marÍlia cristina santos de medeiros - uern · marÍlia cristina santos de medeiros marcadores...

83
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO MOSSORÓ, RN 2018

Upload: others

Post on 14-Aug-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

0

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE

MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS

MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE

VIDA DE MULHERES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

MOSSORÓ, RN

2018

Page 2: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

1

MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS

MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE

DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Saúde e Sociedade da Universidade do Estado do Rio

Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção

do grau de Mestre em Saúde e Sociedade.

Orientador: Prof ª. Drª. Maria Irany Knackfuss

MOSSORÓ, RN

2018

Page 3: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

2

Page 4: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

3

MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS

MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE

DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade da

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do grau

de mestre em Saúde e Sociedade.

Data da defesa: 27/02/2018

COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________________________________________

Profª. Drª. Maria Irany Knackfuss

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

_______________________________________________________________

Profº. Dr. Paulo Moreira Silva Dantas

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________________________________

Profº. Dr. Micássio Fernandes de Andrade

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Page 5: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

4

DEDICATÓRIA

A vovó Natália (in memoriam) que é minha

inspiração, meu exemplo de pessoa, mulher, mãe e cristã.

Minha saudade diária e meu amor maior.

Page 6: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

5

AGRADECIMENTOS

É impossível chegar ao dia de hoje sem ter cruzado com tantas pessoas que me

ajudaram a alcançar este sonho... A elas, toda a minha gratidão!

A Deus, que me deu forças em todos os momentos quando pensei que ia fraquejar, que

me deu discernimento para conduzir este caminho com tranquilidade na maior parte do

tempo, e colocou no meu caminho pessoas que me fizeram crescer e amadurecer

emocionalmente.

Aos meus pais, Maria José e Nilton Alexandre, que nunca mediram esforços para

investirem na minha educação e dos meus irmãos, que me ensinaram a batalhar pelos meus

sonhos. Deram-me apoio e amor quando precisei, quando estive aflita nas atividades

acadêmicas desde a escola até a pós-graduação, principalmente quando tive de estudar longe

de casa.

Aos meus irmãos Giovana, Nilton Júnior e Silvana, que tornaram leves os dias mais

tensos de estudos e escrita deste trabalho, que me apoiaram incondicionalmente nesta jornada

e me incentivaram a buscar sempre mais!

Aos meus avós Natália (in memoriam), José Fernandes e Marina, que despertam em

mim o amor mais bonito e calmo, que me ensinam muito mais do que imaginam.

A tia Edinalva, que me dá amor e incentivo em tudo que planejo fazer, que me ajudou

em todo caminho da minha vida e que eu nunca conseguirei demonstrar tanta gratidão por me

amar como se eu fosse sua filha!

A tia Neidinha e Assis que me acolheram em Mossoró, tornaram-se meus pais

adotivos nesse período, mas que estiveram sempre presentes em minha vida, torcendo pelo

meu sucesso e felicidade, me enchendo de carinho e amor!

Às minhas primas-irmãs, Lívia Nornyan e Ivanna Evelyn, que foram as primeiras

amigas da minha vida e assim sempre serão. Lili e Nana, nenhuma palavra será capaz de

expressar nossa conexão e nosso afeto! Vocês são parte de mim, de tudo que sou e mesmo

quando estamos distantes, ainda assim, carrego vocês no meu coração!

A Arthur Medeiros, meu namorado, que passou a fazer parte da minha vida durante

esta trajetória e eu não sei dizer como foi importante sua presença e seu apoio quando eu

estava preocupada com o andamento da pesquisa. Obrigada, meu amor, pela paciência e

compreensão, pela ajuda na tabulação dos dados, por estar do meu lado quando eu precisei e

Page 7: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

6

quando eu menos acreditei em mim e no sucesso deste trabalho, me levando a crer que eu

estava fazendo o meu melhor.

Aos professores mais queridos e amados, que qualquer aluno tem a imensa felicidade

de encontrá-los em sua trajetória: Maria Irany Knackfuss e Humberto Jefferson de

Medeiros. Especialmente a minha orientadora, que me recebeu como sua aluna de braços

abertos sem saber muito sobre mim, mas me deu a oportunidade de crescer junto e de

aprender muito sobre pesquisa. Irany, palavras nunca serão suficientes para demonstrar tanto

carinho que tenho por você. Obrigada pela confiança, paciência, acolhimento, cuidado, apoio

e carinho. Nunca pensei haver uma relação tão bonita entre aluno e professor como vivenciei

com você e Beto. Vocês me mostraram que uma relação aluno-professor é muito mais

saudável e produtiva quando temos nos docentes verdadeiros amigos!

Às bancas do exame de qualificação e defesa, Laura Camila, Micássio Andrade e

Paulo Dantas, pela contribuição em aprimorar este trabalho.

Às amigas Jussara Cristina, Isis Kelly e Patrícia Leite, que estiveram comigo

multiplicando as alegrias e dividindo as angústias, que escutaram minhas aflições, mas

também vibraram comigo as conquistas! Ju, você tornou menos dolorosa minha distância de

casa, perto de você eu sentia meu lar, um porto seguro onde me podia me apoiar, você era a

minha conexão com a minha história antes de ingressar no mestrado! Isis, você me recebeu de

braços abertos desde o primeiro momento, perto de você eu sentia sossego; obrigada por estar

comigo em várias etapas da pesquisa! Pathy, suas palavras de incentivo foram fundamentais

para mim, quando eu estava incrédula, você dizia “você é capaz, eu sei!”, obrigada por

acreditar em mim quando nem eu mesma acreditava!

A Danielle Alves, que quando menos esperava, se tornou a minha melhor amiga e

que, mesmo morando na França e Suíça, sempre esteve do meu lado em todos os momentos

quando precisei conversar, compartilhar as alegrias e os aperreios, da vida pessoal e

acadêmica!

Aos amigos da faculdade Amanda Fernandes, Gabi Rocha, Luiza Motta, Cássia

Gomes, Wilminha Azevedo, Ana Clara, Louyse Rodrigues, Abson Isaque: sou grata a

Deus por todos os momentos que vivemos juntos, desde 2010, quando ainda nem sabíamos o

que a Nutrição poderia nos proporcionar de tão maravilhoso, quando não sabíamos que rumo

nossa vida acadêmica/profissional iria tomar! Aos amigos da minha vida, Lorena Macêdo e

Sandra Queiroz. Obrigada por fazerem parte da minha vida até hoje, compartilhando comigo

todos esses momentos!

Page 8: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

7

Aos amigos e colegas do Grupo Cultura Corporal, Educação e Desenvolvimento

Humano (GCEDH): Paloma, Ranieri, Victor, Epaminondas, Kesley, Rianne, Gislainy,

Gerian, Kátia, Caio, Tatiana Damasco, Tatiana Negócio, Samaris, professor Edson

Fonseca e professor José Carlos, obrigada por compartilhar o conhecimento. Com vocês

tive a certeza maior de que a gente só cresce ajudando, ensinando uns aos outros. Este deve

ser o espírito da carreira acadêmica!

Às amigas da turma do mestrado: Bianca, Keylane e Ianara, obrigada por serem meu

grupo de trabalho! Cada uma de vocês era para mim uma inspiração para a docência, pela

determinação, dedicação, delicadeza, empenho, inteligência e competência! Tenho vocês

guardadas num lugar especial na minha vida!

A Andersonn Henrique, que eu conheci nas primeiras idas para Mossoró e logo se

tornou minha companhia favorita nessas viagens, quando o assunto nunca tinha fim, as

risadas eram garantidas e o trajeto sempre terminava com nosso almoço favorito! Tenho

muito carinho por você, amigo!

Aos alunos das turmas em que fiz a docência supervisionada, obrigada por me

permitirem aprender mais com vocês a ser professora e me deixar mostrar o pouco

conhecimento que tinha para ajudá-los a construir um trabalho importante para vocês!

A todas as pacientes, dos grupos caso e controle da pesquisa, meu muito obrigada!

Porque tudo foi pensado para melhorar a saúde de vocês e sem vocês nada teria acontecido.

Agradeço especialmente à Jackeline Dionísio, presidente da Associação de Pessoas com

Lúpus do RN, por ter se envolvido com minha pesquisa, divulgando-a, mostrando sua

importância às meninas do grupo e incentivando-as a participar.

Ao Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade, especialmente o professor

Thales e a secretária Luzia, por terem ajudado na aquisição do software para análise de

dietas, que foi imprescindível para a realização do trabalho.

Ao Laboratório de Estatística Aplicada da UFRN, especialmente os alunos Flávia,

Adryan, Anthony, Erika e Rayland, pela consultoria prestada ao longo da realização do

trabalho.

Ao professor Paulo Dantas e às alunas da pós-graduação Rafaela e Juliany por

disponibilizar e me ensinar a usar o DEXA, bem como auxiliar na análise estatística final.

Às professoras do curso de Nutrição da UFRN, que me ensinaram a ser Nutricionista,

especialmente aquelas que me acompanharam no tempo de iniciação científica, que me deram

a base do mundo da pesquisa e me ensinaram, mesmo que indiretamente, aquilo que é

essencial saber na carreira acadêmica: os Quatro Pilares da Educação (Aprender a conhecer,

Page 9: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

8

Aprender a fazer, Aprender a viver com os outros e Aprender a ser). Tenho certeza de que

tudo isto me trouxe onde eu estou hoje, na certeza de que não precisei ferir nenhum desses

pilares para realizar mais este sonho na minha vida!

Aos professores da VP Centro de Nutrição Funcional, que me fizeram enxergar mais

claramente quão poderosa é a minha profissão, que, por meio dos alimentos e suplementos

(quando necessários), é capaz de controlar doenças, levando em consideração à

individualidade biológica de cada paciente e promover significativas melhoras da sua saúde.

Sem o conhecimento que a Nutrição Clínica Funcional me proporcionou, este trabalho não

teria metade da qualidade do seu conteúdo.

Ao Hospital Universitário Onofre Lopes, onde pela primeira vez, em 2012, passei a ter

contato com pacientes e então me apaixonei pela assistência hospitalar, onde eu percebi a

minha primeira realização na minha profissão! E a todos os funcionários que me ajudaram na

realização da pesquisa, desde o ascensorista até o pessoal da coordenação do curso de

Medicina – UFRN, em nome de Paula e Zoraia.

A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.

Page 10: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

9

A parte de análise de Composição corporal e Densitometria óssea deste trabalho foi realizada

no Laboratório de Biodinâmica, do Departamento de Educação Física, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, sob autorização do professor Paulo Moreira Silva Dantas.

Page 11: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

10

RESUMO

Objetivo: Avaliar os marcadores nutricionais, nível de atividade física e qualidade de vida de

mulheres com lúpus eritematoso sistêmico. Métodos: Trata-se de um estudo transversal do

tipo caso controle pareado, desenvolvido com mulheres com lúpus eritematoso sistêmico

(n=26) e controles saudáveis (n=23) residentes na região da Grande Natal no período entre

março a dezembro de 2017, em que foram avaliados os marcadores nutricionais a partir do

consumo dietético por meio do recordatório alimentar de 24 horas, do estado nutricional

antropométrico (índice de massa corporal, perímetro abdominal e relação cintura-quadril),

composição corporal e densitometria óssea a partir do exame de absortometria radiológica de

dupla energia, nível de atividade física por meio do questionário internacional de atividade e

qualidade de vida por meio do questionário Medical Outcome Study 36-item Short Form.

Resultados: As mulheres com lúpus tinham idade média de 35,9 anos com tempo de doença

de 9,1 anos. Os grupos analisados apresentavam semelhança nos valores de índice de massa

corporal (grupo caso=26,9 kg/²; grupo controle=25,3 kg/m²) e diferença, embora não

significativa, em relação ao perímetro abdominal e relação cintura-quadril. As mulheres com

lúpus apresentaram maior percentual de gordura corporal (36,9%) e menor conteúdo mineral

ósseo (2,06g) e densidade mineral óssea (1,12g/m²) eram em sua maioria fisicamente ativas

(n=17). Além disso, as mulheres com lúpus apresentaram comprometimento da qualidade de

vida principalmente nos domínios relacionados a vitalidade e limitação por aspectos físicos.

Elas apresentaram consumo adequado de nutrientes, exceto colesterol (279,6mg). Tempo de

doença, uso de antimalárico e prednisona, nível de atividade física não determinaram o índice

de massa corporal, perímetro abdominal e percentual de gordura corporal total. Conclusões:

O estado nutricional antropométrico e a composição corporal não foram determinados por

nenhuma variável analisada, contudo a qualidade de vida das pacientes com lúpus foi

determinada pela escolaridade, nível de atividade física e percentual de gordura corporal total.

Palavras-chave: lúpus eritematoso sistêmico, consumo alimentar, composição corporal,

qualidade de vida.

Page 12: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

11

ABSTRACT

Objective: To evaluate nutritional markers, level of physical activity and quality of life of

women with systemic lupus erythematosus. METHODS: This was a cross-sectional study of

the paired control case, developed with women with systemic lupus erythematosus (n = 26)

and healthy controls (n = 23) residents in the region of Grande Natal between March and

December 2017, in that the nutritional markers were evaluated from the dietary intake through

the 24-hour food recall, anthropometric nutritional status (body mass index, abdominal

perimeter and waist-to-hip ratio), body composition and bone densitometry from the

absometometry test radiological questionnaire, physical activity level through the

International Questionnaire of Activity and quality of life through the Medical Outcome

Study 36-item Short Form questionnaire. Results: Women with lupus had a mean age of 35.9

years with a disease duration of 9.1 years. The groups analyzed had similar values in body

mass index (case group = 26.9 kg/m², control group = 25.3 kg/m²) and difference, although

not significant, in relation to the abdominal perimeter and waist-hip ratio. Women with lupus

had a higher percentage of body fat (36.9%) and lower bone mineral content (2.06g) and bone

mineral density (1.12g / m²) were mostly physically active (17). In addition, they presented

impairment of quality of life mainly in the domains related to vitality (59) and limitation by

physical aspects (54). They present adequate consumption of nutrients, except cholesterol

(279.6mg). Time of disease, use of antimalarial and prednisone, level of physical activity did

not determine the body mass index, abdominal perimeter and percentage of total body fat.

Conclusions: Anthropometric nutritional status and body composition are not determined by

any variable analyzed, however the quality of life of patients with lupus is determined by

schooling, physical activity level and percentage of total body fat.

Keywords: systemic lupus erythematosus, dietary intake, body composition, quality of life.

Page 13: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

12

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Modelo atual de patogênese no LES .................................................... 20

FIGURA 2 Imunomoduladores dietéticos benéficos em modelo animal com

LES........................................................................................................

23

FIGURA 3 Fatores dietéticos associados com autoimunidade................................ 24

FIGURA 4 Ciclo vicioso da inflamação crônica em pacientes com doenças

reumáticas inflamatórias.......................................................................

31

FIGURA 5 Fluxograma de recrutamento das participantes do estudo.................... 35

FIGURA 6 Desenho do estudo................................................................................ 36

FIGURA 7 Realização do DEXA............................................................................ 39

Page 14: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

13

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 Classificação de IMC ................................................................................. 38

QUADRO 2 Classificação do risco de complicações metabólicas associadas à

obesidade pelo perímetro do abdômen........................................................

38

QUADRO 3 Classificação do risco de alterações metabólicas segundo a proporção

entre o perímetro da cintura e o perímetro do

quadril..........................................................................................................

38

QUADRO 4 Critérios densitométricos para mulheres antes da menopausa..................... 40

QUADRO 5 Critérios densitométricos para mulheres após a menopausa....................... 40

QUADRO 6 Classificação do sobrepeso e obesidade pelo percentual de gordura

corporal total................................................................................................

40

QUADRO 7 Coeficientes de atividade física (valores de PA) para uso em equações de

EER............................................................................................................

43

QUADRO 8 Valores de referência para macronutrientes – Acceptable Macronutrient

Distribution Ranges (AMDR) ....................................................................

43

Page 15: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

14

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Caracterização sociodemográfica e clínica das participantes do estudo,

Natal-RN, 2017..........................................................................................

45

TABELA 2 Comparação do estado nutricional antropométrico das participantes do

estudo, Natal-RN, 2017..............................................................................

