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FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA – FESP
BACHARELADO EM DIREITO
MARYANNA PEREIRA DA SILVA
DIREITO DE GREVE
GREVE DOS MILITARES
JOÃO PESSOA
2013
MARYANNA PEREIRA DA SILVA
DIREITO DE GREVE
GREVE DOS MILITARES
Artigo Científico apresentado à Coordenação do Curso de Direito da Faculdade de Ensino Superior
da Paraíba - FESP, como exigência parcial para a
obtenção do grau de Bacharel em Direito.
João Pessoa
2013
S856d Silva, Maryanna Pereira da
Direito de greve: greve dos militares. / Maryanna Pereira da Silva. – João Pessoa, 2013.
11f. Artigo (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino
Superior da Paraíba – FESP.
1. Greve 2. Militares 3. Vedação I. Título.
BC/FESP CDU: 343.46(043)
MARYANNA PEREIRA DA SILVA
DIREITO DE GREVE
GREVE DOS MILITARES
Artigo Científico apresentado à Banca
Examinadora de Artigos Científicos da Faculdade
de Ensino Superior da Paraíba – FESP, como
exigência parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Direito.
Aprovada em: ____/____/____
BANCA EXAMINADORA
_________________________________
Orientador
_________________________________
Membro da Banca Examinadora
_________________________________
Membro da Banca Examinadora
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DIREITO DE GREVE
GREVE DOS MILITARES
MARYANNA PEREIRA DA SILVA *
RESUMO
Este trabalho visa avaliar o motivo da vedação do direito de greve aos militares relacionando
com o direito conferido aos civis, fazendo um paralelo à História da greve no Brasil. Também
tenho intuito de explicar a importância dessa vedação para a manutenção da ordem pública e
defesa dos interesses do Estado, sempre com uma óptica voltada para a Constituição Federal e
normas infraconstitucionais.
Palavras-chave: Greve. Militares. Vedação.
1 INTRODUÇÃO
O objetivo do referido trabalho é tratar da greve de forma abrangente, enfatizando as
greves militares, as quais são consideradas ilegais de acordo com a Constituição Federal.
Analisando os dispositivos constitucionais e infraconstitucionais que conferem esse direito
aos civis e vedam terminantemente aos militares, a partir do exame dos aspectos penais
militares, dando ênfase aos crimes militares de motim, revolta e conspiração.
Como ação prática para atingir os objetivos, será realizado levantamento bibliográfico,
análise de conteúdo de argumentos jurisprudenciais, que permitem que se tome conhecimento
de material relevante, tomando-se por base o que já foi publicado em relação ao tema, de
modo que se possa delinear uma nova abordagem sobre o mesmo, chegando a conclusões que
possam servir de embasamento para pesquisas futuras.
* Graduando em Direito pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP. E-mail:
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O método de abordagem que será utilizado é o dedutivo e o histórico já que o tema é
pouco abordado na área jurídica, além de controverso, sendo necessário analisar e interpretar
as teorias e conceitos existentes. Pretende-se abordar o tema baseado nas legislações
pertinentes ao assunto, bem como, tratar do surgimento da greve no Brasil e a conseqüência
desse movimento para o País.
2 GREVE
2.1 A ORIGEM DA GREVE
A palavra greve origina-se do francês grève. A princípio as greves não eram
regulamentadas, eram resolvidas quando vencia a parte mais forte. As consequências eram a
seguinte: se os operários perdessem voltavam ao trabalho nas mesmas condições, porque eles
temiam o desemprego, ou os empresários atendiam as reivindicações da classe para evitar
maiores prejuízos, já que o trabalho ficava totalmente paralisado.
