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MARTA VIEIRA ABRÃO MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RISCOS EMPRESARIAIS: posicionamento corporativo e relacionamento com o desempenho financeiro nas empresas líderes em sustentabilidade no mercado brasileiro. Orientador: Prof. Celso Funcia Lemme D.Sc. em Administração de Empresas RIO DE JANEIRO Agosto 2011 Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de PósGraduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração

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MARTA VIEIRA ABRÃO              MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RISCOS EMPRESARIAIS: posicionamento corporativo e 

relacionamento com o desempenho financeiro nas empresas líderes em sustentabilidade no mercado brasileiro. 

            

    

    

   

   

Orientador: Prof. Celso Funcia Lemme  D.Sc. em Administração de Empresas  

      

  

RIO DE JANEIRO 

Agosto 2011 

   

Dissertação  de  mestrado  apresentada  ao Programa de Pós‐Graduação em Administração, Instituto  COPPEAD  de  Administração, Universidade  Federal  do  Rio  de  Janeiro,  como parte dos  requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração 

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MARTA VIEIRA ABRÃO         MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RISCOS EMPRESARIAIS: posicionamento corporativo e 

relacionamento com o desempenho financeiro nas empresas líderes em sustentabilidade no mercado brasileiro. 

                 Aprovada por:    _______________________________________________ Prof. Dr. Celso Funcia Lemme, DSc. – Orientador (COPPEAD/UFRJ)   _______________________________________________ Prof. Dr. Peter Herman May  (CPDA/UFRRJ)   _______________________________________________ Prof. Dr. Roberto Schaeffer  (PPE‐COPPE/UFRJ)  

 

 

 

 

RIO DE JANEIRO 

Agosto 2011 

   

Dissertação  de  mestrado  apresentada  ao Programa de Pós‐Graduação em Administração, Instituto  COPPEAD  de  Administração, Universidade  Federal  do  Rio  de  Janeiro,  como parte dos  requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração 

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Abrão, Marta Vieira .   MUDANÇAS  CLIMÁTICAS  E  RISCOS  EMPRESARIAIS:  posicionamento corporativo e relacionamento com o desempenho financeiro nas empresas líderes em sustentabilidade no mercado brasileiro./ Marta Vieira Abrão. – Rio de Janeiro, 2011.    100 f: il .   Dissertação  (Mestrado em Administração) – Universidade  Federal do Rio de Janeiro ‐ UFRJ, Instituto de Pós‐Graduação em Administração – COPPEAD, 2011 .   Orientador: Celso Funcia Lemme    1. Sustentabilidade Corporativa. 2. Riscos Empresariais. 3. Mudanças Climáticas. 4. Desempenho Financeiro e Valor da Empresa. 5. Informações Corporativas ‐  Teses. I. Lemme, Celso Funcia (Orient.). 

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                                         Para Maria Izabel, Afonso, Raquel e Gabriel. 

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AGRADECIMENTOS  

Agradeço a Deus por estar aqui e poder contribuir na geração de conhecimento acadêmico. 

Agradeço  também à minha mãe, Maria  Izabel Vieira Abrão, por  ter confiança 

nas minhas escolhas, pelo suporte emocional e pelo apoio incondicional. Mãe você é a 

minha rocha. Muito obrigada por tudo.  

Ao meu pai, Afonso Maria Abrão, pelas  longas  conversas e debates  sobre os 

mais  diferentes  temas.  Cada  assunto,  o  mais  diverso  que  fosse,  contribuiu  para 

construir minha capacidade crítica e analítica que são parte da minha pessoa e do meu 

trabalho.  

À minha  irmã, Raquel Vieira Abrão Rezende, por me mostrar que  tudo o que 

fazemos reflete um pouco do que nós somos. Espero que esta pesquisa me torne uma 

pessoa um pouco melhor. 

Ao  meu  namorado,  Gabriel  Costa  Queiroz,  pelo  carinho  que  sempre  me 

oferece,  pelo  apoio  e  presença  em  todos  os  momentos  e,  principalmente,  pelo 

respeito que tem por mim e pelo meu trabalho. 

Ao meu  orientador,  Celso  Funcia  Lemme,  pela  seriedade  com  que  trabalha, 

pelas  diretrizes  que me  deu,  pela  competência  no  que  faz  e,  principalmente,  pelo 

grande homem que é. 

Aos meus  amigos,  novos  e  antigos,  que  sempre me  ajudaram  a  escapar  da 

tensão e da pressão do estudo com um pouco de diversão. 

   

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“A ideia revolucionária que define a fronteira entre os tempos modernos e o 

passado é o controle do risco: a noção de que o futuro é mais do que um impulso dos 

deuses e que homens e mulheres não são passivos diante da natureza.” 

Peter L. Bernstein  

(Against the Gods: The remarkable story of Risk, p. 1) 

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RESUMO 

Abrao,  Marta  Vieira.  MUDANÇAS  CLIMÁTICAS  E  RISCOS  EMPRESARIAIS:  posicionamento corporativo  e  relacionamento  com  o  desempenho  financeiro  nas  empresas  líderes  em sustentabilidade  no  mercado  brasileiro.  Orientador:  Celso  Funcia  Lemme.  Rio  de  Janeiro: COPPEAD/UFRJ; 2011. Dissertação (Mestrado em Administração). 

 

  As  mudanças  climáticas  afetam  a  sociedade  e  o  mercado  brasileiros.  No  âmbito 

corporativo,  há  um  grande  número  de  relatórios  e  publicações  de  sustentabilidade. O  teor 

dessas  informações,  assim  como  o  seu  relacionamento  com  o  desempenho  financeiro  e  a 

geração de  valor para  a  empresa  são questões que merecem  a  atenção dos  seus  gestores, 

analistas  financeiros  e  investidores.  Esta  pesquisa mapeia  os  principais  riscos  empresariais 

associados às mudanças  climáticas percebidos por empresas  líderes em  sustentabilidade no 

Brasil. Além disso, ao analisar o posicionamento que elas declaram tomar diante desses riscos, 

este estudo verifica se as informações publicadas por elas são capazes de orientar decisões de 

investimento e criação de valor para a empresa. Os resultados do estudo revelam que, apesar 

de  perceberem  riscos  relacionados  às mudanças  climáticas  no mercado,  as  empresas  não 

conseguem  relacionar  seu  desempenho  socioambiental  com  o  desempenho  financeiro 

corporativo em suas publicações. Cabe estabelecer uma diretriz para as publicações, a fim de 

que  as  empresas  alinhem  o  conteúdo  publicado  às  expectativas  de  investidores  e  analistas 

financeiros. 

Palavras‐chave:  Sustentabilidade  Corporativa;  Riscos  Empresariais;  Mudanças  Climáticas; Desempenho Financeiro e Valor da Empresa; Informações Corporativas. 

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ABSTRACT 

Abrao, Marta Vieira. CLIMATE CHANGES AND CORPORATE RISKS: corporate positioning and its connection  with  the  financial  performance  of  the  sustainability  leader  companies  of  the Brazilian  market.  Orientador:  Celso  Funcia  Lemme.  Rio  de  Janeiro:  COPPEAD/UFRJ;  2011. Dissertação (Mestrado em Administração). 

 

  Climate changes affect  the Brazilian  society and  its market.  In  the corporate  sphere, 

there  is a great number of  reports and publications on  sustainability. The contents of  these 

publications,  as  well  as  their  connection  with  the  company’s  financial  performance  and 

corporate  value  creation,  are  issues  that  must  be  often  analyzed  by  managers,  financial 

analysts and investors. This research finds and lists the main corporate risks related to climate 

changes  perceived  by  the  sustainability  leader  companies  in  Brazil.  It  also  verifies  if  the 

information they publish are able to orient investment decisions and corporate value creation. 

The  results  show  that,  even  though  the  companies  realize  the  existence  of  corporate  risks 

related  to  climate  changes,  they  don’t  succeed  on  connecting  their  environmental  and 

financial performances. It  is necessary to establish guidelines to corporate publishing, so that 

the companies can align their contents to the investors and financial analysts’ expectations.  

Keywords: Corporate Sustainability; Corporate Risks; Climate Changes; Financial Performance and Corporate Value; Corporate Information. 

 

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LISTA DE FIGURAS  

Figura 1 Estudos que relacionam DSA e DFC .............................................................................. 29 

Figura 2 Função de valor hipotética ............................................................................................ 32 

Figura 3 Sustentabilidade corporativa segundo a abordagem TBL ............................................. 34 

Figura 4 Etapas da pesquisa ........................................................................................................ 43 

Figura 5 Quantidade de fatores de risco dividida pelo número de empresas do setor .............. 61 

Figura 6 Frequência absoluta consolidada por empresa ............................................................ 62 

Figura 7 Variação de frequência absoluta dos fatores de risco intra‐setor ................................ 63 

Figura 8 Distribuição das informações por nível no total das empresas .................................... 66 

Figura 9 Quantidade de informações de nível 4 por empresa .................................................... 68 

Figura 10 Distribuição das informações nível 4 por setor ........................................................... 69 

Figura 11 Comparação: frequência absoluta X nº informações nível 4 ...................................... 70 

Figura 12 Frequência de informações de nível 1 ........................................................................ 71 

 

 

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LISTA DE TABELAS  Tabela 1 Tipologia para o relacionamento entre DSA e DFC ...................................................... 32 

Tabela 2 Empresas por setor da amostra .................................................................................... 42 

Tabela 3 Empresas por setor do CDP .......................................................................................... 44 

Tabela 4 Empresas por setor da avaliação das medidas ............................................................. 46 

Tabela 5 Valores máximos da MVR por classe por empresa ...................................................... 51 

Tabela 6 Classes de risco com suas respectivas quantidades de fatores .................................... 54 

Tabela 7 Total de citações dos fatores por classe ....................................................................... 55 

Tabela 8 Resultado das frequências absoluta e relativa das empresas por classe de risco ....... 56 

Tabela 9 Frequência absoluta de empresas nas classes de risco por setor da economia .......... 56 

Tabela 10 Frequência relativa de empresas nas classes de risco por setor da economia .......... 58 

Tabela 11 Mapa padrão de riscos genéricos ............................................................................... 60 

Tabela 12 Soma das notas de nível das informações por classes e por setor da economia ....... 64 

Tabela 13 Notas relativas de nível da informação por classe por setor da economia ................ 65 

Tabela 14 Quantidade de informações de cada nível por setor ................................................. 67 

Tabela 15 Fatores que obtiveram nota 4 por classe ................................................................... 69 

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS  

ABRAPP  Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar  

ANBIMA  Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais  

APIMEC  Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais  

BM&FBovespa   Bolsa de Valores Mercadorias e Futuros de São Paulo  BSC  Balanced Scorecard  CALPERS  California Public Employees’ Retirement System  CCRIF  Seguro de Risco Compartilhado para Catástrofes no Caribe  CDP  Carbon Disclosure Project  Ceres‐ACCA  Coalização do Grupo Ceres e da Association of Chartered 

Certified Accountants  CFC  Clorofluorcarbono  CVM  Comissão de Valores Mobiliários  DFC  Desempenho Financeiro Corporativo  DJSI  Dow Jones Sustainability World Index  DSA  Desempenho Socioambiental  FGV  Fundação Getúlio Vargas  GEEs  Gases do Efeito‐Estufa  GRI   Global Reporting Initiative  IBGC  Instituto Brasileiro de Governança Corporativa  ID  Identificação  IFC  International Finance Corporation IPCC  International Pannel for Climate Changes  ISE  Índice de Sustentabilidade Empresarial  MBR  Matriz Binária de Riscos  MMA  Ministério do Meio Ambiente  MVR  Matriz de Valor de Riscos  OECD  Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento  ONU   Organizações das Nações Unidas  P&D  Pesquisa e Desenvolvimento  SAM  Sustainable Asset Management  SRI  Socially Responsible Investment Stern Review  Stern Review on the Economics of Climate Change  TBL  Triple Bottom Line  UNEP  United Nations Environment Programme  VPL   Valor Presente Líquido  

 

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SUMÁRIO  1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13 

1.1 O PROBLEMA ......................................................................................................................... 13 

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ...................................................................................................... 15 

1.3 RELEVÂNCIA .......................................................................................................................... 16 

1.4 DELIMITAÇÃO ........................................................................................................................ 17 

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................. 18 

2.1 INFORMAÇÃO E VALOR DA EMPRESA ................................................................................... 18 

2.2 GESTÃO DE RISCOS E CRIAÇÃO DE VALOR ............................................................................ 19 

2.3 SUSTENTABILIDADE E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: RISCOS E OPORTUNIDADES ..................... 21 

2.3.1 Riscos físicos ...................................................................................................................... 23 

2.3.2 Riscos regulatórios ............................................................................................................ 24 

2.3.3 Riscos comportamentais e de investimento .................................................................... 25 

2.4 RELACIONAMENTO ENTRE DESEMPENHO FINANCEIRO E O SOCIOAMBIENTAL .................. 27 

2.4.1 A hipótese do impacto social e a hipótese do trade‐off .................................................. 30 

2.4.2 A hipótese da disponibilidade de recursos e o oportunismo .......................................... 30 

2.4.3 A hipótese da relação sinergética ..................................................................................... 31 

2.4.4 Consolidação das hipóteses de relacionamento .............................................................. 31 

2.4.5 Quantificação de práticas qualitativas de sustentabilidade ............................................ 34 

2.5 INICIATIVAS PARA IDENTIFICAÇÃO DE LIDERANÇA EM SUSTENTABILIDADE ........................ 37 

2.5.1 Carbon Disclosure Project (CDP) ....................................................................................... 37 

2.5.2 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) ................................................................... 38 

2.5.3 Dow Jones Sustainability World Index (DJSI) ................................................................... 39 

2.5.4 Guia Exame de Sustentabilidade ...................................................................................... 40 

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................................... 41 

3.1 UNIVERSO E AMOSTRA ......................................................................................................... 41 

3.2 FONTES E PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS ........................................................ 42 

3.2.1 Mapeamento dos riscos de mudanças climáticas ............................................................ 43 

3.2.2 Análise dos impactos financeiros dos riscos mapeados .................................................. 45 

3.2.2.1 Frequência dos riscos mapeados .................................................................................... 47 

3.2.2.2 Relacionamento dos riscos mapeados com a geração de valor para a empresa ........... 48 

3.3 PROCEDIMENTOS PARA TRATAMENTO DE DADOS .............................................................. 49 

3.3.1 Identificação da frequência dos riscos mapeados ........................................................... 49 

3.3.2 Grau de associação da informação com a geração de valor para as empresas .............. 50 

3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ESCOLHIDO ................................................................................. 52 

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4 RESULTADOS .................................................................................................................... 54 

4.1 MAPEAMENTO DOS RISCOS ASSOCIADOS ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS .............................. 54 

4.2 FREQUÊNCIA DOS RISCOS MAPEADOS ................................................................................. 55 

4.3 RELACIONAMENTO DAS INFORMAÇÕES PUBLICADAS COM GERAÇÃO DE VALOR .............. 64 

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 72 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 78 

APÊNDICE 1 EMPRESAS DA AMOSTRA EM ORDEM ALFABÉTICA POR SETOR ........................ 83 

APÊNDICE 2 EMPRESAS DA AMOSTRA DO CDP EM ORDEM ALFABÉTICA POR SETOR ........... 84 

APÊNDICE 3 EMPRESAS DA AMOSTRA FINAL EM ORDEM ALFABÉTICA POR SETOR .............. 85 

APÊNDICE 4 FATORES DE RISCO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS MAPEADOS NO CDP .............. 86 

APÊNDICE 5 MATRIZ BINÁRIA DE RISCOS (MBR) .................................................................. 87 

APÊNDICE 6 MATRIZ DE VALOR DE RISCOS (MVR) ................................................................ 94 

  

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1 INTRODUÇÃO 

1.1 O PROBLEMA 

As ações antrópicas geram mudanças climáticas em função da emissão de gases 

do efeito‐estufa  (GEEs), principalmente pela queima de  combustíveis  fósseis, uso da 

terra e da agricultura (IPCC, 2007)1. A emissão de GEEs aumenta desde os tempos pré‐

industriais, sendo que teve um crescimento de cerca de 70% entre os anos de 1970 e 

2004(IPCC, 2007)2. 

 Atualmente, estes efeitos estão se intensificando e ganhando relevância social, 

econômica  e  política. As  possíveis  consequências  para  a  população  em  geral  fazem 

com que a mídia, as corporações e os governos criem espaços para debater o tema: as 

mudanças  climáticas,  suas  causas  e  os  impactos  que  podem  decorrer  de  seu 

agravamento (MARENGO, 2006). 

Embora o tema ocupe um grande espaço na mídia nacional e internacional, as 

informações  transmitidas  ao  público  são,  em  geral,  concisas  e  imprecisas.  Isto 

prejudica o discernimento da população – principalmente dos tomadores de decisão – 

com  relação  à  situação  presente  e  aos  efeitos  que  poderão  gerar  no  futuro 

(MARENGO,  2006).  Ao mesmo  tempo,  apesar  de  superficial,  a  divulgação  do  tema 

evidencia a crescente conscientização dos governos e  indivíduos quanto às mudanças 

climáticas e questiona os modelos de gestão de empresas que não  inserem variáveis 

climáticas em seus processos decisórios.  

Diante  desta  afirmativa,  julga‐se  relevante,  para  fins  introdutórios,  buscar 

informações não‐acadêmicas, fontes provenientes da mídia empresarial e corrente, a 

fim de tentar contextualizar o ambiente em que os analistas financeiros, investidores e 

gestores  das  empresas  obtêm  uma  grande  parte  das  informações  que  utilizam  no 

momento da tomada de decisão. 

                                                            1Esta declaração está nas contribuições do grupo I integrante do Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, painel criado pelas Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial em 1988. 

2Esta declaração está nas contribuições do grupo III integrante do Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. 

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14 

 

Não  é  possível  ter  certeza  de  quais  serão  as  consequências  das mudanças 

climáticas,  entretanto,  sabe‐se  o  suficiente  para  entender  que  a mitigação  de  seus 

riscos deve ser vista como um  investimento  (STERN, 2006). É necessário examinar as 

evidências dos impactos econômicos das mudanças climáticas em si e compreender as 

implicações de se emitir GEEs na atmosfera. 

A  partir  da  realização  de  cenários  de mudanças  climáticas  de  longo  prazo3, 

projetam‐se perdas de renda na América Latina que podem variar de 12%, em caso de 

mudanças  leves,  a mais  de  50%,  em  um  contexto mais  severo  (OLIVEIRA,  2010).  É 

importante, portanto, criar políticas e ações que promovam sinais positivos e superem 

as  falhas de mercado,  tendo o patrimônio e a mitigação dos  riscos provenientes de 

mudanças climáticas como diretrizes. 

Nesse  contexto,  apresentam‐se  os  mecanismos  que  abordam  as 

externalidades4 climáticas geradas pelas organizações, como, por exemplo, o mercado 

de créditos de carbono e as iniciativas propostas pelo protocolo de Kyoto. Assim, uma 

estratégia  de  emissões  de GEEs  torna‐se  imperativa  para  as  empresas  que  visam  a 

influenciar políticas que estão por vir e, também, a reagir às  já  impostas  (HOFFMAN, 

2004). 

As  organizações  já  percebem  vantagens  no  desenvolvimento  de  práticas 

sustentáveis. Uma  evidência  é  o  fato  de  que,  durante  o  apogeu  da  crise  financeira 

mundial de 2008  (subprime), não houve  reduções nem  cortes em ações voltadas ao 

meio ambiente e à sustentabilidade (ÁVILA, 2010). Pode‐se inferir, portanto, que há no 

mercado a percepção da existência de riscos na não‐adoção de práticas sustentáveis. 

Ressaltam‐se, assim, as possíveis abordagens diante das preocupações com os 

riscos  provenientes  das  atividades  geradoras  de  GEEs:  as  empresas  podem  buscar 

seguros contra os impactos gerados, ou podem assumir esses riscos e optar pelo auto‐

seguro. No último caso, elas podem mudar práticas em sua operação a fim de tentar 

reduzir sua exposição, ou podem manter suas atividades inalteradas e assumir o risco, 

arcando com os prejuízos caso ocorram. 

                                                            3 Previsões estimadas para o ano de 2.100. 4 As externalidades são atividades que envolvem a  imposição  involuntária de custos ou de benefícios, isto é, que têm efeitos positivos ou negativos sobre terceiros sem que estes tenham oportunidade de impedi‐los e sem que tenham a obrigação de pagá‐los ou o direito de ser indenizados (STIGLER, 1975). 

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15 

 

Em março de 2010, o Banco Mundial apoiou a  implementação do  Seguro de 

Risco  Compartilhado  para  Catástrofes  no  Caribe  (CCRIF).  Este  seguro  permite  aos 

países participantes acesso  imediato a dinheiro no caso da ocorrência de um furacão 

ou de um terremoto (OLIVEIRA, 2010). Atualmente, diante das catástrofes naturais que 

ocorreram no Brasil nos anos de 2009, 2010 e 2011, discute‐se a criação de um fundo 

nacional  semelhante ao  caribenho  (SOUZA, 2011). Entretanto, esta é uma discussão 

embrionária e recente que ainda não pode ser considerada uma realidade brasileira. 

Segundo  dados  de  dezembro  de  2009,  o  número  de  apólices  de  seguros 

ambientais no Brasil era de aproximadamente 20. Juntas elas movimentam cerca de 20 

milhões de reais por ano, número pequeno em relação ao mercado total de seguros no 

país  –  96  bilhões  de  reais  (PEDROZO,  2009).  Apesar  do  grande  potencial  de 

crescimento desse tipo de negócio e de o mercado acreditar numa expansão de 30% 

dessa modalidade  de  seguro  para  2010/2011  (PEDROZO,  2009),  percebe‐se  que  as 

empresas, atualmente, assumem os riscos ambientais e praticam o auto‐seguro. 