46

TABELA 3 Comparação da composição corporal das participantes do estudo, Natal-

RN, 2017....................................................................................................

47

TABELA 4 Classificação do % de gordura corporal total e da densitometria óssea

das participantes do estudo, Natal-RN, 2017.............................................

48

TABELA 5 Comparação do nível de atividade física das participantes do estudo,

Natal-RN, 2017..........................................................................................

49

TABELA 6 Comparação da qualidade de vida das participantes do estudo, Natal-

RN, 2017...................................................................................................

49

TABELA 7 Necessidade energética total e consumo energético das mulheres com

LES, Natal-RN, 2017.................................................................................

50

TABELA 8 Recomendação e consumo dietético dos macronutrientes das mulheres

com LES, Natal-RN, 2017.........................................................................

50

TABELA 9 Análise multivariada do estado nutricional antropométrico e percentual

de gordura corporal total das mulheres com LES, Natal-RN, 2017...........

51

TABELA 10 Análise multivariada dos domínios da qualidade de vida das mulheres

com LES, Natal-RN, 2017.........................................................................

51

TABELA 11 Análise multivariada dos domínios da qualidade de vida das mulheres

com LES, Natal-RN, 2017.........................................................................

52

Page 16: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

15

LISTA DE ABREVIATURAS

1,25(OH)2D3 1,25-dihidroxicolecalciferol

ABESO Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica

AMDR Acceptable Macronutrient Distribution Ranges

AVE Acidente vascular encefálico

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CMO Conteúdo mineral ósseo

Cp Ceruloplasmina

CuZnSOD Cobre zinco superóxido dismutase

D Diferença

DAC Doença arterial coronariana

DCNT Doenças crônicas não-transmissíveis

DCV Doença cardiovascular

DEXA Dual Energy X-ray Absorptiometry

DHA Ácido docosahexaenoico

DHEA Desidropiandrosterona

DM Diabetes mellitus

DMO Densidade mineral óssea

DNA Ácido desoxirriboinucleico

DP Desvio padrão

EER Necessidade energética total

EPA Ácido eicopentaenoico

ERO Espécies reativas de oxigênio

GPx Glutationa peroxidase

HAS Hipertensão arterial sistêmica

IC Intervalo de confiança

ICSD International Society for Clinical Densitometry

IFN Interferon

Ig Imunoglobulina

IL Interleucina

IMC Índice de massa corporal

iNOS Óxido nítrico sintase indutível

Page 17: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

16

IOM Institute of Medicine

IPAQ International Physical Activity Questionnaire

KCAL Quilocalorias

LDL Colesterol de baixa densidade

LES Lúpus Eritematoso Sistêmico

MCP Fator estimulador de colônias de macrófagos

MD Média

NFκB Fator nuclear-kappa B

NK Natural killer

PA Coeficiente de atividade física

PCR Proteína C reativa

R24h Recordatório alimentar de 24 horas

RCQ Relação cintura-quadril

RNA Ácido ribonucleico

SF-36 Medical Outcome Study 36-item Short Form

SLICC Systemic Lupus International Collaborating Clinics Group

TACO Tabela Brasileira de Composição de Alimentos

Th T helper

TNF Fator de necrose tumoral

Treg T reguladoras

Page 18: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

17

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 18

1.1 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................. 19

1.1.1 Autoimunidade e LES: fisiopatologia, diagnóstico e tratamento.................... 19

1.1.2 Necessidades nutricionais no LES...................................................................... 22

1.1.3 Composição corporal........................................................................................... 27

1.1.4 Atividade física..................................................................................................... 29

1.2.3 Qualidade de vida................................................................................................. 32

1.2 OBJETIVO............................................................................................................. 33

1.2.1 Objetivo geral....................................................................................................... 33

1.2.2 Objetivos específicos............................................................................................ 33

2 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. 35

2.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO E CARACTERIZAÇÃO DA

POPULAÇÃO.

36

2.1.1 Aspectos éticos...................................................................................................... 36

2.2 COLETA DE DADOS........................................................................................... 37

2.2.1 Dados sociodemográficos e clínicos.................................................................... 37

2.2.2 Estado nutricional antropométrico.................................................................... 37

2.2.3 Composição corporal... ....................................................................................... 39

2.2.4 Nível de atividade física.......... ............................................................................ 41

2.2.5 Qualidade de vida...... .......................................................................................... 41

2.2.6 Consumo dietético................................................................................................ 42

2.3 ANÁLISE DOS DADOS....................................................................................... 44

3 RESULTADOS..................................................................................................... 45

4 DISCUSSÃO......................................................................................................... 53

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES........................................................................ 57

REFERÊNCIAS................................................................................................... 58

APÊNDICE........................................................................................................... 67

ANEXOS............................................................................................................... 79

Page 19: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

18

1 INTRODUÇÃO

O sistema imunológico humano é influenciado por diversos fatores exógenos e

endógenos que, desde a vida intrauterina, podem comprometer o estado de saúde, causando

não só doenças autoimunes, mas também um desequilíbrio funcional que leva a um estado de

hiperinflamação e desencadeador de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (Rogero;

Naves, 2007).

Entre as doenças imunomediadas, está o lúpus eritematoso sistêmico (LES)

caracterizado como uma enfermidade de natureza autoimune complexa e heterogênea,

marcada pela produção de autoanticorpos, deposição de imunocomplexos e consequentes

lesões teciduais. O LES atinge predominantemente mulheres em idade fértil (20 a 40 anos) e

manifesta-se sob distintas maneiras, variando desde fadiga, artralgias e ulcerações orais até

doença renal, alterações hematológicas e neurológicas, o que dificulta o progresso no

entendimento da doença. A atividade da doença flutua com períodos de exacerbação e

remissão, e alguns pacientes apresentam a forma leve, enquanto outros têm uma

sintomatologia grave, potencialmente fatal (Xiong; Lahita, 2014; Tkosos, Lo, Reis, Sullivan,

2016.

O LES é uma doença presente em pessoas em todo o mundo e estimativas apresentam

sua prevalência em torno de 15-50/100.000 habitantes. No Brasil foi observada a prevalência

de 98/100.000 habitantes, sendo um número elevado em comparação a países como Argentina

(58,6/100.000), Espanha (17,5-34,1/100.000), Venezuela (70/100.000), Canadá (31,9-

51,0/100.000) (Carter; Barr; Clarke, 2016; Moreira; Carvalho, 2001). No município de Natal-

RN foi verificada a maior incidência de LES já descrita na literatura, cujo valor foi 8,7 novos

casos por 100.000 habitantes no ano de 2000 (Vilar; Sato, 2002).

Embora as manifestações clínicas do LES estejam bem documentadas, os aspectos

nutricionais ainda não são totalmente conhecidos. Ainda que a alimentação não seja fator

etiológico da doença, a terapia nutricional, incluindo modificação da dieta e uso de

suplementos nutricionais, pode ser uma abordagem promissora no tratamento do LES, devido

tanto aos seus efeitos profiláticos, sem efeitos colaterais associados à terapia medicamentosa,

como também pode contribuir para reduzir as comorbidades e melhorar a qualidade de vida

dos pacientes (Aparicio-Soto; Sánchez-Hidalgo; Alarcón-de-la-Lastra, 2017).

A inflamação sistêmica associada à terapia com medicamentos corticoides e redução

da prática de atividade física podem desencadear o aumento de tecido adiposo e consequentes

doenças cardiovasculares (DCV) nos pacientes com LES. Ademais, estes pacientes são mais

Page 20: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

19

propensos a reduzida densidade mineral óssea (DMO), o que pode refletir em fraturas e

comprometimento da capacidade funcional e qualidade de vida (Kaul; Gordon; Crow; Touma;

Urowit; van Vollenhoven et al., 2016).

Por esta razão, justifica-se o desenvolvimento deste trabalho, que objetiva observar os

marcadores nutricionais, como o consumo dietético, antropometria e composição corporal,

bem como o nível de atividade física e a qualidade de vida de mulheres com LES.

1.1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1.1 Autoimunidade e LES: fisiopatologia, diagnóstico e tratamento

As doenças autoimunes estão entre os problemas científicos e clínicos mais

desafiadores da Imunologia. Essas doenças acontecem quando o organismo apresenta

respostas imunes descontroladas, com falha nos mecanismos normais de autotolerância, ou

quando desencadeadas por microrganismos comensais ou antígenos ambientais, que

normalmente são inofensivos. Nessas situações, a resposta imune, que deveria ser benéfica,

torna-se a causa da doença (Abbas; Lichtman; Pillai, 2015).

O LES é causado por uma reação autoimune em que os sistemas imunes inato e

adaptativo direcionam uma resposta imune inadequada às partículas celulares contendo ácido

nucleico. Contudo, a produção de anticorpos contra o ácido nucleico é bastante comum na

população geral e nem todas as pessoas que possuem esses anticorpos desenvolvem a doença,

indicando que outros fatores podem estar relacionados à autoimunidade, sendo possível citar a

susceptibilidade genética que modula a função imune, o sexo e outros fatores exógenos ou

endógenos (Kaul; Gordon; Crow; Touma; Urowit; van Vollenhoven et al., 2016).

O amplo espectro de manifestações do LES é consequência do número de diferentes

órgãos que podem ser afetados e suas variações, uma vez que as complicações cardíacas

podem ser consequência de miocardite, pericardite ou derrame pericárdico; o envolvimento

gastrintestinal pode variar de úlceras orais a pancreatite e ascite; e o envolvimento

neurológico pode se apresentar desde dor de cabeça ou até mesmo acidente vascular

encefálico (AVE) (Kaul; Gordon; Crow; Touma; Urowit;, van Vollenhoven et al., 2016).

Neste tipo de doença autoimune, os imunocomplexos formam-se na circulação e

depositam-se nos rins, nos vasos sanguíneos, na pele e em outros tecidos, onde induzem a

cascata inflamatória, pelo processo de fagocitose das células ligadas aos anticorpos. São mais

acometidos os órgãos onde o sangue é filtrado em alta pressão para formar outros líquidos,

Page 21: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

20

como urina e líquido sinovial. Por esta razão, os imunocomplexos depositam-se

predominantemente nos glomérulos e nas articulações (Kumar et al., 2010; Abbas; Lichtman,

2009).

Assim, o LES pode ser descrito como uma doença inflamatória crônica,

multissistêmica, de causa desconhecida e de natureza autoimune, caracterizada pela presença

de diversos auto-anticorpos. Evolui com manifestações clínicas polimórficas, com períodos de

exacerbações e remissões. O desenvolvimento da doença está ligado à predisposição genética

e aos fatores ambientais, como luz ultravioleta e alguns medicamentos (Sociedade Brasileira

de Reumatologia, 2004).

Figura 1. Modelo atual de patogênese do LES.

Fonte: Tkosos et al., 2016.

A progressão da doença pode ser dividida em estágios discretos, em que, inicialmente,

fatores ambientais e genéticos contribuem para o desenvolvimento da doença. A partir disso,

gatilhos podem provocar autoimunidade, contudo, os elementos que conduzem a essa

sustentada perda de tolerância e propagação de autoimunidade ainda não são bem

esclarecidos. Por fim, alterações epigenéticas, deposição de imunocomplexos e lesões

teciduais mediadas por autoanticorpos podem causar inflamação crônica e danos teciduais

irreversíveis (Figura 1) (Tkosos; Lo; Reis; Sullivan, 2016).

Para diagnóstico da doença é necessário que o paciente apresente pelo menos quatro

dos onze critérios propostos e revisados pelo American College of Rheumatology (Tan;

Cohen; Fries; Mais; McShane; Rothfield et al., 1982), citados a seguir:

1. Eritema malar: lesão eritematosa fixa em região malar, plana ou em relevo.

Page 22: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

21

2. Lesão discóide: lesão eritematosa, infiltrada, com escamas queratóticas aderidas e

tampões foliculares, que evolui com cicatriz atrófica e discromia.

3. Fotossensibilidade: exantema cutâneo como reação não usual à exposição à luz

solar, de acordo com a história do paciente ou observado pelo médico.

4. Úlceras orais/nasais: úlceras orais ou nasofaríngeas, usualmente indolores,

observadas pelo médico.

5. Artrite: artrite não erosiva envolvendo duas ou mais articulações periféricas,

caracterizadas por dor e edema ou derrame articular.

6. Serosite: pleuris (caracterizada por história convincente de dor pleurítica, ou atrito

auscultado pelo médico ou evidência de derrame pleural) ou pericardite

(documentado por eletrocardiograma, atrito ou evidência de derrame pericárdico).

7. Comprometimento renal: proteinúria resistente (>0,5g dia ou 3+) ou cilindrúria

anormal.

8. Alterações neurológicas: convulsão (na ausência de outra causa) ou psicose (na

ausência de outra causa).

9. Alterações hematológicas: anemia hemolítica ou leucopenia (menor que 4.000mL

em duas ou mais ocasiões) ou plaquetopenia (menor que 100.000mL na ausência

de outra causa).

10. Alterações imunológicas: anticorpo anti-DNA ativo ou anti-Sm na presença de

anticorpo antifosfolípide baseado em: a) níveis anormais de IgG ou IgM anti-

cardiolipina; b) teste positivo para anticoagulante lúpico ou teste falso positivo

para sífilis, por no mínimo seis meses.

11. Anticorpos antinucleares: título anormal de anticorpo antinuclear por

imunofluorescência indireta ou método equivalente, em qualquer época, e na

ausência de drogas conhecidas por estarem associadas à síndrome do lúpus

induzido por drogas.

No que se refere ao tratamento da doença, os avanços terapêuticos incluem

medicamentos como antimaláricos, corticoides, imunossupressores, inibidores da enzima

conversora de angiotensina, antibióticos, transplante de células B, suplementação de vitamina

D e desidropiandrosterona (DHEA). Porém, as estratégias atuais ainda dependem fortemente

de a) corticoides para controlar a inflamação, contudo, essa classe de medicamento é

responsável por um peso significativo na morbidade; e de b) imunossupressores, que

Page 23: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

22

aumentam o risco de infecções e malignidades e são limitados na eficácia na doença renal

(Durcan; Petri, 2016).

Quando ocorrem manifestações mais severas da doença, é necessário fazer uso de

medicamentos mais agressivos, como corticoides, que agem como anti-inflamatórios e

imunossupressores, porém, estão associados a efeitos colaterais, como osteoporose, catarata,

hiperglicemia, comprometimento cognitivo, hipertensão arterial, infecções, entre outros. Além

disso, corticoides predispõem à obesidade, com aumento dos níveis séricos de colesterol e

triglicerídeos (Aparicio-Soto; Sánchez-Hidalgo; Alarcón-de-la-Lastra; 2017; Cain; Cidlowski,

2017).

Um princípio ativo de uso prevalente em pacientes com LES é o sulfato de

hidroxicloroquina, classificado como antimalárico cuja ação consiste em inibir a interação

antígeno-anticorpo e as funções lisossomais dos fagócitos e dos macrófagos, sem causar

imunossupressão. Além disso, a hidroxicloroquina tem reconhecida ação hipolipemiante e

hipoglicemiante em pacientes com LES (Costedoat-Chalumeau et al., 2014; Aparicio-Soto;

Sánchez-Hidalgo; Alarcón-de-la-Lastra; 2017).

Todavia, é possível associar à terapia medicamentosa abordagens não-farmacológicas

que proporcionem maior controle das manifestações clínicas da doença, bem como dos efeitos

colaterais causados pelos medicamentos. Entre essas abordagens, estão os hábitos saudáveis

de estilo de vida, como dieta adequada e prática de exercício físico.

1.1.2 Necessidades nutricionais no LES

Nos últimos anos, os estudos têm evidenciado que o estado nutricional e a ingestão de

nutrientes, especialmente os ácidos graxos insaturados e os polifenóis, impactam a resposta

imune, desse modo, a nutrição representa uma terapia não-farmacológica para a prevenção e o

tratamento de doenças marcadas pela inflamação (Ricordi; Garcia-Contreras; Farnetti, 2015).

De forma geral, um dos objetivos da terapia nutricional no LES é modular a

inflamação, a glomerulonefrite, a proteinúria e a morte, que pode ser um desfecho da doença.

