matéria 1º período

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Filosofia 11º ano Lógica Linguagem Faculdade de Simbolizar/Representar o Ex: Bandeira de Portugal em vez do próprio país. Faculdade de Representar o real , usando signos linguísticos: o Conceitos; o Imagem acústica; A palavra caneta, esta em vez de Ao dizer que a caneta é amarela, estamos a representa-la. Organização do Pensamento Palavras Conceito Frases = Preposições Juízos Discurso (argumento) Raciocínio Linguagem Pensamento Instrumentos lógicos do pensamento.

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Page 1: matéria 1º período

Filosofia 11º ano – Lógica

Linguagem

Faculdade de Simbolizar/Representar

o Ex: Bandeira de Portugal em vez do próprio país.

Faculdade de Representar o real, usando signos linguísticos:

o Conceitos;

o Imagem acústica;

A palavra caneta, esta em vez de

Ao dizer que a caneta é amarela, estamos a representa-la.

Organização do Pensamento

Palavras Conceito

Frases = Preposições Juízos

Discurso (argumento) Raciocínio

Linguagem Pensamento

Instrumentos lógicos

do pensamento.

Page 2: matéria 1º período

Filosofia 11º ano – Lógica

Como pensa o pensamento?

O pensamento usa:

o Conceitos – ideia geral e abstracta sobre uma classe de seres (canetas);

o Juízos – estabelecem a relação entre, pelo menos, dois conceitos (caneta é

vermelha);

o Raciocínios– relação/encadeamento juízos.

Linguagem

Há vários tipos:

o Gestual;

o Cromática;

o Verbal;

Serve para comunicar

Ser humano usa a linguagem articulada;

Os animais usam linguagem não articulada

Pensamento, Linguagem e Discurso

Quando pensamos estamos a realizar um conjunto de operações mentais, como classificar,

descrever ou relacionar coisas. Nestas operações mentais utilizamosconceitos.

Os conceitos são expressos na linguagem oral ou escrita, por palavras ou conjuntos de

palavras, os signos linguísticos.

Na origem destes signos, está a língua falada. A língua caracteriza-se por ser:

o Aprendida, resulta de um processo de enculturação, não é, por isso, inata.

o Articulada, enquanto linguagem verbal (as variações sonoras, traduzidas em

fonemas, dão origem à diversidade de palavras).

o Simbólica, as palavras substituem os objectos concretos a que se referem. As

relações entre os signos e as coisas resultam de convenções.

Foi a língua falada que tornou possível a formação de outros tipos de linguagem, tal como

a linguagem gestual, etc. O acto de escrever, constitui uma das formas secundárias da

linguagem oral.

Todas as canetas são vermelhas – premissa;

Este objecto é uma caneta – premissa;

Este objecto é vermelho – conclusão;

Page 3: matéria 1º período

Filosofia 11º ano – Lógica

Ex:

Todos os Cães miam;

Bobby é um cão;

Bobby mia;

A aquisição desta linguagem oral ou escrita, com a qual expressamos os nossos

pensamentos e emoções faz-se em simultâneo com o desenvolvimento do pensamento.

Aprendemos a pensar ao mesmo tempo que aprendemos a expressar-nos nas diferentes

linguagens.

A linguagem não pode ser entendia como um instrumento do pensamento, mas como a

MATÉRIA do próprio pensar. Não há pensamento fora da linguagem, nem linguagem sem

pensamento. Como demonstrou Jean Piaget, quando uma criança começa a falar adquire

ao mesmo tempo um meio de se exprimir e de comunicar cada vez mais eficaz, que lhe

possibilita ordenar e classificar o mundo de uma certa maneira, assim como o seus

sentimentos e as suas acções. A nossa língua acaba, desta forma, por modelar a maneira

de vermos, compreendermos e descrevermos todas as coisas. Todas as línguas expressam

uma dada cosmovisão (concepção do mundo).

Ao pensarmos sobre as coisas estamos a encadear um conjunto de raciocínios de uma

forma mais ou menos coerente. Pensar é de certa forma iniciar um percurso, com um

ponto de partida e de chegada, a conclusão. À expressão encadeada do pensamento, sob

a forma de palavras designamos por discurso.

A maneira como descrevemos o mundo tem vindo a adquirir uma complexidade

crescente, fruto do desenvolvimento das linguagens que vão sendo criadas para o fazer.

Logica

Disciplina filosófica (criação remonta a IV a. C).