A greve é uma paralisação temporária de uma determinada categoria com objetivo de
defender ou conquistar interesses coletivos. No Brasil, o primeiro grande movimento grevista
ocorreu em julho de 1917 em São Paulo, e ficou conhecido como Greve Geral. Esta
mobilização operária foi uma das mais abrangentes e longas da história do Brasil paralisou
completamente a capital paulista. O movimento mostrou como os Sindicatos e Federações
podiam lutar e defender seus direitos de forma descentralizada e livre. O movimento de
iniciativa do operariado foi conduzido por líderes trabalhistas que eram adeptos das ideologias
anarquistas e socialistas.
2.2 DIREITO DE GREVE
A primeira norma que tratou da greve foi o Código Penal, Decreto nº847/1890, que
tipificou a greve e seus atos como ilícitos criminais. Entretanto, com o Decreto nº 1.162
apenas a greve exercida com violência seria punida.
A Constituição Federal de 1988 no seu artigo 9° assegura o direito de greve,
competindo aos trabalhadores decidir sobre a necessidade de exercer esse direito e quais os
interesses que devem pleitear.
Nos direitos fundamentais, encontram-se presentes os conceitos de sindicalização e de
greve. Considerando as péssimas condições de trabalho expostas, a partir do século XIX, na
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Revolução Industrial européia, era necessário que surgissem demandas e movimentos para
buscar melhores condições de trabalho e a implantação de normas de assistência social.
Segundo Mendes e Branco (2011, p. 156):
O princípio da igualdade de fato ganha realce nessa segunda geração dos direitos fundamentais, a ser atendido por direitos a prestação e pelo
reconhecimento de liberdades sociais - como as de sindicalização e o direito
de greve. Os direitos de segunda geração são chamados direitos sociais, não porque sejam direitos de coletividades, mas por se ligarem a reivindicação
de justiça social - na maior parte dos casos, esses direitos têm por titulares
indivíduos singularizados1.
A lei Federal n° 7.783/89 é a lei que regulamenta o direito de greve. O artigo 6º desta
lei expressa que os empregadores não podem em hipóteses alguma constranger o empregado
para que ele volte ao trabalho ou impedir a divulgação do movimento. O servidor público
mesmo não efetivado no serviço público, ou seja, em estágio probatório tem assegurados
todos direitos previstos aos demais servidores. Não há, assim, qualquer restrição ao exercício
do seu direito constitucional à greve.
No entanto a greve é um direito conquistado, regulamentado e necessário aos
trabalhadores cabendo apenas a eles decidirem quando e porque usarão como instrumento de
força a seu favor na conquista de seus direitos.
1.3 OBJETIVOS DA GREVE
Os trabalhadores têm a liberdade para estabelecer quais os objetivos que desejam
alcançar e quais os interesses que pretendem defender com a greve, bem como quando e onde
pretendem exercitá-los, sujeitando-se, porém, aos riscos dessa decisão, pois, além de direitos
assegurados, a decisão pela greve envolve, também, toda uma gama de deveres.
Mas mesmo a greve visando certo resultado concreto, em geral de natureza financeiro-
profissional, isto é, interesses típicos dos contratos de trabalho, conforme o disposto na
Constituição de 1988, não são, em princípio, inválidos movimentos grevistas que defendam
interesses que não sejam rigorosamente contratuais, como greves de solidariedade e greves
políticas, porém devem ter relação trabalhista-profissional.
1 Possui graduação em Direito pela Universidade de Brasília (1982), mestrado em Direitos Humanos - University
of Essex (1990) e doutorado em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília (2008).
Atualmente é professor da Escola Superior do Ministério Público do Df e Territórios.
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2.4 GREVES EM ATIVIDADES ESSENCIAIS
A lei nº 7.783/89 define, no seu artigo 10, algumas atividades e serviços considerados
essenciais:
Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais:
I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;
II - assistência médica e hospitalar;
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
IV - funerários; V - transporte coletivo;
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;
VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e
materiais nucleares;
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo;
XI compensação bancária.
Esses serviços essenciais não podem sofre paralisação total, para atender as
necessidades da coletividade. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os
empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a
greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade.
