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Marco Aurélio UBIALI
Sérgio Motti TROMBELLI
MARKETING POLÍTICO
Administrando o Gabinete
Editora
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Dedicatória
“Dedico este livro ao meu filho, Guilherme, que tem sido inspirador na
administração do meu gabinete”.
Marco Aurélio Ubiali
“Dedico esta obra a minha esposa Lélia Maria,
a meus filhos Érika Regina, Alexandre e Mariana,
e meus netos Maria Luíza, Beatriz e Guilherme.
Dedico também à minha nora Rosana, meus genros Alexandre e Alessandro
que, em aumentando minha família,
trouxeram mais felicidade à nossa vida
Sérgio Motti Trombelli
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Agradecimentos
“Agradeço a minha família, especialmente, a minha esposa, Eugênia, pela
paciência e tolerância comigo.”
Marco Auirélio Ubiali
“Agradeço a Deus, pela força e perseverança com que sempre me abençoou
de modo a que eu pudesse realizar as coisas que realizo.”
Sérgio Motti Trombelli
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Prefácio
Marco Aurélio Ubiali e Sérgio Motti Trombelli nos brindam com mais uma obra
sobre marketing político. Desta vez, o tema é a administração do gabinete parlamentar
cujo eleito deverá saber organizar com perícia quase que cirúrgica se quiser obter
sucesso no seu mandado.
Num dos trechos da obra, os autores , de maneira bem objetiva, sentenciam
que o gabinete é a empresa do político. Ela pode produzir lucros em quatro anos e
com certeza o parlamentar será reeleito. Mas ela pode produzir prejuízo e aí, em
quatro anos ir à falência. Neste caso o parlamentar não se reelege e a lei de mercado é
imperiosa: outro ocupará o seu lugar.
Caminhando pelos meandros da administração política, a obra perpassa por
temas de altíssima relevância para quem exerce o mandato e quer que sua equipe de
trabalho seja eficiente e com isso ajude o parlamentar a exercer seu mister com
eficiência. São tratados temas como a continuidade de se fazer marketing, a
valorização da marca do político que é o seu nome e os cuidados que se deve ter para
que esta marca não se corrompa com o tempo, a composição da equipe, a militância
política, e as funções que o gabinete deve exercer no atendimento às necessidades da
população.
No primeiro capítulo, há um estudo interessante e inovador sobre o político
profissional, aproveitando as ideias de Max Weber, estudo este que merece atenção
profunda de todos aqueles que militam na política.
De outra parte, a primeira obra em conjunto dos autores – Marketing Político ,
fidelize seu eleitor e vença sempre - possui uma abordagem temática sobre a
fidelização na política, assunto que o gabinete deve ter sempre em mente e que ,
somente com competência e trabalho, poderá fazer e com isso manter fieis os
eleitores do seu parlamentar. Esta temática vem sendo reclamada por todos aqueles
que não podem ter a obra em questão, haja vista que está totalmente esgotada.
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Desta forma, inteligentemente, os autores retomam os assuntos fundamentais
daquele livro e fazem encartes novos sobre os assuntos lá abordados, principalmente
no que diz respeito à comunicação com o público. Assim , uma parte importante da
oratória é reprisada neste livro e com isso os autores atendem aos reclamos de seus
leitores e de todos os políticos que participam dos cursos e palestras que são
ministrados.
Quando se é candidato todos se sentem preparados e prontos para ser eleitos e
para administrar o futuro gabinete mas, apões a eleição , o parlamentar começa a ver
que não é tão simples assim.
Terminado o pleito, vitorioso, haverá as festas, o vitorioso e será festejado, é
a chamada “lua de mel” do poder que durará até que seja empossado. Entretanto, às
vésperas de assumir o cargo para o qual foi eleito, seus companheiros de partido e de
campanha cobrarão por cargos na sua assessoria ou na administração pública. É justo
que o façam, pois o político precisa ter visibilidade e é a função pública que fornece
isso além do que ao ajudá-lo na campanha eles também se comprometeram com seu
programa político e querem participar da sua realização.
O primeiro problema que surge então é que normalmente, o seu gabinete não
possui muitos cargos de assessoria e mesmo que o político seja da situação,
frequentemente, não disporá de cargos para serem preenchidos - se for da oposição
certamente não terá nenhum cargo na administração...
A resolução deste problema passa pela incompreensão de alguns , e até
mesmo algumas injustiças são cometidas, mas a vida parlamentar exige uma postura
diferente da vida de campanha. Naturalmente os companheiros esperam o convite
para a assessoria e o parlamentar saberá fazer a escolha levando em conta a fidelidade
e a competência de cada um.
Os seus assessores precisam ser competentes e capazes de elaborar uma
estratégia de ação com criatividade, respeitando sempre a bandeira que propõem
defender. Durante esse processo de escolha, o eleito verificará que muitos dos seus
apoiadores são bons de campanha, mas não apresentam as competências necessárias
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para a vida interna da política e por mais que o político queira tê-los a seu lado dentro
do gabinete não poderá mantê-los .
Por isso, uma das considerações mais interessantes que o livro nos coloca é que
o gabinete não é um espaço físico, mas todo um conjunto de ações que os assessores
devem exercer. Participar do gabinete não é ficar dentro do parlamento fisicamente,
mas atuar de forma proativa também fora da casa de leis, por exemplo. Assim , a
militância do candidato, aquela que foi efetiva na sua eleição, continuará ativa e com a
mesma importância de antes. Esta forma de pensar, proposta na obra, elimina a
discriminação que geralmente é feita entre os que estão trabalhando interna e
externamente para o sucesso do parlamentar eleito. No fazer político, todos são de
igual importância.
Enfim , a obra é interessantíssima e complementa os trabalhos anteriormente
feitos pelos autores. Um livro de obrigatória leitura sobre uma das temáticas mais
importantes que, ao longo do tempo , vem sendo objeto de estudo de filósofos e
pensadores : a política.
A Fesp – Federação das Unimeds do Estado de São Paulo – se sente orgulhosa
em apresentar a todos mais esta obra e o faz como parte do projeto político que vem
sendo desenvolvido pela federação, sempre com vistas a fortalecer o cooperativismo
de trabalho médico de forma a que os homens públicos unimedianos possam buscar
cada vez mais a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.
Waldemar D’Ambrósio Filho
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Introdução
Este livro se destina aos vereadores, deputados e todos que tenham que
montar um gabinete. A ideia de escrevê-lo surgiu, após uma série de palestras feitas
para vereadores eleitos que assumiram em janeiro de 2013. Apesar da abrangência, de
poder ser utilizado por, qualquer político eleito e fundamentalmente, para os
vereadores e deputados, a eles é que nos iremos referir ao longo destas páginas.
Não se trata de um manual sobre o legislativo, suas funções, ou como fazer
requerimentos ou projetos de lei. Continuamos na nossa proposta de manter o foco na
área de marketing e a administração do gabinete tem tudo a ver com isso.
A vida do político no legislativo seja ele vereador ou deputado é difícil, mas é
mais complicada para o vereador. Enquanto deputados estaduais ou federais se
tornam figuras “abstratas” no cotidiano das pessoas da cidade devido à distância, o
vereador é “concreto”, isto é, sabemos onde mora, que clube frequenta, onde seus
filhos estudam, onde se reúnem, quem são seus assessores nos gabinetes. E mais, eles
estão logo ali, à distância de alguns metros da minha casa e por isso eu posso cobrá-los
diariamente se quiser. Por isso, para o vereador, ganhar mais votos por um bom
trabalho, ou perder os que conseguiu é extremamente fácil.
É da natureza humana que, ao vencer uma eleição, se sinta orgulhoso,“ Sou o
máximo”, “ sou autoridade”, “tenho mídia à minha disposição”, “todos me
cumprimentam”. Neste momento o eleito tem a sensação de poder que acredita ser
real, o que não deixa de ser verdade, mas não é tão simples assim.
Essa falsa sensação de poder leva a que, muitos eleitos se encastelem em seus
gabinetes encantados com a sua própria voz, com a sua própria figura, com sua
imagem nos jornais, na TV, enfim, acreditam que o mundo gira a seu redor. Pensam
que uma vez eleitos, basta estar nas sessões da câmara e usar a tribuna que ele será
visto, sua fala e opinião divulgada, seu trabalho reconhecido e a reeleição será fácil. Ou
Ë comum o vereador eleito, principalmente no primeiro mandato, ter valores sobre
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seu trabalho e acreditar que basta fazer alguma indicação, um projeto de lei, que
todos estarão comentando nas ruas no dia seguinte. Como a nossa sociedade é
individualista e todos querem ter prioridade ou verem suas demandas pessoais
atendidas, o vereador gasta a maior parte do seu tempo procurando atender essas
demandas e deixa de exercer seu mandato pleno, pois para atender a essas demandas
quase sempre se vê obrigado a apoiar o prefeito e não a fiscaliza-lo no exercício do
mandato.
Esta situação leva a uma compreensão errada da importância e atenção que o
vereador deva ter para a maioria do povo, pois a maioria das pessoas vivem sua vida
muito bem e sem saberem o que o político está fazendo, afinal, as pessoas estão todas
preocupadas com seus próprios afazeres, com o pão de cada dia, com a educação dos
filhos, a balada no final de semana, as novelas, e para alguns mais empolgados
( lamentavelmente ) com o BBB, etc e apesar da política atingirem diretamente suas
vidas, empregos, custos da energia,segurança, transporte público eles somente
dedicam sua tenção a política nos escândalos ou nas eleições.
Por isso, o político precisa se comunicar com eficiência, isto é, precisa estar, o
máximo que der, nas conversas dos eleitores, na presença deles, na solução dos
problemas coletivos e individuais que eles têm. E quem faz isso é o gabinete, por isso
saber administrar seu gabinete é uma arte que garante o sucesso do eleito, ou pode se
tornar o culpado do seu completo fracasso.
A escolha dos assessores geralmente começa com o convite aos amigos que
ajudaram na campanha. Não é um erro, desde que o amigo saiba que mandato não é
campanha e as necessidades são outras. O gabinete deve ser montado com uma
mistura de militância e especialistas na administração pública (gestão de emendas,
administração de cotas de representação e secretariado executivo para fazer discurso,
etc) pois, quem opta por um só prato desta balança acaba se dando mal.
O político tem que saber que a peça mais importante no sucesso do seu
mandato é seu gabinete e ele somente funcionará se, as escolhas dos assessores
forem corretas. A ação do político deverá ter como meta os interesses coletivos das
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pessoas em detrimento do individual e seu trabalho será reconhecido se souber
fiscalizar o executivo utilizando os instrumentos disponíveis( requerimentos de
esclarecimentos e informações CEI, etc), valorizando o cargo para o qual foi eleito,
dando respeitabilidade e importância ao mesmo, ao mesmo tempo em que deve
continuar fazendo seu marketing pessoal, coisa que nem sempre acontece.
Esperamos que esta obra possa ser de utilidade àqueles que irão enfrentar a
dura tarefa do “fazer político”. Por isso, muito do que já falamos antes, em nossos
livros, poderá estar aqui repetido, o que, no fundo é bom, porque somente reforçando
ideias é que as coisas podem se fixar na mente dos vereadores eleitos.
Administrem bem seu gabinete, façam de seus mandatos uma coisa que valha a
pena e com isso tenham sucesso, porque somente assim, com trabalho, divulgação,
vivência com o eleitorado, se pode pensar na reeleição.
Os autores.
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O político profissional
A política está profissionalizada, e faz tempo e é bom que seja assim, pois um
profissional sempre desempenha melhor a tarefa do que um amador. As campanhas,
então, nem se fala, afinal é impensável se entrar numa eleições sem marketing
eleitoral. Todos os candidatos vitoriosos sabem disso, e cada vez mais os técnicos se
especializam e acham formas e fórmulas para serem aplicadas na política. Marcio
França um político renomado diz que”a muito as eleições deixou de ser uma caixa de
surpresas e hoje se sabe que candidato tem reais chances de ser eleito ou reeleito e
como será o seu mandato”.
Esta profissionalização de campanha alcançou hoje os políticos em exercício,
isto é, os agentes políticos, precisam ser cada vez mais profissionais. Não é do nosso
tempo, mas antigamente o vereador não ganhava nada. E até mesmo o prefeito era
um “fazer político” que dispensava remuneração hoje, como todos sabem, os políticos
eleitos ganham e bem para cumprir os seus mandatos.
Como o político recebe pelo seu trabalho é preciso que priorize o mandato o
que consequentemente leva a conclusão de que exercer outra profissão é algo
impensável, tamanha a absorção que a política faz do eleito.
Vereadores, por exercerem funções na sua comunidade, podem continuar
ativos em sua profissão, mas priorizando o mandato. Assim, médicos podem clinicar e
exercer a vereança; professores dão aula sendo vereadores; empresários cuidam de
suas empresas e da câmara. Quando se trata do mandato de deputado esta
duplicidade de função fica muito mais difícil, principalmente se o mandato for federal.
Entretanto, mesmo para os vereadores, não está sendo fácil caso se pense em
reeleição. Levando em conta que a renda obtida com o mandato, cada vez mais se
torna compensadora e junto dela, está os favores que se obtém, a rede de influência,
as benesses do poder, as mordomia o político eleito rapidamente sente necessidade
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de buscar a reeleição. Por isso, os políticos estão optando pela atividade política em
detrimento de suas profissões de origem e surge então o político profissional, uma
espécie estudada, inclusive, por pensadores como Max Weber de quem usaremos
considerações para nos referir a este novo profissional.
De saída devemos considerar que o profissional político é aquele que dedica
toda, ou pelo menos a maioria de seu tempo, e atividade de trabalho, à política. Por
isso, é justo que desta mesma política ele retire sua subsistência. Conforme Max
Weber diz de alguns políticos que ‘ele vive da política e não para ela’, cometendo aí
um erro de ação. De fato, ser político competente, exige tanto do agente político que
a este nada mais sobra a não ser se dedicar plenamente a sua função de político e para
tanto a remuneração de seus “serviços” é justa, afinal, pela própria essência e
dinamismo da política, nada resta de tempo para aqueles que atuam politicamente a
não ser a própria política. Os que militam sabem que a política não muda diariamente,
ela muda por hora, o que obriga seus agentes estarem atentos 24 horas por dia.
Ademais, os partidos, antes agremiações formadas pela afinidade de ideais, aos
poucos perderam a sua identidade em nome de ideais “mais altos”, os quais exigem
pessoas diferentes, mais capacitadas para porem em prática seus manifestos ou suas
cartas de intenções.
Isto mostra quão importante é a abertura destas agremiações aos técnicos,
especialistas, enfim uma plêiade burocrática de pessoas capazes de fazer rodar toda
uma engrenagem que dê sustentação aos profissionais políticos que a elas pertençam.
Assim, não só o político é profissional, mas o partido ao qual ele está filiado, também o
é, ainda mais no sistema político brasileiro, onde o mandato é do partido e os agentes
são meros personagens da cena política, sempre sujeita aos embates e interesses de
dominação desta ou daquela sigla partidária.
Os estudos mostram que em São Paulo já. na década de 1920, a política era
uma forma de melhorar seus negócios, e que para quase todos os demais agentes
políticos da época, a política era o seu negócio. Com isso, a dicotomia entre o mundo
de relações e negócios em que todos vivem e o político desaparece numa unidade que
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tem personalidade própria, o mundo e o político, não mais separados, mas unidos
indissoluvelmente. Max Weber chama isso de empreendimento político, algo quem
tem vida própria, interesses próprios, autonomia, e que nem sempre faz o que a
sociedade almeja, preferindo realizar seus interesses internos. A política se tornou um
fazer novo na sociedade, surgindo com isso, o político profissional cuja atenção está
voltada unicamente para a ela.
A política passou a ser um mundo autônomo dentro do macrocosmo social. Ela
de meio passa a ser um fim, e desta forma começa a ser tratada como uma entidade
independente e não mais um meio cuja finalidade seria servir a uma causa, ou a um
ideal. A política atende a ela e os eleitos são agentes desta entidade independente,
concreta, autônoma. Desta situação a passa a ser uma profissão, com códigos próprios,
com interesses estritamente políticos e não apenas sociais, foi uma questão de tempo
curto, muito curto. Assim, o interesse social se subordina ao interesse político. Já foi
dito por um político que “exatamente como os empresários negociam com petróleo,
eu negocio com votos”.
O voto é a matéria prima desta profissão, porque o que de fato garante o
político no poder são eles. Weber compreende bem isso quando afirma que os
políticos são “ fundamentalmente especuladores de votos”. Neste sentido, a eficiência
do agente se torna, por força da concorrência, obrigatoriamente profissional.
Karl Marx também entra nesta história e de uma forma menos literal deixa
entrever a existência de um “mundo político” como sendo algo à parte, dotado de uma
lógica especial, com códigos específicos, além de princípios que são unicamente deste
mesmo mundo político. Por isso, a lógica da política não se coaduna com a lógica
tradicional e a moral inclusive. Mais que isso, a nem sempre a moral política encontra
eco na moral social, por isso o que aparenta ser imoralidade para a sociedade nada
mais é do que outra forma de moral, “estritamente política”. A consciência política
está longe da consciência como a conhecemos porque o mundo político, por
justamente lidar com as estruturas de poder, acaba se colocando acima do bem e do
mal, afinal cada um considera seu ofício como o ofício verdadeiro e o político julga a si
mesmo como o dono da verdade.
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Por esta razão é que o profissional político acaba sendo blindado “do mundo
profano de aí fora”. Isto lhe traz as vantagens de decidir as coisas que lhe dizem
respeito e as coisas que dizem respeito aos outros, afinal, o político faz as leis que
comandam todas as vidas na sociedade. É um espaço hermeticamente fechado e
voltado sob re si mesmo.
Adriano Codato, com sobriedade afirma: “Esse hermetismo que caracteriza e
define o universo político, implica ter presente tanto os processos políticos e
ideológicos de produção dos profissionais da política, que são historicamente
diferentes em formações sociais diferentes, quanto os procedimentos efetivos, isto é,
o “jogo político”, com suas técnicas de ação e de expressão (regras, posturas, crenças,
valores, hierarquias etc.), que são a essência de qualquer campo e o pré-requisito para
participar dele.
A propósito da famosa frase de Weber, para quem se “pode viver da política
ou para a política, Bourdieu a corrige e adiciona uma outra ideia dizendo que seria
mais exato pensar que se possa “viver da política com a condição de se viver para a
política”, isto é, conforme se conheça e se adira às regras do jogo, e não conforme
uma vocação imaginada. Nós acrescentaríamos que o oposto também é verdadeiro: só
vive para a política aquele que vive da política. Essa profissionalização passa a ser a
condição para dedicar-se integralmente a política na sua função de representação de
interesses externos ao campo político (interesses sociais), na função de representação
dos próprios interesses (as “‘ideias fixas”), e mesmo aos interesses do campo político
enquanto tal ou seja, sua existência, sua permanência, seus regulamentos, seus
códigos, seus princípios de seleção e exclusão etc.
O mundo político exige a existência de interesses corporativos, definidos não só
pelos agentes do processo, mas também por toda uma gama de outros agentes que
giram em torno da vida política na busca de seus interesses. Isso faz com que a política
coloque a questão do poder pelo poder como sendo a sua mais alta expressão, porque
é ela, em última instância, que confere a consistência e a perpetuação do profissional
da política.
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Por isso, a profissão de político fascina. Principalmente por causa da
possibilidade de exercer poder sobre as demais profissões e com isso, exercer o poder
de dominação da sociedade. Quem preferiria a medicina, o magistério, a advocacia,
etc, em vez disto ?
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O que foi feito não basta – Marketing Político nunca acaba
Os políticos precisam se preparar para os seus mandatos e não apenas para a
sua campanha. Após a posse é que as coisas que realmente contam começam a existir.
Por isso, não dá para o eleito deitar em berço esplêndido e ficar contemplando a si
mesmo.
Principalmente o vereador, que, como dissemos, é uma figura concreta, isto é,
está ali, à distância de um gesto, de um grito. Os vereadores são pessoas palpáveis
dentro de suas comunidades: dançam no mesmo salão do clube local, frequentam as
mesmas pizzarias, têm os filhos nas mesmas escolas que os munícipes, enfim, são
vistos constantemente e podem ser interpelados a qualquer instante. Numa situação
desta, cuidar da imagem é fundamental e este cuidado está dentro da esfera do
marketing, por isso ele nunca acaba.
O que é imagem? Imagem é a somatória, isto é, quando olho para um
candidato, o que vejo? O que sinto? O que espero dele? Da mesma forma ocorre
quando vejo, sinto, espero daquele político eleito que recebeu meu voto.
Por isso, não dá para ser candidato de um jeito e vereador de outro; defender
algumas bandeiras durante a eleição e outras durante o mandato; manter amigos
durante a campanha e se esquecer deles depois de eleito; abrir a porta da sua casa
durante a campanha e fechar o gabinete depois de eleito.
Fazer o marketing pós-eleitoral é mais fácil do que quando do tempo de
campanha, afinal o candidato é uma possibilidade e o vereador é uma pessoa eleita, é
uma autoridade, tem espaço no jornal, pode até convocar uma coletiva para dar algum
furo jornalística ou prestar contas de seus atos.
Isto sem contar sua atividade parlamentar: na câmara está seu palanque, os
microfones são dele para o que quiser dizer. Por isso, estratégias de marketing
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precisam ser feitas de forma a fixar a sua imagem agora como parlamentar. Da mesma
forma que o marketing pessoal preconiza a necessidade de crescimento pessoal, o
marketing político exige crescimento político, isto é, é fundamental projetar uma
imagem positiva para o seu mundo doravante.
Ser um político positivo é confirmar os motivos que o fizeram se eleger e neste
sentido ele tem que ser muito convincente, pois a tendência é sempre duvidar do
político, “colocar todos no mesmo saco”.
Para que isto não aconteça com o eleito, vale à eterna e sempre verdadeira
máxima de que a “propaganda é a alma do negócio” (e do político também). O
vereador é um produto e como tal está na praça para ser escolhido pela população. É
um produto porque serve para resolver problemas, assim como um carro que resolve
problemas de transporte, um sabão em pó que resolve problemas de limpeza, ou um
remédio que resolve problemas de saúde. Desta forma, como você espera que o carro,
o sabão em pó e o remédio resolvam seus problemas, você espera que o vereador
também faça isso.
Só que o problema do vereador é outro: a vida em sociedade, bem mais
complexo porque não depende exatamente dele para ser solucionado. Mas aqui está o
pulo do gato em termos de marketing: o vereador é um produto que não se esgota, ele
é sempre necessário porque a sociedade muda e com ela novos problemas vão
surgindo. O vereador é um produto que soluciona problemas, por isso é sempre atual.
Saber mostrar-se como a solução do problema à população é uma arte. Ela faz
por solidificar a marca que o vereador acaba “colando” em si mesmo. Já falamos em
outra obra – Marketing Político – fidelize seu eleitor e vença sempre, sobre a
importância da marca na vida do político, vale repetir aqui: a fixação de uma marca na
mente do consumidor, estimulando nele um comportamento de preferência na hora
da compra, exige muita precisão. A profusão de marcas, oferecendo os mesmos
produtos com atributos afins, dá ao consumidor uma chance muito grande de “pular”
de uma marca para outra, com imensa facilidade. Neste sentido, torna-se fundamental
o cuidado com um conceito importantíssimo de marketing , o “ posicionamento”, isto
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é , o espaço que uma marca ocupa na mente do consumidor eventual. Quanto mais
solidificado for este espaço, mais sólido será o relacionamento de fidelização entre a
marca e os consumidores. Na verdade, o consumidor também deseja esta “
facilidade”, qual seja, ao precisar de uma TV, ir primeiro na loja tal; quer trocar de
carro, é preferível tal revenda, e assim sucessivamente. O “posicionamento” é bom
para quem vende e também para quem compra, porque a marca dá a sensação de
proteção, de certeza na qualidade do produto, proporciona ao comprador a satisfação
em ter um produto no qual se pode confiar. Por isso, marcas custam caro. São
patrimônios solidificados ao longo de anos e anos de trabalho sério junto aos
consumidores. Já se provou que mais do que o seu imobilizado, o que a coca-cola tem
de mais valioso é a marca. Da mesma forma que bancos, que operadoras de telefonia,
carros, enfim, todas as marcas vitoriosas são sucesso porque construíram ao longo do
tempo o seu valor. Desta forma, zelar pela marca, dar visibilidade a ela, ter parâmetros
de conduta para atendimento dos seus consumidores fazem parte do relacionamento
produto-cliente no mundo empresarial.
No meio político, a marca é nome do eleito e o que solidifica esta marca é a
retidão de conduta, a personalidade do político, do partido, da instituição enfim. E a
sua capacidade em ser um produto que soluciona problemas sociais isto mantém o
vínculo eleito-eleitor.
O político tem que entender que seu nome é a marca com a qual se apresenta
aos eleitores. Basta uma referência ao nome para vir à mente do eleitor o
posicionamento que este nome ocupa, são os casos da política do “relaxa e goza”, ou
“do rouba, mas faz”, e assim sucessivamente. Nomes políticos, como as marcas,
também se constroem com o tempo, com a visibilidade, com integridade, retidão de
conduta de modo a despertar confiança no eleitorado. No fundo são as bandeiras que
se defende, são os atributos perceptíveis ao eleitorado que dá confiança para quem
vota, isto é, o produto político que você “comprou” é bom e o uso que se faz dele, no
exercício do legislativo ou do executivo, é que vai demonstrar sua eficácia. Da mesma
forma que no mundo empresarial, na política, cuidar do nome, portanto da sua da
marca, é criar um valor que ninguém pode tirar do ”homem público”
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Neste sentido, o gabinete tem uma função preponderante. Ele é a máquina
com a qual o parlamentar pode contar para por em prática toda a engrenagem
destinada a continuar fazendo marketing, não mais como uma promessa, mas como
uma realidade sociopolítica, onde os munícipes podem encontrar guarida e apoio na
solução dos problemas da comunidade.
Por isso, ainda seguindo os passos do livro citado acima, promover-se é mister.
