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Page 1: MATEMÁTICA SE APRENDE BRINCANDO: BATALHA DAS … · Brasil segundo uma perspectiva mais ampla, que ultrapassa a simples concepção de atendimento especializado, tal como vinha sendo

1. Discente do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE [email protected]

2. Discente do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE [email protected]

3. Discente do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE [email protected]

4. Professor adjunto do Departamento de Educação da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE [email protected]

MATEMÁTICA SE APRENDE BRINCANDO:

BATALHA DAS TABUADAS

UM TRABALHO DE INCLUSÃO.

Irene Cabral 1

Luíza Irene2

Mirtis Montes3 e Ross Nascimento

4

INTRODUÇÃO

O ensino de Matemática hoje deve atender a

necessidade de superação do modelo de educação que

leva o aprendiz a reproduzir o conhecimento,

direcionando-o a reflexão e a criticidade. A prática

pedagógica centrada no paradigma inovador valoriza o

estudante em sua unidualidade (cérebro-espírito), o

qual é capaz, segundo Behrens (2005) [1] de construir

seu conhecimento com autonomia, com criatividade,

com criticidade e espírito investigativo.

Nosso trabalho busca propiciar um agir

pedagógico que ultrapasse as necessidades individuais,

que permita uma iteração significativa entre todo o

grupo de estudantes que compõem uma sala de aula,

por isso construímos uma material didático que possa

ser utilizado tanto com aprendizes com baixa visão,

cegos e com visão normal, afinal, a sala de aula não é

um espaço homogêneo, devemos estar preparados para

lidar com as diferenças, as necessidades e dificuldades

de cada discente, isso de maneira afetuosa e mediada,

tanto por nós (docentes), como pelos próprios colegas

de sala.

Nesse sentido, o uso de jogos matemáticos é uma

ferramenta importante. Em nossa atividade propomos o

jogo “batalha das Tabuadas” confeccionado por nós,

adaptado para facilitar a aprendizagem de crianças com

baixa visão ou/e cegas e favorecer a socialização destas

com as demais crianças. O jogo apresenta os números e

as esferas desenhados e recortados em camurça preta e

colados em papel cartão brando, para evitar que as

crianças com baixa visão fiquem atordoadas com a

mistura de cores. Esta iniciativa se justifica pelo fato de

acreditarmos que os princípios norteadores da

Educação Inclusiva incorporam práticas educacionais

que visam o equilíbrio no 1processo de

ensino/aprendizagem que venha a beneficiar todos os

discentes que compõem uma sala de aula. E segundo o Parâmetro Curricular Nacional (Adaptações

Curriculares: estratégias para a educação de alunos

com necessidades educacionais especiais) [2] a

Educação Especial tem sido atualmente definida no

Brasil segundo uma perspectiva mais ampla, que

ultrapassa a simples concepção de atendimento

especializado, tal como vinha sendo a sua marca nos

últimos tempos.

MATERIAL E MÉTODOS

Pelo fato de nosso trabalho ser resultante da construção e

utilização de um material pedagógico voltado para a

inclusão e interação das crianças cegas ou com baixa visão

com os demais colegas de sala, para alcançarmos nossos

objetivos utilizamos os seguintes materiais: emborrachado

preto, papel cartão branco, papel ou tecido camurça preto.

Obs. O jogo consiste em dois conjuntos de cartelas

confeccionadas com números de 0 a 10 e com leitura em

Braile, o outro conjunto com formas geométricas esféricas,

e cinco cartelas com os símbolos matemáticos,

representando as quantidades numéricas (para a cartela de

número 1 haverá uma cartela com uma esfera, ou seja, para

cada cartela com números haverá uma cartela

correspondente as suas respectivas quantidades). É válido

salientar que tantos os números em tinta (cursivo) como as

esferas serão colados nas cartelas em auto relevo, para que

os aprendizes cegos ou com baixa visão possam sentir e

perceber os números e as esferas através do tato.

Vale salientar que, antes de começar a construir as

cartelas foi necessária a impressão dos números em Braille

e também os sinais de adição, multiplicação, subtração e de

igualdade, isso por que o material final é um conjunto de

cartelas que servirá para se trabalhar as quatro operações

matemáticas básicas e não apenas a multiplicação,

constituindo-se em um material riquíssimo em

possibilidades didáticas.