Uma  pesquisa  realizada  pela  empresa  Economist  Intelligence  Unit  (apud 

PEDROZO, 2009) avaliou 320 empresas na Ásia, Europa, Austrália e Estados Unidos no 

ano de 2008. O  resultado mostrou que cerca de um  terço delas  trata da questão do 

risco ambiental quando planeja uma expansão geográfica. Além disso, mais de 40% das 

companhias afirmaram que consideram o tema quando desenvolvem novos produtos 

e serviços (PEDROZO, 2009).  

Portanto,  percebe‐se  que  a  preocupação  com  as  externalidades  ambientais 

geradas  pelas  empresas  é  uma  realidade  no mundo.  Ao mesmo  tempo,  evidências 

apontam que, no Brasil, as empresas optam pelo auto‐seguro e que buscam melhorar 

suas práticas a fim de minimizar sua exposição aos riscos provenientes das atividades 

geradoras de GEEs. Torna‐se, então, relevante estudar como as empresas quantificam 

esses riscos e quais abordagens tomam diante dos resultados obtidos. 

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA 

O objetivo desta pesquisa é mapear os principais riscos associados às mudanças 

climáticas  percebidos  pelo  mercado  brasileiro.  Além  disso,  ao  analisar  o 

posicionamento  que  as  empresas  declaram  tomar  diante  desses  riscos,  objetiva 

verificar  se  as  informações publicadas por  elas  são  capazes de orientar decisões de 

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investimento e criação de valor para a empresa, associando o desempenho ambiental 

com o desempenho financeiro corporativo. 

Com  isso,  a  pesquisa  visa  a  atingir  dois  públicos‐alvos:  os  gestores  das 

empresas,  pela  identificação  dos  riscos  e  impactos  nos  modelos  de  gestão,  e  os 

investidores,  através  da  observação  de  como  esses  riscos  são  confrontados  e 

publicados, a fim de saber se essas atitudes são capazes de agregar valor à empresa. 

A  fim  de  alcançar  os  objetivos  principais  desta  pesquisa,  são  abordadas  as 

seguintes perguntas, relativas ao objetivo central da dissertação: 

Quais  são  os  principais  riscos  empresariais  associados  às  mudanças 

climáticas percebidos no mercado brasileiro? 

As  empresas  medem  os  impactos  financeiros  desses  riscos  em  seu 

valor?  Se  sim,  essas medições  realmente  relatam  adequadamente  os 

possíveis impactos financeiros que podem afetar as empresas? 

1.3 RELEVÂNCIA 

A  presente  pesquisa  trata  de  alguns  temas  que  tocam  tanto  a  comunidade 

acadêmica quanto a corporativa.  Inicialmente, aborda a sustentabilidade corporativa, 

mais  especificamente,  a  preocupação  com  a  emissão  de  gases  do  efeito‐estufa  na 

atmosfera. O aumento da temperatura global pode afetar desde elementos básicos da 

vida  das  pessoas  até  a  renda  da  população  em  nível  mundial.  Estes  impactos  se 

refletem no acesso à água, na produção de alimentos, na saúde e no ambiente (STERN, 

2006).  Cabe  às  organizações  se  preocupar  com  o  desempenho  sustentável  de  suas 

atividades. 

Esta pesquisa  também  aborda o  valor  econômico das  empresas  e o  impacto 

que as informações publicadas têm sobre ele. As informações disponíveis no mercado 

são  utilizadas  por  gestores  e  investidores  com  fim  de  orientação  para  decisões  de 

alocação  de  recursos.  Neste  contexto,  cabe  avaliar  se  as  publicações  de 

sustentabilidade  divulgadas  pelas  empresas  podem  ser  relacionadas  com  o  seu 

desempenho  financeiro,  contribuindo  para  melhores  decisões  e  gerando  valor  e, 

última instância. 

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A  pesquisa  examina,  em  seguida,  o  relacionamento  entre  o  desempenho 

financeiro corporativo  (DFC) e o desempenho  socioambiental  (DSA). As organizações 

investem em sustentabilidade, logo, é importante entender como esses investimentos 

estão  relacionados com o  resultado da empresa como um  todo, a  fim de manter as 

finanças  corporativas  atrativas  a  investidores  em  geral,  além  de  evitar  gastos 

filantrópicos supérfluos. 

O  trabalho  também  trata  de  riscos.  São  raras  as  decisões  que  podem  ser 

tomadas livres de incertezas, por isso a análise de riscos é uma atividade constante nos 

mais diversos segmentos econômicos. É necessário, assim, entender quais são os riscos 

climáticos  percebidos  pelas  empresas  no  Brasil,  como  elas  os  enfrentam  e  se  as 

informações por elas publicadas são relevantes diante das necessidades analíticas dos 

tomadores de decisão. 

Em  resumo,  este  trabalho  é  relevante  porque  se  propõe  a  avaliar  as 

informações  sobre  os  impactos  dos  riscos  empresarias  associados  às  mudanças 

climáticas  no  desempenho  das  organizações  brasileiras,  assim  como  revelar  o 

posicionamento das empresas diante desses riscos. 

1.4 DELIMITAÇÃO 

O presente  trabalho avalia apenas empresas atuantes no  território brasileiro. 

Além disso, são estudados dados e relatórios de sustentabilidade referentes aos anos 

de 2008, 2009 e 2010, dando preferência sempre ao mais recentemente divulgado. 

Caso os relatórios analisados apontem para outros relatórios, estes últimos são 

avaliados. Caso contrário, a pesquisa será restrita aos documentos e sites indicados na 

metodologia de pesquisa. 

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 

2.1 INFORMAÇÃO E VALOR DA EMPRESA 

A definição de valor da empresa é uma questão presente na rotina dos agentes 

econômicos, seja na condição de comprador, de vendedor ou, ainda, de avaliador de 

uma empresa ou de um  investimento (MARTINS, 2010). Deste modo, a busca por um 

modelo capaz de determinar, com alguma segurança, o valor de um empreendimento 

é uma necessidade dos investidores no Brasil e no mundo. 

De acordo com Damodaran  (1997), o  investidor não deve pagar por um ativo 

mais do que ele  realmente vale. Apesar de esta afirmação parecer  intuitiva, o autor 

afirma  que  ela  é  frequentemente  esquecida  e  redescoberta  pelas  mais  diversas 

gerações e mercados. Portanto, é importante saber determinar com alguma certeza o 

valor de uma empresa ou de um investimento.  

Os  métodos  de  valoração  de  empresas  e  investimentos  são  baseados  na 

capacidade  que  eles  possuem  de  gerar  valor  para  o  investidor.  Para  este  fim,  as 

avaliações dessas oportunidades utilizam, em sua maioria, métodos de fluxo de caixa 

descontados  a  valor  presente. O  Valor  Presente  Líquido  (VPL)  é  a  ferramenta mais 

utilizada  pelas  grandes  empresas  na  análise  de  investimentos  (COPELAND  & 

ANTIKAROV,  2001).  Então,  uma  empresa  é  capaz  de  criar  valor,  não  apenas 

conseguindo  lucros maiores, mas  também  eliminando  riscos  e  sendo mais  eficiente 

(ASSAF NETO, 1999). 

Percebe‐se, então, que é necessário buscar informações para o cálculo do valor 

de uma empresa. Relatórios financeiros, anúncios de investimentos, publicações sobre 

tecnologias  disruptivas,  declarações  sobre  reduções  ou  aumento  de  custos,  entre 

outros,  são  exemplos  de  informações  que  influenciam  diretamente  o  valor  de  uma 

firma (COPELAND, 1994). 

Um  dos  pilares  da Moderna  Teoria  de  Finanças,  a Hipótese  da  Eficiência  de 

Mercado  afirma  que  a  cotação  da  ação  de  uma  determinada  empresa  na  bolsa  de 

valores  reflete as  informações disponíveis a  respeito dessa organização no mercado. 

Dessa forma, novas informações afetarão seu peço, seja de maneira mais rápida ou de 

maneira mais lenta (SALLES, 1991). A rapidez e precisão com que essa reflexão ocorre, 

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19 

 

determina a forma da eficiência do mercado. A classificação de eficiência mais utilizada 

prevê três formas de eficiência: fraca, semi‐forte e forte (FAMA, 1970). 

Portanto, é fato que,  independentemente da forma de eficiência do mercado, 

as informações públicas afetam o valor das empresas. Muitas dessas informações são 

auto‐declaradas, logo, cabe refletir sobre o conteúdo que as empresas fornecem para 

o mercado  sobre  seu  desempenho  e  a  eficiência  com  a  qual  este  conteúdo  pode 

impactar no valor da empresa. 

2.2 GESTÃO DE RISCOS E CRIAÇÃO DE VALOR 

O  valor  de  mercado  de  uma  corporação  está  relacionado  à  qualidade  das 

decisões  de  investimento,  financiamento,  giro,  margem,  volume  de  atividade, 

produtividade, entre outros (BACIC, DA SILVEIRA & FERREIRA DE SOUZA , 2010). Estes 

aspectos, por sua vez, são envolvidos e  influenciados por diversos tipos de riscos que 

podem ser financeiros, estratégicos ou operacionais.  

Segundo  Bacic, Da  Silveira  e  Ferreira  de  Souza  (2010,  p.  50),  de  uma  forma 

generalizada,  risco pode  ser definido como “uma medida de dispersão dos possíveis 

resultados que a firma pode obter em relação ao retorno médio esperado, associados 

a uma distribuição de probabilidade”. 

Diante  dessa  afirmação,  confere‐se  ao  risco  tanto  um  caráter  negativo,  que 

tradicionalmente  é  associado  a  este  conceito,  como  um  aspecto  de  oportunidade, 

referente  a  exposições  positivas  que  podem  levar  a  inovações  e  a  maiores 

rentabilidades.  As  ações  corporativas  devem,  portanto,  ser  pautadas  com  vistas  à 

otimização  da  relação  retorno‐risco,  sendo  fundamental  uma  gestão  que  trate  de 

maneira adequada os elementos propulsores de risco (DAMODARAN, 2009).  

De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC (2007), 

os riscos são classificados de duas formas: quanto às origens dos elementos que levam 

ao ambiente de incerteza e quanto à sua natureza. 

Na perspectiva que analisa as origens das  incertezas, os  fatores geradores de 

risco  são  separados  em  externos  e  internos  à  firma.  No  primeiro  grupo,  são 

considerados  os  eventos  econômicos,  políticos,  sociais,  setoriais  e  até  mesmo 

climáticos, que  impactam o quadro  competitivo,  institucional/legal, organizacional  e 

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tecnológico que a corporação se encontra. A característica básica destes elementos é o 

fato de a empresa não ter capacidade de alterá‐los, somente de administrá‐los.  

O segundo grupo é o risco  interno à  firma, também conhecido como risco do 

negócio. Ele advém de práticas que ocorrem dentro da corporação no  intuito de criar 

vantagens  competitivas  frente  aos  concorrentes  e  elevar  o  seu  valor  de  mercado 

(IBGC, 2007). Este grupo engloba desde ações na área de  compras até a política de 

vendas da empresa, permeando questões  sobre  tecnologia, marketing, alavancagem 

operacional, gestão de custos e de qualidade, dentre outros. O grau de importância de 

cada  um  desses  fatores  depende  das  características  da  empresa  e  de  seu  setor  de 

atuação. 

Já  na  perspectiva  que  avalia  a  natureza  dos  riscos,  é  possível  separá‐los  em 

estratégico, operacional e financeiro (IBGC, 2007). O primeiro, segundo Carlton (1999), 

surge de um possível desalinhamento entre o planejamento estratégico da empresa e 

de seu resultado efetivo, advindo, por exemplo, de inovações tecnológicas inesperadas 

introduzidas no mercado.  

O risco operacional, por sua vez, tem base em  falhas humanas, problemas de 

sistemas, gerenciamento e até mesmo da ocorrência de eventos externos que podem 

impactar a produção, as vendas e o ativo da corporação (IBGC, 2007). Por fim, o risco 

financeiro  está  associado  à  possibilidade  de  perdas  no mercado  financeiro.  Jorion 

(apud BACIC, DA SILVEIRA & FERREIRA DE SOUZA, 2010) separa o risco financeiro em 

cinco elementos:  

risco do mercado: é proveniente das oscilações nos preços dos ativos 

com os quais a empresa trabalha, seja uma commodity, taxa de câmbio 

ou taxa de juros (ou  ambas);  

risco de crédito: é associado à possibilidade da contraparte  (cliente ou 

fornecedor) não honrar o contrato estabelecido; 

risco  de  liquidez:  é  associado  tanto  à  falta  de  liquidez  do  ativo  no 

mercado,  que  leva  ao  estabelecimento  de  preços  diferentes  daqueles 

considerados de mercado, quanto aos problemas de caixa da empresa 

que acarretam falta de pagamento à contraparte; 

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risco  legal: é proveniente de ações não amparadas pela  lei nacional ou 

por  acordos  internacionais.  Também  pode  ser  chamado  de  risco 

regulatório; 

risco  operacional:  é  proveniente  de  falhas  humanas  ou  de  sistemas, 

conforme já descrito. 

Logo,  já que o risco é um  fator  inerente à empresa, sua correta  identificação, 

mensuração5,  tratamento e monitoramento das ações mitigadoras são  fundamentais 

para  a  geração  de  valor  para  a  firma  (BACIC,  DA  SILVEIRA &  FERREIRA  DE  SOUZA, 

2010). Entretanto, a realização dessas atividades não é trivial: os fatores de risco não 

são  facilmente  identificáveis  e  muitas  vezes  são  interdependentes,  influenciando 

simultaneamente diferentes  áreas da organização. Consequentemente,  a decisão de 

gerenciar, ignorar ou explorar os riscos é bastante complexa (CARLTON, 1999). 

A fim de elucidar a complexidade supracitada, ressalta‐se um dilema decisório 

no tratamento dos riscos em uma empresa. Ao mesmo tempo em que a administração 

de  todos  os  tipos  de  risco  não  é  um  investimento  atrativo  –  pois  leva  a  uma 

rentabilidade  muito  próxima  daquela  de  um  ativo  livre  de  risco  –  a  exposição 

inadequada  a  alguns  eventos  pode  levar  ao  fim  da  atividade  de  uma  empresa 

(DAMODARAN, 2009; OKOROH GOMBERA & ALANI, 2002). 

Diversas  mudanças  nos  mercados  financeiros  têm  propiciado  diversos 

instrumentos e estratégias de  gestão do  capital e do  risco para  as  corporações não 

financeiras  no  sentido  de  incorporar  valor  (CARLTON,  1999).  Alternativamente,  a 

administração  financeira  pode  ignorar  tal  risco  ou  adotar  comportamento  ativo, 

explorando  os  movimentos  de  mercado  mediante  transações  especulativas  ou 

modificando suas práticas operacionais e de investimento. A opção pelo auto‐seguro é 

mais recorrente no mercado brasileiro, conforme já citado nesta pesquisa. 

2.3 SUSTENTABILIDADE E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: RISCOS E OPORTUNIDADES 

Saltzman,  Steger  e  Ionescu‐Somers  (2005,  p.  2)  definem  sustentabilidade 

corporativa:  uma  “resposta  corporativa  voltada  ao  lucro  para  questões  sociais  e 

ambientais  que  são  causadas  pelas  atividades  primárias  e  secundárias  das 

                                                            5 A correta mensuração dos riscos deve avaliar os possíveis impactos nos fluxos de caixa, com a inclusão da parte intangível da corporação (BACIC, DA SILVEIRA & FERREIRA DE SOUZA, 2010). 

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22 

 

organizações”.  O  Dow  Jones  Sustainability  Index  (DJSI,  2009)  também  a  define: 

“abordagem  de  negócios  que  cria  valor  aos  acionistas  no  longo  prazo,  através  de 

aproveitamento  de  oportunidades  e  do  gerenciamento  de  riscos  que  derivam  de 

aspectos econômicos, sociais e ambientais”. Então, verifica‐se que a sustentabilidade 

corporativa se manifesta por iniciativas sociais e ambientais de empresas que visam à 

exploração de oportunidades e à minimização dos  riscos a partir da mitigação ou da 

adaptação dos processos da empresa para a solução dessas questões. 

Poucas questões  ambientais podem  ser  consideradas uma  ameaça  financeira 

tão generalizada a investidores como as mudanças climáticas. As respostas de políticas 

internacionais  direcionadas  à  redução  das  emissões,  assim  como  aos  demais  riscos 

ambientais conhecidos, exigem que os administradores financeiros se preocupem em 

avaliar como seus  investimentos podem ser afetados pelos riscos e oportunidades de 

carbono (INNOVEST, 2007). 

O aumento da temperatura global pode, comprovadamente, gerar  impactos e 

custos  econômicos  significativos  (STERN,  2006).  Um  estudo  realizado  pelo  Tesouro 

Britânico,  o  Stern  Review  on  the  Economics  of  Climate  Change  (2006),  utilizou 

diferentes  técnicas  para  analisar  custos  e  riscos macroeconômicos  decorrentes  das 

mudanças  climáticas.  Os  resultados  da  pesquisa  levam  a  uma  conclusão  clara:  os 

custos de uma ação de mitigação  rigorosa e antecipada  são  sobremaneira  inferiores 

aos custos econômicos da falta de ação. 

Diante  do  cenário  apresentado  pelo  relatório,  ressaltam‐se  movimentos 

internacionais  no  sentido  da mitigação  das  externalidades  ambientais  geradas  pela 

atividade  corporativa.  Questões  como  protocolo  de  Kyoto,  comércio  de  emissões, 

agenda  21,  governança  corporativa,  investimentos  comunitários  e  microfinanças 

(microcrédito)  ganharam  um  espaço  significativo  nas  discussões  de  governos  e 

investidores em todo o mundo (RENNEBOOG, 2008). 

No  contexto  brasileiro,  o  estudo  Economia  do  Clima,  inspirado  no  relatório 

Stern e realizado por um conjunto de renomadas  instituições de pesquisa do país em 

2010 concluiu que o impacto da mudança do clima, o PIB do país pode ser reduzido de 

0,5%  a  2,3%,  em  relação  a  cenários  estabelecidos  para  o  Brasil,  baseados  naqueles 

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criados pelo IPCC6. Antecipados para valor presente com uma taxa de desconto de 1% 

ao  ano,  estas  perdas  podem  ficar  entre  R$  719  bilhões  e  R$  3,6  trilhões,  o  que 

equivaleria a pelo menos um ano inteiro de crescimento nos próximos 40 anos. 

Segundo  o mesmo  estudo,  haveria  uma  perda média  anual  para  o  cidadão 

brasileiro  em  2050  entre  R$  534  (ou  US$  291)  e  R$  1.603  (ou  US$  874).  O  valor 

presente  em  2008  das  reduções  no  consumo  dos  brasileiros  acumuladas  até  2050 

ficaria entre R$ 6.000 e R$ 18.000, representando de 60% a 180% do consumo anual 

per capita atual. 

É,  portanto,  essencial  ressaltar  que,  para  o  investidor,  o  importante não  é  a 

ocorrência da mudança climática em  si, mas  sim os possíveis  riscos e oportunidades 

decorrentes delas (KERSCHNER & GERAGHTY, 2007). Por  isso, o conhecimento desses 

riscos  e  oportunidades  possui  grande  valia.  Na  busca  por  este  conhecimento, 

Kerschner e Geraghty  (2007)  separam e  classificam os  fatores de  risco  climático em 

três grupos distintos:  

1. riscos físicos; 

2. riscos regulatórios; e 

3. riscos comportamentais e de investimento. 

2.3.1 Riscos físicos 

Segundo  o  relatório  de  mudanças  climáticas  elaborado  por  Kerschner  e 

Geraghty para o Citigroup  (2007), os riscos  físicos são relacionados às consequências 

físicas das mudanças climáticas, ou seja, à  temperatura, à precipitação e aos ventos. 

Apesar de essas mudanças se tornarem mais aparentes no longo prazo, muitas delas já 

podem  ser  observadas  atualmente:  invernos  e  verões  mais  quentes  nos  Estados 

Unidos,  secas  na  Austrália  e  na  Espanha  e  um  aumento  da  frequência  de  furacões 

intensos no Golfo do México. 

As  consequências dos  impactos  físicos podem  afetar diretamente o mercado 

local.  Invernos e verões mais quentes nos Estados Unidos podem  levar a um declínio 

na  demanda  líquida  por  gás  natural  no  país. O  aumento  da  frequência  de  furacões 

                                                            6 Cenários gerados para a economia brasileira simulados sem mudança do clima e com mudança do clima segundo cenário climático A2 e B2 do IPCC, respectivamente. 

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intensos no Golfo do México pode gerar uma  redução da cobertura a clientes nessa 

área  pelas  companhias  de  seguros  e  resseguros,  beneficiando  negócios  fora  dessa 

região.  Já  as  condições  de  seca  na  Espanha  e  na  Austrália  podem  aumentar 

significativamente o preço dos produtos agrícolas da região (KERSCHNER & GERAGHTY, 

2007).  

No  Brasil,  o  estudo  Economia  do  Clima  (2010)  indica  que  as  regiões  mais 

vulneráveis à mudança do clima no Brasil seriam a Amazônia e o Nordeste. Sendo que 

na  Amazônia,  o  aquecimento  pode  chegar  a  7‐8°C  em  2100,  acarretando  em  uma 

alteração  radical  da  floresta  amazônica:  a  redução  de  cerca  de  40%  da  cobertura 

florestal e a consequente “savanização” da região. No Nordeste brasileiro, por sua vez, 

as chuvas tenderiam a diminuir 2‐2,5 mm/dia até 2100, causando perdas agrícolas em 

todos  os  estados  da  região.  O  déficit  hídrico  reduziria  em  25%  a  capacidade  de 

pastoreio de bovinos de corte, favorecendo assim um retrocesso à pecuária de baixo 

rendimento. 