1.5 Tipos de Greve
Dependendo da tática, intenção ou alcance do movimento, a greve tem uma
classificação específica. Por isso, é comum associar aos movimentos grevistas termos que o
qualifiquem. Os termos mais comuns são os seguintes:
Estado de greve: sinal para uma provável paralisação;
Greve geral: Paralisação de uma ou mais classes de trabalhadores, de plano nacional;
Greve de braços cruzados: suspensão de atividades, com o grevista presente no lugar de
trabalho, literalmente de braços cruzados, sem efetivamente trabalhar;
Greve de fome: Para chamar atenção do seu superior ou da sociedade, o grevista para de
se alimentar.
Greve branca: Simples paralisação de atividades, sem represálias;
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Greve selvagem: Os trabalhadores dão origem ou continuam a greve sem o consentimento
ou aprovação do sindicato que representa a classe;
Quando pensamos em greve lembramos apenas dos trabalhadores, os estudantes
também fazem greves para chamar atenção do ministério da educação para melhoria na
qualidade da educação.
2 DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS
O artigo 37, inciso VII da Constituição Federal assegurou o exercício do direito de
greve pelos servidores públicos civis, o qual deveria ser regulamentado sob a forma de lei
complementar.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (BRASIL, 2013).
Com a Emenda Constitucional nº 19/1998, a exigência passou a ser a edição de lei
ordinária. Mesmo após as alterações sugeridas pela emenda constitucional o exercício do
direito de greve dos servidores públicos não foi regulamentado.
A omissão legislativa não pode violar o amplo exercício desse direito fundamental, no
entanto, essa deficiência deve ser suprida pela Lei 7.783/89, até que sobrevenha a lei
específica a que se refere o art. 37, inciso VII. A aplicação da Lei 7.783/89 não macula o
princípio da continuidade do serviço público.
Referente ao julgamento do Supremo Tribunal Federal, no de mandado de injunção
(MI 20-4, de 19/5/1994), em que prevaleceu o entendimento de que o direito de greve dos
servidores públicos, por ser norma de eficácia limitada, depende de concretização legislativa,
Sarlet2 (2001) aduziu que:
2 Ingo Wolfgang SarletDoutor em Direito pela Ludwig Maximillians Universität München (1997). É
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Direito - Mestrado e Doutorado da PUCRS (desde
09.12.2006). Professor Titular da Faculdade de Direito e dos Programas de Mestrado e Doutorado em Direito e
em Ciências Criminais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Coordenador do
GEDF (Grupo de Estudos e Pesquisas em Direitos Fundamentais - CNPq).
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[...] Em se tratando de direito fundamental de defesa [direito, liberdades e
garantias], uma atuação do legislador poderá até ser importante, mas sua
ausência – mesmo diante de remissão expressa por parte do Constituinte – não constitui forçosamente um obstáculo para a aplicação direta da norma.
Por derradeiro, em que pese certa contenção por parte do Supremo Tribunal Federal no
que tange ao reconhecimento das amplas possibilidades que decorrem do princípio da
aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais – mesmo onde não se vislumbram
obstáculos de maior relevância, podemos concluir que em se tratando de direitos
fundamentais de defesa a presunção em favor da aplicabilidade imediata e a máxima da maior
eficácia possível devem prevalecer, não apenas autorizando, mas impondo aos juízes e
tribunais que apliquem as respectivas normas aos casos concretos, viabilizando, de tal sorte, o
pleno exercício destes direitos (inclusive como direitos subjetivos), outorgando-lhes, portanto,
sua plenitude eficacial e, consequentemente, sua efetividade”.
