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Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |i
Marta Cristina Freitas Monteiro
Farmácia Cristo Rei
Marta Cristina Freitas Monteiro
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |ii
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Farmácia Cristo Rei
14 de Janeiro de 2015 a 8 de Maio de 2015
Marta Cristina Freitas Monteiro
Orientador: Dra. Ana Maria Cruz
__________________________________
Tutor FFUP: Prof. Doutora Susana Casal
__________________________________
Julho de 2015
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Declaração de Integridade
Eu, Marta Cristina Freitas Monteiro, abaixo assinado, nº 201004705, aluno do
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade
do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.
Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo,
mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes
dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a
outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso
colocado a citação da fonte bibliográfica.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de ________________ de ______
Assinatura: ______________________________________
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Agradecimentos
Este relatório é o culminar de 5 anos de esforço, dedicação e experiências vividas, e por isso,
uma simples folha não chega para agradecer todos os que me marcaram neste caminho. No entanto,
existem pessoas a quem não o posso deixar de fazer.
À professora doutora Susana Casal pelo interesse e dedicação demonstrados ao longo do
estágio e nesta reta final, sempre pronta a esclarecer todas as dúvidas e a dar sugestões que ajudaram
a tornar o relatório no que é hoje.
À Dra Ana Maria Cruz pelo carinho, calor humano, bons conselhos e pela forma como tão
bem me acolheu na farmácia Cristo Rei, onde durante 4 meses sempre me senti como se aquela fosse
a minha casa.
À Dra Rita Massa pela boa disposição, paciência e bons ensinamentos que tanto ajudaram
neste percurso.
À Dra Mafalda e ao Marcos pelo companheirismo, bom ambiente e carinho com que sempre
me trataram, sempre prontos para me ajudarem em todas as situações.
Aos de sempre: pai, mãe, Sara, João e Pedro, que sempre foram o meu refúgio, o colo e o
ombro para os dias mais difíceis, mas também o riso fácil e a palavra animadora, com quem sempre
pude e posso contar, a todas as horas, com todos os humores.
Aos meus amigos, com quem partilhei a montanha russa de sentimentos que afloraram nestes
5 anos, com um carinho ainda mais especial à Marina, por tudo. Juntos rimos, choramos e até
desesperamos, mas no fim tudo valeu a pena. Sem vocês a faculdade não era a mesma coisa!
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Resumo
Hoje em dia a população recorre cada vez mais à farmácia, não apenas para a dispensa de
medicamentos mas também como o local onde é prestado aconselhamento sobre as mais distintas
áreas. Por este mesmo motivo, o farmacêutico deve possuir um conhecimento alargado sobre as mais
diversas temáticas e estar preparado para responder às mais variadas situações.
Este relatório de estágio pretende retratar as duas grandes vertentes de aprendizagem ao longo
do estágio profissionalizante em farmácia comunitária. A primeira diz respeito às atividades
exercidas no estágio e que são recorrentes às várias atividades e funções que o farmacêutico
comunitário é responsável. A segunda parte carateriza-se por apresentar uma componente mais
científica, dividida em dois temas principais, os quais pude apresentar à comunidade onde a farmácia
Cristo Rei se insere.
O primeiro tema tem como base os primeiros socorros, um assunto que me foi proposto com
vista a colmatar o desconhecimento da população acerca deste assunto, que recorre várias vezes à
farmácia para aconselhamento e modo de atuação nestas situações. Como subtemas foram abordados
as queimaduras, uma área onde, durante o meu estágio, era comum os doentes pedirem ajuda quanto
aos produtos a aplicar e sobre o modo de atuar. Assim, ao longo do relatório são abordados os vários
tipos de queimaduras, modo de atuação, medidas farmacológicas e não farmacológicas. No segundo
subtema, intoxicações, uma área pouco conhecida não só por utentes mas também para muitos
farmacêuticos, é feita uma análise à quantidade e tipo de intoxicações em Portugal, com foco nas
intoxicações medicamentosas, onde o farmacêutico tem um papel fundamental na prevenção, mas
também pretende mostrar o que deve ser feito quando as mesmas acontecem. Aqui são também
abordados os antídotos, em especial os mais utilizados, como é o caso da N-acetilcisteína, o
flumazenilo e a naloxona. Ainda no tema dos primeiros socorros é feito um estudo mais aprofundado
de um caso em que houve necessidade de prestar socorro devido a uma possível interação
medicamentosa.
O segundo tema diz respeito à Diabetes mellitus, abordado pela sua indiscutível relevância no
contexto da farmácia comunitária, por abranger uma parte bastante significativa do número de
doentes que habitualmente se dirige à farmácia. No entanto, este assunto é muito desenvolvido nos
relatórios de estágio, e, por isso, não apresenta tanto interesse em ser feita uma abordagem tão
detalhada como no tema anterior. Assim, apenas será feita uma contextualização, quais os meios de
diagnóstico e as complicações associadas a esta doença, em especial o pé diabético.
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Índice
Agradecimentos ................................................................................................................................. iv
Resumo………. .................................................................................................................................. v
Índice de figura ................................................................................................................................. ix
Índice de tabelas ................................................................................................................................ ix
Lista de abreviaturas .......................................................................................................................... x
Parte 1: descrição das atividades desenvolvidas no estágio ....................................................................... 1
1. Introdução .................................................................................................................................... 1
2. Organização do espaço físico e funcional da farmácia ................................................................ 1
Localização e horário de funcionamento ............................................................................... 1
Perfil dos utentes ................................................................................................................... 1
Espaço exterior ...................................................................................................................... 1
Espaço interior ....................................................................................................................... 2
2.4.1 Área de atendimento ao público ............................................................................ 2
2.4.2 Área de atendimento personalizado ....................................................................... 3
2.4.3 Zona de apoio ao atendimento/ área de emissão, receção e conferência de
encomendas/ armazenamento de medicamentos ................................................... 3
2.4.4 Zona de realização e receção de encomendas/de conferência de receituário ........ 4
2.4.5 Armazém …………………………………………………………………………4
2.4.6 Laboratório ............................................................................................................ 4
2.4.7 Escritório… ........................................................................................................... 4
Recursos Humanos ................................................................................................................ 4
3. Fontes bibliográficas e científicas ................................................................................................ 5
4. Gestão e administração ................................................................................................................ 5
Sistema informático: Sifarma® 2000 ..................................................................................... 5
Gestão de stocks: máximos, mínimos e pontos de encomenda ............................................. 6
Seleção do fornecedor ........................................................................................................... 6
5. Encomendas e aprovisionamento ................................................................................................. 6
Receção de encomendas e armazenamento ........................................................................... 7
Devolução de produtos e Prazos de validade ........................................................................ 8
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6. Dispensa de medicamentos .......................................................................................................... 8
Medicamentos sujeitos a receita médica ............................................................................... 9
6.1.1 Medicamentos de receita médica não renovável ................................................... 9
6.1.2 Medicamento de receita renovável ........................................................................ 9
6.1.3 Medicamentos sujeitos a receita especial .............................................................. 9
Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ................................................................... 10
Prescrição e modelos de receita médica .............................................................................. 10
Dispensa e validação da receita médica .............................................................................. 11
Conferência do receituário e faturação ................................................................................ 13
Sistemas de comparticipação ............................................................................................... 13
7. Medicamentos e outros produtos farmacêuticos ........................................................................ 14
Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ................................................................... 14
Medicamentos manipulados ................................................................................................ 14
Produtos destinados ao autocontrolo da Diabetes mellitus ................................................. 15
Dispositivos médicos ........................................................................................................... 15
Medicamentos homeopáticos .............................................................................................. 15
Medicamentos à base de plantas.......................................................................................... 15
Alimentos dietéticos ............................................................................................................ 16
Produtos cosméticos ............................................................................................................ 16
Medicamentos de uso veterinário ........................................................................................ 16
8. Serviços farmacêuticos .............................................................................................................. 17
Determinação de parâmetros biológicos e bioquímicos ...................................................... 17
9. Protocolo VALORMED ............................................................................................................ 17
10. Farmacovigilância ...................................................................................................................... 18
11. Formações .................................................................................................................................. 18
Parte 2: apresentação dos temas desenvolvidos ..................................................................................... 19
1. PRIMEIROS SOCORROS NA FARMÁCIA COMUNITÁRIA .............................................. 19
Contextualização ................................................................................................................. 19
Acidentes em números ................................................................................................... 19
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2. Queimaduras .............................................................................................................................. 20
A pele: composição e função ............................................................................................... 20
2.1.1 Classificação das queimaduras ............................................................................ 21
2.1.2 Processo de cicatrização ...................................................................................... 22
Procedimento/tratamento de queimaduras .......................................................................... 23
2.2.1 Medidas farmacológicas ...................................................................................... 23
2.2.2 Medidas não farmacológicas ............................................................................... 25
3. Intoxicações ............................................................................................................................... 25
3.1.1 Intoxicações em Portugal .................................................................................... 26
3.1.2 Abordagem geral ao doente intoxicado ............................................................... 27
Principais antídotos ............................................................................................................. 28
3.2.1 A acetilcisteína no tratamento de intoxicação por paracetamol .......................... 29
3.2.2 Flumazenilo como antídoto para benzodiazepinas .............................................. 30
3.2.3 Naloxona como antídoto para intoxicação por opióides ..................................... 31
4. Discussão ………………………………………………………………………………………32
Workshop ............................................................................................................................ 32
Panfleto informativo “Queimaduras: o que fazer?” ............................................................ 33
5. Caso de estudo ........................................................................................................................... 33
História clínica .................................................................................................................... 33
Identificação de possíveis problemas relacionados com a farmacoterapia ......................... 34
5.2.1 Hiponatremia ....................................................................................................... 35
5.2.2 Síndrome de secreção inadequada da hormona antidiurética .............................. 35
Discussão do caso de estudo ............................................................................................... 36
6. DIABETES MELLITUS ............................................................................................................. 36
Contextualização ................................................................................................................. 36
Diagnóstico .......................................................................................................................... 37
Complicações associadas .................................................................................................... 38
Discussão ............................................................................................................................. 38
7. Conclusão ................................................................................................................................... 39
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8. Bibliografia ................................................................................................................................ 40
9. Anexos……….. ......................................................................................................................... 46
Anexo 1. Estrutura celular e extracelular da pele....................................................................... 46
Anexo 2. Regra de Wallace ou regra dos 9 . .............................................................................. 46
Anexo 3. Etapa inicial (A) e final (B) do processo de cicatrização de uma queimadura. .......... 47
Anexo 4. Lista de alguns antibióticos de uso tópico usado no tratamento de infeções em
queimaduras ..................................................................................................................... 47
Anexo 5. Número de intoxicações em crianças até 15 anos, de acordo com dados de 2011 do
CIAV: principais agentes, medicamentos, substâncias de abuso e pesticidas. ................. 49
Anexo 6. Número de intoxicações em adultos de acordo com dados de 2011 do CIAV:
principais agentes, medicamentos, substâncias de abuso e pesticidas .............................. 50
Anexo 7. Lista dos antídotos utilizados em Portugal e respetivo modo de utilização.. ............. 51
Anexo 8. A- Metabolismo do paracetamol (acetaminofeno); B- síntese de glutationa ............. 53
Anexo 9. Apresentação relativa ao Workshop Primeiros Socorros. .......................................... 54
Anexo 10. Panfleto informativo “Queimaduras: o que fazer?” ................................................. 61
Anexo 11. Poster relativo ao tema Diabetes mellitus. ............................................................... 62
Índice de figura
Figura 1: área de atendimento ao público da Farmácia Cristo Rei. ........................................ 2
Figura 2: gavetas de armazenamento dos medicamentos. ...................................................... 3
Figura 3: Produtos mais utilizados por crianças até aos 15 anos em intoxicações, no ano de
2011, de acordo com o site do Instituto Nacional de Emergência Médica ...................................... 27
Figura 4: Produtos mais utilizados por adultos em intoxicações no ano de 2011 de acordo com
o site do Instituto Nacional de Emergência Médica ......................................................................... 27
Figura 5: assistentes operacionais da Escola Torrinha a praticar a posição lateral de segurança
(PLS), um dos temas abordados durante o workshop. ..................................................................... 32
Índice de tabelas
Tabela 1: Formações assistidas durante o estágio. ................................................................ 18
Tabela 2: Farmacoterapia utilizada pela doente no dia em que deu entrada nas urgências .. 34
Tabela 3: valores de referência para o diagnóstico de Diabetes e Pré-diabetes .................... 38
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Lista de abreviaturas
ACSS-CCF - Administração Central do Sistema de Saúde - Centro de Conferência de Faturas
ADELIA - Acidente Doméstico E de Lazer - Informação Adequada
ADH - anti-diuretic hormone
ADL - Acidentes Domésticos e de Lazer
AIM - Autorização de Introdução no Mercado
AINEs - Anti-inflamatórios Não Esteróides
ANF - Associação Nacional de Farmácias
APVP - Anos Potenciais de Vida Perdidos
BZD - Benzodiazepinas
CIAV - Centro de Informação Antiveneno
CNPEM - Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos
DCI - Denominação Comum Internacional
DGS - Direção Geral de Saúde
DM - Diabetes mellitus
DM2 - Diabetes mellitus tipo 2
DT - Diretora Técnica
EMA - Agência Europeia do Medicamento
EVITA - Epidemiologia e Vigilância dos Traumatismos e Acidentes
FEFO - First Expired, First Out
FGF - Fibroblast Growth Factor
FIFO - First In, First Out
FS - Farmacêutica Substituta
GABA - Ácido γ-aminobutírico
GABAA- Recetor A do Ácido γ-aminobutírico
GSH - Glutationa
HbA1c - Hemoglobina Glicada A1c
IECA - Inibidor da Enzima de Conversão de Angiotensina
ISRS - Inibidor Seletivo de Recaptação de Serotonina
INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica
INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos Nacionais I.P.
IVA - Imposto Valor Acrescentado
JDE - Junção dermo-epidérmica
MEC - Matriz Extracelular
MNSRM - Medicamento Não Sujeito a Receita Médica
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MSRM - Medicamento Sujeito a Receita Médica
MUV - Medicamentos de Uso Veterinário
NAC - N-acetilcisteína
NAPQI - N-acetil-p-benzoquinona imina
OMS - Organização Mundial de saúde
PTGO - Prova de Tolerância à Glicose Oral
PVF - Preço de Venda às Farmácias
PVP - Preço de Venda ao Público
RAM - Reação Adversa ao Medicamento
ROS - Reactive Oxygen Species
SIADH - Secreção Inadequada da Hormona Antidiurética
SRAA - Sistema Renina Angiotensina Aldosterona
SNS - Sistema Nacional de Saúde
TGF-β - Transforming Growth Factor β
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Parte 1: descrição das atividades desenvolvidas no estágio
1. Introdução
Através do estágio em farmácia comunitária proporciona-se ao estagiário um contacto
primário com o utente. Como tal, é de extrema importância que esta fase final nos ensine não só o
papel do farmacêutico na comunidade, mas também os conhecimentos para desempenharmos esse
papel no futuro, da melhor forma. O estágio em farmácia comunitária permite assim colocar em
prática os vários conhecimentos científicos adquiridos ao longo dos cinco anos, mas, acima de tudo,
permite contactar com a realidade do mercado de trabalho.
Durante os quatro meses de estágio na farmácia Cristo Rei desenvolvi competências na área
da dispensa de medicamentos, organização e gestão mas também na interação com os utentes. De
seguida serão abordadas, com mais detalhe, todas as atividades que dizem respeito ao farmacêutico
comunitário e com as quais contactei e pude dar o meu contributo.
2. Organização do espaço físico e funcional da farmácia
Localização e horário de funcionamento
A farmácia Cristo Rei localiza-se na Praça Dom Afonso V, nº 55 G, Foz do Douro na cidade
do Porto. Por se encontrar numa zona habitacional e perto da Unidade de Saúde Familiar Garcia de
Orta permite aos utentes uma maior acessibilidade a esta farmácia.
A farmácia Cristo Rei encontra-se em funcionamento entre as 8h30 e as 21h de segunda a
sexta-feira e aos sábados das 9h às 21h, fechando aos domingos e feriados. O horário encontra-se
afixado de forma clara na porta de acesso às instalações tal como indicado no Decreto-lei 53/2007,
de 8 de Março1. Durante o turno de serviço permanente a farmácia mantém-se em funcionamento,
ininterruptamente, desde a hora de abertura até hora de encerramento do dia seguinte1, sendo o
atendimento realizado a partir das 22h através de um postigo, de forma a garantir o atendimento ao
público sem pôr em risco a segurança do farmacêutico.
Perfil dos utentes
A maior parte dos utentes que frequentam a farmácia pertencem a uma população idosa de
escalão médio/elevado, portadores de doenças crónicas e que vivem nas imediações. Esses fatores
aumentam a assiduidade e fidelização destes utentes que adquirem nesta farmácia a informação
técnico-científica de forma fidedigna, clara e acessível por parte de profissionais que lhes transmitem
confiança e familiaridade.
Espaço exterior
No primeiro contacto que o utente tem com a farmácia depara-se com uma fachada em vidro
com aspeto moderno e profissional onde se observa o respetivo nome – Farmácia Cristo Rei. Na
montra encontra-se o horário de funcionamento, nome da diretora técnica (DT) e as respetivas
farmácias de serviço permanente. A fim de garantir a acessibilidade a todos os potenciais utentes e
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cumprir com os requisitos legais exigidos2, esta farmácia está instalada ao nível da praça por onde é
feito o acesso principal, não apresentando desnivelamento ou escadas que possam servir de
obstáculos a pessoas com mobilidade reduzida.
De forma a tornar o espaço mais apelativo, são elaboradas durante o ano montras profissionais,
onde se podem observar informações para os utentes, sendo maioritariamente anúncios publicitários
de produtos de venda livre. Através deste método torna-se possível cativar o interesse dos utentes
pelos diversos produtos, em especial os de dermofarmácia e cosmética e os produtos sazonais, sendo
por isso mesmo constantemente alteradas e atualizadas.
Tal como exigido, possui o símbolo indicativo de Farmácia Portuguesa – a Cruz, aprovado
pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P (INFARMED) segundo a
Deliberação nº 414/CDE/2007, de 29 de outubro3, encontrando-se esta iluminada durante a noite e
nos dias de serviço4.
Ainda no exterior e perto da porta de entrada encontra-se um distribuidor de preservativos e o
postigo para atendimento noturno nas noites de serviço permanente.
Espaço interior
O espaço interior da farmácia apresenta um ambiente calmo, limpo e profissional, respeitando
as recomendações preconizadas nas Boas Práticas Farmacêuticas2.
A farmácia Cristo Rei contém as seguintes áreas:
Piso 0: área de atendimento ao público, área de atendimento personalizado e área de
armazenamento, receção, conferência e emissão de faturas.
Piso -1: armazém, laboratório, escritório, instalações sanitárias e sala de arrumos.
2.4.1 Área de atendimento ao público
A área de atendimento ao público é, tal como mostra a Figura 1, uma área acolhedora,
iluminada em que o acesso ao balcão de atendimento é feito através de três degraus, ou no caso de
pessoas com mobilidade reduzida
(portadores de deficiência, idosos,
crianças ou utentes com carrinho de
bebé), através de uma rampa.
O balcão apresenta dois postos
de atendimento, o que garante um
atendimento eficaz, contendo cada um
deles um computador, uma caixa, uma
impressora e um leitor ótico de código
de barras sendo o terminal de
multibanco partilhado pelos dois
postos. Figura 1: área de atendimento ao público da Farmácia Cristo Rei.
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Por toda a farmácia existem lineares e expositores divididos por marcas comerciais, gamas e
ação terapêutica, estando maioritariamente preenchidos com produtos de dermocosmética das
diversas marcas. Aos produtos sazonais (entre eles os suplementos vitamínicos, antigripais e xaropes
para a tosse nos meses frios; anticelulíticos, produtos de emagrecimento nos meses quentes) é-lhes
dado destaque nos lineares por trás do balcão e em expositores perto dos postos de atendimento, uma
vez que é nesta zona que o utente se demora mais, prestando maior atenção aos produtos se encontram
à sua frente, induzindo a compra por impulso. Por uma questão de rapidez no atendimento e por
serem os produtos com maior venda, estão colocados em gavetas por trás do balcão os antigripais,
pílulas, laxantes, paracetamol e produtos de higiene oral.
Ainda nesta área é possível aceder gratuitamente ao medidor de tensão arterial e à balança de
pesagem de adultos, ambos devidamente calibrados.
2.4.2 Área de atendimento personalizado
Este gabinete é utilizado em todas as situações em que o utente tenha necessidade de falar em
privado com o farmacêutico quando são realizadas as determinações dos parâmetros bioquímicos e
prestação de primeiros socorros (como são a limpeza de feridas ligeiras e curativos menores).
Também neste local são administrados medicamentos injetáveis e vacinas não incluídas no Plano
Nacional de Vacinação, de acordo com a Deliberação n.º 139/CD/20105, como é o caso das vacinas
da gripe.
Esta divisão é constituída por marquesa, armário, lavatório e uma balança para pesagem de
bebés.
2.4.3 Zona de apoio ao atendimento/ área de emissão, receção e conferência de encomendas/
armazenamento de medicamentos
É nesta área multiusos que dão entrada os produtos para serem devidamente armazenados,
havendo o cuidado de serem colocados em gavetas por prazo de validade de acordo com o conceito
First Expired, First Out (FEFO).
A área de armazenamento consiste numa série de gavetas
deslizantes (Figura 2) onde se encontram a maioria dos
medicamentos, divididos de acordo com a forma farmacêutica
(comprimidos/cápsulas, supositórios, gotas, ampolas, suspensões,
saquetas, cremes/pomadas, champôs, sistemas transdérmicos, entre
outros) e em cada uma destas divisões organizado por ordem
alfabética e de dosagem. Existe também uma gaveta destinada ao
protocolo da Diabetes mellitus (tiras reativas e lancetas), uma gaveta
para medicamentos homeopáticos, uma gaveta para medicamentos
de uso veterinário (MUV) e cinco gavetas para suplementos
alimentares. Já os produtos que necessitam de refrigeração entre 2º
e 8ºC (vacinas, insulinas e anéis vaginais, por exemplo) são colocados no frigorífico.
Figura 2: gavetas de armazenamento
dos medicamentos.
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Neste local, no laboratório e no frigorífico existe um termohigrómetro, um aparelho que
permite controlar e registar a temperatura e humidade, o que possibilita o controlo diário e a
manutenção das condições de armazenamento impostas por lei6.
2.4.4 Zona de realização e receção de encomendas/de conferência de receituário
Contiguo à zona de armazenamento existe um balcão, onde se encontra todo o material
necessário à receção de encomendas (computador, leitor ótico de códigos de barra, impressoras,
fotocopiadoras multifunções) e onde se procede não só à receção das encomendas mas também à
marcação dos produtos de venda livre e, se for necessário, à devolução de produtos.
Durante o estágio tive oportunidade de participar na receção e armazenamento dos vários
produtos, o que me alertou para as várias dosagens, formas farmacêuticas e embalagens semelhantes
para o mesmo princípio ativo, assim como me permitiu familiarizar com os nomes comerciais e
respetiva Denominação Comum Internacional (DCI). Tudo isto possibilitou reduzir o tempo de
atendimento, compreender a linguagem utilizada pelos utentes e consequentemente prestar um
melhor serviço ao utente.
2.4.5 Armazém
No armazém são colocados todos os produtos que apresentam um stock elevado e que por isso
não podem ser acondicionados no piso superior. Os produtos estão organizados nas prateleiras por
ordem alfabética e divididos entre medicamentos genéricos e de marca, papas, biberões, produtos de
dermocosmética, dispositivos médicos, entre outros.
2.4.6 Laboratório
Uma vez que na farmácia Cristo Rei não são preparados manipulados, o laboratório
normalmente não é utilizado. No entanto possui todo o equipamento necessário, corretamente
calibrado e armazenado tal como estipulado na Deliberação nº 1500/2004, 7 de dezembro7. Este
espaço contém um sistema de ventilação que controla as condições de temperatura e humidade e
ainda uma bancada de trabalho com superfícies lisas e de fácil limpeza.
2.4.7 Escritório
É neste local que se encontram arquivados os dossiers relativos a receitas de anos transatos e
vários outros documentos de secretaria e contabilidade.
Recursos Humanos
A equipa da Farmácia Cristo Rei é atualmente constituída por cinco elementos com
responsabilidades partilhadas, de forma e garantir o melhor atendimento aos utentes. Na ausência da
DT o cargo é assegurado por uma farmacêutica substituta (FS), devidamente registada no
INFARMED4.
Assim sendo, a equipa da farmácia Cristo Rei é constituída pelos seguintes elementos:
Dr.ª Ana Maria Maciel Araújo Ferreira de Miranda Cruz (DT);
Dr.ª Ana Rita Massa da Silva (FS);
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Dr.ª Vânia Andreia Martins Ribeiro (Farmacêutica);
Dr.ª Mafalda de Bessa Ferreira Franchini (Farmacêutica Estagiária)
Marcos Daniel Braga Sousa (Praticante de Farmácia).
3. Fontes bibliográficas e científicas
Tal como recomendado pela Deliberação 414/CD/20073 e pelas Boas Práticas Farmacêuticas2
encontram-se à disposição para consulta na farmácia Cristo Rei várias fontes bibliográficas, como a
Farmacopeia IX, o Índice Nacional Terapêutico, o Prontuário Terapêutico, o Formulário Galénico
Português, entre outros. Importa também referir que a pesquisa de informação é também feita através
de sites de instituições/organizações como Infarmed, Agência Europeia dos Medicamentos (EMA),
Ordem dos Farmacêuticos e revistas científicas, que permitem obter informação fidedigna, completa
e recente de uma forma rápida.
4. Gestão e administração
Durante o estágio tive oportunidade de participar nos vários processos abaixo descritos. Assim,
foi-me permitido familiarizar com os nomes e a localização dos produtos, conhecer as várias
vertentes do sistema informático e ficar a par da legislação em vigor e outros documentos associados
à gestão. Pude ainda ajudar nos pedidos de devolução e contactar com os fornecedores para pedidos
de encomenda manuais e reclamações associadas ao não envio de produtos.