O mesmo estudo de 2010 aponta, ainda, que o declínio de precipitação afetaria 

a vazão de rios em importantes bacias para a geração de energia do Nordeste, como a 

do Parnaíba e a do Atlântico Leste, podendo reduzir as vazões em até 90% entre 2070 

e 2100.  Isto ocasionaria perdas expressivas para  a  agricultura em  todos os estados, 

com exceção dos mais  frios no  Sul‐Sudeste, que passariam  a  ter  temperaturas mais 

amenas. 

2.3.2 Riscos regulatórios 

Os  riscos  regulatórios  estão  relacionados  à  legislação  e  à  regulação  imposta 

pelos  governos  dos  países  e  pela  comunidade  internacional.  Atualmente,  há  uma 

tendência  à  regulação  de  emissões  de  gases  do  efeito‐estufa,  que  variam  desde 

convenções  internacionais patrocinadas pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) 

até  legislações  específicas  nos  países.  Empresas,  principalmente  as  com  operações 

internacionais,  estão  sujeitas  aos  mais  variados  padrões  e  regulamentações  de 

emissão em seus mercados (KERSCHNER & GERAGHTY, 2007). 

De acordo com Kerschner e Geraghty (2007), algumas implicações decorrentes 

desses  riscos  regulatórios  podem  afetar  as  empresas.  Os  setores  de  energia, 

transporte  e  automobilístico  são  mais  comprometidos,  devido  ao  fato  de  essas 

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atividades serem eminentemente geradoras de GEEs. Entre as  iniciativas regulatórias 

encontram‐se  uso  obrigatório  de  fontes  de  energia  renováveis  e  de  combustíveis 

alternativos. 

Um  exemplo  desse  impacto  ocorre  quanto  litigadores  e  legisladores  são 

impelidos a criar regulações rígidas para atividades que notadamente sejam emissoras 

de  GEEs,  como  o  protocolo  de  Montreal,  referente  aos  poluentes  que  afetam  a 

camada de ozônio (UNEP, 1990). Multas e punições a organizações que não sigam as 

premissas  de  respeito  ambiental  podem  levar  a  grandes  prejuízos,  assim  como 

benefícios  decorrentes  de  subsídios  doados  aos  ambientalmente  amigáveis  podem 

gerar uma vantagem competitiva para as organizações.  

O  estudo  Economia  do  Clima  (2010)  mostra  alguns  impactos  das  ações 

regulatórias no curto prazo no Brasil. O estudo mostra que o impacto de uma taxação 

do  carbono  entre US$  30  e US$  50  por  tonelada  de  carbono  reduziria  as  emissões 

nacionais entre 1,16% e 1,87% e resultaria em uma queda no PIB entre 0,13% e 0,08%. 

Ao mesmo tempo, o estudo toma como referência o Plano Nacional de Energia 2030 e 

aponta que o potencial estimado de redução de emissões pode alcançar 1,8 bilhão de 

toneladas  de  CO2  acumuladas  no  período  2010‐2030.  O  estudo mostra  que  ao  se 

descontar este fluxo a uma taxa de 8% ao ano, o custo estimado é negativo, ou seja, há 

um benefício de US$ 34 bilhões em 2030, equivalentes a US$ 13 por tonelada de CO2. 

2.3.3 Riscos comportamentais e de investimento 

Os  riscos comportamentais são de mais difícil mensuração e suas  implicações 

são  menos  previsíveis.  Eles  tratam  de  uma  alteração  no  comportamento  de 

determinado stakeholder devido a uma percepção da existência de riscos causadores 

de  impactos prejudiciais ao clima. Essas percepções, ou mesmo especulações, podem 

prejudicar ou  impulsionar os negócios da empresa, dependendo de sua natureza. Os 

principais  grupos  de  interesse  capazes  de  afetar  o  resultado  da  empresa  a  serem 

considerados  como  fatores  de  risco  comportamental  são  os  consumidores,  os 

litigantes, os investidores e mesmo as próprias corporações (KERSCHNER & GERAGHTY, 

2007). 

Consumidores  podem  mudar  seu  comportamento  de  compra  diante  da 

percepção de um impacto ambiental positivo ou negativo. O abandono do consumo de 

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um  determinado  produto  devido  à  maior  conscientização  ambiental  –  como,  por 

exemplo, o caso de aerosóis e clorofluorcarbonos (CFCs) no final do século XX – pode 

causar grandes prejuízos aos  fabricantes desses produtos  (KERSCHNER & GERAGHTY, 

2007). Ao mesmo tempo, a adesão ao consumo de alimentos e materiais com selo de 

garantia de ecoeficiência é capaz de impulsionar empresas que adotam essas práticas. 

Os  investidores,  por  outro  lado,  podem  ter  reações  diversas  diante  da 

percepção de  riscos de  impactos  sobre o clima. Estas  reações podem variar desde a 

exigência por  transparência das empresas  investidas, até a opção por  investimentos 

apenas em fundos que sejam socialmente e ambientalmente responsáveis (MCKINSEY, 

2009).  Alguns  dos maiores  fundos  de  pensão  do mundo  e  também  do  Brasil,  por 

exemplo, têm interesse crescente em investimentos socialmente responsáveis (SRI): é 

o caso do California Public Employees’ Retirement System (CALPERS), o maior fundo de 

pensão do mundo, e o da PREVI, um grande fundo nacional (MATTAROZZI & TRUNKL, 

2008). 

As  corporações,  por  fim,  sofrem  pressões  provenientes  dos  demais 

participantes do mercado e devem  lidar  com essas novas demandas, mudando  seus 

padrões de operação (KERSCHNER & GERAGHTY, 2007). 

Portanto,  ratifica‐se  que  a  questão  de  investimentos  diante  das  mudanças 

climáticas  no  cenário  atual  não  se  restringe  à  ocorrência  ou  não  do  aquecimento 

global, mas  também  às  reações  de  uma  grande  variedade  de  entidades  (governos, 

corporações,  investidores e clientes) às ameaças percebidas nas mudanças climáticas 

que geram riscos e oportunidades de curto e longo prazo. 

Há indícios de que um desempenho ambiental superior pode, de fato, melhorar 

os  níveis  de  risco,  a  lucratividade  e  a  performance  das  ações  de  companhias 

(INNOVEST,  2007),  sendo  as mudanças  climáticas,  talvez,  o  principal  fator  de  risco 

ambiental da atualidade. É possível elencar pelo menos quatro motivos para que os 

riscos  associados  às mudanças  climáticas  sejam  parte  integrante  da  avaliação  dos 

investidores no momento da decisão de suas aplicações (INNOVEST, 2007): 

há evidências crescentes de que a performance  superior na gestão de 

riscos  ambientais  é  correlacionada  a  um  desempenho  financeiro 

superior e à maior criação de valor para o acionista; 

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as variações no “desempenho de carbono” entre empresas do mesmo 

setor  não  são  claras  nem  bem  compreendidas  pelos  analistas 

financeiros  e  acionistas.  Como  resultado,  os  riscos  associados  às 

emissões de carbono e o seu potencial de valor permanecem ocultos; 

no  longo  prazo,  o  potencial  de  perdas  se  tornará  ainda  mais 

significativo, dado que os mercados de capitais se sensibilizam com as 

consequências  financeiras  e  ambientais  das  questões  associadas  às 

mudanças climáticas; e 

há fortes evidências da existência de aumentos significativos no nível de 

preocupação e de intervenção do investidor corporativo com relação às 

questões de mudanças climáticas em suas empresas investidas. 

Esta última tendência pode ser mais bem exemplificada pela formação de três 

diferentes grupos de  investidores  institucionais: o Carbon Disclosure Project  (CDP), o 

Investor Network on Climate Risk e o Institutional Investors Group on Climante Change. 

Esses grupos possuem ativos de mais de 50 trilhões de dólares e agregam mais de 300 

investidores institucionais (INNOVEST, 2007). 

No  Brasil,  de  acordo  com  o  relatório  publicado  pela McKinsey  &  Company 

(2009),  as  principais  atividades  emissoras  de  GEEs  são  o  desflorestamento  e  a 

agricultura. Contudo, a pecuária, construção civil, geração de energia, enfim, todos os 

setores  da  economia,  podem  contribuir  na  redução  dos  impactos  e  dos  riscos 

decorrentes de suas atividades. 

2.4 RELACIONAMENTO ENTRE DESEMPENHO FINANCEIRO E O SOCIOAMBIENTAL 

De acordo com a perspectiva econômica neoclássica, os gastos corporativos em 

causas sociais são uma violação da responsabilidade da gerência com os  investidores, 

dado que esses gastos não geram riqueza aos acionistas (FRIEDMAN, 1962). Esta visão, 

porém, é contestada por diversos autores. 

Um grupo de autores acredita que a responsabilidade da gerência se estende 

além  da  perspectiva  neoclássica  e  inclui  causas  que  beneficiam  diversos  grupos  de 

interesse  no  longo  prazo.  Lins  e  Wajnberg  (2007)  afirmam  que  sustentabilidade 

corporativa não necessariamente significa maiores custos, processos mais burocráticos 

e menores  retornos  financeiros. Não obstante, a sustentabilidade é calcada em uma 

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visão de negócios onde desempenho  socioambiental é positivamente correlacionado 

ao  desempenho  econômico‐financeiro.  Esta  é  uma  mudança  de  paradigma  que 

prioriza a perenidade e a perpetuidade da organização (LINS & WAJNBERG, 2007).  

A  teoria  dos  stakeholders  corrobora  essa  nova  visão,  integrando‐a  com  a 

neoclássica: o acionista é um dos muitos grupos afetados que devem ser considerados 

pelas  organizações  em  seu  processo  decisório  (RUF  et  al,  2001).  Segundo  a  teoria, 

todos os grupos com  interesses  legítimos na atividade de uma organização afetam o 

seu  resultado,  sendo que não há distinção de prioridade entre eles  (DONALDSON & 

PRESTON, 1995).  

Por  sua  vez,  Jensen  (2010) entende que  a  sociedade e o meio  ambiente  são 

grupos  que  afetam  diretamente  os  resultados  de  uma  empresa,  dessa  forma  eles 

devem  ser  considerados  no momento  da  decisão  sobre  a maximização  do  valor  da 

firma. Conclui‐se, então, que o desempenho socioambiental da organização e deve ser 

considerado na avaliação de seu valor. 

Busca‐se,  assim,  evidenciar  a  relação  entre  o  desempenho  financeiro 

corporativo  (DFC)  e  o  desempenho  socioambiental  (DSA),  para  que  seja  possível 

entender como as ações socioambientais afetam o valor das corporações.  

A existência de uma  relação entre o DFC e o DSA é amplamente debatida na 

comunidade  acadêmica  (ARLOW  &  GANNON,  1982;  COCHRAN  &  WOOD,  1984; 

WADDOCK & GRAVES, 1997; ORLITZKY, 2001). Este debate é relevante, pois, ao mesmo 

tempo em que  algumas  ações  voltadas  à  sustentabilidade  tendem  a gerar  impactos 

negativos no DFC, outras podem gerar consequências positivas  (COCHRAN & WOOD, 

1984). 

Segundo  Saltzman,  Steger e  Ionescu‐Somers  (2005), os  trabalhos  acadêmicos 

que tratam do relacionamento entre o desempenho socioambiental e o desempenho 

financeiro corporativo podem ser classificados em duas categorias principais: estudos 

teóricos e estudos empíricos. 

Os estudos  teóricos buscam gerar modelos explicativos da sequência causal e 

da  direção  do  relacionamento  entre  o  DSA  e  o  DFC.  Estes  estudos  geram,  então, 

diversas hipóteses a serem testadas posteriormente por estudos empíricos. Os estudos 

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empíricos, por sua vez, podem ser instrumentais – testando os teóricos quantitativa ou 

qualitativamente  –,  ou meramente  descritivos  das  práticas  de  sustentabilidade  em 

determinados negócios (WAJNBERG & LEMME, 2009). 

A  figura  1,  a  seguir,  representa  a  linha  de  raciocínio  de  Saltzman,  Steger  e 

Ionescu‐Somers (2005) com relação aos estudos que visam a relacionar o DFC e o DSA. 

Partindo do objetivo principal, que é o  relacionamento entre o DFC e o DSA, até os 

modelos efetivos dos estudos quantitativos. 

Figura 1 Estudos que relacionam DSA e DFC 

 

Fonte adaptado de SALTZMAN, STEGER & IONESCU‐SOMERS (2005) 

 

Os  trabalhos  acadêmicos  publicados  até  hoje  apresentam  conclusões 

divergentes  com  relação  à  causalidade  entre  os  dois  desempenhos  estudados. 

Wajnberg e Lemme  (2009) atribuem algumas causas relacionadas às premissas e aos 

dados  utilizados  nos  trabalhos,  dentre  elas:  divergências  nas  formas  de  medir  o 

desempenho socioambiental; limitações amostrais devido à indisponibilidade de dados 

e o uso de diferentes medidas para análise de desempenho financeiro. 

Outros  fatores,  relacionados  a  metodologias  e  modelos  de  pesquisa,  que 

também  podem  ser  causas  da  discrepância  de  conclusões  são  a  falta  de  testes 

empíricos  sobre  conceitos  e  definições  utilizados;  falta  de  testes  de  significância  e 

controle  sobre  as  interações  entre  as  diversas  variáveis  sendo  utilizadas, 

principalmente  nos  estudos  iniciais;  e  a  dificuldade  de  estabelecer  a  relação  de 

causalidade  entre  o  DFC  e  o  DSA,  ou  seja,  determinar  se  é  o  desempenho 

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socioambiental que determina o desempenho financeiro ou se é o financeiro que gera 

o socioambiental (WAJNBERG & LEMME, 2009). 

Apesar  das  divergências  existentes  nos  resultados  das  pesquisas,  há  certo 

consenso na comunidade científica de que existe algum tipo de relacionamento entre 

o DSA  e  o DFC  (SALEH,  ZULKIFLI & MUHAMAD,  2009). O  arcabouço  teórico  desses 

estudos  é  baseado  em  hipóteses  de  relacionamento.  Vale,  portanto,  entendê‐las, 

assim como as tipologias de relacionamento que elas implicam. 

2.4.1 A hipótese do impacto social e a hipótese do trade‐off 

A hipótese do impacto social baseia‐se na teoria dos stakeholders. Ela defende 

que  a  evolução  favorável  do  desempenho  social  conduz  a  uma melhor  imagem  da 

empresa  favorecendo  o  seu  DFC  (PRESTON  &  O’BANNON,  1997).  A  ausência  de 

resposta  às  expectativas  dos  não‐acionistas  pode  conduzir  a maiores  custos  e/ou  a 

menores  lucros  devido  ao  aumento  dos  riscos  associado  à  empresa  (CORNELL  & 

SHAPIRO, apud MARQUES & TEIXEIRA, 2008). Desta forma, os acionistas são, por fim, 

prejudicados. 

A hipótese do  trade‐off, em contrapartida, propõe um  raciocínio contrário ao 

do  impacto  social,  argumentado que  a melhoria do desempenho  socioambiental da 

empresa pode gerar custos desnecessários para a organização e prejudicar, por fim, o 

DFC  (PRESTON  &  O’BANNON,  1997).  Assim,  a  melhoria  do  desempenho 

socioambiental acarretaria somente destruição de valor para o acionista. 

2.4.2 A hipótese da disponibilidade de recursos e o oportunismo 

A hipótese da disponibilidade de recursos defende que há uma relação positiva 

entre  o  DSA  e  o  DFC.  Porém,  diferentemente  da  hipótese  do  impacto  social,  esta 

hipótese  afirma  que  as  empresas  apenas  estarão  dispostas  a  empreender  políticas 

socialmente  responsáveis quando existirem recursos específicos destinados para  isso 

(MARQUES &  TEIXEIRA, 2008). McGuire  et al.  (apud MARQUES &  TEIXEIRA, 2008) e 

Preston e O’Bannon (1997) testaram esta hipótese e obtiveram evidências estatísticas 

significativas de sua validade. 

Por  sua  vez,  a  hipótese  do  oportunismo  estabelece  que  as  organizações 

utilizam os investimentos sociais como artifício para justificar perdas financeiras. Dessa 

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forma, quando o resultado contábil de uma empresa é favorável, os gestores tendem a 

aumentar os ganhos de curto prazo reduzindo os custos sociais. Inversamente, quando 

o  desempenho  econômico  da  empresa  é  fraco,  os  gestores  tendem  a melhorar  o 

desempenho  social  incorrendo em custos com ações  socialmente  responsáveis. Eles, 

então,  atribuem  os maus  resultados  apenas  aos  investimentos  feitos  nessas  ações 

(MARQUES & TEIXEIRA, 2008). 

2.4.3 A hipótese da relação sinergética 

De acordo com Preston e O’Bannon (1997) e Waddock e Graves (1997), existem 

efeitos  sinergéticos  entre  o  DSA  e  o  DFC.  A  hipótese  da  sinergia  positiva  sugere  a 

existência de um ciclo virtuoso entre as duas variáveis (WADDOCK & GRAVES, 1997): 

um alto DSA pode conduzir a um melhor DFC que, por sua vez, pode levar a um melhor 

DSA.  

Percebe‐se, então, que a hipótese da sinergia positiva é uma combinação das 

hipóteses do impacto social e da disponibilidade de recursos. Já a hipótese da sinergia 

negativa considera que o relacionamento do DFC e do DSA é um ciclo vicioso  inverso 

ao da sinergia positiva. Ela integra, assim, as hipóteses do trade‐off e do oportunismo. 

Esse efeito pode ocorrer nos dois  sentidos, partindo do DSA ou do DFC. Pela 

análise de  regressão e correlação  realizada por Waddock e Graves  (1997), conclui‐se 

que o DSA depende do DFC (disponibilidade de recursos) e que a natureza da relação 

entre as variáveis é positiva. 

Além disso, verifica‐se uma dependência do DFC em relação ao DSA  (impacto 

social),  sugerindo  que  um  bom  desempenho  nas  questões  de  natureza  social  pode 

impulsionar o desempenho financeiro corporativo. 

2.4.4 Consolidação das hipóteses de relacionamento  

A Tabela 1, adaptada do  trabalho de Wajnberg e Lemme  (2009), apresenta o 

alinhamento  das  hipóteses  de  relacionamento  entre  o  DSA  e  o  DFC  anteriormente 

apresentadas,  assim  como  suas  respectivas  perspectivas  de  causalidade.  Com  isso, 

espera‐se consolidar as hipóteses e seus relacionamentos. 

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Tabela 1 Tipologia para o relacionamento entre DSA e DFC 

Sequência causal 

Direção do relacionamento Positivo  Negativo 

DSA ‐‐‐> DF  Impacto social  Trade‐off DF ‐‐‐> DSA  Disponibilidade de recursos Oportunismo DSA <‐‐‐>DF  Sinergia Positiva  Sinergia negativa 

 Fonte adaptado de WAJNBERG & LEMME (2009) 

Van der  Laan, Van  Ees e Van Witteloostuijn  (2008)  afirmam,  sob  a ótica das 

hipóteses  apresentadas, que  a afinidade entre DFC e DSA depende da natureza das 

relações entre os stakeholders e a empresa. Eles justificam, também, a partir da teoria 

dos prospectos de Kahneman e Tversky7, que o  impacto do DSA negativo comparado 

ao positivo é assimétrico,  isto é, espera‐se que a percepção do  impacto de um DSA 

desfavorável no DFC seja mais intensa do que a de um bom DSA no DFC. 

A figura abaixo, retirada do trabalho de Kahneman e Tversky (1979), representa 

graficamente a assimetria do  impacto percebido diante de um desempenho negativo 

ou positivo. Apesar de a figura representar uma função de valor hipotética, é possível 

perceber  que,  para  um  investidor,  a  percepção  de  perda  de  valor  diante  de  um 

prejuízo  é muito mais  intensa  do  que  a  percepção  de  acréscimo  de  valor  ante  um 

ganho de mesma proporção. 

Figura 2 Função de valor hipotética 

 Fonte KAHNEMAN & TVERSKY (1979) 

                                                            7 Kahneman e Tversky (1979) – Prospect Theory: An Analysis of Decision under Risk. 

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33 

 

Embora  ainda  não  seja  possível  descrever  uma  clara  relação  de  causalidade 

entre  o  DSA  e  o  DFC,  há  fortes  evidências  de  que  os  acionistas  e  os  gerentes  das 

organizações,  bem  como  os  analistas  financeiros,  necessitam  incorporar  ambos  em 

suas análises de investimentos.  

Uma expressão dessa incorporação nos critérios de decisão de investimentos é 

o  conceito  do  Triple  Bottom  Line  (TBL),  ou  tripé  da  sustentabilidade  (ELKINGTON, 

1998). Segundo o TBL, a fim de superar os desafios atuais do mercado e gerar valor é 

preciso ter bom desempenho em três esferas: econômica, social e ambiental.  

A esfera econômica trata do lucro da empresa, ou seja, do resultado econômico 

tradicionalmente buscado pelos  investidores e gestores. Este é o pilar  tradicional do 

tripé  e  é  alinhado  com  o  conceito  neoclássico  de  se  buscar  a  saúde  financeira  da 

empresa.  Contudo,  o  TBL  assume  que  o  lucro  isoladamente  não  garante  a 

sustentabilidade do negócio, é necessário considerar os outros dois aspectos do tripé 

(ELKINGTON, 1998). 

