1.417 – Mediante promessa de compra e venda, em que não se pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.

Art. 1.418 – O promitente comprador, titular do direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de terceiros a que os direitos destes forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar, e se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel.

UNIDADE II – INSTITUTOS AFINS (CONTRATOS SINALAGMÁTICOS)

EVICÇÃO

Art. 447 – Nos contratos onerosos o alienante responde pela evicção.

Art. 457 –

Termo que decorre de “vencer, impor derrota a alguém”. A evicção é um vício de direito (é a perda de um patrimônio), significa que alguém tem um direito anterior a outrem, por isso a evicção é a perda que ela promove no patrimônio da pessoa uma perda. O adquirente de coisa (móvel ou imóvel) por contrato oneroso, perde o direito de propriedade ou posse, de modo total ou parcial, em regra por sentença (não necessariamente somente por sentença), devido a fato anterior a aquisição. A perda se dá me favor de um terceiro (evincente, evictor) que detém sobre a coisa um direito anterior. Aquele que perdeu, tem o direito de regresso com a finalidade de recuperação da sua perda, do bem evicto.Fundamento contratual – inexecução do contrato (mas é derivado de lei).Requisitos1) O contrato tem que ser oneroso em que há perda patrimonial;2) Perda total ou parcial;3) Sentença ou qualquer ato administrativo de desapropriação (por exemplo um inquérito policial em caso de carro furtado);4) Anterioridade do vício, o vício tem que ser anterior a alienação ou transferência do bem;5) Ausência de exclusão de responsabilidade, pois é possível que o alienante exclua a sua responsabilidade.O evicto (aquele que perdeu a coisa) passa a ter direito de regresso contra o transmitente, sendo elemento essencial a boa-fé do evicto, conforme o Art. 450 do CC, haverá perdas e danos, mas a indenização do transmitente ao evicto independe completamente de má-fé de sua parte (transmitente).

Art. 450 – copiar. . .

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Em caso de aquisição com má-fé = apenas a restituição pelo que pagou, isto é doutrinário, a pessoa que adquire sabendo que está adquirindo de modo indevido, tem direito de ter restituído o valor pago, para evitar o enriquecimento sem causa do alienante, apenas o preço que pagou. Denunciação: Art. 70 do CPC – utilizada para o exercício do direito de regresso, prejudicialidade entre as duas lides. Temos duas lides prejudiciais.

Art. 70 do CPC – copiar . . .

É possível a estipulação expressa de liberação do dever de responder pela evicção (o que não se aplica aos contratos de adesão). Possível também aumento (reforço) ou diminuição do valor. O valor a maior, ou seja, o “plus” encontra, no direito, a justificativa de ser uma multa. O comprador não tem que provar a boa fé e sim o vendedor é quem tem que provar a má fé em caso de evicção. No caso do vendedor excluir o risco de evicção, em um contrato, há uma subjetividade do comprador ser um comprador de má fé mas esta hipótese não é em todos os casos. Porém, em caso desta cláusula de exclusão da responsabilidade da evicção, tem que ser bem clara, deverá informar claramente o motivo da abdicação da evicção, pois se não existe tacitamente tal cláusula, a evicção persiste, não poderá ser genérico, mas sim específico.

Art. 448 – copiar. . .

Art. 449 – copiar. . .

Hasta pública – Em caso de algum adquirinte de um bem, através da hasta pública, a pessoa que teve seu bem leiloado em hasta pública (arrematante), também tem direito de regresso, no caso de evicção, ou seja, quem teve seu bem arrematado em hasta publica responde pela evicção. Art. 447.

Art. 447 – Copiar. . .

ARRAS

Art. 417 – Se por ocasião da conclusão do contrato uma parte der a outra, a titulo de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras em caso de. . .

Art. 418 – copiar. . .

Art. 419 – copiar. . .

Art. 420 – copiar. . .

É o sinal. Historicamente, tem uma idéia de confirmar o negócio, sendo que sua origem sai do campo obrigacional, e era em algo semelhante ao direito de família, era o dote do marido, em caso de sua falta, para a esposa. É uma lógica da idéia de confirmação.

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Hoje há duas funções:

a) Confirmatórias (regra): dar as arras e se arrepender é descumprir o contrato e não uma “cláusula de arrependimento”. Confirmam o negócio. Hipótese de fungibilidade – presume-se antecipação do pagamento. Prejuízo maior em caso de não cumprimento do contrato, tem condições de pleitear, conforme o Art. 419, lembrando que o valor das arras deverá ser computado no valor desta indenização. Dentro desta função confirmatória, temos 03 funções: (i) confirma o negócio – se der as arras e arrepender, estará na verdade descumprindo o contrato; (ii) antecipação do pagamento, quando se trata da mesma espécie – fungibilidade; (iii) reparação por perdas e danos, presumida, considera como parâmetro mínimo.

b) Penitenciais:

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