Não nos referimos a promoções que dão publicidade dos atos políticos feito pelo
parlamentar, mesmo porque, se não houver promoção, vai ocorrer uma coisa terrível:
nada! Usamos a palavra “promoção” para salientar que os políticos que querem
apenas se promover acabam sendo superficiais, e não há nada mais inadequado do
que político que vive exclusivamente de promoção. São aqueles que não se apegam a
nada de sólido, não têm bandeiras a levantar, vivem apenas dos modismos de cada
momento na busca de ter seu nome constantemente na mídia. Tratam de todos os
assuntos com superficialidade e poucos sabem de fato daquilo pelo qual estão
“trabalhando”. A fidelização do eleitor não se dá nestes momentos, embora eles sejam
os melhores meios para se mostrar presente como ator no espetáculo, na cena, nos
holofotes. Ocorre que muitas vezes, o foco do evento se modifica, o caminho se
mostra outro e dos holofotes o político acaba indo para a galhofa, o ridículo. No fundo,
quando o eleitor, a massa de pessoas que compõe o eleitorado quer solucionar
realmente as questões de relevância, busca os seus políticos tradicionais, sólidos, com
um cartel de realizações e condutas exemplares. E por quê? Justamente porque isto é
que fideliza. A população precisa de esteios a se apoiar e é nesta credibilidade, nesta
certeza da retidão de conduta que se encontram os melhores esteios de que nossa
sociedade precisa. Mesmo sem uma marca de credibilidade como antes, a vida política
do Congresso, por exemplo, ainda possui seus esteios, políticos sobre os quais não
pairam dúvidas. Estes são eternos; os outros fazem o caudal dos modismos
passageiros. A boa política acontece aqui, no instante em que o “produto político”
soluciona o problema, e ponto!
Como se vê, marketing é algo que não desaparece nunca, ele está impregnado
na vida do político como está impregnado em todas as ações humanas que exigem
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relacionamento com busca de alguma vantagem , seja ela financeira, seja ela eleitoral.
O voto é a moeda do político.
Aliás, fazer marketing (sem este nome, é claro) é coisa muito antiga. César fazia
isso quando em suas campanhas de conquista nos tempos da Roma antiga. Existe um
texto magistral sobre Crasso que vale a pena repetir aqui. Não para ser seguido
evidentemente porque fala de um mau produto político, mas serve para mostrar que
as preocupações que haviam há longa data são pensadas (e até feitas) nos dias atuais.
Vamos a texto, escrito por J. Roberto Torero:
“A Educação de Crasso”
Alípio Crasso foi governador da Beócia durante o reinado de Trajano. De sua
grande popularidade ficaram registros em cartas de Plínio, o Novo, e desenho em
azulejos com a inscrição: "Crasso nos governa, somos felizes".
Recentes escavações no Estreito de Bósforo resgataram um baú com estatuetas
do jovem Crasso sendo educado por seu pai, Lupilio. Sabe-se que eram vendidas e o
povo as estimava, colocando-as ao lado das figuras dos deuses nos santuários caseiros.
As estatuetas fizeram renascer a discussão acerca do papel de Lupilio na
educação do seu adoradíssimo filho. Educação não apenas guerreira ou moral, mas
principalmente política. Com isso, foi revalorizado um texto que vinha saciando apenas
os cupins. Falo dos "Apontamentos para a Política e Governo dos Homens", escrito por
Lupilio durante o cerco dos Quados.
Trata-se de um texto muito valioso, e diz a tradição que Crasso o seguiu à risca
nos seus quarenta e seis anos à frente dos negócios beócios, em que, segundo o poeta
Euriano, "O sol não abrasava/ O vento não destruía/ A chuva não castigava/ Assim era
cada dia".
Vale a pena rever essa lição de sabedoria política que deve estar na gaveta de
muito político moderno:
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"Meu filho, quando nasceste e vi teu olhar pálido e idiota pendurado no centro
da enorme e desproporcional cabeça, não pude dar-te outro nome que não o de
Crasso. Porém, convencido de que a pedagogia corrige a natureza, desde cedo
preparei-te para a profissão da política.
Agora que Ernulfo está à morte e fostes escolhido governador, medita uma vez
mais nessas lições. Garanto que serás amado por uns, temido por outros e respeitado
por todos :
1) Faze obras grandes e vistosas sem te perguntar pela utilidade delas. Esquece os
esgotos, lembra-te das pontes. Um mísero arco na rua do estádio vale mais que a
porção de trigo de cem camponeses famintos.
2) Sai às ruas, discute com o vendedor de pães, ralha com os cobradores de impostos.
Lembra-te que eles são odiados e é bom que pareças ser inimigo deles.
3) Rebatiza tudo e assim pensarão que tudo é obra tua. Não ergueu Ernulfo as Termas
do Monte? Pois bem, manda fazer ali duas estátuas e põe dois soldados à porta; depois
muda-lhe o nome para Termas da Lua ou Termas de Trajano. Em dois anos todos
pensarão que tu mesmo os fizestes. Em três, estarão chamando-as de Termas de
Crasso.
4) Apega-te a coisas mesquinhas. Se pensares nas guerras, nas estradas e nos
granários, em que serás diferente dos outros que vieram antes de ti? Legisla sobre as
túnicas dos moços, discute a ferradura ideal para os cavalos, faze leis sobre o consumo
de fumo, proíbe as mulheres de beberem mais de dois copos de vinho nas saturnais.
Um pai pensa nos estudos do seu filho, mas também preocupa-se com a queda de sua
franja.
5) Vai aos jogos, ordena trombetas à tua entrada e à tua saída, chega sempre um
quarto de hora depois do horário aprazado
6) Ernulfo vai às guerras e regressa de boa saúde. Nunca cometas semelhante
estupidez. Volta com um ferimento e, por pequeno que seja, exibe-o no mercado.
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7) Aprende a retórica e esmera-te na arte de nada dizer.
8) Sempre que encontrares um pedinte, tortura-o com a descrição das tuas
infelicidades. Faze-o crer que tens inveja da liberdade que os deuses graciosamente lhe
deram. Convence-o de que a vida no palácio é toda cheia de crimes, aleivosias e
conspirações. Os pobres gostam de pensar que são mais felizes do que os ricos e assim
se sentirem superiores a eles. Com um punhado de lágrimas ganharás não só a sua
simpatia, mas também a sua compaixão.
9) Calçaste uma rua? Toca tambores e chama o circo. Nunca inaugures nada em
silêncio e modéstia.
10) Segue os usos e costumes de Roma, manda trazer os vasos do último gosto, faze
crer a todos que és refinado e conheces as maneiras da mesa de Trajano. Dize sempre :
"Em Roma se faz assim", ou "Essa é a maneira como eles fazem isto". Assim os que te
ouvirem pensarão que tens amizades com os patrícios.
Obs. A Beócia não melhorou muito no governo de Crasso, mas os beócios o adoravam.
Crasso não teve vitórias em guerras, afinal ele nunca foi um estrategista militar
e cometeu muitos erros infantis. A expressão “erro crasso”, que significa erro
grosseiro, primário, fatalmente veio daí. Crasso nunca foi um bom produto, mas soube
se promover, isto é, ele sabia fazer marketing para aquela época.
Por isso, na sua equipe de gabinete pense sempre em ter alguém com
capacidade para fazer marketing de seu nome – sua marca, dando conhecimento de
suas promoções aos eleitores, pois somente assim é que as coisas podem ser melhores
para você, principalmente se você não for um Crasso na vida e sim um bom político.
Mas sobre equipe, falaremos a seguir.
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A Equipe: aqui está a chave de tudo
Nós continuamos acreditando que a formação de uma boa equipe é tudo, e a
melhor fórmula para a composição de uma equipe eficiente está na escolha das
pessoas certas para as funções em que o desempenho desta pessoa atenda aos
princípios da ideação, planejamento e execução ou seja escolher a pessoa certa para a
ação que ela esta preparada e disposta a fazer. Parece fácil, mas talvez seja esta
escolha das pessoas para sua equipe a mais difícil ação do seu mandato. Naturalmente
o histórico de trabalho do pretendente, sua maneira de comportar seja no discurso
seja na ação nos permitem ter uma noção desta potencialidade, mas somente o
desempenho destas funções é que demonstrarão com clareza estas competência e
você cometerá muitos erros nestas escolhas. Quando detectar ineficiência ou falta de
lealdade, retire esta pessoa rapidamente da equipe, pois sua presença contaminará os
restantes.
Jack Welch, um dos gurus do marketing e da administração moderna, costumava
afirmar que no princípio de qualquer ação de mercado, ele escolhia sua equipe base de
trabalho e depois as coisas iam se encaixando. Nada mais correto.
As pessoas se constituem no mais importante ativo que qualquer
empreendimento possui. Quem tem boa equipe quase sempre vence. Claro que os
adversários também podem possuir boas equipes e aí valerá mais a criatividade, a
estratégia, e assim por diante. Mas sem uma boa equipe, esqueça.
Observe os grandes políticos que temos. Todos possuem equipes de trabalho que
com ele caminham há longa data. Os que estão no poder, após a eleição, estão nos
cargos que podem ocupar. Não se trata de colocar qualquer pessoa para assumir
funções incompatíveis, mas foi esta equipe quem auxiliou o candidato a chegar no
poder, por isso, mantê-la é fundamental.
23
Aliás, até mesmo na derrota a equipe é mantida, à exceção de algumas peças. Isto
cria união e comprometimento. Quem abandona a equipe tem chances de ficar
sozinho, porque é justamente o candidato que passa a não inspirar confiança e fica
difícil montar outra equipe e mais outra, e assim sucessivamente.
O grupo de trabalho deve ser de sua total confiança, por esta razão é que vale a
pena sempre pensar no tripé: competência, desempenho e lealdade.
Explicando melhor:
Competência é o que esperamos para a realização eficiente do trabalho. Assim, se
um membro da equipe mexe com computadores, ele tem que ser “fera” nisso, como
se diz. Um jornalista, idem; a parte jurídica também e assim por diante. Não dá mais
para ter gente “meia-boca” dentro de um processo de campanha onde erros são
fatais.
Desempenho é a decorrência da competência e ter vontade e capacidade de
exercê-la. Muitas vezes encontramos pessoas altamente competentes, mas que não
conseguem desempenhar, ou o que é pior, não quer desempenhar. A ausência de um
bom desempenho no desenvolvimento de um mandato, assim como em uma
campanha política, é extremamente perigosa, afinal aquilo que se pensa, cria, planeja
é para se pôr em prática.
Devemos acrescentar que competência e desempenho são qualificações em
permanente desenvolvimento e se o assessor se achar suficientemente competente e
que seu desempenho já esta bom, com certeza esta ficando para traz, pois os outros
continuaram sua preparação e ele rapidamente será superado.
Lealdade, por último, mas, talvez no fundo o mais importante. Muitas vezes até
tolerarmos uma pessoa com competência e desempenho medianos, mas desde que
seja leal ao projeto, ao candidato. Aqui reside um dos maiores perigos da campanha –
pessoas que não são leais. Já pensou ter pessoas na sua equipe altamente
competentes e de bom desempenho, mas não leais? São os espiões, os que “vendem”
o candidato. No fundo, se precisássemos escolher apenas uma característica das três,
deveríamos ficar com a lealdade.
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Diferentemente da competência e do desempenho que são qualidades em
continuado aprimoramento, a lealdade é um sentimento e uma qualidade da
personalidade do individuo e somente reconhecida por atos e atitudes ao longo da
convivência com você e com os outros.
Mas não é só isso que se considera quando se monta uma equipe. Ela tem que ser
a mais abrangente possível, por isso, ela tem que diferentes da equipe de campanha.
Ao falarmos em gabinete, pensamos naquelas pessoas que ficam sentados dentro da
câmara municipal, atendendo pessoas, fazendo os discursos e trabalhos do vereador.
Isto é importante, mas exclui a militância, um erro altamente perigoso.
Por isso, fazem parte do gabinete as pessoas que também não estão dentro da
câmara, mas continuam atuando na rua, junto do eleitorado. Todos têm que possuir
cartão de apresentação ligando-se ao gabinete, e mais, devem possuir compromissos
diários como os internos, só que junto ao eleitorado, às bases e cada vez mais procurar
abrir espaços para o seu vereador, além de acompanhá-lo em visitas nos locais onde
desenvolvem este trabalho.
A equipe do gabinete deve contar com os três tipos de pessoas com suas
qualidades preponderantes específicas que são os idealizadores, as organizadoras e as
realizadoras. Este três tipos de competência devem estar presentes e identificados na
assessoria do gabinete.
Os idealizadores “pensam” o mandato, criam situações, campanhas, palavras de
ordem, cuidam enfim da imagem, inventam ações.
Os organizadores disciplinam os voos altos daqueles que idealizam, organizam as
ações, cuidam dos custos, enfim , põem no papel como as coisas serão.
Os realizadores executam. Formam o exército de pessoas capazes de ir à luta e
cumprir com o que foi devidamente planejado, são os mestres de obra.
Por fim, equipe precisa de “marketeiro”, de jornalista, de advogado, atendentes e
um conselho político.
Cada um fará o que é próprio da sua profissão, mas cabe destacar que a
característica comum a todos deve ser a da educação, a gentileza no trato tanto dos
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colegas de trabalho quanto das pessoas que procurarem o gabinete, vontade de
atender ao outro com o objetivo de resolver as demandas apresentadas e buscar
antever e prevenir problemas, mas quando não for possível, resolver os problemas do
gabinete mas, sobretudo tentar resolver os problemas do cidadão principalmente e
prioritariamente no coletivo. O atendimento dos problemas individuais pode e deve
ser resolvidos, mas já se sabe que este tipo de atendimento é insuficiente para a
demonstração da competência da ação política e insuficiente para consagra-lo como
um político competente.
Quanto ao conselho político ele deve ser composto por amigos do candidato cuja
função é funcionar, até mesmo, como advogados do diabo, de forma a corrigir rotas e
evitar erros comprometedores.
É interessante que o conselho político seja formado por pessoas não
remuneradas. Este conselho deverá se reunir, no gabinete ou mesmo na casa do
parlamentar, que deverá ouvir suas colocações, mas sempre manter para si a decisão
final. Um bom conselho político deve composto, necessariamente, por pessoas que
militam com a mesma bandeira do eleito e outras que representem seus vários
segmentos da sociedade.
O parlamentar poderá reunir-se com todos juntos ou individualmente, mas
sempre deixando claro que se trata de uma reunião do “conselho político”.
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O gabinete e suas funções
“O parlamentar terá sucesso, quando demandado, resolver o problemas do eleitor,
lembrando que os problemas coletivos são os que proporcionam o reconhecimento
do seu trabalho.”
Dr.Ubiali
A ATUAÇÃO POLÍTICA
Antes de entrarmos na administração do gabinete propriamente dita, valem
ainda algumas considerações de importância.
A rigor, temos dois tipos de políticos no legislativo sejam eles deputados ou
vereadores: os da situação e os da oposição. Como exemplo, destacaremos a situação
do vereador.
Vereador da situação auxilia e fiscaliza o prefeito; vereador da oposição fiscaliza
e auxilia o prefeito. A diferença na frase é sutil, mas faz uma imensa diferença. A
situação tem por princípio o auxílio; a oposição, a fiscalização. E isto faz os embates da
câmara acontecerem.
Vereador de oposição tem dificuldades maiores para aprovação de suas
proposituras e com isso é mais difícil atender seus eleitores. Assim seu gabinete tem
que estar preparado para isso e saber que muito pouco se pode fazer nas coisas que
dependem do atendimento da máquina administrativa.
Seja como for, quando se pensa em gabinete é bom saber que política vitoriosa
é feita por profissionais, principalmente a reeleição, cuja tarefa é mais difícil, apesar
das benesses do poder. Tudo o que um candidato promete nem sempre pode ser
cumprido, porque não depende apenas dele. Há os demais pares que votam a favor ou
contra, há os interesses do executivo, enfim, cumprir promessas não é fácil. Um
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candidato que se aventura pela primeira vez não tem um passado de promessas não
cumpridas...
Sempre costumamos dizer que não existe mágica. Não se tira eleição da
cartola, é preciso esforço, criação, suor, sola de sapato e cabeça, muita cabeça para
fazer o certo. Se na campanha não era fácil, no mandato é pior ainda, por isso
profissionalize seu gabinete, escolhendo as pessoas certas para as funções
determinadas.
Lembre-se de que campanha é teatro cujo diretor é o candidato auxiliado por
sua equipe de marketing e no mandato todos deixam de ser personagens para cair no
mundo real, então o personagem desaparece e surgem líderes comunitários: os
vereadores eleitos, autoridades da comunidade com um trabalho social por fazer.
A primeira mudança que ocorre e de como o eleitor vê o eleito. Durante a
campanha, os eleitores diziam “estou encantado com esse cara”, e os eleitos
venceram. Agora, os munícipes dizem “estou anotando o que faz esse cara”. Por isso é
o momento de mostrar a que vieste e o caminho é um só: candidato que não promete
não se elege, vereador que não trabalha não se reelege, daí ser preciso trabalho, muito
trabalho.
Acrescente-se a isso o fato que no legislativo você é eleito, em média, no
maximo com os votos de 10% dos eleitores mas será cobrado por 100% deles e neste
percentual há um grande número que cobrará mesmo o indevido porque ele quer que
você fracasse. O segredo esta, portanto em procurar priorizar e atender os pleitos
coletivos priorizando os dos segmentos que o apoiaram.
De todos os assuntos de importância que o vereador deve levar em conta na
câmara, sua bandeira, suas promessas de campanha vêm em primeiro lugar, afinal
foram elas que o conduziram até o topo e as pessoas acreditaram nas promessas
feitas, por isso votaram,,agora é justo que eles tenham a preferência do eleito.
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Às vezes o parlamentar tem outra profissão e não quer deixá-la. Ele precisa
então separar o horário que dedicará à ação política (vereança), e o tempo que
dedicará a sua profissão. Esse horário deve ser diário e cumprido a risca e deve ser
exercido com extrema visibilidade.
Organize visitas às obras, mas sempre leve um fotógrafo, cinegrafista e outras
pessoas, para atrair a atenção das pessoas onde está ocorrendo à visita. Nas visitas em
obras em construção, use o capacete, dê entrevistas no local, mesmo que seja para a
TV do seu site e a sua própria jornalista. Avise a imprensa que fará a visita e a convide-
os para acompanha-lo. A presença da imprensa pode não ocorrer, mas você a sua
parte. Ao termino solicite sua jornalista que faça uma notícia e encaminhe a rádios e
jornais.
Isto não se faz sozinho, o gabinete é fundamental. Guarde isso na cabeça: o
gabinete é a empresa do vereador, e esta empresa tem que dar lucro (votos) se não a
empresa vai à falência em quatro anos!
Para que o trabalho do político seja eficiente é preciso que o seu gabinete seja
eficiente.
Como uma empresa, gabinete não é um castelo fechado onde o eleito se coloca
como que numa redoma, inatingível e não querendo saber o que acontece à sua volta,
afinal, já se elegeu.
O gabinete também não é propriedade da família. Não dá para colocar o filho
como chefe de gabinete, o genro como assessor, ou então permitir que seus filhos,
esposa e sogra venham até o gabinete para dar ordens ou usar o carro da Câmara para
fazer a feira ou ir ao supermercado. E talvez o mais importante por ser o mais
incompreendido: não é cabide de emprego para os amigos.
Para a eficiência e eficácia do seu trabalho, lembre-se de que, para ser um
político de sucesso é preciso cabeça e braços, em outras palavras, administradores e
militância.
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Daí o estabelecimento de metas e seu cumprimento, serem importantes e para
isso a divisão de tarefas tem que ser respeitada, cada um na sua e todos trabalhando
para o sucesso de todos.
A equipe deve sempre proteger o político e quando detectar um erro procurar
assumir a “cacetada” permitindo que o político (vereador) nunca seja o culpado de
nada e que todos os acertos e conquistas sejam a ele atribuídos.
ATENDIMENTO DO GABINETE
Dentre todas as atividades que um gabinete realiza, estão as individuais e as coletivas
sendo a coletivas, ou seja, as macroações, as mais importantes:
São ações do gabinete:
a) Atendimento ao público: geral, particular, pessoal, familiar
b) Projetos de lei, indicações, moções, etc
c) Divulgação da imagem do político
d) Reforço do político dentro do partido
e) Relacionamento e ampliação da ação política interna e externa
Trataremos pontualmente de algumas destas ações:
Atendimento
Não se espante, no gabinete aparecem todos os tipos de pedido. Carne para
churrasco, remédios, gás, constas de luz, dinheiro emprestado, conta de telefone,
necessidade de um celular, transporte, viagens para visitar parentes doentes no norte,
nordeste, sul, centro oeste, enfim, uma imensa gama de pedidos.
Certa feita, como o vereador era abastado, um eleitor veio com a proposta de
que ele financiasse a sua casa e em vez de pagar a Caixa iria pagando o vereador.
Entretanto, uma coisa é importante dizer: no meio deste inferno de coisas, se
você começar a atender alguns pedidos não poderá deixar de atender outros e sua
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fama correrá pela cidade como clientelista e saí seu mandato será um toma lá, dá Ca
impossível de controlar e você acabará mais perdendo votos do que ganhando.
Por isso, naquilo que não se vai atender diga não logo de saída. Basta falar que
“não temos verba para isso”. Naquilo que existe possibilidade de atendimento, nunca
se deve dizer sim ou não logo de saída. É bom deixar claro ao eleitor que a equipe do
vereador irá verificar o que pode ser feito e em seguida, avisará o interessado. Mas
avise mesmo, porque empurrar com a barriga para dizer não ao final só faz por perder
o eleitor.
Procure saber, com a pessoa solicitante, se esta solicitação que ele faz atende a
demanda de um grupo e se você for trabalhar por ela, somente o faça atenda se puder
falar com todo o grupo ou pelo menos com parte significativa deste.
É preciso criar um critério de preferência no atendimento. Você pode estar
estranhando e até perguntar se atendimento tem preferência? Não há dúvidas que
sim. Aliás, um dos maiores equívocos, em qualquer situação, é tratar todos
igualmente. Na verdade, nem mesmos os filhos tratamos de maneira igual porque
cada ser humano é um e difere do outro.
No atendimento que se faz no gabinete, há uma escala de preferências que
precisa ser respeitada. Inicialmente, os cabos eleitorais. Se eles fazem parte do
gabinete, como dissemos, os assuntos que eles trazem são de relevância, afinal, eles
são o vereador na ponta, no bairro, o vereador em ação dentro da comunidade e
precisam de atenção porque o cabo eleitoral está junto do eleitorado.
Depois, tem preferência também os representantes de redutos eleitorais que
ficaram com o vereador na campanha e eleitores fiéis que vieram a ter com ele no
gabinete. Em qualquer situação política, a máxima “fechar o que é seu e rachar o que é
do outro” deve ser seguida. Assim, fechar o que é seu é fundamental, aliás, não existe
nada mais desastroso do que deixar de lado aqueles que com certeza ficaram com
você durante o processo eleitoral, e os redutos que são seus, os eleitores fiéis a você
têm que ter preferência.
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Os interesses partidários também devem ter preferência. O bilhete carimbado
que dá ao vereador o direito de estar na política vem do partido, assim, tudo o que
vem deste deve ter interesse do político.
Dentro do quadro de preferências, seus investidores, ou novos investidores,
merecem atenção, afinal, não há eleição sem recursos, por isso é desnecessário se
falar mais sobre o assunto.
Por fim, as emergências que geralmente surgem e não podem esperar:
desastres naturais ou não, doenças, famílias, devem ter a prioridade.
Contudo vale sempre lembrar que o vereador é um servidor do povo, por isso,
deve estar na Câmara diariamente, mesmo que sua cidade seja pequena e as sessões
sejam quinzenais. Estar presente, disponível, confere ao eleitor a certeza de que pode
contar com o político eleito e isto reforça a fidelidade dos eleitores. Devo destacar
que, apenas ir a câmara não basta. É necessário divulgar, por todos os meios, o horário
que estará lá.
Todos que não estamos na política temos horário para trabalhar, mas o político
e os assessores não podem ter horário fixo se quiserem realizar um bom trabalho.
Portanto reafirmo, não existe um horário de trabalho para quem está no gabinete
Para os assessores que forem ficar na Câmara, existe horário do funcionamento
da própria, mas mesmo estes e os demais devem estar disponíveis 24h por dia, e
fornecer seus números de celulares ou outra forma de serem facilmente localizáveis.
A necessidade da disponibilização diuturna é facilmente compreendida quando
lembramos que desastres, doença, óbito, não tem hora, e quando um eleitor se vê
num momento de infortúnio destes, procura o político, principalmente o vereador, e
precisa encontra-lo ou alguém da sua equipe. Para facilitar o trabalho, para estes
casos, deve haver alguém no gabinete que cuidará disso. Esta pessoa, então, deve ser
acionada, não importa a hora do dia ou da noite.
Não se pode esquecer que eleito que some no mandato, vê o eleitor sumir na
eleição. Por isso, os compromissos assumidos para os finais de semana devem ser
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cumpridos à risca. Quem convidou o político conta com a presença dele no evento,
faltar a isso, além de ser ruim politicamente, é uma ofensa.
Uma dúvida que surge frequentemente é o que se pode trabalhar e arrumar
através do gabinete.
O gabinete não tem tudo, por isso, abrir canais para atendimento dos pedidos é
fundamental.
Um dos primeiros canais que o gabinete precisa é de um advogado. Todos têm
problemas com a justiça: pensões alimentícias, despejos, dívidas, parentes presos,
enfim , uma gama enorme de pedidos. Por isso, ter um advogado que possa atender
quem você encaminha é fundamental.
Depois, ajuda de um assessor que conheça hospitais públicos ou filantrópicos,
arrumar uma consulta, mesmo em consultórios particulares como favor, os
mecanismos de funcionamento do SUS e da Rede Pública de Saúde. Encaminhar
pessoas para recebimento de remédios, próteses, conseguirem internações em, para
quem precisa e até mesmo abrir espaço na agenda de um médico amigo para atender
um paciente, mesmo pagando, porque até isso está difícil hoje em dia. O fato se repete
com dentistas e auxiliar aqueles que precisam de dentes para poder sorrir. Lembre-se
procure atender priorizando e utilizando os recursos oferecidos pelo poder público e
de seus apoiadores.
Todo vereador precisa ter relacionamento com uma escola, a diretora ou
alguém capaz de tomar decisões, para conseguir vagas escolares porque são muitos os
pedidos neste sentido, portanto a assessoria deve buscar este relacionamento e estas
informações.
O assessor deve se informar diariamente das vagas existentes nas lojas e
fábricas da região e procurar ter amizade com o pessoal do FAT para saber das vagas
disponíveis. Contatos com uma ONG capaz de aceitar encaminhamento para
distribuição de cestas básicas é importante porque muitos pedirão isso ao vereador e o
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gabinete precisa ter condições de encaminhar, conseguir ou pelo menos ter a chance
de tentar com sucesso.
Ouvir os principais programas dos rádios e ler os jornais mais importantes da
cidade, cotidianamente. O vereador deve procurar opinar sempre que for perguntado
sobre assuntos que pertenção ao seu campo de ação.
CONDUTA INTERNA DO GABINETE
Todas as pessoas que aparecem no gabinete para um atendimento precisam
ser cadastradas. É necessário saber nome, data de nascimento, endereço, CEP,
telefone, e-mail, qual a preofissão,onde trabalha, até mesmo gostos pessoais (time de
futebol, religião), além do pedido que foi feito e o acompanhamento, se foi conseguido
ou não e por quê.