Por esta razão, estudos em modelo animal sugerem que nutrientes como os ácidos graxos

poli-insaturados da série ômega-3, vitamina A e vitamina D devem fazer parte da dieta porque

estimulam a proliferação de células T reguladoras (Treg), que são as principais células

moduladoras das linhagens T helper 1 (Th1) e T helper 2 (Th2). Essas linhagens são

responsáveis, respectivamente, por produção de citocinas inflamatórias como interferon-γ

(IFN-γ), IL-2, fator de necrose tumoral (TNF-α), IL-6 e IL-β1; e proliferação de linfócitos B,

Page 24: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

23

produção de autoanticorpos e citocinas inflamatórias como IL-4, IL-6 (Figura 2) (Hsieh; Lin,

2011).

Figura 2. Imunomoduladores dietéticos benéficos em modelo animal com LES.

Fonte: Hsieh; Lin, 2011.

Legenda: ROS: espécies reativas de oxigênio; vitE: vitamina E; MAC: complexo de ataque à membrana;

IFN:interferon; TNF: fator de necrose tumoral; IL: interleucina; Th: células T auxiliadoras; Treg: célular T

reguladoras; TGF: fator de transformação do crescimento; n-3 FA: ácido graxo ômega 3; vitA: vitamina A; vitD:

vitamina D; CR: restrição calórica; SLE: lúpus sistêmico eritematoso.

Page 25: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

24

Ademais, outros alimentos e compostos bioativos estão associados com

autoimunidade, tais como chocolate, café, sal, pimenta (capsaicina), açafrão (curcumina) e

uva (resveratrol). Pesquisas sugerem que esses alimentos/compostos afetam substancialmente

as respostas inatas e adaptativas do sistema imune, sendo o sal promotor da inflamação; e

capsaicina, curcumina, resveratrol e ômega-3 capazes de atenuar a hiperatividade

imunológica, conforme mecanismos expostos na Figura 3 (Dahan; Segal; Shoenfeld, 2017).

Figura 3. Fatores dietéticos associados com autoimunidade.

Fonte: Dahan; Segal; Shoenfeld, 2017.

Legenda: Th: células T auxiliadoras; Treg: células T reguladoras; NFκB: fator nuclear-kappa B; ROS: espécies

reativas de oxigênio.

Devido à sua natureza inflamatória, o estresse oxidativo é aumentado em pacientes

com LES e merece atenção uma vez que ele tem como principais órgãos lesionados aqueles

que já são acometidos naturalmente pela doença: rins, pele, articulações e pulmão. Além

disso, o estresse oxidativo contribui substancialmente para ocorrência de DCV (Pearl, 2013).

Em condições fisiológicas normais, a produção de espécies reativas de oxigênio

(ERO) é balanceada por um eficiente sistema antioxidante, prevenindo o dano celular. Esse

sistema de defesa antioxidante pode ser realizado por dois grupos: enzimáticos e não

enzimáticos. Os minerais zinco e cobre são cofatores de antioxidantes enzimáticos, como a

superóxido dismutase cobre-zinco (CuZnSOD), a ceruloplasmina (Cp); e o selênio constitui a

Page 26: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

25

glutationa peroxidase (GPx) (Sahebari et al., 2014). A SOD é umas principais enzimas

catalisadoras de radicais livres no organismo; ela age na redução do estresse oxidativo celular

e, consequentemente, na diminuição da ativação das vias de sinalização que promovem a

resposta inflamatória. Logo, a ingestão adequada de zinco, além de atuar no combate aos

radicais livres, auxilia no suporte à função imunológica (Rogero; Fock; Borelli, 2013).

Além de atuar como cofator enzimático, o selênio é essencial ao funcionamento do

sistema imunológico, pois influencia o desenvolvimento e a expressão de respostas não

específicas humorais e celulares, e sua deficiência reduz a efetividade das células

imunológicas. A questão do estresse oxidativo é de interesse especial, uma vez que

macrófagos e neutrófilos, quando ativados, produzem rapidamente maiores quantidades de

ERO (Cominetti, 2013).

Entre os antioxidantes não enzimáticos, estão aqueles de origem dietética, em que se

destacam o α-tocoferol (precursor da vitamina E) e o β-caroteno (precursor da vitamina A),

além dos carotenóides como licopeno, luteína e zeaxantina.

A vitamina E merece destaque no LES porque sua principal função consiste em ação

antioxidante, protegendo as membranas celulares contra os danos dos radicais livres

(Almondes; Rocha; Cozzolino, 2013). O alfa-tocoferol exerce importante efeito anti-

inflamatório, principalmente na doença aterosclerótica e outras DCV, diminuindo os

marcadores de estresse oxidativo e de inflamação (Rogero; Naves, 2007).

A vitamina A, além de ter participação fundamental no processo visual, atua também

na resposta imune e no crescimento e diferenciação celular e apresenta efeito antioxidante. Os

carotenoides modulam o sistema imune devido a sua ação antioxidante, prevenindo a célula

do ataque dos radicais livres, influenciando, dessa forma, a ativação do fator de transcrição

como o fator nuclear-kappa B (NFκB) a produção de citocinas e prostaglandinas (Rogero;

Naves, 2007).

Por esta razão, presume-se que uma dieta com alto poder antioxidante deva ser rica em

alimentos fontes desses nutrientes, que são capazes de manter a homeostase do organismo em

relação à sua defesa contra a produção de ERO (Barbosa; Costa; Alfenas; Paula; Minin;

Bressan, 2010).

Outro nutriente que merece destaque quando se trata de pacientes com LES é a

vitamina D. A função mais conhecida desta vitamina é sobre a formação óssea, uma vez que

ela é responsável pela manutenção da homeostase do cálcio e dos fosfatos. Contudo, a

vitamina D3, também denominada como colecalciferol, atua como um hormônio cujos

receptores estão presentes também em células do sistema imune inato e adaptativo, como

Page 27: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

26

monócitos, macrófagos ativados, células dentríticas, células natural killer (NK), linfócitos T e

B (Durcan; Petri, 2016). Desse modo, observa-se que a vitamina D3 atua em diversas funções

na regulação de respostas imunes inatas e adquiridas e, em decorrência, no tratamento e na

prevenção de doenças de causa inflamatória (Rogero; Naves, 2007).

A partir dessas evidências, emerge o interesse de investigar o consumo e os níveis

séricos desta vitamina nos pacientes com LES. Contudo, sabe-se que a maior produção de

vitamina D advém da exposição à radiação ultravioleta (80-90%), quando ela é convertida na

pele em sua forma ativa, o 1,25-dihidroxicolecalciferol [1,25(OH)2D3] e a dieta é a menor

responsável pela sua síntese (Rogero; Fock; Borelli, 2013).

No entanto, devido à fotossensibilidade como manifestação clínica do lúpus, os

pacientes são recomendados a não se exporem ao sol ou fazê-lo com uso de fotoprotetor, o

que prejudica a síntese e a ativação do hormônio pois a exposição à radiação solar,

principalmente nos horários próximos ao meio-dia, é quando ocorre a maior produção de

vitamina D (Rogero; Fock; Borelli, 2013).

Em razão de sua atividade hormonal, a 1,25(OH)2D3 é livremente produzida e afeta

diretamente um número de células por meio de funções autócrinas e parácrinas e age em nível

molecular ativando mais de 200 genes para regular a expressão gênica; isso explica porque a

vitamina D exerce importante papel em doenças de natureza autoimune (Paschoal; Medeiros;

Sanches; Sant’anna; Neves; Perucho, 2012).

Entre os nutrientes que melhor modulam a resposta inflamatória está o ômega-3,

especificamente as frações ácido eicopentaenoico (EPA) e o ácido docosahexaenoico (DHA),

que atuam por meio de diferentes mecanismos, como alteração na constituição de

fosfolipídeos de membrana, que influenciam diretamente a síntese de mediadores

inflamatórios, como as prostaglandinas, os tromboxanos e os leucotrienos, denominados

como eicosanoides. Além disso, EPA e DHA têm a capacidade de diminuir a ativação do

NFκB, fator de transcrição de genes codificadores de proteínas com ação pró-inflamatória,

como o fator de TNF-α e a IL-1 (Rogero; Fock; Borelli, 2013).

Complicações decorrentes da doença são comuns nesses pacientes e elas requerem um

tratamento dietoterápico adequado. Pacientes com LES tendem a manifestar perda da função

renal, situação de sobrepeso ou obesidade. Devido a isso, estratégias de controle de peso por

meio de adequação energética da dieta devem ser incentivadas, a fim de atenuar a produção

de citocinas pró-inflamatórias e de anticorpos devido à redução da expressão de RNA (ácido

desoxirribonucleico) mensageiro ou NFκB (Klack; Bonfa; Borba Neto, 2012).

Page 28: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

27

Uma dieta hiperlipídica, rica em colesterol e ácidos graxos saturados são fatores que

mantêm a dislipidemia em pacientes com LES. Por outro lado, a ingestão de alimentos fontes

de vitaminas, minerais, ácidos graxos mono e poliinsaturados, associada a moderada ingestão

calórica é recomendada para controlar a inflamação, as complicações e comorbidades

resultantes da doença e sua terapia medicamentosa (Aparicio-Soto; Sánchez-Hidalgo;

Alarcón-de-la-Lastra, 2017).

Estudos anteriores têm demonstrado que pacientes com LES têm consumo menor de

alimentos como frutas e verduras, bem como ingestão inadequada de fibra, vitamina B6,

cálcio e ácidos graxos poli-insaturados, especialmente ômega-3. Por esta razão, considerando

as necessidades nutricionais de pacientes com LES abordadas neste trabalho, evidencia-se a

importância de identificar o consumo alimentar e dietético de forma que seja possível fazer as

devidas adequações energética e de nutrientes para controlar a doença e suas complicações

decorrentes (Borges; Santos; Telles, 2012; Minami; Hirabayashi; Nagata; Ishii; Harigae;

Sasaki, 2011; Elkan; Anania; Gustafsson; Jogetrand; Hafstro; Frostegard, 2012).

Diante do exposto, é possível perceber que embora não haja evidência científica de

que a dieta seja fator etiológico da doença, uma alimentação fonte de nutrientes

imunomoduladores e com ação antioxidante pode ser fator essencial para melhorar o

prognóstico, além de ajudar na prevenção de infecções e na progressão de doenças DCV.

1.1.3 Composição corporal

Durante as últimas décadas têm-se observado maior prevalência de doenças

imunomediadas, em que a maioria dessas condições inflamatórias é resultante de uma

interação complexa entre fatores genéticos e ambientais. Entre os fatores ambientais, está o

processo de ocidentalização, acompanhado por profundas mudanças nos hábitos alimentares e

no estilo de vida, sendo responsável pela alta prevalência de obesidade na população. Nesse

sentido, reflete-se sobre o envolvimento da obesidade no surgimento de doenças autoimunes,

principalmente porque o tecido adiposo é secretor de mediadores solúveis denominados

adipocinas, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) (Versini; Jeandel; Rosenthal;

Shoenfeld, 2014).

Estudos anteriores mostraram que são prevalentes o sobrepeso e a obesidade em

pessoas com LES (Santos; Borges; Correia; Telles; Lanna, 2010; Telles; Lanna; Ferreira;

Carvalho; Ribeiro, 2007). Por esta razão, justifica-se a atenção ao estado nutricional desses

pacientes, uma vez que o aumento de tecido adiposo tem sido associado ao aumento de

Page 29: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

28

diversas outras moléculas inflamatórias, como a proteína C-reativa (PCR), resistina, óxido

nítrico sintase indutível (iNOS), IL-6, fator estimulador de colônias de macrófagos (CSF-1) e

proteína-1 quimiotático de monócito (MCP-1) (Fonseca, 2014).

Nos pacientes com LES, o percentual e a distribuição da gordura corporal e da massa

magra têm impacto sobre sua saúde, uma vez que essa adiposidade desproporcional na região

abdominal associada ao estado pró-inflamatório contribui para eventos ateroscleróticos

precoces (Shamekhi; Habibagahi; Ekramzadeh; Ghadiri; Namjoyan; Malehi et al., 2017).

Além disso, o tratamento prolongado com corticoides também influencia a composição

corporal (Mok; To; Ma, 2008).

Um dos métodos para identificar obesidade na população, incluindo os sujeitos com

LES, inclui a avaliação do índice de massa corporal (IMC), que corresponde à relação entre a

medida do peso corporal e da altura ao quadrado e seus valores aumentados têm sido

associados a envolvimento renal e cognitivo mais grave na doença, alteração da qualidade de

vida e risco cardiovascular aumentado (Versini; Jeandel; Rosenthal; Shoenfeld, 2014).

Contudo, alguns estudos em doenças reumáticas demonstram que o IMC pode não

refletir com precisão a quantidade de gordura corporal, dado que indivíduos com mesmo IMC

podem apresentar diferentes níveis de tecido adiposo, bem como padrões diferentes de

distribuição dessa gordura (Guimarães; Pinto; Raid; Andrade; Kakehasi, 2017; Katz;

Gregorich; Yazdany; Trupin; Julian; Yelin et al., 2011).

Deste modo, é importante observar também a distribuição da gordura corporal, uma

vez que a adiposidade abdominal é fator de risco potencial, independentemente da gordura

total (ABESO, 2016). Assim, outro indicador antropométrico que merece destaque para

avaliar essas pacientes é a medida do perímetro abdominal, uma vez que ela reflete o risco

que o indivíduo tem de desenvolver complicações metabólicas associadas à obesidade e

doença arterial coronariana (DAC), que, precocemente, representa uma das principais causas

da morbimortalidade em pacientes com LES (Rizk; Ghieta; Nassef; Abdallah, 2011; Hak;

Karlson; Feskanich; Stampfer; Costenbader, 2009).

Considerando as limitações decorrentes do uso do IMC para avaliar a composição

corporal de pacientes com LES, outros métodos devem ser utilizados para medida acurada

deste parâmetro de avaliação. Embora não seja um método de baixo custo, a técnica de

Absortometria Radiológica de Dupla Energia – Dual Energy X-ray Absorptiometry (DEXA)

proporciona confiáveis estimativas de gordura corporal e massa muscular (Katz; Gregorich;

Yazdany; Trupin; Julian; Yelin et al., 2011).

Page 30: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

29

Além disso, esta técnica permite observar outro componente da composição corporal

importante em pessoas com LES refere-se ao conteúdo mineral ósseo (CMO), uma vez que

mulheres com LES podem apresentar baixa DMO, estando sob maior risco de desenvolver

osteoporose comparadas com a população geral, e estudos indicam um risco

aproximadamente cinco vezes maior de ocorrer fratura, sendo agravados ainda pela

insuficiência de vitamina D e da corticoterapia prolongada (Xiong; Lahita, 2014).

Outros fatores de risco para ocorrência de fraturas e osteoporose incluem: sexo

feminino, tabagismo, uso abusivo de bebidas alcoólicas, inatividade física e baixa ingestão

dietética de cálcio (Radominski et al., 2017). Ademais, pacientes com LES devem evitar

exposição à radiação solar e essa baixa exposição pode levar a baixos níveis de vitamina D,

que têm sido associados à reduzida DMO (Tanner; Moore Jr, 2012).

1.1.4 Atividade física

Assim como a dieta, a prática de atividade física também compreende um hábito de

estilo de vida saudável, capaz de amenizar os sintomas e agravos do LES, tais como o risco de

desenvolvimento de DCV, fadiga, dor, ansiedade, depressão e desordens do sono, que são

recorrentes em pessoas com doenças autoimunes e também são resultados de baixos níveis de

atividade física e de qualidade de vida relacionada à saúde (Eriksson; Svenungsson;

Karreskog; Gunnarsson; Gustafsson; Möller et al., 2012; Perandini; Sá-Pinto; Roschel;

Benatti; Lima; Bonfá et al., 2012). A atividade física pode beneficiar pessoas com LES desde

que ela seja recomendada de forma eficaz e segura, dada a natureza multissistêmica da doença

e da imprevisão dos períodos de exacerbação (Huerta; Trujillo-Martín; Rúa-Figueroa;

Cuellar-Pompa; Quirós-Lopez; Serrano-Aguilar et al., 2016).