Sistema informático: Sifarma® 20008
O Sifarma® 2000 é a ferramenta informática utilizada na farmácia Cristo Rei e constitui o
alicerce da gestão da mesma. Consiste numa aplicação informática desenvolvida pela Glintt® para a
gestão diária de uma farmácia, no que diz respeito à entrada e saída de encomendas e todas as tarefas
associadas, apresentando funcionalidades nas diversas áreas como vendas, encomendas, faturação,
fim do dia e inventários.
O Sifarma® 2000 faz a gestão do produto desde a sua entrada até a saída e conforme as suas
especificidades (se é ou não medicamento de venda livre, se é ou não psicotrópico, por exemplo). A
partir daí gera stocks mínimos e máximos, que de acordo com as saídas, propõe encomendas para
aprovação posterior por parte da DT. Para além disso faz também a gestão dos prazos de validade.
Aquando da saída do produto há ainda a possibilidade de fazer vários tipos de venda, tendo
em conta o tipo de utente e o tipo de organismo a que este pertence. Existe ainda a possibilidade de
aceder à “ficha do produto”, às contraindicações e interações medicamentosas relativas à venda que
se está a efetuar, assim como pesquisar medicamentos por DCI ou grupo terapêutico, entre outras
funcionalidades.
Com este sistema torna-se ainda possível tirar algumas estatísticas importantes como a
sazonalidade de produtos, horários de maior afluência, produtos mais vendidos e o peso dos
diferentes organismos no volume de faturação.
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Gestão de stocks: máximos, mínimos e pontos de encomenda
Como atrás foi referido depois de parametrizada a aplicação do ponto de vista de códigos de
produtos, códigos de arrumação, definição de stocks mínimos e máximos, prazos de validade e
fornecedor de eleição para cada produto a aplicação gera as próprias encomendas quando o ponto de
encomenda é atingido, impedindo assim a rutura de stock. Estas são analisadas pelo responsável das
compras (sendo neste caso a DT) e depois de feito o ajuste necessário, é enviado para o
fornecedor/distribuidor por modem em horários estabelecidos para o efeito. Este ajuste faz-se
essencialmente nos produtos sazonais ou outro tipo de produtos que estejam a sofrer uma variação
no seu consumo. A partir desta análise e com a ajuda do Sifarma® 2000 consegue-se fazer uma gestão
racional dos produtos existentes na farmácia, evitando-se o excesso de stock, que levaria ao empate
de capital, mas também impede a rutura do mesmo, o que provocaria o descontentamento e perda de
confiança por parte dos utentes.
Seleção do fornecedor
Na farmácia a aquisição de produtos é feita de duas formas: através de distribuidores grossitas
e armazenistas ou diretamente aos laboratórios. O principal fornecedor da farmácia Cristo Rei é a
Alliance Healthcare™, seguindo-se a Cooperativa Farmacêutica Plural. Na última são
encomendados essencialmente os produtos que apresentam melhores preços ou que não se encontram
no fornecedor principal, uma vez que este oferece melhores condições comerciais.
A aquisição aos laboratórios é feita pontualmente, quando as condições e/ou bonificações são
mais favoráveis ou em caso de rutura de stock nos fornecedores grossistas, para que o utente não saia
da farmácia sem ter o seu pedido satisfeito.
5. Encomendas e aprovisionamento
Tal como referido anteriormente, quando um produto atinge o ponto de encomenda é
automaticamente incluído na proposta de encomenda.
Apesar das encomendas diárias permitirem manter o stock dos produtos, existem sempre
pedidos inesperados de clientes, o que implica contactar o armazenista por telefone ou via B2B.
Assim sendo, as encomendas podem ser divididas em dois tipos:
Encomenda diária: realiza-se antes das 20h e na qual constam os produtos vendidos
ao longo do dia. É gerada pelo sistema informático e analisada pela DT e se necessário
alterada e por fim enviada via modem.
Encomenda individual/manual: é efetuada no momento por telefone ou através da
plataforma B2B, para os fornecedores quando há falha ou rutura de stock e não é
possível satisfazer o pedido do utente no imediato. Apesar disso, e uma vez que os
armazenistas fazem entregas duas a três vezes ao dia, o produto chega rapidamente à
farmácia e, por conseguinte, ao utente.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |7
Receção de encomendas e armazenamento
As encomendas efetuadas chegam à Farmácia Cristo Rei em contentores específicos, sendo
que os produtos que necessitam de ser armazenados no frio, chegam acomodados em contentores
térmicos. Os contentores são acompanhados por uma guia de transporte, onde consta o número da
fatura e o número do contentor, e são colocados no espaço de apoio ao atendimento, onde se faz a
receção da encomenda. No caso das encomendas feitas diretamente ao laboratório, estas vem
acompanhadas por uma guia de remessa, sendo a fatura posteriormente enviada à farmácia.
A fatura é constituída pela identificação do fornecedor e da farmácia à qual se destina a
encomenda, identificação dos produtos, quantidades pedidas e enviadas, preço de custo, preço total
da encomenda, taxa de imposto sobre o valor acrescentado (IVA) e, quando estabelecido, preço de
venda ao público (PVP). As faturas podem conter ainda as requisições dos medicamentos
psicotrópicos e estupefacientes, caso estes constem na encomenda. No início de cada mês, o
fornecedor envia um resumo das faturas do mês anterior, para que seja efetuada a conferência das
mesmas.
A receção da encomenda é efetuada entrando no menu “Receção de Encomendas” sendo que,
durante este processo, confere-se o estado da embalagem de cada produto, o prazo de validade, o
preço de venda à farmácia (PVF), o PVP e a quantidade efetivamente entregue à farmácia. No caso
dos produtos de venda livre atribui-se um PVP de acordo com o PVF, o valor de IVA e a margem de
comercialização9. De seguida compara-se o valor de custo total dado pelo Sifarma® 2000 com o da
fatura (que deve ser o mesmo). Caso tenham sido rececionados produtos que não possuam preço
impresso na cartonagem, o sistema informático questiona se as respetivas etiquetas devem ser
impressas logo após a finalização da receção, uma vez que por lei é obrigatório existir o PVP na
rotulagem10.
Após a validação da receção da encomenda (a qual é sempre confirmada pelo farmacêutico
responsável), o stock é atualizado automaticamente. A fatura é colocada no arquivo das faturas
conferidas para posteriormente serem avaliadas pelo contabilista. No caso dos medicamentos
estupefacientes e psicotrópicos, são impressas duas faturas, uma delas é arquivada juntamente com
as restantes, a outra é anexada à respetiva requisição e colocada noutro arquivo.
Após a receção procede-se ao armazenamento. Na farmácia Cristo Rei, os medicamentos que
devem ser armazenados entre 2 e 8ºC são separados antecipadamente dos restantes, aquando da
chegada dos mesmos. Outro aspeto importante a ter em conta no armazenamento é o caso dos
medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, que são colocados num local distinto e de acesso
limitado.
Ainda no processo de armazenamento, embora seja importante aplicar o conceito de FEFO
(que consiste em colocar os produtos com prazo de validade mais curto à frente, impedindo assim
que o prazo de validade expire, o que iria comprometer o bom estado do produto, a saúde do utente
e a devolução dos mesmos aos fornecedores) a farmácia Cristo Rei aplica também o conceito First
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |8
In, First Out (FIFO) para que caso ocorra alteração de preço após a compra, a farmácia não saia
prejudicada por não ter escoado o produto atempadamente.
Tal como referido anteriormente, as condições de temperatura, humidade e luminosidade são
monitorizadas diariamente, garantindo uma temperatura ambiente inferior a 25ºC, humidade inferior
a 60%, luminosidade e ventilação adequadas, garantindo a condições necessárias para um bom
armazenamento.
Devolução de produtos e Prazos de validade
As devoluções dos produtos são efetuadas quando: há expiração do prazo de validade; a
embalagem encontra-se danificada; o produto encontra-se alterado; o produto não corresponde ao
pedido; existe erro no preço; é necessária a recolha de produtos ou lotes a retirar do mercado pelo
INFARMED ou detentor da autorização de introdução no mercado (AIM).
Caso surjam estas situações, um elemento da farmácia Cristo Rei contacta o armazenista em
causa e expõe a situação. Se o produto estiver em falta, poderá ser enviado no dia seguinte ou poderá
ser emitida uma nota de crédito à farmácia. Caso o produto não seja o solicitado será efetuada a sua
devolução através do Sifarma®2000, mediante uma nota de devolução. Posteriormente, o fornecedor
analisa a devolução, podendo optar por enviar o produto devolvido, substituí-lo ou, alternativamente,
emitir uma nota de crédito.
Durante o primeiro trimestre do ano 2015 ocorreram casos de devoluções de Medicamentos
Sujeitos a Receita Médica (MSRM) resultante da Circular Informativa N.º 018/CD/8.1.7 de 29 de
janeiro, emitida pelo INFARMED na sequência da recomendação da EMA sobre os estudos
realizados na empresa GVK Biosciences11, da descida de preços de referência na comparticipação de
medicamentos pelo Sistema Nacional de Saúde (SNS)12 e criação de novos grupos homólogos12,13,
que levam também a alterações nos preços de referência. Nestes casos a farmácia Cristo Rei procedeu
à recolha dos medicamentos e respetiva devolução aos armazenistas ou laboratórios.
No caso do controlo dos prazos de validade, o Sifarma® 2000 volta a ter um papel fundamental,
uma vez que permite emitir mensalmente uma listagem dos produtos cujo prazo de validade expira
nos três meses seguintes, informando sobre a data e sobre a quantidade em stock. De salientar que os
MUV são devolvidos seis meses antes de o prazo expirar, e os produtos incluídos no Protocolo de
Diabetes mellitus cinco meses antes. No entanto importa ressaltar que é sempre necessário confirmar
se o prazo de validade que se encontra no Sifarma® coincide com o do produto armazenado. Após a
verificação o processo de devolução ocorre tal como mencionado anteriormente.
6. Dispensa de medicamentos
Uma das principais funções do farmacêutico, segundo o seu código deontológico14, é a
dispensa de medicamentos nas condições legalmente previstas15,16. Assim, o farmacêutico, sendo o
especialista do medicamento e o último contacto que o utente tem antes da sua administração, tem a
responsabilidade de orientar e transmitir a informação necessária para que o utente beneficie em
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |9
pleno da instauração da terapêutica, e ainda, a responsabilidade de favorecer a adesão à mesma e
sensibilizar para o uso racional do medicamento.
Medicamentos sujeitos a receita médica
No que diz respeito à classificação de medicamentos de dispensa ao público, segundo o
Decreto-lei n. º 176/2006, de 30 de agosto16, estes podem ser divididos em medicamentos sujeitos a
receita médica (MSRM) e medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM).
Tal como o nome indica, um MSRM, é aquele que só pode ser dispensado ao utente na
farmácia mediante apresentação da receita prescrita por um profissional de saúde devidamente
habilitado para tal. De acordo com o Decreto de Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto16, os MSRM são
medicamentos que:
Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando
usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;
Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com
frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;
Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou
reações adversas seja indispensável aprofundar;
Se destinem a ser administrados por via parentérica.
6.1.1 Medicamentos de receita médica não renovável17
Estas receitas são utilizadas na prescrição de MSRM utilizados em tratamentos de curta e
média duração, pelo que possuem uma validade de 30 dias.
6.1.2 Medicamento de receita renovável17
As receitas eletrónicas podem ser renováveis, contendo até 3 vias, devendo ser impressa a
indicação da respetiva via (“1.ª via”, “2.ª via” e “3.ª via”). Apenas podem ser prescritos em receita
renovável, os medicamentos que se destinem a tratamentos de longa duração (os medicamentos que
constem da tabela 2 da Portaria n.º 1471/2004, de 21 de dezembro18, na sua atual redação -
Deliberação n.º 173/CD/2011, de 27 de outubro19) e os produtos destinados ao autocontrolo da
Diabetes mellitus.
6.1.3 Medicamentos sujeitos a receita especial17
Medicamentos sujeitos a receita médica especial são aqueles que preenchem uma das
condições seguintes:
Contenham, em dose sujeita a receita médica, uma substância classificada como
estupefaciente ou psicotrópico, nos termos da legislação em vigor;
Possam, em caso de utilização anormal, dar origem a riscos graves de abuso
medicamentoso, criar toxicodependência ou ser utilizados para fins ilegais;
Contenham uma substância que, pela sua novidade ou propriedades, se considere, por
precaução, dever ser incluída nas situações previstas na alínea anterior.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |10
Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica
A utilização de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) não é
comparticipada pelo SNS nem por qualquer outro organismo, visto que se destinam ao alívio ou
supressão de algumas queixas de saúde passageiras e sem gravidade.
Para além dos pedidos de ajuda na farmácia, por parte dos utentes, verifica-se cada vez mais
o fenómeno de automedicação. Hoje em dia a automedicação é uma prática cada vez mais comum,
não só pelo aumento de conhecimento nesta área por parte dos utentes mas também pela banalização
de venda destes produtos em Hipermercados, onde não existe farmacêutico no ato da dispensa,
estando esta ação suscetível de gerar riscos20. Os riscos são atenuados sempre que o utente segue as
informações contidas no folheto informativo, mas é na farmácia, onde o farmacêutico presta
aconselhamento, alerta para administração correta da terapêutica e para as situações em que é
necessário a ida ao médico, que o utente corre menos riscos. Por isso, a prática da automedicação,
deve estar limitada a situações clínicas bem definidas e deve ser levada a cabo de acordo com as
especificações estabelecidas para os MNSRM. O controlo da qualidade, segurança e eficácia destes
medicamentos é assegurado pelo INFARMED, enquanto autoridade reguladora do medicamento e
dos produtos de saúde, sendo que a lista de situações passíveis de automedicação encontram-se
descritas Despacho n.º 17690/2007, de 23 de julho21.
O Decreto-Lei n.º 128/2013, de 5 de setembro, veio introduzir no Estatuto do Medicamento a
figura dos Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em Farmácia
(MNSRM-DEF)22. O mesmo diploma permite que, transitoriamente, alguns dos medicamentos
sujeitos a receita médica atualmente no mercado possam ser dispensados em farmácias,
independentes de prescrição, desde que os mesmos estejam autorizados para indicações terapêuticas
que o permitam e desde que observados os protocolos de dispensa definidos pelo INFARMED. A
última atualização do anexo do regulamento dos MNSRM-DEF ocorreu pela deliberação nº
1/CD/2015 onde consta a lista de DCIs, indicações terapêuticas e outras condições de dispensa
exclusiva em farmácia23, facilitando o processo de aconselhamento.
Durante o meu estágio pude prestar aconselhamento farmacêutico neste tipo de medicamentos
várias vezes, podendo pôr à prova, sobre supervisão atenta, os meus conhecimentos e melhorar a
interação com os utentes.
Prescrição e modelos de receita médica
A receita médica deve ser prescrita de forma eletrónica com objetivo de aumentar a segurança
no processo de prescrição e dispensa, facilitar a comunicação entre profissionais de saúde de
diferentes instituições e agilizar processos17. De acordo com o Despacho n.º 15700/2012, de 30 de
novembro24 a mesma receita deve registar as menções aos encargos para o utente a incluir no guia
de tratamento, sendo impressas de acordo com as condições da prescrição, mencionando24:
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |11
“Esta prescrição custa-lhe, no máximo, € nn,nn, a não ser que opte por um medicamento
mais caro” quando a prescrição é realizada por denominação comum internacional;
“Este medicamento custa-lhe, no máximo, € nn,nn, podendo optar por um mais barato”
quando a prescrição é realizada ao abrigo da alínea c) do n.º 3 do artigo 6.º da Portaria n.º
137-A/2012, de 11 de maio;
“Este medicamento custa-lhe, no máximo, € nn,nn” nas restantes situações, quando
aplicável.
Existem exceções à prescrição que deverão ser identificadas e justificadas pelo médico
prescritor:
“Exceção a) do n.º 3 do artigo 6.º - Medicamentos com margem ou índice terapêutico
estreito”;
“Exceção b) do n.º 3 do artigo 6.º- Reação adversa prévia”: esta alínea apenas se aplica
às situações em que tenha havido reação adversa reportada ao INFARMED.
“Exceção c) do n.º 3 do artigo 6.º- Continuidade de tratamento superior a 28 dias”: o
médico pode prescrever, com indicação da marca ou nome do titular, em tratamentos
com duração superior a 28 dias.
No caso das alíneas a) e b), o farmacêutico é obrigado a dispensar o medicamento prescrito
pelo médico, já na exceção c) o farmacêutico pode dispensar todos os medicamentos com preço igual
ou inferior ao que o médico prescreveu.
Quanto aos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, estes não poderão constar numa
receita onde sejam prescritos outros medicamentos. O mesmo acontece com os produtos incluídos
no Protocolo de Diabetes mellitus, uma vez que serão faturados ao organismo específico: DS.
Apesar da maioria das receitas médicas resultarem de prescrição eletrónica, a prescrição
manual (pré-impressa) continua em vigor, apresentando uma expressividade considerável na
farmácia Cristo Rei. A prescrição manual é aplicável em algumas exceções, tais como: falência
informática; inadaptação do prescritor; prescrição no domicílio; até 40 receitas/mês.
O modelo de receita médica pré-impressa deve ser de edição exclusiva da Imprensa Nacional-
Casa da Moeda, S.A sendo obrigatório a colocação da vinheta do médico prescritor24.
A receita médica é prescrita pela indicação da DCI25, seguida da dosagem, forma farmacêutica,
apresentação e tamanho da embalagem e posologia, sendo esta informação codificada através do
Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM)17.
Dispensa e validação da receita médica
A dispensa de MSRM é um procedimento que deve ser minucioso. Um erro a este nível poderá
por em risco a saúde do utente e também trazer prejuízo para a farmácia, visto que, no caso de uma
receita ser mal aviada, a comparticipação também está errada e, por isso, não é paga.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |12
Uma vez reunidos os medicamentos prescritos, estes devem ser colocados no balcão para que
o utente os possa observar e reconhecer. É também importante referir que no ato da dispensa na
farmácia, conforme indica o INFARMED, é a opção do utente que prevalece. Deve-se questionar o
utente, para que este esclareça, se a medicação é habitual ou se a vai tomar pela primeira vez, para
que se prossiga com o melhor aconselhamento possível, visando sempre a adesão à terapêutica.
No ato de dispensa, o farmacêutico tem que garantir que no verso da receita eletrónica se
encontra a seguinte informação24,26:
Identificação da farmácia;
Assinatura do farmacêutico;
Data da dispensa dos medicamentos na farmácia;
Preço total de cada medicamento dispensado, valor total da receita, encargo do utente em
valor por medicamento e respetivo total, comparticipação do Estado em valor por
medicamento e respetivo total, número de registo dos medicamentos dispensados em
carateres e código de barras;
Espaço dedicado à declaração pelo utente da dispensa dos medicamentos, onde conste a
frase: “Declaro que me foram dispensadas as N embalagens de medicamentos constantes
na receita e prestados os conselhos sobre a sua utilização”;
Espaço dedicado à declaração pelo utente em relação ao não exercício do direito de opção:
“Declaro que não exerci direito de opção”;
Espaço dedicado à declaração pelo utente do seu direito de opção: “Declaro que exerci o
direito de opção para medicamento com preço superior ao 5.º mais barato”;
Espaço dedicado à declaração pelo utente do seu direito de opção no caso de prescrição
com justificação técnica destinada a assegurar continuidade terapêutica de tratamento
superior a 28 dias: “Declaro que exerci direito de opção por medicamento mais barato que
o prescrito para continuidade terapêutica de tratamento superior a 28 dias”;
No verso da receita a farmácia deverá conter ainda o respetivo carimbo de identificação.
É também importante confirmar se por cada receita médica estão prescritas no máximo quatro
embalagens. Por cada medicamento, podem ser prescritas até duas embalagens, com a exceção dos
medicamentos de unidose, que no máximo podem ser prescritas quatro embalagens por receita
médica. Nos casos em que não está indicado o tamanho da embalagem e a dosagem do medicamento,
o farmacêutico dispensa a embalagem mais pequena e a dosagem mais baixa comercializadas24,26.
Muitas vezes, principalmente no caso dos idosos e/ou dos doentes crónicos, o utente não leva
toda a medicação que consta na receita. Nesses casos, na farmácia procede-se a uma venda suspensa,
com a respetiva comparticipação, sendo guardado posteriormente o talão, num dossier até que o
utente levante toda a medicação.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |13
Conferência do receituário e faturação
A informação enviada pela farmácia para efeitos de faturação, em formato papel, é composta
pela fatura (em duplicado), notas de débito/crédito (em duplicado), relação resumo de lotes, verbetes
de identificação de lotes e receitas médicas27.
Reunidas e revistas as 30 receitas de cada lote, a farmácia emite o verbete de identificação do
lote, que resume a informação nele contido. Nos verbetes dos lotes que dizem respeito a receitas em
que os elementos são produzidos informaticamente, a farmácia regista os seguintes elementos28:
Entidade: organismo – código informático, nome e sigla;
Nome da farmácia e respetivo código da Associação Nacional das Farmácias (ANF);
Mês e ano;
Código tipo e número sequencial do lote;
Quantidade de receitas e produtos;
Valor total do lote correspondente a PVP, preço a pagar pelos utentes e comparticipação
do organismo.
O verbete é carimbado e colocado de forma a envolver as receitas. No final de cada mês, depois
de todos os lotes estarem organizados e corrigidos, efetua-se o resumo de lotes e emite-se a fatura
mensal do organismo. Estes três documentos têm que acompanhar os lotes de receitas quando são
enviados às entidades competentes: as receitas do SNS vão para a Administração Central do Sistema
de Saúde – Centro de Conferência de Faturas (ACSS-CCF), até ao dia 5 do mês seguinte, tendo como
data limite até 10 dias do mês seguinte27,28, e as restantes para a ANF, até ao dia 10 do mês seguinte,
à qual compete a função intermediária entre a farmácia e os restantes organismos. Após verificação
de todo o receituário pelos diversos organismos, a ANF efetua o pagamento do montante relativo a
estas comparticipações.
Os organismos responsáveis pela comparticipação dos medicamentos podem recusar
determinadas receitas devido a diversos tipos de irregularidades. De acordo com a portaria 193/2011,
com as alterações introduzidas pela Portaria 24/2014 de 31 de janeiro, a comunicação dos resultados
ocorre no dia 25 ou até aos cinco dias úteis seguintes27. No caso de existirem erros, as receitas são
devolvidas à farmácia que, caso seja possível, corrigirá o erro em questão. Os erros mais comuns
são: validade da receita caducada, troca de organismos ou falta de assinatura do médico prescritor.
Sistemas de comparticipação
Uma parte dos MSRM estão sujeitos a comparticipação, isto é, na presença de prescrição
médica, o utente apenas paga parte do PVP, sendo o pagamento do restante valor deixado ao encargo
de determinada entidade de saúde. O serviço nacional de saúde (SNS) é o maior organismo
comparticipante, constando no Decreto-lei nº 106-A/2010, de 1 de outubro29 os diferentes escalões
de comparticipação. Existem ainda outros subsistemas de saúde que possibilitam ao utente uma
Relatório de Estágio Profissionalizante
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maior percentagem de comparticipação, como por exemplo os seguros de saúde (como é o caso da
Multicare™).
Para além dos organismos e sistemas de complementaridade, existem também
despachos/portarias que regulamentam a comparticipação do Estado, relativamente a medicamentos
específicos necessários ao tratamento de determinadas patologias. Nestas situações, o
despacho/portaria deverá vir explícito na receita de modo a ser atribuída a comparticipação. Os
diplomas legais que conferem a comparticipação especial a certos medicamentos encontram-se
listados em “Dispensa Exclusiva em Farmácia Oficina” acessível no site do INFARMED30.
Na farmácia Cristo Rei pude contactar com as diversas entidades comparticipadoras,
identificadas no Sifarma® 2000 por um código próprio, como por exemplo: 01 (Regime Geral), 48
(Regime Especial), DS (Protocolo Diabetes), 45 (Regime Geral, Diploma), 49 (Regime Especial,
Diploma) e outras entidades dos subsistemas de saúde como AA (Savida) e J1 (Sindicato dos
Bancários do Norte - SAMS).
7. Medicamentos e outros produtos farmacêuticos
Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes
Os medicamentos contendo uma substância classificada como estupefaciente ou psicotrópica
(compreendidas nas tabelas I a II anexas ao Decreto-lei n.º 15/93, de 22 de janeiro31, ou qualquer das
substâncias referidas no Decreto-Regulamentar n.º 61/94, de 12 de outubro32) têm que ser prescritos
isoladamente, ou seja, a receita médica não pode conter outros medicamentos.
Durante a dispensa deste tipo de fármacos o Sifarma® 2000 requer o preenchimento de
informações relativas ao doente, ao médico prescritor e ao adquirente.
Uma vez concluída a venda e impressa a receita, para além do recibo são emitido dois
documentos de psicotrópicos, nos quais constam o medicamento dispensado, o número de
embalagens, o nome do médico prescritor, os nomes e moradas do doente e adquirente e outras
informações. Estes documentos serão arquivados na farmácia, em local específico e mantido
arquivado por um período de 3 anos28.
Durante o estágio tive oportunidade de contactar com este tipo de medicamentos, tendo-me
sido dada a oportunidade de participar na receção, armazenamento, encomenda, dispensa e até
mesmo devolução, estando por isso a par do processo associado aos mesmos.
Medicamentos manipulados
Um medicamento manipulado representa qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal
preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico. Uma fórmula magistral
representa um medicamento preparado em Farmácia Comunitária ou nos Serviços Farmacêuticos
Hospitalares33. Neste caso, o Farmacêutico segue as indicações que constam na receita médica. O
preparado oficinal diferencia-se do anterior por ser um medicamento preparado de acordo com as
indicações de uma farmacopeia ou de um formulário33.
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Na farmácia Cristo Rei não se preparam medicamentos manipulados, pelo que não tive
qualquer contacto com esta prática. No caso de chegar alguma prescrição deste tipo de medicamento
à farmácia, a receita é enviada por fax para a farmácia dos Clérigos. Uma vez preparado, é enviado
à farmácia Cristo Rei e vendido ao utente que previamente o solicitou.
Produtos destinados ao autocontrolo da Diabetes mellitus
Os dispositivos utilizados para o autocontrolo da Diabetes mellitus encontram-se abrangidos
por um regime de comparticipação do Estado no custo de aquisição, como é o caso das tiras-teste
para determinação de glicemia, cetonemia e cetonúria, assim como as agulhas, seringas e lancetas
destinadas ao controlo da diabetes dos utentes do SNS e subsistemas públicos. Esta comparticipação
é de 85% do preço de venda ao público (PVP) das tiras-teste e 100% das agulhas34, seringas e
lancetas, sendo que para efeitos de inclusão no regime de comparticipações estes produtos estão
sujeitos a um preço máximo de venda ao público17.