A esfera social refere‐se ao tratamento do capital humano de uma empresa ou 

sociedade.  Não  basta  que  a  organização  se  restrinja  a  observar  a  adequação  à 

legislação  trabalhista  e  à  remuneração  justa  do  trabalho,  é  necessário  pensar  em 

outros  aspectos,  tais  como  o  bem‐estar  e  a  saúde  do  trabalhador  e  de  sua  família 

(ELKINGTON,  1998).  Além  disso,  o  autor  afirma  que  é  imprescindível  avaliar  os 

impactos sociais econômicos e culturais que a atividade da firma tem nas comunidades 

e nos arredores. Aqui, devem ser avaliados, também, problemas gerais da sociedade 

como educação, violência e até o lazer. 

Por  fim,  a  esfera  ambiental  se  refere  ao  capital  natural  de  uma  empresa  ou 

sociedade.  Assim  como  nas  outras  esferas,  é  importante  pensar  em  questões  que 

afetem o meio‐ambiente no pequeno, médio e longo prazo. A princípio, toda atividade 

econômica  tem  impacto  ambiental  negativo,  logo  a  empresa  ou  a  sociedade  deve 

pensar em formas de mitigar e compensar essas externalidades (ELKINGTON, 1998). É 

importante ratificar, contudo, que a busca pela sustentabilidade ambiental é vinculada 

ao cumprimento e à adequação da empresa à legislação ambiental vigente no país em 

que atua e a vários princípios discutidos mundialmente, como o Protocolo de Kyoto. 

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Uma  organização,  portanto,  é  sustentável  e  gera  valor  quando  consegue, 

simultaneamente,  alcançar  prosperidade  econômica,  qualidade  ambiental  e  justiça 

social.  A  figura  abaixo  representa  o  conceito  do  TBL  em  suas  três  dimensões, 

apresentando o foco de cada um dos pilares do tripé e ressaltando, por fim, o caminho 

para a sustentabilidade corporativa (ALMEIDA, 2006).  

Figura 3 Sustentabilidade corporativa segundo a abordagem TBL 

 

Fonte ALMEIDA (2006) 

Assim,  a  melhoria  no  desempenho  socioambiental  pode  gerar  ganhos 

financeiros  para  as  empresas  tanto  no  curto  prazo  –  como  a  comercialização  de 

créditos  de  carbono  –,  quanto  de  longo  prazo,  que  contribuem  para  o  sucesso 

contínuo  e  perene  da  organização.  Uma  situação  onde  melhorias  socioambientais 

estão ligadas primariamente a perdas econômicas viola um dos tripés do TBL, e não é 

sustentável (LINS & WAJNBERG, 2007). 

2.4.5 Quantificação de práticas qualitativas de sustentabilidade 

Diversos  autores  propõem  metodologias  para  quantificar  práticas  de 

sustentabilidade. Arx e Ziegler  (2008),  Jacobs et al.  (2008) e Cavalcante et al.  (2009) 

usam o desempenho das ações de empresas na bolsa de  valores para associar  seus 

DSAs e DFCs. Nesta abordagem, Mahler et al.  (2009) verificaram que empresas com 

práticas de sustentabilidade desempenharam acima da média no mercado durante a 

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35 

 

crise subprime8. Há, ainda, a percepção de que fatores como transparência e prestação 

de  contas  geram  valor  e  reforçam  os  laços  com  os  stakeholders  (LINS, MORENO & 

LOMONACO, 2009). 

McWilliams  e  Siegel  (2000),  em  contrapartida,  sugerem  que  um modelo  de 

avaliação  de  desempenho  de  sustentabilidade  que  não  controla  investimentos  em 

Pesquisa  e  Desenvolvimento  (P&D)  gera  resultados  viesados  sobre  a  performance 

corporativa.  De  acordo  com  os  autores,  empresas  que  buscam  desenvolvimento 

sustentável  visam  também  a  uma  estratégia  de  diferenciação,  o  que  envolve 

investimentos complementares em P&D. 

Epstein e Wisner (2001), por sua vez, afirmam que a metodologia do Balanced 

Scorecard  (BSC),  além  de  ser  utilizada  para  exercer  uma  determinada  estratégia 

corporativa,  pode  ser  utilizada  para  implantar  estratégias  de  sustentabilidade, 

associando  seus  objetivos  às  ações  e  aos  desempenhos.  Além  disso,  os  autores 

mencionam  indicadores utilizados por empresas  líderes de mercado que auxiliam no 

processo de  gestão para  a  sustentabilidade,  como por exemplo,  custos  referentes  a 

processos trabalhistas, número de devoluções de produtos, entre outros. 

Já Epstein e Roy  (2003) apresentam um mapa de relacionamento que ajudam 

os gerentes a operacionalizar estratégias corporativas sustentáveis. Eles analisaram 20 

relatórios corporativos públicos a  fim de avaliar as medidas e  sistemas usados pelas 

organizações que relacionam as ações de sustentabilidades ao desempenho financeiro 

de longo prazo. 

Em  sua  análise,  os  autores  dividiram  as  práticas  para  a  sustentabilidade  em 

quatro  tipos:  meio‐ambiente,  saúde  e  segurança  dos  funcionários,  comunidade, 

funcionários.  A  partir  disso,  eles  verificaram  como  estas  práticas  eram  relatadas, 

classificando  cada  uma  delas  em  quatro  níveis  de  associação  com  o  desempenho 

financeiro:  desde  descrições  qualitativas  até  descrições  monetizadas  sobre  os 

benefícios  dos  investimentos.  O  resultado  da  pesquisa  revela  que,  embora  as 

empresas busquem associar iniciativas socioambientais com o desempenho financeiro, 

                                                            8Os autores analisaram a desempenho do Dow  Jones Sustainability  Índex  (DJSI) e do Goldman Sachs SUSTAIN focuslist no período do apogeu da crise financeira do subprime. 

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poucas  empresas  conseguem  construir  um  caso  de  negócios,  ou  seja,  um  business 

case9, claro para a sustentabilidade. 

Cabe ressaltar que, segundo Epstein e Roy (2003), a única forma de integrar os 

aspectos  socioambientais  na  estratégia  empresarial  é  a  partir  da  identificação  da 

justificativa  de  negócios  (business  case)  para  o  desempenho  socioambiental.  Este 

modelo  tem  direcionadores  integrados  de  sustentabilidade  corporativa  e  de 

desempenho  financeiro,  que  são  organizados  em  cinco  grandes  grupos:  estratégia 

corporativa  e  de  unidade  de  negócios,  ações  de  sustentabilidade,  desempenho  de 

sustentabilidade, reação dos stakeholders e desempenho corporativa financeira. 

Em  outra  abordagem,  Knox, Maklan  e  French  (apud WAJNBERG  &  LEMME, 

2009)  analisaram  os  relatórios  de  150  empresas  líderes  do  índice  FTSE4Good, 

avaliando, com escalas de 5 pontos, 6 hipóteses geradas por estudos anteriores. Uma 

destas  hipóteses  associa  a  responsabilidade  social  corporativa  com  o  desempenho 

financeiro. A conclusão dos autores é que esta associação é  limitada às empresas de 

grande  porte.  As  empresas  de  médio  e  pequeno  porte  tendem  a  não  fazer  esta 

associação. 

O  relatório  divulgado  pela  Ceres‐ACCA  (apud  WAJNBERG  &  LEMME,  2009) 

corrobora  essa  última  conclusão  após  avaliar  os  melhores  relatórios  de 

sustentabilidade no ano de 2006 nos Estados Unidos, Canadá e México. De acordo com 

o  relatório,  a maior  parte  das  publicações  analisadas  falhou  em mostrar  os  ganhos 

financeiros resultantes da incorporação da sustentabilidade no negócio. 

Por sua vez, a iniciativa voluntária Global Reporting Initiative (GRI) desenvolveu 

um  suplemento  que  sugere  uma  série  de  indicadores  que  devem  ser  utilizados  em 

relatórios  para  auxiliar  a  medição  do  desempenho  socioambiental  de  instituições.  

Nessa  linha,  Saltzman,  Steger  e  Ionescu‐Somers  (2005)  propõem  uma  abordagem 

genérica para evidenciar alguns dos principais motivadores que revelam os benefícios 

das práticas de sustentabilidade: 

                                                            9  A  construção  do  business  case  parte  do  principio  que  a  partir  das  informações  publicadas  pelas empresas é possível obter dados monetizados de investimentos, gastos e receitas. Diante de um caso de negócio é possível determinar o valor de uma empresa ou operação (EPSTEIN & ROY, 2003). 

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redução  de  custo  devido  à melhoria  do  desempenho  ambiental  e  de 

saúde e segurança; 

aumento  de  receitas  através  de  ganho  de  participação  de  mercado 

devido aos novos produtos ambientalmente amigáveis; e  

efeitos  positivos  sobre  os  intangíveis  (valor  da  marca,  reputação, 

retenção de talentos, acesso ao capital e gerenciamento de risco).  

Percebe‐se,  portanto,  que  a  identificação  e  a  mensuração  de  estratégias 

ambientais e sociais não são simples, pois ambas as estratégias estão ligadas no longo 

prazo,  existindo,  assim,  alto  nível  de  incertezas  e  impactos  difíceis  de  serem 

quantificados (EPSTEIN e ROY, 2003). 

2.5 INICIATIVAS PARA IDENTIFICAÇÃO DE LIDERANÇA EM SUSTENTABILIDADE  

Segundo  Lins e Wajnberg  (2007), um  importante aspecto no  comportamento 

sustentável de uma organização é a divulgação da sua performance socioambiental. A 

transparência da empresa quanto à  sua conduta nessa dimensão é um  indicador do 

seu  comprometimento  com  o  desenvolvimento  sustentável.  Os  autores  ressaltam, 

ainda,  a  importância  da  divulgação  de  informações  socioambientais  como  requisito 

necessário para  ingresso no  Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa e no 

Dow Jones Sustainability Index da Bolsa de Nova York.  

Cabe,  nesse  sentido,  apresentar  algumas  das  principais  iniciativas  para 

identificação de empresas  líderes em sustentabilidade no mercado, assim como suas 

origens,  objetivos  e  importância.  O  conhecimento  dessas  iniciativas  é  fundamental 

para entendimento da presente pesquisa. 

2.5.1 Carbon Disclosure Project (CDP) 

O  Carbon  Disclosure  Project  (CDP)  foi  lançado  em  2000,  com  o  objetivo  de 

informar  aos  investidores  sobre  importantes  riscos  e  oportunidades  decorrentes  de 

mudanças climáticas, e  informar às empresas as preocupações dos acionistas sobre o 

impacto do tema na valorização da empresa. Além disso, o CDP solicita, em nome dos 

investidores  institucionais,  informações  relacionadas  com  o  impacto  das mudanças 

climáticas  no  desempenho  de  algumas  das  maiores  empresas  abertas  do  mundo 

(GONZALEZ, 2007). 

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O  CDP  obtém  as  informações  a  partir  do  envio  de  questionários  para  as 

empresas. No Brasil, há 42 empresas participantes. O CDP tornou‐se expressivo no país 

em  2006  quando  o CDP‐4,  primeira  edição  brasileira  do  relatório,  foi  elaborado. As 

respostas  das  empresas  estão  disponíveis  no  site  do  CDP  junto  com  relatórios  de 

análise  das  informações  colhidas  realizados  pela  própria  equipe  do  CDP,  sendo  a 

maioria dos questionários abertos ao público. 

2.5.2 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) 

A  tendência  mundial  de  os  investidores  procurarem  empresas  socialmente 

responsáveis,  sustentáveis  e  rentáveis  para  aplicar  seus  recursos  levou,  em  2005,  a 

BM&FBovespa  a  criar  um  índice  referência  de  ações  (“benchmark”)  para  os 

investimentos  socialmente  responsáveis,  o  ISE  –  Índice  de  Sustentabilidade 

Empresarial.  Este  índice  foi  criado  em  conjunto  com  as  seguintes  instituições: 

Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (ABRAPP), 

Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais  (ANBIMA, 

antiga ANBID), Associação dos Analistas e Profissionais de  Investimento do Mercado 

de  Capitais  (APIMEC),  Instituto  Brasileiro  de  Governança  Corporativa  (IBGC), 

Insternational  Finance  Corporation  (IFC),  Instituto  ETHOS  e  Ministério  do  Meio 

Ambiente (MMA). 

O  ISE tem por objetivo refletir o retorno de uma carteira composta por ações 

de empresas  com  reconhecido  comprometimento  com a  responsabilidade  social e a 

sustentabilidade  empresarial  e  também  atuar  como  promotor  das  boas  práticas  no 

meio  empresarial  brasileiro.  Para  avaliar  o  desempenho  das  150  ações  mais 

negociadas da BM&FBOVESPA quanto aos aspectos de  sustentabilidade, a Fundação 

Getúlio  Vargas  (FGV)  –  instituição  contratada  com  expertise  nessas  questões  – 

desenvolveu  um  questionário  que  parte  do  conceito  do  TBL  para  aferir  os  seus 

desempenhos. Além dos princípios do TBL, o questionário trata de mais três grupos de 

indicadores (CENTRO DE ESTUDOS EM SUSTENTABILIDADE, 2009):  

critérios  gerais  (que  questiona,  por  exemplo,  a  posição  da  empresa 

perante acordos globais e se ela publica balanços sociais);  

critérios de natureza do produto (que questiona, por exemplo, a posição 

da  empresa  perante  acordos  globais,  se  a  empresa  publica  balanços 

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sociais,  se o produto da empresa acarreta danos e  riscos à  saúde dos 

consumidores, entre outros);  

critérios de governança corporativa.  

O  preenchimento  do  questionário  –  que  tem  apenas  questões  objetivas  –  é 

voluntário  e  demonstra  o  comprometimento  da  empresa  com  as  questões  de 

sustentabilidade. As empresas com melhor desempenho compõem a carteira final do 

ISE. 

2.5.3 Dow Jones Sustainability World Index (DJSI) 

O Dow  Jones  Sustainability  Index  (DJSI),  lançado  em  setembro  de  1999,  é  o 

primeiro  índice  mundial  de  desenvolvimento  sustentável  e  foi  criado  a  partir  da 

associação do Sustainable Asset Management  (SAM) –  sociedade  suíça de gestão de 

ativos  –  com  a  Dow  Jones  (DJSI,  2009).  O  DJSI  tem  como  objetivo  acompanhar  a 

desempenho  de  empresas  líderes  em  sustentabilidade  corporativa  nos  seus 

respectivos setores. 

As empresas elegíveis estão entre as 2.500 maiores companhias do Dow Jones 

Global  Index.  As  inclusões/exclusões  das  empresas  são  realizadas  anualmente  e  o 

critério  de  seleção  é  best‐of‐class,  sendo  que  a  SAM  publica  e marca  a mercado  o 

Índice, cujo rebalanceamento é realizado trimestralmente (DJSI, 2009). 

O DJSI é derivado dos  indicadores tradicionais do Dow  Jones,  tendo a mesma 

metodologia de cálculo, revisão e publicação destes índices. O índice possui a abertura 

de cinco indicadores especializados que excluem, respectivamente, indústrias ligadas a 

álcool, jogo, fumo, armamentos e todos os quatro setores anteriores (DJSI, 2009). 

A  avaliação  do  DJSI  é  composta  por  57  questões  genéricas  e  também  por 

questões específicas para cada setor (DJSI, 2009). Para a classificação das companhias 

é  feita uma avaliação de  sustentabilidade, através da análise das  três dimensões do 

TBL: econômica, social e ambiental. 

Observa‐se  que  a  dimensão  econômica  do  questionário  DJSI  é  basicamente 

voltada  para  questões  de  ordem  estratégica,  que  são  relativas  à  forma  como  a 

empresa é gerida. No que diz respeito à dimensão ambiental, o DJSI avalia a estrutura 

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40 

 

organizacional  voltada  para  a  gestão  ambiental.  A  dimensão  social  trata  de  temas 

relativos a funcionários, fornecedores e comunidade. 

As  companhias–alvo  do  índice  representam  as  10% melhores  (considerando 

critérios de sustentabilidade) do Dow Jones Global  Index (DJSI, 2009); porém, as 13% 

melhores  dentro  de  cada  setor  são  elegíveis.  A  base  do  Índice  foi  estabelecida  em 

1.000 pontos, relativos ao valor de mercado das ações em 31 de dezembro de 1998. A 

participação de  cada  setor no DJSI é  limitada  a 20% da  composição do  índice  (DJSI, 

2009). 

2.5.4 Guia Exame de Sustentabilidade 

Em 2007, o Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV‐EAESP (CES‐FGV) foi 

convidado  pela  Editora  Abril  a  elaborar  uma  nova  metodologia  de  avaliação  do 

desempenho de empresas para o Guia EXAME de Sustentabilidade, em substituição ao 

Guia EXAME de Boa Cidadania Corporativa, que foi publicado de 2000 a 2006.  

O  processo  tem  como  objetivo  destacar  as  empresas  pelo  conjunto  de  suas 

práticas em todas as dimensões da sustentabilidade empresarial. Nova edição do Guia 

foi lançada em outubro de 2008 e elegeu pela primeira vez a Empresa Sustentável do 

Ano.  Os  questionários  preenchidos  pelas  empresas  têm  por  base  a  metodologia 

elaborada pela FGV. 

Essa  metodologia  compreende  um  levantamento  sobre  compromissos, 

transparência  e  governança  corporativa  ‐  com  questões  elaboradas  pelo  Instituto 

Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) ‐ e sobre o desempenho da empresa sob 

aspectos  econômico‐financeiros,  sociais  e  ambientais  (GUIA  EXAME  DE 

SUSTENTABILIDADE, 2009).   Na primeira etapa  são  selecionadas as empresas que  se 

destacaram no questionário.   Na  segunda etapa as empresas  são analisadas por um 

conselho formado por oito especialistas, indicados pela Revista Exame. 

A partir da revisão aqui apresentada, é desenvolvida, então, a metodologia da 

pesquisa, conforme apresentado no capítulo que se segue. 

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41 

 

3 METODOLOGIA DA PESQUISA 

3.1 UNIVERSO E AMOSTRA 

O universo de dados da presente pesquisa é  constituído pelas empresas que 

atuam  no mercado  brasileiro  e  dispõem  de  informações  públicas  sobre  práticas  de 

sustentabilidade.  As  empresas  que  compõem  o  universo  de  pesquisa  não  são, 

necessariamente, brasileiras, mas todas atuam no mercado nacional. 

A  partir  deste  universo,  é  criado  um  filtro  para  a  seleção  da  amostra  a  ser 

estudada.  Inicialmente,  consideram‐se  as  iniciativas  para  identificação  de  empresas 

líderes em sustentabilidade. Assim, a amostra analisada neste trabalho é composta por 

empresas que participam, no ano de 2010, de pelo menos uma das iniciativas descritas 

no item 2.4 deste trabalho, quais sejam: 

Carbon Disclosure Project (CDP); 

Índice  de  Sustentabilidade  Empresarial  (ISE)  da  Bolsa  de  Valores, 

Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBovespa); 

Dow Jones Susutainability Index (DJSI); e 

Guia Exame de Sustentabilidade (de 2007 a 2009). 

Parte‐se da premissa de que as empresas que fazem parte desse grupo seguem 

os  padrões  e  diretrizes  estabelecidos  nos mercados  nacional  e  internacional  como 

referência  para  publicação  em  sustentabilidade.  Uma  das  preocupações  com  a 

amostra é a garantia de que os dados coletados sejam idôneos e rastreáveis. 

Além disso, é premissa deste trabalho que as empresas podem ser classificadas 

segundo  seus  setores  de  atuação.  Para  tal  fim,  é  utilizada  como  referência  a 

classificação proposta pelo sistema de análise de fundos e ações Economática. Então, 

as  classificações  por  setor  da  presente  pesquisa  são  inspiradas  na  proposta  da 

ferramenta aqui citada. 

Assim, diante do filtro de seleção de empresas e dos setores considerados, são 

escolhidas 60 empresas de 15  setores da economia. A quantidade de empresas por 

setor  é  apresentada  na  tabela  2  a  seguir.  A  lista  completa  das  empresas  e  seus 

respectivos setores é apresentada no apêndice 1. 

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Tabela 2 Empresas por setor da amostra 

Setor da economia Quantidade de 

empresas Alimentos e Bebidas  4 Bens de consumo  3 Construção  3 Energia elétrica  15 Finanças e seguros  9 Logística  1 Mineração  2 Móveis  2 Papel e celulose  3 Petróleo e Gás  2 Química  1 Saúde e saneamento  3 Siderurgia e metalurgia  5 Tabaco  1 

Telecomunicações  6  

Conforme será explicado no detalhamento dos procedimentos metodológicos, 

a  pesquisa  é  constituída  de  duas  etapas.  Na  primeira,  apenas  as  empresas 

participantes do CDP  são avaliadas. Na  segunda,  todas as empresas  constituintes da 

amostra são estudadas. 

3.2 FONTES E PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS 

Todos os dados coletados para a realização da presente pesquisa são de origem 

secundária e constituem informações públicas. São consideradas informações públicas 

os  relatórios  anuais  das  empresas  estudadas,  assim  como  seus  relatórios  de 

sustentabilidade e divulgações de informações em seus websites. Quaisquer relatórios 

e  informação  referenciados  nas  fontes  supracitadas  que  sejam  de  domínio  público 

também são considerados fontes de dados para esta pesquisa. 

Este trabalho é constituído de duas etapas subsequentes: o mapeamento dos 

riscos  de mudanças  climáticas  relevantes  para  as  empresas  no  país  e  a  análise  dos 

impactos  financeiros  gerados  por  esses  riscos.  A  figura  4  a  seguir  esquematiza  as 

etapas da pesquisa e os objetivos específicos a que cada um se propõe.  

 

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43 

 

Figura 4 Etapas da pesquisa 

  

É  importante  ressaltar  que,  em  cada  uma  das  etapas,  são  realizados  filtros 

adicionais na amostra  inicialmente delimitada. Cada um desses  filtros é descrito em 

detalhes na explanação do método da respectiva etapa. 