Tendo em vista o impacto da doença e do tratamento medicamentoso sobre a saúde

óssea desses pacientes, destaca-se que os exercícios físicos são de fundamental importância

para a prevenção e o tratamento da osteopenia, sendo os exercícios regulares com impacto,

intensidade e duração apropriados os mais recomendados para indivíduos em risco. Por outro

lado, os exercícios sem impacto, como os realizados na água ou na bicicleta, são de menor

importância para estimular a formação óssea (Castro; Galvão; Szejnfeld; Pinheiro, 2013).

A atividade física contribui para diminuição do risco de fratura de duas formas: uma

porque a força biomecânica que os músculos exercem sobre os ossos é capaz de aumentar a

DMO; assim, exercícios com ação da gravidade parecem desempenhar papel no aumento e na

preservação da massa óssea; e outra porque a atividade física regular pode ajudar a prevenir as

Page 31: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

30

quedas que ocorrem devido a alterações do equilíbrio e diminuição de força muscular e de

resistência (Brasil, 2014).

A prática de exercício físico não traz efeitos benéficos apenas para a saúde óssea, mas

também causa impacto positivo sobre a saúde cardiovascular desses pacientes (Benatti;

Miossi; Passareli; Nakandakare; Perandini; Lima et al., 2015). Evidência epidemiológica de

pacientes com doenças reumáticas como o LES tem demonstrado que a inflamação crônica

sistêmica pode aumentar substancialmente o risco de comorbidades como dislipidemia,

aterosclerose precoce, sarcopenia, anemia e resistência à insulina (Benatti; Pedersen, 2015).

Estudo em pacientes com LES mostrou que níveis de atividade física de moderados a

vigorosos foram associados a melhor função física e menores níveis de fadiga e dor (Mahieu;

Ahn; Chmiel; Dunlon; Helenowski; Semanik et al., 2016).

Nesse sentido, ocorre um ciclo vicioso à medida em que a inatividade física contribui

para aumentar a inflamação e o desempenho cardiovascular num feedback positivo. Além

disso, o sedentarismo pode causar ainda acúmulo de gordura visceral, aumentando o risco de

distúrbios metabólicos, aterosclerose e outras DCNT (Figura 4) (Benatti; Pedersen, 2015).

Figura 4. Ciclo vicioso da inflamação crônica em pacientes com doenças reumáticas

inflamatórias.

Fonte: Benatti; Pedersen, 2015.

Page 32: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

31

A patogênese da aterosclerose associada ao LES é multifatorial e envolve

anormalidades lipídicas, inflamação e reações autoimunes. Assim, a atividade física beneficia

a saúde cardiovascular pela ação de mecanismos como: regulação da glicemia e da

sensibilidade à insulina, melhor redistribuição e perda de gordura, melhora da função

endotelial, diminuição da pressão arterial e dos lipídeos séricos, com redução dos fatores de

risco cardiovascular, como citocinas inflamatórias (Hahn; Mcmahon, 2008; Kadoglou; Iliadis;

Liapis, 2008).

Por outro lado, não só a prática de atividade física é importante para prevenção de

DCV, como a redução do tempo sentado contribui para este desfecho. Estudos indicam que

independente do tempo gasto em atividades durante o dia, o prolongado tempo sentado está

associado a diabetes mellitus (DM), obesidade, síndrome metabólica e outras DCNT (Pinto;

Roschel; Sá Pinto; Lima; Pereira; Silva et al., 2017). Com base nisso, um paciente com nível

suficiente de atividade física (>150minutos/semana), mas gastando tempo excessivo em

comportamento sedentário (>8horas/dia sentado) pode ser fisicamente ativo e sedentário ao

mesmo tempo, implicando que ele estaria em risco cardiometabólico devido ao estilo de vida

sedentário, apesar de atender às diretrizes para atividade física DCNT (Pinto; Roschel; Sá

Pinto; Lima; Pereira; Silva et al., 2017).

Porém, nas doenças reumáticas autoimunes pouco se sabe sobre impacto direto da

inatividade física e do comportamento sedentário na morbimortalidade. Estes fatores de risco

evitáveis costumam ser negligenciados, apesar de estarem fortemente ligados a DCV, que são

causas bem conhecidas de morbimortalidade em doenças reumáticas DCNT (Pinto; Roschel;

Sá Pinto; Lima; Pereira; Silva et al., 2017).

1.1.5 Qualidade de vida

Na área da saúde, a qualidade de vida passou a ser um dos resultados esperados, tanto

das práticas assistenciais como das políticas públicas para o setor nos campos de promoção da

saúde e da prevenção de doenças, tendo em vista que as percepções do indivíduo com doenças

crônicas podem interferir na aderência ao tratamento (Seidl; Zannon, 2004).

Os aspectos próprios do LES, bem como sua terapia medicamentosa, juntamente com

o estado nutricional, composição corporal e nível de atividade física contribuem para um

desfecho em comum: a qualidade de vida relacionada à saúde, que expressa o impacto físico e

psicossocial causado pelas alterações físicas e biológicas produzidas por doenças e terapias

que interferem nas condições de vida (Reis; Costa, 2010).

Page 33: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

32

Estado nutricional inadequado, principalmente os quadros de sobrepeso e obesidade,

são usualmente associados à baixa qualidade de vida relacionada à saúde, quando comparados

a pessoas com peso normal. O excesso de peso tem efeito substancial no bem-estar

emocional, autoestima e saúde psicossocial e estudo realizado anteriormente mostrou que à

medida que o IMC aumenta a qualidade de vida diminui. Dessa forma, pode acontecer um

ciclo vicioso, em que pior qualidade de vida e comprometimento da saúde mental podem

servir como gatilho para ganho de peso subsequente (González-Muniesa, 2017).

O LES pode exercer profundos efeitos na vida dos pacientes, sejam representados por

altas taxas de mortalidade em relação à população geral; sejam representados pelos níveis

mais baixos de vitalidade e saúde geral com consequente impacto sobre o funcionamento

físico, o estado psicológico e emocional e a vida social. As dimensões relacionadas aos

aspectos físicos e mentais do questionário de qualidade de vida Medical Outcome Study 36-

item Short Form (SF-36) têm sido apontados como os mais afetados em pacientes com LES

em relação a controles saudáveis (Kaul; Gordon; Crow; Touma; Urowit;, van Vollenhoven et

al., 2016).

A fadiga tem sido reportada como uma condição frequente em pacientes com LES e

implica perda de dias de trabalho, comprometimento da concentração e inabilidade de

completar atividades instrumentais de vida diárias, tais como cozinhar, o que pode refletir na

ingestão alimentar e consequente estado nutricional (Sterling; Gallop; Swinburn; Flood;

French; Al Sawah et al., 2014). Além disso, a fadiga observada nos pacientes pode contribuir

para reduzir a força muscular e a capacidade cardiovascular, o que compromete a realização

das atividades de vida diária e consequente comprometimento na qualidade de vida (Balsamo;

Mota; Carvalho; Nascimento; Tibana; Santana et al., 2013).

A fadiga no LES é multifatorial e pode ser causada pela atividade da doença,

desordens do sono, ansiedade, depressão, dor, comorbidades e polifarmárcia. Muitos dos

medicamentos usados do tratamento da doença apresentam efeitos adversos, principalmente

os corticoides, que são os maiores preditores da qualidade de vida reduzida (Mahieu; Ahn;

Chmiel; Dunlon; Helenowski; Semanik et al., 2016; Kaul; Gordon; Crow; Touma; Urowit;,

van Vollenhoven et al., 2016).

Por outro lado, a atividade da doença e o dano orgânico não têm sido associados com a

qualidade de vida no LES (Kiani; Strand; Fang; Jaranilla; Petri M, 2013; Yilmaz-Oner: Oner;

Dogukan; Moses; Demir; Tekayev et al., 2016).

Page 34: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

33

1.2 OBJETIVO

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a relação entre os marcadores nutricionais, nível de atividade física e

qualidade de vida de mulheres com lúpus eritematoso sistêmico.

1.2.2 Objetivos específicos

Identificar o estado nutricional antropométrico e composição corporal de

mulheres com LES;

Avaliar o consumo dietético de mulheres com LES;

Identificar o nível de atividade física de mulheres com LES;

Verificar o nível de qualidade de vida de mulheres com LES;

Comparar o estado nutricional antropométrico e composição corporal, nível de

atividade física e qualidade de vida de mulheres com e sem LES;

Associar o perfil sociodemográfico e clínico, marcadores nutricionais, nível de

atividade física e qualidade de vida de mulheres com LES.

Page 35: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

34

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO E CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO

Trata-se de um estudo transversal, do tipo caso-controle pareado por idade,

desenvolvido com mulheres com LES, selecionadas no Ambulatório de Reumatologia do

Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), referência no estado do Rio Grande do Norte, e

também provenientes de consultórios médicos particulares que tiveram interesse em participar

da pesquisa.

A amostra foi obtida de forma intencional, não probabilística. As pacientes do grupo

caso foram convidadas a participar da pesquisa no momento em que estavam no hospital para

realizar a consulta médica, bem como foram recrutadas a partir de informes divulgados na

internet. As mulheres do grupo controle foram recrutadas por meio de informes divulgados na

internet, de forma intencional. O fluxograma de recrutamento está disposto na Figura 5.

Figura 5. Fluxograma de recrutamento das participantes do estudo.

Fonte: Autora, 2017.

Legenda: LES: lúpus eritematoso sistêmico; DRC: doença renal crônica.

Estavam aptas a participar do estudo no grupo caso, 26 mulheres adultas, com idade

entre 20 e 59 anos e 11 meses, residentes na região da Grande Natal. No grupo controle,

podiam participar 23 mulheres com a mesma faixa etária, que não apresentassem diagnóstico

de qualquer doença que pudesse afetar a composição corporal e DMO, bem como não usar

Page 36: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

35

medicamentos comuns a doenças reumáticas. Foram excluídas de ambos os grupos mulheres

grávidas ou com suspeita de gravidez.

A pesquisa aconteceu em dois dias distintos, sendo a primeira coleta realizada no

HUOL, onde era avaliado o nível de atividade física e de qualidade de vida das pacientes e

das mulheres saudáveis, e na segunda coleta foi realizada a avaliação antropométrica e de

composição corporal e avaliação do consumo dietético no Laboratório de Biodinâmica, no

Departamento de Educação Física da UFRN (Figura 6).

Figura 6. Desenho do estudo.

Fonte: Autora, 2017.

2.1.1 Aspectos éticos

A pesquisa foi realizada de acordo com os fundamentos éticos e científicos

estabelecidos pela Resolução MS/CNS Nº 466 de 12 de dezembro de 2012, respeitando a

participante em sua dignidade e autonomia e assegurando sua vontade de contribuir e

permanecer, ou não, na pesquisa, por intermédio de manifestação expressa, livre e esclarecida;

ponderando entre riscos e benefícios, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o

mínimo de danos e riscos.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do HUOL – UFRN,

sob parecer de número 1.708.996. Foi submetida uma emenda ao projeto de pesquisa, sendo

aprovada pelo CEP sob parecer de número 2.198.525. Ao final da pesquisa, as pacientes com

Page 37: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

36

LES receberam uma cartilha com dicas de alimentação saudável contendo orientações gerais e

específicas para a doença (APÊNDICE C).

2.2 COLETA DE DADOS

2.2.1 Dados sociodemográficos e clínicos

Para obtenção de dados sociodemográficos e clínicos foi utilizado um questionário

elaborado pela autora contemplando informações referentes a idade, tipo de acompanhamento

médico, tempo de doença, estado civil, etnia, ocupação, escolaridade, renda familiar,

comorbidades, uso de método contraceptivo, menopausa e medicamentos utilizados

(APÊNDICE A).

2.2.2 Estado nutricional antropométrico

O estado nutricional antropométrico das participantes da pesquisa se deu por avaliação

de índice de massa corporal (IMC), perímetro da cintura, perímetro abdominal, relação

cintura-quadril (RCQ) e percentual de gordura corporal.

Para cálculo do IMC foram verificados peso e estatura das pacientes, utilizando uma

balança plataforma digital Micheletti® com precisão de 0,1kg e um estadiômetro acoplado a

uma balança Welmy®. As medidas foram tomadas com a paciente usando roupas leves,

descalça e sem adereços.

O IMC foi calculado pela equação IMC = peso/(altura)², e seguindo a classificação

abaixo (Quadro 1):

Quadro 1. Classificação de IMC.

IMC (kg/m²) Classificação

<18,5 Baixo peso

18,5 – 24,9 Eutrofia

25,0 – 29,9 Sobrepeso

30,0 – 34,9 Obesidade grau I

35,0 – 39,9 Obesidade grau II

>39,9 Obesidade grau III

Fonte: WHO, 2000.

Page 38: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

37

Os perímetros da cintura, abdômen e quadril foram verificados com fita

antropométrica inelástica e foram tomadas, respectivamente, conforme a metodologia a

seguir: o perímetro da cintura foi verificado ao redor da linha natural da cintura, na região

mais estreita entre a última costela e a crista ilíaca; o perímetro abdominal foi aferido no

ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca; e perímetro do quadril foi observado na

região de maior perímetro entre a cintura e a coxa. As classificações para as medidas de

abdômen e RCQ seguem abaixo (Quadro 2, Quadro 3):

Quadro 2. Classificação do risco cardiovascular pelo perímetro do abdômen.

Perímetro abdominal Classificação

< 80 cm Sem risco

≥ 80 cm Risco aumentado

≥ 88 cm Risco

substancialmente

aumentado Fonte: ABESO, 2009.

Quadro 3. Classificação do risco de alterações metabólicas segundo a proporção entre o

perímetro da cintura e o perímetro do quadril.

Idade Baixo Moderado Alto Muito alto

20-29 <0,71 0,71-0,77 0,78-0,82 >0,82

30-39 <0,72 0,72-0,78 0,79-0,84 >0,84

40-49 <0,73 0,73-0,79 0,80-0,87 >0,87

50-59 <0,74 0,74-0,81 0,82-0,88 >0,88 Fonte: Adaptado de Bray e Gray, 1988.

2.2.3 Composição Corporal

As pacientes da pesquisa foram avaliadas também em sua composição corporal. Para

isso, foi utilizada o DEXA. Esta técnica permite avaliar os componentes da composição

corporal: DMO, gordura corporal e massa livre de gordura, sendo amplamente aplicada em

estudos e intervenções clínicas, configurando um método acurado. A composição corporal

pelo aparelho é definida a partir da quantidade raio X absorvida pelo corpo, calculando a

diferença entre a energia emitida pela fonte da radiação e a sensibilizada pelo detector de

energia (Rech; Ferreira; Cordeiro; Vasconcelos; Petroski, 2007).

Para realização do exame, as pacientes seguiram as recomendações: jejum de

alimentos e água nas duas horas antecedentes, usar roupas leves e sem qualquer metal,

Page 39: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

38

inclusive de roupas íntimas, bem como adereços (relógio, brincos, anéis etc) e não realizar

atividade físicas nas 24 horas prévias. Foi observado para que as mulheres não fizessem o

exame apresentando edemas nos membros inferiores. Em relação ao equipamento, o aparelho

foi previamente calibrado antes de qualquer análise e posteriormente foram inseridas no

software de análise informações referentes a peso, estatura, idade e etnia. A paciente foi

colocada no aparelho em posição supina, centralizada na mesa, dentro da área de varredura

delimitada, com braços estendidos ao longo do corpo, mãos abertas, com as palmas voltadas

para o corpo, dedo polegar para cima e as pernas foram imobilizadas com faixa de velcro

(Figura 7).

Figura 7. Realização do DEXA.

Fonte: Autora, 2017

A composição corporal das mulheres foi avaliada em relação à DMO e ao percentual

de gordura corporal total, usando o aparelho de densitometria óssea Lunar Prodigy Advance –

GE Healhcare.

A DMO é expressa em termos de grama de mineral por centímetro quadrado analisado

(g/cm²). Quando a DMO do indivíduo é comparada com a esperada para pessoas normais da

mesma idade e sexo e para mulheres antes da menopausa, obtém-se o escore Z (Quadro 4), e

quando é comparada a de adultos jovens normais do mesmo sexo e para mulheres após a

menopausa, obtém-se o escore T (Quadro 5).

Page 40: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

39

Quadro 4. Critérios densitométricos para mulheres antes da menopausa

Fonte: ICSD (2004).

Quadro 5. Critérios densitométricos para mulheres após a menopausa.

Fonte: WHO (2003).