Dispositivos médicos
Os dispositivos médicos são destinados, pelo seu fabricante, a serem utilizados para fins
comuns aos dos medicamentos, tais como, prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença humana.
Devem atingir os seus fins através de mecanismos que não se traduzem em ações farmacológicas,
metabólicas ou imunológicas distinguindo-se, por isso, dos medicamentos35.
Medicamentos homeopáticos16
Os medicamentos homeopáticos, segundo o Estatuto do medicamento, são definidos como
medicamentos obtidos através de substâncias denominadas de stocks ou matérias-primas
homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia, ou na sua
falta, numa farmacopeia utilizada de modo oficial num estado membro, e que pode ter vários
princípios. Os medicamentos homeopáticos que estão sujeitos a um registo simplificado são os
medicamentos que cumulativamente sejam administrados por via oral ou externa e que apresentem
um grau de diluição que garanta a inocuidade do produto, não devendo conter mais do que uma parte
de 10000 da tintura-mãe, nem mais do que 1/100 da mais pequena dose eventualmente utilizada em
alopatia, para as substâncias ativas cuja presença num medicamento alopático esteja sujeita a receita
médica.
Na farmácia Cristo Rei a procura por estes produtos é reduzida, sendo o medicamento mais
procurado o Oscillococcinum®.
Medicamentos à base de plantas
Os medicamentos à base de plantas são definidos pelo Estatuto do Medicamento como
qualquer medicamento que contenha exclusivamente como substâncias ativas substâncias derivadas
de plantas, preparações à base de plantas ou ambas em associação, sendo considerados MNSRM16.
Estes produtos têm sido alvo de grande procura por parte da população pelo mito que estes produtos,
por serem naturais, são isentos de efeitos secundários e não apresentam outros malefícios para a
Relatório de Estágio Profissionalizante
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saúde. O farmacêutico tem um aqui um papel fundamental em educar a população e alertar para os
riscos associados.
Na farmácia Cristo Rei os medicamentos à base de plantas são diariamente dispensados,
nomeadamente aqueles que são destinados ao emagrecimento, distúrbios gastrointestinais ou
hepáticos e insónia. Desta forma durante o meu estágio dispensei várias vezes produtos como o
Angiolax®, Valdispert®, mas também alguns chás como Manusul® e ainda alguns extratos de plantas
como Cholagutt®.
Alimentos dietéticos
De acordo com o Decreto-lei n.º 216/2008 de 11 de novembro os alimentos dietéticos
destinados a fins medicinais específicos são uma categoria de géneros alimentícios aplicados a uma
alimentação diferente da habitual e sujeitos a processamento ou formulação específicos. Estes
alimentos têm em vista satisfazer as necessidades nutricionais dos pacientes sob supervisão médica.
A alimentação com estes produtos pode ser de uso exclusivo ou parcial, dependendo se o paciente
apresenta capacidade limitada, diminuída ou alterada para ingerir, digerir, absorver, metabolizar ou
excretar géneros alimentícios ou alguns dos nutrientes neles contidos. O estado de saúde é também
um fator determinante das necessidades nutricionais particulares para estes géneros alimentícios 36.
Na farmácia Cristo Rei estão disponíveis diferentes produtos para alimentação especial,
nomeadamente leites adaptados, leites de transição, papas (lácteas ou não) e suplementos nutricionais
orais para adultos, como é o caso da gama Fortimel®.
Produtos cosméticos
Este tipo de produtos, segundo o Decreto-lei nº 189/2008, define-se como qualquer substância
ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano,
designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com
os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar,
modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais37.
A farmácia Cristo Rei possui bastantes gamas de diversas marcas em exposição nos lineares,
tais como a Elgydium®, Klorane®, Avène®, Mustela®, Uriage®, Bioderma®, La Roche-Posay®,
Vichy®, Caudalie®, Lierac®, entre outras. Desta forma, durante o meu estágio pude contactar com
várias linhas de dermocosmética assim como aconselhar os utentes acerca destes produtos. Uma vez
que esta área é muito pouco abordada durante o curso, as formações dadas pelas diversas marcas são
essenciais para que o farmacêutico tenha as ferramentas necessárias para fornecer ao utente o melhor
aconselhamento.
Medicamentos de uso veterinário
Segundo o Decreto-lei nº 148/2008, de 29 de julho, o INFARMED é a entidade responsável
pelo controlo da produção, distribuição, comercialização e utilização de medicamentos de uso
humano e veterinário, enquanto a Direção-Geral de Veterinária é responsável pela farmacovigilância
Relatório de Estágio Profissionalizante
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veterinária, pré-misturas medicamentosas, limites máximos de resíduos nos produtos animais e de
origem animal38.
Na farmácia Cristo-Rei os MUV estão armazenados num local distinto dos medicamentos
destinados a uso humano, sendo que os mais vendidos são os antiparasitários de uso interno e externo
para animais domésticos, como é o caso da solução para punção punctiforme das marcas Advantix®
e Frontline Combo®.
O aconselhamento na área dos MUV foi onde senti mais dificuldades, dado que não tive
nenhum contacto com estes produtos anteriormente. Uma vez que esta área se encontra em expansão
de vendas nas farmácias, parece-me necessário haver uma maior formação, não só a nível da
faculdade, mas também por parte das marcas que vendem estes medicamentos.
8. Serviços farmacêuticos
Determinação de parâmetros biológicos e bioquímicos
A Portaria nº 1429/2007, de 2 de novembro, define os serviços farmacêuticos que podem ser
prestados, salvaguardando sempre as competências que são atribuídas a outros profissionais de
saúde39. Na farmácia Cristo Rei os serviços que são prestados no gabinete de atendimento são:
determinação do colesterol total; determinação da glicémia; prestação de primeiros socorros (limpeza
e curativo de feridas de menor gravidade); administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional
de Vacinação.
Nesta farmácia realiza-se também a medição da pressão arterial e do peso corporal, feitas na
área de atendimento de forma gratuita.
Durante o meu estágio realizei todos estes serviços farmacêuticos, com exceção da
administração de vacinas que apenas podem ser administradas por farmacêuticos acreditados pela
Ordem dos Farmacêuticos. Durante as medições/determinações prestei aconselhamento
farmacêutico para a prática de medidas não farmacológicas (como a prática desportiva, alteração de
hábitos alimentares nocivos) e insisti na adesão à terapêutica instituída pelo médico.
9. Protocolo VALORMED
A VALORMED é uma sociedade que tem a responsabilidade da gestão dos resíduos de
embalagens vazias e medicamentos fora de uso.
A VALORMED disponibiliza, através dos contentores que se encontram instalados nas
farmácias, um sistema cómodo e seguro para se libertarem das embalagens vazias e medicamentos
fora de uso40. Por conseguinte, na farmácia Cristo Rei as embalagens e os medicamentos fora de
prazo ou em desuso são depositados num contentor da VALORMED. Uma vez cheios, os contentores
de recolha são selados e entregues aos distribuidores de medicamentos que os transportam para as
suas instalações e os retêm em contentores estanques.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |18
Estes contentores são depois transportados para um Centro de Triagem por um operador de
gestão de resíduos, sendo separados e classificados para, finalmente, serem entregues a gestores de
resíduos autorizados responsáveis pelo seu tratamento40.
10. Farmacovigilância
A farmacovigilância apresenta como objetivos a monitorização da segurança dos
medicamentos na prática clínica, a identificação precoce de possíveis reações adversas, a avaliação
da relação benefício-risco dos medicamentos e as implicações para a saúde pública, intervindo na
minimização do risco41.
Como tal, o farmacêutico, tem no seu contacto diário com os utentes a oportunidade de realizar
farmacovigilância, e, caso se verifique, notificar ao INFARMED ou às Unidades de
Farmacovigilância uma Reação Adversa ao Medicamento (RAM). A mesma notificação pode ser
feita através da notificação online no Portal RAM, ou imprimindo e preenchendo o formulário de
notificação em papel para profissionais de saúde e remetendo-a à Direção de Gestão do Risco de
Medicamentos do INFARMED, ou à Unidade Regional de Farmacovigilância do Norte. Esta é uma
área de estudo e de intervenção regulamentada pelo Decreto-lei nº 176/2006, de 30 de agosto16, que
tem como objetivo final melhorar a segurança dos medicamentos e por conseguinte dos
consumidores.
11. Formações
Durante o estágio pude aprofundar os meus conhecimentos sobre algumas marcas através de
formações, especificadas na Tabela 1.
Tabela 1: Formações assistidas durante o estágio.
Formação Data Número de horas
Formação da Gama Completa de Higiene Oral - Pierre Fabre Santé 12/03/2015 4 horas
Apresentação dos suplementos alimentares Bioactivo® Crómio e
Bioactivo® Biloba Forte - Pharma Nord;
15/04/2015 2 horas
Workshop Formação Vichy - Vichy Laboratories 22/04/2015 2 horas
Workshop Formação La Roche Posay® - La Roche Posay Laboratoire
Dermatologique
22/04/2015 2 horas
Curso Proteção Solar - Laboratoires Dermatologiques d’Uriage® 28/04/2015 3 horas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |19
Parte 2: apresentação dos temas desenvolvidos
1. PRIMEIROS SOCORROS NA FARMÁCIA COMUNITÁRIA
Contextualização
Alguns minutos numa farmácia são suficientes para constatar que o farmacêutico não é só o
especialista do medicamento, é também o profissional de saúde que apresenta o contacto mais
privilegiado com o utente, a quem o mesmo recorre nas mais diversas situações.
Enquanto estive na farmácia Cristo Rei, atendi, regularmente, utentes que pretendiam
aconselhamento acerca de produtos para primeiros socorros, ou então, deslocavam-se à farmácia para
que os mesmos lhe fossem prestados. As situações eram várias, sendo as mais comuns a limpeza e
curativo de feridas a crianças (principalmente arranhões devido a quedas) e curativos envolvendo
acidentes domésticos (cortes com facas, queimaduras com ferros de engomar ou tachos de fritar,
entre outros). Durante estes momentos, o desconhecimento e questões sobre como atuar e que
produtos utilizar eram frequentes por parte dos utentes.
Apesar de este tema ser pouco abordado durante o curso, a verdade é que a prestação de
primeiros socorros é uma realidade diária em muitas farmácias, incluindo a Cristo Rei, e é por isso
importante que o farmacêutico se mantenha atualizado nesta área.
Aquando a minha passagem pela farmácia Cristo Rei houve também uma situação de prestação
de socorro envolvendo medicamentos, o que na altura, nos levou a desconfiar de interação
medicamentosa e nos alertou para este tema. Apesar de tal não ter sido confirmado, a verdade é que,
cada vez mais, os medicamentos são utilizados para outros fins, e, por isso mesmo, o farmacêutico
precisa de conhecer esta realidade e saber o que fazer, caso alguns destes casos surja.
Perante tudo isto, pareceu relevante durante o estágio alertar para os cuidados a ter neste tipo
de situações. Assim, decidi abordar os primeiros socorros em geral, promovendo um workshop
dirigido a assistentes operacionais de uma escola do 1º ciclo, um trabalho mais detalhado sobre
queimaduras, que resultou num panfleto sobre o modo de atuação em queimaduras distribuído ao
balcão da farmácia, e nas intoxicações uma explicação mais detalhada aos farmacêuticos da farmácia
Cristo Rei. Muitas vezes estes dois temas colocam o farmacêutico na linha da frente, sendo necessário
que este saiba distinguir as situações onde pode intervir e como, bem como as que deve rapidamente
acionar os meios de emergência.
Acidentes em números
Em Portugal, em 2006, os acidentes “intencionais e não intencionais” foram a quinta causa de
morte, representando 4,5% do total de óbitos ocorridos (4606), depois das doenças do aparelho
circulatório (32%), das neoplasias (22,2%) e das doenças do aparelho respiratório (11,3%)42. De
acordo com o relatório da análise recolhido pelo sistema Epidemiologia e Vigilância dos
Traumatismos e Acidentes (EVITA), entre 2009 e 2012, grande parte dos acidentes domésticos e de
lazer (ADL) ocorreram em casa (43,6%) e na escola (24,0%)43. No primeiro caso, os acidentes
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |20
ocorreram especialmente nos grupos etários extremos (crianças entre os 0 e os 4 anos e idosos com
mais de 74 anos) e, no segundo caso, entre o grupo etário 10-14 anos43. Apesar de anteriormente
serem negligenciados pelos órgãos governamentais, por serem vistos como eventos aleatórios ou
acidentais, hoje são considerados evitáveis face à eficácia comprovada das medidas de prevenção.
Com vista a alcançar esse objetivo, foi criado em Portugal o Programa de Prevenção de Acidentes
2010-2016, a fim de promover a segurança e prevenção dos acidentes não intencionais44.
Como ADL mais comuns nas crianças, destacam-se as quedas, os afogamentos, queimaduras,
intoxicações e asfixia. Já no caso dos idosos são as quedas, queimaduras e feridas incisas43.
As projeções da Organização Mundial de Saúde (OMS) colocam, em 2020, os acidentes
“intencionais e não intencionais” como a terceira causa de morte, a seguir às doenças
cardiovasculares e à depressão. Os acidentes são um grave problema de saúde pública44,45, em grande
parte evitável, com medidas de prevenção simples, mas extremamente eficazes44 e onde o
farmacêutico pode desempenhar um importante papel.
2. Queimaduras
Segundo a International Society of Burn Injuries, as queimaduras são traumas complexos que
podem ocorrer pelo contacto do corpo com calor intenso, o que leva à destruição/dano da pele
humana46. Os ferimentos na pele causados por radiação, radioatividade, eletricidade, fricção ou
contacto com químicos também têm a designação de queimaduras45.
As queimaduras são a décima primeira causa de morte em crianças entre 1 e 9 anos e a quinta
causa de ferimentos não fatais na infância47. No caso concreto dos ferimentos relacionados com as
queimaduras térmicas, estas são a principal causa de Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP)48,
correspondendo a 55% dos casos de queimaduras no Reino Unido46, e destes, 20% correspondem a
crianças entre 1 e 4 anos e 10% a idosos. A combinação de imprudência, falta de experiência e desejo
de imitar os adultos no caso das crianças49 e a falta de mobilidade e perda das faculdades mentais
nos idosos, torna percetível o motivo pelo qual estas faixas etárias são consideradas como grupos de
risco46. No entanto, é também importante referir que cerca de 90% das queimaduras reportadas em
países desenvolvidos, como o Reino Unido e os Estados Unidos, são queimaduras de 1º grau e podem
ser tratadas fora das unidades de queimados46,50.
A pele: composição e função
A pele é um órgão multicelular, complexo e dinâmico que compreende três camadas:
epiderme, derme e hipoderme (ou tecido subcutâneo)51,52 (Anexo 1). No seu conjunto, estas camadas
apresentam várias funções: formação de uma barreira entre o ambiente externo e interno51-53;
termorregulação; controlo de infeções e imunovigilância; resistência mecânica; deteção sensorial;
proteção contra os microrganismos52,53.
A função da pele é mediada principalmente pela estrutura das camadas da epiderme e derme.
A epiderme constitui uma camada altamente celular (queratoinócitos), formando uma barreira
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |21
hidrolipídica à superfície da pele54 que impede tanto a perda de água e calor como a entrada de
organismos patogénicos55. É composta por quatro estratos celulares sobrepostos: germinativo,
espinhoso, granuloso e, por fim, o estrato córneo56. Em contraste, a derme é altamente vascularizada
e relativamente acelular, formada por fibroblastos, matriz extracelular, nervos, sangue e vasos
linfáticos54,56, servindo de suporte à rede vascular e nervosa, assim como aos apêndices cutâneos
(glândulas sudoríparas e folículos capilares, por exemplo)54. As duas camadas estão unidas pela
junção dermo-epidérmica (JDE), que permite a troca de células e fluidos entre as mesmas55,56 (Anexo
1). A perda da pele devido a um ferimento ou doença aguda pode resultar num desequilíbrio
fisiológico substancial e, consequentemente, a deficiências significativas ou até mesmo à morte53,57.
A causa mais comum de perda de pele é a queimadura térmica, sendo esta a causa da ocorrência de
milhares de emergências hospitalares nos Estados Unidos50,53, seguida pelas úlceras associadas a
Diabetes mellitus.
2.1.1 Classificação das queimaduras
As diferentes classes de queimaduras são comummente classificadas de acordo com a
profundidade da lesão, que vai depender entre outros fatores, do tempo a que a pele esteve exposta.
Assim as queimaduras podem ser classificadas como56,58,59:
1º grau: resultam da concentração de sangue nos vasos superficiais, causando eritema que
pode levar à descamação da epiderme. As queimaduras solares são um exemplo destes
casos. A dor e o aumento de temperatura podem ser elevados.
2º grau: estas podem ser ainda divididas em superficiais e profundas. Nas superficiais
ocorre a exsudação do fluido intersticial, causando edema e permitindo a formação de
vesículas e bolhas à superfície da epiderme; a recuperação completa sem formação de
cicatrizes é comum. Nas queimaduras profundas a pele apresenta-se pálida e anestésica; o
ferimento compromete a circulação sanguínea e destrói os apêndices cutâneos e, por isso,
a recuperação normalmente demora mais de 1 mês, havendo formação de cicatriz.
3º grau: ocorre perda total da derme e dos apêndices cutâneos e nalguns casos, tecido
subcutâneo. Como as várias camadas se encontram destruídas não existe epitélio disponível
para regenerar a pele, levando ao aparecimento de úlceras.
4º grau: descrita apenas por alguns autores, envolve a destruição total da pele, incluindo
tecido subcutâneo e tendões. As queimaduras de 4º grau costumam ser duras e
carbonizadas.
A extensão da queimadura, ou área de superfície corporal queimada, é também uma forma de
classificar as queimaduras, permitindo expressar em percentagem a superfície corporal total que é
afetada por queimaduras de profundidade total ou parcial. Essa percentagem é facilmente calculada
pela “regra dos 9” ou regra de Wallace, que divide as áreas do corpo em múltiplos de 9 (tal como
mostra o Anexo 2), sendo que a palma da mão corresponde a 1%60,61.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |22
As queimaduras em crianças com área de superfície corporal queimada superior a 10% e 15%
em adultos, são consideradas lesões que podem colocar os indivíduos em risco de vida, devido à
probabilidade de choque hipovolémico, devendo a pessoa ser imediatamente encaminhada para uma
unidade de queimados45,58.
2.1.2 Processo de cicatrização
O processo de cicatrização é um processo fisiológico importante para a hemostase do
organismo e divide-se em 3 fases tempo-dependentes: inflamação, proliferação e remodelação51,54.
A primeira fase - inflamação - ocorre imediatamente após o dano tecidular. Para que este
processo ocorra, são necessários componentes da cascata de coagulação, via inflamatória e do
sistema imunitário, para prevenir a perda de fluidos, remover tecidos desvitalizados e prevenir a
infeção54. Este processo é mediado por vários mecanismos químicos de sinalização, incluindo a
ativação da cascata do complemento (como é o caso do C3a e C5a), ativação de interleuquinas e
sinalização do fator β de transformação de crescimento (TGF-β, do inglês transforming growth factor
β) (Anexo 3A). Os neutrófilos são então recrutados para a ferida em resposta à ativação do
complemento levando à libertação de substâncias tóxicas (lactoferrina, proteases e catepsina)62 e de
espécies reativas de oxigénio (ROS, do inglês Reactive Oxigen Species) como o óxido nítrico, que
provocam a desgranulação das plaquetas e a degradação dos produtos bacterianos63.
Em seguida, durante a fase proliferativa, que ocorre 2-10 dias após a lesão, dá-se a formação
de novo tecido64. Este processo complexo incorpora angiogénese, formação de tecido de granulação,
deposição de colagénio, re-epitelização e retração da ferida, tudo em simultâneo. Durante este
processo ocorre a libertação de TGF-β e do fator de crescimento de fibroblastos (FGF, do inglês
fibroblast growth factor), induzindo as células endoteliais a repararem o dano nos vasos sanguíneos.
Assim, forma-se uma vasta rede de capilares e de tecido novo, o tecido de granulação, que devido à
sua fragilidade inicial, pode formar edema 63,64. A re-epitelização é um processo que envolve a
migração dos queratinócitos localizados na periferia da ferida para o tecido de granulação, para se
diferenciarem nas várias camadas da epiderme62,63. Ainda nesta fase alguns fibroblastos são
estimulados por macrófagos a diferenciarem-se em miofibroblastos, causando contração da ferida62.
A fase de remodelação, que começa 2-3 semanas após a lesão, pode levar anos a estar
concluída. Durante esta fase todos os processos ativados anteriormente diminuem, acabando por
cessar64. A maior parte dos macrófagos e miofibroblastos entram em apoptose ou deixam a ferida,
permanecendo uma massa com poucas células constituída maioritariamente por colagénio e matriz
extracelular (MEC), resultando deste processo numa cicatriz madura (Anexo 3B). Após 6-12 meses
ocorre, na matriz acelular, a remodelação de colagénio tipo III para uma estrutura maioritariamente
constituída por colagénio tipo I, através de metaloproteinases, fortalecendo a pele. No entanto, esta
nunca recuperará as propriedades de uma pele não lesada55,64, apresentando normalmente 70% da
capacidade elástica da pele normal63.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |23
Todos estes eventos exigem esforços simultâneos de diferentes tipos de células. A falha em
qualquer uma destas fases do processo de cicatrização pode conduzir a feridas crónicas, cicatrizes
hipertróficas e/ou a formação de tumores relacionados com as feridas52.
Procedimento/tratamento de queimaduras
Os objetivos para o tratamento das queimaduras passam pela rápida cicatrização, controlo da
dor, retorno total da função, prevenção da infeção, sem descuidar dos bons resultados estéticos58,65.
Enquanto as queimaduras de menor grau podem ser tratadas em casa, todas as outras requerem
tratamento médico devido ao risco de infeção, desidratação e outras complicações sérias.
Assim, em caso de queimaduras de 1º grau, deve-se imediatamente colocar a zona queimada
em água corrente pelo menos durante 10 minutos, o que leva a uma diminuição da profundidade da
lesão e da dor nas terminações nervosas, aumenta a re-epitelização e melhora o aspeto da pele58,66.
Para além disso, reduz a formação de edema, diminui a libertação de citoquinas, estabiliza a
vasculatura dos vasos sanguíneos e previne a libertação de histamina pelos mastócitos66,67. É também
importante não colocar gelo, porque este impermeabiliza a ferida, e a pressão e fricção exercida pode
lesar ainda mais os tecidos. Nos casos de queimaduras 3º e 4º grau, é necessário que sejam avaliados
os sinais vitais da pessoa (pulso, respiração, ventilação) e que a ajuda diferenciada chegue o mais
rápido possível ao local, através da chamada para o 11245,46. Nestes casos, quando a área afetada é
de grandes dimensões, não é aconselhado colocar essa zona em contacto com a água, pois há um
elevado risco de hipotermia e infeções devido à perda de pele58. Após avaliação e controlo da dor, a
ferida deve ser limpa. Apesar de controverso, não está recomendado limpar a ferida com
iodopovidona, clorohexidina ou outro tipo de desinfetante, por apresentarem pouca capacidade de
penetração e irritarem a pele61,68, sendo por isso mais adequado o uso de água estéril58.
2.2.1 Medidas farmacológicas
Apesar de estudos controversos acerca da utilização de formulações tópicas no tratamento de
queimaduras, existe a conclusão geral que estas cicatrizam melhor em ambientes húmidos, que
promovem a re-epitelização e previnem a desidratação celular. Este tipo de ambiente é mais
facilmente criado através da aplicação de agentes tópicos ou pensos oclusivos. A componente lipídica
destes produtos acelera a cicatrização da pele lesada e previne o ressequimento da mesma.
No que aos pensos diz respeito, existe uma grande variedade que podem ser utilizados,
dependendo da gravidade da queimadura, da presença ou não de exsudado, permitindo diminuição
da dor e recuperação mais rápida. Existem quatro classes de pensos: hidrocolóides, hidrogeles,
hidropolímeros e alginatos e todos eles promovem a cicatrização em meio húmido, o que favorece a
migração de macrófagos, agiliza o processo de contração da ferida, protegendo-a do risco de sujidade
e consequente infeção60,69.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |24
No que diz respeito a fármacos anti-inflamatórios, estes apenas são utilizados por via oral, uma
vez que estudos realizados com corticosteroides tópicos mostraram que a sua aplicação não levou à
diminuição da reação inflamatória e por isso não são aconselhados 58.
Apesar de não existir consenso nem recomendações no tratamento de queimaduras ligeiras, a
utilização de pomadas, cremes e pensos como primeiros socorros é comum. Nestas formulações, para
além de apresentarem as propriedades lipófilas, contêm também substâncias ativas, que por um ou
vários mecanismos permitem uma cicatrização mais rápida, como é o caso do óxido de zinco e da
trolamina, muito utilizados em queimaduras de 1º e 2º grau. O óxido de zinco presenta uma ação
anti-infeciosa, auto-desbridante, promotora da epitelização e anti-inflamatória, o que fornece
capacidades de proteção, calmantes, adstringentes e antissépticas que facilitam a regeneração da
pele70. A trolamina atua como agente de emulsão quando utilizada com ácidos gordos como o ácido
esteárico. Após aplicação cutânea, confere propriedades oclusivas e hidratantes e aumenta a
deslocação de macrófagos ao local da ferida e ativa as interleuquinas IL-1 e IL-6. Desta ativação
resulta a inibição da proliferação de fibroblastos e a estimulação da formação de tecido de granulação,
o que facilita a cicatrização a nível cutâneo71,72.