3.2.1 Mapeamento dos riscos de mudanças climáticas 

A primeira etapa da pesquisa, o mapeamento dos riscos climáticos relevantes 

para  as  organizações  no  Brasil,  tem  por  objetivo  identificar  os  fatores  de  risco 

relevantes para a gestão das empresas e agrupá‐los em classes de  risco que melhor 

correspondam  às  suas  similaridades.  A  fim  de  alcançar  este  objetivo,  busca‐se, 

inicialmente, obter uma  lista com os fatores de risco citados pelas empresas em seus 

relatórios públicos. Para a realização do mapeamento dos riscos climáticos, portanto, 

elege‐se o questionário do CDP como fonte principal de informações. 

A referência para a adoção da metodologia supracitada é o trabalho de Leal e 

Carvalhal da Silva  (2005), que utiliza um método semelhante para criar um  indicador 

da adoção de práticas de governança corporativa no Brasil e no Chile. Para tal fim, eles 

selecionam  as  melhores  práticas  de  governança  corporativa  estabelecidas  pelos 

manuais da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD) e da 

Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – referências em práticas de governança.  

A partir da listagem obtida, eles realizam análises para tentar medir a qualidade 

total  das  práticas  de  governança  do maior  número  possível  de  empresas  nos  dois 

países. Com  isso, os autores conseguem analisar uma quantidade de  itens que não é 

tão  pequena,  a  ponto  de  não  capturar  a  natureza  multivariada  da  governança 

corporativa, nem tão grande a ponto de  inviabilizar a aquisição de dados por torná‐la 

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44 

 

difícil,  longa e  custosa. O presente  trabalho  se baseia na mesma diretriz que  Leal e 

Carvalhal da Silva, porém com foco na medição da relevância dos riscos climáticos para 

o mercado brasileiro. 

A  escolha  do  CDP  como  fonte  de  dados  para  o  mapeamento  dos  riscos 

climáticos  deve‐se,  portanto,  ao  fato  de  o  questionário  do  CDP  ser  a  fonte  mais 

adequada  para  tratar  do  tema  e,  também,  o  fato  de  ele  disponibilizar  os  seus 

resultados  publicamente.  Considera‐se,  além  disso,  a  razão  de  ser  do  CDP.  Esta 

iniciativa foi criada com o intuito de informar os investidores sobre as preocupações e 

as  ações  das  empresas  quanto  aos  riscos  de  negócio  associados  às  mudanças 

climáticas. É importante citar que o CDP é escrito pelas próprias empresas, oferecendo 

as informações sob a perspectiva da sua própria administração. 

Diante  do  exposto,  a  amostra  inicial  necessita  passar  por  um  segundo  filtro, 

dado  que  nem  todas  as  empresas  selecionadas  publicam  relatórios  no  CDP  e  que 

algumas delas pedem  sigilo das  informações publicadas.  São, portanto,  avaliados os 

questionários de 34 empresas de 15 setores diferentes. As empresas que compõem a 

amostra  final desta etapa estão  listadas no apêndice 2. O número de empresas por 

setor desta mesma amostra é apresentado na tabela 3 abaixo.  

Tabela 3 Empresas por setor do CDP 

Setor da economia Quantidade de 

empresas 

Alimentos e bebidas  3 

Bens de consumo  1 

Construção  1 

Energia elétrica  11 

Finanças e seguros  2 

Logística  1 

Mineração  1 

Móveis  1 

Papel e celulose  2 

Petróleo e Gás  1 

Química  1 

Saúde e saneamento  2 

Siderurgia e metalurgia  1 

Tabaco  1 

Telecomunicações  5 

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45 

 

Em  síntese,  o  procedimento  de  coleta  de  dados  desta  primeira  etapa  é 

constituído da  leitura dos relatórios do CDP,  identificando os riscos relevantes – com 

sua alocação em uma planilha. Os dados analisados estão disponíveis no website da 

iniciativa (CDP, 2010).  

Cada  risco  identificado  a  partir  do  CDP  é,  a  partir  deste  ponto,  denominado 

fator de  risco. Após o  levantamento dos  fatores de  risco, são definidas as classes de 

risco sob as quais serão agrupados os fatores, dadas suas similaridades. Estas classes 

são definidas a partir da conjugação e adaptação dos trabalhos de Bacic, da Silveira e 

Ferreira de Souza (2010), IBGC (2007) e Kerschner e Geraghty (2007), referenciados no 

item 2.3 deste trabalho.  

3.2.2 Análise dos impactos financeiros dos riscos mapeados 

A  segunda  etapa  do  trabalho,  a  análise  dos  impactos  financeiros  dos  riscos 

mapeados,  tem  dois  objetivos:  avaliar  a  frequência  dos  fatores  e  classes  de  risco 

inicialmente mapeados nas publicações e analisar se as  informações publicadas pelas 

organizações sobre esses riscos permitem relacioná‐los com a geração de valor para as 

empresas.  

Para tentar alcançar ambos os objetivos é utilizada a estatística descritiva, mais 

especificamente a distribuição de frequências. Acredita‐se que as frequências absoluta 

e  relativa  dos  fatores  e  classes  de  riscos  mapeados  evidenciam  interpretações 

relevantes da gestão dos riscos empresariais decorrentes das mudanças climáticas sob 

a perspectiva do mercado brasileiro. 

Leal  e Carvalhal  da  Silva  (2005),  na  pesquisa  citada  no  item  3.2.1,  criam  um 

índice para medir a prática da governança corporativa a partir de dados públicos, tais 

como  os  formulários  de  preenchimento  obrigatório  demandados  pela  CVM  ou  os 

relatórios anuais e periódicos das organizações. Seguindo esta diretriz, esta etapa do 

trabalho  consiste  na  avaliação  dos  websites  e  dos  relatórios  anual  e/ou  de 

sustentabilidade corporativa das empresas. É importante ressaltar que qualquer outro 

documento avaliado neste ponto é referenciado em pelo menos uma dessas fontes. 

Neste  ponto  da  pesquisa,  cabe  resgatar  e  utilizar  a  amostra  inicialmente 

descrita  no  item  3.1.  Dado  que  os  riscos  empresariais  decorrentes  das  mudanças 

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climáticas  percebidos  pelo mercado  são  identificados  conforme  o  item  3.2.1,  cabe 

tentar  avaliá‐los para  todas  as empresas que  são  referência em  sustentabilidade no 

Brasil. Foram eliminadas, no entanto, as empresas que não apresentam relatórios ou 

informações públicas referentes ao ano de 2008 ou mais recentes. 

Após  o  ajuste  descrito  acima,  a  amostra  para  esta  etapa  do  trabalho  fica 

reduzida para  55  empresas de  15  setores distintos. As  empresas  e  seus  respectivos 

setores estão  listados no apêndice 3 deste  trabalho. A quantidade de empresas por 

setor da economia em que atuam é, por sua vez, exposta na tabela 4 a seguir. 

Tabela 4 Empresas por setor da avaliação das medidas 

Setor da economia Quantidade de 

empresas 

Alimentos e bebidas  4 

Bens de consumo  3 

Construção  2 

Energia elétrica  13 

Finanças e seguros  9 

Logística  1 

Móveis  2 

Mineração  2 

Papel e celulose  3 

Petróleo e Gás  2 

Química  1 

Saúde e saneamento  3 

Siderurgia e metalurgia  4 

Tabaco  1 

Telecomunicações  5  

O  procedimento  para  coleta  de  dados  nesta  fase  é,  portanto,  a  leitura  dos 

relatórios  e  websites  das  empresas  supracitadas  em  busca  dos  fatores  de  risco 

mapeados  na  primeira  etapa  da  pesquisa.  Conforme  a  presença  dos  fatores  é 

confirmada, anota‐se a sua  frequência, assim como a contribuição que a  informação 

proporciona para a avaliação de valor da empresa. A  identificação da  frequência de 

cada  fator de  risco e a verificação da  sua contribuição de valor para a avaliação das 

empresas são realizadas utilizando duas escalas distintas de medição que são descritas 

a seguir. 

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47 

 

3.2.2.1 Frequência dos riscos mapeados 

A  fim  de  identificar  a  relevância  dos  riscos mapeados  na  primeira  etapa  da 

pesquisa, é utilizada uma escala de medição inspirada na que Leal e Carvalhal da Silva 

(2005)  descrevem  em  seu  estudo.  Para  criar  um  indicador  específico,  medindo  a 

qualidade total das práticas de governança do maior número possível de empresas no 

Brasil e no Chile, eles utilizam uma escala binária10. Após o levantamento das práticas 

de  governança  corporativa, os  autores elaboram 24 perguntas, de  respostas  sim ou 

não, graduadas de acordo com a existência (1) ou ausência (0) de preocupação com o 

determinado fator por parte da organização. A  intenção dos pesquisadores era obter 

um índice que fosse a soma das notas atribuídas a cada pergunta.  

A similaridade de objetivos entre a atual pesquisa e o trabalho desses autores 

conduz  ao  uso  do mesmo  procedimento.  Contudo,  como  o  escopo,  a  natureza  e  a 

características dos dados deste trabalho são bastante distintos dos de Leal e Carvalhal 

da Silva (2005), é imperativa uma adaptação em sua metodologia. 

Os  riscos associados às mudanças climáticas, diversamente das características 

de  governança  corporativa,  são  distintos  para  atividades  e  setores  diferentes  da 

economia. Por exemplo, empresas de energia enfrentam algumas questões similares 

entre si, porém em grande parte diferentes das empresas do setor  financeiro. Dessa 

forma, para a avaliação dos riscos, utiliza‐se uma escala absoluta para riscos genéricos 

– semelhante à de Leal e Carvalhal da Silva (2005) – e uma escala relativa, ponderada 

por setor da economia, para fatores de riscos específicos. 

Obtém‐se, como resultado dessa etapa, uma matriz na qual estão presentes os 

fatores de  risco  climático  reconhecidos pelo mercado brasileiro,  agrupados em  suas 

classes de  risco, e a presença desses  riscos nos  relatórios públicos das empresas da 

amostra. Ressalta‐se que, neste ponto, é medida apenas a presença do risco nas fontes 

de  informação  estudadas,  independentemente  da  quantidade  de  vezes  que  ele 

aparece ou da qualidade da informação exposta. 

                                                            10 . Neste estudo, Leal e Carvalhal da Silva (2005) buscam identificar, por fim, uma causalidade entre as práticas de governança corporativa e os menores custos de capital / maior valoração de mercado das empresas. 

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Acredita‐se que são mais relevantes aqueles fatores de riscos que apresentam 

maior  incidência nos documentos analisados. A essa matriz é dado o nome de Matriz 

Binária de Riscos (MBR)11. O tratamento posterior a ser dado à MBR é descrito no item 

3.3 deste trabalho.  

3.2.2.2 Relacionamento dos riscos mapeados com a geração de valor para a empresa 

Conforme  discutido  na  revisão  bibliográfica,  o  risco  é  um  fator  inerente  à 

atividade empresarial,  logo sua  identificação e mensuração são pontos  fundamentais 

para  a  continuidade  da  atividade  produtiva  e  para  o  acréscimo  de  valor  a  uma 

organização  (BACIC, DA  SILVEIRA &  FERREIRA DE  SOUZA,  2010). Visando  a  avaliar  a 

capacidade  de  geração  de  valor  para  a  organização,  a mensuração  dos  riscos  deve 

englobar a análise dos possíveis  impactos nos  fluxos de caixa da  firma, considerando 

planos de contingência e perdas eventuais. 

A  fim de conhecer o  impacto das  informações publicadas pelas empresas em 

seus relatórios e websites sobre os riscos de mudanças climáticas na avaliação de seus 

fluxos  de  caixa,  é  utilizada  a  escala  de  Epstein  e  Roy  (2003),  também  abordada  na 

revisão  bibliográfica  desta  pesquisa.  Especificam‐se,  então,  detalhes  da  escala 

escolhida.  Epstein  e  Roy  (2003)  separam  as  informações  sobre  sustentabilidade 

presentes nos  relatórios  corporativos em quatro níveis,  correspondentes ao grau de 

associação com o desempenho financeiro corporatvo e geração de valor. Estes níveis 

são detalhados a seguir: 

nível 1: possuem caráter meramente descritivo. Não são quantificadas, 

nem  tampouco  monetizadas12.  Assim,  pode‐se  classificá‐las  como 

totalmente dissociadas do desempenho  financeiro, não sendo possível 

relacioná‐las com a geração de valor para a empresa;  

nível  2:  são  quantificadas  em  termos  físicos,  porém  não  são 

monetizadas. Essas informações, portanto, não podem ser diretamente 

relacionadas  ao  desempenho  financeiro  e  à  geração  de  valor  para  a 

empresa; 

                                                            11 Esta nomenclatura é proposta pela própria autora.  12  Informações monetizadas  são  aquelas  das  quais  é  possível  extrair  o  conhecimento  de  valores  em dinheiro  associados  à  determinada  atividade,  quais  sejam,  investimentos,  despesas,  economias  ou receitas. Essas informações são capazes de revelar o impacto de uma atividade sobre o fluxo de caixa da empresa (EPSTEIN & ROY, 2003).  

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nível  3:  são quantificadas  e monetizadas, porém  apenas parcialmente 

associadas  ao  desempenho  financeiro  e  à  geração  de  valor,  pois  se 

restringem a discorrer sobre determinada saída (investimentos e outras 

despesas) ou entrada (receita ou economia) isolada no fluxo de caixa; 

nível 4: são quantificadas e monetizadas. Referem‐se aos investimentos, 

custos e  receitas,  isto é, a  todos os  impactos de determinada ação no 

fluxo de caixa da companhia. São, portanto, diretamente associadas ao 

desempenho financeiro e à geração de valor. 

Obtém‐se  como  resultado  dessa  etapa  uma  segunda  matriz,  na  qual  são 

expostos os níveis de cada informação para cada risco específico de cada organização 

avaliada. A esta matriz denomina‐se Matriz de Valor de Riscos (MVR)13. O tratamento 

posterior dado à MVR é descrito no item 3.3 deste trabalho.  

3.3 PROCEDIMENTOS PARA TRATAMENTO DE DADOS  

Uma  vez  levantados  os  principais  fatores  de  risco  associados  às  mudanças 

climáticas  descritos  pelas  empresas  que  são  referência  em  sustentabilidade  no 

mercado brasileiro, agrupados estes fatores em classes de risco e atribuídas notas às 

informações  publicadas  pelas  empresas  em  seus  relatórios  públicos,  procede‐se  o 

tratamento  dos  dados.  Este  tratamento  baseia‐se,  conforme  previamente 

mencionado, na estatística descritiva e na distribuição de frequências. 

3.3.1 Identificação da frequência dos riscos mapeados 

Inicialmente  é  avaliada  a  frequência  dos  fatores  e  das  classes  de  risco 

mapeados. Neste ponto, busca‐se identificar quais são os fatores e as classes de risco 

mais destacados pelas empresas da amostra, tanto individualmente, quanto por setor. 

Então,  a  partir  da  MBR14,  agrupam‐se  as  empresas  por  setor  e  verifica‐se 

quantas empresas de cada grupo demonstram alguma preocupação com pelo menos 

um fator / classe de risco em suas informações públicas. Esta frequência é medida em 

termos absolutos e relativos. 

                                                            13 Esta nomenclatura é proposta pela própria autora. 14 Matriz Binária de Riscos que mede a frequência dos fatores e classes de riscos. 

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A  frequência absoluta é a contagem das empresas que citaram cada  fator de 

risco, e,  consequentemente,  sua  classe. Com  isso, busca‐se  revelar a quantidade de 

empresas que se preocupam com cada classe de risco definida. A frequência relativa, 

por  sua  vez,  consiste  na  divisão  do  número  de  empresas  que  citaram  determinada 

classe  de  risco  pelo  número  total  de  empresas  daquele  setor.  Assim,  objetiva‐se 

verificar  quais  classes  e  fatores  de  risco  atraem  mais  a  atenção  das  empresas 

individualmente e dos setores como um todo. 

Ao mesmo tempo, diante da MBR, procura‐se identificar os fatores de risco que 

se sobressaem em relação aos demais. Observa‐se, assim, se dentro de cada classe de 

risco  existe  algum  fator  que  foi  repetido  sistematicamente  nos  relatórios,  seja  por 

setor, seja no contexto geral. Esta identificação é realizada a partir da soma das notas 

de cada fator de risco, por setor e globalmente. Se determinado fator de risco é citado 

por todas as 55 empresas avaliadas, ele é considerado um destaque global, caso seja 

citado por todas as empresas de determinado setor e  ignorado por outros, ele é um 

destaque setorial. 

3.3.2 Grau de associação da informação com a geração de valor para as empresas 

Para  avaliar  o  grau  de  relacionamento  das  informações  publicadas  com  o 

desempenho financeiro corporativo e a geração de valor para a empresa é utilizada a 

MVR15, baseada na escala de Epstein e Roy (2003) descrita no item 3.2.2. 

Inicialmente, a partir da MVR, é observada a presença de informações de cada 

nível (1,2,3 ou 4) por fator e por classe de risco. Busca‐se, aqui, verificar os níveis de 

associação entre DSA e DFC  atingidos  globalmente pelas empresas,  identificando  as 

classes  e  os  fatores  de  risco  que  apresentaram melhores  notas.  Acredita‐se  que  a 

presença de  informações de nível 4  reflete um alto grau de  relacionamento entre o 

DSA e o DFC.   

Além  disso,  tenta‐se  relacionar  estes  resultados  com  os  das  distribuições  de 

frequências avaliadas  inicialmente. É esperado que os  fatores e  classes de  risco que 

apresentam maiores  frequências  absolutas  e  relativas obtenham melhores notas na 

associação do DSA com o DFC. 

                                                            15  Matriz  de  Valor  de  Riscos  que  mede  o  nível  de  associação  da  informação  de  sustentabilidade publicada com a geração de valor para a empresa. 

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51 

 

Em  seguida,  são  avaliadas  as  classes  de  risco  separadamente.  Aqui  é 

apresentada  uma matriz  que  avalia  cada  classe  de  risco  segundo  sua  aderência  ao 

indicador de Epstein e Roy (2003), por isso, será denominada Matriz de Valor de Riscos 

por  classe  de  risco  (MVR  por  classe).  Essa  avaliação  também  ocorre  em  níveis 

absolutos e relativos. Na MVR por classe, as linhas são compostas pelas classes de risco 

e  as  colunas  apresentam  os  setores  da  economia  estudados  com  os  resultados  das 

empresas compilados. 

 O  objetivo  desta  etapa  da  avaliação  é  verificar  se  existe  no mercado  uma 

tendência à melhor descrição e à valorização de uma classe de riscos específica, ante 

as mapeadas. Cabe, para fins didáticos, apresentar os valores máximos possíveis para 

cada  classe de  risco, considerando o número de  fatores nela  contidos. Estes valores 

são obtidos pela multiplicação da quantidade de  fatores de  risco em  cada  classe de 

risco por quatro (nota máxima da escala de Epstein e Roy, 2003)  

Tabela 5 Valores máximos da MVR por classe por empresa 

Classificação  Quantidade de fatores de risco 

Nota máxima possível por empresa 

Risco regulatório  13  52  (4 X 13) 

Risco físico  16  64 (4 X 16)

Risco financeiro  7  28 (4 X 28)

Risco de crédito  1  4 (4 X 1)

Risco de mercado  4  16 (4 X 4)

Risco operacional  3  12 (4 X 3)

Risco político  1  4 (4 X 1)

Risco de reputação  1  4 (4 X 1)

 

Na MVR por classe absoluta, são somadas as notas atribuídas a cada classe de 

risco e depois é  calculada a média por empresa dessas notas. Na MVR POR CLASSE 

relativa é calculado o percentual que a soma das notas representa por classe de risco e 

no total consolidado,  isto é, faz‐se a média das notas somadas divididas pelo máximo 

possível por empresa (informação quantificada e monetizada, capaz de ser atrelada ao 

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52 

 

desempenho financeiro). Acredita‐se que os resultados são relevantes na estimativa da 

qualidade da informação coletada. 

Por fim são estudados os setores individualmente. Nesta etapa, os setores são 

avaliados  tanto em  sua  totalidade,  como  também por  classe de  risco. O objetivo da 

análise  é  verificar  quais  são  os  setores  da  economia  que  melhor  relacionam  as 

informações de  riscos  climáticos  com o valor de  suas empresas,  se há discrepâncias 

entre os setores avaliados e qual o grau dessa discrepâncias – caso existam. 

3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ESCOLHIDO 

A  fonte  de  informações  para  o  mapeamento  dos  riscos  e  oportunidades 

associados  às mudanças  climáticas  é  uma  combinação  de  relatórios  privados  ou  de 

ONGs. Esses índices e relatórios são elaborados a partir de questionários respondidos 

pelas  próprias  organizações,  por  isso  considera‐se  que  pode  haver  algum  viés  na 

resposta. 

Outra  limitação  identificada  é  a  ausência  de  ponderação  dos  riscos  na 

metodologia aqui proposta. É sabido que há riscos que se destacam dos demais, seja 

globalmente,  seja  genericamente,  e  que  eles  podem  estar  sendo  sub  ou  super 

avaliados. Contudo, na ausência de um critério claro de ponderação que  justifique os 

pesos a serem atribuídos e a fim de evitar  inferências pessoais da autora no modelo, 

opta‐se pelo peso igual para todos os riscos, deixando a cargo do leitor a distinção de 

valor. 

Uma  terceira  limitação  encontra‐se  na  seleção  da  amostra.  Aplicados  os 

devidos  filtros,  a  amostra  final  utilizada  na  pesquisa  apresenta  alguns  setores  da 

economia com apenas um representante. É o caso, por exemplo, do setor de tabaco, 

cujo representante único é a Souza Cruz. Assim, pode ocorrer um viés amostral para 

este setor. 