Neste sentido existem programas próprios de computador capazes de fazer
este cadastramento. É um produto caro, mas que será gasto uma só vez e todo
gabinete deve possuir um.
É importante ainda que no gabinete estejam disponíveis os telefones das
pessoas importantes da cidade, região, ou dos deputados de relacionamento com o
vereador. Qualquer mailling se torna importante, pois ter endereços ou e-mail de
pessoas é fundamental. Como por exemplo, lista completa dos médicos, dos
advogados, das sociedades de bairro, com endereço, telefone, etc., é fundamental.
Queremos destacar mais uma vez a importância que o vereador seja
informado periodicamente se as solicitações foram adequadamente encaminhadas e o
acompanhamento das mesmas. Pensamos que uma forma de acompanhamento
destas ações é fundamental porque às vezes o vereador pensa que as demandas e
orientações estão sendo realizadas e não estão.
Muitas poderão ser as formas de realizar este acompanhamento, mas uma
bastante simples e eficiente é a da reunião semanal com o político ou seu chefe de
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gabinete com cobrança detalhada das demandas apresentadas, das providencias
tomadas e do resultado obtido. Todas as demandas deverão permanecer na pauta da
reunião semanal até o momento da sua solução favorável ou não. O chefe de gabinete
tem especial importância nesta função e deve supervisionar se estão sendo registradas
adequadamente todas elas. Frequentemente o político quando no exercício do
mandato de deputado tem dois ou mais escritórios e nesta situação deve criar o cargo
de “chefe de gabinete adjunto” subordinado diretamente ao chefe de gabinete.
Algumas observações quanto à chefia do gabinete: O assessor que desempenha
este papel é a pessoa mais diretamente ligada ao político em mandato e com ele deve
despachar diariamente, mesmo que por telefone. É ele que o substitui e fala em seu
nome na ausência deste, portanto alem da competência deve ter toda confiança do
político e a este ser muito leal. O chefe de gabinete precisa estar o tempo todo
preocupado em destacar, manter e dar visibilidade ao “excelente trabalho do político”.
O chefe de gabinete é quem contrata e demite os demais assessores, pois é ele a
pessoa diretamente responsável pelo trabalho final de todo o gabinete e sua ambição
política pessoal deve ser crescer junto ao político e nunca parelamente a ele mesmo
que seja teoricamente complementado por exemplo o deputado federal ou estadual
ter o chefe de gabinete tentando uma destas duas posições ou quando vereador
ambicionar ser vereador enquanto seu líder ainda estiver nesta função.
Por ultimo e talvez o mais importante depois da lealdade é que o chefe de
gabinete tenha competência política e visão para ajudar a perceber situações
embaraçosas ou complicadores que possam atrapalhar o mandato e para isso além da
leitura de no mínimo quatro jornais diários (nacionais, estaduais e locais) ele deve ter
um relacionamento permanente e constante do conselho político e dele fazer parte.
Um dos entraves ao bom trabalho da equipe de gabinete é a disputa interna
pela atenção do político eleito. A ação de todos não deve ser em busca do sucesso
individual, mas sim o da equipe. Pessoas individualistas, mesmo que competentes,
devem ser retiradas da equipe. Outro grave problema é a formação de “panelinhas”
que buscam se alto proteger escondendo os erros e as incompetências da equipe. Isto
somente prejudica o trabalho do gabinete e se você perceber esta atitude o melhor é
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dispensar todos os envolvidos, pois a lealdade do grupo não é com você mas com o
próprio grupo.
Toda a equipe deve ser bem informada e a leitura diária de no mínimo dois
jornais é fundamental assim como a visita diária a sites de interesse como, por
exemplo, da prefeitura, das secretarias e dos ministérios sempre buscando destacar
projetos, informações e trabalhos que devam ser divulgados ou usados como
informação pelo político. As informações mais relevantes devem ser passadas
imediatamente ao político ou ao seu chefe de gabinete quando não ao seu chefe
adjunto. Nos dias de hoje outro instrumento a serem usados são os SMS e os email
para esta comunicação imediata.
ATENDIMENTO: FINALIZAÇÕES
Tudo o que puder ampliar o espaço político do vereador é importante. Desde
maior aproximação com políticos em geral – deputados, por exemplo, até novos nichos
eleitorais que podem ser abertos. Um cuidado apenas: não se deve abrir mais nichos
do que se pode cuidar, porque aí o vereador pode mais perder do que ganhar.
O gabinete nunca deve permitir que o vereador ande sozinho, é arriscado.
Ademais, assessores junto do vereador atuam politicamente quando andam pelos
bairros, por exemplo, e mais, estão sempre à disposição do vereador para atendê-lo,
quer na feitura da agenda, quer na lembrança de coisas prometidas, ou atendimentos
que aparecem nos pedidos que são feitos. O assessor deve antecipar os fatos e
imprevistos e estar sempre preparado para agir.
A máquina fotográfica é instrumento fundamental. Afinal, ela é a prova de que
o vereador esteve no bairro, e mais, pode ilustrar os jornais e comunicações que o
vereador faz de sua gestão. Inclusive no gabinete, uma máquina fotográfica é
imprescindível, porque um registro que se perdeu não volta mais. Se tiver uma
filmadora, melhor ainda. Se não tiver, alugue.
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PROJETOS DE LEI, MOÇÕES, ETC, ETC, ETC...
Vereador vota o que vem da prefeitura, apresenta projetos de lei, moções,
indicações, etc., etc., etc., as Câmaras possuem advogados e assessores que podem
auxiliar nesta tarefa, mas o ideal é que na sua equipe de gabinete haja pessoas
competentes para isso, afinal, o segredo é fundamental na vida política.
Tudo o que o vereador prometeu em campanha vem primeiro. Projeto de leis,
indicações, esforços para que o prefeito realize aquilo que foi prometido, enfim, o
eleitor votou no candidato e quer o ver realizando o que foi compromissado.
Uma das coisas mais importantes que todo vereador deve fazer é ter a certeza
daquilo que a população deseja realmente. Para este fim, é fundamental que haja uma
pesquisa de anseios comunitários para que se saiba aquilo que é de interesse dos
habitantes. Se, durante a campanha, o candidato tinha uma pesquisa e um mapa de
necessidades da população, aquilo que eles queriam para o bairro, etc, este
levantamento precisa ser utilizado, afinal, a pesquisa está pronta.
Para a feitura dos projetos de lei e a busca daquilo que o povo deseja, é
interessante se fazer audiências públicas em cada comunidade. Apenas, é sempre bom
deixar registrado, aquilo que o vereador se comprometeu a fazer deve ser feito, ou
pelo menos tentado. E mais: os munícipes precisam saber os passos do trabalho feito
pelo vereador. O pessoal da sociedade de bairro precisa ser estar a par do esforço
político feito, por isso um jornal informando tudo é sempre adequado.
Trocar projetos com vereadores de outras cidades é uma boa conduta. Não
apenas com vereadores de seu partido, mas onde se descobrir algo que possa ser útil
na sua cidade, copie, adapte e aplique.
Ademais, há sites especializados em administração pública que pode ser
consultado pelo vereador e sua assessoria. Lá existem boas ideias para serem
aplicadas, bastando apenas algumas adaptações.
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DIVULGAÇÃO DA IMAGEM DO POLÍTICO
Aquele velho ditado, já escrito inúmeras vezes, de que “Não basta a mulher de
César ser honesta, ela precisa parecer honesta”, se aplica mais do que nunca na vida
pública.
Assim, todos os canais de comunicação que um político possui à disposição
devem ser utilizados com maior ou menor intensidade conforme os interesses do
gabinete. Vamos a eles:
a) Site e mídias sociais
Primeiramente, todo vereador precisa ter um site. Este tipo de canal de
comunicação é mais abrangente do que os demais, pois no site cabem: história de vida
do eleito, projetos, fotos variadas de suas atividades, foto da família, projetos de lei e
demais solicitações à prefeitura, agenda semanal, enfim, é o mais completo dos canais
eletrônicos. Esse site deve ser atualizado diariamente com os ‘passos’ do vereador.
As mídias sociais são o “top” do momento, isto é, ficar fora delas é ficar fora do
relacionamento social mais em evidência que existe. Desta forma, o vereador pode ter
um “facebook” seu para as pessoas amigas que queiram acompanhá-lo. Por outro
lado, ele pode entrar em outros grupos, apenas fica o registro de que , quando em
outros grupos, o vereador precisa deixar de lado a sua conotação política, afinal, ele é
mais um amigo e os temas a serem abordados não podem ser o da sua vida pública,
pois senão dará a sensação de uma invasão, um aproveitamento inadequado do grupo.
É imperativo ser “light”, focado nos temas do momento, enfim, acompanhar o perfil
do “facebook” em que se encontra.
b) Cartas
Todo vereador tem um limite de cartas disponíveis para usar mensalmente
através do seu gabinete. Use e abuse o máximo possível. Comunicar-se com o seu
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eleitor, com uma comunidade em que tem votos, parabenizar os aniversariantes,
informar seus projetos é dar satisfação ao eleitorado da gestão que está fazendo é
mostrar que se importa com quem o elegeu. Ou ainda, com nichos novos de apoio, é
mostrar que é confiável e que está “dando duro” para conseguir aquilo que a
população deseja.
c)Cartões Postais
O envio de cartões postais é uma excelente forma de se comunicar com os seus
eleitores. Imprima-os com sua foto e com fotos que identifique suas ações, sua origem
e dados do seu trabalho. Além de pessoais e interessantes, cartões postais mostram
seu interesse na pessoa que o recebe.
d) Mídia bimestra – jornal
As cartas e os postais são limitados, o espaço é pequeno e devem usadas para
fins específicos. Bem diferente de um jornal impresso. Pode ser duplo ofício em sulfite
ou papel jornal, mas sendo de periodicidade bimestral, ele pode conter fotos,
testemunho de pessoas, a listagens dos trabalhos do vereador na câmara, enfim, é
mais amplo do que uma carta e o postal, mas tem a mesma finalidade: dar satisfação
ao eleitorado do trabalho que vem sendo feito. No contrato de trabalho com o
jornalista, você deve deixar claro que esta ação é periódica e deve ser feitas sem
necessidade de sempre ser solicitada. É comum que o excesso de trabalho faça com
que o jornalista não o faça com a periodicidade estabelecida. Caso o responsável pela
execução do jornal e do material de publicidade não cumprir os prazos verifique o que
esta ocorrendo e se necessário substitua o responsável.
e)Entrevistas em veículos de comunicação
Faça todas que puder. Quando convidado, não se esquive, afinal quem não é
visto, ouvido, não é lembrado. Se puder ajudar na elaboração da pauta do
entrevistador, melhor, pois aí poderá encartar o que é de seu interesse.
Vá pessoalmente a programas de rádio como audiência, sua presença poderá
motivar uma entrevista ao vivo. Utilize, como artifício de aproximação com o radialista,
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tratar de assuntos que o interessem. Lembrem-se todos gostam de ser valorizados,
terem o seu trabalho reconhecido e principalmente de receberem presentes.
MIDIAS ALTERNATIVAS: Faixas de rua
Existem cidades onde este tipo de procedimento é uma febre. Cuidado, faixas
elogiando o vereador, dizendo obrigado por algo conseguido, está na cara que foi o
próprio vereador quem encomendou. É preferível que o vereador assinar a faixa e diz
o que conseguiu para a população, em vez de por na boca do eleitor. Fica mais honesto
e mostra o trabalho feito do mesmo jeito.
Existe uma faixa pequena de 1m x 30 cm, que pode ser utilizada para chamar a
atenção da população, de algo que o vereador queira destacar, e ser confeccionadas
com as cores utilizadas na campanha para serem uma vinculação direta entre o
comprometido e o realizado.
Planejamento Estratégico
Sem isso, tudo fica mais difícil. Os assessores de campo (cabos eleitorais)
precisam estar com metas claras e definidas a cumprir e uma delas é fazer o leva e traz
de informações. O vereador precisa saber o que está sendo feito e dito nos bairros que
tem atuação principalmente. Mais ainda: é imperativo que o assessor faça a apologia
do vereador, elogiando os trabalhos feitos e toda a sua atuação em plenário,
conquistas junto à prefeitura, ou aos deputados, enfim, fique colocando na pauta das
conversas de bairro o nome do vereador.
As visitas
Uma prática pouco utilizada pelos vereadores são as visitações. Com medo de
serem interpelados, ou de pedidos que possa surgir, o vereador não vai às ruas,
preferindo enviar sua equipe de militância, os assessores. Com isso, perde excelentes
oportunidades de divulgação de sua imagem.
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Assim, é fundamental que o vereador considere as seguintes possibilidades de
espaço para que faça visitas, de forma a estar mais presente na vida da comunidade,
dando ao eleitorado a sensação de que o vereador está junto deles, no cotidiano na
busca de uma vida melhor:
É importante ter uma estratégia de visita planejada, antes mesmo de sair;
1. Anunciar na mídia onde será a visita
2. Anunciar no local a data e o horário de sua visita.
3. Estar sempre acompanhado de; fotógrafo, cinegrafista, assessor, amigos e etc...
4. Convidar a liderança local, que deve ser notificada previamente para estarem
presentes no local da visita.
5. Falar das visitas no plenário, em sessões anteriores e posteriores.
6. Colocar fotos da visita em seu site e informativos impressos.
7. Visitar todos os bairros, mas atender, prioritariamente, os que demandarem.
“Rádio-Peão”
O vereador deve organizar com seus assessores, companheiros de partido,
parentes e amigos, uma forma de divulgar suas atividades.
Cada companheiro deve procurar falar do excelente trabalho que o vereador
está realizando, citando seus requerimentos, indicações e, principalmente seus
pronunciamentos.
O próprio vereador, seu chefe de gabinete ou um assessor, deve manter
essas pessoas informadas e, deve sempre pedir a elas que divulguem suas
atividades, especificando a quem deve divulga-lás.
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VISITA A BAIRROS
A vida da população se faz no bairro. Lá está o comércio, o time de futebol, as
ruas que precisam ser asfaltadas, a escola, e lá é que surge também a falta de
segurança, os amigos, a vida social nos clubes, nas escolas de samba, enfim, a vida das
pessoas se faz ali.
Pois é justamente onde o vereador deve estar. Visitas aos moradores, aos
eleitores fiéis, aos amigos, cabos eleitorais, além de passear pelas ruas e pelos
equipamentos públicos para se saber como vaso as coisas de responsabilidade da
prefeitura é uma coisa que o vereador precisa fazer. É sentir “o cheiro do povo” como
se diz, porque é este mesmo povo que votou e pode votar no político novamente. Caso
o bairro tenha um líder comunitário procure visita-lo e ao falar com a comunidade,
cite-o em suas falas. Sempre faça um relatório destas visitas na próxima reunião da
Câmara e procure citar as pessoas que conheceu e falou.
VISITA A OBRAS PÚBLICAS
Visite todas as obras públicas, municipais, estaduais e federais. Toda obra é
motivo de satisfação para o morador, assim, o vereador aparecer na obra, “fiscalizar”
as coisas saber das necessidades dos trabalhadores, ouvir dos moradores como as
coisas estão caminhando é fundamental.
Ademais, em qualquer situação estranha no andamento da obra, em sabendo,
o vereador pode alertar da tribuna da câmara o fato, e mais: pode fazer indicações
para a melhoria do que está sendo feito, ou ainda solicitar mudança da linha de
ônibus, pedir mais policiamento e tentar, junto com sua bancada, o apressamento das
obras com a finalidade de se atender a população em menor espaço de tempo. Ser
visto nas obras é sinal de interesse pela coisa pública.
Setores da prefeitura
Tem vereador que não conhece a máquina pública. Não sabe onde ficam
setores vitais da administração e muito menos os responsáveis. É um erro
imperdoável. É importante visitar os setores e ter contato com chefias, facilita o
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tráfego de favores e agiliza as ações do vereador na resolução de problemas. Inorme
todas as visitas realizadas, suas observações, críticas e elogios na sessão seguinte da
Câmara, citando pessoas com quem falou e sua receptividade principalmente.
Visitas incertas ( à noite principalmente )
Fazer visitar incertas em Prontos Socorro, hospitais, é uma coisa que o vereador
deve colocar com, o obrigação semanal, sempre acompanhado de fotógrafo e
assessores. No final do dia, ao terminar um jantar , quando voltar de um evento,
passar no PA da prefeitura para ver como as coisas estão caminhando ajuda a dar mais
visibilidade ao político. Principalmente quando existe algum problema e o vereador
soluciona, além do que, o que foi visto deve ser comentado (favorável ou
desfavoravelmente ) na tribuna da Câmara.
Ademais, visitar escolas, centros comunitários, a APAE local, entidades, durante
o expediente para falar com a diretora do estabelecimento, ver o trabalho feito,
conversar com professores, incentivá-los, enfim, mostrar que está interessado em que
as coisas aconteçam a contento é um expediente de alto valor para a imagem do
político. Distribua cartões de visita e, preferencialmente, forneça um número de
telefone com o qual possam encontra-lo a qualquer hora.
Por fim , os eventos
Todos os eventos que a prefeitura realiza ou participa, é de interesse do
vereador. É uma oportunidade para aparecer junto aos demais detentores de mandato
e se puder falar na solenidade, não se deve esquivar porque fixa a imagem. Lembrem-
se quanto mais vezes falar em público mais segurança e facilidade terá em fazê-lo.
De outra parte, a oportunidade de estar com o povo quando este está
concentrado é muito bom, economiza tempo, pois ver muitas pessoas num só espaço
evita ter que fazer várias visitas. Nestas ocasiões o povo gosta de ouvir quem fala bem.
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Os assuntos nesta ocasião deve ser os que interessam a aquele público e quase nuna é
o relatório do que esta fazendo. Procure falar de coisas que o aproximem da plateia e
preferencialmente que eles concordem.
Contudo, é importante avaliar o bom e mau evento. Quem não é visto não é
lembrado e nos maus momentos nunca se deve estar presente, pois a imagem fica
associada àquele instante ruim em que a comunidade está revoltada com algo que não
foi feito, etc. Em momentos de revolta e decepção o melhor é ficar quieto e se
exponha o mínimo possível a menos que o problema seja realmente de sua
responsabilidade.
Postura geral e outros assuntos
Valem aqui algumas considerações úteis que ajudam na vida do vereador em
exercício de mandato:
a) As roupas: o vereador deve andar como sempre andou, mas deve se lembrar
de que agora é uma autoridade, assim, vestir-se com discrição e elegância é
fundamental. Há que use gravata o tempo todo, é chique e respeitoso. Nas sessões da
câmara, mesmo que se possa ir sem, é bom estar de paletó. Lembre-se que jeans hoje
é moderno e cabe em qualquer ocasião.
b) A equipe, igualmente não pode ir trabalhar de bermuda e camiseta regata.
Pessoal de rua, militância, tudo bem, mas no gabinete a roupa deve ser discreta e
elegante. Ademais a equipe deve ser discreta e nunca falar em nome do vereador a
não ser que ele autorize. O mandato é do vereador e às vezes tem assessor que se
esquece disto e quer ter a mesma importância, não permita isso. Quando o assessor se
referir ao parlamentar deve fazê-lo com destaque e respeito a autoridade que ele
exerce, por mais amigo que seja ele não estará se referindo ao amigo mas sim ao
mandato político por ele exercido. Diante de uma solicitação ou problema, mesmo que
o assessor tenha a solução pronta ele deve primeiro comunicar e verificar com o
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parlamentar a solução. Com isso mostra respeito ao cargo de liderança do parlamentar
e valoriza a solução do problema.
Na equipe todos têm que ter os telefones celulares e residenciais de todos, e
nunca um membro da equipe deve ficar fora do ar. Quem fizer isso repetidas vezes
deve ser excluído do grupo.
O vereador pode ter um “telefone vermelho” que somente uma pessoa sabe o
número, porque o vereador sim pode ficar fora do ar, mas deve ser achado a qualquer
tempo para questões de emergência.
c) Para os vereadores da situação, é de praxe o prefeito disponibilizar cargos na
administração pública. Às vezes o cargo é do partido, mas cidades pequenas o
vereador é o detentor do cargo que o prefeito oferece. Para exercer o cargo, o
vereador deve escolher pessoas leais, mas competentes, afinal é o nome do vereador
que está em jogo. Contudo, uma coisa deve ficar claro para quem exercer: o cargo não
é dele, por isso , ele não pode se sentir independente e totalmente isento de prestar
contas, ou atender aos interesse do vereador que o colocou, este sim o verdadeiro
detentos do cargo em questão. E, fundamentalmente, lembre-se que é um cargo
político e com ele deve-se fazer a boa política, sempre, de olho no interesse público e
coletivo, isso resultará em visibilidade e oportunidades para o parlamentar.
d) Da mesma forma, nem todos no gabinete podem falar ou pedir em nome do
vereador. Por isso, logo no início do mandato, o vereador deve caminhar com o seu
chefe de gabinete junto aos órgãos municipais e mostrar a pessoa, dizendo que na sua
ausência este e apenas este, fala pelo vereador. Isto evita a politicagem que muitos
membros de gabinete fazem, pedindo favores dos mais variados tipos, quer para seus
parentes, quer para eleitores e muitos destes membros do gabinete, nesta hora estão
fazendo seu próprio eleitorado com vistas a se candidatarem na próxima eleição. e)
Nos eventos públicos a equipe deve estar com o vereador, se não totalmente, dentro
de uma escala pré-estabelecida. Têm preferência para estar no evento, o cabo eleitoral
encarregado daquele bairro. Nesta hora a função do cabo eleitoral é proporcionar o
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máximo de exposição para seu vereador. E quase sempre em outro partido. E
confirmar com palavras e citações a escolha do voto dado.
f) Nos eventos internos do vereador (reuniões de partido, reuniões de bancada,
reuniões particulares) nem sempre a equipe deve ou precisa participar. O vereador
escolhe quem deverá ir, conforme o assunto e interesse. Os acordos feitos pelo
vereador com seus pares, ou com partido, ou com investidores são sempre sigilosos, e
o assessor não deve sentar à mesa. Da mesma forma que o assessor nunca deve “dar
pinta” que está a par dos acordos sigilosos, isto traz desconfiança ao outro quanto a
segurança de trabalhar com o vereador. Quem fizer isso deve ser excluído da equipe
porque quer ser mais do pode ser. É sempre com lembrar que compromissos políticos
são sempre fechados a duas partes, não existe segredo com três ou mais pessoas.
g) O bom relacionamento com o partido é fundamentais, inclusive com o
Governo Estadual e Brasília. O pessoal do diretório estadual e nacional gosta de quem
participa e está presente, além do que estar com eles pode surtir benefícios ao
vereador. Ele deve, no mínimo, bimestralmente, encontrar-se como a bancada do
partido, deputados estaduais e federais e com o diretório.
O adversário está lá fora
Samir foi um amigo excepcional e com ele aprendi muitas coisas na vida
profissional. Talvez a coisa mais importante de todas foi que ele deixava claro a seus
funcionários que a empresa era a família comercial de todos.Isto é, temos família de
sangue, família futebolística, enfim , vivemos em diferentes grupos no cotidiano, com
interesses diferentes. Mas nosso tabalho é o grupo da família comercial, por isso, os
que não são da família, a concorrência, devia ficar sempre lá fora.
Nada mais correto. De nada adianta eu transformar em concorrente quem está
na mesma família que eu.
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Na vida política, dentro do gabinete do legislador, a circunstância é a mesma.
Nossa família política tem que estar toda embuída dos mesmos objetivos. Dentro do
gabinete do eleito, na assessoria política formamos igualmente uma imesa família
cujos objetivos devem ser comuns e lembrarmos sempre de que os adversários estão
lá fora. Afinal, se formos competir entre nós, o inimigo já venceu, porque juntos somos
mais, divididos somos fracos.
Trabalhar em equipe exige sintonia entre os membros do grupo Porém, não é
difícil encontrar no gabinete pessoas dispostas a atrapalhar a produtividade dos
demais, seja por ciúmes, seja por vaidade, seja por quererem subir a qualquer custo e ,
agindo assim todos perdem.
A maioria das pessoas passa boa parte de suas vidas no ambiente de trabalho.
Saber se relacionar com pessoas que possuem gênios, caráter e personalidades
diferentes tende a ser a coisa mais valorizada no mundo político, afinal, política é
diálogo, conversação, enturmamentro e só com unidade de condutas e forma de
pensar igual e mais, procedimentos adequados, uma equipe se torna vitoriosa. Não
adianta o legislador ser competente se sua equipe não lhe ajuda na retaguarda que é o
gabinete.
Saber lidar com diferentes pessoas não é complicado. Há aqueles mais tímidos,
os criativos, etc. Entendendo o jeito de ser de cada um, será possível trabalhar em
equipe de forma harmoniosa.
Contudo, há pessoas cujo perfil prejudica o trabalho no gabinete. São aquelas
consideradas "difíceis" . Quem reclama demais, é agressivo ao falar, é dissimulado,
omite informações ou não mantém informações sigilosas do grupo, e ainda mais , não
respeita a ética e quer obter vantagens pessoais , e mais, os puxa-sacos que só pensam
em se dar bem, estas pessoas, precisam mudar, ou sair. Melhor ainda, se não
mudarem, a chefia do grupo precisa colocá-las fora, afinal, elas contribuem sempre a
favor dos problemas e não das soluções.
No mundo político , cada vez mais competitivo, os parlamentares estão em busca de
profissionais que colaborem com eles e não o contrário. Nós, brasileiros, somos puro
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relacionamento. E nosso foco deve swer sempre a harmonia e a resolutividade dos
problemas
Analisar com a equipe as metas a serem alcançadas, quais as melhores
estratégias, caminhos a seguir, além ( fundamental ) de indicadores de desempenho,
responsabilidades inerentes ao papel de cada um é fundamental para se ter uma
equipe eficaz, capaz de auxiliar o desempenho do mandato do legislador e garantir seu
retorno. O gabinete, através da equipe, é o melhor lugar de fidelização dos eleitores.
Por esta razão, vamos colocar alguns pontos aqui que merecem atenção constante.
a) Trabalhar sempre em equipe – Sintonia, sinergia , metas comuns e dividir
tarefas, pedir apoio, entender suas limitações e deixar que cada um faça o que
melhor sabe fazer para o perfeito desempenho da equipe. Ninguém sozinho
poder ser melhor do que todos juntos.
b) Ambiente de trabalho – Ninguém gosta de tensão. Há ambientes de trabalho
em que a tensão paira no ar. As pessoas se sentem mal, ameaçadas. São as
fofocas nos cantinhos entre os grupinhos que se formam, são os bate-bocas,
enfrentamento, dissimulações, hostilidades, enfim, se não houver bom
ambiente, as coisas não fluem. Da mesma forma, ninguém gosta de bagunça,
pois as coisas também não fluem.
c) Planejamento e organização – Todo trabalho do gabinete deve ser
devidamente planejado. Para cada situação um tipo de protocolo de forma a
todos saberem quais os procedimentos a serem tomados. Não dá para cada
membro do gabinete reagir e agir de forma diferente frente a situações
idênticas. Se assim for, ninguém pode acompanhar o trabalho que está sendo
feito; e mais, na ausência de um o outro não sabe o que fazer. De outra parte, é
imperioso que haja organização, disciplina.