Em relação ao percentual de gordura corporal, foi adotada a classificação de Pedersen;

Astrup; Skovgaard (2011) (Quadro 5).

Quadro 6. Classificação do sobrepeso e obesidade pelo percentual de gordura corporal total.

Classificação % (mulheres)

Adequado <35,0

Excesso >35,0

Fonte: Pedersen, Astrup, Skovgaard (2011).

2.2.4 Nível de atividade física

As mulheres participantes da pesquisa foram avaliadas quanto ao seu nível de

atividade física, medido pelo Questionário Internacional de Atividade Física – International

Physical Activity Questionnaire (IPAQ – versão curta), proposto pelo Grupo Internacional

para Consenso de Medidas da Atividade Física (ANEXO A). Esta versão do instrumento é

composta por oito questões abertas e suas informações permitem estimar o tempo despendido

por semana em diferentes dimensões da atividade física (caminhada e esforços físicos de

intensidades moderadas e vigorosas) e da inatividade física (posição sentada) (Craig;

Categoria Escore Z

Abaixo do estimado para a

faixa etária

≤ -2,00

Dentro do estimado para a

faixa etária

>-2,00

Categoria Escore T

Normal Até -1,0

Osteopenia Entre -1,0 e -2,5

Osteoporose Igual ou inferior a -2,5

Osteoporose estabelecida Igual ou inferior a -2,5 associado

a fratura por fragilidade óssea

Page 41: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

40

Marshall; Sjostrom; Bauman; Booth; Ainsworth et al., 2003). Deste modo, as pacientes foram

classificadas como muito ativas, ativas, irregularmente ativas ou sedentárias, conforme

descrito a seguir:

a) Muito ativa = mulher que fez: atividade vigorosa ≥ 5 dias/semana e ≥ 30 minutos por

sessão OU atividade vigorosa ≥ 3 dias/semana e ≥ 20 minutos/sessão E atividade

moderada OU caminhada ≥ 5 dias/semana e ≥ 30 minutos/sessão.

b) Ativa = mulher que fez: atividade vigorosa ≥ 3 dias/semana e ≥ 20 minutos por sessão

OU atividade moderada OU caminhada ≥ 5 dias/semana e ≥ 30 minutos/sessão OU

qualquer atividade somada ≥ 5 dias/semana e ≥ 150 minutos/sessão (caminhada +

atividade moderada + atividade vigorosa).

c) Irregularmente ativa = mulher que realizaram atividade física, porém de forma

insuficiente para ser classificada como ativa porque não cumpriu as recomendações

quanto à frequência ou duração.

d) Sedentária = mulher que não realizou nenhuma atividade física por pelo menos 10

minutos contínuos durante a semana.

2.2.5 Qualidade de vida

A qualidade de vida das pacientes foi avaliada por meio do SF-36 (ANEXO B), um

questionário genérico, porém utilizado nos estudos em pacientes com LES, sendo também

recomendado em pesquisa pelo Systemic Lupus International Collaborating Clinics Group

(SLICC) (Touma; Gladman; Ibañez; Urowitz, 2011). Além disso, o uso de um instrumento

genérico para avaliação da qualidade de vida possibilita a sua aplicação no grupo controle

saudável. O SF-36 é válido e confiável em pacientes com LES e identifica o efeito físico,

psicológico e mental da doença no indivíduo. O instrumento mensura a qualidade de vida em

oito dimensões: saúde mental, limitação por aspectos emocionais, aspectos sociais, vitalidade,

estado geral de saúde, dor, limitação por aspectos físicos e capacidade funcional. O

questionário revela a qualidade de vida por meio de um escore que varia de 0 a 100, em que o

menor valor consiste numa pior qualidade de vida e o valor máximo indica melhor qualidade

de vida (Touma; Gladman; Ibañez; Urowitz, 2011).

Page 42: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

41

2.2.6 Consumo dietético

O consumo dietético das participantes foi obtido por meio de aplicação recordatório

alimentar de 24 horas (R24h), aplicados em dois dias da semana, com intervalo de 30 a 45

dias entre um e outro. A obtenção dos dados foi conduzida por entrevistador capacitado, com

postura neutra, elaborando questões abertas sobre os alimentos, de forma a não induzir as

respostas da paciente (Fisberg; Marchioni; Colucci, 2009). Para isso, foram utilizados álbuns

de fotografias de porções de alimentos, bem como de medidas caseiras e utensílios de cozinha

(Monego; Peixoto; Santiago; Gil; Cordeiro; Campos et al., 2013; Monteiro; Chiarello, 2010).

Para análise do consumo dietético, foram coletadas informações sobre os tipos e as

quantidades dos alimentos, bebidas e suplementos ingeridos pelas pacientes. Posteriormente,

estes foram analisados no software Virtual Nutri Plus 2.0®, segundo as tabelas de composição

de alimentos, a partir da inserção de fichas técnicas de preparação e de rótulos dos alimentos

quando necessários, a fim de determinar a ingestão quantitativa de energia e macronutrientes

a partir de livros de medidas caseiras dos alimentos (Araújo, 2007; Tomita, 2002). As tabelas

de composição de alimentos consultadas foram: Tabela Brasileira de Composição de

Alimentos – TACO (2011), Brasil (2011) e Philippi (2001).

Para análise de adequação do consumo de energia foi previamente calculada a

necessidade energética total (EER), de acordo com a fórmula proposta pelo Institute of

Medicine (IOM) para mulheres com idade superior a 19 anos (IOM, 2005).

EER (kcal) = 354 – (6,91 x idade [anos]) + PA x {(9,36 x peso [kg]) + 726 x altura [m])}

Em que PA = coeficiente de atividade física, sendo classificado conforme explicitado

no Quadro 7.

Quadro 7. Coeficientes de atividade física (valores de PA) para uso em equações de EER.

Nível de atividade física Coeficiente

Sedentário 1,00

Pouco ativo 1,12

Ativo 1,27

Muito ativo 1,45

Fonte: IOM, 2005.

Page 43: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

42

O consumo energético foi considerado adequado quando alcançou a média da EER do

grupo (Soares; Penha; Moura, 2013).

A análise de adequação dos macronutrientes (carboidrato, proteína, lipídeos totais e

fibra) seguiu a recomendação proposta pelo IOM (2005), para mulheres com 19 anos ou mais

de idade. A ingestão de ácidos graxos saturados, monoinsaturados, poli-insaturados e

colesterol foi analisada de acordo com os valores propostos pela IV Diretriz Brasileira de

Aterosclerose, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (Sposito, 2007) (Quadro 8).

Quadro 8. Valores de referência para macronutrientes – Acceptable Macronutrient

Distribution Ranges (AMDR).

Fonte: IOM, 2005; Sposito 2007.

Desta forma, o consumo foi classificado como insuficiente quando não atingiu a

recomendação mínima; adequado quando esteve dentre do intervalo de requerimento; e

excessivo quando ultrapassou a recomendação máxima proposta (Maia, 2013).

2.3 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados coletados foram digitados em planilha eletrônica e transferidos para software

estatístico, sendo posteriormente codificados para realização das análises. Os dados foram

expressos em frequência simples e porcentagem e média e desvio padrão.

Para comparação entre os grupos, foi realizado teste T de Student para variáveis

paramétricas e teste U de Mann Whitney para variáveis não paramétricas.

Posteriormente, foi realizada a seleção das variáveis a incluir nos modelos de

regressão linear com a finalidade de eliminar dos modelos as variáveis que não apresentaram

associação com IMC, perímetro abdominal, % de gordura corporal total e cada domínio da

qualidade de vida. Nesta análise, foram utilizados teste t de Student para comparar os escores

Carboidrato total Proteína total Lipídeo total Ácidos graxos

saturados

45-65% 10-35% 20-35% Até 7%

Ácidos graxos

poli-insaturados

Ácidos graxos

monoinsaturados

Colesterol Fibra

Até 10% Até 15% Até 200mg 19 – 50 anos: 25g

51 – 70 anos: 21g

Page 44: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

43

médios de cada domínio entre os níveis de cada variável, sendo selecionadas para inclusão

nos modelos de regressão as variáveis que apresentaram um valor de p < 0,10.

Permaneceram no modelo final apenas as variáveis associadas ao desfecho com

valores de p < 0,05. Os resultados são apresentados como estimativas pontuais ajustadas da

diferença do escore de cada domínio entre níveis de cada variável independente e respectivos

intervalos de 95% de confiança.

Page 45: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

44

3 RESULTADOS

A Tabela 1 refere-se à caracterização sociodemográfica e clínica das participantes da

pesquisa. As mulheres com LES tinham idade média de 35,9 anos (9,0) com tempo de doença

médio de 9,1 anos (7,6). As mulheres do grupo controle tinham idade média de 34,1 anos

(9,2).

Tabela 1. Caracterização sociodemográfica e clínica das participantes do estudo, Natal-RN,

2017.

Variáveis Grupo caso

(n=26)

% Grupo controle

(n=23)

%

Estado civil

Solteira

Casada

Separada

Viúva

14

09

03

00

53,8

34,6

11,6

0,0

12

10

01

00

52,2

43,4

4,4

0,0

Etnia

Branca

Parda

Negra

Indígena

11

15

00

00

42,3

57,7

0,0

0,0

11

11

01

00

47,8

47,8

4,4

0,0

Escolaridade

Ensino fundamental

completo

Ensino médio completo

Ensino superior completo

Pós-graduada

06

07

07

06

23,0

26,9

26,9

23,1

01

02

08

12

4,4

8,7

34,7

52,2

Ocupação

Do lar

Trabalha fora com renda

Trabalha em casa com

renda

Estudante

Desempregada

Aposentada

05

15

01

01

01

03

19,2

57,7

3,8

3,8

3,8

11,6

00

15

01

05

01

01

0,0

65,1

4,4

21,7

4,4

4,4

Renda familiar mensal

Até 1 salário mínimo

2-4 salários mínimos

>4 salários mínimos

05

14

07

19,2

53,8

26,9

00

07

16

0,0

30,4

69,6

Medicamentos

Antimalárico

Prednisona

Metotrexato

Anticoncepcional oral

23

06

01

01

74,2

19,4

3,2

3,2

00

00

00

16

0,0

0,0

0,0

100,0

Page 46: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

45

Tabela 1. Caracterização sociodemográfica e clínica das participantes do estudo, Natal-RN,

2017. (continuação)

Variáveis Grupo caso

(n=26)

% Grupo controle

(n=23)

%

Comorbidades

DM

HAS

02

06

7,7

23,1

00

00

0,0

0,0

Menopausa

Sim

Não

04

22

15,4

84,6

01

22

4,4

95,6 Legenda:DM: diabetes mellitus; HAS: hipertensão arterial sistêmica.

A Tabela 2 representa os dados referentes ao estado nutricional das participantes do

estudo de ambos os grupos, em que é possível notar semelhança entre o IMC entre os grupos

analisados, contudo as mulheres com LES apresentaram maiores valores de perímetro

abdominal e RCQ, não sendo confirmada a significância estatística.

Tabela 2. Comparação do estado nutricional antropométrico das participantes do estudo,

Natal-RN, 2017.

Variáveis

Grupo caso

(n = 26)

Grupo controle

(n = 23)

p

MD±DP

n (%) MD±DP

n (%)

IMC

Abaixo do peso

Eutrofia

Sobrepeso

Obesidade grau I

Obesidade grau II

Obesidade grau III

26,9 ± 5,2

00 (0,0)

11 (42,3)

08 (30,7)

05 (19,2)

00 (0,0)

01 (3,8)

25,3 ± 4,0

01 (4,4)

08 (34,8)

11 (47,8)

03 (13,0)

00 (0,0)

00 (0,0)

0,22 Classificação

Perímetro

abdominal

Sem risco

Risco elevado

Risco muito

elevado

88,6 ± 13,5

08 (30,8)

05 (19,2)

13 (50,0)

83,6 ± 8,4

06 (26,1)

09 (39,1)

08 (34,8)

0,12

Classificação

RCQ

Baixo risco

Risco moderado

Risco alto

Risco muito alto

0,80 ± 0,0

02 (7,7)

11 (42,3)

04 (15,4)

09 (34,6)

0,77 ± 0,0

01 (4,4)

15 (65,0)

04 (17,5)

03 (13,1)

0,05

Classificação

Legenda:IMC: índice de massa corporal; RCQ: relação cintura-quadril. *Nível de significância p < 0,05.

Page 47: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

46

A Tabela 3 demonstra as informações referentes à composição corporal das pacientes,

em que se incluem as medidas de percentual de gordura corporal total, de tronco e membros,

quantidade de massa magra e gorda, assim como distribuição da gordura corporal em forma

ginóide e andróide. Em relação a conteúdo ósseo das participantes, são apresentados valores

de CMO, DMO, Z-score e T-score. Foi observado que apenas o CMO e a DMO diferiram

entre os grupos com significância estatística.

Tabela 3. Comparação da composição corporal das participantes do estudo, Natal-RN, 2017.

Legenda:MD-DP: média; desvio padrão; kg: quilograma; g: grama; g/m²: grama/metro². *Nível de significância

p < 0,05.

1 Só uma paciente foi avaliada por T-score pois estava na pós menopausa.

A Tabela 4 apresenta as classificações de percentual de gordura corporal total e da

densitometria óssea dos grupos analisados neste trabalho. Destaca-se que como houve

mulheres com idades variadas, foi necessário avaliá-las a partir das duas classificações

existentes, sendo para mulheres antes e após a menopausa, respectivamente, Z-score e T-

score.

Variáveis

Grupo caso

(n = 26)

MD±DP

Grupo controle

(n = 23)

MD±DP

P

Gordura corporal total (%) 39,6 ± 6,8 37,8 ± 5,7 0,32

Gordura de tronco (%) 40,8 ± 8,3 38,5 ± 7,4 0,31

Gordura de membros inferiores

e superiores (%)

82,5 ± 12,6 79,6 ± 10,3 0,38

Massa magra (kg) 37,1 ± 6,1 39,0 ± 6,1 0,29

Massa gorda (kg) 26,6 ± 10,0 25,5 ± 6,3 0,63

Gordura andróide (%) 42,4 ± 10,4 39,1 ± 8,3 0,15

Gordura ginóide (%) 44,5 ± 6,1 42,5 ± 5,6 0,22

Razão andróide-ginóide 0,94 ± 0,1 0,91 ± 0,1 0,36

Conteúdo mineral ósseo (g) 2,06 ± 0,3 2,30 ± 0,3 0,00*

Densidade mineral óssea (g/m²) 1,12 ± 0,1 1,19 ± 0,1 0,03*

Z-score 0,25 ± 0,8 1,09 ± 1,0

T-score 0,12 ± 0,4 -1,41

Page 48: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

47

Tabela 4. Classificação de percentual de gordura corporal total e de densitometria óssea das

participantes do estudo, Natal-RN, 2017.

A Tabela 5 refere-se ao nível de atividade física em que cada grupo desta pesquisa está

inserido, bem como os valores referentes ao tempo gasto sentado durante um dia de semana e

um dia de fim de semana, em que é possível observar que no grupo caso houve maior

predomínio de mulheres classificadas como ativas e no grupo controle, elas eram

predominantemente classificadas como irregularmente ativas. Em relação ao tempo gasto

sentado, observou-se que as mulheres saudáveis referiram passar maior tempo de seu dia de

semana e fim de semana sentadas em relação às mulheres com LES. Nesta análise, foi

observada diferença estatisticamente significativa apenas para o tempo gasto sentado durante

um dia de semana.