Há, por fim, uma quarta limitação que consiste na fragilidade da base de dados. 

Diante  do  fato  de  os  dados  serem  públicos  e  auto‐declaratórios,  uma  auditoria  ou 

mesmo o confronto de especialistas em sustentabilidade poderia dar mais robustez às 

informações colhidas. 

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53 

 

Portanto, face ao objetivo almejado e aos dados disponíveis no mercado, julga‐

se que as  fontes de  informações e a metodologia da pesquisa  são  relevantes e que, 

conhecidas  as  limitações  da  pesquisa,  é  cabível  a  apresentação  dos  resultados  e 

conclusões, conforme se segue. 

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54 

 

4 RESULTADOS 

Seguindo  a  estrutura  do  capítulo  anterior,  a  explanação  dos  resultados  é 

organizada de acordo com cada etapa da pesquisa.  

4.1 MAPEAMENTO DOS RISCOS ASSOCIADOS ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS 

A partir da  leitura dos  relatórios do CDP,  são mapeados 46  fatores de  riscos 

climáticos. Diante do grande número de  fatores de risco  levantado, convencionou‐se 

classificá‐los  em  oito  categorias,  de  acordo  com  sua  origem  e  com  sua  natureza  – 

conforme descrito na metodologia da pesquisa.  

As  categorias  de  risco  são  apresentadas  na  tabela  6  a  seguir,  assim  como  a 

quantidade de fatores de risco relacionados a cada uma das classes. Cabe ressaltar que 

a  lista  completa de  fatores de  risco mapeados por  classe de  risco é apresentada no 

apêndice 4. 

Tabela 6 Classes de risco com suas respectivas quantidades de fatores 

   Classe de Risco  Quantidade de fatores de risco 1  Risco regulatório  13 2  Risco físico  16  3  Risco financeiro  7  4  Risco de crédito  1 5  Risco de mercado  4 6  Risco operacional  3 7  Risco político  1 8  Risco de reputação  1   Total de fatores  46 

 

A variedade de  classes de  risco  revela que as preocupações percebidas pelas 

empresas  abrangem  diversas  naturezas.  Percebe‐se  que  a  distribuição  dos  fatores 

dentro de cada classe não é homogênea, havendo duas classes de  risco com apenas 

um fator de risco genérico. Esta evidência pode  indicar maior maturidade das classes 

de risco com mais fatores de risco ou mesmo um processo gradativo de incorporação 

pelo mercado da preocupação com os riscos ambientais em sua cadeia de negócios. 

Ressalta‐se que 63% dos fatores de risco (29 fatores) concentram‐se nas classes 

de  riscos  regulatórios e  físicos. Assim, percebe‐se maior  foco nas classes  ligadas aos 

efeitos mais evidentes dos impactos ambientais. 

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55 

 

4.2 FREQUÊNCIA DOS RISCOS MAPEADOS 

Inicialmente, é importante destacar que, da amostra selecionada, apenas duas 

empresas  não  declaram  nenhuma  preocupação  com  qualquer  dos  riscos  climáticos: 

uma  do  setor  elétrico  e  outra  do  setor  de  construção  civil.  Assim,  verifica‐se  que 

96,36% das empresas selecionadas se preocupam com pelo menos uma das questões 

mapeadas neste trabalho. Este  indicador pode revelar que os riscos  levantados estão 

alinhados  com  as  preocupações  gerais  do  mercado  brasileiro,  sendo,  contudo, 

importante  analisar  a  frequência  de  cada  um  dos  riscos  e  das  classes  de  risco 

mapeados,  assim  como  a  qualidade  da  informação  disponibilizada  publicamente  a 

respeito dos fatores de risco.  

Analisa‐se,  então,  a Matriz Binária  de Riscos, onde  é  relatada  a  presença  do 

fator de  risco no  relatório estudado. Nos  relatórios e publicações  analisados,  foram 

encontradas 749 citações a respeito dos 46 fatores de risco – divididos nas 8 classes de 

risco –  conforme  indicado na  tabela 7. A Matriz Binária de Riscos pode  ser  vista no 

apêndice 5 deste trabalho. 

Tabela 7 Total de citações dos fatores por classe 

Classe de Risco  Total de citações  % de citações Risco regulatório  239  31,91% Risco físico  219  29,24% Risco financeiro  88  11,75% Risco de crédito  10  1,34% Risco de mercado  80  10,68% Risco operacional  89  11,88% Risco político  4  0,53% Risco de reputação  20  2,67% Total  749   

 

Percebe‐se, inicialmente, uma maior incidência de citações nas classes de risco 

regulatório e físico, que são as duas classes com maior quantidade de fatores de risco 

associados.  A  partir  desses  primeiros  dados  coletados  é  elaborada  a  matriz  de 

frequências  para  as  empresas  e  fatores  de  risco  analisados.  Posteriormente,  as 

informações são compiladas para as classes de  risco e para os setores da economia. 

Vale  ressaltar  que  as  frequências medidas  refletem  o  aparecimento  do  fator  ou  da 

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classe de risco pelo menos uma vez nos relatórios analisados. Caso uma determinada 

classe ou fator de risco tenham sidos observados mais de uma vez em uma publicação, 

eles são contados apenas uma vez nessa matriz. 

As matrizes de  frequência  referentes aos  setores da economia, por  classe de 

risco,  são  apresentadas  nas  tabelas  9  e  10,  sendo  apresentados  na  tabela  8  os 

resultados referentes ao total geral compilado das empresas estudadas.  

Tabela 8 Resultado das frequências absoluta e relativa das empresas por classe de risco 

Classe de Risco Frequência absoluta 

Frequência relativa 

Risco regulatório  53  96,36% Risco físico  51  92,73% 

Risco financeiro  40  72,73% Risco de crédito  10  18,18% Risco de mercado  38  69,09% Risco operacional  42  76,36% Risco político  4  7,27% Risco de reputação  20  36,36% 

 

O  resultado  ratifica  a  grande  freqüência  dos  riscos  regulatórios  e  físicos  nos 

relatórios das empresas. Principalmente os riscos regulatórios, que foram citados por 

53 das 55 empresas estudadas. Ressalta‐se, também, a classe de risco operacional que, 

apesar de possuir apenas 3 fatores de risco associados a ela foi citada pelo menos uma 

vez por 76% das empresas. Cabe, então, observar o comportamento das  frequências 

das classes de risco por setor da economia. 

Tabela 9 Frequência absoluta de empresas nas classes de risco por setor da economia 

 Risco regula‐tório 

Risco físico 

Risco finan‐ceiro 

Risco de 

crédito

Risco mer‐cado 

Risco opera‐cional 

Risco poli‐tico 

Risco repu‐tação 

Nº de empre‐sas 

Alimentos e bebidas  4  4  4  1  4  4  1  3  4 Bens de consumo  3  3  3  0  3  3  0  2  3 

Construção  1  1  0  0  0  1  0  0  2 

Energia elétrica  12  12  9  3  8  8  2  4  13 Finanças e seguros  9  9  5  2  5  8  0  2  9 

Logística  1  1  1  1  1  0  0  0  1 

Móveis  2  2  1  0  1  2  0  0  2 

Mineração  2  2  2  0  2  1  1  2  2 

                   

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57 

 

 Risco regula‐tório 

Risco físico 

Risco finan‐ceiro 

Risco de 

crédito

Risco mer‐cado 

Risco opera‐cional 

Risco poli‐tico 

Risco repu‐tação 

Nº de empre‐sas 

Papel e celulose  3  3  2  0  2  3  0  1  3 

Petróleo e Gás  2  2  1  0  1  0  0  2  2 

Química  1  1  1  0  1  1  0  0  1 Saúde e 

saneamento  3  2  3  1  2  3  0  1  3 Siderurgia e metalurgia  4  4  3  0  2  3  0  0  4 

Tabaco  1  1  1  1  1  1  0  0  1 Telecomuni‐ 

cações  5  4  4  1  5  4  0  3  5 

Total  53  51  40  10  38  42  4  20  55  

A  partir  da  Matriz  Binária  de  riscos,  é  possível  observar  alguns  fatores 

relevantes  com  relação  aos  fatores  de  riscos  individualmente,  em  suas  classes  e 

setores. Ressalta‐se, novamente, que esta matriz, por seu tamanho, não está explícita 

no corpo deste trabalho. 

Analisando‐se os fatores de risco dentro de cada classe, vale destacar aqueles 

que  apresentam  maior  frequência  em  relação  aos  demais.  Na  classe  regulatória, 

percebe‐se uma grande incidência do fator de risco “regulação que promove eficiência 

energética”: ele aparece em 85,45% das publicações (47 empresas) e é o fator de risco 

mais  frequente  de  todos  os  avaliados. O  fator  “riscos  legais  (genéricos)”  também  é 

bastante citado, representando uma preocupação em 78,18% das empresas. 

Ao  se  observar  os  fatores  da  classe  de  risco  físico,  percebe‐se  que  o  fator 

relacionado  à  concentração  de  gás  carbônico  na  atmosfera  apresenta  elevada 

incidência,  com  69,09%  de  frequência  nas  publicações.  Os  riscos  relacionados  à 

redução  do  regime  hidrológico  também  preocupam  54,54%  (30)  das  empresas 

avaliadas. Na classe de risco financeiro, por sua vez, destaca‐se o aumento dos custos / 

redução da margem de lucro que foi citado por 31 empresas (56,36%).  

Já na classe de risco de mercado, o fator de maior incidência é a “demanda dos 

consumidores  por  operações  sustentáveis”  que  preocupa  45,45%  das  empresas.  A 

classe de riscos operacionais apresenta o fator “riscos genéricos nas operações” como 

o mais presente nos relatórios (56,36% das empresas). 

Além destes, outros  fatores de risco apresentam  frequência relativa acima de 

50%,  são  eles:  “uso  de  H2O  e  questões  sanitárias”,  “tecnologia  da  informação, 

atividades de back office e  fornecedores”,  “recursos humanos, design  e  construção, 

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58 

 

meio ambiente”. Percebe‐se que eles são  fatores de risco bastante genéricos,  já que 

apresentam frequência significativa nos mais diversos setores da economia. 

Ressalta‐se,  por  fim,  a  classe  de  riscos  de  reputação  que,  apesar  de  ser 

constituída  de  apenas  um  fator  de  risco,  se  mostrou  presente  em  36,36%  das 

publicações  avaliadas.  Este  fato  pode  representar  uma  conscientização  do mercado 

quanto à existência de uma forte relação entre o DSA e o DFC. 

Tabela 10 Frequência relativa de empresas nas classes de risco por setor da economia 

  

Risco regula‐tório 

Risco físico 

Risco financeiro

Risco de 

crédito Risco de mercado

Risco opera‐cional 

Risco político

Risco de repu‐tação 

Nº de empre‐sas 

Alimentos e bebidas  100,0%  100,0%  100,0%  25,0%  100,0%  100,0%  25,0%  75,0%  4 

Bens de consumo  100,0%  100,0%  100,0%  0,0%  100,0%  100,0%  0,0%  66,7%  3 

Construção  50,0%  50,0%  0,0%  0,0%  0,0%  50,0%  0,0%  0,0%  2 

Energia elétrica  92,3%  92,3%  69,2%  23,1%  61,5%  61,5%  15,4%  30,8%  13 

Finanças e seguros  100,0%  100,0%  55,6%  22,2%  55,6%  88,9%  0,0%  22,2%  9 

Logística  100,0%  100,0%  100,0%  100,0%  100,0%  0,0%  0,0%  0,0%  1 

Móveis  100,0%  100,0%  50,0%  0,0%  50,0%  100,0%  0,0%  0,0%  2 

Mineração  100,0%  100,0%  100,0%  0,0%  100,0%  50,0%  50,0%  100,0%  2 

Papel e celulose  100,0%  100,0%  66,7%  0,0%  66,7%  100,0%  0,0%  33,3%  3 

Petróleo e Gás  100,0%  100,0%  50,0%  0,0%  50,0%  0,0%  0,0%  100,0%  2 

Química  100,0%  100,0%  100,0%  0,0%  100,0%  100,0%  0,0%  0,0%  1 

Saúde e saneamento  100,0%  66,7%  100,0%  33,3%  66,7%  100,0%  0,0%  33,3%  3 

Siderurgia e metalurgia  100,0%  100,0%  75,0%  0,0%  50,0%  75,0%  0,0%  0,0%  4 

Tabaco  100,0%  100,0%  100,0%  100,0%  100,0%  100,0%  0,0%  0,0%  1 

Telecomuni‐cações  100,0%  80,0%  80,0%  20,0%  100,0%  80,0%  0,0%  60,0%  5 

Total  96,36%  92,73%  72,73%  18,18%  69,09%  76,36%  7,27%  36,36%   

 

A  análise  por  setor  revela  que  14  dos  15  setores  percebem  os  riscos 

regulatórios  como muito  importantes  para  seus  negócios  –  com  frequência  relativa 

igual ou superior a 90%. Além disso, 13 setores apresentaram a mesma preocupação 

com  os  riscos  físicos.  Em  contrapartida,  a  classe  de  risco  político  não  é  sequer 

mencionada em 80% dos  setores e  a  classe de  risco de  crédito é  ignorada por 53% 

deles. 

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59 

 

Avaliando‐se cada  setor  separadamente, notam‐se alguns pontos de atenção. 

Primeiramente, as empresas dos  setores de bens de  consumo,  construção e móveis 

não citam a classe de  riscos de crédito em seus  relatórios. Dado que a natureza das 

atividades desses  setores é  intrinsecamente  relacionada ao  crédito, é esperada uma 

preocupação das empresas quanto a esta classe de riscos. 

Ao mesmo  tempo,  o  setor  de  construção  se  abstém  de mencionar  os  riscos 

financeiros  e  o  setor  de  logística  ignora  a  classe  de  riscos  operacionais  em  suas 

publicações. Este fator, pelo mesmo motivo citado no parágrafo anterior, pode indicar 

que ainda é necessário um amadurecimento das publicações das organizações. 

Observando‐se as frequências relativas por classes de risco para cada setor da 

economia,  o  setor  de  alimentos  e  bebidas  é  o  que mais  se  destaca  positivamente 

quanto  à  preocupação  com  os  riscos  de mudanças  climáticas,  apresentando  cinco 

classes  de  risco  com  frequência  relativa  igual  a  100%.  Paralelamente,  o  setor  de 

construção  se  destaca  negativamente,  apresentando  cinco  classes  de  risco  com 

frequência igual à zero. 

Os  setores  de  alimentos  e  bebidas,  bens  de  consumo,  petróleo  e  gás, 

mineração e telecomunicações apresentam frequência relativa igual ou superior a 60% 

para a classe de risco de reputação. A grande frequência relativa desta classe de risco 

pode  indicar  uma  reação  das  empresas  diante  de  uma  possível  mudança  no 

comportamento  dos  investidores  e  consumidores,  ou  seja,  do mercado  em  geral. A 

presença  dos  setores  de  mineração  e  de  petróleo  e  gás  entre  eles  ratifica  essa 

expectativa, já que constituem atividades de grande impacto ambiental. 

Nesse contexto, para tentar buscar uma visão genérica de riscos, cabe ressaltar 

quais  dos  fatores  de  risco,  dentro  de  suas  classes,  apresentam  frequência  relativa 

superior a 50%, ou seja, são citados por pelo menos 28 empresas em suas publicações. 

São apresentados, então, os  fatores dentro de suas classes,  isto é, caso determinada 

classe não tenha alcançado os 50% de frequência, é apresentado apenas o cabeçalho 

com o nome da classe. 

Apresentam‐se,  então,  14  fatores  de  riscos,  nas  oito  classes  de  riscos 

estabelecidas neste estudo na tabela 11, a seguir. 

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60 

 

Tabela 11 Mapa padrão de riscos genéricos 

   Fatores em suas classes 1  Risco regulatório

1.1  Regulação que promove eficiência energética

1.2  Riscos Legais (genérico)

1.3  Uso de H2O e questões sanitárias

2  Risco físico

2.1  Redução do regime hidrológico

2.2  Concentração de CO2 na atmosfera

3  Risco financeiro

3.1  Aumento dos custos / redução da margem

4  Risco de crédito 5  Risco de mercado 6  Risco operacional

6.1  Tecnologia da Informação, atividades de back office activities, fornecedores,

6.2  Recursos humanos (RH), design e construção, meio ambiente

6.3  Risco nas operações (genérico)

7  Risco político 8  Risco de reputação

 

Passando‐se das  classes de  risco  (15) para os  fatores de  risco, diante dos 46 

fatores mapeados,  procura‐se  encontrar  grupos  distintos  de  fatores  de  risco  mais 

frequentes em diferentes setores da economia. Contudo, esta diversidade não ocorre. 

Há  alguns  casos,  como  por  exemplo:  empresas  dos  setores  de  telecomunicações  e 

energia  elétrica  citam  a  “perda  de  ativos  devido  a  eventos  extremos”  com  certa 

frequência,  contudo,  esta  frequência  não  se  destaca  dentro  da  classe  de  risco  nem 

dentro  do  setor  da  economia.  Em  resumo,  os  fatores  de  riscos  se  repetem  entre 

setores,  isto  é,  os  diferentes  setores  da  economia  não  apresentam  preocupações 

distintas no tocante aos fatores de risco dentro de cada classe. 

A  avaliação  setorial  das  frequências  mostra,  portanto,  que  os  setores  da 

economia não  apresentam peculiaridades em  relação  às  classes de  risco. Apesar de 

existirem algumas diferenças – como por exemplo, o setor de bens de consumo tem 

elevadas  frequências  em  riscos  de  mercado,  por  sua  vez  mineração  apresenta 

preocupações com risco político – elas não se constituem em tendências por setor. Ao 

mesmo tempo, em relação aos fatores de risco, eles se repetem dentro de cada classe, 

independentemente do setor.  Isso pode  indicar discernimento ainda  insuficiente das 

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61 

 

empresas e  setores em  relação  aos possíveis  impactos das mudanças  climáticas em 

seus negócios. Os relatórios sobre o assunto teriam pouca consistência. 

A  fim  de  tentar  entender  a  evidência  apresentada  no  parágrafo  anterior,  na 

figura  5  são  apresentadas  as médias  de  fatores  de  risco  encontradas  nos  relatórios 

avaliados por empresa, em cada setor da economia estudado. 

Figura 5 Quantidade de fatores de risco dividida pelo número de empresas do setor 

 

Neste  aspecto,  destacam‐se  com  uma média  alta  os  setores  de mineração, 

alimentos  e  bebidas,  papel  e  celulose  e  telecomunicações16.  Com  média  baixa, 

destaca‐se o  setor  de  construção. Ressalta‐se,  aqui,  a  limitação  da média  para  este 

critério,  ao  mesmo  tempo  em  que  uma  média  elevada  pode  parecer  positiva, 

determinado setor pode estar menos exposto aos riscos climáticos tornando a menor 

citação de fatores uma vantagem. A desvantagem é não perceber a exposição ao risco. 

Neste  caso,  o  setor  de  finanças  destaca‐se  positivamente,  com  citações  de 

riscos que apresentam ligações com seus negócios – tais como riscos operacionais, de 

mercado  e  de  crédito.  Ao  mesmo  tempo,  o  setor  de  construção  civil  se  destaca 

negativamente, pois não considera riscos diretamente  ligados ao se u negócio, como 

os de crédito, por exemplo. 

Como  aqui  a  intenção é  trazer uma  visão  geral da distribuição de  fatores de 

risco por setor, julga‐se relevante apresentar as médias das frequências absolutas por 

                                                            16 Mais uma vez pede‐se atenção ao viés do tamanho da amostra. Ele pode prejudicar a análise neste ponto. 

3,00

9,0010,00 10,56 11,00

13,00 13,3314,00 14,50

15,23 15,4016,00

16,67 17,00

19,00

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

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64 

 

A  ampla dispersão das  frequências absolutas dos  fatores de  risco  ambientais 

em empresas do mesmo setor pode  indicar que não há, no mercado brasileiro, uma 

referência concreta de riscos específicos por setor, há apenas  referenciais genéricos. 

Além disso, pode indicar uma busca das empresas em definir os fatores de risco que se 

mostram  relevantes  para  suas  atividades. Neste  último  caso,  os  resultados  revelam 

que este processo ainda está em desenvolvimento. 

4.3 RELACIONAMENTO DAS INFORMAÇÕES PUBLICADAS COM GERAÇÃO DE VALOR 

A  seguir,  são  analisados  os  resultados  provenientes  da Matriz  de  Valor  de 

Riscos  19. A Matriz  de Valor  de Risco  é  relatada,  em  sua  forma  absoluta  (soma  das 

notas  atribuídas  a  cada  informação)  e  relativa,  por  setor  e  por  classe  de  risco.  As 

matrizes  resumidas  por  classe  de  risco  e  setor  da  economia  são  apresentadas  nas 

tabelas 12 e 13. Suas versões completas estão no apêndice 6 deste trabalho. 