O gabinete precisa estar arrumado, as coisas em seus lugares e todos precisam
saber onde encontrar o que se procura, caso contrário, se cada um tiver seu
“espaço próprio” para guardar os assuntos nos quais está trabalhando, quando
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este funcionário não estiver , ninguém sabe onde ele guardou o andamento do
atendimento.
d) Falta de retorno . Poucas coisas são tão lamentáveis do que a falta de retorno.
Pessoas que procuram o gabinete querem respostas e nem todas podem ser
dadas na hora. Mais que isso, precisam de favores que demoram a ser
conseguidos. Se os membros do gabinete sabem que é difícil e lutam para
conseguir, quem pediu precisa estar a par desta luta. É fundamental dar
retorno a quem procura o deputado, ou vereador. Há ainda outro tipo de
situação. Alguém do gabinete precisa de retorno do próprio gabinete e o
companheiro de trabalho não dá. Isto inviabiliza o trabalho de quem está
trabalhando para conseguir atender a um eleitor.
e) Falta de continuidade . Quem não dá continuidade a uma ação de
atendimento desistiu de atender, é a mesma coisa do que dizer “não”. Só que
pior, quem pensa que está sendo atendido , acvaba sendo enganado pelo
membro da equipe, pois espera por uma coisa que não virá, nem mesmo a
resposta de quem “ não foi possível atender”. Isto é enganar o eleitor e o
político perde realmente o voto.
f) Agenda . Agenda serve para marcar compromissos e segui-los. Mas esta ação é
apenas o óbvio. É preciso a “agenda proartiva” , isto é , aquela que o gabinete
constrói. Assim , descobrir ações de interesse do parlamentar e agendar
eventos que redundem em boas respostas eleitorais é criar condições para que
se obtenha mais votos, afinal o parlamentar, em descobrindo o problema, foi
atrás da solução, sem que lhe pedissem. Querem coisa mais simpática e
marqueteira ?
g) Definição de funções. Gabinete precisa ter funções definidas onde cada
assuntos, pela capacidade, ou facilidade dos membros do próprio gabinete, são
entregues a quem de direito. Assim, quem atende melhor o primeiro
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atendimento, deve sempre fazer isso; quem cuida de textos; quem tem
relacionamento em secretarias; quem conhece pessoas na vida privada para
atender demandas educacionais, esportivas, de saúde, e assim por diante.
Cada” macaco no seu galho” diz a sabedoria popular , e ela sabe o que diz.
h) Informações das ações que estão sendo feitas, todos devem saber como
andam as tratativas, senão alguém liga e quando quem está tratando do
assunto não está no gabinete a pessoa interessada não tem resposta.
i) Uso de quadro branco para assinalar coisas fundamentais.
Agenda do grupo quando for necessário, recados e ausências, pessoas que
virão procurar alguém que não estará e onde está o material necessário para o
atendimento. Há inclusive quadros com os dias da semana já divididos que
servem para se deixar à vista de todos a agenda , quer o gabinete, quer do
parlamentar.
j) Secretária. Secretária é sempre solução – quando faz sua parte – ou é sempre
problema – quando deixa de fazer o que lhe cabe para fazer outra coisa.
Secretária não pode se intrometer, nem decidir politicamente, ela faz o
trabalho andar aproximando as partes, abrindo caminhos, apresentando
soluções. A palavra vem de “secretum” do latim, isto é, segredo. E por quê?
Simplesmente porque ela acaba sabendo de tudo. Elo entre comandante e
comandados, ela atua nos dois polos do trabalho, por isso, se ela for eficiente,
ajuda; se quiser ser mais, pode se tornar o mais maléfico elemento do grupo,
pois ela tem o poder de contar a cada parte – comando e comandados – aquilo
que lhe convém. Há gabinetes que vivem a tirania da secretária. Se isto estiver
acontecendo, ela deve ser eliminada do contexto.
k) Por fim, fofoca, diz-que-diz , nem vou comentar isso, quem estiver nessa não
cabe na equipe e tem que ser riscado. Política é profissionalismo, e os
adversários estão lá fora.
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Concluindo, vale a pena ainda lembrar que nem sempre a culpa é da equipe, o
chefe precisa também ser lembrado porque é a conduta dele que precisa de
reparos para que haja mais harmonia dentro do grupo.
Num texto publicado pela UOL, lemos : “Tem gente que diz que chefe é como
nuvem: melhor mesmo é quando não aparece! Chefe é problema quando :
- Não aceita opiniões e sugestões
- Não delega funções, mas depois cobra pró-atividade
- Toma o crédito por ideias da sua equipe sem valorizar o grupo
- Levanta a voz e humilha o funcionário
- Quando o humor oscila .
- Tem medo de se arriscar em ideias novas
- Não se organiza, mas cobra organização
Chefe tem que entender que há uma diferença fundamental entre autoridade e
autoritarismo. Este é fruto da imposição que vem de cima para baixo, mas a
autoridade é um reconhecimento do comando sobre a capacidade do chefe. Obedece-
se não por imposição , mas por concordância, por reconhecimento. Chefe tem que
quer autoridade em relação aos comandados e nunca exercer de autoritarismo.
Assim , como se vê, a harmonia do gabinete é sempre fruto de uma conjugação
de esforços que envolve comandados e comandantes. Somente com um trabalho
integrado, com foco definido, esforço conjugado, é que o gabinete poderá de fato
cumprir sua função, qual seja , agir para fazer o parlamentar ter um mandato profícuo
capaz de reelegê-lo. Por isso, cuide da sua família e lembre-se “o adversário está lá
fora”.
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Questões delicadas
Existem questões delicadas que precisam ser colocadas aqui.
a)Eleito precisa de investidores, por isso, é fundamental criar vínculos com
empresários e pessoas de real importância com vistas a acordos futuros, mas sem
aviltamento. Assim, vale a pena lembrar que determinadas coisas “não são pecados
políticos”. Vamos ver.
Primeiro, o tráfego de favores – auxiliar quem está precisando contatos para
participar da administração pública, interferir para que pessoas se encontrem, fazendo
o que chamamos de “meio de campo” entre a empresa e o poder público de forma a
que a empresa seja cotada em convites eventuais feitos pela prefeitura. Por outro
lado, a agilização de processos, também não é pecado. Sabemos que muita coisa é
engavetada de boa ou má fé. Auxiliar para que as coisas saiam das gavetas é um ato
limpo que se pode fazer. Por fim, a abertura de espaços. Empresários precisam ter
acesso a deputados, por exemplo, e promover este encontro com vistas a uma maior
aproximação entre ambos não se constitui em nada pecaminoso.
b) Tem vereador que possui escritório fora da Câmara. Existem vantagens e
desvantagens disso. O problema é o custo – imóvel, equipamentos, pessoal, mas quem
puder fazer é bom porque permitem encontros políticos sigilosos, reuniões de
trabalho e de recreação com a equipe, happy hour com eleitores e empresários,
lideranças políticas, amigos. Enfim ter um espaço só seu, longe de todos é um bom
negócio. Uma outra alternativa é usar a sede do diretório municipal com esta
finalidade.
c) Cuidado com a corrupção. O momento é de transparência e apuração de
qualquer coisa que se faça fora daquilo que é permitido pela lei, passa a ser objeto da
promotoria. Assim se antes pregávamos uma política limpa, hoje mais do que nunca
desejamos que as coisas sejam assim, afinal o, somente com os bons exemplos os
políticos mudarão o conceito que a sociedade fazem deles.
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Seja honesto. Um vereador pode usar a política como meio e, mas nunca como
fim. Um meio de aberturas de portas (sem falcatruas), mas nunca com um fim em si
mesmo, pertencendo a “mensalões”, ou ganhando propina para votar projetos. Não se
esqueça nunca que, o melhor perfil de um homem público é uma boa história na
comunidade aliada e um bom trabalho no mandato. Procure ser assim.
d) Grupo político. Diria que é fundamental. Sempre que puder o vereador deve
ter aliados fiéis na câmara, gente que vote junto, que forma grupo. Quem está sozinho
jamais vai conseguir alguma coisa. Normalmente a aproximação se dá via partido, mas
além disso se for possível criar um grupo parlamentar, supra partidário, é
importantíssimo porque tudo na política é decidido no voto e quando vereadores
estão unidos passam a ter maior peso. A importância, na verdade, a expressão aliança
política é um eufemismo (às vezes até pode ser que aconteça), mas o que existe é
sociedade no poder. Isto é, partidos aliados com o governo devem participar das
decisões e dos cargos. É assim em Brasília, é assim nos Estados e é, assim nos
municípios. Leve isso sempre em conta: vereador precisa ter importância política, isso
ocorrerá a partir de sua ação em grupo, seja no governo ou no na oposição.
Costuma-se dizer que aqueles que estão no poder, no cargo, só perdem o que
têm por fatalidade, ou por inépcia. Quem tem mandato tem que cuidar dele e
somente com trabalho isso será possível. Mais ainda, trabalho e inteligência, um só
destes elementos não basta. Nunca pense que você está isento de ameaças ou erros
porque é vereador. Os que se julgam mais sabidos, geralmente são os que saem
primeiro. Por isso, trabalhe honestamente e sirva ao povo com dignidade e honradez.
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I-Confiança e Poder.
O nosso último livro “ Marketing Político – fidelize seu eleitor e vença sempre” ,
está esgotado e muitos de nossos leitores gostariam que a obra fosse reeditada, o que
no momento não é de nossa cogitação.
Contudo, alguns assuntos abordados, por solicitação de nossos leitores serão
reproduzidos e ampliados nesta obra e com isso esperamos atender a todos que nos
pede a segunda edição daquela obra. Assim , vamos lá.
O ser humano tem uma necessidade natural de confiar. É preciso confiar em
alguém, ou em algo, ou numa instituição. Por isso, os patuás de toda sorte, os
amuletos que vencem os séculos, as imagens, as orações infalíveis, as simpatias, além
das religiões que se proliferam. Mas não é somente isso. Depositamos confiança na
família, nos amigos, no médico, nos mestres. E além destas esferas meramente
individuais, há a confiança nas instituições: no governo, no meu plano de saúde, na
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escola em que matriculo meu filho. Esta é a mesma confiança a qual se deposita no
político em que se vota.
Há uma confiança tácita por parte do eleitor quando ele escolhe o detentor de
seu voto. Há uma dose de esperança muito forte na busca de se conseguir a
concretização dos sonhos, por isso é que se vota, se escolhe. E como toda escolha, há a
possibilidade da confirmação das expectativas ou da decepção – aliás, o que mais se
tem tido é decepção no meio político.
O escolhido se esquece (ou talvez nem saiba) que escolher não é um processo
passivo, ele exige a vontade de quem escolhe. Mais ainda, uma escolha nunca é
perene, nem mesmo nas relações pessoais como o casamento, ou até mesmo na
religião – quantos estão mudando seu templo, sua fé, e se mudamos na relação com
Deus, imagine-se na relação com os simples mortais, ainda mais quando este mortal é
um político e sabemos de seus “pecados”.
A escolha requer alimentação constante para que o elo não se rompa, quer
pelo distanciamento, quer pela decepção, ou ambos. Aliás, todo ato de confiança é
diretamente proporcional ao volume de pessoas que confiaram assim as decepções
são igualmente maiores ou menores. Não nos esqueçamos de Jânio Quadros
Neste sentido, é sempre bom lembrar que confiar pressupõe momentos
distintos. Primeiro, como a confiança foi adquirida, isto é, o que motivou a confiança a
ponto de, no caso, receber o voto de alguém - aliás, já foi demonstrado que o
candidato é um sedutor, e este jogo de sedução faz parte do processo eleitoral. Pois
bem, a confiança advém daí, dos motivos que originaram esta sedução. O eleitor se
prende ao candidato por uma série de fatores, e estes fatores, quer sejam suas ideias,
seu jeito de falar, seu charme são os elementos que contam para promover o primeiro
elo de confiança.
Segundo, é preciso levar em conta qual a natureza dessa confiança e até onde
ela se manterá fiel. Em outras palavras, quais os indicativos que o eleitor possui para
“ver” que o candidato está realmente cumprindo aquilo que prometeu, aquilo que o
faz ser digno da confiança do eleitor.
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E em terceiro, qual o uso que o beneficiário faz da confiança recebida. Muitos
eleitos acham que encontraram o seu “pote de ouro” ao adquirir o mandato e passam
a cuidar apenas de seus próprios interesses. Os que o elegeram ficam sempre no
segundo plano de suas ações político-administrativas dentro do mandato que
possuem. Se o eleitor não se sentir prestigiado, a confiança começa a decair.
Há políticos que entendem os seus votos como um patrimônio que lhes
pertence, o que é em parte verdade, mas não para todo o sempre. Entendem os votos
que tiveram como se fosse a escritura de um terreno, a posse de um carro, um bem
material enfim. Neste sentido é bom lembrar que voto não se dá, se empresta e por
quatro anos. Se o tomador do voto retribuir com juros e correção monetária, o
empréstimo pode ser renovado, se não.
Há políticos, de outra parte, que sabem isso muito bem e, como pretendem dar
o calote em quem fez o empréstimo, se elegem com os votos de uma fatia da
população e desde o primeiro momento do mandato, começam a fazer promessas
para as outras fatias da população. São os políticos que vendem, mas não entregam, e
passam a vida inteira sendo candidatos, em meio a promessas e venda de sonhos, ora
para uns , ora para outros, mas sem nunca realizar os sonhos de ninguém. Não servem
para a vida pública porque não pensam no agora, e sim em como será o seu próprio
amanhã.
O Brasil é mesmo especial, aprimorou o processo de eleição, define com leis
exigentes o momento da campanha, mas o exercício da política que é o mandato
continua sendo absolutamente caótico e imoral. A lei partidária busca proteger os
partidos, as lei de combate a corrupção são facilmente fraudadas e quase nunca tem
interesse em punir o corruptor, não há lei que obrigue o eleito a devolver o voto. Já foi
dito que o eleitor deveria dar queixa ao Procon quando um político não cumpre o que
prometeu. É fraude, publicidade enganosa igualmente a qualquer produto mentiroso
que a propaganda bem urdida nos impingiu. Em termos eleitorais, o Brasil pensa em
tudo, menos num Procon político. Na verdade hoje na Camara e no Senado já
tramitam leis para atender estas demandas mas tem sua tramitação lenta e sem muito
interesse dos parlamentares.
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Contudo, apesar de estarmos um tanto quanto “órfãos e desamparados”, há
que se acreditar que a mudança é possível, pois se assim não for, rasguemos os títulos
eleitorais e partamos para a baderna generalizada. É imperativo acreditar que surgirão
políticos capazes de elevar a Política ao patamar que ela merece.
Nos últimos meses vimos varias manifestações na rua convocadas pela internet,
discutindo coisas específicas com o aumento das tarifas do transporte público, a falta
de segurança e a péssima qualidade da saúde pública. Só que ninguém consegue fazer
politicamente nada, sem fazer parte do processo político partidário. Portanto se quiser
mudar algumas dessas coisas solicitadas nas manifestações, isto é, ser um bom
prefeito, governador, presidente, ou no legislativo deputado, senador, vereador, tem
antes fazer uma coisa fundamental: vencer a eleição. Por isso, toda a esperança, todos
os anseios passam pelo processo político, assim, não há como virar as costas para esta
constatação: sem escolher bem, sem fiscalizar bem, não há como se depurar e ficar
com o trigo.
Por isso, o desempenho do eleito é fundamental para que não apenas ele volte,
mas volte por merecimento. Da mesma forma que nos mantemos fiéis a uma marca –
de carro, TV, cigarro – assim o é com o político. Aqueles que respeitam o voto e
cumprem as propostas feitas, merecem ser reconduzidos, até por aqueles que não
votaram nele da outra vez.
O eleitor é um cliente a ser satisfeito. Ao dar seu voto está comprando
esperança e desejo de mudanças, e para tê-lo fidelizado é preciso de alguma forma
responder a esse apelo de forma que, não seja perdida a confiança inicial que motivou
a escolha.
De candidato a político
Lembremos de que ao ser eleito deixa de ser o candidato e passa a ser o
político eleito e todos os motivos pelo qual o candidato foi escolhido – renovação,
reeleição, bons projetos - desaparecem no dia imediato à posse porque o povo já
espera os resultados de imediato. Aqui está um dos primeiros grandes problemas do
mandato político e consequentemente da fidelização, pois no inconsciente coletivo da
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nossa sociedade atual, o político não tem credibilidade, não trabalha o suficiente e
está envolvido em falcatruas e corrupção, por isso quem vota quer logo a confirmação
de seu acerto na escolha. Essa é uma grande diferença entre a compra de uma
mercadoria e a eleição de uma pessoa. Como as pessoas quando fazem uma compra,
podem ficar em dúvida ou até se arrepender de sua compra, e neste caso devolverá a
mercadoria ou tentará vende-la. O mesmo sentimento pode ocorrer e ocorre
frequentemente com o voto dado pode haver o arrependimento, mas como não dá
para devolver o produto, começam a falar mal do eleito que não foi capaz de mostrar
trabalho logo de saída. Acrescente-se a isso o fato de que somente os acontecimentos
ruins chamam a atenção da mídia e dificilmente notícias boas, renovadoras acontecem
no começo do mandato, todo início sempre será difícil. A insatisfação com os políticos
é ainda piorada pelo fato que grande parte dos eleitores rapidamente esquecerão em
quem votou (o produto comprado), porque nossa sociedade ainda vê a política como
algo supérfluo, um modismo que acontece de tempos em tempos .
Para finalizar e necessário criar fatos políticos; faça visitas aos líderes da sua
base eleitoral, compareça a encontros organizados pela sociedade. Lembrando sempre
de manter a postura esperada de um político.
Como 80% dos eleitores não procuram os eleitos durante o mandato, somente
a divulgação adequada do trabalho político , já que neste caso se cria a versão
adequada dos fatos é que dará a dimensão do sucesso parlamentar. Este é um outro
principio da fidelização , que se bem observado dará renome ao eleito, mesmo porque
é importante destacar que como qualquer cliente, o eleitor somente prestará atenção
àquilo que lhe interessar pessoalmente, ou àquilo que for novo, inusitado e
principalmente se tiver ou provocar emoção, por isso criar a versão do fato dentro da
visão do parlamentar é fundamental para apresentar o eleito ao seu público, afinal ,
este é quem sabe quais são os anseios reais de seus eleitores ( ou pelo menos deveria
saber ) . Lembre-se que a divulgação da sua ação política deve ser feita com
competência e constância, pois a versão do fato é sempre mais importante que o
próprio fato.
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Vale ressaltar o que já dissemos várias vezes sobre sedução. O eleitor é sempre
seduzido pelo parlamentar através das causas que este último defende. Isto cria um
elo sentimental entre eleitor e parlamentar. Quando isto ocorre, a fidelização passa a
existir. Como se vê, a política também é uma questão de paixão, como o futebol. O
parlamentar e sua assessoria devem acompanhar e defender as bandeiras que o
levaram elegeram, mas ao mesmo tempo, identificar e se interar com bandeiras
novas, preferencialmente complementares aumentando assim seu público e possíveis
eleitores.
Como no comercio, o político precisa lidar com o problema da elição (Venda) e do
mandato ( Pós-venda).
Apesar de que o primeiro passo, para quem quer viver no mundo político, é vencer
a eleição este não é o maior problema. O maior problema é se manter nesse mundo e
atender as expectativas dos seus eleitores. Aliás, ele se assemelha muito à venda.
Quem mexe com marketing sabe que a venda não é o crucial; difícil mesmo é o pós-
venda.
Um experiente vendedor costumava dizer que seria capaz de vender qualquer
coisa desde que achasse o produto certo, o preço razoável, um bom ponto de venda e
fizesse a promoção correta. No fundo ele se referia aos 4Ps do marketing – hoje fala-se
em 6, 8 12, vinte tantos Ps, mas para Philip Kotler, os 4Ps iniciais continuam sendo os
únicos que contam ou seja: PRODUTO, PRAÇA, PROMOÇÃO e PREÇO.
Assim, a eleição não é o grande bicho-papão que os políticos encontram no
caminho de sua vida política. O que quero dizer é que, sempre há um bom discurso,
uma boa imagem, boas promessas a serem oferecidas à população. Mais que isso,
sempre há um novo candidato a se contrapor com os velhos que lá estão. Geralmente,
há uma série de reivindicações não atendidas, promessas não cumpridas por parte
daqueles que já possuem mandato. A sabedoria popular – que costuma estar sempre
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certa - afirma que em matéria de eleição existem dois tipos de candidatos, os que
querem entrar e dizem que os que lá estão nada fizeram; e os que já têm mandato e
tentam provar que merecem continuar. Os seus adversários políticos explorarão todas
as suas falhas e diminuirão ou não citarão suas virtudes. Cabe a você dizer o quanto
seu mandato foi proveitoso e fazer com que todos creiam nisso, mostre a todos o que
fez e o quanto isso foi bom.
No fundo, aqueles que não mostraram a que vieram, vão ter dificuldades para
se reelegerem. A confiança decai a cada decepção do eleitorado. O cheque em branco
dado no pleito começa a parecer sem fundos e se apresentar novamente ao eleitor
para prometer aquilo que já prometeu e não cumpriu, começa a ser um drama.
Numa reunião com estudantes secundaristas, após o palestrante, treinado em
fazer marketing político, ter falado do seu candidato, de todas as suas ideias e
predisposição para fazer uma porção de coisas, um estudante o interpelou “Ele já é
vereador?“, e o marketeiro respondeu que sim, ao que o estudante imediatamente
contrapôs: “Então, por que ele já não fez tudo isso que está dizendo que vai fazer”.
Mesmo com ampla experiência de vida política, o palestrante teve dificuldades para se
sair bem da enrascada em que se encontrou.
E por quê? Simplesmente porque se eleger não é tão complicado, reeleger-se é
complicadíssimo. A despeito de toda a experiência que um político adquire na vida
parlamentar, aliada a todas as facilidades que um mandato oferece, reeleger-se é
tarefa árdua. É o que me disse o vendedor lá atrás, a compra é fácil, duro é a
recompra.
Para se entender isso, é imperativo se falar um pouco sobre fidelização
primeiro, cotejando algumas assertivas do marketing tradicional em paralelo com o
marketing político.
Não basta o o eleitor (cliente) satisfeito, é preciso o eleitor (cliente) fiel.
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Satisfazer o cliente deixou de ser algo espetacular para se tornar obrigação de
quem atua no mundo empresarial. Comprar num determinado local - padaria,
supermercado, loja de calçados, etc - não é uma fatalidade, é uma deferência que
alguém faz ao escolher uma determinada empresa para atendimento de suas
necessidades e carências. Na política também votar em alguém apesar de ser uma
obrigação legal, é também uma deferência a uma pessoa, a um partido, que deverá
atender as suas expectativa.
No passado, tanto no mundo empresarial como na política, não era assim.
Quem está na casa dos 50 anos deve se lembrar. Houve um tempo em que não havia
supermercados, e as compras da casa eram feitas no armazém. Cada cidade do interior
tinha lá seus dois armazéns, ou pouco mais, assim como os bairros de São Paulo. As
donas de casa iam até o balcão, faziam seus pedidos, o vendedor – que era o maior
propagandista da casa, ia atendendo, “empurrando” as novidades, e ao final, a compra
era entregue geralmente num saco de pano branco – cortesia da casa. Não se escolhia
o arroz, porque não havia variedade, era sempre o mesmo, pesado na frente do
cliente. Da mesma forma o feijão, o macarrão. Óleo, só a granel, e a dona de casa
levava sua garrafa vazia para ser cheia na hora. Hoje temos marcas diversas e
oportunidades de escolhas. Na política aconteceu o mesmo, antigamente devido a
dificuldade na comunicação, a dificuldade em transpor distancias as escolhas eram
menores e feitas sem muita informação. Hoje a comunicação é imediata, as
informações sobre os candidatos e os políticos totalmente disponíveis o que faz com
que a cada dia, o eleitor, aprenda que votar é um ato de sua escolha levando em
conta a sua preferência momentânea.
Como seu vê, houve um tempo em que a opções eram praticamente nenhuma.
Comprar naquele armazém era uma fatalidade e quem não o fizesse não teria as
mercadorias que precisava em seu lar. Na política a comunicação era lenta, e a
dificuldade locomoção fazia com que os políticos não pudessem comparecer,
constantemente, em seus redutos eleitorais. E como a comunicação com eleitores, o
ocorria, apenas por jornal e rádio, o político era visto com uma figura mística e sua
presença na cidade ou no bairro, era um evento.
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Hoje a vida é outra. Escolher faz parte do cotidiano porque as ofertas são
inúmeras, e isto mudou a relação entre a produção e o consumo. Num mundo
altamente competitivo, com excedentes de produção, a luta pela clientela se tornou
uma questão de vida ou morte, por isso a fidelização de clientes passou a ter um
destaque especialíssimo no mundo dos negócios. Obras e obras vêm sendo escritas
sobre o tema e o chamado marketing de relacionamento se constitui hoje num ponto
fundamental para a solidificação de mercado, principalmente porque o cliente ficou
exigente. Frente às possibilidade de escolha, ela sabe o que melhor lhe convém.
No mundo político, não é diferente. O eleitor não ”quer” o “produto mais
barato” ou o “melhor produto” porque ele sabe consciente ou inconscientemente que
nem tudo é possível, portanto ele quer “bons produtos”, ou seja, ações políticas que o
interessam, e , sobretudo, que o político ao mostrar interesse em atender suas
necessidades o faça com trabalho, dedicação e honestidade, porque assim ele se
mantém fiel.
A fidelização de clientes está dentro de um estudo mais amplo denominado
CRM – Customer Relationship Management , que visa estabelecer relacionamento com
os clientes . A experiência tem demonstrado que a satisfação dos clientes não é apenas
uma questão de bom produto ou serviço, isto porque, a avaliação do cliente continua
após a compra. Todo consumidor espera prestação de atendimento adequado e
quando isso deixa de acontecer, há uma quebra de relacionamento entre ele e a marca
e/ou produto e/ou serviço, motivando a busca de outro fornecedor. Na política
também ocorre algo semelhante, mesmo com trabalho duro, dedicação e honestidade
durante o mandato, o político não é reeleito.