Ciência do pensamento – logo, das razões.

Dedica-se ao estudo das regras, e princípios a que o pensamento deve obedecer para

ser coerente.

Preocupa-se com a validade (≠ verdade → adequação do que pensamos/dizemos com

a realidade).

Validade = cumprimento das regras e princípios lógicos, tem a ver com a forma

Page 4: matéria 1º período

Filosofia 11º ano – Lógica

Importância / relevância da logica

Pensar de forma clara, concisa e correcta;

Resolver problemas;

Contribui para a precisão, coerência e de demostratividade do raciocínio;

Ajuda a detectar erros lógicos na linguagem falada e escrita;

Eleva a cultura do pensamento;

Ajuda a encontrar vias mais breves e correctas para refutar e evitar erros.

Instrumentos lógicos do pensamento

1. O que são conceitos?

2. Como se formam os conceitos?

Os conceitos formam-se a partir da observação de um nº de casos

considerados suficiente que analisamos, retirando características essenciais

(ex. tinta de uma caneta) e desprezamos as acidentais (ex. cor da tinta de uma

caneta);

Sintetizamos a informação, abstraímos da situação concreta e generalizamos

todas as situações.

Conceito

Pode organizar-se, atendendo a:

o Compreensão – booby;

o Extensão – animal;

Proposição

Relaciona conceitos;

o Ex.: Todas as árvoressãoplantas

o Tem que ser frase declarativa;

o Tem que ter valor de verdade;

o Afirma ou nega algo em relação a um sujeito.

Predicado

Copula (verbo

copulativo) Sujeito

Quantificador

Page 5: matéria 1º período

Filosofia 11º ano – Lógica

Proposição – FORMA PADRÃO

Todos os homens são mortais

Inferências Imediatas

É possível construir uma nova proposição a partir de um inicial

Podem ser:

1. Por oposição;

2. Por conversão;

Classificação das proposições

Proposição Sujeito Predicado A Distribuído Não distribuído

E Distribuído Distribuído

I Não distribuído Não distribuído

O Não distribuído Distribuído

A Universal afirmativa

Ex: todos os homens são mortais

E Universal negativa

Ex: Nenhum homem é mortal

I Particular afirmativa

Ex: Alguns homens são mortais

O Particular negativa

Ex: Alguns homens não são mortais

Predicado

p= termo maior

Sujeito

s=termo menor Quantificador

Ex: Alguns … São

Nenhum … é

1. Quantidade

Universal;

Particular;

2. Qualidade

Afirmativa;

Negativa;

Page 6: matéria 1º período

Filosofia 11º ano – Lógica

Quadrado Lógico

Inferências por oposição

Inferências imediatas por conversão

3 Tipos possíveis:

Simples – só possíveis nas proposições do tipo E e do tipo I

Ex: alguns jovens são praticantes de desporto.

Por limitação– só possíveis nas proposições de tipo A

Ex : todoslisboetas são portugueses – tipo A

AlgunsPortugueses são lisboetas – tipo I

Por negação– só possível nas proposições do tipo O

Ex: Alguns jovens não são desportistas

Alguns desportistas não são jovens

Page 7: matéria 1º período

Filosofia 11º ano – Lógica

Arg

um

en

to

Dedutivo

Se as premissas forem verdadeiras, as conclusao é necessariamentverdadeira.

universal:

→ todos os homens são mortais - V(1ªpremissa)

→ joão é homem - V(2ªpremissa)

particular:

→ joão é mortar - V (conclusão)

vai do geral para o particular

Indutivo

Apesar das premissas verdadeiras, a conclusão é apenas provavel.

A conclusão vail alem das premissa.

→ Fortes= maior grau de probablilidade;

→ Fracos = menor grau de probabilidade;

vai do particular para o geral

Argumento – dedutivo ou indutivo

Silogismo Categórico e Silogismo Condicional

O silogismo categórico é uma inferência dedutiva. Não se pretende descobrir nada de

novo, mas apenas demonstrar a validade de algo que já se conhece.

Só pode ter 3 termos

Ex.

o Todos os gatos são mamíferos

Os siameses são gatos .

Logo, os siameses são mamíferos .