Existem também formulações que utilizam as propriedades farmacológicas de produtos
naturais, como o Aloe vera e o mel. Formulações à base de Aloe vera parecem apresentar bons
resultados na re-epitelização e no tempo de cicatrização da ferida73, através do aumento da síntese
colagénio, na alteração da sua composição (aumento de colagénio tipo III) e no aumento das ligações
cruzadas73,74. Graças a este efeito ocorre aceleração da contração da ferida e aumento da elasticidade
da cicatriz. O Aloe vera apresenta também atividade anti-inflamatória (através da inibição da
prostaglandina E, diminuindo a produção de ácido araquidónico) e efeito protetor contra a radiação
ultravioleta (através da inibição da citoquinas derivadas de queratinócitos como é o caso da
interleuquina IL-10)73,75,76. A utilização do mel é também comum em tratamentos de queimaduras,
especialmente em apósitos impregnados, devido às suas propriedades antimicrobianas77. Para além
disso tem propriedades de desodorização e de desbridamento, assim como efeito anti-inflamatório e
estimulação do crescimento tecidual. As propriedades antimicrobianas são mediadas pela presença
de peróxido de hidrogénio, concentração de açúcar elevada, pH baixo e defensina-177,78. A ativação
das enzimas no hospedeiro e a capacidade osmótica do mel promovem a autólise do tecido necrótico
e a formação de tecido granuloso, otimiza a angiogénese, a re-epitelização e induz a captação de
oxigénio. Todos estes fatores promovem a regeneração de tecido61,78.
2.2.1.1 Uso de antimicrobianos de aplicação tópica
Em doentes que sofreram queimaduras o potencial para adquirir infeções é enorme, uma vez
que estas podem surgir a partir de várias fontes. Assim, as queimaduras tornam-se rapidamente
infetadas com bactérias Gram positivas, principalmente Staphylococcus sp., que estão habitualmente
presentes nas glândulas sudoríparas e folículos pilosos que ficam expostos após a lesão. O ambiente
húmido promovido pela destruição vascular difunde ainda mais o crescimento microbiano. No caso
Relatório de Estágio Profissionalizante
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da infeções por bactérias Gram negativas resultam de translocação a partir do cólon devido à redução
do fluxo de sangue mesentérico no momento da queimadura e traumas subsequentes61,79.
Os agentes tópicos que controlam e limitam a infeção constituem a terapia de excelência para
queimaduras.
Uma vez que a microcirculação na pele queimada está comprometida, os antimicrobianos de
uso tópico são preferíveis, por conseguirem chegar ao local da infeção em concentrações suficientes
para exercerem efeito terapêutico61,80,81.
É o caso da sulfassiazina de prata a 1%, um antimicrobiano da classe das sulfanilamidas
encontrado na forma de um creme branco, inodoro, hidrossolúvel e largamente utilizado no
tratamento de feridas de 2º e 3º grau. A sulfassiazina de prata é ativa contra fungos (Candida sp.,
Aspergillus sp.) e apresenta um grande espectro de bactérias Gram negativas como Pseudomonas
sp., Klebsiella sp., Enterobacter sp., mas também Gram positivas (Staphylococcus sp., Enterococcus
sp., Corynebacterium sp., Clostridium sp), vírus e alguns protozoários. A sua ação desenvolve-se
mediante interação do princípio ativo sobre a membrana celular das bactérias e permite desbridar
tecidos necróticos e combater infeções locais, uma vez que este complexo não é absorvido80,81.
Os antibióticos como a bacitracina, a neomicina e a polimixina B são também utilizados79,
estando os seus mecanismos de ação descritos no Anexo 4.
No entanto é importante referir que a utilização destes compostos apresenta um elevado risco
de aquisição de resistências, pelo que devem ser usados apenas quando necessário, seja como
tratamento ou como profilaxia61,79.
2.2.2 Medidas não farmacológicas
As queimaduras graves estão frequentemente associadas a dor e ansiedade, mesmo durante o
processo de recuperação. Pessoas com queimaduras de elevado grau de extensão deparam-se com
uma alteração drástica no seu aspeto, sendo essencial o seu acompanhamento psicológico. Para além
disso, algumas técnicas como acupuntura, estimulação transcutânea elétrica, hipnose e massagem
parecem ajudar nestes casos82. A hipnose possibilita alterar o estado de consciência do doente,
permitindo aumentar a capacidade de sugestão, alterar perceções e sensações e aumentar a
capacidade de dissociação e assim controlar melhor a ansiedade67,83. A estimulação transcutânea
elétrica do nervo usa estimulação elétrica com voltagem controlada e é utilizada para aliviar a dor82,83.
3. Intoxicações
Segundo a OMS uma intoxicação é uma condição seguida de uma administração de uma
substância da qual resulta um distúrbio ao nível da consciência, cognição, perceção, julgamento, que
afetam o comportamento ou outras funções psicofisiológicas. Os distúrbios estão relacionados com
os efeitos farmacológicos agudos da substância84.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |26
As intoxicações podem resultar de casos de quadros agudos, acidentais ou voluntários e têm
origem em alimentos ou variadíssimas substâncias que podem ser não medicamentosas (como os
cianetos, etanol, piretróides) ou medicamentos (como ansiolíticos, paracetamol, opióides)69.
3.1.1 Intoxicações em Portugal85
O Centro de Informação Antiveneno (CIAV) é o único centro de intoxicações existente em
Portugal e é quem recebe todas as chamadas do país, relacionadas com intoxicações de qualquer
produto ou substância. Apesar de não existirem estudos publicados no país, é possível aceder no site
do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) a relação das chamadas recebidas pelo CIAV,
de onde foram retirados e analisados os dados que seguidamente serão mencionados.
Assim, segundo dados do INEM, o CIAV recebeu, em 2014, cerca de 32322 chamadas, uma
média de 80 chamadas por dia, sendo que este valor não oscilou muito nos últimos 10 anos.
Dados de 2011 revelam que a maioria das intoxicações ocorre por via digestiva, tanto em
adultos (81% dos casos), como em crianças até aos 15 anos (90% dos casos).
No que diz respeito às intoxicações em crianças, 69% dos casos ocorrem entre o 1º e 4º ano
de vida. As intoxicações com medicamentos corresponde a 54% dos casos (Anexo 5), onde o
paracetamol e os Anti-inflamatórios Não Esteróides (AINEs) ocupam os primeiros lugares (Figura
3). Estes produtos encontram-se disponíveis praticamente em todas as casas, sem o cuidado de serem
colocados fora do alcance das crianças. Estes valores são realmente preocupantes e devem merecer
maior atenção pelos responsáveis (pais, educadores de infância, entre outros), havendo claramente
uma necessidade de implementação de medidas preventivas e reforço da educação das crianças nesta
área.
No caso das intoxicações em adultos há novamente uma prevalência de casos por intoxicação
por medicamentos (74%) (Anexo 6), sendo que desta vez são os ansiolíticos e os antidepressivos que
registam mais utilizações (Figura 4). Quanto à caraterização das intoxicações, apesar da maior parte
ocorrer de forma intencional no adulto e de forma acidental na criança, é necessário ressalvar os
casos que ocorreram por erro terapêutico. Estes casos devem-se a enganos na dose ou na hora de
administração, e resultaram em 2053 casos no adulto e 1032 casos em crianças, números assustadores
e que seriam facilmente prevenidos através de uma utilização informada destes fármacos.
À luz destes dados é realmente importante que o farmacêutico, que constantemente dispensa
este tipo de medicação, tenha um papel ativo, não só na prevenção destes casos, através do correto
aconselhamento farmacêutico aquando a despensa, mas também no conhecimento sobre o
encaminhamento possível a dar a estes doentes, mecanismos de toxicidade e antídotos que possam
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |27
ser utilizados. É necessário também referir que, apesar de não se tratar a nível comunitário, o
farmacêutico pode também exercer um papel importante na componente analítica das intoxicações,
havendo inclusive a possibilidade de realizar um mestrado em análises em toxicologia forense.
A minha intervenção, no que toca às intoxicações, decorreu de duas formas: através da
apresentação do modo de atuação de acordo com a via de intoxicação durante o workshop, que será
abordado mais à frente; a nível dos farmacêuticos da farmácia Cristo Rei, através da
consciencialização do elevado número de casos de intoxicações medicamentosas (pela visualização
dos Anexos 5 e 6) e apresentação dos antídotos que podem ser utilizados, ficando o Anexo 7 à
disposição na farmácia, como apoio científico.
3.1.2 Abordagem geral ao doente intoxicado
O tratamento de doentes intoxicados pode ser desafiante, devido às diversas circunstâncias de
exposição, caraterísticas específicas de cada doente, necessidade de diagnóstico em vítimas
inconscientes e existência de relativamente poucos antídotos.
Perante uma situação de intoxicação, logo que possível, deve realizar-se uma chamada para a
linha antivenenos do CIAV através do número 808 250 143, ou então para o número 112, que
reencaminhará a chamada. No CIAV, a chamada é atendida por um médico especializado, que coloca
perguntas sobre a intoxicação (onde, quem, o quê, quanto, quando e como) e disponibiliza toda a
informação sobre o modo de proceder de acordo com a situação86.
A nível pré-hospitalar (ou a nível hospitalar, caso a vítima se desloque diretamente a esse
local) a descontaminação é recomendada87. A descontaminação consiste na remoção do vestuário e
lavagem da pele e mucosas, que tem como objetivo remover todo o tóxico que ainda não tenha sido
absorvido e ainda promover a sua eliminação ativa, sendo particularmente importante no caso de a
intoxicação ocorrer por via tópica. No caso de se tratar de uma intoxicação por via digestiva, faz
também parte da descontaminação a indução do vómito através de carvão ativado e/ou lavagem
gástrica (no caso de líquido ingeridos há pouco tempo). O carvão ativado permite adsorver
Figura 4: Produtos mais utilizados por adultos em
intoxicações no ano de 2011 de acordo com o site do
Instituto Nacional de Emergência Médica85. Legenda: (a)
Incluiu sedativos e hipnóticos; (b) Anti-inflamatórios Não
Esteroides; (c) Inibidores da Enzima Conversora de
Angiotensina.
Figura 3: Produtos mais utilizados por crianças até aos 15
anos em intoxicações, no ano de 2011, de acordo com o site
do Instituto Nacional de Emergência Médica85. Legenda: (a)
Anti-inflamatórios Não Esteroides; (b) Inclui sedativos e
hipnóticos
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |28
substâncias tóxicas, sendo poucas aquelas que não são removidas (substâncias alcalinas,
cianeto, etanol e outros álcoois, ferro, lítio e potássio)69,88. É utilizada numa fase inicial a dose de 1
a 2 g/kg seguida de uma dose de manutenção de 0,5 a 1 g/kg88. Após a segunda ou terceira
administração de carvão ativado é iniciada a administração alternada de um catártico, como o sulfato
de magnésio, que permite acelerar o trânsito intestinal e promover a eliminação do tóxico não
absorvido e dos complexos tóxico-carvão88. Apesar de esta técnica ser muito eficaz, existem
situações em que o vómito não pode ser induzido, nomeadamente em doentes: com alterações do
estado de consciência ou convulsões; que tenham ingerido substâncias convulsivantes, como é o caso
de antidepressivos e opióides; que tenham ingerido substâncias corrosivas, petróleo ou
derivados69,87,88. Nalguns dos casos anteriormente mencionados o tratamento passa pela
administração de antídotos.
Principais antídotos
Paralelamente às medidas gerais e de suporte vital no tratamento de intoxicações, estão
disponíveis antídotos específicos (Anexo 7), para um pequeno número de intoxicações, que podem
exercer um efeito benéfico de várias formas 69,89:
1. Quelantes e outros antídotos formadores de complexos inertes: interação com o tóxico
dando origem a complexos inertes e hidrossolúveis que são posteriormente excretados (de que
são exemplos a desferrioxima, o azul da Prússia e a hidroxicobalamina).
2. Aceleradores da metabolização: aceleração do processo de destoxificação do fármaco ou do(s)
seu(s) metabolito(s) tóxicos (exemplos: N-acetilcisteína e tiossulfato de sódio).
3. Substratos competitivos: prevenção da formação de compostos mais tóxicos através de
competição para o local ativo essencial (exemplo: oxigénio e etanol).
4. Antagonistas: bloqueio dos recetores responsáveis pelas manifestações clínicas da intoxicação,
como a atropina que bloqueia os recetores muscarínicos na intoxicação por compostos
organofosforados e a naloxona na intoxicação por opióides.
Durante a abordagem inicial, em particular em doentes com alteração do estado de
consciência, após exame físico breve e determinação dos níveis de glicemia, a administração de
glucose, tiamina, naloxona e/ou flumazenilo é muitas vezes utilizada quando há suspeitas de
intoxicações. Este cocktail (muitas vezes designado como “cocktail do coma”)90 permite, de uma
forma rápida, diagnosticar (por exclusão de partes) e tratar as intoxicações mais comuns que induzem
depressão respiratória: intoxicação por álcool, benzodiazepinas e opióides.
No caso das intoxicações por álcool não existe um antídoto. São utilizadas substâncias que
permitam restabelecer o ciclo de Krebs, como é o caso da glucose. A glucose é uma fonte de energia
essencial e primária a nível cerebral e está indicada em situações em que a concentração de glucose
no sangue contribui para uma alteração da consciência90. É igualmente indicada em caso de
convulsões ou alterações do estado mental em que não seja possível obter rapidamente glucose no
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |29
sangue. Apesar de não se saber exatamente qual o mecanismo pelo qual a glucose atua, sabe-se que
a sua utilização em doentes com depleção de tiamina, pode precipitar o síndrome de Wernicke-
Korsakoff, que está estreitamente associado ao alcoolismo crónico e/ou a deficiências nutricionais90.
Por esse motivo, nestes casos, é sempre associado à administração de glucose a administração prévia
de tiamina, um cofator essencial em vários processos enzimáticos, incluindo o ciclo de Krebs, a fim
de prevenir a ocorrência deste mesmo síndrome90.
Uma vez que a naloxona e o flumazenilo são dos antídotos mais amplamente utilizados no
tratamento e prevenção de intoxicações por opióides e benzodiazepinas respetivamente, e a N-
acetilcisteína é usada como tratamento da principal causa de intoxicação em crianças em Portugal,
estes antídotos serão abordados de seguida de uma forma mais completa.
3.2.1 A acetilcisteína no tratamento de intoxicação por paracetamol
O paracetamol (também designado de acetaminofeno) é um analgésico moderado e
antipirético eficaz e é, provavelmente, um dos fármacos mais utilizados no mundo. A sua elevada
utilização deve-se ao seu excelente perfil de segurança, o que não acontece com outros anti-
inflamatórios, como a aspirina e os AINEs. No entanto, o paracetamol foi vítima do seu próprio
sucesso e é um dos fármacos mais comummente associado a casos de overdose91, podendo causar
necrose centrilobular hepática, que na impossibilidade de transplante hepático, leva à morte.
As principais vias de destoxificação do paracetamol são a glucuronidação e sulfatação. No
entanto, cerca de 5% é metabolizado pelo citocromo P450, mais concretamente pela isoenzima 2E1,
em N-acetil-p-benzoquinona imina (NAPQI), um metabolito eletrófilo extremamente reativo92,93
(Anexo 8A). Normalmente, o NAPQI é rapidamente eliminado através da conjugação com glutationa
(GSH), devido à sua elevada afinidade para glutationa sintetase94. Em doses tóxicas, este metabolito
é responsável pela depleção de 70% das reservas hepáticas da GSH, podendo, à falta da mesma,
reagir com os grupos sulfidrilo das proteínas, formando aductos92,95. Particularmente preocupante é
a ligação do NAPQI com as proteínas mitocondriais, resultando no comprometimento da função
mitocondrial. Esta disfunção, associada ao comprometimento da destoxificação de ROS pela falta de
glutationa, leva à perda de produção de ATP, aumento do stress oxidativo, formação de poros de
transição de permeabilidade mitocondrial, libertação de conteúdos mitocondrial e, por fim, morte
celular92-95.
A acetilcisteína ou N-acetilcisteína (NAC) está na prática clínica há varias décadas, não só
como antídoto de intoxicações por paracetamol mas também no tratamento de cardiotoxicidade
induzida por doxorrubicina, bronquite, nefropatia induzida por radiocontraste, toxicidade associada
a metais pesados, pela sua atividade mucolítica, entre outros.
A NAC é um precursor acetilado do aminoácido L-cisteína, que após sofrer N-desacetilação
na mucosa intestinal, consegue atravessar a membrana epitelial e assegurar a síntese de glutationa
(que ocorre principalmente a nível hepático), sendo o grupo tiol da cisteína o local ativo responsável
pelas propriedades bioquímicas da GSH94,96. Este é, aliás, o principal mecanismo pelo qual a NAC
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |30
atua como antídoto (Anexo 8B). Para além disso, funciona como dadora de grupos sulfidrilo,
permitindo a destoxificação de vários xenobióticos eletrófilos (como o NAPQI) e é antioxidante (o
que permite diminuir o número de ROS)93,94.
A NAC é rapidamente absorvida a partir do trato gastrointestinal, atingindo concentrações
plasmáticas máximas 30 minutos após a administração de uma dose terapêutica (neste caso deve ser
administrada uma dose entre 100 a 200 mg/ml69) e está associada a efeitos secundários leves como
náuseas, rinorreia, vómitos rinorreia e taquicardia (no entanto pode provocar reação anafilática em
10% dos doentes)69,92,93. Este antídoto deve ser utilizado após a administração de carvão ativado e
nunca em conjunto, uma vez que este diminui a sua absorção69.
3.2.2 Flumazenilo como antídoto para benzodiazepinas
Uma variedade importante de substâncias clínicas (como ansiolíticos, anticonvulsivantes, a
generalidade dos anestésicos, barbitúricos, etanol e esteroides neuroativos) obtêm pelo menos um
dos seus efeitos farmacológicos ao ligarem-se a um dos diferentes locais de ligação nas subunidades
do recetor A do ácido γ-aminobutírico (GABAA)97,98. Este é também o caso das benzodiazepinas
(BZD), que são moduladoras alostéricas deste recetor, funcionando como potenciadoras do efeito do
neurotransmissor ácido γ-aminobutírico (GABA)97-100.
As BZD, largamente utilizadas como ansiolíticos, hipnóticos, relaxantes musculares e
adjuvantes em anestesia, estão também muito associadas ao desenvolvimento de dependência física
e psíquica em caso de uso prolongado, sendo que o risco de dependência aumenta com a dose e a
duração do tratamento, sendo também maior em doentes com história clínica de alcoolismo e/ou de
toxicodependência97,99. As overdoses em que apenas são utilizadas BZD raramente resultam em
morbilidade significativa (como rabdomiólise) ou mortalidade. No entanto, a co-ingestão com outras
substâncias, pode potenciar o efeito do álcool ou outros sedativos hipnóticos101. Administração aguda
de BZD por via intravenosa está associada a estados graves de depressão respiratória93.
O flumazenilo é um derivado das 1,4-benzodiazepinas, e atua como antagonista competitivo
com elevada afinidade para o recetor GABAA, o que permite inibir especificamente a modulação
alostérica das BZD, permitindo assim funcionar como antídoto para estes fármacos99. O flumazenilo
não antagoniza os efeitos de outros fármacos que afetem os neurónios GABAérgicos (incluindo
etanol, barbitúricos e anestésicos), a menos que estes se liguem ao mesmo recetor que as BZD, nem
reverte o efeito dos opióides89,99,100. O flumazenilo é utilizado também para suspensão de anestesia
induzida por BZD, como medida de diagnóstico e tratamento de sobredosagem destes fármacos. A
administração é feita por via endovenosa e, geralmente, 0,2 mg durante 15 a 30 segundos, até um
máximo de 3 mg/h90,101.
A utilização de flumazenilo, ao contrário do que acontece com a naloxona, exige precauções
em várias situações, tais como: o efeito do flumazenilo é muito rápido e mais curto que as BZD, o
que pode levar a recorrência da sedação; se administrado em casos de utilização de doses elevadas
pode levar ao síndrome de abstinência; a descontinuação BZD podem colocar o doente em de risco
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |31
de vida (por exemplo, quando as BZD são usadas no controlo da pressão intracraniana, ou em casos
graves de convulsões epiléticas)97,98,101. Em todas estas situações o doente deve ser cuidadosamente
observado e colocado, se possível, nos cuidados intensivos até que os efeitos do flumazenilo tenham
desaparecido, sendo controlados o grau de alerta e sinais vitais (tais como tensão arterial, frequências
cardíaca e respiratória)101. Quanto aos efeitos adversos geralmente são leves, desde que o flumazenilo
não seja utilizado nas situações em que é necessário precaução, sendo mais comummente
mencionados vómitos, tremores e náuseas 90,101.
3.2.3 Naloxona como antídoto para intoxicação por opióides
Existe uma sobreposição considerável de casos de doenças psiquiátricas e síndromes de dor
crónica com os casos de intoxicação por opióides, uma vez que estas doenças estão associadas a
concentrações mais elevadas deste tipo de fármacos. Doentes que recebem hipnóticos, como as
benzodiazepinas, estão fortemente associados a mortes por intoxicações por opióides102.
Os opióides aumentam a atividade de uma ou várias moléculas transmembranares acopladas à
proteína G, mais conhecidas como recetores opióides µ, κ e δ, que são ativados por péptidos
endógenos ou exógenos, como é o caso da morfina102,103. O recetor µ é o principal responsável pelos
efeitos psicoativos causados pelos opióides, como a analgesia, dependência e o fenómeno de
tolerância, que resulta da progressiva inabilidade dos recetores µ para a propagação do sinal após a
ligação a um opióide. Uma overdose por opióides provoca efeitos tóxicos em vários órgãos,
conduzindo rapidamente à morte do doente102.
A naloxona está indicada para a reversão parcial ou total dos efeitos depressivos induzidos
pelos opióides, incluindo a depressão respiratória, a hipotensão e sedação, uma vez que é um
antagonista dos recetores GABAérgicos µ e κ. A grande vantagem da utilização de naloxona é o
facto de não apresentar atividade farmacológica quando a concentração de opiáceos é baixa ou
inexistente, podendo por isso ser administrado quando o doente apresenta sintomas como hipotensão,
dispneia e estupor, mesmo quando há suspeita de intoxicação por opiáceos mas ainda não está
confirmada102. Existem algumas preocupações no que diz respeito à utilização de grandes
concentrações de naloxona em toxicodependentes devido ao risco do síndrome de abstinência. No
entanto, apesar dos sintomas serem desagradáveis, como mialgias, sudorese, diarreia e diaforese, ao
contrário da intoxicação não colocam o doente em risco de vida. Para além disso, normalmente,
mesmo em doentes com dependência aos opióides há uma resposta a doses baixas de naloxona,
suficiente para restaurar a respiração sem provocar o síndrome de abstinência. Existem várias vias
de administração, como a intranasal e a pulmonar, no entanto é por via parentérica, mais
propriamente por via endovenosa, que a naloxona atua mais rapidamente. Quando por via
endovenosa, conduz a um efeito mais rápido mas durante menos tempo: o início, da ação após a
administração varia de 30 segundos a 2 minutos e mantém-se durante 20 a 30 minutos. No caso da
administração por via intramuscular ou subcutânea, o início de ação ocorre 3 minutos depois e
permanece durante 2,5 a 3 horas104.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |32
4. Discussão
Todos estes factos sobre mortalidade e morbilidade por acidentes, incluindo as queimaduras e
intoxicações referidas, refletem-se em danos sociais, em anos de vida perdidos e em custos
económicos. No Sistema de Saúde, o impacto económico das mortes por acidentes pode ser medido
diretamente, através dos gastos hospitalares com intervenções e internamentos, inclusive em
unidades de terapia intensiva, cuidados de reabilitação e custos psicológicos ou, indiretamente,
através dos APVP44.
Uma vez que o farmacêutico é um profissional de saúde, é também da sua responsabilidade a
formação da população para a promoção da saúde e da segurança e prevenção dos acidentes.
Workshop
O workshop, intitulado Workshop Primeiros Socorros, destinou-se aos assistentes
operacionais da Escola Básica Francisco Torrinha. Sendo as crianças as principais vítimas de
acidentes domésticos, é necessário que estes profissionais saibam como lidar nas várias situações de
perigo a que as mesmas se encontram expostas.
Durante a apresentação (que se encontra no Anexo 9) foi dado a conhecer aos assistentes
noções teóricas, mas, principalmente, de que forma deveriam atuar em caso de queimaduras e
intoxicações. Seguidamente, foram abordadas técnicas utilizadas no controlo de hemorragias,
obstrução da via aérea (manobra de Heimlich) e suporte básico de vida, mais concretamente
manobras de reanimação e posição
lateral de segurança (PLS). Nestes
temas, para além da visualização
de vídeos, os participantes
puderam praticar as mesmas
técnicas, tal como mostra a Figura
5. Neste caso, a relevância destes
temas depreendeu-se não pela
quantidade de casos, mas sim pela
fatalidade que pode trazer o
desconhecimento destas técnicas
ou a sua má aplicação.
O feedback por parte dos participantes foi bastante positivo, mostrando-se interessados e
participativos durante toda a apresentação. Para além disso, ressalvaram a importância deste tipo de
iniciativas. Este workshop serviu para esclarecer dúvidas acerca do modo de atuação nas várias
situações e, de uma forma descontraída mas informativa, desvendar alguns mitos e aumentar a
confiança dos participantes para porem em prática o que ali lhes foi explicado.
Figura 5: assistentes operacionais da Escola Torrinha a praticar a posição
lateral de segurança (PLS), um dos temas abordados durante o workshop.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |33
Panfleto informativo “Queimaduras: o que fazer?”
De forma a responder a dúvidas que me foram colocadas pelos utentes, foi-me proposto
desenvolver mais o tema das queimaduras e, por isso, autopropuz-me a fazer um panfleto informativo
sobre este tema. A maior preocupação no desenvolvimento do panfleto foi apresentar a informação
da forma mais simples possível mas científica ao mesmo tempo.
Neste panfleto constam informações como os vários tipos de queimaduras, com ênfase para as
queimaduras térmicas, dada a sua maior recorrência, alertando o que fazer nestes casos, mas também
para o que não se deve fazer. Para além disso, foram apresentados quais os produtos que estão
disponíveis na farmácia Cristo Rei para tratamento de queimaduras. O panfleto em questão pode ser
consultado no Anexo 10.
5. Caso de estudo
No decorrer do meu estágio deparei-me com uma situação de necessidade de socorro que
parecia ter sido desencadeada pela adição de um novo medicamento à terapêutica e por isso achei
interessante aprofundar as possíveis causas para este evento.
História clínica
AM é uma utente com 77 anos, que habitualmente mede a sua tensão arterial na farmácia
Cristo Rei, com hipertensão diagnosticada há vários anos. No início da semana em questão
apresentava valores de tensão arterial sistólica 157 mmHg e 70 mmHg de tensão arterial diastólica.