A soluções nas empresas foi, investir em Marketing de Relacionamento na
esperança de manter seus clientes, sabe-se que estes trazem novos clientes, na
propaganda ‘boca a boca’, e mais ainda, sabidamente conquistar um cliente novo
custa cerca de 5 vezes mais do que manter os atuais, dizem as pesquisas, afinal a
concorrência é grande. Assim, estimular a lealdade à marca depende mais da própria
marca do que do consumidor. O princípio na política é o mesmo, é preciso criar um
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marketing de relacionamento, assim, levando a informação dos feitos do parlamentar
no ‘boca a boca’.
E o que significa fidelizar? Os dicionários definem como fiel àquele que é digno
de fé cumpre aquilo que se com prometeu, sendo leal, verdadeiro, íntegro, amigo. Na
vida empresarial cliente fiel é aquele que se envolve até com a marca, luta por ela, faz
propaganda, tem orgulho de possuir um produto daquela marca. A Harley Davidson
que o diga. Por isso, a fidelização é mais uma questão de cérebro do que de suor físico,
requer planejamento, compromisso e visibilidade com o cliente.
No mundo político não é diferente. A definição de cliente fiel se aplica ao
eleitor fiel, desde que o eleito seja digno de fé, amigo, leal, etc, mais ainda, o eleitor
fiel se assemelha muito ao torcedor fiel: defende seu time, tem orgulho dele, se
apaixona por ele, vira seu propagador. E qual político não gostaria de eleitores assim?
Dicas úteis sobre o exercício de um bom mandato e a fidelização de eleitor
Se você quer fidelizar o seu eleitor é necessário que trace um plano com esse
objetivo e o siga. Não se trata de conselhos infalíveis, mas a prática política considera
como sendo importantes algumas ações fundamentais para fidelizar o eleitorado.
Abaixo seguem algumas delas, as quais poderíamos chamar de dicas de fidelização.
1) Crie um núcleo de pesquisa
Não é porque acabou a eleição que a opinião dos eleitores não interessa mais,
ao contrário, agora é que ela é mais interessante. No fundo, por onde é que o
parlamentar vai começar a executar as ações prometidas em campanha.
Será que ele terá o apoio do executivo para cumprir suas promessas?
Como a primeira impressão é a que fica, qual é a primeira impressão que o
eleito está causando no seu eleitorado?
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Além das ações prometidas em campanha que precisam ser executadas, que
outras ações serão ainda necessárias?
Afinal da campanha para o exercício do mandado houve um espaço de tempo
e como a vida social é dinâmica, quais problemas novos surgiram e merecem a atenção
do parlamentar?
No fundo o que se quer dizer é que não há como saber se a conduta de um
político é ou não correta se não houver pesquisa.
O que vale a pena considerar aqui é que geralmente os institutos cobram caro,
e nem sempre há verbas para isso. A solução é criar seu próprio grupo de pesquisa.
Um elemento da equipe de gabinete seleciona pessoas, treina e põe na rua à busca de
informações precisas sobre os mais variados temas: o que pensa o eleitorado nas
bases do candidato, o que pensam os outros eleitores, o que deseja a maioria da
população, quais as ações que precisam ser feitas para atender os anseios gerais. Mais
ainda, é preciso segmentar a pesquisa por localidade, sexo, renda familiar, condição
social, escolaridade, e até religião se for o caso. Depois vêm as perguntas específicas,
envolvendo as necessidades dos diferentes segmentos sociais ou localidades. Inclusive
é possível se fazer uma avaliação da administração - quer ela esteja iniciando ou em
andamento.
A uma diferença importante entre pesquisa de campanha e pesquisa de
acompanhamento de mandato. Na hora da campanha, o ritmo exigia uma aceleração
de pesquisas eleitorais, inclusive com questões extremamente objetivas – quem está
na frente, onde, quanto por cento, etc. Na pesquisa de diagnóstico, para os que têm
mandato, o que vale é o discursivo, o detalhamento, o maior número de informações
possíveis, por isso a equipe precisa estar treinada e saber os reais objetivos da coleta
de dados. Com as informações na mão, a equipe mapeia a cidade, aloca os diferentes
anseios de cada região, pode iniciar um planejamento de ações com o fim específico
de atender à população e programar condutas que possam atingir diretamente os
eleitores. Se o candidato sabe o que o povo quer, ele sabe por que trabalhar e quais
são as ações para tornar ainda mais sólido o relacionamento seu com os eleitores.
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Mas como saber o que o eleitorado quer ver, ouvir e sentir?
Quase sempre perguntas diretas podem mostrar as necessidades, medos e
angústias dos eleitores e como atendê-los nas suas necessidades. Por isso, a pesquisa
pós-eleitoral é mais qualitativa.
Devemos lembrar que os jornais, revistas , publicações especializadas e sites
estão a todo tempo dando pistas do que a média da população deseja, pensa e quer.
Nestes veículos encontramos ainda qual a linguagem correta para os “approaches”
corretos.
Se bem pesquisada, a massa sempre diz quais os caminhos a seguir para
atender o eleitor (comprador), e assim, baseado na emoção e no desejo satisfeito,
fidelizá-lo na compra do produto, o candidato.
Por fim, vale lembrar que, sempre, deve-se buscar mais o emocional do que
real e em última análise isso deverá nortear o marketing pessoal e político.
Para a realização das pesquisas e outras despesas de fidelização, conte com
recursos partidários criados por você e seus assessores através de um dízimo, afinal a
manutenção do mandato e a correta prestação do serviço público, interessa a todos.
2) Depois da campanha vem uma nova campanha
A fidelização começa logo após o resultado da eleição, tanto para quem ganha
como para quem perde. Tem candidato eleito que “tira umas férias” logo no dia
imediatamente após os resultados. Todos os eleitores já começam a dizer que ele “foi
gastar em viagem com a família o dinheiro de campanha” ou então “ bastou ganhar
que sumiu do circuito”.
Fidelização se faz a partir do dia seguinte.
Agradecer a equipe é fundamental. Há candidato que se esquece de agradecer
ou não liga para isso porque todos “já receberam o salário”. Preferencialmente alem
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das palavras de uma festa , ofereça pequenas lembranças da campanha como fotos
em que cada um aparece e demonstre seu agradecimento com palavras, aperto de
mão, abraços, sorrisos e novas que deverão ser enviadas a cada um. Lembre-se de
também agradecer os eleitores em entrevistas pela mídia, faixas, outdoors, cartas, etc.
Reafirmar os compromissos assumidos, pela imprensa ou indo diretamente às bases,
aos bairros que o consagraram, agradecer às entidades que atuaram e mantiveram
apoio para que a vitória fosse possível é simples e necessário.
Reúna os coordenadores das equipes para um balanço do trabalho feito com
toda a equipe. Os coordenadores de grupo, ou de tarefas, sabem quais os elementos
da equipe que são bons e devem ser aproveitados de imediato. Como
aproveitamento de todas as pessoas do gabinete não será possível, você deverá criar
situações que permita a valorização de todos, e demonstrar o tempo todo que se
preocupa com o não aproveitamento de alguns. Além do mais é preciso dar à equipe a
certeza de que todos, no tempo certo, sentarão à mesa na hora da fartura que virá,
uma vez que todos dividiram o pão magro dos tempos de campanha.
Não há político de carreira vitoriosa que tenha virado as costas para seus
assessores diretos. A fidelização entre o político e seus eleitores começa a se tornar
sólida através do trabalho destas pessoas.
Avaliando o desempenho demonstrado ao longo da campanha, ou ao longo do
tempo, se pode fazer a uma boa seleção no sentido de se ficar com as pessoas mais
competentes e leais sejam progressivamente aproveitadas.
Esta equipe em formação deve começar a fazer reuniões de trabalho para já ir
deixando alocadas as pessoas certas nas tarefas que surgirão. Os pedidos da massa de
eleitores serão sempre muitos e não dá para dizer sim ou não simplesmente. É preciso
saber o que se pode ou não se pode fazer individualmente para os que pedirem o
auxílio do candidato eleito. Só que, muito cuidado nesta hora. Dizer um NÃO redondo
é confirmar a fala popular de que “tá vendo? São todos iguais bastou entrar que já me
vira às costas”, e isto começa a propagar e a manchar a “marca” do eleito. Por isso
sempre encaminhe o problema para onde possa ser solucionado, buscando e usando
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as informações existentes no Executivo, Legislativo e Judiciário e até mesmo na
iniciativa privada.
O fundamental é que mostre interesse no problema do seu eleitor, e
principalmente, seja criativo na busca de soluções.
Seja como for, logo após a eleição, a vida continua para todos com mandato,
com cargos ou sem eles e todos precisam sobreviver e se puder ajudar ou partilhar,
faça isso. Lembre-se o mais importante, começa uma nova campanha. Claro que mais
longa – dura 4 anos – com um formato novo , calcada em outros pontos de apoio – das
promessas às realizações, mas começa outra campanha. Estar atento à fidelização é
nunca se esquecer disto.
3) A malha de influência
Uma das coisas mais difíceis de montar, e a primeira coisa a se preocupar, é
sempre, a equipe. Por esta razão, a pessoa certa para o lugar certo, uma máxima bem
antiga, deve sempre estar em mente na formação do grupo que irá trabalhar com o
político em seu mandato.
É necessário que a equipe possua algumas pessoas capazes de pensar a vida
pública do eleito e criar ações que darão mídia e mais notoriedade, outras pessoas que
sejam capazes de organizar as ações, e uma grande quantidade de pessoas que irão
operacionalizar a vida pública do político eleito. São os assessores de bairro, os
assessores ligados às instituições que deram apoio e até mesmo as pessoas que
atenderão o público individualmente em inúmeras tarefas cotidianas – internações de
pessoas, matrículas em escolas, advogados para atender às demandas judiciais que
aparecem: enterros, cartas de apresentação, enfim, a rotina que qualquer gabinete
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possui. Todos deverão ser apoiados pelo fundo partidário, criado por aqueles que
percebem salários e provimentos, em decorrência do mandato.
Contudo, existem os cargos públicos – e a escolha certa dos locais onde ter os
assessores e as pessoas para o desempenho destas funções, é fundamental.
Geralmente político eleito acaba tendo cargos a seu dispor, sem contar os cargos de
seu gabinete em especial, todo político tem cargos dentro da própria máquina
governamental. Selecionar bem estas pessoas é importantíssimo, porque elas, apesar
de estarem prestando serviço público, devem saber de antemão que exercerão cargos
políticos por conta de quem tem o mandato e por esta razão, deverão auxiliar no que
puderem a visibilidade da vida do parlamentar que as colocou onde estão. Os cargos
pertencem ao político e não ao escolhido por ele, costumeiramente os políticos se
perguntam “com quem está a secretaria tal”, ou “o órgão tal”, ou ainda “quem manda
no setor tal” e por quê ? Porque são feudos políticos que passam a agir a bem do
serviço público (esta é sua função), mas a bem também de alguns senhores feudais
que dominam espaços, pessoas, e fazem com isso o tráfego de influências que o
governo possui, não importando a esfera, se municipal, estadual ou federal. É assim
que a máquina trabalha para os seus políticos.
O que querem os partidos que fazem parte da base do governo em Brasília?
Ministérios, cargos, enfim, participação no poder, e isso é normal, ocorre em todas as
esferas políticas. Por isso, é importante ficar de olho nos melhores espaços, nos
melhores órgãos e ocupar o que lhe pertence com pessoas capazes e de confiança.
Lembre-se, quando você não ocupa um espaço alguém o fará. Quando você apoia
politicamente alguém, na vitoria deste você deve receber espaço político para ser
ocupado por seus aliados, que deem visibilidade política ao grupo. Caso o acordo seja
rompido vá para a oposição se não for conveniente de forma explicita o faça utilizando
sua inteligência e habilidade política.
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4) Não dá para se esquecer do “dono do voto”
Já falamos anteriormente que o voto é do eleitor, ele “empresta” ao candidato
eleito e pode tomá-lo na eleição seguinte caso o eleitor não seja mais fiel porque
deixou de acreditar no político – não é mais fiel, portanto, não tem motivos para
repetir o voto da eleição anterior.
Na esfera empresarial, o marketing dá um nome a isso: pós-venda. Pois bem,
existe o pós-voto. Vencida a eleição, as cobranças começam e aí, de fato, é que o
trabalho político terá início. Por esta razão, todo e qualquer político eleito que se
esquece do eleitorado corre sério risco.
Como dissemos anteriormente, a primeira ação de fidelização é visitar as
bases eleitorais. Com grande expectativa, há uma espera silenciosa por parte do eleitor
em relação ao eleito: quem deu o voto quer o reconhecimento. E isto se faz cara a
cara, se puder, mão estendida, olho no olho. Este “muito obrigado” por parte do
político é significativo, é um gesto de humildade, de reconhecimento da importância
ao verdadeiro “dono do voto”. Sua visita será rapidamente esquecida se não for
valorizada e somente terá importância para merecer ser lembrada, se você der esse
valor a ela. Faça de todas suas visitas um evento, com fotos, fogos e filmagens que
deverão ser divulgadas nas mídias que dispuzer.
Informe, previamente, a mídia destas suas visitas e os convide a comparecer. Caso não
compareçam, após o termino do evento, informe a eles o resultado, os compromissos
assumidos, as preocupações intercorrentes, que agora passaram a ser suas.
Entretanto, é preciso mais.
Uma ação excelente de fidelização de eleitores e que é sempre bem-vinda, é abrir
as portas do gabinete para eles. Eleitor presente no espaço de ação do político é um
gesto de compartilhamento do mandato com quem o elegeu. Isto vale tanto para o
prefeito, como o deputado e o vereador. Não se trata de trabalhar com as portas
abertas, permitindo a entrada e saída a qualquer hora como fazem alguns. É preciso
ordem, mas todos têm que sentir que podem ser recebidos e entrar. No legislativo
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esta prática é mais comum, e por isso, muitos vereadores e deputados costumam levar
as pessoas que lhe dão suporte político às sessões plenárias, principalmente em dias
em que uma votação importante vai acontecer, e ainda mais se ela estiver diretamente
ligada a uma região ou segmento eleitoral e estes grupos estiverem presentes para
sentirem que o parlamentar cuida dos interesses deles.
Mesmo que o tema votado não seja relativo àquele grupo em especial, a
participação dos eleitores na sessão, servindo como testemunhas do trabalho de seu
parlamentar na aprovação de leis, confere importância ao processo e possibilita aos
eleitores verem o quanto seu vereador / deputado tem atuado a favor desta ou
daquela causa. Na volta ao local de origem – as bases -estes eleitores serão
formadores de opinião e reforçarão a importância do parlamentar.
No fundo, trazer as bases até o palco de ação do político é criar um mecanismo
especial de fidelização que demonstra transparência da ação política e cativa os
eleitores – eles se sentem parte do processo. Convide os eleitores, e principalmente,
os líderes comunitários, inclusive solicite a sua assessoria para irem ao seu gabinete e
até mesmo a sua casa.
5) Fixar as prioridades de cada grupo geográfico / segmento
Como foi dito, a pesquisa permite saber os anseios e, dispondo do mapeamento da
cidade e seus problemas buscar as soluções possíveis. Após esta avaliação e o
estabelecimento de metas, cada assunto que disser respeito a uma região ou categoria
profissional deve ser objeto da equipe de trabalho. Nomeie um responsável por cada
assunto. Faça pesquisas acompanhadoras e mantenha “as antenas ligadas o tempo
todo”.
E aqui vai outro aspecto de importância para fidelizar eleitores: não perder o foco,
isto é, fixar como alvo as reais prioridades dos diferentes grupos de colaboradores e
apoiadores que atuaram na campanha. Deste foco, o político não pode se desviar
jamais. Nem sempre as promessas de sua campanha são fáceis de serem cumpridas.
Durante a disputa, fala-se demais e, na busca da vitória, os discursos são generosos,
mais ainda: papel aceita tudo, inclusive promessas mirabolantes.
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Contudo, por mais desastrosos que foram os compromissos, político que se preza
luta para conseguir o que foi compromissado, além do que, os eleitores cobram
exatamente estas promessas, por isso, não dá para fugir delas.
Assim, o que foi prometido passa a ser prioridade do trabalho político.
Muitas coisas dependem apenas de empenho, outras requerem estratégia, e as
mais difíceis precisam de acordo entre os membros do parlamento – é árduo o fazer
político! As vitórias conseguidas quer para o grupo geográfico – um bairro, uma
cidade, quer para um segmento produtivo – funcionários públicos, bancários, se
constituem em excepcionais motivos de fidelização eleitoral.
No plano individual, existem expectativas dos eleitores na obtenção de empregos,
internações de saúde, vagas em escolas, além das expectativas a respeito da casa
própria, da abertura de crédito para os mais variados fins, seja como for, mesmo
quando o prometido não é facilmente alcançado, se o eleitor reconhecer a “luta“ que
o eleito está travando para cumprir com o prometido, é prova de que está sendo fiel
aos seus compromissos com ele, por conta disso, o eleitor se torna fiel a ele também.
Lembre-se, ele somente saberá do seu esforço, se for mantido a par de todas as suas
ações. Você pode fazer isso através de informativos, cartas, ofícios, visita de
assessores, emails e outros. Uma pessoa de sua equipe deve ficar encarregada única e
exclusivamente disso.
6) Mantenha aberto o diálogo
Parlamento vem de “parlare” que significa falar, comunicar. Político mudo não
convence ninguém. Quando se diz falar não é preciso o discurso aberto, oral, a todo
instante com os eleitores.
A comunicação pode ser feita de inúmeras formas e ela é responsável pela
manutenção do diálogo. Jornal mensal, ou bimestral, mostrando a atuação
parlamentar, programas de TV ou rádio onde o político apresenta suas ideias e assim
presta contas à população, cartas específicas para categorias funcionais, informando
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das vitórias para as diferentes profissões , cartões em datas especiais, artigos na
imprensa em dias marcados da semana para fixar leitores, inclusive, em sabendo o
time para qual o eleitor torce, cumprimenta-lo em caso de vitória de campeonatos, e
sobretudo, vir à público para propor ideias e defender causas, são caminhos mais que
suficientes para manter aberto o diálogo com o eleitor.
Claro está que a visita às bases – como dito atrás – é o grande e poderoso canal
de abertura com os eleitores, mas a mídia e o correio e mais recentemente, a web são
instrumentos de massa modernos que precisam ser ativados e mantidos. Faça um site
e divulgue seu domínio. Nele devem estar as realizações, fotos que provam a atuação,
as leis criadas e um canal sempre aberto de diálogo com o leitor. Nem todos têm
computador, mas a cada dia cresce mais esta forma de interação entre as pessoas e
com o tempo, vai se formando um mailling poderoso para se mandar mensagens.
Na verdade, nenhuma forma de comunicação deve ser desprezada. Nos
grandes centros muitos usam o outdoor para falar com o povo, mas há cidades
menores em que as faixas de rua são os melhores canais de comunicação, por isso, se
for o caso, faça faixas, fale com o povo através delas.
7) O valor do discurso.
Ninguém precisa ser um grande orador, mas falar mal para um político é meio
caminho andado para a cova. Por isso, quem tem dificuldades deve fazer um curso
mínimo de oratória.
Falar bem se fazer entender. Comunicando com o começo, meio e fim sua ideia. Há
“oradores” que se fazem entender apesar da cultura limitada que possuem, ou das
gafes às vezes comprometedoras da Língua Portuguesa ( vide o Presidente Lula ), E
porque do seu sucesso? Porque falam aquilo que o povo deseja ouvir, se fazem
entender, conclamam com eficiência, conseguem provocar emoção.
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No discurso é preciso, acima de tudo, empatia, isto é, saber se colocar na posição
dos interlocutores, saber como falam, o que gostam e entender dos assuntos que
interessam a massa de ouvintes.
No nosso livro Marketing Político – para quem tem os pés no chão, foi
abordado um assunto importante: as alocuções.
As locuções são pequenos textos, geralmente laudatórios, contundentes e
concluem por uma tomada de posição do falante.
As alocuções se prestam para momentos específicos de curta duração e que
o ajudam quando você tiver dificuldade de falar. É importante que decore algumas
alocuções para momentos que com certeza, irão aparecer.
A alocução tem tema fixo e não admite digressões, justamente porque é
breve. Contudo, uma alocução é de extrema valia para auxiliar nos momentos em que
“o calo aperta” como se diz na gíria. Você a usara para falar com esportistas, idosos,
jovens, educadores ou mesmo em um batizado, casamento ou festa.
Todo político tem que ter à mão um texto para estas situações, porque
ajuda a livrar o embaraço de não saber o que dizer. Por isso, faça as suas alocuções e
as decore.
As alocuções a seguir estão prontas, você pode usá-las do jeito que estão, embora
possa ocorrer que outro candidato também leia a obra e diga o mesmo. Por isso, seria
interessante dar alguns toques pessoais à sua fala para ser diferente. Entenda estes exemplos
como modelos, aprimore-os se quiser, mas mantenha a unidade e concisão. Falta um final que
depende de você.
Terminar com “pensem nisto”, “É isso que motiva o meu mandato”, “confiem em
mim e faremos isso junto” ou outro final de seu agrado é importante, embora alguns textos,
ao final, já sejam conclusivos.
Separamos as alocuções mais necessárias para cada tipo de público a respeito do
qual o candidato vai precisar se referir em suas falas e reuniões. Vale a pena reforçar: os textos
a seguir, eles não devem engessar você, mas servem para “quebrar o galho” em momentos em
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que não se sabe o que dizer. São falas curtas para usos emergenciais. Por isso, o livro foi feito
para andar no bolso do candidato.
Para os jovens:
Houve um tempo em que ser jovem era ficar na fila dos mais velhos à espera de
uma oportunidade. Este tempo acabou. Hoje o jovem é dinâmico, competente, e, por seus
próprios méritos, abre as portas do futuro e transforma o amanhã em agora. Ser jovem hoje é
exatamente isso: antecipar, por esta razão é que o mundo moderno é da juventude e graças a
ela é que o progresso começou a caminhar, não a 20, mas a 100 km por hora..
Entendo que devemos cada vez mais ampliar os canais de acessos e incentivar o
jovem a ser o comandante de seu destino na busca do sucesso. Por isso, quero democratizar as
oportunidades, dando aos jovens condições de crescimento para que eles possam transformar
a sociedade, tornado-a cada vez mais humana, progressista e justa.
Para os idosos
Não há maior injustiça do que se esquecer de quem fez o progresso que temos
hoje.
A terceira idade tem o mérito de ter trazido até aqui tudo aquilo que foi construído
dentro da sociedade. E mais: a experiência adquirida ao longo dos anos não pode ser
esquecida em nome da renovação, porque a sabedoria vem com a idade. Aqueles que sabem
disso valorizam os idosos, cuja tarefa social já foi cumprida e hoje merecem o descanso,
merecem as preferências e, sobretudo merecem ser ouvidos. Sou daqueles que acreditam que
a fórmula correta do progresso é a força da juventude somada à experiência dos mais velhos.
Assim, valorizar a terceira idade com projetos sociais e de lazer, criar mecanismos para facilitar
a vida dos mais velhos com salários justos e espaços sociais específicos de modo que eles
possam interagir com a juventude é a fórmula mais eficiente do progresso humano, saudável e
justo.
Sobre a mulher
Não há desenvolvimento social e econômico sem a mulher. Diferentemente de
antes, a mulher hoje conquistou seu espaço e em inúmeras tarefas superou o homem. Dotada
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de sensibilidade e capacidade de realização, a mulher é a incansável trabalhadora que
administra o lar, educa os filhos e hoje começa a sair para o trabalho, ou quando não, trabalha
em casa para aumentar o orçamento familiar. O resultado disso é que a vida melhorou depois
que a mulher se tornou mais atuante. Hoje ela avança e começa a participar mais
intensamente da vida pública. Sua capacidade tem ajudado na escolha de melhores
representantes para as câmaras municipais e prefeituras, por isso sua voz deve ser sempre
ouvida.
É imperativo que cada dia mais sejam criadas opções de trabalho para as mulheres,
dotando-as de conhecimento para a vida profissional, através de cursos de capacitação,
porque com a participação feminina, a sociedade pode avançar ainda mais na direção do
progresso.
Sobre o esporte (Jovens nas ruas)
O esporte é o meio mais seguro para tirar a juventude do caminho das drogas,
porque o esporte cria novos centros de interesses para o jovem, dotando-o de força de
vontade para crescer, vencer, bater recordes, enfim, o esporte se torna a vida do esportista,
substituindo as drogas. Mais do que isso, hoje o esporte é a chave para o sucesso e a conquista
de uma vida melhor, abrindo reais perspectivas de futuro. Assim, cabe ao poder público criar
mecanismos de descoberta de atletas em cada comunidade. Cabe ao poder público elaborar
parcerias sadias com a iniciativa privada para apoiar atletas, dando-lhes condições de treino e
competição.
O poder público pode e deve entusiasmar os jovens para a prática desportiva, não
se importando com a faixa etária ou condição social, porque o esporte é a mais democrática
das opções de desenvolvimento individual, pois prestigia a habilidade e o esforço de cada um,
igualando-os nas pistas e nos campos.
Incentivar o esporte, envolver o jovem, é meta prioritária de qualquer
administração municipal. Vamos fazer isso juntos.
Sobre a educação
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Ao contrário da indústria cultural importada, que manipula e condiciona as mentes
dos jovens, a educação amplia os horizontes e mostra o mundo como ele é. Mais que isso: o
educador não só abre as portas do discernimento como ajuda a decidir para a escolha correta
entre o certo e o errado. Por isso, não há como separar a educação do desenvolvimento e do
futuro das pessoas.
Somente com o saber é que o jovem estará preparado para o amanhã, pois todos
afirmam sabiamente que a moeda do século XXI é o conhecimento e cabe à escola dar isso aos
seus alunos. Assim sendo, a função do professor assume uma nobreza e importância sem par.
São eles que alfabetizam, que abrem as mentes, que estabelecem rumos saudáveis para o
adequado comportamento social.
Com a vida difícil de hoje, as famílias delegaram aos professores muito do que os
pais faziam antes. Por isso, o mestre deve ser visto não com carinho, geralmente piegas, mas
sobretudo como um agente transformador da sociedade, que merece pagamento justo,
dignidade, condições de trabalho para transformar o mundo para melhor. Sem ele, não há
futuro.
Contra a violência
Para tudo há limites. A violência chegou a índices que não podemos mais tolerar.