M P

S M

S P

M= Termo médio (estabelece

relação entre S e P);

S= Termo menor;

P= Termo maior;

Modo A, A, A

Page 8: matéria 1º período

Filosofia 11º ano – Lógica

Regras do Silogismo Categórico Regular

Regras dos Termos

Regras Exemplos Inválidos

1 Ter três termos (sem equívocos): maior, médio e menor.

Todo o touro tem chifres Touro é uma constelação Logo, uma constelação tem chifres

T. Maior:chifres; T. Médio: Touro (animal); T.Menor: Constelação; 4º. Termo: Touro (constelação).

2 Os termos maior e menor não podem ter, na conclusão, maior extensão do que nas premissas.

Tudo o que magoa é mau. Alguns homens magoam. Logo, todos os homens são maus

T. Maior: maus; T.Menor: todos os homens.

3 O termo médio tem que ser tomado pelo menos uma vez em toda a sua extensão (universalmente).

A tâmara é um fruto A laranja é um fruto Logo, a tâmara é uma laranja.

T. Médio: fruto.

4 O termo médio não deve entrar na conclusão

Tâmara é grande Tâmara é faladora Portanto, a Tâmara é uma grande faladora.

T. Médio: Tâmara

Regras das Proposições

Regras Exemplos Inválidos

5 De duas premissas afirmativas não se pode tirar conclusões negativas.

Insultar é um acto indigno Os actos indignos são condenáveis Logo, insultar não é condenável.

6 De duas premissas negativas nada se pode concluir

Nenhum homem é imortal Os pássaros não são homens Portanto, os pássaros são imortais.

7 De duas premissas particulares nada se pode concluir.

Algum aluno é preguiçoso Algum aluno é estudioso Portanto, alguns alunos estudiosos são preguiçosos.

8 A conclusão segue a parte mais fraca

Todos os leões são mamíferos Alguns animais são leões Portanto, todos os animais são mamíferos.

Page 9: matéria 1º período

Filosofia 11º ano – Lógica

Figura

Determina-se pela função do termo médio na premissa maior e na premissa menor.

Como o termo pode exercer a função de sujeito e predicado, há possibilidade de existir

4 figuras.

1ª Figura 2ª Figura 3ª Figura 4ª Figura

Premissa Maior

M e P

P e M

M e P

P e M

Premissa Menor

S e M

S e M

M e S

M e S

Conclusão

S e P

S e P

S e P

S e P

Silogismo Condicional

Modus ponens:

Seestiver com atenção, então, aprendo lógica.

p q

Eu estou com atenção

p

Logo, aprendo lógica

q

Modus tollens:

Se aquecer o ferro, então ele dilata Antecedente Consequente

(ferro) Ele não dilatou

Logo, não aquecemos o ferro.

Se p, então q.

Page 10: matéria 1º período

Filosofia 11º ano – Lógica

O Domínio do discurso argumentativo

A comunicação humana visa persuadir, conquistar a adesão dos outros.

Argumentação – actividade social, intelectual e discursiva que, utilizando um conjunto de

razões bem fundamentadas (argumentos), procurando justificar ou refutar uma opinião ou

obter a aprovação e adesão de um auditório, com o intuito de alteras o seu comportamento.

OU

«Conjunto de técnicas discursivas que permitem provocar ou reforçar a adesão dos espíritos às

teses que são apresentadas ao seu assentimento»

Comunicação argumentativa –processo de troca de mensagens cuja finalidade é a adesão

dos outros às nossas teses, perspectivas ou opiniões.

Tese= ideia/opinião do autor sobre um assunto.

1) Defender a tese

→Argumentos a favor da tese.

2) Refutar

→Argumentos contra a tese.

Tese: Os alunos devem estudar todos os dias.

Argumentos:Porque dessa forma, conseguem tirar boas notas.

Contra argumentos:Há quem estude todos os dias e não tira boas notas.

Page 11: matéria 1º período

Filosofia 11º ano – Lógica

A argumentação é a produção de afirmações destinadas a sustentar ou a apoiar uma

conclusão, ao mesmo tempo que a Demonstração é um argumento dedutivamente válido que

parte de premissas verdadeiras que conduzem necessariamente à conclusão.

Argumentar é expor de forma encadeada um conjunto de argumentos (razões) que

justificam uma conclusão. Por outras palavras, um argumento é um conjunto de

premissas (razões, provas, ideias) apresentadas para sustentar uma tese ou um ponto

de vista.

Conforme os tipo de argumentos (razões) que nos servimos para justificar uma dada

conclusão, podemos estar perante uma demonstração ou uma argumentação.

