IV

O CLUBE

ESTAVA SITUADO A KILMETROS DO HCTICO CENTRO DA METRPOLE, NUM ERMO BEIRA DE UMA ABANDONADA ESTRADA. QUEM POR ALI PASSASSE, QUE NO UM DOS SEUS SCIOS, NUNCA SE APERCEBERIA DE SUAS PAREDES ESPELHADAS QUE, COM O PANORAMA CIRCUNDANTE, CRIAVA A ILUSO DE INEXISTNCIA. ALIS, NO FOSSE O CONVITE DE MIRO, QUE COM ELE PARTILHAVA A FAMA DE "CALADOS MISTERIOSOS" NAS FOFOCAS LABORAIS, E KEMI SERIA MAIS UM NA LEGIO DOS QUE O IGNORAVAM. E NO FOI SEM CONTIDA SURPRESA QUE DEU PELO PRATEADO AUTOMVEL QUE O AMIGO DIRIGIA ATRAVESSAR UM IMPONENTE ESPELHO, E VIU OUTRAS VIATURAS ESTACIONADAS NO SBITO PARQUE. DOZE. COMO A DELES, PRATEADAS. COMO A LUA CHEIA QUE NESSA NOITE ERA A NICA FONTE LUMINOSA PARA O EXTERIOR DO CLUBE.

NO INTERIOR, MEDIDA QUE A PORTA AUTOMTICA ATRS DELES FECHAVA, OUTRA ABRIA-SE SUA FRENTE. PARA ELA ORIENTARAM-SE, LEVADOS POR UM TAPETE ROLANTE, A PONTE ENTRE O DENTRO E O FORA.

A MSICA, GRADUALMENTE, AUMENTAVA DE PROXIMIDADE. KEMI SORRIU. O SEU ESTILO FAVORITO. PARA QUALQUER OUTRO, INVULGAR. COMO OS "HABITUS" DO CLUBE, ESTRANHOS. NO ESTRANHASSE, DISSERA MIRO. AFINAL ERAM COMO ELES, HUMANOS. APENAS DIFERENTES.

E KEMI SENTIA A DIFERENA AUMENTAR AO DILUIR-SE NA SONORIDADE E NA VISO DO CENRIO SUA FRENTE. OITO PESSOAS, SENTADAS EM CRCULO, DE MOS DADAS, SORRINDO, EXTTICAS, LEVITAVAM. SEIS PARES NA PISTA, DANANDO, UNS ABRAADOS NUMA LENTA SENSUALIDADE, OUTROS SOLTANDO-SE A ESPAOS, LENTAMENTE RODOPIANDO, TODOS SINCRONIZADOS. A JOVEM CICERONE QUE OS ACOMPANHARA SILENCIOSAMENTE DESDE A PORTA DE ENTRADA ESTENDEU O BRAO, INDICANDO-LHES AS CADEIRAS NUM INAUDITO "ESTEJAM VONTADE", DIRIGIU-SE AO DJ QUE, DE OLHOS FECHADOS, ACARICIAVA UM VINIL ROLANTE, E SEGREDOU-LHE UM BEIJO, RECEBENDO DE VOLTA UM SORRISO DE OLHOS ABERTOS.

MIRO NO SE DEMOROU EM DEGUSTAR O SEU "MARTINI". BATEU TERNAMENTE NO OMBRO DO AMIGO, LEMBRANDO-LHE QUE ESTAVA BEM ENTREGUE, E EM POUCOS SEGUNDOS DESAPARECEU...

UM OLHAR, VINDO DO CANTO OPOSTO AO SEU, FEZ KEMI DESPERTAR DO TORPOR MUSICAL EM QUE MERGULHARA. OLHOU TIMIDAMENTE, E TENTOU ESQUECER QUE FORA OBJECTO DO OLHAR DE ALGUM. DEBALDE. ERA ELE OLHANDO PARA ELA, TRAJANDO PRETO, DE OLHOS CUJO BRILHO HIPNTICO REQUERIA PROXIMIDADE. CANSADO DE TENTAR SUPRIMIR EM SI A MEMRIA DAQUELE OLHAR, FECHOU OS OLHOS, E AO ABR-LOS ESTAVA AO LADO DELA, INICIANDO UMA CONVERSA CALADA, POR MEIO DA TELEPATIA QUE NELA ADIVINHARA UM DOMNIO PERFEITO.