Tabela 5. Comparação do nível de atividade física das participantes do estudo, Natal-RN,

2017. (continuação)

Variáveis

Grupo caso

(n = 26)

Grupo controle

(n = 23)

p

n (%) n (%)

IPAQ

Muito ativo

Ativo

Irregularmente ativo

Sedentário

01 (3,8)

17 (65,4)

08 (30,7)

01 (3,8)

01 (4,4)

08 (34,8)

13 (56,4)

01 (4,4)

-

Variáveis

Grupo caso

(n = 26)

n (%)

Grupo controle

(n = 23)

n (%)

%

gordura

corporal

total

Adequado

Excesso

06 (23,1)

20 (76,9)

06 (26,1)

17 (73,9)

Z-score Abaixo do estimado

para a faixa etária

Dentro do estimado

para a faixa etária

00 (0,0)

22 (100,0)

00 (0,0)

22 (100,0)

T-score

Normal

Osteopenia

Osteoporose

04 (100,0)

00 (0,0)

00 (0,0)

00 (0,0)

01 (100,0)

00 (0,0)

Page 49: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

48

Tabela 5. Comparação do nível de atividade física das participantes do estudo, Natal-RN,

2017. (conclusão)

Variáveis

Grupo caso

(n = 26)

Grupo controle

(n = 23)

p

n (%) n (%)

Tempo gasto sentado

durante um dia de

semana (min) (MD±DP)

Tempo gasto sentado

durante um dia de fim de

semana (min) (MD±DP)

299 ± 189

291 ± 204

446 ± 229

386 ± 188

0,01*

0,08 Legenda:IPAQ: International Physical Activity Questionnaire; min: minuto; MD-DP: média; desvio padrão.

*Nível de significância p < 0,05.

A Tabela 6 demonstra os escores de cada domínio da qualidade de vida avaliado pelo

SF-36, evidenciando que o grupo controle apresentou valores maiores em todos os domínios,

exceto a limitação por aspectos emocionais, contudo só foi observada significância estatística

na capacidade funcional entre os grupos.

Tabela 6. Comparação da qualidade de vida das participantes do estudo, Natal-RN, 2017.

Legenda:MD-DP: média; desvio padrão. *Nível de significância p < 0,05.

As Tabelas 7 e 8 referem-se aos dados do consumo dietético das mulheres com LES,

sendo possível observar que a ingestão de energia atingiu as recomendações propostas, bem

como a ingestão de macronutrientes, que esteve dentro da faixa recomendada, exceto o

consumo de colesterol que ultrapassou as recomendações propostas.

Dimensões

Grupo caso

MD ± DP

Grupo controle

MD ± DP

p

Saúde mental

Limitação por aspectos emocionais

Aspectos sociais

Vitalidade

71 ± 17

62 ± 46

68 ± 27

59 ± 17

72 ± 14

58 ± 39

80 ± 18

60 ± 15

0,93

0,61

0,13

0,83

Estado geral de saúde

Dor

Limitação por aspectos físicos

Capacidade funcional

61 ± 24

70 ± 18

54 ± 43

73 ± 27

71 ± 16

77 ± 12

77 ± 32

89 ± 11

0,09

0,06

0,07

0,02*

Page 50: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

49

Tabela 7. Necessidade energética total e consumo energético das mulheres com LES, Natal-

RN, 2017.

Energia MD ± DP

EER (kcal) 2042 ± 227

Consumo (kcal) 2078 ± 1030

Legenda: EER: Necessidade energética total. Kcal: quilocaloria. MD-DP: média; desvio padrão.

Tabela 8. Recomendação e consumo dietético dos macronutrientes das mulheres com LES,

Natal-RN, 2017.

Macronutrientes Recomendação MD ± DP

Carboidratos (g)

% da EER

45,0 - 65,0 299,8 ± 148,5

58,6

Proteínas (g)

% da EER

10,0 - 35,0 79,8 ± 33,6

15,6

Lipídeos (g)

% de EER

20,0 -35,0 65,3 ± 38,9

28,7

Ácidos graxos saturados (g)

% de EER

Até 7,0 21,9 ± 14,6

9,6

Ácidos graxos monoinsaturados (g)

% de EER

Até 15,0 17,5 ± 13,2

7,7

Ácidos graxos poli-insaturados (g)

% de EER

Até 10,0 10,6 ± 8,3

4,7

Colesterol (mg) 200,0 279,6 ± 189,3

Fibra (g)

19 – 50 anos

51 – 70 anos

25,0

21,0

25,9 ± 15,3

25,1 ± 7,5

Legenda:MD-DP: média; desvio padrão.

Neste trabalho, buscou-se identificar se as variáveis clínicas, como tempo de doença e

uso de medicamentos, bem como nível de atividade física poderiam determinar o estado

nutricional antropométrico e percentual de gordura corporal total das mulheres com LES,

contudo não foi observada significância estatística entre essa associação, conforme

explicitado na Tabela 9.

Page 51: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

50

Tabela 9. Análise multivariada do estado nutricional antropométrico e percentual de gordura

corporal total das mulheres com LES, Natal-RN, 2017.

Legenda: D: diferença; IC: intervalo de confiança; IMC: índice de massa corporal; IPAQ: International Physical

Activity Questionnaire. *Nível de significância p < 0,05.

Do mesmo modo, buscou-se investigar se variáveis sociodemográficas, como o nível

de escolaridade, estado nutricional antropométrico e nível de atividade física poderiam

determinar domínios de qualidade de vida medida pelo SF-36 e notou-se que o nível de

escolaridade, especificamente, ter nível superior, bem como ser fisicamente ativo ou muito

ativo, influenciavam os aspectos sociais das mulheres com LES. Além disso, observou-se que

% de gordura corporal total estava associado ao estado geral de saúde das pacientes (Tabelas

10 e 11).

Tabela 10. Análise multivariada dos domínios da qualidade de vida das mulheres com LES,

Natal-RN, 2017.

Legenda: D: diferença; IC: intervalo de confiança; IMC: índice de massa corporal; IPAQ: International Physical

Activity Questionnaire. *Nível de significância p < 0,05.

Variáveis

IMC Perímetro abdominal % gordura corporal total

D IC 95% p D IC 95% p D IC 95% p

Tempo de doença 0,36 -0,03 – 0,76 0,07 0,14 -0,25 – 0,53 0,47 0,21 -0,13 – 0,57 0,21

IPAQ - - - -0,25 -0,67 – 0,16 0,21 - - -

Prednisona - - - 0,20 -0,25 – 0,65 0,18 - - -

Antimalárico - - - - - - 0,27 -0,26 – 0,81 0,30

Variáveis

Saúde mental

Limitação por

aspectos emocionais

Aspectos sociais

Vitalidade

D IC 95% p D IC 95% p D IC 95% p D IC 95% p

Escolaridad

e

15,7 1,1 –

30,2

0,03

*

- - - 22,6 4,0 –

41,2

0,01

*

- - -

IMC 3,9 -19,0 –

26,8

0,72 - - - - - - - - -

Perímetro

abdominal

1,0 - 26,6 –

28,6

0,93 - - - - - - 4,4 -19,2 –

10,4

0,54

% gordura

corporal

total

10,1 -31,6 –

11,3

0,33 1,6 -40,1 –

43,3

0,93 - - - - - -

IPAQ

- - - - - - 26,8 -45,9 –

-6,6

0,01

*

- - -

Page 52: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

51

Tabela 11. Análise multivariada dos domínios da qualidade de vida das mulheres com LES,

Natal-RN, 2017.

Legenda: D: diferença; IC: intervalo de confiança; IMC: índice de massa corporal. *Nível de significância p <

0,05.

Variáveis

Estado geral de saúde

Limitação por

aspectos físicos

Capacidade

funcional

D IC 95% p D IC 95% p D IC 95% p

Escolaridade - - - - - - 20,3 -1,2 –

41,7

0,06

Tempo de

doença

18,2 -0,5 –

36,9

0,05 - - - - - -

IMC - - - - - - 1,07 -35,9–

33,8

0,95

Perímetro

abdominal

- - - - - - -

3,20

-44,0 –

37,6

0,87

% gordura

corporal total

-

23,2

-44,8 –

-1,6

0,03* - - - -

18,0

-50,8 –

14,7

0,26

Prednisona - - - 38,3 -0,43 –

77,1

0,05 - - -

Antimalárico - - - - - - 6,43 -28,3 –

41,2

0,70

Page 53: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

52

4 DISCUSSÃO

Avaliar o estado nutricional antropométrico e composição corporal das mulheres com

LES é importante uma vez que este grupo está susceptível a alterações destes parâmetros

devido a características próprias da doença, bem como devido ao uso de medicamentos que

podem aumentar a massa corporal, sendo esta a alteração nutricional mais frequentemente

observada (Santos; Borges; Correia; Telles; Lanna, 2010; Zhu; Zhang; Pan; Li; Ye, 2010).

Não foi observada nesta pesquisa, diferença de IMC, sendo semelhantes os casos de

peso adequado e excesso de peso entre os grupos analisados. Contudo, percebeu-se que as

mulheres com LES apresentava maiores valores de perímetro abdominal e RCQ, e estes

achados merecem atenção uma vez que a gordura localizada na região central do corpo

predispõe o indivíduo a comprometimento da saúde cardiovascular (ABESO, 2009).

Por esta razão, alguns autores propõem que o ponto de corte para definir obesidade em

pacientes com LES deva ser ainda menor do que para a população geral, assim como pontos

de corte para avaliação do perímetro abdominal e RCQ. Dessa forma, Katz; Gregorich;

Yazdany; Trupin; Julian; Yelin et al. (2011) sugerem que pessoas com LES devam ser

consideradas obesas se tiverem IMC acima de 26,8 kg/m² e não 30,0 kg/² como usado

atualmente; e em risco cardiovascular mulheres com perímetro abdominal superior a 84,75 cm

e RCQ superior a 0,8. Assim, pacientes com LES que apresentam risco de desenvolvimento

de DCV devem ser incentivadas a ter controle rigoroso de suas medidas antropométricas

como forma de evitar piora de seu quadro clínico.

Em relação à composição corporal dos grupos avaliados neste estudo, observou-se que

as mulheres com LES apresentavam maior acúmulo de gordura corporal total, na região do

tronco, com distribuição andróide, corroborado pela medida de perímetro abdominal mais

elevada. Embora não tenha sido visto diferença estatística desses resultados entre os grupos,

sabe-se que as mulheres com LES estão mais predispostas a apresentarem alteração de sua

composição corporal porque o processo inflamatório é capaz de levar à obesidade com

aumento da gordura abdominal e perda de massa magra (Guimarães; Pinto; Raid; Andrade;

Kakehasi, 2017). Além disso, pacientes com LES fazem uso de medicamentos como os

corticoides que possuem efeitos colaterais como aumento de tecido adiposo. Ademais, esses

medicamentos também têm como efeito adverso alteração na saúde óssea de seus

consumidores, o que pode ter sido a causa da diferença entre o CMO e a DMO entre os

grupos estudados, além de ser uma manifestação clínica própria da doença (Bultink, 2012).

Page 54: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

53

No que se refere ao consumo dietético das pacientes com LES, poucos estudos

apresentam esta avaliação. Embora a dieta não seja causa da doença devido à sua natureza

multifatorial, especialmente de ordem genética, ambiental e hormonal, é importante mensurar

o consumo de alimentos dado o papel dos nutrientes como modulador da inflamação na

doença, embora não tenha sido investigado mais aprofundado neste estudo a relação entre

marcadores inflamatórios e ingestão de nutrientes.

Os valores percentuais de consumo médio dos macronutrientes esteve dentro do

intervalo de ingestão recomendada, sendo isto importante uma vez que os lipídeos dietéticos,

especialmente, os ácidos graxos mono e poli-insaturados têm ação na melhora da dislipidemia

e na prevenção de DCV (Aparicio-Soto; Sánchez-Hidalgo; Alarcón-de-la-Lastra, 2017).

No que se refere à ingestão proteica, não há evidência da restrição de seu consumo

devido ao LES, contudo, se o sujeito apresentar comorbidades que levem à sua restrição

dietética, é importante ter atenção às quantidades ingeridas. Com isso, para esta pesquisa

foram excluídas mulheres com LES com comprometimento renal crônico, de forma a não

causar viés na análise da adequação do nutriente. Desse modo, foi observada adequação da

ingestão de proteína entre as mulheres com a doença.

Sobre o consumo de fibras dietéticas, foi observada também adequação da ingestão

para ambas as faixas etárias de recomendação. O consumo de fibras está associado com

menor risco de DCV, DM, HAS e obesidade (Kaczmarczyk; Miller; Freund, 2012; Satija; Hu,

2012.

Um comportamento capaz de auxiliar a prevenir alterações do estado nutricional

antropométrico e composição corporal consiste na prática de atividade física. Por esta razão,

foi avaliado nos grupos, o nível de atividade física, medido pelo IPAQ, que refere

informações sobre o a atividade física praticada ao longo da semana, bem como informa o

tempo gasto com comportamento sedentário num dia de semana e num dia de fim de semana.

Deste modo, foi observado que as mulheres com LES eram mais fisicamente ativas do que as

mulheres saudáveis, e este resultado pode ser devido à consciência que elas têm sobre sua

condição de saúde e assim buscam realizar o autocuidado de forma a evitar piora de sua

situação. Por outro lado, as mulheres consideradas saudáveis podem não ter ainda a

consciência de que a prática de atividade física é capaz de prevenir o aparecimento de DCNT.

Tão importante quanto ser fisicamente ativo, é reduzir o comportamento sedentário

representado pelo longo tempo gasto sentado durante o dia. Isto porque estudos têm

demonstrado que o tempo gasto sentado ou ainda o excesso de comportamento sedentário

prejudica a saúde cardiovascular e predispõe a mortalidade independentemente do tempo

Page 55: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

54

gasto em atividades físicas moderadas ou intensas (Healy; Dunstan; Salmon; Shaw; Zimmet,;

Owen, 2008; Katzmarzyk; Church; Craig; Bouchard, 2009).

Estudo em pacientes com LES mostrou que baixos níveis de atividade física estão

associados a mais altas concentrações de biomarcadores proinflamatórios cardíacos e mais

placas nas carótidas (Volkman; Grossman; Sahakian; Skaggs; FitzGerald; Ragayendra et al.,

2010). Por outro lado, o reduzido tempo dispendido de forma sedentária associado a prática

de atividade física é capaz de atenuar o quadro inflamatório característico da doença. Estudo

com pacientes com LES demonstrou que treinamento aeróbio moderado em esteira

diminuíram os marcadores sanguíneos inflamatórios (Perandini; Sales-de-Oliveira; Mello;

Camara; Benatti; Lima et al., 2014). Além de efeitos benéficos sobre marcadores sorológicos,

o exercício físico exerce influência sobre a qualidade de vida dos pacientes com LES,

evidenciado pela melhora de sintomas depressivos e ocasionando sensação de bem-estar

(Ayán; Martín, 2007).

Nesse sentido, foi avaliada também a qualidade de vida das participantes do estudo,

em que se percebeu que as mulheres com LES apresentaram menores escores em todos os

domínios da qualidade de vida em relação ao grupo controle, exceto relacionado a limitação

por aspectos emocionais, sendo os domínios mais comprometidos aqueles referentes a

limitação por aspectos físicos e vitalidade. Isto pode ser porque o LES está associado a rigidez

nas articulações, o que pode limitar o movimento do corpo (Caznoch; Esmanhotto; Silva;

Skare, 2006).

Está clara na literatura a associação do LES com desfechos de morbidade e

mortalidade, contudo, poucos estudos são realizados a fim de verificar fatores clínicos, como

uso de medicamentos, nível de atividade física e estado nutricional associados à qualidade de

vida nesses pacientes.

Nesse sentido, foi interesse deste trabalho identificar se as variáveis supracitadas

tinham associação com a qualidade de vida e estado nutricional das pacientes com LES. Para

isso, foi realizado teste de regressão a fim de identificar determinantes para estes desfechos.

Contudo, não foi observada significância estatística para associação entre tempo de doença,

nível de atividade física, uso de medicamentos como prednisona e antimalárico sobre o IMC,

perímetro abdominal e percentual de gordura corporal total das mulheres com LES.

Por outro lado, foi observado que algumas variáveis estudadas são fatores

determinantes para a qualidade de vida das pacientes. Entre elas, estão, o nível de

escolaridade que reflete sobre a saúde mental e os aspectos sociais; o nível de atividade física

Page 56: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

55

que influencia os aspectos sociais; e o percentual de gordura corporal total que reflete sobre o

estado geral de saúde.

O presente estudo não se encontra livre de limitações, entre elas pode-se citar a

ausência de avaliação médica para obtenção de informações referentes à atividade da doença e

outras variáveis clínicas, como avaliação da presença das manifestações da doença no

momento da coleta.