Questionada sobre se houve algum motivo para esta alteração diz apenas que se tem sentido cansada,
que toma corretamente a medicação, faz restrição de sal na sua dieta e não se sente ansiosa. Uma vez
que estes não eram os valores normais da utente, foi aconselhada a seguir um estilo de vida mais
calmo e saudável, continuar com a terapêutica instituída e controlar a tensão arterial. No dia seguinte
os valores subiram 170/80 de manhã e para 180/100 mmHg ao final da tarde, ao que AM foi
aconselhada a dirigir-se ao centro de saúde o mais rápido possível. Dessa consulta resultou a adição
da indapamida 1,5 mg, comprimido de libertação prolongada, à farmacoterapia atual.
Na manhã em que iniciou o novo medicamento fomos chamadas pelo marido de AM para a
socorrer, uma vez que esta tinha desmaiado no estabelecimento comercial localizado ao lado da
farmácia. AM apresentava-se pálida, prostrada, com sudorese intensa e alguns minutos mais tarde
mostrou sintomas de diarreia. Assim, após ligar 112, procedeu-se à elevação dos membros inferiores
e logo que recuperou os sentidos foi-lhe dado um copo de água com açúcar. Nos minutos seguintes,
apesar de já se encontrar consciente, AM não apresentava grandes melhorias. Aquando da chegada
dos bombeiros foi-lhes entregue uma lista da farmacoterapia da doente como descrito na Tabela 2.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |34
No hospital, o médico decidiu suspender a indapamida e estabeleceu como medida não
farmacológica a alteração de café para cevada ao pequeno-almoço e uma dieta hipossódica. Na
semana seguinte, os valores da tensão já se apresentavam normais (124/63 mmHg).
Tabela 2: Farmacoterapia utilizada pela doente no dia em que deu entrada nas urgências
Identificação de possíveis problemas relacionados com a farmacoterapia
Efeitos secundários da indapamida
A indapamida é um derivado sulfonamídico com anel indólico. O seu efeito diurético advém
da inibição do co-transportador Na+/Cl- na parte inicial do túbulo contornado distal, através da
competição para o local de ligação do anião cloreto. Desta inibição resulta um aumento da excreção
de sódio mas também de potássio e magnésio. De acordo com o RCM estão descritos casos de
hiponatremia105 com hipovolémia, responsável por desidratação e hipotensão ortostática. Em casos
de sobredosagem foram descritos sintomas como náuseas, hipotensão arterial, cãibras, vertigens,
sonolência e estados confusionais 106.
Interação indapamida-perindopril
O perindopril é um inibidor da enzima de conversão (IEC) da angiotensina I em angiotensina
II, tendo também efeito na bradiquinina, degradando-a. Como resultado, há um aumento da
vasodilatação e consequente diminuição da pressão arterial107.
Durante um regime alimentar com restrição sódica e/ou tratamento com diurético, como é o
caso da indapamida, existe um efeito aditivo destes dois anti-hipertensores podendo potenciar a
hipotensão ortostática106-108.
Interação indapamida - sertralina
A sertralina é um inibidor seletivo de recaptação de serotonina (ISRS). Os doentes idosos
podem apresentar um risco acrescido de desenvolvimento de hiponatremia clinicamente significativa
com ISRSs, causando desidratação e hipotensão ortostática.
Doentes em tratamento com diuréticos podem apresentar risco acrescido para casos de
hiponatremia108,109. Apesar do mecanismo associado a este efeito não estar totalmente esclarecido
parece estar relacionado com o síndrome de secreção inadequada da hormona antidiurética108,
síndrome este reversível após descontinuação da terapia.
Medicamento Posologia
Sertralina (Farmoz) 50 mg Meio comprimido em dias alternados
Carvediol Coronat® (Pentafarma) 6,25 mg Um comprimido de manhã e à noite
Perindopril (Generis) 8 mg Um comprimido de manhã e à noite
Primidona Mysoline® (Azevedos) 250 mg Meio comprimido à noite
Indapamida (Ciclum) 1.5 mg Um comprimido de manhã
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |35
5.2.1 Hiponatremia
A hiponatremia define-se como a diminuição da concentração sérica de sódio abaixo de 136
mEq/L devido a um excesso de água no organismo110. A maior parte dos estados de hiponatremia
são caraterizados por valores elevados da hormona antidiurética (ADH, do inglês anti-diuretic
hormone) também designada por vasopressina110-112. A produção de ADH é estimulada pelo aumento
da osmolalidade do plasma e ativada pelos osmorrecetores. Quando a ADH se liga aos seus recetores
nos túbulos coletores (recetores V2), ocorre síntese e fosforilação de aquaporinas, que formam poros
na membrana plasmática da célula tubular, levando à reabsorção de água (fenómeno denominado de
aquarese) resultando num aumento da concentração de sódio na urina. Outra das funções da ADH
passam também pelo aumento da pressão sanguínea arterial111,112: quando ocorre diminuição do
volume intravascular efetivo, os barorrecetores estimulam a secreção de ADH, resultando na
vasoconstrição arteriolar113.
As causas comuns de hiponatremia incluem o uso de diuréticos, diarreia, insuficiência cardíaca
e doença renal110. As manifestações clínicas são inicialmente neurológicas (pela presença de edema
causada pelo aumento da entrada de água a nível cerebral) como cefaleia, dificuldade de
concentração, confusão, fraqueza e instabilidade109-112 e em casos mais graves estupor, convulsões,
coma e morte110,111.
O diagnóstico é simples, feito através da osmolalidade e eletrólitos no soro e urina. O
tratamento envolve incentivar a perda de água e restringir o seu consumo, substituir qualquer défice
de sódio e corrigir a causa subjacente112. No caso de se tratar de hiponatremia leve ou assintomática
(concentração de sódio no soro superior a 120 mEq/L) pequenos ajustes são suficientes110. É o caso
da hiponatremia induzida por diuréticos, em que basta a eliminação desse medicamento da
terapêutica do doente110,111.
5.2.2 Síndrome de secreção inadequada da hormona antidiurética
O síndrome de secreção inadequada da hormona antidiurético (SIADH) resulta de uma excesso
de água e não de um défice de sódio. Este quadro carateriza-se por: hiponatremia em plasma
hipotónico e osmolalidade da urina superior à osmolalidade do sódio; elevada excreção urinária de
sódio apesar do volume de plasma se encontrar normal ou aumentado; inexistência de edema e
depleção de volume112. O SIADH é diagnosticado se fatores ocorrerem com a função cardíaca, renal,
adrenal, hepática e tiroideia normal e não sejam resultantes de fatores que estimulem a secreção de
ADH como stress emocional, dor severa, diuréticos, hipotensão, entre outros112,114. Como exemplos
de causas de SIADH estão desordens do SNC, doenças pulmonares e alguns fármacos como agentes
antineoplásicos, ecstasy, ISRSs, aspirina, entre outros110,112,114.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |36
Discussão do caso de estudo
Perante os sintomas apresentados pela doente, pela coincidência temporal com o início da
utilização de indapamida e melhoria após a suspensão da mesma, é correto concluir que esta doente
sofreu um efeito adverso a este fármaco.
Uma vez que, de forma direta ou indireta, os três anti-hipertensores bloqueiam os mecanismos
humorais de ajuste à hipertensão, em especial o sistema renina angiotensina aldosterona (SRAA),
pode ter havido um efeito sinérgico, favorecendo a hipotensão e a hipovolémia. Os sintomas como
sudorese, palidez e inconsciência vão de encontro às manifestações clínicas associadas106,107,115. O
desequilíbrio deste sistema pode também ter levado a um quadro de hiponatremia, pelo aumento da
excreção de sódio por parte da indapamida e consequente ativação de ADH devido à baixa perfusão
sanguínea dos barorrecetores (hipovolémia).
Quanto ao sintoma de diarreia, apesar de não ser um sintoma comum também está descrito
aquando a utilização de indapamida105, assim como de perindopril116.
Não deixa de ser também importante referir que, segundo a circular normativa da Direção
Geral de Saúde (DGS)117 e as recomendações da Sociedade Europeia de Hipertensão e Sociedade
Europeia de Cardiologia118, a adição de um terceiro fármaco não deve ser a primeira opção
terapêutica, mas sim a utilização das doses máximas da associação, uma vez que a adição de um
novo fármaco representa um aumento do risco de interações e propensão para hipotensão ortostática.
Este caso vem, uma vez mais, demonstrar o quão importante é a aquisição de conhecimentos
em primeiros socorros por parte dos farmacêuticos. O farmacêutico não pode nem deve restringir o
seu conhecimento apenas a nível científico. Apesar de este ser essencial e indispensável no dia-a-dia
do farmacêutico, uma vez que que é à custa do mesmo que é prestado o melhor aconselhamento
possível ao doente, permitindo prevenir este tipo de incidentes, saber o que fazer quando estes casos
acontecem garante ao farmacêutico a confiança por parte dos utentes.
6. DIABETES MELLITUS
Contextualização
O aumento da prevalência de Diabetes mellitus (DM) é um problema mundial, com um
impacto na saúde e economia cada vez mais significativo. A DM é uma desordem metabólica
complexa, caraterizada por uma hiperglicemia crónica, que leva a complicações macro e
microvasculares119,120.
Em 2011, aproximadamente 360 milhões de pessoas em todo o mundo tinham DM, sendo que
em 95% dos casos o diagnóstico era de Diabetes mellitus tipo 2 (DM2)119. No entanto, estes números
alarmantes não se ficam por aqui, tendo sido previsto um aumento para mais de 590 milhões de casos
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |37
até 2035, um aumento de 55%, em que cerca de metade das pessoas não saberá que tem esta
doença121.
Estima-se ainda que mais de 300 milhões de indivíduos tenham características que
proporcionam o desenvolvimento de DM2, incluindo hiperglicemia em jejum, tolerância diminuída
à glicose e DM gestacional. A maior parte dos novos casos de DM ocorrem devido a um estilo de
vida inadequado, o que se traduz em dietas ricas em gordura e pouco exercício físico. Como
consequência, ocorre um aumento da obesidade, da insuficiência renal, hiperinsulinemia e,
consequentemente, ocorre a perda da funcionalidade das células beta do pâncreas (ilhéus de
Langerhans)119. Em 2013 a DM causou cerca de 5,1 milhões de mortes, ou seja, a cada 6 segundos,
uma pessoa morreu desta doença121.
No caso particular de Portugal, estes valores são igualmente preocupantes. Em 2013 estimava-
se que a prevalência de DM chegasse aos 13% em indivíduos entre os 20-79 anos. Ou seja, mais de
um milhão de portugueses vivem com esta doença. E se a estes somarmos a população de risco, 40%
da população portuguesa, entre os 20 e os 79 anos tem DM ou Hiperglicemia Intermédia (alteração
da glicemia em jejum e/ou tolerância diminuída à glucose)120. Em termos de mortalidade tem-se
verificado uma diminuição nos números de APVP por DM em Portugal, mas mesmo assim, a DM,
em 2012, representou 7 anos de vida perdidos por cada óbito na população com menos de 70 anos120.
Por todos estes motivos, é urgente a necessidade de inverter a tendência de crescimento da DM e das
suas complicações. Em Portugal é necessário a aplicação de estratégias que assentem na prevenção
primária da DM, através da redução dos fatores de risco conhecidos, recaindo, sobretudo, nos fatores
de risco vulneráveis da etiologia da doença, mas também na prevenção secundária, através do
diagnóstico precoce e do seu tratamento adequado122. Nos casos em que a DM já se encontra instalada
é necessária a prevenção terciária, através da reabilitação e reinserção social e na qualidade da
prestação dos cuidados aos doentes com DM122. Assim, o farmacêutico assume um papel
fundamental na prevenção desta doença, uma vez que apresenta um contacto privilegiado não só com
o doente diabético, mas também com toda a população de risco.
Diagnóstico123
Segundo a circular normativa da DGS para ser diagnosticado DM ou pré-diabetes é necessário
a medição dos níveis de glicemia ou da hemoglina glicada A1c (HbA1c) no sangue. Essa medição
pode ser feita em jejum, ou então através de uma medição de glicemia ocasional, acompanhada de
sintomas clássicos. Para além destes valores o diagnóstico também pode ser feito através da prova
de tolerância à glicose oral (PTGO) com 75 g de glicose. A Tabela 3 resume os valores de referência
atualmente utilizados para esse mesmo diagnóstico, com base nas orientações da circular normativa
da DGS.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |38
O diagnóstico da DM numa pessoa assintomática não deve ser realizado com base em apenas
um único valor anormal de glicemia de jejum ou de HbA1c, devendo ser confirmado numa segunda
análise, após uma a duas semanas. É aconselhável usar um só parâmetro para o diagnóstico de
diabetes. No entanto, se houver avaliação simultânea de glicemia de jejum e da HbA1c, se ambos
forem valores de diagnóstico, este fica confirmado, mas se um for discordante, o parâmetro anormal
deve ser repetido numa segunda análise.
Tabela 3: valores de referência para o diagnóstico de Diabetes e Pré-diabetes123.
Complicações associadas
As pessoas com DM apresentam um maior risco de desenvolver problemas de saúde. Os níveis
de glucose constantemente elevados podem levar a um aumento do risco de desenvolver doenças a
nível cardíaco, dos vasos sanguíneos, olhos, rins e nervos119-121. O doente diabético apresenta também
um risco elevado de desenvolver infeções. Na maioria dos países desenvolvidos, incluindo Portugal,
a DM é responsável por desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cegueira, insuficiência renal
e amputações dos membros inferiores por causa de complicações associadas ao pé diabético119,120.
As consequências são graves, desde a ulceração, gangrena e, como já referido, altas taxas de
amputação, sendo em Portugal, o principal responsável por amputações dos membros inferiores120.
A DM apresenta uma forte relação entre hiperglicemia e doença microvascular (retinopatia,
nefropatia, neuropatia), o que indica que este risco não é detetado até ao aparecimento de níveis de
hiperglicemia elevados119. Há, por isso, uma necessidade de destacar a progressiva natureza da DM2
e risco cardiovascular associado, que colocam desafios específicos nas diferentes fases da vida de
um indivíduo com DM. O aumento da idade, as comorbilidades associadas, muitas vezes a grupos
específicos, indicam a necessidade de gerir este risco de forma individualizada, o que permite ao
doente tomar um importante papel na gestão da sua condição122.
Discussão
A DM é um tema que merece atenção por se tratar uma doença crónica, debilitante,
dispendiosa e associada a complicações graves. Informar a população para os riscos associados a esta
doença é essencial, a fim de consciencializar e prevenir para que novos casos surjam. Assim, durante
o meu estágio, autopropuz-me a fazer um poster com informações acerca do que é a doença, quais
os tipos de diabetes que existem, principais causas e sintomas, diagnóstico e monitorização, assim
como formas de prevenção (Anexo 11). Este poster foi colocado perto da zona de medição da tensão
Hemoglobina glicada
(HbAc1) (%)
Glicemia em jejum
(mg/dL)
Prova tolerância glicose
oral (PTGO) (mg/dL)
Diabetes ≥ 6,5 ≥ 126 ≥ 200
Pré-diabetes 5,7 a 6,4 100 a 125 140 a 199
Normal < 5,7 70 a 99 < 140
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |39
arterial e do peso corporal, por se tratar de um lugar de destaque (uma vez que se encontra perto da
entrada). Paralelamente a esta atividade realizou-se durante dois dias a medição gratuita dos níveis
de glicemia na farmácia Cristo Rei. No entanto esta atividade não teve grande adesão, em parte por
se tratarem de dois dias em que não houve grande número de utentes. Mesmo assim, aos utentes que
quiseram participar, foi também medido o perímetro da cintura abdominal, calculado o índice de
massa corporal (através da medição do peso e da altura) e foi explicado a relação que existe entre o
excesso de peso e de cintura abdominal e o risco de desenvolver DM.
Este tipo de trabalhos torna-se bastante importante como forma de alertar a população para
esta problemática cada vez mais comum e permite, ao mesmo tempo, melhorar a interação com os
doentes e aumentar a confianças que estes depositam no farmacêutico como prestador de cuidados
de saúde.
7. Conclusão
Os quatro meses de estágio na farmácia Cristo Rei permitiram-me perceber o que realmente
implica ser farmacêutico na farmácia comunitária. Apesar de o farmacêutico ser o profissional que
melhor conhece o medicamento, e por isso, é aí que exerce maior ação, o farmacêutico tem também
necessidade de conhecer as mais diversas áreas que possam, de alguma forma, dizer respeito à saúde
e bem-estar do doente. Este conhecimento é fundamental, uma vez que, cada vez mais, é à farmácia
que o doente acorre, seja pela confiança que tem no farmacêutico, pela facilidade de acesso ao local
ou, até mesmo, por dificuldades económicas que impossibilitam a ida ao centro de saúde.
Assim, durante o estágio, adquiri competências nas mais diversas áreas, como organização e
gestão, realização de testes bioquímicos, entre outros. No entanto, foi no atendimento ao público,
onde pude, de uma forma mais evidente, pôr em prática os conhecimentos científicos adquiridos ao
longo do curso. Para além disso, o contacto com os utentes permitiu melhorar-me enquanto
profissional e como pessoa, uma vez que aquando o atendimento não existe apenas a necessidade de
resolver problemas associados à dispensa, é preciso saber lidar com os doentes, muitas vezes com
vidas complicadas e que esperam a compreensão do farmacêutico pelos desabafos tantas vezes
contados entre uma e outra receita.
Por tudo isto, tenho a certeza que este estágio foi uma experiência bastante enriquecedora e
teve um papel fundamental no meu futuro, não só profissional como pessoal.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |40
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medicamentos de uso humano, à quarta alteração ao Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |41
agosto, que estabelece o regime jurídico das farmácias de oficina, e à primeira alteração ao
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prescrição de medicamentos, os modelos de receita médica e as condições de dispensa de
medicamentos, bem como define as obrigações de informação a prestar aos utentes.
26. INFARMED. Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de maio. Estabelece o regime jurídico a que
obedecem as regras de prescrição de medicamentos, os modelos de receita médica e as
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prestar aos utentes.
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preço de venda ao público dos medicamentos dispensados a beneficiários do Serviço
Nacional de Saúde que não estejam abrangidos por nenhum subsistema, ou que beneficiem
de comparticipação em regime de complementaridade.
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acesso aos medicamentos, combate à fraude e ao abuso na comparticipação de
medicamentos e de racionalização da política do medicamento no âmbito do Serviço
Nacional de Saúde (SNS) e altera os Decretos-Leis n.os 176/2006, de 30 de Agosto, 242-
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preparação de medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar.
34. INFARMED. Portaria n.º 364/2010, de 23 de Junho. Define o regime de preços e
comparticipações a que ficam sujeitos os reagentes (tiras-teste) para determinação de
glicemia, cetonemia e cetonúria e as agulhas, seringas e lancetas destinadas a pessoas com
diabetes.
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obedecer a investigação, o fabrico, a comercialização, a entrada em serviço, a vigilância e
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Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |42
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Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |45
109. INFARMED: RCM Sertralina 50 mg Farmoz. Acessível em:
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111. Verbalis JG, Goldsmith SR, Greenberg A, Schrier RW e Sterns RH (2007) Hyponatremia
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116. Drugs: Perindopril. Acessível em: http://www.drugs.com/cdi/perindopril.html (Acedido em
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117. Direção Geral Saúde. Circular Normativa nº 2/DGCG, de 31/03/04. Diagnóstico, Tratamento e
Controlo da Hipertensão Arterial.
118. Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redon J, Zanchetti A, Bohm M, et al (2013) 2013 ESH/ESC
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119. Ryden L, Grant PJ, Anker SD, Berne C, Cosentino F, Danchin N, et al (2013) ESC Guidelines
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120. Sociedade Portuguesa de Diabetologia (2014). Diabetes: Factos e Números 2014 − Relatório
Anual do Observatório Nacional da Diabetes.
121. International Diabetes Federation (2013). IDF Daibetes Atlas. 6ª edição.
122. Candeias AC, Boavida JM, Correia LG, Pereira M, Almeida M e Duarte R (2008). Programa
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123. Direção Geral Saúde. Norma da Direção Greal de Saúde nº 002/2011, 14 de janeiro. Diagnóstico
e Classificação da Diabetes Mellitus.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |46
9. Anexos
Anexo 1. Estrutura celular e extracelular da pele55.
Anexo 2. Regra de Wallace ou regra dos 9 60.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |47
Anexo 3. Etapa inicial (A) e final (B) do processo de cicatrização de uma queimadura53.
Anexo 4. Lista de alguns antibióticos de uso tópico usado no tratamento de infeções em
queimaduras. Adaptado de 79.
Antibiótico Espetro Mecanismo de
ação
Informação importante
Aminoglicosídeo
(ex. Neomicina)
Atividade contra bacilos aeróbios
Sem atividade contra anaeróbios
Inibição da
síntese proteica
Bacitracina Bactérias Gram+ particularmente
staphylococos e streptococos beta-
hemolíticos
Sem atividade contra bactérias Gram−
Rutura da parede
celular
Acetato mafenida Ampla atividade bacteriostática contra
bactérias Gram− especialmente P.
aeruginosa.
Pouca atividade contra bactérias
Gram+, como S. aureus.
Desconhecido.
Reduz a carga
bacteriana.
Mais adequado para
queimaduras não-faciais
comparado com a
bacitracina.
É convertido em
substâncias inibidoras de
anidrases carbónicas,
causando assim acidose
metabólica.
Mupirocina Inibidor da flora Gram+ da pele.
Elevada atividade contra streptococos
e staphylococos incluindo MRSA.
Sem atividade contra enterococos.
Inibição da
sintese proteica
Uso em monoterapia ou
em associação com outros
antimicrobianos apresenta
A B
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |48
Pouca atividade contra bacilos Gram−
e anaeróbios.
atividade contra bactérias
MSRA
Neosporina
(bacitracina +
neomicina +
polimixina B)
Espetro combinado de bacitracina,
neomicina e polimixina B.
Essencialmente efeito
bactericida
Nitrofurazona Atividade contra bactérias Gram− e
Gram +.
Inibição
enzimática
Nistatina Especialmente fungos Candida sp. Rompimento da
parede celular
fúngica (por
ligação
ergosterol, um
componente
celular dos
fungos)
Deve ser usado em
combinação com
antibacterianos em feridas
de queimaduras.
Polimixina B Atividade contra bactérias Gram−
Sem atividade contra bactérias
Gram+.
Rutura da parede
celular
Previne células
polimorfonucleares de
matarem organismos
fagocitados
Rifamicina Atividade contra a maior parte das
bactérias Gram+, incluindo
streptococos.
Inibição da
síntese de RNA
Tetraciclina Atividade conta algumas bactérias
Gram− e Gram+.
Inibição da
síntese proteica
Agrava a resistência
bacteriana
Colistina
(Polimixina E)
Atividade contra algumas bactérias
Gram− incluindo Acinebacter sp.,
Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella
sp. e Enterobacter sp.
Rutura da
integridade da
membrana
celular
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |49
Anexo 5. Número de intoxicações em crianças até 15 anos, de acordo com dados de 2011 do
CIAV: principais agentes, medicamentos, substâncias de abuso e pesticidas85.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |50
Anexo 6. Número de intoxicações em adultos de acordo com dados de 2011 do CIAV:
principais agentes, medicamentos, substâncias de abuso e pesticidas85.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |51
Anexo 7. Lista dos antídotos utilizados em Portugal e respetivo modo de utilização. Adaptado
de 69.
Antídoto Forma Farmacêutica Utilização
Acetilcisteína Comprimido efervescente
600 mg
Granulado para solução oral
100 mg e 200 mg; saqueta
Solução injetável
200 mg/ml; amp. 10 ml – I.V.
Intoxicação pelo
paracetamol. A solução a
administrar deve conter entre
100 mg/ml e 200 mg/ml.
Anticorpos
antidigoxina
Pó para solução para perfusão
38 mg – I.V.
Intoxicação pelos digitálicos
Atropina 2 mg/ml (de sulfato); fr. 100 ml – I.V
Solução para perfusão
5 mg/ml (de sulfato); fr. 250 ml – I.V.
Intoxicação por
organofosforados e
carbamatos.
Carvão ativado Granulado para suspensão oral
100 mg/ml; fr. 500 ml
Pó para suspensão oral
50 g; fr.
Cloreto de
metiltionina
Solução injetável
10 mg/ml; amp. 20 ml – I.V.
Tratamento da meta-
hemoglobinémia.
Cloreto de obidoxima Solução injetável
250 mg/ml; amp. 1 ml – I.M. – I.V. (lenta)
Intoxicação por
organofosforados
Desferroxamina Pó para solução injetável
500 mg (de mesilato) – I.M. – I.V. (previamente
diluída)
Intoxicação pelo ferro e
alumínio
Dimercaprol Solução injetável
100 mg/ml; amp. 2 ml – I.M.
Intoxicação pelo arsénio,
chumbo, mercúrio e ouro.
Edetato de cálcio e
sódio
Concentrado para solução para perfusão
200 mg/ml; amp. 5 ml – I.V.
Intoxicação pelo chumbo,
crómio e zinco.
Edetato de dicobalto Solução injetável
15 mg/ml; amp. 20 ml – I.V.
Intoxicação pelos cianetos
Etanol Solução para perfusão
96% (v/v); amp. 10 ml – I.V. (perfusão)
Intoxicação pelo metanol e
etilenoglicol.
Fisostigmina Solução injetável
1 mg/ml (de salicilato); amp. 1 ml
– I.M. – I.V. – S.C.
Intoxicação por
anticolinérgicos
Flumazenilo Solução injetável
0,1 mg/ml; amp. 5 ml – I.V.
Intoxicação pelas
benzodiazepinas.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |52
Folinato de cálcio Comprimido
15 mg
Solução injetável
2,5 mg/ml; amp. 2 ml – I.M. – I.V.
Contém: 14,1 mg de Ca2+ <> 0,3525 mmol de Ca2+
Quimioprotetor dos
antifólicos.
Gluconato de cálcio Gel
25 mg/g
Queimaduras por ácido
fluorídrico
Hidroxocobalamina Pó para solução para perfusão
2,5 g – I.V.
Intoxicação pelos cianetos
Ipecacuanha Xarope
1,4 mg/ml (em alcalóides totais – FP); 10 ml <>
14 mg de alcalóides
Para indução do vómito.