No fundo, nós estamos presos e limitados, enquanto os bandidos nos aprisionam em nossos
próprios lares através do medo. Se as autoridades não buscarem alternativas seguras para dar
ao cidadão a tranquilidade que ele precisa, nossa sociedade pode caminhar para o caos. A
polícia e o judiciário precisam de mais energia para fazer cumprir as penas contra os que
infringem as leis, e ambos, polícia e judiciário precisam ser incorruptíveis para poder fazer
prevalecer a justiça, a paz e a ordem. Assim, todos nós devemos cobrar dos governantes ações
efetivas de proteção à família, ao trabalhador, de forma que possamos sair às ruas em
segurança para trazer para o nosso lar o sustento que precisamos.
A segurança é um direito que todos temos, resta apenas ao governo cumprir a sua
parte, para que possamos desempenhar a parte que nos cabe de forma a construir um melhor
futuro através do trabalho digno e produtivo que conduz ao progresso.
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Sobre o emprego
Nossa comunidade é competente, homens,, mulheres, jovens e idosos. O que
precisam é de apenas uma oportunidade para mostrar que podem crescer e isso vem com o
trabalho. Não se trata apenas de ganhar o pão de cada dia, mas ganhar dignidade para viver.
Sem trabalho, o ser humano se vê à míngua, desesperado e envergonhado perante
a sociedade e à própria família. Por esta razão, é que a tarefa fundamental do poder público é
abrir postos de trabalho, trazer indústrias, amparar o comércio e para aqueles que não acham
colocação, facilitar ações que lhes permitam conseguir sustento para o seu lar. Isto se faz com
cooperativas de mão de obra, se faz com facilidades para o comércio autônomo, se faz com
cursos simples para funções importantes e complexas como eletricistas, instaladores,
digitadores de computação, culinária para as mulheres, cursos de cabeleireira, manicure entre
outros.
Quando o poder público vira as costas para as necessidades de abertura de
empregos para seus munícipes, está abrindo a porta para a malandragem, o crime, o negócio
fácil tão nocivo aos cidadãos, principalmente os jovens. Emprego, oportunidades de trabalho,
eis a fórmula para uma cidade mais humana, feliz, onde as pessoas, com dignidade, podem
viver melhor.
Sobre o lazer
Nem só de pão vive o homem. Além da palavra do senhor, há a necessidade do
lazer. Quem trabalha ou busca emprego a semana toda; quem sofre as agruras da vida de hoje
em dia que não está fácil, haja vista o custo da mesa, o custo do remédio, do transporte; para
quem sua a camisa pelos seus familiares, tem que existir algo mais do que a TV nos finais de
semana.
O poder público pode e deve facilitar o lazer aos moradores da sua cidade. As festas
populares e religiosas, os shows em espaços públicos, a criação de mais praças com parquinho
para as crianças, os passeios pela natureza são, sim senhor, de obrigação do governo municipal
e estadual. Mais que isso, a paixão do brasileiro é o futebol.
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Valorizar os campeonatos amadores da cidade, melhorando os campos para que as
famílias possam ir, esposas e filhos, e enxergar o morador da cidade como mais do que um
votante apenas, é ver nosso povo como gente e não como máquina, como número de IPTU.
Todos merecem o lazer e o poder público não pode se furtar a isso.
Sobre voluntariado
O governo não pode fazer tudo, e às vezes nem competência possui para isso. A
sociedade, então, cansada de ver as coisas por serem feitas, colocou a mão na massa. Hoje, ser
voluntário e atuar na comunidade, não é apenas importante para a sociedade, é uma questão
de realização pessoal.
Dar de si para os necessitados, ajudar os que precisam mais do que você, é atender
ao apelo divino de propagar a felicidade nesta vida. Mais ainda: é mostrar a todos aqueles que
não se importam com o próximo que existe a fraternidade e ela veio para ficar desta vez.
Estender a mão às vezes é mais do que curar uma ferida e todos aqueles que fazem
isso em prol dos miseráveis e desvalidos, melhoram a comunidade onde vivem e,
principalmente, tornam viva entre nós a palavra do criador.
Ser voluntário é ampliar o senso de irmandade que todos temos dentro de nós.
Basta olhar para trás para ver que há os que precisam de nossa mão amiga, de nossa palavra
de consolo de nosso amparo. Aos que fazem isso, o meu obrigado e parabéns pela sua
coragem e desprendimento.
Sobre os deficientes
A vida está difícil para nós? Todos concordamos que sim. Se nós que somos
perfeitos, sentimos o peso da vida, imagine aqueles que possuem uma deficiência. Para eles, o
fardo é maior, é custoso, é suado, mas mesmo assim, eles não desistem e provam com sua
dignidade e esforço que o que precisam é apenas uma oportunidade de mostrar que são
capazes, igualmente a nós. Por isso, abrir vagas para deficientes nas empresas como manda a
lei, é importantíssimo e cabe ao poder público fiscalizar se isto está sendo feito.
Melhorar as vias de acesso para que os deficientes possam transitar com
segurança, é obrigação do poder público e precisamos cobrar para que isso também aconteça.
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Ter transporte coletivo apto a acolher os que têm deficiência física é mais do que uma lei, é
humanitário.
Criar uma legislação que possibilite aos cegos, aos surdos, aos cadeirantes terem
acesso a tudo o que a vida pode lhes dar é missão dos homens públicos e aqueles que não o
fizerem, não apenas estão sendo maus políticos, estão sendo maus cidadãos, egoístas e,
sobretudo insensíveis a quem precisa de apenas uma oportunidade para mostrar que é igual a
todos nós.
Sobre ecologia (Poluição)
A vida está em harmonia. O sol nasce à noite vem, a chuva cai, o vento sopra, as
flores encantam enquanto as frutas têm o seu tempo, os cereais também, na sequencia
natural da vida Enfim, tudo aquilo que depende da natureza, ela cumpre, e o faz bem. Mas e o
que depende de nós? Cuidamos dos rios, da terra, do ar, das matas ciliares? Se não
mantivermos a harmonia, o planeta um dia irá acabar por falta daquilo que ele nos deu e que
nós destruímos. Por isso, a ecologia é importante, por isso, poluir, mais do que uma violação
da lei, é construir um futuro pior para todos nós, nossos filhos e netos.
Quando falamos que a humanidade irá pagar, falamos que nossos filhos, nossos
netos assumirão a dívida que estamos fazendo. Quando destruímos a natureza, estamos
destruindo as oportunidades de vida futura para nossa família. Por isso, seja ecologicamente
correto – reutilize, reduza, recicle. Não polua, preserve a natureza, plante uma árvore, não
estrague as águas porque a harmonia da vida depende de que estas ações sejam feitas agora,
porque o amanhã de todos nós será o resultado das boas os más ações que praticamos hoje.
Sobre desenvolvimento econômico
Nenhum cidadão melhora de vida se a cidade onde ele reside, trabalha, não se
desenvolver economicamente. As pessoas pedem emprego, mas como eles virão se não
houver desenvolvimento? Querem moradia própria, mas como pagar o CDHU, ou a Caixa, se
não houver um bom emprego? Desenvolvimento econômico se faz com criação de
oportunidades de ganho para todos os cidadãos.
O poder público precisa cumprir a sua parte, facilitando o comércio e a indústria
locais, além de ir buscar empresas de fora e facilitar para que elas gerem trabalho digno e
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riqueza. Na guerra fiscal, é preciso oferecer vantagens para atrair mais investidores, enfim, a
tarefa é exclusivamente do poder público e não dos cidadãos. Quem dorme em berço
esplêndido, perde as oportunidades de sucesso que a vida oferece. Desenvolvimento
econômico, empreendedorismo, palavras mágicas, capazes de tornar a cidade mais próspera e
a sua gente mais rica e feliz. Vamos acordar o poder municipal e fazê-lo trabalhar pelo
progresso de todos nós.
Sobre responsabilidade social
Nenhuma empresa moderna pode se furtar da responsabilidade social que possui
frente à comunidade onde vive. O poder público está praticamente falido, perdido entre a
folha de pagamento dos funcionários municipais e as obrigações de investimento interpostas
pela legislação.Com isso, pouco se tem feito para a melhoria da vida dos cidadãos.
Neste caudal de dificuldades, os mais necessitados ficam à mercê da sorte por
serem os mais vulneráveis. Se a empresa, fonte geradora de recursos, não assumir o papel
social que lhe cabe, a miséria só tenderá a aumentar. Por isso, as empresas modernas são
socialmente responsáveis, porque chamam para si a melhoria da qualidade de vida de seus
funcionários, da mesma forma que atuam no meio, com vigor, inteligência e muita
humanidade para minorar a dor daqueles que precisam de amparo e, por infortúnio do
destino, vivem da caridade alheia.
A empresa moderna é parceira do poder público com um único objetivo, melhorar
a vida da comunidade e dos cidadãos. E não há tamanho para assumir esta responsabilidade,
qualquer empresa pode fazê-lo, basta a prefeitura incentivar estas ações, buscar o diálogo e
ajudar a executar projetos capazes de melhorar a qualidade de vida da população.
Sobre saúde
Sem saúde nenhum ser humano pode se capacitar para a conquista de um futuro
melhor. Os que podem, pagam planos de saúde, os que não podem, precisam do serviço
público – o nosso SUS. Nesta hora, quando o cidadão está doente e que mais precisa de
atenção e carinho, os postos de atendimento não podem ser insensíveis a isso e lhes fechar as
portas. Os atendentes precisam ser mais humanos,os médicos precisam chegar na hora e
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cuidar com carinho daqueles que estão fragilizados pela doença. É neste momento que a mão
do administrador público tem que se fazer sentir.
Humanizar os postos de saúde, dar remédios gratuitamente de verdade, sem falta
constante dos mais caros no estoque, e oferecer tratamento digno e carinhoso aos doentes é o
que devemos exigir dos governantes. É o dinheiro público quem paga as contas e este mesmo
público precisa receber o que procura. Saúde é um direito constitucional, por isso é preciso
fazer valer este direito, dando ao cidadão o atendimento e a cura que precisa, para que, ele
estando sadio, possa enfrentar o dia-a-dia, e com forças, trabalhar para seu bem e de sua
família.
Chega de falar em crise na saúde, chega de ver pessoas morrendo nas filas de
atendimento, chega de esperas longas para internações e exames. O administrador público e a
prefeitura, precisam assumir esta responsabilidade que é dela, precisa ser mais criativa e
atender a nossa gente. Qualquer outra coisa que fale palavras suaves para pedir paciência que
a solução virá, é mentira, porque a doença não espera. Por isso, é tempo de agir e cuidar da
saúde de nossa gente.
Sobre corrupção
Não dá mais! Chegamos ao limite da paciência: ou acabamos com a corrupção, ou a
corrupção acaba com a gente. O corrupto é um ladrão altamente nocivo porque ele não rouba
somente o dinheiro, rouba a saúde, o emprego, a educação, a segurança pública, a casa
própria, enfim, ele rouba a vida das pessoas. Aquilo pelo qual pagamos ao governo para que
este nos devolva com benefícios é a razão de ser do estado. Por isso, é preciso mobilização
para que os corruptos sejam julgados rapidamente, para que as leis sejam mais rígidas e que
eles paguem pelo mal que nos fazem.
A sociedade tem um dever com os cidadãos que é não permitir que uns poucos
pilantras fiquem com aquilo que é de todos nós. Por isso, escolham certo seus representantes,
coloquem no poder pessoas que têm história de vida confiável. Fazer isso hoje é cuidar de um
melhor amanhã para todos nós.
Sobre habitação
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O sonho do brasileiro é a casa própria. Não se trata apenas de um bem, ela é o
porto seguro, seu castelo, onde a família se abriga e se protege das dificuldades da vida. Ter
onde morar é saber que temos um porto seguro que nos ampara ao final de um dia de
trabalho. Mais que isso: um chefe de família precisa ter o orgulho de ter construído seu lar, sua
casa.
A casa própria é o marco de vitória de todos aqueles que lutaram pelo pão de cada
dia. Por isso, é que os programas habitacionais precisam sair do papel e mais, oferecermos
oportunidade a todos para que tenham o seu próprio lar. O programa Minha Casa, Minha Vida
tem procurado proporcionar a casa própria, ou um apartamento, a um número imenso de
famílias. Mas para isso, o governo federal precisa do apoio do poder público municipal, através
da doação do terreno para a construção dos imóveis, além da infraestrutura e o planejamento
urbano. Somente assim teremos condições de oferecer ao povo moradias com prestações que
o povo pode pagar.
É tempo de criarmos mecanismos capazes de possibilitar casas mais baratas com
prestações que cabem no bolso dos que mais precisam. A casa própria é um direito do cidadão
que trabalha; ter moradia é ter orgulho de sua função social, é a prova de que se venceu na
vida.
Nossa cidade, nosso orgulho Eu tenho um orgulho imenso desta terra. Minha
cidade, com todos os problemas que ela possui, ainda é muito melhor do que tantas e tantas
outras cidades que existem por aí. E este orgulho que eu trago no peito se deve, sobretudo, à
gente amiga que nela vive e com o suor do trabalho diário luta pelo pão de cada dia. Esta terra
tem riquezas históricas, belezas naturais, mas aqui é que vive esta gente companheira, os
amigos do dia-a-dia, os familiares que formam um buquê de amizades que só nos dá orgulho.
Por isso, eu penso que poderíamos crescer ainda mais, caminhar para um melhor futuro, abrir
portas para o desenvolvimento, sustentável, minorar a dor dos que sofrem com uma saúde
mais eficiente e, principalmente, distribuir o bem comum, democratizando as oportunidades
de sucesso a todos.
Somos bons no que fazemos, somos trabalhadores, somos irmãos numa causa
comum: fazer desta cidade a cidade de nossos sonhos. Neste momento de eleição devemos
pensar principalmente nisso. Precisamos acertar na escolha para que os próximos quatro anos
não sejam perdidos.
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É tempo de aprimorar a reflexão para separar o joio do trigo; é tempo de analisar
as opções que temos frente a nossos olhos; é tempo de avaliarmos o futuro que queremos.
Tenho a certeza interior de que iremos acertar porque somos pessoas do bem e buscamos o
mesmo destino feliz e próspero capaz de dar a nossa gente a felicidade que ela almeja, e aí
sim, mais orgulhosos ainda de nossa cidade, poderemos gritar a plenos pulmões que temos
orgulho em ser daqui.
Novas ideias: Oficinas Comunitárias
Quantas pessoas dominam uma profissão, mas não podem exercê-la porque não
possuem o que chamamos de meio de produção? Em outras palavras: costureiras que não têm
máquinas industriais de costuras, cozinheiras que não tem equipamento para produzir em
grande escala, soldadores que não têm ferramentas, enfim, sabem fazer, mas não fazem
porque não podem se equipar por falta de recursos. Estes empreendedores precisam ser
ajudados, assim, seria interessante que o poder público criasse as oficinas comunitárias.
Espaços abertos a todos os profissionais para que eles tivessem como fazer serviços
e assim irem se tornando autônomos. Os espaços seriam agendados previamente de forma a
atender o máximo possível de interessados. Os insumos seriam de responsabilidade do
profissional. Uma doceira deveria trazer de casa todos os ingredientes para a feitura do bolo
de casamento, a prefeitura cederia o espaço, o gás, o fogão, a luz. Com este procedimento,
democratizaríamos os meios de produção e com isso, mais e mais profissionais poderiam
ganhar o sustento de suas famílias e aos poucos se tornando autossuficientes. Isto é
democratizar oportunidades, e assim tornar nossa gente mais produtiva e feliz.
Novas ideias: Comboio da Economia
Todo produtor gostaria de vender diretamente ao consumidor e é fácil entender o
por que. É que vendendo direto, elimina-se o intermediário e com isso o produtor ganha mais
e o consumidor paga menos. Em outras palavras, todos que merecem ganhar, ganham.
Para os que acham que isto é um sonho oferecemos a ideia do comboio da
economia. Caminhões com gêneros alimentícios de primeira necessidade com preços
reduzidos e contratados por um setor especialmente criado nas prefeituras que organizariam
uma vista semana em bairros da cidade, oferecendo diretamente os produtos aos moradores.
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A economia disto seria inigualável. Mais ainda, obrigaria os demais comerciantes
abaixar preços de modo a se tornarem mais competitivos. Por outro lado, o comboio não
precisaria ser de venda apenas. Poderiam ser criados comboios de prestação de serviços;
sapateiros, costureiras, eletricistas, encanadores, enfim, profissionais que pudessem prestar
serviços especiais aos moradores e com isso terem o sustendo de suas famílias além de
oferecer comodidade aos moradores que, muitas vezes, não sabem a quem recorrer em
emergências caseiras.
Estas alocuções são ideias que precisam ser aprimoradas, mas vale a pena se
pensar nelas como forma de se comunicar em “emergências” com os eleitores.
E , finalizando, o que se dizer em algumas datas específicas
a) Casamento
A vida adquire sentido quando o ser humano constitui uma família. Célula maior da
sociedade, a família é o berço da educação, o porto seguro do viajante, a proteção do
desamparado, enfim, é no seio familiar que a vida começa a fazer sentido.
Casar, portanto, é assumir um compromisso mútuo, embasado pelo amor, na busca
da felicidade. Por isso, hoje quando um casal, perante Deus e perante os homens assume sua
condição de esposo e esposa, nós só podemos nos alegrar, e pedir a Deus que derrame suas
bênçãos, proteja e encaminhe esta família nova que surge entre nós. Daqui para frente, tudo
será comum, a mesa, o quarto, as tristezas, as alegrias, enfim a vida será projetada a dois e
com isso os planos virão e muita felicidade poderá cobrir este lar.
Que a vida possa lhes sorrir, e que os frutos deste matrimônio não tardem a
chegar, porque os filhos são o coroamento de todo casal que cria uma nova família, esta é uma
missão divina, e para isso pedimos que Deus os acompanhe.
b) Semana da Pátria
Se hoje, neste sete de setembro, comemoramos o grito do Ipiranga dado por D.
Pedro, mais ainda devemos comemorar a trajetória de vida feita pelo nosso povo daquela data
até aqui porque a independência somos nós.
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Nenhum país se faz independente com um grito num tempo qualquer do passado,
ao contrário, é a vontade do trabalho, a produção, as alegrias e as tristezas de um povo que
fazem sua independência. Por isso, neste sete de setembro, temos que fazer um voto de união
e fidelidade aos destinos de nossa pátria. Só com o trabalho digno para todos, o fim da
miséria, saúde e qualidade de vida, educação e abertura de oportunidades de sucesso, casa
própria, segurança e perspectiva de futuro, só assim que um povo será independente de
verdade. Isto requer suor de nossa parte, esforço dos governantes, sensibilidade para tratar do
dinheiro público e assim, com justiça, distribuir o bem comum.
Um Brasil independente ainda está por vir, por isso estejamos preparados, vamos
cumprindo a nossa parte, vamos juntos nesta caminhada de desenvolvimento rumo a um
amanhã melhor, mais justo e verdadeiramente independente.
c) Formaturas em geral
Finda o ano escolar e com ele mais uma etapa de vossas vidas. O diploma que ora
recebem é o marco final de um longo caminho percorrido. Mas é mais que isso: é a chave para
o futuro que se descortina frente a vossos olhos. Com esta chave, as portas do sucesso irão se
abrir a todos aqueles que, com dedicação, ética, enfrentar sem medo o amanhã.
A vida e o futuro lhes pertencem e agora, mais aptos e preparados, vencerão.
Formandos, nossa cidade, nosso estado, nosso país, esperam por vocês. Nossa sociedade quer
vê-los triunfar. Precisamos de profissionais capazes, profissionais honrados e honestos que
possam com o seu saber tornar melhor a vida das pessoas, que com sua capacidade possam
fazer render mais a terra, produzir mais a indústria, comercializar com mais eficiência os
produtos, profissionais que possam prestar seus serviços de maneira honesta e eficiente. Ide
pois, desempenhar sua funções, com respeito e capacidade para fazer desta terra um lugar
mais digno e desta gente um povo mais feliz.
Relembrando: as alocuções, acima, podem ficar assim, terminar do jeito que estão,
mas seria interessante que você ampliasse a fala conforme as necessidades do momento.
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Lembre-se não é possível se decorar alocuções sobre todos os temas.
Em algumas ocasiões você precisara de um texto mais longo e nesta hora o que
vale é a capacidade que o homem público possui de falar, de se fazer entender para as
pessoas.
Mesmo mantendo o conselho que se faça um curso de oratória, faremos a seguir
algumas considerações sobre como falar melhor em público.
A oratória não é um luxo para o político, é uma necessidade. Através dela ele se
comunica e convence as pessoas.
Na vida pública, comunicação serve para convencer e quem convence é seguido –
político que não lidera tem vida pública curta. Para ser longa é preciso fidelizar
eleitores e o convencimento sobre sua liderança, suas ideias se dá pela boa ação
política e pela oratória.
Os eleitores esperam que o seu candidato seja bom no discurso. Este ser bom não
significa ter a voz do William Bonner, ou ter uma oratória igual ao Leonel Brizola. O
presidente Lula fala cometendo erros de Português, emite conceitos equivocados
sobre Geografia, ou História, mas convence a massa. No fundo, , desde que o político
use da palavra e diga coisas que façam sentido para a população ele se fez entender e
isto basta (há muitos que falam, falam até se perderem e não dizem nada – vide o
Senador Suplicy)
Afirmam os especialistas que a comunicação humana é composta de um
componente verbal que é o conteúdo do discurso e um não verbal que são tom da voz,
gestos, posturas, vestuário. O verbal corresponde a 7% da comunicação e o não-
verbal a 93% dela. Do não-verbal o tom e a qualidade da articulação voz entra com
38% , mais ou menos, e a gestualidade, postura, vestuário com os demais 55%. Assim,
para se falar em comunicação devemos abordar todos estes aspectos.
Na oratória clássica todo discurso pode didaticamente ser divido em: Introdução,
Desenvolvimento e Conclusão. Simples entender o porque desta estrutura é que é
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mais fácil entender aquilo que tem lógica: princípio meio e fim. Vejamos o que significa
cada uma destas partes.
a)introdução : é a colocação do tema, a preparação dos ouvintes para aquilo que
se vai dizer. A ideia principal da sua fala já deve ser exposta neste momento. A
introdução pode:
* aproveitar o momento – um fato relevante, uma notícia de jornal ou ate mesmo
aspectos do ambiente (ex: estamos reunidos e isso é o começo .)
* criar o cenário que interessa o falante - é imperativo que o orador crie o cenário a
seu modo para poder usar com mais perfeição as ideias do desenvolvimento. Quando
o cenário é interpretado por outros, a dificuldade aumenta, mas quando o orador crias
cenários desde o princípio, sua fala , como ele sabe onde quer chegar, flui mais
facilmente. (ex: A política é como um jogo de futebol e você tem que ter o seu time e
saber escalar os melhores .)
* é preferível ir do geral para o particular – por maiores que o problema possa ser, ele
deve sempre ser levado ao exemplo particular de que está ouvindo. (Ex: A cidade não
esta bem mas ,nosso bairro esta com problemas maiores.)
* usar algo novo é importantíssimo – se o ouvinte for surpreendido pelo orador logo
de saída, a atenção permanecerá. Assim, uma afirmação provocante, algo
surpreendente, inesperado, quando usado com maestria, cativa o ouvinte. (Ex:
Quando vinha para esta reunião ouvi uma historia que me deixou curioso)
* citações ajudam – uma citação de alguma pessoa consagrada – filósofo, bíblia – ajuda
no início e prende a atenção. Procure aprender o nome de pessoas importantes na
comunidade e ao fazer uma observação diga: o “Jose Antonio” sabe do que estou
falando. A “Maria” já vivenciou isso.
b) Desenvolvimento - Finda a introdução começa o desenvolvimento. É aqui que o
discurso ganha força. O desenvolvimento é a alma do texto porque nele é que estão as
ideias , os pontos de vista, os grandes exemplos a serem seguidos os analisados e por
conta disso, o desenvolvimento é sempre argumentativo. A palavra argumento vem do
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latim “argentum” que significa brilhar e é isso que o desenvolvimento dá chance para o
orador fazer : brilhar.
A argumentação pode apresentar :
* Dados de pesquisa /, estatísticas em geral pois – tudo o que for comprovado tem
mais autoridade e portanto mais força; cite sempre a fonte da informação e quanto
maior for a credibilidade desta fonte maior será a credibilidade da sua fala.
* Evidência ( documento ) – aquilo que se tem à mão, fotos, certidões , são sempre
contundentes. Caso você não tenha o documento mas, um papel escrito, levantado na
hora da sua afirmação poderá dar a ideia e a credibilidade de um documento citado.
* Exemplos consagrados, fato importante conhecido, ou novo – fatos do passado onde
as situações semelhantes que estão sendo tratadas na oratória aparecem ajudam a
reforçar os argumentos. Lembre-se no mundo nada é realmente novo e se procurar
,sempre encontrara na historia situações semelhantes a que estiver vivendo.
* Anedota / e histórias de vida. – a Anedota, se for irônica é importante e quebra o
clima austero do momento.E poderá ajudar na descontração sua e da plateia. Da
mesma forma as histórias de vida, que se tornaram exemplos a serem seguidos e
podem te ajudar na argumentação e dar credibilidade aos conceitos e ideias que quer
transmitir.
* Citação de autoridades comprovadas – toda pessoa de importância que já discorreu
sobre o tema, e apoia seus argumentos, deve ser aproveitada, citando uma fala ou
alguma atitude que ela tenha tomado, tudo isso acaba pesando a favor do no
argumento
* Emoção – a argumentação não é apenas racional. Quando a emoção entra em cena,
as possibilidade de convencimento aumentam ainda mais, por isso, se a plateia sentir a
emoção do orador ,ela acaba se emocionando também. Busque ser um ator
interpretando um texto, coloque as palavras em velocidade e tom que leve emoção.
88
Um dos maiores problemas da argumentação é o chamado “achômetro” é algo
e que deve ser banido de qualquer oratória. O tal “ u acho” acaba não pesando como
argumento, pois qualquer um pode achar o que quiser. É preferível falar sempre do
que é comprovado, o que traz dados , o que é incontestável . Veja a sequencia de
argumentos e veja qual e a mais convincente para você:
a) Fumar faz mal à saúde
b) O Ministério da Saúde adverte: fumar é prejudicial à saúde
c) O Ministério da Saúde adverte: fumar durante a gravidez pode prejudicar o
bebê
d) As pesquisas científicas comprovam que o fumo está ligado a:
- mais de 120 mil mortes anuais no Brasil
- 30% dos casos de doenças cardíacas
- 80% nos casos de câncer do pulmão
- 75% dos casos de bronquites crônicas
- A maioria dos casos de impotência masculina.
Apesar de todos serem bons argumentos a alternativa D ao trazer dados, traz
também maior credibilidade.