- POSSO OFERECER-LHE UM LICOR?

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SHARA SORRIU. H TRINTA MINUTOS QUE ALI, NAQUELE SINGULAR CLUBE ONDE TELEPTICOS, CLARIVIDENTES E EXTRACORPORAIS COMUNGAVAM UMA VEZ POR SEMANA, TENTAVA MAIS UMA VEZ DOMINAR O PASSADO QUE TEIMAVA EM ASSOLAR O SEU PRESENTE PARA APRESSAR-LHE UM FUTURO FUNESTO. JULIA, A AMIGA, PARA ALI A CONVIDARA, INSISTINDO QUE A MELHOR MANEIRA DE LIDAR COM OS FANTASMAS ERA FAZENDO-LHES FRENTES E NO FUGAS. DUAS VEZES TINHA IDO, E COMEAVA A FAZER EFEITO. MAS AINDA ERA DOLOROSO. ESPECIALMENTE SOZINHA...E EIS QUE ESTE MOO, COM APARENTE TIMIDEZ, L-LHE A MENTE, ADIVINHA O SEU GOSTO POR LICOR, E NUM GESTO DE "TELEKINESIS" ATRAI A TAA PARA ELA...ADMIROU-SE. NO LHE ESTAVA A SER DIFCIL SORRIR.

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- UM OLHAR DIFERENTE. DOCE. MAS SOFRIDO.

- EM GERAL, AS PESSOAS OLHAM-ME NOS OLHOS APENAS POR POUCO TEMPO. VOC OS L.

- SIMPLESMENTE ORQUE VOC DEIXA QUE EU O FAA.

- POUCAS PESSOAS SUPORTAM O QUE VM.

- EU GOSTARIA DE VER MAIS.

- TEM CERTEZA?

- ABSOLUTA.

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EM CIMA DE UMA BANCA DE CABECEIRA, QUE TINHA UMA VERSO DE SHARA EM UMA MOLDURA PRATEADA, UMA ROSA VERMELHA LADO A UMA CAIXA DE BOMBONS. UM PISCAR DE OLHOS. DUAS FIGURAS SENTADAS EM UM JARDIM MULTICOLOR. OUTRO PISCAR DE OLHOS. INESPERADAMENTE, UMA TROVOADA ARDENTE E A DOLOROSA BRANCURA DE UMA BOFETADA. CACOS, E UM PUNHO MASCULINO REPLETO DE DESCONTROLE. GRITOS MESCLADOS; O SILVO DE UMA LMINA CORTANDO O AR, E UM FIO VERMELHO, LQUIDO, NO CREME DO SOALHO. COMA MASCULINO E FUGA FEMININA. UMA PORTA FECHADA COM DOR E DIO, E A PROMESSA. NO MAIS. SIM. NO MAIS. "UMA VEZ BASTA". E KEMI SENTIU A FRESCURA DE UMA LGRIMA, QUE NO A SUA, DISSOLVER-SE NA QUENTURA DE SEU OLHO.

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NOS OLHOS CASTANHOS DELE, VIU UMA PERSONAGEM ARRANCADA DO PARASO SOLITRIO DOS LIVROS ESOTRICOS POR UM SORRISO FEMININO E JUVENIL, NO MEIO DE VOZES COCHICHANDO. "MAIS UM NA TEIA DELA". PERSONAGEM DEVOLVIDA SOLIDO, ENDURECENDO O CORAO ENQUANTO SENTADO NO DURO BANCO DO JARDIM NOCTURNO, TENTANDO NO GANHAR DIO S MULHERES. E O TEMPO EM QUE PERMANECIA SENTADO ERA UMA ETERNIDADE FRIA, INFERNAL.

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DUAS SEMANAS TINHAM PASSADO. E MAIS UMA VEZ, O PORTO-ESPELHO DO CLUBE DA ESTRADA ABANDONADA ABRIA-SE. MAS DESTA VEZ ENTRAVA, NO MAIS UM CARRO ISOLADO CONDUZIDO POR MAIS UM PARANORMAL, MAS TODO UM CORTEJO DE AMIGOS E CONVIDADOS AO CASAMENTO DE SHARA E KEMI.

MARKUS DE MATOS ALGURES EM 2003