Atenção, a utilização dos números em Braille e a

confecção das dez cartelas com as esferas representando as

quantidades e também as quatro cartelas com os sinais

matemáticos foi uma adaptação nossa, o jogo tradicional

não contem esses elementos, pois em vez de dois conjuntos

de cartelas diferenciados por números e quantidades há

dois conjuntos de cartelas com os mesmos números, isto é,

duas cartelas com o número 1, 2,3, etc.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A fim de avaliarmos se o nosso material

pedagógico é capaz realmente de proporcionar a

interação e a inclusão da criança especial nas atividades

pedagógicas, utilizamos nos nosso material com duas

crianças cegas, uma em meio aos seus colegas comuns e

a outra sozinha, pois ela é acompanhada pelo CAP

(Centro de Apoio Pedagógico), e não conseguimos

aplicar o jogo batalha das tabuadas, com nenhuma das

duas, pois ambas não conheciam os números e as duas

estão cursando o 3º ano do Ensino Fundamental. Vale

lembrar que a criança acompanhada pelo CAP, criança

visualizada na imagem 1 estuda em uma escola regular e

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1. Discente do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE [email protected]

2. Discente do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE [email protected]

3. Discente do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE [email protected]

4. Professor adjunto do Departamento de Educação da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE [email protected]

está aprendendo o Braile no Centro, inclusive, ela

vem utilizando o soroban (modelo de ábaco que

trabalha as operações matemáticas), veja na imagem

2 Não responsabilidade do CAP trabalhar com

crianças e adultos cegos ou de baixa visão a

aprendizagem com os números e letras em

tinta/cursivas e sim no sistema Braile, ou seja, um

ensino deve complementar o outro. Diante dos fatos,

foi possível entender que é de suma importância que

as professoras brailistas trabalhem em consonância

com a docente comum, pois parece que falta boa

vontade por parte das professoras regulares em

trabalhar com seus aprendizes cegos, uma vez que

não lhe dão atenção (estudante da escola Rochael),

nos pareceu que ele só tem aulas quando a

professora que usa o Braile está presente. Todas as

demais crianças estão alfabetizadas, exceto ela, a

criança que está inserida em uma sala de aula

regular, nem em braile e nem no sistema alfabético

comum. Diferentemente, contatamos que a outra

criança (também no 3º ano) também não conhecia os

números em tinta/cursivo, mas conhecia em Braile e

sabe até efetuar algumas contas simples.

Parece que ela não está tendo apoio na escola

regular, isso porque segundo sua mãe desde o início

do ano letivo não chegou nenhuma brailista para

acompanhá-lo, isso nos revela que embora a criança

cega ou com baixa visão e as demais crianças com

necessidades especiais tenham o direito adquirido

por lei de estudar em uma escola regular, não está

havendo compromisso por parte dos governantes

com a formação de professores brailistas, as escolas

não estão preparadas para receber esse público,

acreditamos que isso se configura em uma falsa

inclusão, um problema que precisa ser urgentemente

mitigado

Através desse trabalho e das leituras feitas por

nós a respeito da inclusão em nosso país, ficou

evidente que a ideia de inclusão é ótima, contudo,

ela necessita amadurecer mais antes de ser colocada

em prática, pois os professores regulares não foram

preparados para desenvolver ações pedagógicas

com o público especial no geral e em especial, com

os cegos e com baixa visão, assim ficando as

crianças dependentes das docentes especializadas, o

que dificulta o aprendizado, pois em sua falta não

há atividades elas, e esse fato também compromete

a interação entre estas e os demais alunos da sala,

uma vez que as atividades pedagógicas para as

crianças cegas e com baixa visão são aplicadas

apenas com elas, sozinhas, isoladas das demais, o

que torna o processo de inclusão em uma mera

demagogia política, a qual nos perece, está

excluindo mais uma vez, isto é exclusão dentro da

inclusão. E no dizer de MARTINS [3] se a

educação é uma influência premeditada,

compreendê-la em sua totalidade e finalidade

demanda situá-la no âmbito das formas políticas e

econômicas pelas quais se reveste historicamente a

organização social (MARTINS: 2010 p. 49, 50), ou

melhor, antes de se ter colocado as crianças com

necessidades especiais, era imprescindível que fosse

feito um trabalho de formação continuada ou outro tipo

de formação em educação especial para que as docentes

pudessem ter a capacidade de trabalhar

pedagogicamente com seus alunos especiais, pois nos

dias que a brailista não vai à escola, os alunos cegos

ficam sem aula, totalmente isolado em sua própria

escuridão.

AGRADECIMENTOS

Ao professor Ross Nascimento por suas

orientações para a construção deste artigo, a direção da

escola que permitiu nossa intervenção e as docentes da área

que atuam juntas na sala de aula na qual utilizamos o

material pedagógico com o aluno especial e também a

Geraldo coordenador do CAP e a Amélia orientadora

pedagógica brailista do CAP.

REFERENCIAS

[1] BEHRENS, Marilda Aparecida. A Formação

Continuada de Professores e a Prática Docente: O

paradigma emergente e a prática pedagógica.

Petropolis: Vozes, 2005.

[2] MARTINS, Lígia Márcia. Implicações Pedagógicas da

Escola de Vigotski: algumas Considerações. Vigotski e a

escola atual: fundamentos teóricos e implicações

pedagógicas/ Sueli Guardelupe de Lima Mendonça, Stela

Miller, organizadoras – 2ª ed., revisada- Araraquara, SP:

Junqueira&Marin; Marília, SP: Cultura Acadêmica, 2010.

[3] BRASIL, Ministério da Educação; Secretaria de

Educação Fundamental; Secretaria de Educação

Especial, 1999.

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1. Discente do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE [email protected]

2. Discente do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE [email protected]

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