Existem tipos diferentes de argumentação. Vamos ver:
a) Argumento de autoridade – está calcado na autoridade da fonte e esta pode
ser a Bíblia , como vimos, pessoas de renome, instituições de alta
respeitabilidade. Quando se diz “ O IBGE confirma que o grande sonho da
família brasileira é a casa própria” ninguém contesta. Assim, usar isso para abrir
uma argumentação sobre a necessidade do governo criar mais projetos
habitacionais é dar a sua argumentação um peso de autoridade.
b) Argumento de consenso – está calcado na aceitação geral, isto é, é uma
verdade que ninguém mais duvida. Quando dizemos que “a educação é base
89
para o desenvolvimento”, ou “O desemprego gera violência”, não precisamos
provar mais nada porque os fatos no passado nos mostram isso.
c) Argumento com provas concretas – está calcado nos dados comprobatórios
daquilo que se diz. Quando afirmamos que “O governo Lula tem melhorado a
vida da população”, isto não diz nada. Mas, se ao invés disso, usarmos os dados
de que “ No governo Lula, a pobreza diminuiu conforme podemos constatar
nos dados divulgados pelo IBGE” e passarmos a dar os índices dessa
diminuição, aí sim , temos dados que comprovam a assertiva e isto tem mais
força.
d) Argumento com raciocínio lógico – é o mais tradicional dos tipos de
argumentação. Está calcado na capacidade argumentativa do texto. Neste caso
é a a força da lógica, das ideias, que prevalece. Imagine-se um texto
argumentativo que diz “Toda eleição é um momento de esperança em dias
melhores. Vota-se no escolhido porque ele mostrou que é capaz de buscar com
seu trabalho aquilo que o povo deseja. Por isso, nada é mais decepcionante do
que ver o político fugir de seus compromissos com quem o elegeu para cuidar
apenas de seus interesses pessoais. Daí uma reforma política se apresentar
como urgente na vida brasileira, principalmente porque ela deve contemplar –
como em muitos países – o recall, isto é, político que não está atendendo seus
eleitores deve ser chamado de volta e outro deve ser colocado em seu lugar”
Claro que os políticos não querem votar uma reforma que contemple o
chamado “recall” como há em muitos países desenvolvidos. Mas quem poderá ser
contra isso, afinal, político que não trabalha em prol de quem o elegeu, ou que for
corrupto, deve ser chamado de volta. A argumentação está na força desta verdade.
Para se usar o raciocínio lógico, existe uma técnica simples, mas muito eficiente
e amplamente utilizada. Trata-se da sequencia de três momentos, a saber:
problema + solução + ação. A força desta técnica está exatamente no que foi
falado antes sobre a construção de cenários. Vamos ver como fica isso numa
situação de fala para violência urbana
Problema Solução Ação
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A violência urbana assola a todos. Os seres humanos ficaram prisioneiros em suas próprias casas, enquanto a marginalidade caminha impunemente pelas ruas. Há medo nos cidadãos, as ruas deixaram de ser seguras. As estatísticas comprovam que dentre os problemas sociais atuais , a violência figura entre os primeiros medos que a sociedade atual possui.E todos ficam se olhando na esperança que a solução caia do céu. O que fazer , então ? Eu digo a vocês.
A criação da guarda municipal é um caminho rápido e eficiente para solucionar este problema. Com mais fiscalização , mais gente nas ruas, inibe-se osmarginais e a criminalidade cai. Com isso o cidadão estará mais protegido dentro e fora de casa. Tanto isso é verdade que nos municípios onde a guarda foi criada a criminalidade diminuiu e o custo é baixo perto do benefício que proporciona. Resta apenas a vontade política dos poderes públicos. Se eles não sabem o que fazer eu posso ensinar, mas algo precisa ser feito.
( usar o emocional )
O exemplo das cidades que possuem a guarda precisa ser copiado pela nossa cidade. É um direito que temos e , se os poderes públicos não agirem , cabe a nós da sociedade civil nos organizarmos para exigir esta providência do estado. Quero que meus filhos tenham segurança, quero ter o livre direito de ir e vir em paz. Chega de maus tratos, de pessoas cruéis que assaltam ,matam, sequestram. O cidadão não merece isso, por esta razão é que quero lutar junto de vocês na busca da paz para nossas famílias.
Não há como discordar de que a ação acima é uma tentativa a mais na busca da
inibição da violência. Criou-se o problema, apresentou-se uma solução e impeliu-se o
poder público à ação..
Por fim, a conclusão. Ela é um resumo do que foi falado, reforçando pontos que
se julgue relevantes para a fixação da ideia base da argumentação. No caso em tela
sobre Violência Urbana, a conclusão mais lógica seria:
“Por isso, é tempo de união para forçarmos o governo a criar a guarda
municipal. Eu quero uma cidade mais tranquila e pacífica, e vocês? Assim, meus
amigos, é preciso que fiquemos juntos nesta luta. Com o respaldo de todos, teremos
força para exigir a criação da guarda municipal, afinal ela é boa para a cidade , é boa
para nossos filhos , é boa para nossa família, é boa para todos nós.”.
Além destes aspectos, é fundamental levar em conta que a comunicação, a
oratória, possui aspectos que podem parecer periféricos não, no fundo são essências.
Já vimos que 93% da percepção daqueles que ouvem não está nas palavras
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propriamente ditas, mas em outros elementos: tom de voz, gestualidade, vestuário,
enfim, há mais a se considerar sobre a oratória .
De início vale lembrar que ninguém consegue convencer ninguém se não
houver empatia, isto é, se aquilo que o orador está dizendo não é do interesse dos
ouvintes, acabou.
A pesquisa, mais uma vez, entra neste contexto. Saber para quem vai se falar o
tipo de audiência e a partir de então ter um objetivo bem definido em mente é meio
caminho andado para um discurso de sucesso.
Ninguém vende o bife, vende-se o paladar. Da mesma forma que não
vendemos a roupa, vedemos o charme, não vendemos o carro, mas o status, enfim, as
pessoas têm necessidades coletivas, tem crenças, valores, e estão sujeitas tanto ao
racional como à emoção. Quando se respeita isso, o orador atinge a plateia.. Por isso,
imagem global, voz, gestualidade, roupa, respiração são elementos que fazem parte da
oratória. Vejamos:
a) Imagem
- Imagem é somatória – tudo significa algo na mente daquele que ouve/vê,
portanto o orador é analisado, logo de saída pela imagem física, roupa , etc, que
apresenta.
- Sua imagem é você, não adianta querer ser aquilo que você não é. Sua imagem
pode, sempre, melhorar e isso levará você a melhorar também. Mas, mesmo
melhorando, não dá para construir outro VOCÊ.
- Além disso, todos criamos uma imagem global que antecede o ato da oratória,
isto é, não é somente quando você usar da palavra que sua imagem vai aparecer.
Ao longo de sua vida, quer na comunidade, quer na imprensa, sua imagem está
sendo formada constantemente, por isso, existem alguns atributos que são
fundamentais:
92
* ser ético, ter dignidade, despertar credibilidade nas sua vida pública, ter controle
emocional e sobretudo ter uma história na comunidade, ou no segmento o qual
defende e para o qual trabalha como político e cidadão;
* Ter boas maneiras, usar de educação no trato das pessoas, sorrir, estender a
mão, enfim, não fugir do povo;
* Cuide-se: cabelo, barba, roupas básicas sem espalhafato (veremos mais à frente),
traga sempre desodorante à mão, use chicletes quando for falar com as pessoas.
b) A roupa pode comunicar
Quando o mestre de cerimônia, pega o microfone e diz “Vamos ouvir agora o
senhor ... “é como se abrissem a cortina e o espetáculo começasse . A primeira
coisa que se faz é “ler” o palestrante de cima a baixo, ouvir sua voz, ver a maneira
como ele olha a todos e aguardar a introdução da sua fala. Comporte-se conforme
a ocasião: serio ou efusivo ou alegre.
O estilo da roupa, também deve ser adequado ao momento quanto mais
clássico for, melhor: (nada muito espalhafato). Roupas combinando em tons
degradè, gravata elegante e camisa na cor da moda, embora a camisa branca
sempre combine. Duda Mendonça, em seu livro diz que um homem vestindo
termo azul marinho com camisa branca e gravata em tons de vermelho está bem
apresentado. Hoje não é mais apenas isso, há outras combinações, mas os
contrastes gritantes deve ser evitados. Nem todos podem ter o perfil e a
autoridade em se vestir que tinha o Clodovil.
Roupa tem que ter elegância, modernidade e adequação. Nada mais
“estranho” do que roupas extremante coloridas em lugares e eventos onde impera
a sobriedade, ou vice-versa. Assim, ir de terno num churrasco é tão ridículo quando
ir de camiseta e tênis numa sessão solene. Existem manuais de vestuário que falam
do que se deve usar e as cores que combinam para que um homem ou uma mulher
estejam bem trajados. Mas o terno para os homens e o terninho para as mulheres
sempre serão boas pedidas, à exceção dos eventos absolutamente informais.
93
c) As expressões faciais
O rosto comunica mais do que as demais partes do corpo, ou até da roupa.
Uma virada de nariz, um piscar de olho com indicativo de dúvida, um arregalar dos
olhos, ou o olhar perdido no infinito são expressões que significam para o ouvinte. Por
isso, lábios, olhos, nariz, conjugados podem passar mensagens que não estão no texto
e deixam antever ao ouvinte os estados emocionais do orador. Mais que isso: deixam
passar a aprovação ou desaprovação das ideias que o texto apresenta. Da mesma
forma que a cabeça que se presta a movimentos de concordância ou discordância,
assentimento, recuos, indecisão. Enfim, todo o corpo comunica, como se diz dentro da
psicologia, o corpo fala.
Para o orador isto é um recurso a mais já que o ouvinte consegue ler estes
sinais, da mesma forma que lê o sorriso, a risada de ironia, os olhos marejados que, em
muitos casos valem mais que mil palavras...
d) A gestualidade faz parte da cena, e por isso, faz parte da fala.
A postura rígida como uma estátua pertenceu ao passado. Orador hoje
gesticula, se movimenta, olha para todos os lados da plateia. As mãos são poderosos
instrumentos de comunicação. Não basta qualquer gesto, é preciso saber usar o que as
mãos oferecem. Há momentos em que elas representam o espanto, a aproximação, a
continuidade, a fixação de um ponto ou mais, ( principalmente com os dedos ) , da
mesma forma que os dedos apontam, acusam, intimidam.
O olhar numa só direção exclui os demais cantos da plateia, por isso andar no
espaço que lhe foi designado, chegando perto de uns e de outros durante a sua fala é
fundamental para manter as pessoas envolvidas na sua preleção.
94
Da mesma forma, entretanto, que os gestos cativam, eles podem desagradar se
forem chulos. Os gestos obscenos, geralmente consagrados na linguagem popular,
devem ser evitados porque não conduzem a nada de bom.
d)A voz
Houve um tempo que a voz tinha que ser “aquela voz”, graças a isso Cid Moreira
ainda é presença marcante no Fantástico ( mesmo não aparecendo no vídeo ) . Hoje,
contudo, a voz não precisa ser bela, ela precisa ser audível, bem pronunciada. Um dos
problemas de Lula no início era o tom gutural da sua voz – muito grava, o que impedia
até mesmo de se ouvir as palavras corretamente. Melhorou – até se eleger, depois
está voltando a falar com antes novamente, o que é ruim.
Por isso, voz empostada já era. Basta ser o mais natural possível, afinal você é o
que é. Claro que se a voz do político for fina demais ou tiver algum tipo de distorção é
preciso ser corrigido.
Algumas coisas complicam a voz: nasalação em demasia, falta de domínio do
fôlego exigindo respiração ofegante, problema de dislexia, troca de p/b, t/d, e assim
sucessivamente. Da mesma forma que os erros de prosódia como ibero, fluido, avaro,
ou engolir o “s” final, trocar o “l” final por “r”, e até mesmo sotaques arraigados como
o caipira, o carioca, são fatores que complicam no uso da voz.
Em se tratando de oratória, ajudam na voz:
∑ Inflexão / entonação – acentuar pontos importantes da fala, dando destaque
ao que se diz
∑ ritmo – usar de lentidão ou apressar a fala quando o momento da oratória
exigir para dar ênfase ao que se está dizendo;
∑ pausas – o silêncio diz, por isso saber usar dele, dando à plateia chance de
pensar , ou dando um certo tom de mistério sobre o que virá a seguir são
recursos excepcionais da arte da oratória.
95
Ainda sobre a voz, é imperativo lembrar que através dela é que se percebe a
segurança do orador. Gaguejar, ficar indeciso ao dizer, mostrar nervosismo são
coisas que não põem transparecer.
d) O uso do microfone
Microfone aumenta o volume e não a emoção. Nem mesmo corrige os erros,
apenas amplia o que é certo ou errado. O que se deve fazer é tentar equalizar a voz
num estúdio para ver se você precisa de mais graves ou mais agudos e aí, quando
for falar em público, se puder pedir a equalização. Os microfones fixos limitam a
sua atuação em cena, por isso carregue nas mãos, embora estes também limitem a
gestualidade – a melhor opção é o microfone de lapela. Os microfones são
geralmente unidirecionais, por isso fale bem na frente deles – não adianta falar
mais abaixo, ou mais acima, etc. Para aumentar a intensidade, aproxime o
microfone da boca em vez de gritar, o grito muda a tonalidade da voz. Por último,
traga a voz para frente do rosto falando com o ar saindo pela boa e pelo nariz. Isto
se consegue com treino, por isso um cursinho de oratória vai bem.
e) Movimentação em cena
Bom orador fala em pé de preferência, salvo se houver alguma limitação –
espaço, por exemplo. Olhe para todos os lados do auditório e se locomova para se
aproximar das pessoas nos dois cantos da sala. Quando houve tribuna, ela fixa a
pessoa, mas nada impede o orador de sair se quiser e a ela retornar quando for de
seu interesse ( ver anotações, por exemplo ) . Algumas posturas são condenáveis
como ter o corpo rígido demais e sobre isso há toda uma tipologia que vale a pena
registrar:
96
∑ o retraído – duro, mãos à frente apertadas.
∑ o arrogante – mãos apertadas às costas.
∑ o dependente – mãos na tribuna apertando a madeira
∑ o capitão do navio – mãos na tribuna como se movimentasse o timão do navio.
∑ O joão-bobo – como aquele boneco que não cai, mas balança sempre de um
lado para o outro como pêndulo de relógio.
∑ O atrasadinho – quando sai da tribuna, ou quando anda pelo palco faz
apressadamente como se fosse bater o ponto da empresa.
∑ O divagador – nunca olha para as pessoas, olha para o alto, para a janela, para
o lado de fora como se falasse sozinho.
Por fim, mesmo os grandes oradores nem sempre são bem-vindos. Existem
plateias favoráveis e plateias hostis. Existem os amigos que querem ouvir e os inimigos
que precisam ouvir.
Na verdade, é um exercício de perícia para qualquer orador falar a uma plateia
hostil, por exemplo. Recentemente, vimos até mesmo a presidente ser vaiada por
prefeitos e , mesmo assim ela teve que manter a postura e concluir seus pensamentos,
continuando a sua fala. Por isso aqui vai um quadro de várias situações e como se
portar diante delas.
Tipo Comportamento Características
Amamos você Caloroso, aberto, Humor, exemplos pessoais,
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( amigável, cordata) sorridente, generoso liberdade
Somos imparciais
(analítica, objetiva,
imparcial )
Controlado, austero,
confiante, gestos
comedidos
Fatos reais, estatísticas,
sem humor e piadinhas
Não estou nem aí
(presente, contra a
vontade, sem ter atenção )
Dinâmico, divertido,
gesticulador, empático,
movimentação
Humor, charges,
envolvimento, citações
famosas, fatos do
momento
Você não é bem-vindo
( hostil, ataca, discorda,
antagonismos )
“Quadrado”, cronológico,
padrão, preso ao tema
Objetividade, opiniões de
autopridades, sem
brincadeiras, austero.
No que diz respeito a entrevistas, é bom ler o que está na obras Marketing
Político para quem tem os pés no chão, mas alguns conselhos a mais cabem aqui :
a) selecione o tema e cuide da pauta – não deixe tudo para o entrevistador de
modo a não ser surpreendido;
b) quanto ao tipo de pergunta :
∑ as difíceis – seja honesto e diga que não sabe se de fato não souber ou não
quiser responder
∑ As carregadas de segundas intenções - são provocativas e podem prejudicar
você, geralmente são “pegadinhas” , por isso evite se estender, fale pouco e
com objetividade;
∑ As hipotéticas – perigosíssimas porque sendo uma hipótese o entrevistado
acaba fazendo digressões nem sempre interessantes. Por isso, deixe claro que
sua resposta também é hipotética, saia da cilada e da especulação que
geralmente este tipo de pergunta contém;
98
∑ A escolha forçada – quase sempre são duas opções – ou isto, ou aquilo. Saia
disso e ache uma terceira que lhe interesse, busque a inovação.
∑ A multiquestão – é a pergunta interminável que tem muitos elementos, por
isso há perigo em se perder. Escolha um elemento só e se fixe nele.
Os grandes entrevistados normalmente respondem o que querem dizer e não o
que o entrevistador pergunta. Mestre nisso foi o Brizola e ainda o é Paulo Maluf que
“na cara dura”, “quando lhe perguntavam sobre o aumento do funcionalismo ele
respondeu” exatamente, meu amigo, essa obra em Aricanduva vai dar para escoar o
trânsito na região e nela foram gastos ...”.
Vale relembrar que sempre é bom um curso de oratória, mas para quem não
tem tempo, vai um conselho:
Leia em voz alta. Procure seguir as pausas da pontuação.
Fale em frente ao espelho e se analise.
Quando estiver ouvindo alguém e gostar de como ele se comporta, ou de como
fala, ou ainda como ele argumenta, copie e incorpore, não há nada demais nisso,
mesmo porque os grandes comunicadores brasileiros confessam que começaram
imitando alguém.
9) Foi-se o tempo dos pastéis de vento.
Houve uma época na política em que o falar era algo dissociado do fazer. Isto é, o
povo sentia-se satisfeito quando alguém falava por ele, ou então, o povo gostava que
políticos estivessem na mídia a toda hora dizendo às coisas que estavam fazendo, sem
ao menos informar se haviam conseguido alcançar aquilo que prometiam.
Era uma coisa na base do “eu pedi, mas o governo não quis fazer” eram os tais
pastéis de vento. O povo engolia e no fundo o que sobrava era apenas ar. Foram
famosos os projetos que aumentavam o salário mínimo (em condição alguma de isto
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acontecer), os pedidos mais mirabolantes possíveis apenas para ocupar espaço na
mídia, ou encher cartinhas para os eleitores dizendo que tal coisa e tal coisa foram
solicitas ao governo, mas que no fundo se sabia serem impossíveis de serem
aprovadas.
Hoje, o povo não se sente contemplado apenas com o pedido – é preciso
resultados, por isso de nada valem as enxurradas de pedidos, indicações estapafúrdias,
projetos de lei que não têm a menos chance de serem aprovados, porque há um
instante em que o eleitor para e analisa o quanto seu vereador, deputado, conseguiu
trazer de positivo à comunidade que o elegeu. Se o balanço for negativo, o descrédito
é praticamente uma fatalidade.
Por isso, é preferível ser seletivo na escolha dos projetos, divulga-los bem ao
público interessado, lutar com seus companheiros de plenário para a aprovação do
que simplesmente o “oba-oba” dos pedidos impossíveis, das emendas improváveis de
serem aprovadas.
10) Nada substitui a transparência
Depois de tantos escândalos que surgiram e ainda surgem no meio político e
com eles o Brasil inteiro passa a ver as mazelas que estão “debaixo dos panos”,
fazendo com que a credibilidade na política seja mais e mais abalada, o que esperamos
é , pelo menos é saber a verdade. Por isso, a transparência das ações é fundamental.
O eleitor pode perdoar um erro do político eleito, mas não perdoa a enganação, ou
a tentativa que os políticos fazem para esconder suas faltas do eleitorado e quando a “
sujeira” vem à tona, o povo se sente traído.
Vivemos hoje num momento de ressurgimento da ética. Ser bom está na moda.
Não se admite mais o jogo do ganha/perde, porque todos podem participar do
ganha/ganha. A missão social é coletiva, todos ao lado de todos, de mãos dadas na
busca do bem comum. Por esta razão é que não cabe mais na vida pública aquilo que
não é transparente, mesmo porque o eleito foi outorgado pelo povo para trabalhar em
100
prol deste, nada mais justo, portanto, que o próprio povo saiba do que está
acontecendo.
Já estão consagradas algumas ações de participação popular. O orçamento
participativo, a feitura dos planos de governo junto com a população para que ela
opine sobre suas reais necessidades, as audiências públicas para debater projetos,
enfim, quanto maior for a transparência maior será a credibilidade do parlamentar ou
do executivo e com isso esta se fidelizando eleitores.
11) Entenda a diferença e crie uma equipe multidisciplinar
Qual a diferença entre um jornalista, um assessor de imprensa e um assessor de
marketing?
Embora todos possam estar atuando juntos, cada um tem características próprias
que são importantes em qualquer equipe.
O jornalista é um profissional que se importa com a verdade – absoluta se for
possível. Está na sua formação, às escolas de comunicação pregam isso porque a
imprensa é chamada de o 4º poder. Por isso, o jornalista busca a verdade “verdadeira”
a qualquer custo. Veja o que acontece no Jornal Nacional: dá-se uma notícia, e a
reportagem tenta ouvir todos os envolvidos e quando um deles não é ouvido, a Globo
faz questão de dizer “fulano de tal foi procurado pela nossa reportagem e não nos
respondeu até o início desta edição”. Por que esta preocupação? Para mostrar
imparcialidade, e com isso dar ao telespectador a certeza de que todos os fatos foram
ouvidos. Raramente a Globo emite opiniões, isto cabe ao telespectador formar a sua
frente “a verdade dos fatos”.
O assessor de imprensa se importa com a verdade de quem ele assessora. Não se
trata de mentira, mas de um foco unilateral de verdade. É a versão de um dos
elementos envolvidos, por isso as matérias são carregadas de parcialidade, os fatos são
apresentados de maneira mais passional e é por conta disso que os “releases”
101
enviados por eles são sempre checados pelos jornalistas que querem sempre “saber o
outro lado”, ou a verdade por inteiro.
O assessor de marketing, por sua vez, se importa com “a melhor verdade possível”
e esta é a sua grande função e utilidade. Não se trata da verdade do jornalista, nem
das verdades do assessor de imprensa, mas de uma forma diferente de dizer a
verdade .
Quando o salário educação foi implantado pelo governo Fernando Henrique, o
valor ( cerca de R$ 30,00) foi motivo de até piada por parte de alguns críticos. Assim , o
governo resolveu fazer uma propaganda ( cremos que com a Paloma Duarte ) onde em
cima de uma mesa havia um lápis, borracha, cadernos brochura, estojo, camiseta, etc ,
itens os quais somados davam R$ 30,00. Contudo , pela quantidade dos pequenos
objetos a impressão que se tinha é que com o salário educação podia-se comprar
muita coisa, o que , de fato, era verdade. Assim o valor do salário foi trocado pelos
itens que se podia adquirir, o que aumentou a importância do dinheiro, mesmo
porque o salário era mensal e depois dos gastos do material escolar, a família
continuaria recebendo do governo. Esta forma de dizer só o assessor de marketing
percebe e na felicidade da escolha “das melhores verdades” que ele faz é que se cria a
imagem do político, ou do governo.
Por esta razão é que na equipe este profissional é importantíssimo. Ele dá uma
feição diferente ao fato, ele consegue ver como as coisas podem melhor impactar na
população e quais os caminhos que o parlamentar ou o executivo devem trilhar para
alcançar a mente do eleitor, do povo, e com isso apresentar seu político de forma
eficiente.
12) Algumas questões curtas , mas de longo alcance.
a) O cliente tem sempre razão, essa é uma máxima verdadeira dos vendedores de
sucesso, por isso, também o é dos políticos de sucesso. Nem sempre o que o eleito
penso importa. Assim impor seu ponto de vista sobre as convicções do eleitor é algo
102
que requer sabedoria e muita psicologia política. Não só porque você vai tentar fazer
alguém mudar de opinião, mas porque ele (o eleitor) crê que você pensa como ele, por
isso é preferível concordar de início, como dissemos atrás , para mudar a opinião dele
gradativamente. Se , em última análise, não for possível, concorde você com ele, é
mais seguro do que arriscar perder um eleitor.
b) Não se sinta fracassado porque não conseguiu atender um pedido. Nem sempre
quem pede só irá se satisfazer se for atendido. Aqui vale o que falamos sobre
atendimento. Se você mostrar que se esforçou e que não foi possível, também vale. O
eleitor sabe que muitas coisas já não são possíveis de serem atendidas como
antigamente porque na política atual, parlamentar e até mesmo prefeito tem
limitações. Ademais, apenas cerca de 20% dos que votaram no eleito consegue chegar
até ele para pedir o favor. Os demais avaliarão o mandato pelas informações da mídia.
c) A versão é mais importante do que o fato. Político tem que estar sempre atendo à
informação porque jamais se pode permitir que a versão do fato lhe seja desfavorável.
O fato em si mesmo não importa tanto porque dele participam poucos agentes, mas
quantos vão saber do fato é coisa que excede ao controle, porque a mídia tem um
alcance ilimitado, ainda mais agora com a internet. Por isso, cuidado.
103
Bibliografia
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2) Brickmann, Carlos . (1994) – Os segredos da Comunicação Política. Editora
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Cultrix
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Pioneira
18) Trombelli, Sérgio Motti . (2007) – Marketing Político, para quem tem os pés no
chão, Tórculo Editorial
104
19) Trombelli, Sérgio Motti e Ubiali, Marco Aurélio, (2009) – Marketing Político,
fidelize seu eleitor e vença sempre, Tórculo Editorial
20) _____________________ (2012) – Marketing Político, com a campanha no
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21) Vaz, Gil Nuno . (1995) Marketing Institucional, Editora Pioneira
22) Weber, Max , A política como vocação, Universidade de Brasília, 2003
Internet
Hamilton Bueno, artigo: Como Fidelizar Clientes, www.hamiltonbueno.com.br
105
A N E X O
106
Por fim, para orientação , principalmente de vereadores cujas Câmaras municipais ainda não disciplinaram a função dos assessores de gabinete estamos anexando um pequeno resumo que retiramos do texto “Manual do Gabinete” elaborado pela Câmara dos Deputados e que achamos importante destacar aqui para servir de orientação aos que quiserem disciplinar esta matérias em suas Câmaras Municipais.
DIREITOS E DEVERES DO SECRETÁRIO PARLAMENTAR
O CARGO: FINALIDADE
O Quadro de Pessoal do Secretariado Parlamentar tem por finalidade a prestação de serviços de secretaria, assistência e assessoramento direto e exclusivo nos gabinetes dos deputados para atendimento das atividades parlamentares específicas de cada gabinete.