Contudo, a maioria dos doutrinadores posiciona-se no sentido de a norma insculpida
no art. 37, inc. VII da CF/88 ter eficácia limitada. Em abono a tal posicionamento o STF, a
quem cabe a interpretação da Constituição, manifestou-se em sede do julgamento do MI 20 -
DF da seguinte forma:
EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO - DIREITO DE
GREVE DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL - EVOLUÇÃO DESSE
DIREITO NO CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO - MODELOS NORMATIVOS NO DIREITO COMPARADO - PRERROGATIVA
JURÍDICA ASSEGURADA PELA CONSTITUIÇÃO (ART. 37, VII) -
IMPOSSIBILIDADE DE SEU EXERCÍCIO ANTES DA EDIÇÃO DE LEI
COMPLEMENTAR - OMISSÃO LEGISLATIVA - HIPÓTESE DE SUA CONFIGURAÇÃO - RECONHECIMENTO DO ESTADO DE MORA DO
CONGRESSO NACIONAL - IMPETRAÇÃO POR ENTIDADE DE
CLASSE - ADMISSIBILIDADE - WRIT CONCEDIDO. DIREITO DE GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO: O preceito constitucional que
reconheceu o direito de greve ao servidor público civil constitui norma de
eficácia meramente limitada, desprovida, em conseqüência, de auto-aplicabilidade, razão pela qual, para atuar plenamente, depende da edição da
lei complementar exigida pelo próprio texto da Constituição. A mera outorga
constitucional do direito de greve ao servidor público civil não basta - ante a
ausência de auto- aplicabilidade da norma constante do art. 37, VII, da Constituição - para justificar o seu imediato exercício. O exercício do direito
público subjetivo de greve outorgado aos servidores civis só se revelará
possível depois da edição da lei complementar reclamada pela Carta Política. A lei complementar referida - que vai definir os termos e os limites
do exercício do direito de greve no serviço público - constitui requisito de
aplicabilidade e de operatividade da norma inscrita no art. 37, VII, do texto constitucional. Essa situação de lacuna técnica, precisamente por inviabilizar
o exercício do direito de greve, justifica a utilização e o deferimento do
mandado de injunção. A inércia estatal configura-se, objetivamente, quando
o excessivo e irrazoável retardamento na efetivação da prestação legislativa -
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não obstante a ausência, na Constituição, de prazo pré-fixado para a edição
da necessária norma regulamentadora - vem a comprometer e a nulificar a
situação subjetiva de vantagem criada pelo texto constitucional em favor dos seus beneficiários. MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO: A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de admitir
a utilização, pelos organismos sindicais e pelas entidades de classe, do
mandado de injunção coletivo, com a finalidade de viabilizar, em favor dos membros ou associados dessas instituições, o exercício de direitos
assegurados pela Constituição. Precedentes e doutrina.(BRASIL, 2013).
3 VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL
A Constituição Federal difere os servidores públicos civis dos militares e estabelece
normas específicas para cada um deles, atribuindo o direito à greve aos civis, e vedando o
exercício aos militares.
O inciso IV, do §3º, do art. 142 da Constituição Federal, diz que "ao militar são
proibidas a sindicalização e a greve". Portanto entendemos que por expressa determinação da
Constituição o militar é proibido se sindicalizar e exercer o seu direito de greve. Os servidores
públicos tem direito à greve, mas, esse direito não é válido para serviços públicos realizado
por grupo armado, como os policiais civis e militares. Conjuntamente com outras polícias a
polícia militar se responsabiliza pela preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, contudo, homens ou instituições armadas se não estiverem
submetidos à disciplina, passam de fonte de segurança a certeza de total insegurança e
perturbação da ordem pública.
JURISPRUDÊNCIA DO STF SOBRE DIREITO DE GREVE DOS MILITARES
"Os servidores públicos são, seguramente, titulares do direito de greve.