Na argumentaçãoa conclusão é mais ou menos plausível. As provas apresentadas são

susceptíveis de múltiplas interpretações, frequentemente marcadas pela

subjectividade de quem argumenta e do contexto em que o faz. Na

argumentaçãoprocura-se acima de tudo, convencer alguém que uma dada tese é

preferível a outra. É por isso que só se argumenta nas situações em que existem várias

respostas possíveis. Toda a argumentação implica deste modo o envolvimento ou

comprometimento de alguém em determinadas teses.

Na demonstração a conclusão é universal, decorrendo de forma necessária das

premissas, e impõe-se desde logo à consciência como verdadeira. As provas são sem

margem de erro e não estão contaminadas por factores subjectivos ou de contexto. A

demonstração assume um carácter impessoal. É por isso que podemos dizer que a

mesma foi correcta ou incorrectamente feita, dado só se admitir uma única conclusão.

Page 12: matéria 1º período

Filosofia 11º ano – Lógica

Auditório e Orador

Auditório:

Conjunto de indivíduos que o orador pretende influência com sua argumentação.

Não existe argumentação sem auditório (mesmo quando argumentamos em relação

mesmos).

Pode ser:

1) Individual: Constituído por uma pessoa com que se estabelece diálogo (ex. pai/filho;

marido/mulher; policia/multado).

2) Particular: Grupo restrito de pessoas (ex. esta turma; pessoas que vão a um comício,

conferencia ou homilia religiosa).

3) Universal: Quando o que se afirma pretende ser válido para toda a humanidade (ex.

teses filosóficas e/ou outras que se procuram solucionar os grandes problemas que a

humanidade enfrenta).

Orador

Page 13: matéria 1º período

Filosofia 11º ano – Lógica

Discurso Publicitário e Discurso Politico

Características do discurso publicitário

Apela à sensibilidade; sedutor (busca a simpatia do auditório);

Mobiliza o desejo;

Dirigido a um auditório específico;

Manipula símbolos para alterar a avaliação que os receptores fazem da

realidade;

Induz à opção por determinado produto;

Explora o poder da palavra e da imagem;

Propõe jogo de associações semânticas (actua a um nível implícito e

inconsciente).

Discurso politico

Associado ao conceito de propaganda política

o Dirige-se a vários auditórios particulares;

o Sedutor;

o Manipulador e demagógico;

Utiliza estratégias para persuadir o auditório (a cada um) de que

pensa como ele

Maleável

Utiliza vocabulário ambíguo para que cada um o interprete da

forma que mais lhe convém

o Reforça opiniões prévias;

o Forma e é formado pela opinião pública

Tendência da população para partilhar as mesmas

ideias acerca de um problema = voz do povo, vontade

colectiva.

Page 14: matéria 1º período

Filosofia 11º ano – Lógica

Papel do auditório

Determinante – é condicionador do processo argumentativo

Argumentação nunca se faz num campo vazio mas numa espécie de

sintonia/contexto entre orador/auditório (é ele que se quer

cativar/influenciar)

Aspectos em que se faz sentir a sua influência:

1) Na linguagem – têm que partilhar a mesma – natural

Nunca é objectiva

É entendível por todos

2) As proposições a apresentar têm que ser discutíveis (a aceitação

passa pela capacidade crítica do auditório)

3) Técnicas do discurso – pois a argumentação é um processo

dialógico (diálogo do tipo pergunta-resposta não é o ideal se o

auditório for numeroso)

ACORDO

Perelman considera-o como o objectivo a atingir; é importante sobretudo nos casos

em que os meios de prova são insuficientes . Ex: casos em que se debate o valor de

uma decisão, de uma atitude, de um comportamento (justo/injusto;

razoável/honroso, etc)

“ O que o advogado tenta obter com o seu relato é a adesão do juiz, e só pode obtê-la mostrando-lhe

que tal adesão está justificada porque é aprovada pelas instâncias superiores e pela opinião pública.

Para conseguir os seus fins, o advogado não partirá de algumas verdades (os axiomas) até chegar a

outras verdades a demonstrar (os teoremas), mas sim de alguns acordos prévios até obter a adesão”.

Perelman, A Lógica jurídica e a nova retórica

Acordo prévias = proposições não questionadas, aceites pelo auditório antes de se dar início à argumentação e que constituem a base do discurso.

São de diferente natureza, podendo consistir em factos do conhecimento público,

valores comummente aceites, próprias de auditórios específicos.

Pelas técnicas argumentativas procura-se a transferência do acordo desta base de

entendimento para a tese apresentada pelo orador.