Levofolinato de cálcio Solução injetável
10,8 mg/ml; fr.17,5 ml <> 10 mg/ml (de ácido
levofolínico) – I.V. (ou perfusão)
Quimioprotetor dos
antifólicos
Mesna Solução injetável
100 mg/ml; amp. 2 ml e 4 ml – I.V.
Quimioprotetor das
oxazafosforinas.
Naloxona Solução injetável
0,4 mg/ml (de cloridrato); amp. 1 ml
– I.M. – I.V. – S.C.
Intoxicação pelos opiáceos.
Naltrexona Cápsula
10 mg e 50 mg (de cloridrato)
Comprimido
50 mg e 100 mg (de cloridrato)
Intoxicação pelos opiáceos.
Penicilamina Comprimido
300 mg
Intoxicação por metais
pesados
Pralidoxima Pó para solução para perfusão
200 mg (sob a forma de metilsulfato) – I.M. – I.V.
Intoxicação por
organofosforados.
Contraindicado na
intoxicação por carbamatos.
Sulfato de protamina Solução injetável
10 mg/ml; fr. 5 ml – I.V.
Sobredosagem de heparina
(fracionada ou não
fracionada).
Tiossulfato de sódio Solução injetável
250 mg/ml; fr. 50 ml – I.V. (lenta)
Intoxicação por cianetos
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |53
Anexo 8. A- Metabolismo do paracetamol (acetaminofeno); B- síntese de glutationa92.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |54
Anexo 9. Apresentação relativa ao Workshop Primeiros Socorros.
Diapositivo 1
Diapositivo 2
TEMAS A APRESENTAR
Queimaduras
Intoxicações
Hemorragias
Obstrução da via aérea
• Manobra de Heimlich
Suporte básico de vida
• Reanimação cardiorrespiratória em adulto, criança
• Posição lateral de segurança
27/04/2015Marta Monteiro 2
Diapositivo 3
QUEIMADURAS
Queimadura é uma lesão que pode ser provocada pelo frio, calor, químicos, radiação ou eletricidade. Pode destruir a pele mas também órgãos internos e ossos.
27/04/2015Marta Monteiro 3
1º grau:
• a camada superficial (epiderme) é afetada; a pele fica vermelha, a dor está presente.
2º grau:
• a derme (2ª camada da pele) é também atingida, havendo formação de bolhas e dor torna-se maisacentuada. Dependendo da extensão e qual a zona afetada deve-se consultar o médico.
3º grau:
• todas as camadas da pele são afetadas; a pele fica branca, seca e não há dor. A hospitalização deveser feita o mais rápido possível
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |55
Diapositivo 4
O QUE FAZER?
27/04/2015Marta Monteiro
Queimaduras térmicas
1. Retirar roupa, joias ou outros objetos para
impedir que estes fiquem presos caso a zona
aumente de tamanho;
2. Colocar a zona afetada em água 10 a 20 min,
até alivio da dor;
3. Cobrir a queimadura com gaze ou um pano
limpo para evitar infeções.
4. Pode ser aplicado um creme hidratante,
cicatrizante ou um gel à base de aloé vera
(apenas quando não exista fissura da pele).
5. Se a dor for intensa tomar um anti-inflamatório.
NUNCA :
1. Utilizar gelo ou água gelada;
2. Aplicar pasta dos dentes, ovo, manteiga e
óleo na pele com fissuras;
3. Rebentar bolhas;
4. Remover tecidos que estejam colados à
queimadura.
5. Colocar algodão na zona afetada
Queimaduras de 2º e 3º grau –
levar hospital!!!
4
Diapositivo 5
O QUE FAZER?Queimaduras químicas
1. Retirar a vítima do local;
2. Remover a roupa contaminada para evitar que o químico se espalhe;
3. Lavar com água corrente a pele pelo menos 20 min;
4. Se os olhos forem afetados enxaguar com água corrente até chegar assistência médica;
5. Queimaduras no rosto, mãos e pés devem ser consideradas sérias e receber assistência médica.
27/04/2015Marta Monteiro
NUNCA :• RETIRAR A ROUPA COLADA À ZONA AFETADA• UTILIZAR QUALQUER TIPO DE GORDURAS
Produtos para queimaduras 1º grau
Queimaduras elétricas
1. Não retirar a vítima do local.
2. Desligar a corrente elétrica.
3. Todas as queimaduras elétricas necessitam de assistência médica.
5
Diapositivo 6
CIAV
808 250 143
INTOXICAÇÕES
27/04/2015Marta Monteiro
Muitas vezes o melhor socorro em intoxicações é não intervir. As embalagens devem sempre acompanhar o doente para uma rápida intervenção.
Intoxicação por via inalatória - verificar sempre se o local é seguro; remover a vitima do local e estar atento à sua respiração.
Intoxicação por via cutânea - remover as peças do vestuário que estiverem em contacto com o tóxico e lavar a zona atingida durante pelo menos 15 minutos. Logo que possível contactar o CIAV.
6
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |56
Diapositivo 7
CIAV
808 250 143
Intoxicação por via digestiva - o vómito pode ser forçado mas apenas se por indicação do CIAV ou 112.
Intoxicação por via ocular – lavar o olho atingido com recurso a água. A lavagem deve ser efetuada do canto interno para o canto externo durante 15 min. Assim que possível contactar CIAV ou 112.
27/04/2015Marta Monteiro 7
INTOXICAÇÕES
Diapositivo 8
HEMORRAGIAS Existem vários tipos de hemorragias, no entanto a forma de proceder acaba por
ser semelhante. Deve-se:
Todo o material utilizado deve ser estéril.
27/04/2015Marta Monteiro 8
Acalmar o doente;
Explicar o que vai ser feito;
Suspeitar de outras lesões associadas;
Controlar a hemorragia;
Fazer aplicação de frio sobre o
local;
Mobilizar a região afetada;
Efetuar um penso
esterilizado;
Ligar 112 se necessário
Diapositivo 9
HEMORRAGIAS
27/04/2015Marta Monteiro 9
https://www.youtube.com/watch?v=Bx1PfYkdG8w
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |57
Diapositivo 10
OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA
Obstrução parcial: o doente encontra-se
consciente, e tenta tossir vigorosamente.
O doente tosse, chora e fala.
Não interferir e deve-se encorajar o doente a
tossir com força.
Obstrução total:
o doente levanta-se subitamente agarrado ao
pescoço.
Não consegue emitir qualquer som.
Efetuar 5 pancadas com a base da mão
entre as omoplatas do doente
Caso não resulte, efetuar 5 compressões
abdominais entre a extremidade do
esterno e o umbigo.**
27/04/2015Marta Monteiro 10
** Nos doentes conscientes,
esta manobra é executada
com o doente de pé, ficando
o socorrista que a executa
por trás. Nas grávidas,
obesos e crianças com
idade inferior a um ano
substituir as compressões
abdominais por
compressões torácicas.
Diapositivo 11
27/04/2015Marta Monteiro 11
OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA
https://www.youtube.com/watch?v=aJYTTiSDsoM – Adultos
https://www.youtube.com/watch?v=lYwuoGkJo60 – Crianças
Diapositivo 12
SUPORTE BÁSICO DE VIDA - ADULTO
27/04/2015Marta Monteiro 12
https://www.youtube.com/watch?v=XdbJ684yWmM&list=PLa376
viHpzV8Nir7omWIUGXyFrZAFTiV7&index=2
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |58
Diapositivo 13
SUPORTE BÁSICO DE VIDA – COMPRESSÕES TORÁCICAS
Posicionar-se ao lado da vítima;
Certificar-se que a vítima está deitada de costas, sobre uma
superfície firme e plana;
Afastar/remover as roupas que cobrem o tórax da vítima;
Colocar a base de uma mão no centro do tórax, entre os
mamilos;
Colocar a outra mão sobre a primeira entrelaçando os
dedos;
Braços e cotovelos esticados, com os ombros na direção das
mãos;
Aplicar compressão sobre o esterno, deprimindo o esterno 5-6 cm a cada compressão (as
compressões torácicas superficiais podem não
produzir um fluxo sanguíneo adequado);
Aplicar compressões de forma rítmica a uma frequência de pelo menos 100 por minuto,
mas não mais do que 120 por minuto.
NUNCA INTERROMPER AS COMPRESSÕES MAIS DO QUE 5 SEGUNDOS (com o coração
parado, quando não se comprime o tórax, o sangue
não circula)
27/04/2015Marta Monteiro 13
Diapositivo 14
SUPORTE BÁSICO DE VIDA – RESPIRAÇÃO BOCA-A-BOCA
Posicionar-se ao lado da vítima;
Permeabilizar a via aérea
•Colocar uma mão na testa da vítima e empurrar com a palma da mão, inclinando a cabeça para trás (extensão da cabeça);
•Colocar os dedos da outra mão por baixo da parte óssea da mandíbula, perto do queixo
•Elevar a mandíbula, levantando o queixo da vítima
Aplicar 2 ventilações na vítima, mantendo a via aérea permeável:
• Com a mão na testa da vítima comprimir as narinas da vítima;
•Respirar normalmente e selar os lábios ao redor da boca da vítima;
Aplicar 1 ventilação (soprar por 1 segundo; observar se existe a elevação do tórax da vítima)
Aplicar uma segunda ventilação, observando se existe elevação do
tórax;
Caso uma ou ambas as tentativas de insuflação se revelem ineficazes, deve
avançar de imediato para as compressões torácicas.
27/04/2015Marta Monteiro 14
Diapositivo 15
SUPORTE BÁSICO VIDA - CRIANÇAS
27/04/2015Marta Monteiro 15
https://www.youtube.com/watch?v=lYwuoGkJo60&inde
x=7&list=PLa376viHpzV8Nir7omWIUGXyFrZAFTiV7
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |59
Diapositivo 16
27/04/2015Marta Monteiro 16
Diapositivo 17
POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA (PLS)
Posicionar o membro superior do doente
Segurar a mão do doente junto à sua face
27/04/2015Marta Monteiro 17
Fletir o membro inferior
Efetuar a rotação do doente
Diapositivo 18
POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA (PLS)
27/04/2015Marta Monteiro 18
Certificar-se da desobstrução da via aérea do doente
O doente não deve permanecer mais de 30 min nesta posição.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |60
Diapositivo 19
POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA (PLS)
27/04/2015Marta Monteiro 19
https://www.youtube.com/watch?v=Gfm0JWGnTe0
Diapositivo 20
DÚVIDAS?
27/04/2015Marta Monteiro 20
Diapositivo 21
VAMOS PRATICAR!
Manobra de Heimlich
Suporte básico vida adulto
Posição lateral segurança
27/04/2015Marta Monteiro 21
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |61
Anexo 10. Panfleto informativo “Queimaduras: o que fazer?”
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |62
Anexo 11. Poster relativo ao tema Diabetes mellitus.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |63
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Cristina Freitas Monteiro
Serviços Farmacêuticos do Hospital Pedro Hispano
Marta Cristina Freitas Monteiro
Relatório de Estágio Profissionalizante
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Hospital Pedro Hispano
11 Maio de 2015 a 10 de Julho de 2015
Aluno: Marta Cristina Freitas Monteiro
Orientador: Dra. Cecília Mimoso
_________________________________
Julho de 2015
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro | ii
Declaração de Integridade
Eu, Marta Cristina Freitas Monteiro, abaixo assinado, nº 201004705, aluno do
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade
do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.
Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo,
mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes
dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a
outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso
colocado a citação da fonte bibliográfica.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de ________________ de ______
Assinatura: ______________________________________
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro | iii
Agradecimentos
Aos Professores Orientadores de Estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade
do Porto e à Ordem dos Farmacêuticos, Secção Regional do Porto, por possibilitarem a
realização do Estágio em Farmácia Hospitalar.
À Dr.ª Sofia Carvalho da Silva, Diretora dos Serviços Farmacêuticos da Unidade Local de
Saúde de Matosinhos, pela oportunidade concedida para a realização do Estágio em Farmácia
Hospitalar, pela forma como me acolheu e integrou na equipa. Um agradecimento de igual modo
muito especial à Dr.ª Cecília Mimoso, orientadora deste estágio, pelo inestimável apoio dado, pelos
preciosos conselhos e pela boa energia e pelo exemplo de elevado rigor profissional demonstrado
desde a primeira hora.
À restante equipa dos Serviços Farmacêuticos da Unidade Local de Saúde de Matosinhos,
EPE, não querendo particularizar nomes por forma a não me esquecer de referir algum, pela simpatia,
espírito de entreajuda e bom ambiente de trabalho criado.
Aos de sempre, por serem o porto de abrigo de todas as horas e partilharem comigo mais esta
importante etapa da minha vida, sem eles este percurso não teria sido da mesma forma.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro | iv
Resumo
De acordo com a atual legislação europeia, a formação académica do Farmacêutico deverá
incluir um período de estágio em farmácia comunitária, podendo ainda incluir um período em
farmácia hospitalar. Os Serviços Farmacêuticos constituem uma estrutura importante dos cuidados
de saúde dispensados em meio hospitalar. Por isso mesmo, e com vista à aquisição de novos
conhecimentos, foi-me dada a oportunidade de realizar parte do estágio curricular no Hospital Pedro
Hispano, entre 11 de maio e 10 de julho de 2015.
Durante este estágio, pude conhecer a realidade de cada uma das áreas que constituem os
Serviços Farmacêuticos, tendo acompanhado e colaborado ativamente nas várias tarefas relacionadas
com aquilo que é a realidade de um Farmacêutico Hospitalar. O plano das atividades desenvolvidas
ao longo do estágio encontra-se discriminado no Anexo 1.
Todas as atividades desenvolvidas no decurso do estágio, neste relatório descritas, permitiram
não só a adaptação para um domínio prático dos conhecimentos técnicos e científicos apreendidos
ao longo de cinco anos de estudo universitário, como também contribuíram para o desenvolvimento
de capacidades de inovação e melhoria constantes, pelo que fomentaram em simultâneo o
crescimento profissional e pessoal.
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Índice
Declaração de Integridade ........................................................................................................ ii
Agradecimentos ...................................................................................................................... iii
Resumo ................................................................................................................................... iv
Índice de Figuras .................................................................................................................... vii
Lista de abreviaturas ............................................................................................................. viii
1. Organização da Unidade Local de Saúde de Matosinhos .............................................. 1
2. Organização e gestão dos Serviços Farmacêuticos ........................................................ 1
2.1 Recursos humanos ...................................................................................................... 1
2.2 Organização dos SF .................................................................................................... 2
2.3 Horário de funcionamento .......................................................................................... 2
2.4 Organização espacial .................................................................................................. 2
3. Seleção, aquisição e armazenamento de produtos Farmacêuticos ................................. 4
3.1 Gestão de existências ................................................................................................. 4
3.1.1 Sistema kaizen .................................................................................................... 4
3.2 Sistemas e critérios de seleção de medicamentos....................................................... 5
3.2.1 Pedidos de Autorização de Utilização Excecional (AUE) ................................. 5
3.2.2 Pedidos de Autorização Excecional (AE) .......................................................... 6
3.3 Receção e verificação dos produtos adquiridos.......................................................... 6
3.4 Armazenamento ......................................................................................................... 7
3.5 Prazos de validade (PV) ............................................................................................. 8
4. Sistemas de distribuição de medicamentos .................................................................... 8
4.1 Distribuição tradicional .............................................................................................. 8
4.1.1 Distribuição por rotas - sistema dupla caixa....................................................... 9
4.1.2 Pedido eletrónico ................................................................................................ 9
4.2 Distribuição semiautomática através do sistema Omnicell® ...................................... 9
4.3 Sistema de Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (SDIDDU) ................ 10
4.4 Distribuição aos centros de saúde ............................................................................ 10
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4.5 Distribuição personalizada ....................................................................................... 11
4.5.1 Protocolos de analgesia domiciliária ................................................................ 11
4.6 Circuitos especiais de distribuição ........................................................................... 12
4.6.1 Estupefacientes e psicotrópicos ........................................................................ 12
4.6.2 Hemoderivados ................................................................................................. 12
4.6.3 Gases medicinais .............................................................................................. 13
4.6.4 Antibióticos de justificação clínica obrigatória ................................................ 13
4.7 Distribuição de medicamentos a doentes em ambulatório ....................................... 13
5. Farmacotecnia .............................................................................................................. 14
5.1 Preparações Não estéreis .......................................................................................... 15
5.2 Preparações estéreis .................................................................................................. 15
5.2.1 Preparação nutrição parentérica ....................................................................... 15
5.3 Preparação de citotóxicos ......................................................................................... 16
5.4 Reembalagem ........................................................................................................... 18
6. Farmacovigilância ........................................................................................................ 18
7. Ensaio clínicos.............................................................................................................. 18
8. Farmácia clínica e visita aos serviços clínicos hospitalares ......................................... 19
9. Informação sobre medicamentos .................................................................................. 19
10. Comissões hospitalares ................................................................................................ 20
11. Trabalhos realizados durante o estágio ........................................................................ 20
12. Conclusão ..................................................................................................................... 21
13. Bibliografia................................................................................................................... 22
14. Anexos .......................................................................................................................... 24
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Índice de Figuras
Figura 1: Distribuição geográfica dos vários centros de saúde que constituem o Agrupamento de Centros de
Saúde de Matosinhos (ACES). Legenda: USF- Unidade Saúde Familiar; UCC – Unidade Cuidados na
Comunidade; UCSP- Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados; URAP- Unidade de Recursos
Assistenciais Partilhados; UCE- Unidade Cuidados Especiais. ........................................................................... 1
Figura 2: Planta do armazém dos Serviços Farmacêuticos do Hospital Pedro Hispano. ................................... 3
Figura 3: Planta dos Serviços Farmacêuticos do Hospital Pedro Hispano. ........................................................ 3
Figura 4: Ordem de aditivação durante a preparação manual das bolsas de nutrição parentérica para o
Serviço de Neonatologia. Primeiro é preparada a solução 1 (hidrossolúvel) e só depois, em seringa opaca, a
solução 2 (lipossolúvel). ................................................................................................................................... 16
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Lista de abreviaturas
ACES - Agrupamento Centros de Saúde
AIM - Autorização de Introdução no Mercado
AO - Assistente Operacional
AUE - Autorização de Utilização Excecional
CAUL - Certificados de Autorização de Utilização de Lote
CFLH - Câmara de Fluxo Laminar Horizontal
CTX - Citotóxicos
DCI- Denominação Comum Internacional
DIDDU - Distribuição Individual Diária em Dose Unitária
DL - Decreto-lei
DT – Diretora Técnica
EC - Ensaio Clínico
EPE - Entidade Pública Empresarial
EPI - Equipamento de Proteção Individual
FEFO - First Expired, First Out
FNM - Formulário Nacional do Medicamento
HPH - Hospital Pedro Hispano
INCM - Instituto Nacional Casa da Moeda
INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P
NE - Nota de encomenda
PC - Pedido de compra
PV - Prazo Validade
RAM - Reação Adversa ao Medicamento
RCM - Resumo das Caraterísticas do Medicamento
SC- Serviço de Compras
SDIDDU - Sistema de Distribuição Individual Diária em Dose Unitária
SF- Serviços Farmacêuticos
SIE - Serviços de Instalação e Equipamentos
TDT - Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica
UCC - Unidade Cuidados na Comunidade
UCE- Unidade Cuidados Especiais
UCSP- Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados
ULSM - Unidade Local de Saúde de Matosinhos
UPC - Unidade de Preparação de Citotóxicos
UPE - Unidade de Preparação de Estéreis
UPNE - Unidade de Preparações de Não Estéreis
URAP- Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados
USF- Unidade Saúde Família
Relatório de Estágio Profissionalizante
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1. Organização da Unidade Local de Saúde de Matosinhos
A Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM) foi a primeira Unidade Local de Saúde a
ser criada no país, em 1999, reunindo os cuidados hospitalares e cuidados primários sob o mesmo
Conselho de Administração1. A partir de 2005 esta unidade foi transformada em Entidade Pública
Empresarial (EPE), pelo Decreto-lei (DL) nº 233/2005, de 29 de Dezembro2, e é atualmente
constituída pelo Hospital Pedro Hispano (HPH) e pelo Agrupamento de Centros de Saúde de
Matosinhos1 descritos na Figura 1.
Integrada no Serviço Nacional de Saúde, esta unidade, de acordo com os dados dos Censos
2011, presta serviço a 175 478 habitantes do concelho de Matosinhos e é a segunda referência de
cuidados hospitalares para os concelhos de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, prestando assim
serviço a cerca de 318 000 habitantes1.
2. Organização e gestão dos Serviços Farmacêuticos
2.1 Recursos humanos
Os Serviços Farmacêuticos (SF) integram os Serviços de Suporte à Prestação de Cuidados da
ULSM e, tal como mencionado no DL n.º 44204, de 2 de Fevereiro de 19623, apresentam autonomia
técnica e científica, sem no entanto, deixarem de estar orientados pelo Conselho de Administração,
ao qual têm que responder pelas práticas desempenhadas1.
Figura 1: Distribuição geográfica dos vários centros de saúde que constituem o Agrupamento de Centros de Saúde de
Matosinhos (ACES). Legenda: USF- Unidade Saúde Familiar; UCC – Unidade Cuidados na Comunidade; UCSP-
Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados; URAP- Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados; UCE- Unidade
Cuidados Especiais.
Relatório de Estágio Profissionalizante
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A equipa dos SF é constituída por onze Farmacêuticos, oito Técnicos de Diagnóstico e
Terapêutica (TDT) e oito Assistentes Operacionais (AO). Juntos asseguram as várias etapas do
Circuito do Medicamento, assumindo diferentes responsabilidades, de acordo com a função de cada
um. Os SF estão sob a direção de uma farmacêutica especialista em Farmácia Hospitalar nomeada
pelo Conselho de Administração, a Diretora Técnica (DT), cargo desempenhado pela Dra. Sofia
Pinto.
2.2 Organização dos SF
Os SF localizam-se no piso -1 do HPH, está bem sinalizado e com todas as áreas no mesmo
piso. Encontra-se também perto dos sistemas de circulação vertical, permitindo um fácil acesso ao
atendimento interno por parte dos serviços com maior frequência de distribuição de medicação.
Durante o estágio tive oportunidade de presenciar o início de mudança de instalações da Unidade de
Ambulatório para o piso 0, junto ao átrio principal. Deste modo, tornar-se-á mais fácil e intuitivo o
acesso por parte dos doentes à medicação, uma vez que muitos deles apresentam mobilidade
reduzida.
2.3 Horário de funcionamento
De forma a responder eficazmente às necessidades, os SF encontram-se em funcionamento,
para Atendimento Interno, entre as 8h30 e as 17h30 nos dias úteis, estando entre as 17h e as 24h o
serviço assegurado por um Farmacêutico e um AO. Durante o fim-de-semana e feriados funciona
entre as 9h e as 17h. Após este horário existe sempre um Farmacêutico em regime de prevenção entre
as 17h e as 24h (via telemóvel). Na Unidade de Ambulatório a dispensa de medicamentos ocorre
entre as 8h30 e as 17h30 de segunda a sexta-feira, estando encerrado ao fim de semana e feriados.
2.4 Organização espacial
Os SF da ULSM apresentam diversas áreas, que correspondem às exigências legais da
atividade farmacêutica. Algumas delas apresentam caraterísticas próprias, nomeadamente:
Armazém
No que aos medicamentos diz respeito, estes apresentam-se distribuídos por ordem alfabética
de Denominação Comum Internacional (DCI), existindo duas zonas principais: a zona dourada -
onde se encontram os fármacos que apresentam maior rotatividade, e por isso, encontram-se
convertidos em dose unitária - e a zona geral - onde se encontram os restantes medicamentos. Os
restantes produtos Farmacêuticos encontram-se distribuídos de acordo com a Figura 2.
O armazém inclui também uma sala de armazenamento de estupefacientes (Figura 3), um
local individualizado com fechadura de segurança e de acesso restrito4 a Farmacêuticos. Possui ainda
dois frigoríficos, um denominado frigorífico de acesso geral – onde se inclui o armazenamento de
Relatório de Estágio Profissionalizante
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vacinas, entre outros – e um frigorífico de acesso restrito – ao qual só os Farmacêuticos têm acesso
e onde se encontram armazenados hemoderivados, alguns citotóxicos, epoetinas, entre outros.
Figura 2: Planta do armazém dos Serviços Farmacêuticos do Hospital Pedro Hispano.
Figura 3: Planta dos Serviços Farmacêuticos do Hospital Pedro Hispano.
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Atendimento externo
A sala do atendimento externo é separada das restantes áreas, uma vez que é necessário
confidencialidade aquando a dispensa dos medicamentos em regime de ambulatório. Possui também
um armazém com a medicação mais frequentemente fornecida em ambulatório e uma arca frigorífica,
onde são colocados os acumuladores de frio.
Os SF apresentam ainda outras áreas, nomeadamente: atendimento interno; centro de
validação; área de distribuição individualizada da dose unitária; área de distribuição tradicional; área
de receção; área de reembalamento; gabinete da DT, Gabinete dos Farmacêuticos e Gabinete dos
TDT; Unidade de Preparação de Citotóxicos (UPC); Unidade de Preparação de Estéreis (UPE) e
Unidade de Preparação de Não Estéreis (UPNE). A localização geográfica de todas estas áreas
encontra-se especificada na Figura 3.
3. Seleção, aquisição e armazenamento de produtos Farmacêuticos
3.1 Gestão de existências
A gestão de stocks dos produtos Farmacêuticos tem um objetivo: evitar a rutura de existências
com a melhor gestão económica possível. Através desta gestão, a farmácia consegue impedir a rutura
de produtos, que inviabiliza a continuidade da terapêutica dos doentes sem, no entanto, ocorrer um
excesso de stock, que se traduz num empate de capital. Outras vantagens são o facto de diminuir a
perda de capital devido à expiração do Prazo de Validade (PV) e permitir a libertação de espaço no
armazém.
A gestão de stocks dos produtos Farmacêuticos, nomeadamente dos medicamentos, é efetuada
informaticamente através da aplicação informática, o Sistema de Gestão Integral do Circuito do
Medicamento (SGICM) que permite a gestão dos SF, integrada com a Prescrição Médica.