Page 57: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

56

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Os resultados desta pesquisa permitem concluir que as pacientes com LES apresentam

maior risco de DCV medido pelo perímetro abdominal e RCQ e têm alto percentual de

gordura corporal total. Em relação à ingestão de nutrientes, as pacientes com LES apresentam

consumo adequado dos macronutrientes, exceto para colesterol. Elas são fisicamente ativas e

têm comprometimento da qualidade de vida principalmente nos aspectos relacionados a

vitalidade e limitação por aspectos físicos.

Quando investigada a influência de fatores determinantes sobre o estado nutricional

das pacientes com LES, não foi observada significância estatística em relação ao tempo de

doença, nível de atividade física e uso de medicamentos. Por outro lado, foi observado que a

qualidade de vida é determinada pela escolaridade, nível de atividade física e percentual de

gordura corporal total.

Dessa forma, têm-se a perspectiva de continuar este trabalho com análise mais

aprofundada de marcadores inflamatórios, biomarcadores de nutrientes, bem como

suplementação de nutrientes anti-inflamatórios ou imunomoduladores, de maneira que se

possa melhorar a saúde das pessoas com LES, uma vez que no estado do Rio Grande do Norte

existe uma prevalência elevada da doença, contudo poucos estudos têm sido direcionados para

esta população, especialmente, no que se refere aos aspectos nutricionais.

Page 58: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

57

REFERÊNCIAS

Abbas AK, Lichtman AW. Doenças de hipersensibilidade. In: Abbas AK, Lichtman AW.

Imunologia básica: funções e distúrbios do sistema imunológico. 3 ed. Rio de Janeiro:

Elsevier, 2009. p. 201-16.

Abbas AK, Lichtman AW, Pillai S. Reações de Hipersensibilidade. In: Abbas AK, Lichtman

AW, Pillai S. Imunologia celular e molecular. 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2015. cap. 19.

Almondes KGS, Rocha AV, Cozzolino SMF. Vitamina D. In: Cozzolino SMF, Cominetti C.

Bases Bioquímicas e Fisiológicas da Nutrição: nas diferentes fases da vida, na saúde e na

doença. Barueri: Manole; 2013. p. 440-8.

Aparicio-Soto M, Sánchez-Hidalgo M, Alarcón-de-la-Lastra C. An update on diet and

nutritional factors in systemic lupus erythematosus management. Nutr Res Rev. 2017;

30(1)118-37.

Araújo MOD, Guerra, TMM. Alimentos Per Capita. 3ª ed. Natal-RN: EDUFRN, UFRN,

2007.

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Diretrizes

Brasileiras de Obesidade 2009/2010. ABESO: 3 ed. São Paulo. 2009.

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Diretrizes

Brasileiras de Obesidade 2016. ABESO: 4 ed. São Paulo. 2016.

Ayán C, Martín V. Systemic lupus erythematosus and exercise. Lupus. 2017;16(1):5-9.

Balsamo S, Mota LMH, Carvalho JF, Nascimento DC, Tibana RA, Santana FS et al. Low

dynamic muscle strength and its associations with fatigue, functional performance, and

quality of life in premenopausal patients with systemic lupus erythematosus and low disease

activity: a case–control study. BMC Musculoskeletal Disord. 2013;14(263):1-7.

Barbosa KBF, Costa NM, Alfenas RCG, Paula SOP, Minin VPR, Bressan J. Estresse

oxidativo: conceito, implicações e fatores modulatórios. Rev Nutr. 2010;23(4):629-43.

Benatti FB, Miossi R, Passareli M, Nakandakare ER, Perandini L, Lima FR et al. The effects

of exercise on lipid profile in systemic lupus erythematosus and healthy individuals: a

randomized trial. Rheumatol Int. 2015;35(1):61-9.

Page 59: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

58

Benatti FB, Pedersen BK. Exercise as an anti-inflammatory therapyfor rheumatic diseases -

myokine regulation. Nat Rev Rheumatol. 2015;11(2):86–97.

Borges MC, Santos FDM, Telles RW, Lanna CC, Correia MI. Nutritional status and food

intake in patients with systemic lupus erythematosus. Nutr. 2012;28(11-12):1098–103.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Nº 224, de 26 de março

de 2014. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Osteoporose.

Brasil, Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução Nº 466, de 12 de

dezembro de 2012. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo

seres humanos.

Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Pesquisa de orçamentos familiares

2008-2009: Tabelas de composição nutricional dos alimentos consumidos no Brasil. IBGE,

Rio de Janeiro, 2011.

Bray GA, Gray DS. Obesity. Part I Pathogenesis. West J Med. 1988;149(4):429-41.

Bultink IE. Osteoporosis and fractures in systemic lupus erythematosus. Arthritis Care Res.

2012;64(1):2-8.

Cain DW, Cidlowski JA. Immune regulation by glucocorticoids. Nat Rev Immunol. 2017;

17(4):233-47.

Castro CHM, Galvão PSG, Szejnfeld, Pinheiro MM. Nutrição e doenças ósseas e reumáticas.

In: Cozzolino SMF, Cominetti C. Bases Bioquímicas e Fisiológicas da Nutrição: nas

diferentes fases da vida, na saúde e na doença. Barueri: Manole; 2013. p. 934-1007.

Carter EE, Barr SG, Clarke AE. The global burden os SLE: prevalence, health disparities and

socioeconomic impact. Nat Rev Rheumatol. 2016; (10):605-20.

Caznoch CJ, Esmanhotto L, Silva MB, Skare TL. Padrão de comprometimento articular em

pacientes com lúpus eritematoso sistêmico e sua associação com a presença de fator

reumatoide e hiperelasticidade. Rev Bras Reumatol. 2006;46(4):261-5.

Cominetti C. Selênio. In: Cozzolino SMF, Cominetti C. Bases Bioquímicas e Fisiológicas da

Nutrição: nas diferentes fases da vida, na saúde e na doença. Barueri: Manole; 2013. p. 295-

319.

Page 60: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

59

Costedoat-Chalumeau N, Dunogué B, Morel N, Le Guern V, Guettrot-Imbert G.

Hydroxychloroquine: A multifaceted treatment in lupus. Presse Med 2014; 43 (6):167-80.

Craig CL, Marshall AL, Sjostrom M, Bauman AE, Booth ML, Ainsworth BE et al.

International physical activity questionnaire: 12-country reliability and validity. Med Sci

Sports Exerc. 2003;35(8):1381-95.

Dahan S, Segal Y, Shoenfeld Y. Dietary factors in rheumatic autoimmune diseases: a recipe

for therapy? Nat Rev Rheumatol. 2017;13(6):1-11.

Durcan, L.; Petri, M. Immunomodulators in SLE: clinical evidence and immunologic actions.

J Autoimmun. 2016; 74:73-84.

Elkan AC, Anania C, Gustafsson T, Jogetrand T, Hafstro I, Frostegard J. Diet and fatty acid

pattern among patients with SLE: associations with disease activity, blood lipids and

atherosclerosis. Lupus. 2012;21(13):1405–11.

Eriksson K, Svenungsson E, Karreskog H, Gunnarsson I, Gustafsson J, Möller S et al.

Physical activity in patients with systemic lupus erythematosus and matched controls. Scand J

Rheumatol. 2012;41(4):290–7.

Fisberg RM, Marchioni DML, Colucci ACA. Avaliação do consumo alimentar e da ingestão

de nutrientes na prática clínica. Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53(5):671-24.

Fonseca ABBL. Desequilíbrio funcional na obesidade: uma doença nutri-neuro-imuno-

endócrinometabólica. In: PASCHOAL V, NAVES A. Nutrição Clínica Funcional: obesidade.

2 ed. São Paulo: Valéria Paschoal Editora Ltda. 2014. p. 99.

González-Muniesa P, Mártinez-González M, Hu FB, Després J, Matsuzawa Y, Loos RJF et

al. Obesity. Nat Rev Dis Primers. 2017;3(17034):1-18.

Guimarães MFBR, Pinto MRC, Raid RGSC, Andrade MVM, Kakehasi AM. Qual o melhor

ponto de corte de índice de massa corporal para diagnosticar a obesidade em mulheres com

artrite reumatóide? Um estudo que usa a composição corporal pela absorciometria com raios

X de dupla energia. Rev Bras Reumatol. 2017;57(4):279-85.

Hahn BH, McMahon M. Atherosclerosis and systemic lupus erythematosus: the role of

altered lipids and of autoantibodies. Lupus. 2008;17(5):368–70.

Page 61: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

60

Hak AE, Karlson EW, Feskanich D, Stampfer MJ, Costenbader KH. Systemic lupus

erythematosus and the risk of cardiovascular disease: results from the nurses’ health study.

Arthritis Rheum. 2009;61(10):1396–402.

Healy GN, Dunstan DW, Salmon J, Shaw JE, Zimmet, PZ, Owen, N. Television time and

continuous metabolic risk in physically active adults. Med Sci Sports Exerc. 2008; 40(4):639-

45.

Hsieh CC, Lin BF. Dietary factors regulate cytokines in murine models of systemic lupus

erythematosus. Autoimmun Rev. 2011; 11(1):22-7.

Huerta MDL, Trujillo-Martín MM, Rúa-Figueroa I, Cuellar-Pompa L, Quirós-Lopez R,

Serrano-Aguilar P et al. Healthy lifestyle habits for patients with systemic lupus

erythematosus: a systematic review. Semin Arthritis Rheum. 2016;45(4):453-470.

Institute of Medicine. The National Academies: Dietary Reference Intakes for energy,

carbohydrate, fiber, fat, fatty acids, cholesterol, protein, and amino acids (macronutrients).

Washington DC: National Academy Press, 2005.

Kaczmarczyk MM, Miller MJ, Freund GG. The health benefits of dietary fiber: beyond the

usual suspects of type 2 diabetes mellitus, cardiovascular disease and colon câncer.

Metabolism. 2012;61(8):1058-66.

Kadoglou NP, Iliadis F, Liapis CD. Exercise and carotid atherosclerosis. Eur J Vasc Endovasc

Surg. 2008;35(3):264–72.

Katz P, Gregorich S, Yazdany J, Trupin L, Julian L, Yelin E et al. Obesiy and its

measurement in a community-based sample of women with systemic lupus erythematosus.

Arthritis Care Res. 2011;63(2):261-8.

Katzmarzyk PT, Church TS, Craig CL, Bouchard, C. Sitting time and mortality from all

causes, cardiovascular disease, and cancer. Med. Sci. Sports Exerc. 2009; 41(5):998–1005.

Kaul A, Gordon C, Crow MK, Touma Z, Urowitz MB, van Vollenhoven R et al. Systemic

lupus erythematosus. Nat Rev Dis Primers. 2016;16(2):1-21.

Kiani AN, Strand V, Fang H, Jaranilla J, Petri M. Predictors of self-reported health-related

quality of life in systemic lupus erythematosus. Rheumatology. 2013;52(9):1651-7.

Page 62: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

61

Klack K, Bonfa E, Borba-Neto EF. Dieta e aspectos nutricionais no lúpus eritematoso

sistêmico. Rev Bras Reumatol. 2012;52(3):384-408.

Kumar V, Abbas AK, Fausto N, Aster JC Doenças do sistema imune. In: Kumar V, Abbas

AK, Fausto N, Aster JC. Robbins e Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças. Rio de

Janeiro: Elsevier. 8 ed. 2010. cap. 6.

Mahieu MA, Ahn GE, Chmiel JS, Dunlop DD, Helenowski IB, Semanik P et al.

Fatigue, patient reported outcomes, and objective measurement of physical activity in

systemic lupus erythematosus. Lupus. 2016; 25(11):1190-9.

Maia FMM. Análise da adequação do consumo alimentar individual. In: Soares NT, Maia

FMM. Avaliação do consumo alimentar: recursos teóricos e aplicação das DRIs. Rio de

Janeiro: MedBook; 2013. p. 111-27.

Minami Y, Hirabayashi Y, Nagata C, Ishii Tomonori, Harigae Hideo, Sasaki T. Intakes of

vitamin B6 and dietary fiber and clinical course of systemic lupus erythematosus: a

prospective study of Japanese female patients. J Epidemiol. 2011;21(4):246–54.

Mok CC, To CH, Ma KM. Changes in body composition after glucocorticoid therapy in

patients with systemic lupus erythematosus. Lupus. 2008;17(11):1018–22.

Monego E, Peixoto MR, Santiago R, Gil MF, Cordeiro MN, Campos MI et al. Apresentação.

In: Alimentos Brasileiros e suas porções: um guia para avaliação do consumo alimentar. Rio

de Janeiro: Rubio. 2013.

Monteiro JP, Chiarello PG. Introdução. In: Monteiro JP, Chiarello PG. Consumo alimentar:

visualizando porções. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2010. p. 1-5.

Moreira C, Carvalho, MAP. Reumatologia: diagnóstico e tratamento. 2 ed. Rio de Janeiro:

Medsi, 2001, 808p.

Paschoal V, Medeiros D, Sanches BR, Sant’anna V, Neves RM, Perucho V. Minerais. In:

Paschoal V, Marques N, Sant’anna V. Nutrição Clínica Funcional: suplementação nutricional.

São Paulo: Valéria Paschoal Editora Ltda. 2012. p. 58-201.

Pearl A. Oxidative stress in the pathology and treatment of systemic lupus erythematosus. Nat

Rev Rheumatol. 2013; 9(11):674-86.

Page 63: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

62

Pedersen SD, Astrup AV, Skovgaard IM. Reduction of misclassification rates of obesity by

body mass index using dual-energy X-ray absorptiometry scans to improve subsequent

prediction of per cent fat mass in a Caucasian population. Clin Obes. 2011;1(2-3):69-76

Perandini LA, Sá-Pinto AL, Roschel H, Benatti FB, Lima FR, Bonfá E et al. Exercise as a

therapeutic tool to counteract inflammation and clinical symptoms in autoimmune rheumatic

diseases. Autoimm Rev. 2012;12(2):218–24.

Perandini LA, Sales-de-Oliveira D, Mello SB, Camara NO, Benatti FB, Lima FR et al.

Exercise training can attenuate the inflammatory milieu in women with systemic lupus

erythematosus. J Appl Physioo (1985). 2014;117(6):639-47.

Philippi ST. Tabela de Composição de Alimentos: suporte para decisão nutricional. Brasília:

ANVISA, FINATEC/NUT-UnB, 2001, 133p.

Pinto AJ, Roschel H, Sá Pinto AL, Lima FR, Pereira RMR, Silva CA et al. Physical inactivity

and sedentary behaviour: overlooked risk factors in autoimmune diseases rheumatic diseases?

Autoimmun Rev. 2017;16(7):667-74.

Radominski SB, Bernardo W, Paula AP, Albergaria B, Moreira C, Fernandes CE et al.

Diretrizes brasileiras para o diagnóstico e tratamento da osteoporose em mulheres na pós-

Menopausa. Rev Bras Reumatol. 2017:57(S2):452-66.

Rech CR, Ferreira LA, Cordeiro BA, Vasconcelos FAG, Petroski EL. Estimativa da

composição corporal por meio de absortometria radiológica de dupla energia. R Bras Ci e

Mov. 2007; 15(4): 87-98.

Reis MG, Costa IP. Qualidade de vida relacionada à saúde em pacientes com lúpus

eritematoso sistêmico no Centro-Oeste do Brasil. Rev Bras Reumatol. 2010; 50(4): 408-22.

Ricordi C, Garcia-Contreras M, Farnetti S. Diet and Inflammation: Possible Effects on

Immunity, Chronic Diseases and Life Span. J Am Coll Nutr. 2015; 34(1): 10-3.

Rizk A; Ghieta TA; Nassef S; Abdallah A. The impact of obesity in systemic lupus

erythematosus on disease parameters, quality of life, functional capacity and the risk of

atherosclerosis. Int J Rheum Dis. 2012;15(3):261-7.

Rogero MM, Fock RA, Borelli P. Nutrição e sistema imune. In: Cozzolino SMF, Cominetti C.

Bases Bioquímicas e Fisiológicas da Nutrição: nas diferentes fases da vida, na saúde e na

doença. Barueri: Manole; 2013. p. 1085-121.

Page 64: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

63

Rogero MM, Naves A. Defesa e reparo. In: Paschoal V, Naves A, Fonseca ABBL. Nutrição

clínica funcional: dos princípios à prática clínica. 2 ed. São Paulo: Valéria Paschoal Editora

Ltda. 2007. p. 48-113.