Essa é a regra. Ocorre, contudo, que entre os serviços públicos há alguns
que a coesão social impõe sejam prestados plenamente, em sua
totalidade. Atividades das quais dependam a manutenção da ordem
pública e a segurança pública, a administração da Justiça – onde as
carreiras de Estado, cujos membros exercem atividades indelegáveis,
inclusive as de exação tributária – e a saúde pública não estão inseridos
no elenco dos servidores alcançados por esse direito. Serviços públicos
desenvolvidos por grupos armados: as atividades desenvolvidas pela
polícia civil são análogas, para esse efeito, às dos militares, em relação
aos quais a Constituição expressamente proíbe a greve (art. 142, § 3º,
IV)." (Rcl 6.568, Rel. Min.Eros Grau, julgamento em 21-5-2009,
Plenário, DJE de 25-9-2009.)(BRASIL, 2013).
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4 CRIMES MILITARES DE MOTIM, REVOLTA E CONSPIRAÇÃO
A greve dos militares além de inconstitucional é crime militar. O título II do Código
Penal Militar cuida dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar. O artigo 149 do CPM
prevê o crime de motim:
Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados:
I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la; II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou
praticando violência;
III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou
violência, em comum, contra superior; IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar,
ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou
viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a
ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um têrço para os cabeças.
Contudo, se um militar age contra uma ordem superior, se recusar a cumpri-la ou
aceitar seu descumprimento, ele estará fazendo motim, é o que ocorre no caso de greve.
Importante frisar que ninguém é obrigado a acatar uma ordem ilegal (exemplo se for uma
ordem para matar alguém). Logo só haverá motim se o descumprimento da ordem for ilegal.
O artigo 149 do CPM também tipifica o crime de revolta:
Parágrafo único. Se os agentes estavam armados:
Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um têrço para os
cabeças. Organização de grupo para a prática de violência.
Se os militares desobedecem à ordem superior, por exemplo, e estiverem armados (não
é preciso sequer a efetiva utilização das armas basta que as tenham ao seu dispor), o crime
deixa de ser motim para ser revolta, ou seja, é uma forma qualificada de motim. Motim e
revolta são crimes de ação pública incondicionada.
O crime de Conspiração está relacionado ao motim, que ocorre quando os militares
decidem entre si a realização de motim. A pena para a conspiração é de até 5 anos. Na
conspiração não é necessário chegar a se amotinarem, basta terem planejado fazer isso.
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5 CONCLUSÃO
O direito de greve é um direito fundamental, e está previsto no art. 9º da Constituição
Federal e vem assim descrito:
Art. 9º
É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele
defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
(BRASIL, 2013).
No entanto o direito de greve dos servidores públicos está previsto no inciso VII, do
art. 37 da Constituição, que estabelece a necessidade de lei específica, a qual não foi criada.
Essa omissão legislativa, causou uma laguna na lei. A tal deficiência deve ser suprida pela Lei
7.783/89, até que sobrevenha a lei específica.
A greve é um direito conferido aos civis e vedado pela constituição aos militares, já
que são responsáveis pela preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, contudo, homens armadas podem ser fonte de insegurança para a sociedade.
Aquele militar que se submeter à greve (já que está desobedecendo a seu superior), no
entanto, responderá por crime de motim, conspiração ou revolta. É necessário que os Poderes
Executivo e Legislativo admitam que os militares sejam profissionais de carreira que expõem
a vida para proteger e resguardar a sociedade, e o que recebem é um salário indigno apenas o
suficiente para o sustento básico de sua família e para uma moradia carente muitas vezes na
mesma comunidade que os próprios bandidos os quais durante sua jornada de trabalho são
seus inimigos. A legalidade a esse direito causaria sim uma preocupação, portanto é preciso
que as reivindicações dessa classe sejam atendidas, para até mesmo um melhor desempenho
daqueles que tem uma função fundamental para a ordem social.
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RIGHT TO STRIKE
MILITARY STRIKE
ABSTRACT
This study aims to evaluate the reason for the sealing of the right to strike to the military
relating to the rights given to civilians, drawing a parallel to the strike in the history of Brazil.
I also aim to explain the importance of this fence for the maintenance of public order and the
interests of the state, always with a perspective toward the Constitution and infra-
constitutional norms.
Keywords: Greve. Military. Seal.
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