Quando existe alguma falha nesta gestão, e nos casos em que os laboratórios não asseguram a
entrega atempadamente, é solicitado um empréstimo do produto farmacêutico a outro hospital. Caso
este seja aceite, é formalizado o pedido através de um impresso específico; no caso de o empréstimo
não ser aceite, os SF recorrem a um fundo de maneio. É solicitado ao SC a quantia monetária
necessária através da entrega de um formulário próprio com o produto em questão e qual a farmácia
comunitária onde vai ser comprado o produto. O fundo de maneio é também utilizado quando não
existe o produto no fornecedor/distribuidor, ou quando este exige stocks mínimos elevados.
3.1.1 Sistema kaizen
Kaizen, palavra japonesa para “melhoria contínua”, é um sistema de gestão simples de
executar que se tornou cada vez mais comum nas mais diversas empresas5. Este sistema foi
implementado nos SF com vista à otimização da comunicação do fluxo de stock, diminuição do
empate de capital, melhoria do acesso aos medicamentos, aproveitamento do espaço do armazém e
de forma a facilitar a gestão de stocks de todos os produtos adquiridos pelos SF. Este é um sistema
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |5
de gestão visual onde são utilizados kanbans (Anexo 2), uns cartões que contêm a designação do
produto (substância ativa apresentada na DCI, forma farmacêutica, dosagem), local de
armazenamento, ponto de encomenda e quantidade a encomendar. Os últimos dois pontos são
definidos pelos Farmacêuticos, através da análise dos consumos médios dos últimos seis meses. Os
kanbans apresentam várias cores, dependendo a que classe de medicamentos estão associados, de
modo a facilitar ainda mais a sua correta colocação na zona de receção de encomendas.
O sistema funciona da seguinte forma:
1. Quando é atingido o ponto de encomenda é recolhido o kanban e colocado em zonas
estratégicas ao longo do circuito dos SF para mais tarde ser recolhido por um AO e
entregue à DT ou substituto legal.
2. Após a recolha é elaborado um pedido de compra (PC) ao SC, serviço responsável por
emitir e enviar a nota de encomenda (NE) para o fornecedor/distribuidor.
3. Após a elaboração da encomenda, os kanbans são colocados na zona de receção de
encomendas, na caixa “Produtos Encomendados”, por ordem alfabética e de acordo
com a sua cor/classe. Aquando a receção do produto Farmacêutico o kanban deve ser
retirado da caixa e acompanhar o respetivo produto.
4. Durante o armazenamento, o AO coloca o kanban na posição correspondente ao PE.
Esta metodologia foi também implementada nos serviços clínicos da ULSM, com um
funcionamento diferente que será abordado mais à frente.
3.2 Sistemas e critérios de seleção de medicamentos
A seleção de medicamentos tem por base o Formulário Nacional de Medicamentos (FNM) e
as necessidades terapêuticas dos doentes do hospital, tal como estabelecido pelo Despacho n.º 2061-
C/2013, de 1 de fevereiro de 20136.
Quando há necessidade de introduzir um novo medicamento, o pedido é remetido à Comissão
de Farmácia e Terapêutica (CFT). Para isso é necessário que o médico preencha o “Pedido de
Introdução de um medicamento à Adenda Hospitalar do FNM” (Anexo 3) com todas as informações
referentes ao medicamento (substância ativa, nome do medicamento, dosagem, posologia, entre
outros), assim como a justificação para a sua utilização e respetivas referências bibliográficas. Este
pedido é analisado pela CFT, que posteriormente emite o seu parecer positivo ou negativo para a
introdução do medicamento em questão.
3.2.1 Pedidos de Autorização de Utilização Excecional (AUE)
A AUE destina-se aos medicamentos que não apresentem AIM em Portugal ou, embora
apresentem AIM, não sejam efetivamente comercializados. Estes medicamentos são essenciais à
prevenção, diagnóstico ou tratamento de determinadas patologias e não apresentam medicamentos
essencialmente similares comercializados em Portugal7. Esta permissão apresenta um caráter
particular e carece de autorização da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P
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Marta Monteiro |6
(INFARMED)8. O pedido de AUE é apresentado pelo diretor clínico ou entidade equivalente da
instituição de saúde onde o medicamento vai ser administrado, mediante prévia autorização do
respetivo órgão máximo de gestão, sob proposta fundamentada do diretor de serviço que se propõe
utilizar o medicamento e também através do parecer da CFT8.
Os requerentes devem apresentar anualmente, durante o mês de Setembro, um pedido único
de AUE por medicamento. Neste pedido deve constar as quantidades consideradas necessárias para
o ano a que se refere o AUE8. Para efetuar o pedido é necessário o preenchimento do formulário
“Autorização de Utilização Excecional Medicamentos de Uso Humano - impresso de uso obrigatório
pelos requerentes” (Anexo 4) onde constam, entre outras informações, a identificação do
medicamento, indicação do preço do medicamento por unidade e estimativa do custo total. No caso
de o medicamento não pertencer ao FHN (extra-formulário) tem que ser acompanhado pelo impresso
de “Justificação Clínica” (Anexo 5). É importante referir que no caso das AUE para alergenos é
acrescentada uma declaração sobre a ausência de derivados de plasma na composição dos alergenos
que é facultada pelo laboratório responsável pela importação9. No caso dos estupefacientes tem que
ser emitida ainda uma declaração assinada quer pelo diretor clínico quer pelo diretor dos SF a
disponibilizar a consulta de todos os documentos inerentes em sede de inspeção.
Para além dos impressos acima mencionados é necessário o envio para o INFARMED, via
correio eletrónico7, toda a informação relativa aos detentores da AIM (titular do AIM, país de fabrico,
distribuidor em Portugal, etc.) e a cópia do Resumo das Caraterísticas do Medicamento (RCM). No
entanto, o envio desta documentação pode ser substituída por uma declaração assinada pela direção
dos SF e pela direção dos Serviços Clínicos8.
3.2.2 Pedidos de Autorização Excecional (AE)
Os pedidos de utilização dos medicamentos a título excecional são feitos através da AE, um
tipo de AUE que é feita para a utilização de novos medicamentos de uso exclusivo hospitalar ou
outros medicamentos de receita restrita, quando apenas comercializados a nível hospitalar10. Ao
contrário do que acontece nos outros pedidos AUE este pedido feito doente a doente. É também de
ressaltar que a maior parte destes pedidos são concebidos para medicamentos que estão em avaliação
fármaco-económica em pelo menos uma das indicações constantes no RCM do medicamento.
Todos os pedidos de AE são da responsabilidade do médico prescritor que envia o formulário
“Pedido de parecer da Comissão de Farmácia e Terapêutica” (Anexo 3) preenchido à CFT que
emitirá o parecer. Se o parecer for favorável, é então assinado pelo diretor clínico e enviado
posteriormente para o INFARMED.
3.3 Receção e verificação dos produtos adquiridos
As encomendas são rececionadas na zona de receção por um AO, com exceção das vacinas e
anticoncecionais (feita por um TDT) e os medicamentos sujeitos a legislação especial
(estupefacientes, psicotrópicos, hemoderivados e medicamentos experimentais) que são
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rececionados por um Farmacêutico. As encomendas vêm acompanhadas pela respetiva guia de
remessa que, após verificação da mesma, é carimbada, rubricada e datada, sendo o duplicado
entregue ao transportador. Quanto à fatura (original e duplicado) é enviada para o SC, onde é
procedido o registo informático dos produtos recebidos, passando estes a figurar no stock da
farmácia.
No caso das encomendas conterem medicamentos hemoderivados devem ainda fazer-se
acompanhar dos Boletins de Análise e dos Certificados de Autorização de Utilização de Lote
(CAUL) correspondentes, tal como no exemplo do Anexo 6, que são posteriormente arquivados
numa capa própria no Atendimento Interno4.No caso da receção de Psicotrópicos e Estupefacientes
a nota de encomenda vem acompanhada pelo Modelo nº 1506, Anexo VII do Instituto Nacional Casa
da Moeda (INCM) que é devolvido, devidamente preenchido, pela entidade fornecedora, aos SF,
onde é arquivado pela DT. O Anexo 7 mostra-nos um exemplo deste mesmo impresso.
3.4 Armazenamento
O armazenamento é feito em condições de luz, temperatura e humidade adequadas às
exigências específicas dos produtos, de forma a garantir uma correta conservação. Assim, a
temperatura e humidade são monitorizadas, de modo a assegurar uma temperatura máxima de 25ºC
e humidade inferior a 60% na zona de armazenagem, bem como uma temperatura entre 2-8ºC nas
câmaras frigoríficas. Os produtos são arrumados, colocando-se à frente os de menor PV, por forma
a serem dispensados em primeiro lugar e evitarem-se desperdícios, tal como preconizado pelo
princípio First Expired First Out (FEFO), e de acordo com a metodologia Kaizen.
É dada a prioridade aos produtos que necessitem de refrigeração (hemoderivados,
epoetinas, os quais são arrumados nas câmaras frigoríficas) e aos estupefacientes e psicotrópicos
(sala de armazenamento de estupefacientes). Os restantes produtos são arrumados de acordo com a
organização descrita na da seguinte forma:
Produtos Farmacêuticos que não requerem condições especiais de conservação:
arrumados por ordem alfabética da sua designação (no caso dos medicamentos, da sua DCI) e ordem
crescente de dosagem, em prateleiras devidamente identificadas.
Anestésicos gerais, Anticoncecionais e Benzodiazepinas: arrumados no armazém geral,
em armários próprios e fechados à chave;
Medicamentos experimentais: arrumados em sala de armazenamento de estupefacientes,
com fechadura de segurança;
Medicamentos em regime de ambulatório: armazenados na sala de atendimento externo;
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Citotóxicos (CTX): encontram-se centralizados no armazém da UPC, onde existe um
frigorífico para armazenamento dos CTX que necessitam de refrigeração. O stock excedente é
armazenado na câmara frigorífica de acesso restrito.
3.5 Prazos de validade (PV)
De modo a garantir a qualidade, a segurança e a eficácia dos produtos Farmacêuticos, o
Farmacêutico destacado procede ao controlo de PV mensalmente, através da impressão de uma lista
gerada informaticamente que revela quais os produtos a expirarem no mês em questão. Após a
verificação da listagem, procede-se à recolha dos produtos cuja validade expira no prazo estipulado,
analisando-se a possibilidade de consumo atempado noutros serviços. Caso contrário, é feito o
contacto para o laboratório referente ao medicamento em questão, para tentativa de troca ou obtenção
de crédito.
Uma vez por mês, os Farmacêuticos realizam também uma verificação dos PV nos
serviços/unidades de que são responsáveis. O registo é efetuado num impresso próprio, onde são
colocados as unidades e o PV dos medicamentos que expiram nos meses seguintes, para serem
recolhidos.
Por várias vezes, durante o período de estágio, pude acompanhar este processo, nos serviços
de Hospital Dia e Ortopedia mas também nos centros de Saúde de Matosinhos e Leça da Palmeira,
onde pude contactar com a verificação de prazos de validade com e sem implementação do sistema
Kaizen.
4. Sistemas de distribuição de medicamentos
A distribuição de medicamentos é um processo fundamental no circuito do medicamento com
grande visibilidade na farmácia hospitalar. Através deste processo pretende-se garantir o
cumprimento da prescrição, racionalizar a distribuição dos medicamentos e diminuir os erros
relacionados com a medicação4.
Na ULSM existem vários sistemas de distribuição de medicamentos: distribuição tradicional,
distribuição por rotas, a distribuição semiautomática através do sistema Omnicell®, distribuição
individual diária em dose unitária (DIDDU), distribuição aos Centros de Saúde, a distribuição
personalizada e distribuição em regime de ambulatório.
4.1 Distribuição tradicional
A distribuição tradicional realiza-se a granel e consiste na existência de um pequeno armazém
nos serviços clínicos, contendo um determinado stock de medicamentos fixo para cada serviço e é
controlado pelo respetivo enfermeiro chefe. A principal vantagem é o acesso fácil e rápido aos
medicamentos por parte dos enfermeiros. No entanto, este sistema apresenta diversas desvantagens,
incluindo uma maior dificuldade no controlo dos stocks das enfermarias e dos PV, bem como um
risco acrescido de erros na preparação e administração dos medicamentos. Posto isto, este sistema
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de distribuição de medicamentos tem sido substituído, sendo utilizado apenas em alguns serviços
clínicos da ULSM.
4.1.1 Distribuição por rotas - sistema dupla caixa
Este sistema de reposição por níveis baseia-se na metodologia kaizen e encontra-se
implementado em vários serviços clínicos do HPH, colmatando as desvantagens associadas à
distribuição tradicional.
No sistema de dupla caixa, tal como o nome indica, são utilizadas duas caixas devidamente
identificadas para cada produto Farmacêutico. Assim, quando o stock da primeira caixa termina, esta
é colocada num local próprio, recolhida por um AO que as transporta até aos SF e reabastecida por
um TDT enquanto a segunda continua a ser utilizada. No dia seguinte, estas caixas são levadas
novamente para o serviço clínico respetivo por um AO, sendo a reposição feita diariamente.
A atribuição da quantidade por caixa é baseada na análise do consumo do último semestre de
cada um dos serviços.
Uma das atividades que realizei nesta área foi a participação na revisão e implementação das
alterações do acordo do serviço de Cirurgia B, nomeadamente através da reorganização dos armários,
alteração de stocks e introdução de fármacos.
4.1.2 Pedido eletrónico
Estes pedidos são efetuados pelos enfermeiros quando existe rutura de algum produto em stock
no serviço (stock esse pré-definido), ou para pedidos de medicamentos que não constem no acordo
de medicamentos presentes no serviço, mas que estejam a ser necessários.
Os pedidos eletrónicos são rececionados pelos TDT, que procedem à preparação e emissão
dos mesmos.
Os pedidos são enviados para o serviço clínico em questão juntamente com a respetiva rota,
ou então, em casos urgentes, a medicação é levantada pelos enfermeiros ou AO no Atendimento
Interno.
4.2 Distribuição semiautomática através do sistema Omnicell®
Omnicell® é um sistema semiautomático de distribuição de medicamentos, constituído por um
conjunto de armários geridos por um software11.
Na ULSM, este sistema existe unicamente no Serviço de Urgência, sendo de acesso restrito,
que pode ser efetuado através de impressão digital ou palavra-passe. O Omnicell® tem várias
vantagens: permite uma maior racionalização e rastreabilidade dos medicamentos, uma maior gestão
do espaço, diminuição dos erros de administração, entre outros. No entanto apresenta um custo de
aquisição elevado, o que impede a sua implementação, de momento, noutros serviços da instituição11.
Sempre que um enfermeiro acede ao Omnicell® é gerado um registo do consumo, sendo
emitida diariamente uma listagem dos mesmos, que é utilizada para a reposição do stock. A
medicação em falta é preparada e resposta por um TDT diariamente. Aquando essa reposição, pude
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acompanhar a TDT e participar no mesmo processo, tendo-me sido explicado o modo de
funcionamento do Omnicell®.
4.3 Sistema de Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (SDIDDU)
O SDIDDU consiste na dispensa das doses necessárias para um determinado doente num
período de 24 horas. Estes medicamentos são preparados em malas que contêm gavetas individuais,
devidamente identificadas com o nome, número de processo, cama do doente e serviço clínico onde
o doente se encontra (Anexo 8).
Este sistema foi implementado com o objetivo de permitir o acesso ao perfil
farmacoterapêutico do doente e promover a intervenção farmacêutica antes da dispensa e
administração dos medicamentos, a fim de aumentar a segurança no circuito do medicamento,
minimizar o risco de potenciais interações medicamentosas, reduzir os custos e evitar desperdícios.
O Farmacêutico, atendendo à frequência e horário de administração, dose e incompatibilidade,
elabora o perfil farmacoterapêutico do doente e valida a respetiva prescrição. As prescrições devem
conter a identificação do doente (nome, número de processo e da cama, bem como o serviço),
identificação do prescritor, designação do medicamento por DCI, dose, forma farmacêutica, horário
e via de administração, assim como outras informações consideradas relevantes (regime alimentar,
utilização de sonda, alergias, peso, entre outros).
No início da manhã e uma vez validadas as prescrições, o Farmacêutico gera e imprime o mapa
geral de produção por serviço, sendo que, caso surjam alterações, é gerado o mapa de alterações
durante o resto do dia. Em seguida, os TDTs procedem à preparação das malas de acordo com os
mapas gerados que serão entregues por um AO. É feita uma conferência aleatória diária de alguns
serviços por um TDT diferente daquele que preparou. Há um desfasamento da entregue das malas
da dose unitária, ocorrendo a entrega dos pisos 1,2 e 3 às 13h30 e o 4º piso às 16h. Aos fins-de-
semana e feriados a medicação é preparada no dia anterior, em duplicado ou triplicado, conforme a
necessidade.
Aquando da minha passagem pelo centro de validação pude acompanhar e intervir na
interpretação e validação das prescrições. Este processo é de facto, muito importante e exige uma
grande responsabilidade, conhecimento e concentração. As intervenções farmacêuticas são várias,
desde a alteração da via de administração, colocação de data de fim aos antibióticos prescritos,
alteração de dosagens e formas farmacêuticas, retirada de quantidades de medicamento duplicadas,
entre outros, tendo sempre em vista melhorar a instituição da terapêutica com o menor desperdício
de recursos possível. Na minha opinião, este é o local onde mais rapidamente o Farmacêutico pode
fazer a diferença e onde o seu papel é insubstituível.
4.4 Distribuição aos centros de saúde
A distribuição de produtos Farmacêuticos aos ACES, tal como referido anteriormente, é da
responsabilidade dos SF. O Farmacêutico responsável pelo centro de saúde, em conjunto com o
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |11
enfermeiro-chefe define os stocks dos produtos necessários, com base na média dos seus consumos
semanais.
A reposição é feita através do sistema de rotas (sistema de dupla caixa), em tudo semelhante
ao dos serviços clínicos, sendo realizado apenas uma vez por semana, em dia definido. Os motoristas
recolhem as caixas e kanbans devolvendo aos SF, onde são reabastecidas pelos TDT e entregues na
semana seguinte. De salientar ainda que nos centros de saúde que não possuem o sistema Kaizen, a
reposição é feita de acordo com o método de distribuição tradicional. Durante o estágio pude
acompanhar dois centros de saúde e contactei com as duas realidades: sistema Kaizen e distribuição
tradicional. Nessas visitas pude constatar que o sistema kaizen facilidade bastante não só o processo
de arrumação como o da gestão de stocks, stocks esses que vão muito mais ao encontro das reais
necessidades dos centros de saúde que no caso da distribuição tradicional.
4.5 Distribuição personalizada
O sistema de distribuição personalizada de medicamentos é utilizado para fornecer, entre
outros, medicamentos estupefacientes e psicotrópicos, e envolve a realização de um pedido
específico para um determinado doente, na área de atendimento interno. O recurso a este atendimento
deve-se sobretudo a pedidos de medicação urgentes, mas pode também resultar da falta de
medicamentos após a DIDDU, da prescrição após o último envio da medicação ou ao envio de uma
forma farmacêutica/dose incorretas. O pedido é efetuado mediante a apresentação de um impresso
próprio (Anexo 9), onde consta o nome do serviço, o nome do doente, o número de processo e o
motivo do pedido.
Aquando da receção do pedido de medicação, o Farmacêutico confirma se o mesmo consta da
prescrição eletrónica, procedendo à sua validação. Seguidamente o Farmacêutico verifica se o pedido
manual está devidamente preenchido e, uma vez verificada a conformidade, procede à dispensa dos
medicamentos prescritos. No final, é registada a saída dos produtos no SGICM.
4.5.1 Protocolos de analgesia domiciliária
O DL 13/2009, de 12 de Janeiro estabelece que os estabelecimentos e os serviços prestadores
de cuidados de saúde do território continental, públicos e privados, independentemente da sua
natureza jurídica têm que dispensar medicamentos para tratamento no período pós-operatório em
situações de cirurgia de ambulatório, ou seja, uma cirurgia em que a permanência do doente é inferior
a 24h12.
O Protocolo de Analgesia Domiciliária desenvolvido pelos SF para o fornecimento de
medicamentos a doentes do Serviço de Cirurgia Ambulatória, aquando da sua alta é um dos tipos de
requisição feito no Atendimento Interno. Estes protocolos consistem em prescrições padronizadas,
pelas quais os médicos podem optar após a avaliação da dor. Posteriormente é enviada para a
Farmácia a requisição, onde consta a identificação dos doentes, o número de processo e o protocolo
prescrito.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |12
4.6 Circuitos especiais de distribuição
4.6.1 Estupefacientes e psicotrópicos
A aquisição, distribuição, prescrição e dispensa de substâncias estupefacientes e psicotrópicas
é regulamentada pelo DL n.º15/93, de 22 de Janeiro, sendo considerados medicamentos psicotrópicos
e estupefacientes os que constam das tabelas anexas ao referido DL13.
Para a dispensa de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos é necessário o
preenchimento do Anexo X do INCM, devidamente datado e assinado pelo médico e pelo
enfermeiro. Cada folha do Anexo X é preenchida para um medicamento identificado pela DCI, dose,
forma farmacêutica e respetivo lote (Anexo 10). Na mesma folha é registado a que doente o
medicamento foi administrado, sendo o doente identificado pelo nome, número de processo ou
número de cama, data de administração, quantidade administrada sendo também registado a
identificação de quem o administrou e a assinatura do Farmacêutico que dispensou.
A dispensa é efetuada a um enfermeiro ou AO, desde que se façam acompanhar pelo respetivo
cofre do serviço e as folhas do “anexo X” devidamente preenchidas e assinadas.
A receção do pedido é efetuada por um Farmacêutico que, após verificar a conformidade da
mesma e assinar a respetiva folha, dispensa o medicamento pedido, coloca-o no cofre e regista a
quantidade dispensada na requisição, destacando o original. Por sua vez, o enfermeiro do serviço
confirma a receção. Este circuito fechado garante uma maior segurança no transporte e uso deste tipo
de medicamentos.
As movimentações dos psicotrópicos e estupefacientes são devidamente registadas, quer no
sistema informático, quer em suporte de papel, sendo elaborados trimestralmente mapas destes
movimentos, que são remetidos ao INFARMED.
4.6.2 Hemoderivados
O Despacho n.º 1051/2000, de 14 de Setembro, estabelece um procedimento uniforme, ao
nível nacional, dos atos de requisição, distribuição e administração deste tipo de medicamentos14.
Assim sendo, para a dispensa de hemoderivados (derivados do plasma humano) é necessário o
preenchimento de um “Formulário de Requisição de Hemoderivados”. Este modelo é constituído por
duas vias, uma “Via Serviço”, que é destacada aquando da dispensa e acompanha a medicação, a
outra “Via Farmácia” (Anexo 11), que é arquivada juntamente com um exemplar do registo de
consumos nos SF. No registo de consumos consta a identificação do hemoderivado, a quantidade, o
lote, o laboratório de origem e o número do CAUL (Anexo 6), sendo o seu preenchimento da
responsabilidade do Farmacêutico. De referir ainda que os produtos são devidamente etiquetados
com a identificação do doente.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |13
4.6.3 Gases medicinais
O DL n.º 176/2006, de 30 de Agosto, no artigo 149º estabelece os gases medicinais como
medicamentos, incluindo-se neste grupo o oxigénio e o ar medicinal, entre outros8.
No circuito dos gases medicinais existem diferentes profissionais envolvidos, estabelecendo-
se entre eles uma cadeia de responsabilização. A Direção dos SF e a Direção dos Serviços de
Instalação e Equipamentos (SIE) detêm uma responsabilidade partilhada, sendo que os SF são
responsáveis pela documentação legal (seleção, aquisição, gestão de stocks, receção,
armazenamento, distribuição, manuseamento, monitorização controlo e supervisão) de modo a
garantir a rastreabilidade dos produtos em causa.
4.6.4 Antibióticos de justificação clínica obrigatória
De forma a evitar o aumento das multirresistências aos antibióticos é feito, cada vez mais, um
controlo apertado sobre a utilização dos mesmos e avaliado cuidadosamente a sua necessidade, tendo
em conta as características do doente e a gravidade da doença. No HPH, a norma para os tratamentos
com antibióticos é de oito dias, salvo raras exceções devidamente justificadas. O hospital tem uma
lista de antibióticos de uso restrito, de que são exemplo a Linezolida e a Vancomicina, pelo que a sua
dispensa requer justificação clínica válida enviada pelo prescritor, na qual deve constar o historial
clínico do doente, o diagnóstico, a justificação da via de administração e, se possível, a identificação
do microrganismo.
4.7 Distribuição de medicamentos a doentes em ambulatório
A farmácia hospitalar serve todos os doentes do hospital que não se encontram em regime de
internamento, sendo dispensada a medicação adjuvante a alguns ciclos de quimioterapia e outros
tratamentos que, embora sendo habitualmente hospitalares, dispensam o internamento e que têm
suporte legal15. Este sistema de distribuição, realizado no atendimento externo, permite controlar e
vigiar de forma mais meticulosa determinados regimes terapêuticos, assim como assegurar a adesão
dos doentes ao regime terapêutico.
De acordo com o Despacho n.º 13382/2012, de 4 de Outubro, a prescrição de medicamentos
para distribuição em regime de ambulatório deve ser efetuada por via eletrónica16, permitindo assim
a criação de um histórico das prescrições por doente e a redução dos erros de dispensa.
Quando o doente se dirige à consulta externa faz-se acompanhar de uma prescrição eletrónica
onde se encontram os dados relativos ao doente (nome, número de processo e número de
beneficiário), dados do prescritor (identificação, especialidade, vinheta e respetiva assinatura) e os
dados da medicação propriamente dita (designação terapêutica por DCI, forma farmacêutica, portaria
ou despacho caso exista, regime posológico, via de administração), assim como a duração do
tratamento e data da próxima consulta.
No caso de se tratar de um doente portador de VIH, para além da prescrição é-lhes fornecido
um cartão, que contém o nome e número de processo do doente (que permite o acesso ao processo
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |14
clinico informatizado) e a medicação habitual do mesmo. Na parte interior existe uma tabela onde o
Farmacêutico regista a medicação que é levantada. A estes doentes é exigida a entrega das caixas
vazias dos medicamentos levantados anteriormente, a fim de verificar e controlar a adesão ao regime
terapêutico. Em caso de não adesão o médico é informado, sendo o doente posteriormente
encaminhado para a consulta de adesão.