Tabela 12 Soma das notas de nível das informações por classes e por setor da economia 

 Risco regula‐tório 

Risco físico 

Risco finan‐ceiro 

Risco cré‐dito 

Risco merca‐do 

Risco opera‐cional 

Risco poli‐tico 

Risco repu‐tação 

Total MÉDIA setor 

Nº de empresas 

Alimentos e bebidas 

40  25  11  3  11  16  1  3  110  27,5  4 

Bens de consumo 

19  27  6  0  6  11  0  2  71  23,7  3 

Construção  2  3  0  0  0  2  0  0  7  3,5  2 

Energia elétrica 

125  109  57  5  21  47  4  6  374  28,8  13 

Finanças e seguros 

41  44  23  2  21  25  0  2  158  17,6  9 

Logística  2  16  11  1  1  3  0  0  34  34,0  1 

Móveis  23  13  3  0  3  8  0  0  50  25,0  2 

Mineração  20  13  7  0  6  6  1  2  55  27,5  2 

Papel e celulose 

35  25  2  0  5  10  0  1  78  26,0  3 

Petróleo e Gás 

16  10  3  0  4  0  0  3  36  18,0  2 

Química  5  1  2  0  1  4  0  0  13  13,0  1 

Saúde e saneamento 

17  11  7  1  3  7  0  1  47  15,7  3 

Siderurgia e metalurgia 

24  18  12  0  4  14  0  0  72  18,0  4 

Tabaco  5  2  4  4  1  1  0  0  17  17,0  1 

Telecomu‐nicações 

23  22  11  1  13  17  0  3  90  18,0  5 

Total  397  339  159  17  100  171  6  23  1.212  22,0  55 

MÉDIA por classe 

7,22  6,16  2,89  0,31  1,82  3,11  0,11  0,42  22,0     

                                                            19 Matriz de Valor de Riscos que avalia a conexão entre DSA e DFC. Cabe relembrar que a MVR é composta pela soma das notas atribuídas (1 a 4) a cada informação colhida nas publicações das empresas, segundo a escala de Epstein & Roy (2003). 

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65 

 

Quanto à graduação dos níveis das  informações coletadas por setor, percebe‐

se,  inicialmente,  um  destaque  positivo  para  o  setor  de  energia  elétrica,  que 

apresentou  uma  nota  que  representa  30,8%  dos  pontos  totais  coletados. 

Negativamente, por sua vez, destaca‐se o setor de construção civil, que obteve apenas 

1,9% dos pontos que poderia  ter dentro de  seu  setor e uma nota  relativa a apenas 

0,56% dos pontos totais obtidos. 

Em  termos  absolutos,  as  classes  de  risco  regulatório  e  físico  possuem maior 

quantidade de pontos. Porém, diante das notas relativas (tabela 13), a classe de risco 

que  obteve maior  destaque  foi  a  risco  operacional.  Logo,  as  empresas  conseguem 

quantificar e monetizar esta classe em seus relatórios de forma mais efetiva do que as 

demais. Isto pode ocorrer devido ao fato de os riscos operacionais serem diretamente 

relacionados à operação, facilitando o entendimento de seus impactos nos resultados 

da empresas. Entretanto, isto é apenas uma inferência que deve ser estudada. 

Tabela 13 Notas relativas20 de nível da informação por classe por setor da economia 

  Risco regula‐tório 

Risco físico 

Risco finan‐ceiro 

Risco cré‐dito 

Risco mer‐cado 

Risco opera‐cional 

Risco poli‐tico 

Risco  reputa‐ção 

Total Nº em‐

presas 

Alimentos e bebidas  19,2%  9,8%  9,8%  18,8%  17,2%  33,3%  6,3%  18,8%  14,9%  4 

Bens de consumo  12,2%  14,1%  7,1%  0,0%  12,5%  30,6%  0,0%  16,7%  12,9%  3 

Construção  1,9%  2,3%  0,0%  0,0%  0,0%  8,3%  0,0%  0,0%  1,9%  2 Energia elétrica  18,5%  13,1%  15,7%  9,6%  10,1%  30,1%  7,7%  11,5%  15,6%  13 

Finanças e seguros  8,8%  7,6%  9,1%  5,6%  14,6%  23,1%  0,0%  5,6%  9,5%  9, 

Logística  3,8%  25,0%  39,3%  25,0%  6,3%  25,0%  0,0%  0,0%  18,5%  1 

Móveis  22,1%  10,2%  5,4%  0,0%  9,4%  33,3%  0,0%  0,0%  13,6%  2 

Mineração 19,2%  10,2%  12,5%  0,0%  18,8%  25,0% 

12,5%  25,0%  14,9%  2 

Papel e celulose  22,4%  13,0%  2,4%  0,0%  10,4%  27,8%  0,0%  8,3%  14,1%  3 Petróleo e 

Gás  15,4%  7,8%  5,4%  0,0%  12,5%  0,0%  0,0%  37,5%  9,8%  2 

Química  9,6%  1,6%  7,1%  0,0%  6,3%  33,3%  0,0%  0,0%  7,1%  1 

Saúde e saneamento  10,9%  5,7%  8,3%  8,3%  6,3%  19,4%  0,0%  8,3%  8,5%  3 

Siderurgia e metalurgia  11,5%  7,0%  10,7%  0,0%  6,3%  29,2%  0,0%  0,0%  9,8%  4 Tabaco  9,6%  3,1%  14,3%  100,%  6,3%  8,3%  0,0%  0,0%  9,2%  1 Telecom.  8,8%  6,9%  7,9%  5,0%  16,3%  28,3%  0,0%  15,0%  9,8%  5 

Total  13,9%  9,6%  10,3%  7,7%  11,4%  25,9%  2,7%  10,5%  12,0%  55 

                                                            20 Lembra‐se que as notas relativas são a soma de todas as notas do setor sobre a nota máxima que este setor poderia ter. 

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o. Um fato im

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                     eis da escala d

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as  relativas 

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e  tentar  en

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mente,  ava

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                      de Epstein e R

e  observar

ve uma not

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as  empresa

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ntender  o 

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ou  seja,  c

       Roy (2003), co

r  as  notas 

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blicações  d

as  separad

50%,  com

o  setor  de 

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2003).  

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e, diante das

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atreladas  a

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por  setor 

20% –  isto é

o para ele. 

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o  DSA  e  o 

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66 

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67 

 

corporativo  das  empresas  que  as  publicaram.  Ao  mesmo  tempo,  446  (59,55%) 

informações são de nível 1: sem vínculo com o desempenho financeiro da organização. 

Ao compararmos essa distribuição com as notas absolutas e relativas de nível 

das informações, julga‐se interessante observar a quantidade de informações de cada 

nível por setor da economia. A tabela 14 apresenta os dados e a soma da quantidade 

de informações. 

Tabela 14 Quantidade de informações de cada nível por setor 

   Nivel 1  Nivel 2  Nivel 3  Nivel 4  SOMA Nº 

empresas Alimentos e bebidas  41  60,3%  14  20,6% 11  16,2% 2  2,9%    68  4 

Bens de consumo  25  52,1%  23  47,9% 0  0,0%  0  0,0%    48  3 

Construção  5  83,3%  1  16,7% 0  0,0%  0  0,0%    6  2 

Energia elétrica  103  52,0%  32  16,2% 45  22,7% 18 9,1%    198  13 

Finanças e seguros  52  54,7%  24  25,3% 18  18,9% 1  1,1%    95  9 

Logística  5  35,7%  0  0,0%  7  50,0% 2  14,3%   14  1 

Móveis  11  37,9%  15  51,7% 3  10,3% 0  0,0%    29  2 

Mineração  25  65,8%  9  23,7% 4  10,5% 0  0,0%    38  2 

Papel e celulose  29  58,0%  14  28,0% 7  14,0% 0  0,0%    50  3 

Petróleo e Gás  17  65,4%  8  30,8% 1  3,8%  0  0,0%    26  2 

Química  10  90,9%  0  0,0%  1  9,1%  0  0,0%    11  1 

Saúde e saneamento  34  85,0%  5  12,5% 1  2,5%  0  0,0%    40  3 

Siderurgia e metalurgia  17  42,5%  14  35,0% 9  22,5% 0  0,0%    40  4 

Tabaco  5  55,6%  2  22,2% 0  0,0%  2  22,2%   9  1 

Telecomunicações  67  87,0%  7  9,1%  3  3,9%  0  0,0%    77  5 

Total  446  59,5%  168 22,4% 110 14,7% 25 3,3%    749  55 

 

Novamente, destaca‐se o setor de energia elétrica, porém desta vez o destaque 

é negativo, pois 52,0% das  informações observadas neste setor são de nível 1. Dado 

que este é o setor com a maior frequência de informações, confirma‐se que sua maior 

nota  na Matriz  de  Valor  de  Risco,  que  soma  as  notas  atribuídas  às  informações,  é 

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68 

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de  que  a

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70 

 

Em sua maioria, esses fatores de risco apresentam apenas uma  informação de 

nível  4  dentro  de  toda  a  amostra  estudada  –  à  exceção  dos  da  classe  de  riscos 

financeiros  e  operacionais.  Ao  mesmo  tempo,  quando  observada  as  frequências 

absoluta  e  relativa  desses  fatores,  comparativamente  aos  demais  fatores  dentro  da 

mesma classe, muitos se apresentam bastante significativos. 

A  fim de evidenciar a ambiguidade citada no parágrafo anterior  (frequência X 

níveis das informações), verifica‐se relação da frequência absoluta desses fatores com 

a  quantidade  de  informações  em  nível  4  a  ele  relacionadas.  A  comparação  é 

apresentada na figura 11. Ressalta‐se o fator de risco “impacto sobre o fluxo de caixa” 

que aparece com nível 4 em 9 das 10 empresas que apresentam alguma  informação 

deste nível. 

Figura 11 Comparação: frequência absoluta X nº informações nível 4 

 

Percebe‐se uma  inconsistência nos fatores de risco “regulação que promove a 

eficiência  energética”,  aqui  citado  como  “eficiência  energética”,  e  “riscos  legais 

(genérico)”.  Apesar  de  serem  os  mais  citados  em  termos  de  frequência  absoluta, 

possuem apenas uma  informação de nível 4 a eles associadas. Este padrão se repete 

para os demais fatores de risco. 

Cabe,  neste  ponto,  apresentar  a  frequência  de  informações  de  nível  1 

encontradas  nos  relatórios.  A  figura  12  traz  a  distribuição  das  frequências  por 

empresa. 

1 1 1 1 1 1 1 1 2 24

910

19

30

4743

17

39

11

31

13

3127

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Freq

uencia de ocorrência

Quantidade de nível 4 (barra) Frequência absoluta (quadrado)

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obtidos. Ca

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tam menor

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abe, agora, 

ara pesquis

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 nesse aspe

o de frequê

desempenh

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s que publi

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apresentar

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ência absolu

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decorrente

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72 

 

5 CONCLUSÃO 

Chegando  ao  fim  da  pesquisa  de  dissertação,  remete‐se  às  perguntas 

levantadas como objetivo principal deste trabalho: 

Quais  são  os  principais  riscos  associados  às  mudanças  climáticas 

percebidos no mercado brasileiro? 

As  empresas  medem  os  impactos  financeiros  desses  riscos  em  seu 

valor?  Se  sim,  essas medições  realmente  relatam  adequadamente  os 

possíveis impactos financeiros que podem afetar as empresas? 

Observadas  as  limitações do método destacadas no  item 3.4 desta pesquisa, 

infere‐se que os principais  riscos associados às mudanças climáticas percebidos pelo 

mercado brasileiro  são os que  foram obtidos a partir do mapeamento  realizado. Os 

fatores  de  risco  mapeados  são  agrupados  em  classes  de  riscos  coerentes  com  as 

descritas pela comunidade acadêmica em estudos de gestão de riscos em geral. Esta 

afirmação,  apesar de parecer  trivial,  revela que  a  recente preocupação do mercado 

brasileiro com os riscos de mudanças climáticas vai ao encontro das preocupações da 

gestão de riscos atual. 

O  resultado  do  levantamento  dos  riscos  empresariais  é  um  mapa  com  46 

fatores  de  riscos,  obtidos  a  partir  dos  relatórios  do  CDP.  No  momento  do 

mapeamento, esperava‐se que, dentro deste grupo, fosse encontrado um subgrupo de 

fatores  e  classes  genéricos,  comuns  a  vários  setores,  e  alguns  outros  subgrupos  de 

fatores específicos de cada setor da economia. Os resultados mostram que isto não se 

confirma. 

De acordo com as publicações estudadas, os setores distintos da economia não 

apresentam preocupações distintas com relação tanto às classes quanto aos fatores de 

risco.  Assim,  percebe‐se  que  a  presença  das  classes  e,  mais  especificamente,  dos 

fatores  de  risco,  ocorre  de  forma  indeterminada,  sendo  eles  dispersos  nos  mais 

diversos setores e empresas. Não há subgrupos de fatores de risco específicos que se 

destacam por setor.  Isto pode sugerir que as empresas atuantes no Brasil ainda  têm 

uma compreensão limitada dos impactos das mudanças climáticas em seus negócios. 

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73 

 

Nesse  contexto,  ressalta‐se  que,  no  tocante  à  frequência  relativa,  63%  dos 

fatores de risco (29 fatores) concentram‐se nas classes de riscos regulatórios e físicos. 

Ou  seja,  há maior  foco  nas  classes  ligadas  aos  efeitos mais  evidentes  dos  impactos 

ambientais  e  menos  fatores  relacionados  às  operações  e  à  cadeia  de  valor  das 

empresas. Ao mesmo  tempo,  a Matriz  de Valor  de Risco  destaca  a  classe  de  riscos 

operacionais  como  a  de  melhor  classificação  quanto  ao  nível  das  informações 

publicadas,  apresentando  mais  informações  que  relacionam  o  desempenho 

socioambiental com o desempenho financeiro da organização. 

Esta constatação pode revelar um fator importante: ao mesmo tempo em que 

sofrem a pressão regulatória do mercado –  justificando a quantidade de publicações 

referentes  à  regulação  –  as  empresas  atuantes  no  mercado  brasileiro  estão  se 

tornando  cientes  de  que  as  mudanças  climáticas  podem  acarretar  em  perdas 

operacionais que comprometem diretamente seus negócios –  levando à preocupação 

com riscos operacionais.  

Apesar  de  ser  pouco  relevante  em  relação  às  demais  classes,  a  simples 

presença de preocupações com riscos políticos e de crédito corrobora a tendência do 

mercado  brasileiro  em  perceber  que  as mudanças  climáticas  geram  consequências 

holísticas,  isto é, podem prejudicar a empresa politicamente ou mesmo acarretar em 

problemas  para  os  negócios  de  suas  contrapartes,  gerando  incapacidade  de 

cumprimento com suas obrigações. 

Um exemplo disso  são os  setores de  logística e  tabaco. Ambos apresentaram 

100% de  frequência relativa na classe de risco de crédito. Embora a amostra seja de 

ambos os setores seja unitária, podendo ocorrer o viés do tamanho da amostra, esses 

setores acreditam que os riscos climáticos podem afetar seus clientes e fornecedores, 

de forma a  levar ao não cumprimento de seus compromissos contratuais. O setor de 

saúde  e  saneamento  e  também  o  de  alimentos  e  bebidas  se  preocupam 

significativamente com o crédito. 

Avaliando‐se  a  frequência  relativa  por  classe  dos  setores  de mineração  e  de 

petróleo, percebe‐se que ambos atribuem 100% na classe de risco de reputação. Isso, 

segundo o ponto de vista da autora, pode ocorrer devido ao fato de essas atividades 

gerarem grandes  impactos ambientais e emitirem grande quantidade de GEEs. Como 

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esses dois setores estão constantemente sob a vigilância dos órgãos reguladores e dos 

grupos ativistas, é esperado que se preocupem bastante com a sua reputação.  

Ao tentar responder à segunda pergunta da pesquisa, ratifica‐se que, apesar da 

grande  relevância  dos  riscos mapeados,  as  empresas  falham  em medir  o  impacto 

desses  riscos  em  seu  valor.  As  medições  que  as  empresas  apresentam  em  seus 

relatórios  ainda  não  revelam  de  forma  clara  os  reais  impactos  financeiros  que  elas 

podem sofrer – assim sendo, não revelam o impacto em seu valor. Ao mesmo tempo, 

não é possível  relacionar, neste  aspecto,  a quantidade  à qualidade das  informações 

publicadas.  

Vale ressaltar o destaque do setor de energia, tanto em frequência, quanto nas 

notas  de  nível  de monetização  das  preocupações  com  os  riscos  climáticos.  Apesar 

deste  destaque,  há  empresas  de  energia  que  não  publicam  informações  de  boa 

qualidade nem  com boa  frequência. Contudo, o destaque deste  setor  sugere que  a 

influência  regulação  do  setor  de  energia  no  Brasil  é  determinante,  levando  a  uma 

necessidade  de  maior  transparência  em  todas  as  suas  atividades.  Por  outro  lado, 

analisando  as  informações  descritivas  (nível  1)  dos  relatórios,  ressalta‐se  que  as 

empresas  que  se  destacam  aqui  são,  em  grande  parte,  as  mesmas  que  ocupam 

posições boas no critério de frequência absoluta dos fatores de risco. 

As empresas que apresentam maior quantidade de  fatores de risco de nível 4 

apresentam menor quantidade de informações de nível 1, à exceção das empresas do 

setor  de  energia  elétrica.  Este  fato  é  bastante  positivo,  podendo  revelar  que  essas 

empresas  já possuem um maior entendimento de quais  são os  riscos  climáticos que 

mais lhes afetam e de como relacionar seu DSA e seu DFC. 

Outro ponto de atenção é a grande variabilidade  intra‐setores das frequências 

absolutas  atribuídas  aos  fatores  de  risco.  Os  setores  que  se  apresentaram  mais 

consistentes quanto à frequência de fatores de risco são os de siderurgia e metalurgia, 

papel e celulose, bens de consumo e alimentos e bebidas. Os demais setores, exceto 

os que são constituídos de apenas uma empresa, apresentaram ampla variabilidade no 

tocante à citação dos fatores de risco decorrente de mudanças climáticas.  

A  grande dispersão das  frequências  absolutas em empresas do mesmo  setor 

pode  indicar  que  não  há,  no mercado  brasileiro,  uma  referência  concreta  de  riscos 

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específicos  por  setor,  há  apenas  referenciais  genéricos.  Assim,  cabe  inferir  sobre  a 

conscientização das  empresas diante das  informações que publicam.  Elas percebem 

uma  necessidade  grande  de  informar  o  público  sobre  seus  riscos  decorrentes  de 

mudanças  climáticas,  porém  ainda  não  conseguiram  identificar  um  padrão  para  a 

publicação de seus riscos genéricos e específicos.  

Uma  possível  explicação  para  esse  fato  é  que  os  relatórios  e  publicações  de 

sustentabilidade das empresas que atuam no Brasil são elaborados, em geral, por um 

grupo  restrito de  consultorias que atuam nesta área. Assim, pode haver um viés de 

padronização por parte dos  autores, que  ainda não observam  as  especificidades de 

cada setor da economia.  

As empresas do mercado brasileiro, por conseguinte, parecem ainda estar em 

um  estágio  inicial  de  posicionar  diante  dos  riscos  de  mudanças  climáticas  que 

percebem. Há uma  tendência  à  exploração desses  riscos,  contudo não há  consenso 

setorial ou genérico sobre quais são esses riscos nem  tampouco sobre a medição de 

seus  impactos. Acredita‐se que o próximo passo seja o estabelecimento dos padrões 

de  riscos genéricos do mercado para que, em  seguida,  cada  setor  consiga definir os 

fatores  de  riscos  específicos  de  suas  atividades.  Com  a  padronização,  pode‐se, 

também, estimular a geração de informações mais monetizadas pelas organizações, e 

a definição de fatores de riscos específicos a cada setor22. 

As empresas que atuam no Brasil, portanto, ainda se encontram em um estágio 

inicial de  incorporação dos  riscos empresariais decorrentes das mudanças  climáticas 

em  seu modelo  de  gestão  de  riscos.  É  necessário  tentar  ampliar  o  relacionamento 

entre o desempenho  sócio ambiental e o desempenho econômico a  fim de atender 

aos  públicos  de  interesse,  quais  sejam  os  investidores,  gestores  e  clientes  das 

organizações. 

O fato de cerca de 37% da informação estudada estar concentrada nos níveis 2 

e  3  revela  que  há  fundamentos  para  uma modificação  desse  cenário.  As  empresas 

possuem as  informações necessárias, realizam movimentos no sentido de quantificá‐

las e percebem receitas, despesas e investimentos isolados provenientes delas.  

                                                            22 Diante do escopo deste trabalho e do tempo necessário para o estudo das particularidades de cada setor estudado, a autora acredita que a definição de  fatores específicos para cada setor da economia pode ser objeto de estudo de pesquisas posteriores. 

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Resta, contudo, a conexão plena com o desempenho financeiro e a geração de 

valor  para  a  organização,  sendo  necessário  desenvolver  sistemas  de  informação 

gerencial e comunicação corporativa efetivos. É necessário que as empresas  tenham 

maior  transparência  das  informações  que  publicam,  a  fim  de  incorporar  o  seu  real 

valor nos preços de mercado.  

Quando as  informações relacionadas ao DSA não são  incorporadas nas avaliações de 

gestores e investidores no momento de uma decisão de investimento, eles atribuem valor zero 

ao DSA. A sociedade e o mercado brasileiro estão aprendendo a relacionar o DSA e o DFC. O 

primeiro passo para a ampliação do relacionamento entre o DSA e o DFC pode ser a 

maior  integração  entre  os  setores  financeiro,  sociambiental  e  de  comunicação  das 

empresas. Assim, pode‐se  incentivar  a publicação de  informações demandadas pelo 

mercado com maior grau de monetização e com qualidade, gerando maior  interesse 

da comunidade financeira pelas informações e criando, assim, um ciclo virtuoso. 

Ao fim da presente pesquisa, surgem novas dúvidas e questões merecedoras de 

atenção. A autora, portanto, as deixa como sugestão para estudos futuros.  

Inicialmente,  cabe  um  estudo  mais  profundo  por  setor,  visando  ao 

aperfeiçoamento  dos  relatórios  de  sustentabilidade  das  empresas.  Uma  pesquisa 

relevante  seria  a  discussão  das  origens  de  cada  fator  de  risco  em  cada  setor  da 

economia  e  seus  impactos diretos nos desempenhos  financeiro  e  socioambiental. A 

partir  disso,  seria  possível  tentar  estabelecer  uma  correlação  entre  os  setores,  os 

fatores e as classes de risco.  