Sahebari M, Abrishami-Moghaddam M, Moezzi A, Ghayour-Mobarhan M, Mirfeizi Z,

Esmaily H et al. Association between serum trace element concentrations and the disease

activity of systemic lupus erythematosus. Lupus. 2014;23(8):1–9.

Santos FMM, Borges MC, Correia MITD, Telles RW, Lanna CC. Avaliação do estado

nutricional e da atividade física em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. Rev Bras

Reumatol. 2010;50(6):631-45. Satija A, Hu FB. Cardiovascular benefits of dietary fiber. Curr Atheroscler Rep 2012; 14(6):

505-514.

Seidl EMF, Zannon CMLC. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos.

Cad. Saúde Pública. 2004. 20(2):580-588.

Shamekhi Z, Habibagahi Z, Ekramzadeh Z, Ghadiri A, Namjoyan F, Malehi AS et al. Body

composition and basal metabolic rate in systemic lupus erythematosus patients. Egypt

Rheumatol. 2017; 39(2):99-102.

Soares NT, Penha EDS, Moura PS. Análise da adequação do consumo alimentar de grupos.

In: Soares NT, Maia FMM. Avaliação do consumo alimentar: recursos teóricos e aplicação

das DRIs. Rio de Janeiro: MedBook; 2013. p. 151-75.

Sociedade Brasileira de Reumatologia. Projeto Diretrizes. Lúpus eritematoso sistêmico:

Tratamento do Acometimento Cutâneo/Articular. 2004.

Sposito AC, Carameli B, Fonseca FAH, Bertolami MC. IV Diretriz Brasileira sobre

Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol. 2007;88(1):1-18.

Sterling K, Gallop K, Swinburn P, Flood E, French A, Al Sawah S et al. Patient-report fatigue

and its impact on patients with systemic lupus erythematosus. Lupus. 2014;23(2):124-32.

Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO)/NEPA – UNICAMP. 4ª ed. rev. e

ampl. Campinas: NEPA – UNICAMP, 2011. 161p.

Page 65: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

64

Tan EM, Cohen AS, Fries JF, Masi AT, McShane DJ, Rothfield NF et al. The 1982 revised

criteria for the classification of systemic lupus erythematosus. Arthritis Rheum 25(11):1271-

7, 1982.

Tanner SB, Moore Jr CF. A review of the use of dual-energy X-ray absorptiometry (DXA) in

rheumatology. Open Access Rheumatol. 2012;(11)4:99-107.

Telles RW; Lanna CCD, Ferreira GA, Carvalho MAP, Ribeiro AL. Frequência de doença

cardiovascular aterosclerótica e de seus fatores de risco em pacientes com lúpus eritematoso

sistêmico. Rev Bras Reumatol. 2007;47(3):165-73.

The Writting group for the International Society for Clinical Densitometry position

development conference 2004. International Society for Clinical Densitometry Position

Development Conference. Indications and reporting for dual-energy X-ray absorptiometry. J

Clin Densitom 2004; 7(1):37-44.

Tkosos GC, Lo MS, Reis, PC, Sullivan KE. New insights into the immunopathogenesis of

systemic lupus erythematosus. Nat Rev Rheumatol. 2016;(22)12:716-30.

Tomita LY, Cardoso MA. Relação de medidas caseiras, composição química e receitas de

alimentos nipo-brasileiros. 2 ed. São Paulo: Metha LTDA, 2002. 83 p.

Touma Z, Gladman DD, Ibañez D, Urowitz MB. Is there any advantage over SF-36 with

quality of life measure that is specific to systemic lupus erythematosus? J Rheumatol. 2011;

38(9):1898-905.

Versini M, Jeandel PY, Rosenthal E, Shoenfeld Y. Obesity in autoimune diseases: not a

passive bystander. Autoimmun Rev. 2014;13(9):981-1000.

Vilar MJ, Sato EI. Estimating the incidence of systemic lupus erythematosus in a tropical

region (Natal Brazil). Lupus. 2002;11(8):528-32.

Volkmann ER, Grossman JM, Sahakian LJ, Skaggs BJ, FitzGerald J, Ragavendra N et al.

Low physical activity is associated with proinflammatory high-density lipoprotein and

increased subclinical atherosclerosis in women with systemic lupus erythematosus. Arthritis

Care Res. 2010;62(2):258-65.

Page 66: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

65

World Health Organization. Obesiy: preventing and managing the global epidemic. Report of

a World Health Organization Consultation. Geneva: World Health Organization, 2000. p. 256.

WHO Obesity Technical Report Series, n. 284.

World Health Organization. Scientif Group on the Prevention and Management of

Osteoporosis. Prevention and management of osteoporosis: report of a WHO scientifcs group.

2003. WHO Technical Report Series, n. 921.

Xiong W, Lahita RG. Pragmatic approaches to therapy for systemic lupus erythematosus. Nat

Rev Rheumatol. 2014;(10)2:1-11.

Yilmaz-Oner S, Oner C, Dogukan FM, Moses TF, Demir K, Tekayev N et al. Health-related

quality of life assessed by LupusQoL questionnaire and SF-36 in Turkish patients with

systemic lupus erythematosus. Clin Rheumatol. 2016;35(3):617-22.

Zhu L, Zhang T, Pan H, Li X, Ye D. BMI, disease activity, and health-related-quality-of-life

in systemic lupus erythematosus. Clin Rheumatol. 2010;29(12):1413-7.

Page 67: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

66

APÊNDICE

APÊNDICE A – Questionário sociodemográfico e clínico.

Marcadores nutricionais, perfil bioquímico e qualidade de vida de mulheres com lúpus

eritematoso sistêmico.

CAAE: 58389716.6.0000.5292 Parecer de aprovação: 2.198.525

Pesquisadora responsável: Marília Cristina Santos de Medeiros (Programa de Pós-

Graduação em Saúde e Sociedade – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte)

Contato: (84) 98122-9349 ou [email protected]

PROTOCOLO DE PESQUISA

IDENTIFICAÇÃO Data: / / .

Nome:_______________________________________________________ Nº de ordem: __

Endereço:___________________________________________________________________

Telefone: Celular (84) _______ - _______ Residencial (84) _______ - _______

Número do prontuário: ___________ Idade ao diagnóstico: ________

Data de nascimento: ___/___/_____ Data do diagnóstico: ___/___/_____

Estado civil: 1.( ) Solteira 2.( ) Casada 3.( ) Separada 4.( ) Viúva

Etnia: 1.( ) branca 2.( ) parda 3.( ) negra 4.( ) indígena

Ocupação: 1.( ) do lar 2.( ) trabalha fora com renda 3.( ) trabalha em

casa com renda 4.( ) estudante 5.( ) desempregada 6.( ) aposentada

Escolaridade 1.( ) ensino fundamental completo 2.( ) ensino médio completo

3.( ) ensino superior completo 4.( ) pós-graduado

Profissão: __________________________________ Número de pessoas no domicílio:

______

Renda familiar mensal: 1.( ) até 1 SM 2.( ) 2 – 4 SM 3. ( ) > 4

SM

Uso de medicamentos: 1.( ) Corticosteróides a) Dose___________________

2.( ) Antimaláricos a) Qual? ______________________________ b) Dose ___________

3.( ) Imunossupressores a) Qual? __________________________ b) Dose ___________

Comorbidades: 1.( ) HAS 2.( ) DM 3. Medicamentos: _____________________

Método contraceptivo: 1.( ) Sim 2. ( ) Não a) Qual? ______________________________

Menopausa: 1.( ) Sim 2.( ) Não

Page 68: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

67

Consome bebida alcoólica: 1.( ) Sim 2.( ) Não

Fuma: 1.( ) Sim 2.( ) Não

APÊNDICE B – Recordatório alimentar de 24 horas

Data: __________________

1. Que dia da semana foi ontem? ______________________

CAFÉ DA MANHÃ

2. Ontem você tomou café da manhã? ( ) Sim ( ) Não

3. A que horas e onde você tomou café da manhã?_______________________________

CAFÉ DA MANHÃ

ALIMENTO/BEBIDA QUANTIDADE

4. Ontem você comeu ou bebeu alguma coisa entre o café da manhã e o almoço?

( ) Sim ( ) Não

5. A que horas e onde você lanchou?_______________________________________

LANCHE DA MANHÃ

ALIMENTO/BEBIDA QUANTIDADE

ALMOÇO

6. Ontem você almoçou? ( ) Sim ( ) Não

7. A que horas e onde você almoçou? _________________________________________

ALMOÇO

ALIMENTO/BEBIDA QUANTIDADE

LANCHE DA TARDE

8. Ontem você comeu ou bebeu alguma coisa entre o almoço e o jantar? ( ) Sim ( )

Não

9. A que horas e onde você lanchou?_______________________________________

LANCHE DA TARDE

Page 69: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

68

ALIMENTO/BEBIDA QUANTIDADE

JANTAR

10. Ontem você jantou? ( ) Sim ( ) Não

11. A que horas e onde você jantou? _________________________________________

JANTAR

ALIMENTO/BEBIDA QUANTIDADE

CEIA

12. Ontem você comeu ou bebeu alguma coisa depois do jantar? ( ) Sim ( ) Não

13. A que horas e onde você lanchou?_______________________________________

CEIA

ALIMENTO/BEBIDA QUANTIDADE

Você faz uso de algum suplemento nutricional? 1.( ) Sim 2.( ) Não

Qual(is):_________________________________________________________

Dose:___________________________________________________________

Page 70: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

69

APÊNDICE C – Cartilha “Alimentação saudável para pessoas com lúpus eritematoso

sistêmico”.

Page 71: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

70

Page 72: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

71

Page 73: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

72

Page 74: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

73

Page 75: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

74

Page 76: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

75

Page 77: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

76

Page 78: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

77

Page 79: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

78

ANEXOS

ANEXO A – Questionário de avaliação do nível de atividade física

Questionário Internacional de Atividade Física – versão curta

As perguntas estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo atividade física na

ÚLTIMA semana. As perguntas incluem as atividades que você faz no trabalho, para ir de um

lugar a outro por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em casa

ou no jardim. Suas respostas são MUITO importantes.

Para responder às questões, lembre que:

Atividades físicas virogosas são aquelas que precisam de um grande esforço físico e

que fazer respirar muito mais forte que o normal;

Atividades físicas moderadas são aquelas que precisam de algum esforço físico e que

fazer respirar um pouco mais forte que o normal.

1a. Em quantos dias da última semana você CAMINHOU por pelo menos 10 minutos

contínuos em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de algum lugar para

outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício? ____ dias por semana ( ) nenhum

1b. Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos, quanto tempo no

total você gastou caminhando por dia? ____ horas e ____ minutos

2a. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades MODERADAS por pelo

menos 10 minutos contínuos, como por exemplo pedalar leve na bicicleta, nadar, dançar, fazer

ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer serviços domésticos

na casa, no quintal ou no jardim como varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer atividade

que fez aumentar moderadamente sua respiração ou batimentos do coração? (POR FAVOR

NÃO INCLUA CAMINHADA) ____ dias por semana ( ) nenhum

2b. Nos dias em você fez essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutos contínuos,

quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia? ____ horas e ____

minutos

3a. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades VIGOROSAS por pelo

menos 10 minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica aeróbica, jogar

futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços domésticos pesados em

casa, no quintal ou cavoucar no jardim, carregar pesos elevados ou qualquer atividade que fez

Page 80: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

79

aumentar MUITO sua respiração ou batimentos do coração. ____ dias por semana ( )

nenhum

3b. Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos contínuos

quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia? ____ horas e ____

minutos

4a. Quanto tempo no total você gasta sentado durante um dia de semana? ____ horas e ____

minutos

4b. Quanto tempo no total você gasta sentado durante um dia de final de semana? ____ horas

e ____ minutos

Page 81: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

80

ANEXO B – Questionário de avaliação da qualidade de vida

Versão Brasileira do Questionário de Qualidade de Vida -SF-36

1- Em geral você diria que sua saúde é:

Excelente Muito Boa Boa Ruim Muito Ruim

1 2 3 4 5

2- Comparada há um ano atrás, como você classificaria sua saúde em geral, agora?

Muito Melhor Um Pouco Melhor Quase a Mesma Um Pouco Pior Muito Pior

1 2 3 4 5

3- Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um dia

comum. Devido à sua saúde, você teria dificuldade para fazer estas atividades? Neste caso,

quando?

Atividades Sim, dificulta

muito

Sim, dificulta

um pouco

Não, não

dificulta de

modo algum

a) Atividades Rigorosas, que exigem

muito esforço, tais como correr,

levantar objetos pesados, participar em

esportes árduos.

1 2 3

b) Atividades moderadas, tais como

mover uma mesa, passar aspirador de

pó, jogar bola, varrer a casa.

1 2 3

c) Levantar ou carregar mantimentos 1 2 3

d) Subir vários lances de escada 1 2 3

e) Subir um lance de escada 1 2 3

f) Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se 1 2 3

g) Andar mais de 1 quilômetro 1 2 3

h) Andar vários quarteirões 1 2 3

i) Andar um quarteirão 1 2 3

j) Tomar banho ou vestir-se 1 2 3

4- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu trabalho

ou com alguma atividade regular, como conseqüência de sua saúde física?

Sim Não

a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao seu

trabalho ou a outras atividades?

1 2

b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2

c) Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou a outras atividades. 1 2

Page 82: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

81

d) Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras atividades (p.

ex. necessitou de um esforço extra).

1 2

5- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu trabalho

ou outra atividade regular diária, como consequência de algum problema emocional (como se

sentir deprimido ou ansioso)?

Sim Não

a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao seu

trabalho ou a outras atividades?

1 2

b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2

c) Não realizou ou fez qualquer das atividades com tanto cuidado

como geralmente faz.

1 2

6- Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas emocionais

interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação à família, amigos ou em grupo?

De forma nenhuma Ligeiramente Moderadamente Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

7- Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?

Nenhuma Muito leve Leve Moderada Grave Muito grave

1 2 3 4 5 6

8- Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com seu trabalho normal (incluindo

o trabalho dentro de casa)?

De maneira alguma

Um pouco Moderadamente Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

9- Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você

durante as últimas 4 semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que mais se

aproxime de maneira como você se sente, em relação às últimas 4 semanas.

Todo

Tempo

A maior

parte do

tempo

Uma boa

parte do

tempo

Alguma

parte do

tempo

Uma

pequena

parte do

tempo

Nunca

a) Quanto tempo você

tem se sentindo cheio de

vigor, de vontade, de

força?

1 2 3 4 5 6

b) Quanto tempo você

tem se sentido uma

pessoa muito nervosa?

1 2 3 4 5 6

c) Quanto tempo você

tem se sentido tão

deprimido que nada

1 2 3 4 5 6

Page 83: MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS - UERN · MARÍLIA CRISTINA SANTOS DE MEDEIROS MARCADORES NUTRICIONAIS, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM LÚPUS

82

pode anima-lo?

d) Quanto tempo você

tem se sentido calmo ou

tranqüilo?

1 2 3 4 5 6

e) Quanto tempo você

tem se sentido com

muita energia?

1 2 3 4 5 6

f) Quanto tempo você

tem se sentido

desanimado ou abatido?

1 2 3 4 5 6

g) Quanto tempo você

tem se sentido

esgotado?

1 2 3 4 5 6

h) Quanto tempo você

tem se sentido uma

pessoa feliz?

1 2 3 4 5 6

i) Quanto tempo você

tem se sentido cansado? 1 2 3 4 5 6

10- Durante as últimas 4 semanas, quanto de seu tempo a sua saúde física ou problemas

emocionais interferiram com as suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc)?

Todo

Tempo

A maior parte do

tempo

Alguma parte do

tempo

Uma pequena

parte do tempo

Nenhuma parte

do tempo

1 2 3 4 5

11- O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?

Definitivamente

verdadeiro

A maioria

das vezes

verdadeiro

Não

sei

A maioria

das vezes

falso

Definitiva-

mente falso

a) Eu costumo adoecer

um pouco mais

facilmente que as outras

pessoas

1 2 3 4 5

b) Eu sou tão saudável

quanto qualquer pessoa

que eu conheço

1 2 3 4 5

c) Eu acho que a minha

saúde vai piorar 1 2 3 4 5

d) Minha saúde é

excelente 1 2 3 4 5