Aquando da dispensa, o Farmacêutico avalia e interpreta a prescrição, efetuando uma
comparação com os dados disponíveis no sistema informático, o qual permite conhecer o perfil
farmacoterapêutico do doente, o seu histórico de prescrições, bem como informação adicional escrita
pelo médico ou pelo Farmacêutico. Durante esta análise se algo suscitar dúvida, o Farmacêutico deve
contactar o médico prescritor a fim de a esclarecer. Não existindo dúvidas e verificada a
conformidade, a prescrição é validada e a medicação dispensada.
Por norma a medicação é dispensada para um intervalo de 30 dias, com algumas exceções,
como é o caso da medicação para o cancro da mama. Durante este processo é fornecida ao doente
informação relevante (oral e escrita) sobre o regime posológico, possíveis efeitos adversos e
consequências da não adesão; o Farmacêutico averigua ainda se o doente teve alguma reação adversa
no intervalo entre as duas consultas. No final da dispensa procede-se ao registo informático da saída
do medicamento, sendo impresso um documento que é assinado pelo doente para comprovar que este
recebeu a medicação.
Esta área assemelha-se bastante ao papel do farmacêutico na farmácia comunitária, apesar dos
casos serem, na sua maioria, bastante mais complexos. Aqui pude ajudar não só na dispensa dos
medicamentos, mas também no aconselhamento da terapêutica. Esta é uma área que é bastante
interessante, pela variedade de doentes e complicações associadas mas também de grande carga
emocional, levando ao desgaste físico e mental do Farmacêutico.
5. Farmacotecnia
A farmacotecnia é um setor de elevada importância nos SF sendo o Farmacêutico responsável
pela manipulação das preparações farmacêuticas necessárias ao hospital as quais, pela sua
especificidade e necessidade pontual não justificam a sua produção em série e, consequentemente,
não se encontram fora do ambiente hospitalar.
Atualmente nesta área são feitas preparações não estéreis (fórmulas padronizadas e fórmulas
magistrais), preparações estéreis individualizadas (preparação de citotóxicos e bolsas de nutrição
parentérica), reembalamento/reetiquetagem de doses unitárias.
Os Farmacêuticos assumem um papel relevante, sendo os responsáveis pelas preparações
estéreis e supervisores do reembalamento e preparações não estéreis, efetuadas pelos TDTs.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |15
5.1 Preparações Não estéreis
A preparação de formas farmacêuticas não estéreis é executada na UPNE por um TDT, sob
supervisão de um Farmacêutico. Neste local são preparadas, entre outras formas farmacêuticas,
suspensões e soluções orais, xaropes e fórmulas pediátricas.
Após a prescrição médica ou após pedido efetuado por um serviço é feita a receção por parte
do TDT, a qual procede à impressão da “Ficha Técnica de Preparações Não Estéreis” (Anexo 12) e
respetivos rótulos.
De seguida são verificadas as condições da área de trabalho e reúne-se a documentação, as
matérias-primas e o material necessário para a preparação do medicamento. Após a preparação, o
Farmacêutico realiza os ensaios de verificação recomendados e consoante sejam obtidos resultados
conforme ou não conforme, o medicamento é aprovado ou rejeitado, permitindo assim um sistema
de garantia de qualidade.
O produto final é embalado de acordo com as especificações descritas na ficha de preparação
e devidamente rotulado, sendo a ficha de preparação arquivada nos SF.
5.2 Preparações estéreis
Como foi referido as soluções injetáveis, misturas para nutrição parentérica e colírios são
preparadas na UPE. Uma vez que esta área se encontra em remodelação, as misturas para nutrição
parentérica são utilizadas no Hospital de São João, e, por isso, não tive oportunidade de observar a
preparação dos medicamentos anteriormente mencionados.
5.2.1 Preparação nutrição parentérica
Recorre-se à nutrição parentérica (NP) quando a alimentação pelas vias oral ou entérica não é
possível ou se encontra desaconselhada. Esta consiste numa solução ou emulsão composta por
hidratos de carbono, aminoácidos, lípidos, vitaminas e minerais que será administrada por via
endovenosa.
Como tal, estas preparações devem ser estéreis e apirogénicas e a sua administração deve ser
realizada o mais rapidamente possível desde a sua preparação.
Os constituintes da preparação devem estar em proporções adequadas, individualizadas e
ajustadas às necessidades e à situação clínica do paciente para o qual a NP foi prescrita.
Na UPE são diariamente preparadas bolsas de NP para o Serviço de Neonatologia, uma vez
que e as necessidades nutricionais de cada neonato são muito distintas e, por isso, não existe este tipo
nutrição parentérica comercializada.
Todo o processo funciona como um circuito, que começa com a validação da prescrição
médica. Nesta fase, o Farmacêutico tem em conta o estado nutricional do neonato e a quantidade de
cada componente a adicionar à bolsa e, de seguida, efetua os cálculos das quantidades corrigidas de
cada um dos componentes. Para evitar a ocorrência de erros, os cálculos são verificados por um
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |16
segundo Farmacêutico e, posteriormente, são impressos a Ficha de Preparação e o rótulo das
preparações.
A preparação da NP é efetuada por dois Farmacêuticos na sala limpa e em Câmara de Fluxo
Laminar Horizontal (CFLH). A adição dos diferentes constituintes faz-se segundo uma ordem
previamente estabelecida, por forma a minimizar possíveis interações. Caso estas ocorram, podem
manifestar-se através da alteração da coloração e/ou da formação de precipitado, pelo que, entre a
adição de cada constituinte, deve-se proceder à homogeneização e à inspeção visual do conteúdo da
bolsa. Uma vez que a solução de vitaminas hidrossolúveis confere cor amarela à preparação,
dificultando a inspeção visual, deve ser adicionada
em último lugar.
As bolsas de NP destinadas ao Serviço de
Neonatologia contêm apenas os nutrientes
hidrossolúveis, cuja ordem de aditivação e
constituição se encontra descrita na Figura 4 como
solução 1. A emulsão lipídica (solução 2) é
constituída pelos lípidos e pelas vitaminas
lipossolúveis, sendo acondicionada em seringa
opaca e é administrada em “y” em bomba
perfusora.
É importante ter em conta que podem
ocorrer alterações causadas pela luz nos
constituintes da bolsa (por exemplo de vitaminas),
sendo necessário utilizar material opaco (seringas,
sistemas e capas protetoras para bolsas).
Por fim, procede-se à colocação do rótulo na bolsa e na seringa preparadas, o qual contém o
nome da mãe do neonato, o número do processo, a composição da solução/emulsão, a data de
preparação e ritmo de perfusão. As preparações são transportadas para o Serviço de Neonatologia
por um AO.
5.3 Preparação de citotóxicos
A preparação dos CTX realiza-se na UPC, unidade equipada com um sistema modular
constituído por uma sala de preparação e antecâmara. Na sala de preparação foi instalada uma CFLH
(classe II.B2) adequada à preparação de CTX. A sala limpa tem pressão negativa relativamente à sala
de apoio, de forma a evitar a contaminação das zonas contíguas. O objetivo é, não só garantir a
esterilidade da preparação, mas também proteger os operadores e o ambiente da contaminação por
CTX. Também com o objetivo de proteção, os operadores devem utilizar Equipamento Proteção
Individual (EPI) que é constituído por: máscara de auto-filtração bico de pato P2, bata de baixa
Solução 1
Primene ®
Glicophos® + Sulfato de Magnésio
Peditrace® + Gluconato de Zinco
Heparina
Soluvit®
Solução 2
Lípidos
Vitaminas Lipossolúveis
Figura 4: Ordem de aditivação durante a preparação
manual das bolsas de nutrição parentérica para o Serviço
de Neonatologia. Primeiro é preparada a solução 1
(hidrossolúvel) e só depois, em seringa opaca, a solução
2 (lipossolúvel).
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |17
permeabilidade, luvas de nitrilo para a preparação de quimioterapia. Os Farmacêuticos devem despir
o vestuário que trazem do exterior, e vestir farda de bloco e calçar socas. Devem também usar touca
e protetores de calçado. Os adornos são também retirados.
A prescrição no Hospital Dia é eletrónica, uma vez que os protocolos de quimioterapia estão
informatizados. Os protocolos contêm não só a quimioterapia endovenosa/subcutânea, mas também
toda a medicação adjuvante (pré-medicação anti emética, hidratação, anti-histamínicos, entre outros).
A prescrição manual apenas é para as especialidades de gastroenterologia, infeciologia e neurologia.
A preparação de CTX está a cargo de dois Farmacêuticos: um deles é o operador, responsável
pela manipulação propriamente dita, e o outro é o Farmacêutico de apoio, responsável pela receção
das prescrições, impressão do mapa de produção e rótulos, preparação dos tabuleiros com o material
necessário (que é introduzido na sala limpa através de uma adufa), pela verificação dos rótulos e
cálculos. Para além disso, o Farmacêutico de apoio, procede à inspeção visual das preparações para
deteção de possíveis alterações na coloração, presença de precipitados ou partículas em suspensão.
Caso as preparações estejam conformes, o Farmacêutico de apoio acondiciona devidamente a
preparação em saco opaco, e coloca uma etiqueta contendo a identificação do doente (nome, número
de processo), do(s) fármaco(s) (via de administração, dose, volume) assim como a duração do
tratamento, débito e observações – libertação e validação formal. Após este processo, as preparações
são transportadas em mala térmica até ao Hospital Dia pelo AO dos SF.
Ao longo de todo o processo são feitos registos, nomeadamente a hora de validação da
enfermagem e a hora de saída da preparação e envio para o Hospital Dia.
Quando são prescritos outros medicamentos orais para complementar o tratamento, como
antieméticos ou outros fármacos CTX orais, estes são devidamente identificados com o nome do
fármaco e do doente, para que sejam transportados para o Hospital Dia com o restante tratamento.
Devido à elevada toxicidade e ao efeito cumulativo dos CTX, a exposição a estes fármacos
tem de ser controlada, devendo existir rotatividade da equipa. Mulheres grávidas ou em período de
amamentação, indivíduos que tenham sido submetidos a quimioterapia e indivíduos alérgicos a
algum fármaco estão impossibilitados de preparar fármacos CTX.
Neste estágio, no tempo que estive na UPC, acompanhei os processos de validação das
prescrições médicas, de impressão dos mapas de produção com os respetivos rótulos. Assisti também
à preparação de CTX, seguido da rotulagem e embalamento das preparações com todas as normas
de segurança subjacentes. Colaborei na preparação da medicação complementar ao tratamento de
quimioterapia e no arquivo das prescrições médicas, o que me permitiu familiarizar com os diferentes
protocolos de quimioterapia preparados nesta unidade.
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |18
5.4 Reembalagem
Em contexto hospitalar, é frequentemente necessário reembalar especialidades farmacêuticas,
uma vez que nem sempre estão disponíveis sob a forma de dose unitária.
O processo de reembalagem deve ser efetuado de forma a garantir a segurança e a qualidade
do medicamento. Neste contexto, os SF dispõem de uma sala utilizada para a reembalagem de
medicamentos compostos por substâncias não citotóxicas, tratando-se de um processo realizado por
um TDT e validado por um Farmacêutico. Para além disso, para efeitos de rastreabilidade, é
necessário proceder ao registo dos medicamentos reembalados, identificando a DCI, a dosagem, o
PV, o número do lote de fabrico e o número do lote de reembalagem.
6. Farmacovigilância
Em Portugal, o Sistema Nacional de Farmacovigilância foi criado em 1992, pelo Despacho
Normativo n.º 107/92, de 27 de Junho17. A farmacovigilância apresenta como objetivos a
monitorização da segurança dos medicamentos na prática clínica, a identificação precoce de
possíveis reações adversas, a avaliação da relação benefício-risco dos medicamentos e as implicações
para a saúde pública, intervindo na minimização do risco18.
Como tal, o farmacêutico, tem no seu contacto diário com os utentes a oportunidade de realizar
farmacovigilância. Para além disso, tem o dever de sensibilizar os outros profissionais de saúde para,
também eles, caso se verifique, notificarem ao INFARMED ou às Unidades de Farmacovigilância
uma Reação Adversa ao Medicamento (RAM). A notificação pode ser feita através da notificação
online no Portal RAM, ou imprimindo e preenchendo o formulário de notificação em papel para
profissionais de saúde e remetendo-a à Direção de Gestão do Risco de Medicamentos do
INFARMED, ou à Unidade Regional de Farmacovigilância do Norte. Esta é uma área de estudo e de
intervenção regulamentada pelo Decreto de Lei nº 176/2006, de 30 de agosto8, que tem como objetivo
final melhorar a segurança dos medicamentos e por conseguinte dos consumidores.
Após detetar a RAM, e preencher a notificação no portal (Anexo 13), o Farmacêutico recebe
um email de confirmação da notificação (Anexo 14) e, caso surjam dúvidas ou então para verificar
se houve alteração no estado de saúde do doente, o mesmo farmacêutico é contactado para prestar as
respetivas informações. No final da avaliação é enviado novo email a classificar a causalidade da
notificação (provável, possível, improvável, condicional/ não classificada, não classificável) (Anexo
15).
Durante o estágio tive a oportunidade de ajudar em duas reações adversas, através da pesquisa
no RCM do respetivo medicamento acerca do efeito secundário sentido pelo doente e ajuda no
preenchimento da notificação.
7. Ensaio clínicos
Segundo o DL n.º 46/2004, de 19 de agosto, um Ensaio Clínico (EC) é “qualquer investigação
conduzida no ser humano, destinada a descobrir ou verificar os efeitos clínicos, farmacológicos ou
Relatório de Estágio Profissionalizante
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os outros efeitos farmacodinâmicos de um ou mais medicamentos experimentais, ou identificar
efeitos indesejáveis de um ou mais medicamentos experimentais, ou a analisar a absorção, a
distribuição, o metabolismo e a eliminação de um ou mais medicamentos experimentais, a fim de
apurar a respetiva segurança ou eficácia”.
O planeamento e condução dos EC, nas quatro fases que os compõem, envolvem diversos
intervenientes, desde promotores e monitores do EC até aos participantes voluntários, passando pela
equipa de profissionais de saúde responsáveis pela seleção e acompanhamento dos participantes e
pela dispensa do medicamento experimental.
Para se realizar um EC, é necessário que a situação seja avaliada e autorizada pelo
INFARMED. Após a sua validação, o Farmacêutico é responsável pela gestão da medicação
experimental, transmissão da informação aos participantes, esclarecimento de dúvidas à equipa
multidisciplinar envolvida, registo da RAM detetadas ao longo do EC e, pelo arquivo de toda a
informação relacionada com o EC.
Neste estágio, tive oportunidade de conhecer o processo inerente aos EC, os locais de arquivo
de toda a documentação necessária assim como assisti à apresentação sobre um estudo multicêntrico
prospetivo e randomizado para doentes com Insuficiência Cardíaca Aguda tendo como medicamento
experimental a serelaxina.
Apesar, do tempo limitado e das poucas experiências, fiquei com curiosidade e interesse em
participar ativamente num EC.
8. Farmácia clínica e visita aos serviços clínicos hospitalares
As atividades da Farmácia Clínica valorizam a ação do Farmacêutico hospitalar no seio da
equipa multidisciplinar de saúde e, junto do seu alvo de ação – o doente, o que implica que parte da
sua atividade seja desenvolvida diretamente nos serviços clínicos.
Durante a visita aos serviços o Farmacêutico tem oportunidade de verificar a terapêutica
instituída ao doente (posologia, forma farmacêutica e via de administração), colaborar na prevenção
e deteção de efeitos secundários e interações farmacológicas.
Apesar desta atividade ainda não estar implementada em todos os serviços, é clara a vantagem
que existe na integração de um farmacêutico nestas equipas multidisciplinares, uma vez que, o
farmacêutico como especialista do medicamento é um contributo importante para as decisões
associadas à terapêutica.
9. Informação sobre medicamentos
Na ULSM não existe nenhum centro de informação, no entanto os Farmacêuticos prestam
informação quando solicitada e esclarecem dúvidas. Essa informação pode ser prestada por telefone,
através da ligação para os SF, correio eletrónico interno ou então pessoalmente, caso os profissionais
de saúde, utentes e/ou familiares assim o desejarem.
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Os SF possuem diversas fontes fidedignas de informação, como publicações em revistas
científicas, livros sobre especialidades farmacêuticas, a Farmacopeia Portuguesa e o FNM.
Uma vez que a área do medicamento se encontra em constante mudança e atualização de
informação a cada instante, é importante que farmacêutico esteja continuamente a instruir-se sem
esquecer o espírito crítico, de forma a filtrar toda a informação encontrada e adequar a mesma à
situação do doente em questão.
Aquando a minha passagem pelos SF da ULSM, participei por várias vezes na pesquisa de
informação sobre diversos medicamentos para responder a questões colocadas diariamente. As mais
perguntas mais comuns tinham a ver com a possibilidade das posologias estarem erradas, efeitos
secundários possíveis e interações medicamentosas.
10. Comissões hospitalares
Os Farmacêuticos integram a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) que é responsável
pela implementação e monitorização da política de medicamentos de acordo com a legislação
aplicável, definida no Formulário Nacional do Medicamento.
Integram também a Comissão de Ética que zela pela observância de padrões de ética no
exercício das ciências da saúde, de forma a proteger e garantir a dignidade e integridade humanas,
procedendo à análise e reflexão sobre temas de prática clínica que envolvam questões de ética.
Para além disso os Farmacêuticos participam também em grupos de trabalho/comissões
multidisciplinares (Grupo de Infeciologia, Grupo Dor Crónica, Grupo de Nutrição, Comissão
Coordenadora Oncológica, Grupo de Tratamento de Úlceras de Pressão, Comissão de catástrofe,
Comissão de Controlo de Infeção e Antimicrobianos, Comissão de Gestão de Risco, Grupo de
Trabalho para a Segurança do Circuito do Medicamento, entre outros) garantindo um melhor cuidado
ao doente através da presença de um especialista do medicamento.
11. Trabalhos realizados durante o estágio
Durante o estágio foi-me proposto ajudar na criação da página dos SF integrado no site da
ULSM.
Este trabalho foi dividido em duas partes:
Recolha e organização da informação disponível para o doente, escrita de forma mais
simples mas que dá a conhecer todo o SF e onde constam as dúvidas mais frequentes
do doente e respetivas respostas;
Recolha e organização da informação para ficar disponível na intranet, onde se
encontram, para além dos temas comuns aos visualizados pelo doente, o organograma
do SF e as responsabilidades dos Farmacêuticos nas diferentes áreas Clínicas.
Durante este trabalho desenvolvi, em parceria com a Dra Cecília, os vários temas comuns às
duas partes: Equipa; Localização; Horário de Funcionamento; Contactos; Organograma; Missão,
Visão e Valores; Principais atividades do SF.
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De modo a tornar o site mais apelativo foi-me proposto a criação de uma planta dos SF, recolha
de imagens das várias áreas dos SF para a criação de uma fotogaleria. O Anexo 16 e 17 pretendem
ilustrar alguns dos trabalhos realizados durante este projeto.
12. Conclusão
Durante o tempo que passei nos SF da ULSM pude aplicar os conhecimentos adquiridos na
faculdade, mas acima de tudo adquiri novos conhecimentos e competências, não só teórico-práticas
como também relacionais.
O bom ambiente criado por todos os profissionais dos SF da ULSM, que me acolheram e
acompanharam ao longo do estágio, valorizando a minha condição de estagiária, foi essencial para,
sem medo, expor as minhas (imensas) dúvidas e desenvolver o espirítico crítico.
No decorrer do estágio pude compreender a organização e o funcionamento de uma farmácia
hospitalar, tendo tido a oportunidade de visualizar e executar diversas funções assumidas pelo
Farmacêutico. Além disso, pude constatar a sua importância e mais-valia como profissional promotor
da saúde, não só a nível individual mas também quando integrado numa equipa multidisciplinar, com
a qual partilha conhecimentos que são vitais para o sucesso da terapêutica farmacológica instituída
ao doente.
Os SF da ULSM revelaram-se um campo de estágio desafiante, em que os farmacêuticos têm
um papel muito ativo, reconhecido e interligado com as outras áreas demonstrando a estagiários
como eu, que é possível ter um papel importante e com voz nesta área tão pouco abordada ao longo
do curso.
Relatório de Estágio Profissionalizante
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13. Bibliografia
1. ULSM: Apresentação Institucional. Acessível em: http://www.ulsm.min-
saude.pt/ebook.aspx?menuid=736&eid=5532 (Acedido em 23/06/2015)
2. Md Saúde. Decreto-Lei n.o 233/2005, de 29 de Dezembro. Diário da República, 1ª série-A nº 249
3. INFARMED. Decreto-Lei n.º 44 204, de 2 de Fevereiro de 1962 Regulamento geral da Farmácia
hospitalar
4. Maria Helena Lamas Brou, José António L. Fei, Eduardo Mesquita, Rosa Maria P. F. Ribeiro,
Maria Cecília Mendonça Brito, Célia Cravo, et al (2005). Manual da Farmácia Hospitalar.
5. Jagdeep Singh e Singh H (2009) Kaizen Philosophy: A Review of Literature. The Icfai University
Journal of Operations Management; VIII:
6. GdSdEd Saúde. Despacho n.º 2061-C/2013. Diário da República, 2ª série nº 24
7. INFARMED. Decreto-Lei n.º 128/2013, de 5 de setembro. Procede à oitava alteração ao Decreto-
Lei n. 176/2006, de 30 de agosto, que estabelece o regime jurídico dos medicamentos de uso
humano, à quarta alteração ao Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, que estabelece o
regime jurídico das farmácias de oficina, e à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 20/2013,
de 14 de fevereiro, transpondo as Diretivas n.os 2009/35/CE, de 23 de bril de
2009,2011/62/UE, de 8 de junho de 2011, e 2012/26/UE, de 25 de outubro de 2012.
8. INFARMED. Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto. Estatuto do Medicamento.
9. INFARMED. Despacho n.º 9114/2002, de 15 de março Regulamentação das autorizações de
utilização especial de medicamentos (Revogado pelo Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de
Agosto e com a entrada em vigor da Deliberação n.º 105/CA/2007, de 1 de Março). Diário
da República, 2ª série nº 102
10. INFARMED. Lei n.º 25/2011, de 16 de Junho. Estabelece a obrigatoriedade da indicação do
preço de venda ao público (PVP) na rotulagem dos medicamentos e procede à quarta
alteração ao Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto, e revoga o artigo 2.º do Decreto-
Lei n.º 106-A/2010, de 1 de Outubro.
11. Omnicell I: Central Pharmacy Automation Systems. Acessível em:
http://www.omnicell.com/Products/Central_Pharmacy_Automation.aspx (Acedido em
3/7/2015)
12. INFARMED. Decreto-Lei n.º 13/2009, de 12 de Janeiro Estabelece as condições e os requisitos
para que os estabelecimentos e serviços prestadores de cuidados de saúde, públicos e
privados, independentemente da sua natureza jurídica, dispensem medicamentos para
tratamento no período pós-operatório de situações de cirurgia de ambulatório
13. INFARMED. Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro. Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro.
14. Despacho conjunto n.º 1051/2000, de 14 de setembro. Registo de medicamentos derivados de
plasma. Diário da República, 2ª série nº251
Relatório de Estágio Profissionalizante
Marta Monteiro |23
15. INFARMED: Dispensa Exclusiva em farmácia Hospitalar. Acessível em:
http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/MEDICAMENTOS_USO_HUM
ANO/AVALIACAO_ECONOMICA_E_COMPARTICIPACAO/MEDICAMENTOS_US
O_AMBULATORIO/MEDICAMENTOS_COMPARTICIPADOS/Dispensa_exclusiva_e
m_Farmacia_Hospitalar (Acedido em 4/7/2015)
16. INFARMED. Despacho n.º 13382/2012, de 4 de outubro Determina que a prescrição de
medicamentos, para dispensa em regime de ambulatório pelas farmácias hospitalares, é
obrigatoriamente realizada através de sistemas de prescrição eletrónica. Diário da
República, 2ª série nº198
17. Despacho Normativo nº 107/92. Diário da República, 1ª série-B nº 146
18. INFARMED: Farmacovigilância. Acessível em:
http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PERGUNTAS_FREQUENTES/M
EDICAMENTOS_USO_HUMANO/MUH_FARMACOVIGILANCIA#GERAIS (Acedido
em 17/7/2015)
Relatório de Estágio Profissionalizante
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14. Anexos
Anexo 1. Plano de estágio
Maio
D S T Q Q S S
10 11 12 13 14 15 16
17 18 19 20 21 22 23
24 25 26 27 28 29 30
Junho
D S T Q Q S S
1 2 3 4 5 6
7 8 9 10 11 12 13
14 15 16 17 16 19 20
21 22 23 24 25 26 27
28 29 30
Julho
D S T Q Q S S
1 2 3 4
5 6 7 8 9 10 11
Legenda:
DIDDU; Atendimento ambulatório; Controlo e Gestão de Qualidade; Atendimento
Interno; Controlo Prazo Validade (Centros de Saúde); Unidade Preparação Citotóxicos;
Elaboração do site; Elaboração do Relatório.
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Anexo 2. Exemplo de um kanban
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Anexo 3. Impresso para pedido de parecer da Comissão de Farmácia e Terapêutica
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Relatório de Estágio Profissionalizante
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Anexo 4. Formulário para Autorização de Utilização Excecional Medicamentos de
Uso Humano - impresso de uso obrigatório pelos requerentes
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Anexo 5. Impresso de Justificação Clínica
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Anexo 6. Exemplo de um Certificado de Autorização de Lote (CAUL)
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Anexo 7. Requisição de substâncias psicotrópicas e psicoativas através do
preenchimento do Anexo VII
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Anexo 8. Mapa de distribuição do DIDDU
v
v
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Anexo 9. Impresso para pedido de medicação em dose unitária
Anexo 10. Requisição de substâncias psicotrópicas e psicoativas através do
preenchimento do Anexo X
v
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Anexo 11. Impresso de requisição de Medicamentos Hemoderivados
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Anexo 12. Ficha Técnica de Preparações Não Estéreis
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Relatório de Estágio Profissionalizante
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Anexo 13. Exemplo de uma Notificação de Reação Adversa
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Anexo 14. Exemplo de um email de confirmação de envio e registo de notificação de
reação adversa
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Anexo 15. Exemplo de um email de causalidade atribuída à notificação de reação
adversa
Relatório de Estágio Profissionalizante
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Anexo 16. Planta dos SF
Anexo 17. Organograma dos Serviços Farmacêuticos
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