Nesse mesmo contexto, surge a questão do impacto da regulação setorial sobre 

a  preocupação  das  empresas  com  as  ações  e  a  publicação  de  seus  resultados  em 

sustentabilidade. O presente estudo mostrou que empresas de um setor regulado se 

destacam no tocante às suas  informações. Mostrou, também, grande  força da classe 

de  risco  regulatório  na  frequência  das  citações  nos  relatórios  estudados.  É 

interessante,  sob  uma  abordagem  de  adaptação  das  empresas  e  não  apenas  de 

mitigação  dos  riscos  ambientais,  analisar  os  investimentos  de  longo  prazo  das 

organizações.  Assim,  é  possível  buscar  entender  quais  as  ações  de  sustentabilidade 

que são provenientes da  imposição regulatória e quais são  fruto da própria  iniciativa 

das empresas. 

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Além disso, dado que a presente pesquisa utilizou como fonte de  informações 

dados públicos e provenientes das próprias organizações, sugere‐se uma pesquisa que, 

a  partir  de  dados  primários,  busque  perceber  as  expectativas  dos  fundos  de 

investimento  e  da  imprensa  especializada  sobre  essas  mesmas  informações.  É 

relevante entender não  só a qualidade da  informação publicada,  como  também  sua 

adequação às expectativas dos tomadores de decisão. 

Outra questão que surge deste debate é a verificação, a partir da montagem de 

duas carteiras teóricas, da percepção dos investidores diante dos posicionamentos das 

empresas  face  aos  riscos  empresariais  mapeados  nesta  pesquisa.  Além  de  tentar 

refletir o  relacionamento entre a publicação de  informações de  sustentabilidade e a 

geração  de  valor  para  a  empresa,  esta  avaliação  pode  ratificar  o  resultado  desta 

pesquisa  quanto  à  qualidade  das  publicações  e  seu  relacionamento  com  o 

desempenho financeiro corporativo. 

Por  fim,  caso  os  resultados  anteriores  se  mostrem  adequados,  sugere‐se 

estudar a  relação de causalidade entre os desempenhos  socioambiental e  financeiro 

corporativo diante dos riscos de mudanças climáticas. 

 

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MARENGO,  J. Mudanças  Climáticas Globais  e  seus  Efeitos  sobre  a  Biodiversidade: caracterização  do  clima  atual  e  definição  das  alterações  climáticas  para  o  território brasileiro  ao  longo  do  século  XXI.  Brasília:  Ministério  do  Meio  Ambiente  Editora Gráfica,  2006.  Disponível  em <http://www.mma.gov.br/estruturas/imprensa/_arquivos/livro%20completo.pdf>. Acesso em: 21 setembro 2010.  MARQUES, M.; TEIXEIRA, C. A Responsabilidade Social das Empresas e o Desempenho Organizacional. Polytechnical Studies Review, v VI, n 10, p. 149‐164, 2008.  MARTINS, M. Qual o Valor de uma Empresa? Coluna APIMEC Sul. Rio Grande do Sul. Disponível  em: <http://www.acionista.com.br/mercado/artigos_mercado/ovalordeumaempresa.pdf> Acesso em: 30 dezembro 2010.  MATTAROZZI, V;  TRUNKL,  C;  Sustentabilidade  no  Setor  Financeiro:  gerando  valor  e novos negócios. São Paulo: Editora SENAC, 2008.  MCKINSEY & COMPANY. Pathways to a Low‐Carbon Economy for Brazil. McKinsey & Company, 2009.  McWilliams, A;  SIEGEL, D. Corporate  social  responsibility  and  financial desempenho: Correlation  or misspecification?    Strategic Management  Journal,  v  21,  p.  603‐609, 2000.  OLIVEIRA, D. John Nash, e os Seguros ambientais contra as mudanças climáticas. Brasil EcoNews.  Rio  de  Janeiro:  05  mar  2010.  Disponível  em: <http://brasileconews.blogspot.com/2010/03/john‐nash‐e‐os‐seguros‐ambientais.html> Acesso em: 07 maio 2010.  ORLITZKY, M.  Does  Firm  Size  Confound  the  Relationship  between  Corporate  Social Desempenho and Firm Financial Desempenho?. Journal of Business Ethics, v 33, n 2, p. 167‐180, 2001.  PEDROZO, S. A onda verde nos seguros. EXAME, São Paulo: 2/12/2009, disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/seguro‐ambiente‐danos‐ambientais‐riscos‐518317.shtml>. Acesso em: 06 maio 2010.  PRESTON, L.; O’BANNON, D. The Corporate Social‐Financial Desempenho Relationship. Business and Society, v 36, n 4, p. 419‐429, 1997.  RENNEBOOG,  L.; HORST,  J.;  ZHANG C.  Socially  responsible  investments:  Institutional aspects, desempenho, and  investor behavior.  Journal of Banking & Finance, v 32, p. 172–174, 2008.  RUF, B.; MURALIDHAR, K; BROWN, R.; JANNEY, J.; PAUL, K. An Empirical  Investigation of  the Relationship Between Change  in Corporate  Social Desempenho  and  Financial Desempenho: A Stakeholder Theory Perspective.  Journal of Business Ethics, v 32, p. 143–156, 2001. 

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APÊNDICE 1 EMPRESAS DA AMOSTRA EM ORDEM ALFABÉTICA POR SETOR 

 

   

ID  Setor Empresa

1  Alimentos e Bebidas Ambev2  Alimentos e Bebidas JBS3  Alimentos e Bebidas BRF

4  Alimentos e Bebidas Bunge Alimentos5  Bens de Consumo  Natura6  Bens de Consumo  Unilever7  Bens de Consumo  Wal‐Mart8  Construção  Amanco10  Construção  EVEN11  Energia elétrica  AES12  Energia elétrica  CESP13  Energia elétrica  Coelba14  Energia elétrica  Coelce15  Energia elétrica  CEMIG16  Energia elétrica  COPEL17  Energia elétrica  CPFL19  Energia elétrica  EDP20  Energia elétrica  Elektro21  Energia elétrica  Eletrobras22  Energia elétrica  Tractebel24  Energia elétrica  CBD25  Energia elétrica  CTEEP26  Finanças e seguros Banco do Brasil27  Finanças e seguros Bradesco28  Finanças e seguros Itau Unibanco29  Finanças e seguros Mapfre30  Finanças e seguros Real ‐ Santander31  Finanças e seguros Redecard S/A32  Finanças e seguros Serasa Experian33  Finanças e seguros Sul América34  Finanças e seguros Porto Seguro35  Logística  ALL36  Mineração  Anglo American37  Mineração  Vale38  Móveis  Duratex39  Móveis  Masisa40  Papel e celulose  Fibria41  Papel e celulose  Suzano42  Papel e celulose  Klabin43  Petróleo e Gás  BG Group44  Petróleo e Gás  Petróleo Brasileiro S.A45  Química  Braskem46  Saúde e saneamento Diagnósticos da América S.A.47  Saúde e saneamento Odontoprev48  Saúde e saneamento SABESP49  Siderurgia e metalurgia Alcoa50  Siderurgia e metalurgia Arcelor Mittal52  Siderurgia e metalurgia Gerdau53  Siderurgia e metalurgia Usiminas54  Tabaco  Souza Cruz56  Telecomunicações  Telemar57  Telecomunicações  Tim Participações58  Telecomunicações  Vivo59  Telecomunicações  Telefonica ‐ TELESP60  Telecomunicações  NET

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APÊNDICE 2 EMPRESAS DA AMOSTRA DO CDP EM ORDEM ALFABÉTICA POR SETOR 

ID  Setor  Empresa 

1  Alimentos e bebidas Ambev2  Alimentos e bebidas JBS3  Alimentos e bebidas BRF4  Bens de consumo Natura5  Construção PDG Realt6  Energia elétrica AES7  Energia elétrica CBD8  Energia elétrica CEMIG9  Energia elétrica CESP

10  Energia elétrica CPFL11  Energia elétrica CTEEP12  Energia elétrica Duke Energy13  Energia elétrica EDP14  Energia elétrica Eletrobras15  Energia elétrica Terna16  Energia elétrica Tractebel17  Finanças e seguros Porto Seguro18  Finanças e seguros Unibanco Itau19  Logística  ALL20  Mineração Vale21  Móveis  Duratex22  Papel e celulose Klabin23  Papel e celulose Fibria24  Petróleo e Gás BG Group25  Química  Braskem26  Saúde e saneamento SABESP27  Saúde e saneamento Odontoprev28  Siderurgia e 

metalurgia CSN

29  Tabaco  Souza Cruz30  Telecomunicações GVT Holding31  Telecomunicações Net32  Telecomunicações Telefonica ‐ TELESP33  Telecomunicações Tim Participações34  Telecomunicações Vivo Participações

 

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APÊNDICE 3 EMPRESAS DA AMOSTRA FINAL EM ORDEM ALFABÉTICA POR SETOR 

ID  Setor Empresa

1  Alimentos e Bebidas Ambev2  Alimentos e Bebidas JBS3  Alimentos e Bebidas BRF4  Alimentos e Bebidas Bunge Alimentos5  Bens de consumo Natura6  Bens de consumo Unilever7  Bens de consumo Wal‐Mart8  Construção  Amanco9  Construção  EVEN10  Energia elétrica AES11  Energia elétrica CESP12  Energia elétrica Coelba13  Energia elétrica Coelce14  Energia elétrica CEMIG15  Energia elétrica COPEL16  Energia elétrica CPFL17  Energia elétrica EDP18  Energia elétrica Elektro19  Energia elétrica Eletrobras20  Energia elétrica Tractebel21  Energia elétrica CBD22  Energia elétrica CTEEP23  Finanças e seguros Banco do Brasil24  Finanças e seguros Bradesco25  Finanças e seguros Unibanco Itau26  Finanças e seguros Mapfre27  Finanças e seguros Real ‐ Santander28  Finanças e seguros Redecard S/A29  Finanças e seguros Serasa Experian30  Finanças e seguros Sul América31  Finanças e seguros Porto Seguro32  Logística  ALL33  Mineração  Anglo American34  Mineração  Vale35  Móveis  Duratex36  Móveis  Masisa37  Papel e celulose Fibria38  Papel e celulose Suzano39  Papel e celulose Klabin40  Petróleo e Gás BG Group41  Petróleo e Gás Petróleo Brasileiro S.A42  Química  Braskem43  Saúde e saneamento Diagnósticos da América S.A.44  Saúde e saneamento Odontoprev45  Saúde e saneamento SABESP46  Siderurgia e metalurgia Alcoa47  Siderurgia e metalurgia Arcelor Mittal48  Siderurgia e metalurgia Gerdau49  Siderurgia e metalurgia Usiminas50  Tabaco  Souza Cruz51  Telecomunicações Telemar52  Telecomunicações Tim Participações53  Telecomunicações Vivo54  Telecomunicações Telefonica ‐ TELESP55  Telecomunicações NET

 

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APÊNDICE 4 FATORES DE RISCO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS MAPEADOS NO CDP 

ID  Riscos e suas classes

1  Regulatório1.1  Comércio de Emissões (Trading)1.2  Taxas de Carbono1.3  Acordos de compra de energia (PPA)1.4  Metas de renováveis (UE; EUA)1.5  Planos nacionais de redução de emissões na Europa1.6  Impostos e taxas ambientais1.7  Kyoto 1.8  Período pós‐Kyoto (novos acordos)1.9  Regulação que promove eficiência energética1.10  Riscos Legais (genérico)1.11  Uso de H2O e questões sanitárias1.12  Investimento para mitigação (ex. Área de Floresta)1.13  Barreiras comerciais

2  Físico 2.1  Eventos extremos2.2  "Upstream factors"2.3  Redução do regime hidrológico2.4  Aumento da temperatura no verão2.5  Temperaturas muito baixas2.6  Aumento da temperatura global2.7  Ventos extremos2.8  Enchentes2.9  Secas 2.10  Incêndio 2.11  Chuvas torrenciais2.12  Redução do fluxo dos rios2.13  Concentração de CO2 na atmosfera2.14  Perda de ativos decorrentes de eventos extremos2.15  Aumento da disseminação de doenças2.16  Acidentes 

   3  Risco financeiro

3.1  Controle de transparência nos relatórios RI3.2  Controle interno dos relatórios RI3.3  Altos níveis de alavancagem financeira3.4  Levantar capital necessitado3.5  Volatilidade da receita3.6  Impacto sobre fluxo de caixa3.7  Redução da margem / aumento dos custos4  Risco de crédito

4.1  Clientes, contrapartes e fornecedores5  Risco de mercado

5.1  Preços de commodities, derivativos e ativos5.2  Demanda por operações sustentáveis5.3  Aumento/queda da demanda do produto/serviço.5.4  Comprometimento do portfolio / serviço6  Risco operacional

6.1  TI, atividades de  back office e fornecedores6.2  Recursos Humanos e impacto ambiental da companhia6.3  Risco nas operações (genérico)7  Risco político8  Risco de reputação

 

   

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APÊNDICE 5 MATRIZ BINÁRIA DE RISCOS (MBR) 

  Caso  o  fator  de  risco  seja  citado  pelo menos  uma  vez  por  cada  empresa  em  seus 

relatórios, é marcado o como 1 neste fator e nesta classe, na respectiva empresa. 

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00

01

00

10

01

00

0Se

cas

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00

10

10

01

00

11

10

10

00

Incê

ndio

00

00

00

00

00

00

00

00

10

00

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va

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00

00

00

00

00

01

00

00

00

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10

01

11

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10

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11

11

01

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11

01

11

10

11

00

11

11

01

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e ev

ento

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rem

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00

00

00

00

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01

10

10

01

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de

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nça

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10

01

00

00

00

00

00

00

00

0Ac

iden

tes

00

00

01

00

00

00

00

00

00

01

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88 

 

 

    

Risc

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Wal

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10

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s fin

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00

00

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10

01

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00

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s fin

ance

iros

00

00

00

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00

00

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e al

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m fin

ance

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00

00

00

00

10

00

00

00

00

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00

00

00

01

00

00

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10

00

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00

01

00

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00

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01

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01

00

10

00

11

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00

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s / re

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11

11

11

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10

01

01

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00

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00

10

00

00

10

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00

01

00

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s e fo

rnec

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00

10

00

00

10

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00

15

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11

11

11

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00

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10

11

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11

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00

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11

10

11

10

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10

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00

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00

01

00

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11

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01

01

00

00

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01

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16

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11

11

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01

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00

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1719

1711

1915

126

027

97

1127

1317

310

1517

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89 

 

 

 

Risc

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10

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00

Page 91: MARTA VIEIRA ABRÃO MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RISCOS ...objdig.ufrj.br/41/teses/Marta_Abrao.pdf · MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RISCOS EMPRESARIAIS: posicionamento corporativo e ... Tabela

90 

 

    

Risc

oCB

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EEP

Banc

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Con

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inte

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00

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tar c

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01

01

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10

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00

00

00

00

00

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01

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00

01

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1123

95

78

913

1514

13

Page 92: MARTA VIEIRA ABRÃO MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RISCOS ...objdig.ufrj.br/41/teses/Marta_Abrao.pdf · MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RISCOS EMPRESARIAIS: posicionamento corporativo e ... Tabela

91 

 

 

 

 

 

   

Ris

co

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92 

 

 

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99

918

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93 

 

 

   

RiscoTIM

PARTICIPAÇÕESTelefonica -

TelespNET VIVO

1 Risco regulatório 1 1 1 1Comércio de Emissões (Trading) 0 0 0 0Taxas de Carbono 0 1 1 0Acordos de compra de energia (PPA) 0 0 0 0Metas de renov áv eis (EU e USA) e o pacote energia-clima; 0 0 0 0Planos nacionais de redução de emissões na Europa 0 0 0 0Impostos e taxas ambientais 0 0 0 0Kyoto 0 1 1 0Período pós-Kyoto (nov os acordos) 1 1 1 0Regulação que promov e eficiência energética 1 1 1 1Riscos Legais (genérico) 1 0 1 0Uso de H2O e questões sanitárias 0 0 0 1Necessidade de inv estimento para mitigação (ex. Área de Flores 0 0 0 1Barreiras comerciais 0 0 0 0

2 Risco físico 1 1 0 1Ev entos extremos 0 0 0 0"Upstream factors" 0 0 0 0

Redução do regime hidrológico 1 0 0 0Aumento da temperatura no v erão 1 0 0 0Temperaturas muito baixas 0 0 0 0Aumento da temperatura global 1 0 0 0Ventos extremos 0 1 0 0Enchentes 0 1 0 0Secas 0 1 0 0Incêndio 0 0 0 0Chuv as torrenciais 1 0 0 0Redução do fluxo dos rios 1 0 0 0Concentração de CO2 na atmosfera 1 1 0 0

Perda de ativ os decorrentes de ev entos extremos 1 1 0 1Aumento da disseminação de doenças 1 0 0 0Acidentes 0 1 0 0

3 Risco financeiro 1 1 1 0Controle de transparência nos relatórios financeiros 1 0 0 0Controle interno dos relatórios financeiros 0 0 0 0Altos nív eis de alav ancagem financeira 0 0 0 0Lev antar capital necessitado 0 1 0 0Volatilidade da receita 1 1 0 0Impacto sobre fluxo de caixa 1 0 1 0Aumento dos custos / redução da margem 1 1 1 0

4 Risco de crédito 1 0 0 0Clientes, contrapartes e fornecedores 1 0 0 0

5 Risco de mercado 1 1 1 1Preços de eletricidade, combustív ies e deriv ativ os (hedges), a 1 1 0 0Demanda do mercado por operações sustentáv eis. 1 1 0 1Aumento/queda da demanda pelo produto/serv iço. 1 0 1 0Comprometimento do portfolio / serv iço 1 1 0 1

6 Risco operacional 1 0 1 1Tecnologia da Informação, ativ idades de back office activ itie 1 0 1 0recursos humanos (RH), design e construção, meio ambiente (i 1 0 0 1Risco nas operações (genérico) 1 0 1 0

7 Risco político 0 0 0 08 Risco de reputação 0 1 0 1

TOTAL POR EMPRESA 23 16 10 7

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94 

 

APÊNDICE 6 MATRIZ DE VALOR DE RISCOS (MVR) 

  De  acordo  com  os  níveis  de  classificação  provenientes  da  escala  de  Epstein  e  Roy 

(2001), foi gerada a planilha a seguir. 

 

 

   

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95 

 

 

 

 

 

 

   

Risco

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Page 97: MARTA VIEIRA ABRÃO MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RISCOS ...objdig.ufrj.br/41/teses/Marta_Abrao.pdf · MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RISCOS EMPRESARIAIS: posicionamento corporativo e ... Tabela

96 

 

       

Risc

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97 

 

      

Risco

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Page 99: MARTA VIEIRA ABRÃO MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RISCOS ...objdig.ufrj.br/41/teses/Marta_Abrao.pdf · MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RISCOS EMPRESARIAIS: posicionamento corporativo e ... Tabela

98 

 

 

         

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99 

 

   

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Page 101: MARTA VIEIRA ABRÃO MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RISCOS ...objdig.ufrj.br/41/teses/Marta_Abrao.pdf · MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RISCOS EMPRESARIAIS: posicionamento corporativo e ... Tabela

100 

 

  

       

RiscoSouza Cruz

TELEMARTIM

Participações

Telefonica - Telesp

NET VIVO

1 RegulatórioComércio de Emissões (Trading)Taxas de Carbono 1 1Acordos de compra de energia (PPA)Metas de renov áv eis (EU e USA) e o pacote energia-clima;Planos nacionais de redução de emissões no exteriorImpostos e taxas ambientaisKyoto 1 1 1Período pós-Kyoto (nov os acordos) 1 3 1 1Regulação que promov e eficiência energética/ energia renov . 2 2 1 1 1Riscos Legais (genérico) 1 1 1 1Uso de H2O e questões sanitárias 1 1Necessidade de inv estimento para mitigação (ex. Floresta) 2 2Barreiras comerciais

2 FísicoEv entos extremos 1"Upstream factors"

Redução do regime hidrológico 1Aumento da temperatura no v erão 1Temperaturas muito baixasAumento da temperatura global 1 1Ventos extremos 1 1Enchentes 1 1Secas 1IncêndioChuv as torrenciais 1 1Redução do fluxo dos rios 1Concentração de CO2 na atmosfera 2 1 1

Perda de ativ os decorrentes de ev entos extremos 1 1 1 1Aumento da disseminação de doenças 1 1Acidentes 1

3 Risco financeiroControle de transparência nos relatórios financeiros 1Controle interno dos relatórios financeirosAltos nív eis de alav ancagem financeiraLev antar capital necessitado 1Volatilidade da receita 1 1Impacto sobre fluxo de caixa 1 1 1Aumento dos custos / redução da margem (ou redução) 4 1 1 1 1

4 Risco de créditoClientes, contrapartes e fornecedores 4 1

5 Risco de mercadoPreços de eletricidade, combustív ies e deriv ativ os (hedges) 1 1 1 1Demanda do mercado por operações sustentáv eis. 1 1 1 1Aumento/queda da demanda pelo produto/serv iço. 1 1Comprometimento do portfolio / serv iço 1 1 1 1

6 Risco operacionalTecnologia da Informação, back office, MP, logistica 1 2 2 1Recursos humanos (RH), design e construção, meio ambiente 2 2 3Risco nas operações (genérico) 1 1 3

7 Risco político8 Risco de reputação 1 1 1

TOTAL EPSTEIN POR EMPRESA 17 22 28 17 12 11