NATUREZA DO CARGO
O cargo de Secretário Parlamentar é um cargo público em comissão, de livre nomeação e exoneração.
A nomeação do Secretário Parlamentar é feita por ato administrativo do Diretor-Administrativo da Câmara dos Deputados, ou autoridade por ele delegada, mediante iniciativa do deputado federal.
Observação: o cargo em comissão de Secretário Parlamentar não é considerado cargo técnico ou científico, para efeito da acumulação legal de cargos prevista no Art. 37, inciso XVI, alínea “b”, da Constituição Federal.
ATRIBUIÇÕES
O Secretário Parlamentar pode ser designado para uma das seguintes atribuições:
Assessor Parlamentar,
Assistente Parlamentar,
Auxiliar Parlamentar.
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ASSESSOR PARLAMENTAR
- coordenar atividades administrativas;
- dirigir equipe de servidores, de acordo com a orientação do parlamentar;
- tratar de assuntos relacionados à contratação, exoneração, frequência, férias e outros assuntos dessa natureza;
- redigir ofícios e correspondências;
- cuidar das emissões e reservas de passagens aéreas;
- elaborar minutas de matérias legislativas, tais como proposições, pareceres, votos, requerimentos, recursos, emendas, projetos de lei e outros;
- elaborar pronunciamentos;
- prestar assistência a autoridades em compromissos oficiais;
- assessorar o parlamentar nas reuniões de comissões, audiências públicas e outros eventos;
- acompanhar matérias legislativas e as publicações oficiais de interesse do parlamentar;
- cumprir outras atividades de apoio inerentes ao exercício do mandato parlamentar.
ASSISTENTE PARLAMENTAR
- prestar assistência a autoridades em compromissos oficiais;
- acompanhar o andamento de processos de interesse do parlamentar;
- acompanhar as matérias legislativas e as publicações oficiais de interesse doparlamentar;
- proceder a leitura diária das publicações oficiais;
- cuidar das emissões e reservas de passagens aéreas;
- controlar o material de expediente;
- administrar a caixa postal eletrônica;
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- operar programas informatizados;
- manter banco de dados;
- digitar textos e documentos;
- cuidar da agenda do parlamentar;
- redigir ofícios e correspondências;
- cuidar da preparação da correspondência;
- receber e abrir correspondências;
- receber, orientar e encaminhar o público;
- conduzir veículos;
- cumprir outras atividades de apoio inerentes ao exercício do mandato parlamentar.
AUXILIAR PARLAMENTAR
- digitar textos e documentos;
- operar programas informatizados;
- manter banco de dados;
- cuidar da preparação da correspondência;
- receber, orientar e encaminhar o público;
- entregar e receber correspondências, processos e documentos;
- arquivar documentos;
- atender telefone;
- conduzir veículos;
- cumprir outras atividades de apoio inerentes ao exercício do mandato parlamentar.
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IMPEDIMENTOS PARA POSSE NO CARGO
É vedada a posse no cargo de Secretário Parlamentar para:
a) ex-secretários parlamentares, antes de decorridos 90 dias de sua exoneração, para o
cargo no Gabinete em que era lotado, independentemente do nível de retribuição,
exceto nos casos de afastamento ou reassunção do Parlamentar;
b) aqueles que exercem cargo, emprego ou função pública, inclusive em autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder Público, a mesmo que se
encontrem em licença sem remuneração ou com contrato de trabalho suspenso,
exceto quando se tratar de processo de cessão do servidor, mediante requisição
formalizada pelo Presidente da Câmara dos Deputados;
c) aqueles que participam de gerência ou administração de sociedade privada,
personificada ou não, ou exercem o comércio, exceto na qualidade de acionista,
cotista ou comanditário;
d) aqueles que exercem cargo eletivo;
e) aqueles que devem prestação de contas e declaração de bens e rendas, referentes a
cargos ocupados anteriormente na Câmara dos Deputados;
f) aqueles que recebem proventos por invalidez ou auxílio-doença;
g) os menores de 18 anos de idade, ainda que emancipados;
h) aqueles que tiverem vínculo empregatício com empresa privada, com carga horária
incompatível com a jornada de trabalho prevista para o cargo em comissão de
Secretário Parlamentar;
i) aqueles cuja nomeação contraria a disciplina da Súmula Vinculante nº 13 do
Supremo Tribunal Federal.
j) aqueles que se encontram em licença sem remuneração ou com contrato de
trabalho suspenso
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k) aqueles que tenham sofrido penalidade que impossibilite a investidura em cargo
público.
Observações quanto aos impedimentos:
i) Há algumas situações em que é legal a nomeação daquele que exerce cargo eletivo
de Vereador.
Entretanto, para formalizar a indicação, o Deputado deverá fazer uma consulta prévia
ao Diretor do Departamento de Pessoal, para análise do enquadramento da situação
do servidor, à vista da legislação em vigor, bem como para verificar se há
compatibilidade de horários.
Ao protocolar o ofício de consulta, o Deputado deverá informar o local e os horários
em que o servidor irá prestar serviços e anexar:
- cópia da Lei Orgânica do Município;
- cópia da Constituição Estadual; e
- declaração da respectiva Câmara Municipal, informando os dias e os horário em que
ocorrem as sessões.
ii) Aqueles que ocupam cargo em empresa privada com horário compatível com o da
Câmara dos Deputados devem apresentar, no ato da posse, declaração do empregador
e do deputado, informando carga horária semanal, horário de início e término das
atividades diárias.
iii) Aqueles que ocuparam recentemente cargo em empresa privada devem
apresentar, no ato da posse, comprovante do encerramento do vínculo empregatício:
cópia autenticada da rescisão contratual, ou da Carteira de Trabalho e Previdência
Social – CTPS, constando identificação do titular e a data do término do contrato ou
declaração do empregador.
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v) São impedidos de exercer a advocacia os servidores da Administração Direta,
Indireta e Fundacional contra a Fazenda Pública que os remunere ou à qual seja
vinculada a entidade empregadora.
INDICAÇÃO E NOMEAÇÃO
A indicação para o cargo de Secretário Parlamentar será feita pelo Deputado titular do
gabinete, mediante preenchimento do formulário Indicação para Cargo em Comissão,
e terá efeito a partir da posse e respectivo exercício, proibida a retroação.
A nomeação do Secretário Parlamentar se dá mediante portaria publicada no
Suplemento ao Boletim Administrativo da Câmara dos Deputados, no primeiro dia útil
posterior ao da indicação.
Atenção: a contar da data da publicação da portaria, o Secretário Parlamentar
nomeado tem até 30 dias para tomar posse.
POSSE
A posse no cargo em comissão de Secretário Parlamentar pode ser dada também
mediante procuração.
A procuração deve ser específica para a posse em cargo comissionado da Câmara dos
Deputados, com firma reconhecida em cartório.
DOCUMENTOS PESSOAIS EXIGIDOS PARA A POSSE:
Devem ser apresentados os documentos originais acompanhados de cópias legíveis, as
quais serão retidas.
a) Cédula de identidade, CPF e PIS/PASEP;
b) Certidão de Casamento;
c) 1 (uma) fotografia 3x4 recente;
d) Comprovante de residência – cópia legível com endereço completo, inclusive o
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número do CEP, em nome do empossado, do cônjuge ou dos pais. Se, em nome
de terceiros, anexar declaração de residência (formulário próprio);
e) Certidão de quitação eleitoral (pode ser emitida no seguinte sítio da Justiça Eleitoral,
na Internet: http://www.tredf.gov.br);
f) Certificado militar ou comprovante de quitação com as obrigações militares.
Observações :
I. nos certificados de reservista de 1ª e 2ª categorias são obrigatórias as anotações
(carimbos), no verso;
II. certificado de alistamento militar (CAM) é válido somente até a data do
recebimento do certificado de isenção ou de dispensa de incorporação, de acordo com
as anotações no verso do CAM;
III. os cidadãos estão isentos da comprovação da situação militar, a partir do ano em
que completarem 46 (quarenta e seis) anos de idade, conforme o Decreto n.º
93.670/1986.
g) Cópia da última Declaração de Ajuste Anual (Imposto de Renda) apresentada à
Receita Federal, assinada em todas as páginas, inclusive o respectivo recibo. Os isentos
devem apresentar extrato obtido no sítio da Receita Federal na Internet :
http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoafisica/NovoExtratoPF.htm
REQUISIÇÃO DE SERVIDOR
A requisição de servidores de outros órgãos públicos, caso seja feita para gabinete
parlamentar, observará a disponibilidade de verba e o limite de lotação de servidores.
Compete ao Presidente da Câmara dos Deputados a formalização da requisição do
servidor para prestar serviços na Câmara dos Deputados, mediante solicitação do
Deputado, em formulário próprio, disponível no Portal Corporativo da Câmara dos
Requisição efetuada pelo Parlamentar diretamente ao órgão de origem não será
reconhecida.
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Atenção:
- A Câmara dos Deputados não efetua ressarcimento de salários e encargos
decorrentes da requisição de servidores.
- Servidores que ocupam exclusivamente cargo comissionado no órgão/ entidade de
origem não poderão ser cedidos.
- Servidores que ocupam dois cargos ou empregos públicos só poderão tomar posse
quando forem cedidos por ambos os órgãos de origem.
FASES DA REQUISIÇÃO
Pedido do Parlamentar – encaminhado diretamente à Presidência da Câmara dos
Deputados, mediante formulário Requisição de Servidor, preenchido e assinado pelo
Deputado.
Solicitação – formalizada pelo Presidente da Câmara dos Deputados mediante ofício ao
dirigente máximo do órgão de origem do servidor (Ministro, Governador, Prefeito,
Presidente de Tribunal etc.)
Atenção: o gabinete parlamentar deve aguardar a comunicação da Presidência da
Casa, uma vez que o encaminhamento do ofício de requisição fica a cargo do gabinete
solicitante.
Anuência – manifestação prévia de concordância por parte do dirigente máximo do
órgão de origem do servidor.
Autorização da cessão – ocorre mediante publicação de portaria no Diário Oficial da
União, do Distrito Federal, do Município ou Diário de Justiça etc.
Apresentação
Uma vez publicado o ato de cessão, o dirigente de recursos humanos do órgão de
origem apresentará o servidor ao Diretor do Departamento de Pessoal da Câmara dos
Deputados mediante ofício.
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Posse – o processo de requisição completa-se com a posse do servidor. Portanto, após
o cumprimento das fases acima mencionadas, o Deputado que solicitou a requisição
deverá indicar o servidor para exercer o cargo em comissão.
Os procedimentos de indicação, nomeação e posse de Secretário Parlamentar
requisitado observam no que couber ao que está contido na seção NOMEAÇÃO E
POSSE.
A requisição de servidor de outro órgão público se dá pelo prazo de 1 (um) ano,
permitida a prorrogação.
MUDANÇA DE LOTAÇÃO
A mudança de lotação se dá pela exoneração com indicação imediata em novo
Gabinete, devendo ocorrer ambas na mesma data.
Os respectivos formulários devem ser preenchidos e entregues simultaneamente no
DEAPA.
Em se tratando de secretário parlamentar requisitado, a mudança de lotação só
poderá ocorrer dentro do prazo da cessão, não sendo permitida exceção, mesmo que
exista processo de prorrogação em andamento, pendente de decisão do órgão de
origem.
FREQUÊNCIA, FÉRIAS E OUTROS AFASTAMENTOS
CONTROLE DE FREQUÊNCIA MENSAL
Cada gabinete comunicará, mensalmente, a freqüência dos secretários parlamentares
ao Departamento de Pessoal, mediante o formulário Comunicado de Freqüência,
disponível no Portal Corporativo da Câmara dos Deputados (Intranet), na página de
Formulários do Departamento de Pessoal (endereço eletrônico:
http://intranet2.camara.gov.br/servicos/formularios/depes).
O referido comunicado, emitido pelo DEPES com base nas ocorrências do mês anterior
(férias, licenças, nomeações e exonerações), lançadas no Sistema de Gestão de
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Pessoas – SIGESP, deverá ser atestado pelo respectivo Deputado, no qual poderá,
inclusive, registrar faltas, impontualidades ou outras ocorrências.
O Deputado, ou seu suplente, pode designar até 2 (dois) secretários parlamentares
para assinar a freqüência mensal do gabinete, mediante preenchimento do formulário
FÉRIAS
O Secretário Parlamentar faz jus a 30 dias de férias por ano.
Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos 12 (doze) meses de
exercício.
Cada período de férias poderá ser parcelado em até 3 etapas, desde que assim
requerido pelo servidor, e no interesse da Administração Pública.
As férias podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de
necessidade do serviço.
Observação: As férias não usufruídas e em via de prescrição por acumulação por
período superior ao permitido por lei (2 períodos) poderão ser concedidas de ofício
pelo Diretor do Departamento de Pessoal.
FÉRIAS DE SERVIDOR REQUISITADO
As férias dos servidores requisitados são concedidas em conformidade com o órgão de
origem, observando-se o período aquisitivo, normas de parcelamento e períodos já
marcados antes do início da cessão. Essas informações deverão constar do ofício de
apresentação.
O servidor requisitado, regido pela CLT, não pode converter 10 (dez) dias de férias em
abono pecuniário no órgão cedente enquanto estiver exercendo cargo em comissão na
Câmara dos Deputados, haja vista a impossibilidade de conversão nesta Casa, sob o
regime da Lei 8.112/1990.
O professor e o servidor integrante do Grupo Jurídico, afastado do seu cargo para
exercer cargo em comissão ou função de confiança, não faz jus ao período de 45 a 60
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dias de férias, respectivamente, por exercício, considerando que o pressuposto legal
para essas concessões é estar em efetivo desempenho das funções.
Os servidores requisitados não podem requerer férias diretamente no órgão de
origem.
O parcelamento de férias só será aceito se estiver de acordo com as normas do
respectivo órgão de origem, e os requerimentos devem ser entregues totalizando os
30 dias.
Tal como no caso dos servidores sem vínculo, as férias de secretários parlamentares
requisitados podem ser acumuladas somente até o prazo de dois períodos, no caso de
necessidade do serviço, e o Diretor do Departamento de Pessoal da Câmara dos
Deputados poderá conceder, de ofício, as férias não requeridas no prazo legal.
AUSÊNCIAS PERMITIDAS (PREVISTAS NA LEI Nº 8.112/1990)
O Secretário Parlamentar poderá, sem qualquer prejuízo, ausentar-se do serviço:
- para doação de sangue, por 1 (um) dia;
- para se alistar como eleitor, por 2 (dois) dias consecutivos;
- para casamento, por 8 (oito) dias consecutivos;
- por motivo de falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto,
filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos, por 8 (oito) dias consecutivos;
- para participação em júri, conforme os dias atestados;
- para participação em serviço eleitoral, conforme os dias atestados.
Licença-paternidade: pelo nascimento ou adoção de filhos, o Secretário Parlamentar
terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos, contados da data do
nascimento.
Legislação/Norma: Lei n.º 8.112/1990, arts. 97, 102 e 208
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Para requerer o afastamento referente a qualquer dos casos acima, o Secretário
Parlamentar deve preencher o formulário Justificativa de Ausência ao Serviço e
encaminhar, anexando o comprovante respectivo (cópia autenticada ou documento
original para a devida conferência):
LICENÇA À GESTANTE / SALÁRIO-MATERNIDADE
A Secretária Parlamentar faz jus a licença à gestante, sem prejuízo do cargo e do
salário, com a duração de 120 dias, prorrogáveis por mais 60 dias, mediante
requerimento.
O requerimento de prorrogação deve ser apresentado até o final do primeiro mês após
o parto.
A licença-maternidade é devida:
a) a partir do 8º mês de gestação, comprovado por meio de atestado médico;
b) a partir da data do parto, com apresentação da certidão de nascimento;
c) a partir da data do deferimento da medida liminar nos autos de adoção ou da data
da lavratura da certidão de nascimento do adotado.
Considera-se parto, o nascimento ocorrido a partir da 23ª semana (6º mês) de
gestação, inclusive em caso de natimorto.
Salário-Maternidade: até a alteração introduzida para Lei n.º 10.710/2003, as
servidoras sem vínculo efetivo com o serviço público, amparadas pelo Regime Geral da
Previdência Social, recebiam o salário-maternidade por meio de requerimento do
benefício diretamente ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. A partir de
1º/9/2003, o salário-maternidade passou a ser pago diretamente pela
empresa/entidade empregadora, exceto nos casos em que o afastamento da segurada
empregada seja em função de adoção ou guarda judicial para fins de adoção.
O salário-maternidade corresponde ao valor integral da remuneração mensal.
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Aborto – em caso de aborto não criminoso, comprovado mediante atestado médico
fornecido pelo Sistema Único de Saúde ou pelo serviço médico próprio da empresa ou
por ela credenciado, a segurada terá direito ao salário-maternidade correspondente a
duas semanas.
Natimorto – em caso de natimorto, desde que seja a partir do 6º mês de gestação, a
segurada terá direito a 120 dias. Caso esse fato ocorra antes do 6º mês de gestação,
será mesmo o caso de aborto não criminoso.
Adoção – no caso de adoção ou de guarda judicial para fins de adoção, a servidora terá
direito a licença-maternidade:
a) por 120 dias para criança de até 1 ano de idade;
b) por 60 dias para criança de um ano e um dia até 4 anos de idade; ou
c) por 30 dias para criança de 4 anos e 1 dia até 8 anos de idade.
Observação: A Secretária Parlamentar não faz jus à licença-amamentação, pois o
benefício não encontra amparo na legislação previdenciária.
Para requerer o afastamento referente a qualquer dos casos acima, a Secretária
Parlamentar deve preencher o formulário Justificativa de Ausência ao Serviço e
encaminhar, anexando o comprovante respectivo (cópia autenticada ou documento
original para a devida conferência).
LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE / AUXÍLIO-DOENÇA
Ao servidor que se tornar incapaz para o trabalho por motivo de doença será
concedida licença para tratamento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em
perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.
O servidor deve se apresentar, munido de atestado médico no qual conste o período
previsto de incapacidade para o trabalho, ao Serviço de Perícia Médica da Câmara dos
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Deputados (Anexo III, subsolo), no prazo de 3 (três) dias úteis, contados do início do
afastamento, a fim de submeter-se a exame médico pericial.
Caso esteja hospitalizado ou impossibilitado de se locomover, o servidor deverá
imediatamente comunicar, diretamente ou por terceiros, sua condição ao Serviço de
Perícia Médica, que poderá, a seu critério, realizar visita hospitalar ou domiciliar.
Atenção: Se o afastamento for superior a 15 (quinze) dias, o atestado deve ser
acompanhado de Relatório Médico Circunstanciado.
No caso de servidor requisitado regido pela Lei n.º 8.112/1990 e estatutário no órgão
de origem, a remuneração será integral na Câmara dos Deputados até o limite de 24
(vinte e quatro) meses de licença.
No caso de servidor amparado pelo Regime Geral da Previdência Social (secretários
parlamentares sem vínculo efetivo com o serviço público e requisitados vinculados a
esse regime no órgão de origem), somente os primeiros 15 (quinze) dias de
afastamento são
CÂMARA DOS DEPUTADOS remunerados pela Câmara, sendo que, a partir do 16º dia,
o servidor fará jus ao benefíciodo Auxílio-Doença, a ser pago pelo Instituto Nacional do
Seguro Social, mediante perícia. daquele Órgão.
Requerimento do Auxílio-Doença – o interessado deve requerer o Auxílio-Doença em
qualquer Agência ou Unidade de Atendimento da Previdência Social, de posse do
atestado médico e da seguinte documentação, a ser expedida pelo Departamento de
Pessoal da Câmara dos Deputados, mediante comunicado do Departamento Médico:
a) Declaração de Tempo de Contribuição para fins de Obtenção de Benefício junto ao
INSS; e
e) Requerimento de Benefício por Incapacidade.
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Observações:
- Somente será expedida a documentação para requerimento do Auxílio-Doença
quando no atestado médico houver a indicação de afastamento superior a 15 dias,
caso em que o atestado deverá estar acompanhado de relatório médico
circunstanciado.
- A marcação da necessária perícia no INSS pode ser feita antecipadamente pelo
segurado, por meio da Internet, no sítio da Previdência Social (endereço eletrônico:
http://www.dataprev.gov.br/servicos/auxdoe/auxdoe.htm)
- Para liberação da verba de gabinete parlamentar referente à substituição de servidor
afastado, em Auxílio-Doença pelo INSS, é necessário solicitar à Seção de Controle de
Frequência as devidas anotações na indicação do novo servidor, antes de apresentá-la
ao Deapa.
ATENDIMENTO MÉDICO E OUTROS BENEFÍCIOS
CADASTRAMENTO DE DEPENDENTES
É necessário que o Secretário Parlamentar solicite a inclusão de seus dependentes no
cadastro próprio, para que possam usufruir dos benefícios a que tiverem direito.
As condições e a documentação necessária à situação de dependência, para cada
benefício, assim como os formulários relacionados, informações sobre seu
preenchimento e encaminhamento, conforme cada caso, encontram-se atualizadas no
Portal Corporativo da Câmara dos Deputados.
SERVIÇOS MÉDICOS
Os serviços do Departamento Médico da Câmara dos Deputados (Demed), em Brasília,
estão disponíveis aos Secretários Parlamentares e a seus dependentes devidamente
cadastrados no Departamento de Pessoal.
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PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA E EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR – PAE
O Secretário Parlamentar tem acesso ao Programa de Assistência e Educação Pré-
Escolar – PAE, que se destina ao atendimento educacional dos dependentes legais dos
servidores da Câmara dos Deputados, na faixa etária de 0 (zero) a 6 (seis) anos e
fração, matriculados em escolas cadastradas no PAE, somente no Distrito Federal e
entorno.
DEDUÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA
O Secretário Parlamentar pode requerer a redução da base tributária mensal para o
cálculo do desconto do Imposto de Renda retido na fonte, em virtude da existência de
dependentes que atendam as condições estabelecidas na legislação fiscal.
Atenção: Os servidores requisitados com ônus para o órgão de origem não fazem jus a
este benefício.
As informações a respeito do assunto encontram-se atualizadas no Portal Corporativo
da Câmara dos Deputados.
SALÁRIO-FAMÍLIA
O Salário-Família é um valor pago por filho ou equiparado de qualquer condição, até
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(quatorze) anos de idade, ou inválido de qualquer idade, nos termos da legislação em
vigor.
Só fazem jus a este benefício os servidores sem vínculo efetivo com a Administração
Pública e os requisitados que tenham sido cedidos sem ônus para o órgão de origem e
sejam amparados pelo RGPS-Regime Geral da Previdência Social, cuja remuneração
mensal não ultrapasse o limite estabelecido em Portaria Interministerial MPS/MF.
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AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO
O Secretário Parlamentar sem vínculo efetivo com a Administração Pública faz jus,
também, ao Auxílio-Alimentação, creditado automaticamente em folha de pagamento
conforme legislação em vigor.
O Secretário Parlamentar requisitado somente faz jus ao Auxílio-Alimentação
mediante a apresentação, em formulário próprio, de Termo de Opção pelo
recebimento do benefício na Câmara dos Deputados, acompanhado de declaração
expedida pelo Órgão de origem, na qual se diga que o servidor não recebe Auxílio-
Alimentação ou benefício equivalente naquele Órgão, sendo que, nos casos de cessão
com ônus para a origem, deve ser anexado o respectivo contracheque.
AUXÍLIO-TRANSPORTE
O Secretário Parlamentar, sem vínculo ou requisitado, pode receber Auxílio-Transporte
mediante cadastramento.
O Programa Auxílio-Transporte tem como objetivo custear, de forma parcial, as
despesas com transporte dos servidores devidamente cadastrados, sendo necessário o
comparecimento do interessado na Secretaria Executiva do PAE, onde deve preencher
o respectivo formulário de adesão, anexando cópia de um comprovante de residência
(apresentar original).
EXONERAÇÃO
TIPOS DE EXONERAÇÃO
A exoneração poderá ser:
a) Exoneração a pedido do secretário parlamentar – será efetivada a partir da data da
solicitação;
b) Exoneração por iniciativa do titular do gabinete (Deputado) – produzirá efeitos:
I. a partir da data do protocolo; ou
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II. a partir do primeiro dia do mês subseqüente, na hipótese de haver débito com a
Câmara dos Deputados.
c) Exoneração ex officio
I. O ocupante do cargo de Secretário Parlamentar requisitado de outro órgão, cujo
prazo de cessão tenha vencido, sem haver prorrogação concedida, será exonerado de
ofício e devolvido ao órgão de origem.
II. Os secretários parlamentares serão coletivamente exonerados do cargo que
ocupam, de ofício, quando ocorrer o afastamento do parlamentar por término de
mandato, xercício de função de Ministro de Estado, Secretário de Estado ou Prefeito
de Capital, bem como por motivo de falecimento do parlamentar ou de licença do
parlamentar para tratar de interesse particular.
Observações:
- A exoneração do pessoal lotado no respectivo gabinete será efetivada a partir da data
do afastamento do parlamentar.
- Caso o titular se licencie para tratamento de saúde, por 120 dias ou mais, haverá a
convocação do respectivo suplente (Ato da Mesa n.º 37/1979). Os servidores lotados
no gabinete não poderão ser substituídos, salvo por motivo de força maior, durante o
período da referida licença. Somente o titular poderá indicar ou promover alterações
no gabinete, como alterações no nível de retribuição.
d) Exoneração por falecimento do servidor – A exoneração por falecimento do servidor
se dá a partir da data do falecimento.
Atenção: nos casos descritos nos itens “a” e “b”, acima, o servidor exonerado ficará
impedido de voltar ao mesmo cargo, na mesma lotação, antes de decorridos 90
(noventa) dias de sua exoneração.
PRESTAÇÃO DE CONTAS
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Por ocasião da exoneração, o Secretário Parlamentar deverá apresentar ao
Departamento de Pessoal a sua prestação de contas e a sua declaração de bens e
rendas.
O formulário de Prestação de Contas deve estar totalmente preenchido e assinado
pelos seguintes setores, aos quais devem ser devolvidos os respectivos itens
relacionados:
a) Departamento de Polícia Legislativa – Depol: crachá e cartão de veículo;
b) Departamento de Apoio Parlamentar – Deapa: chaves do Gabinete; e
c) Centro de Documentação e Informação – Cedi: livros emprestados pela Biblioteca.
Obs.: É sempre necessário colher as assinaturas no formulário de Prestação de Contas,
mesmo nos casos de exoneração de secretário parlamentar lotado no Estado. Esse
procedimento pode ser feito por qualquer pessoa do Gabinete.
O formulário de Declaração de Bens e Rendas deve ser preenchido e assinado pelo
próprio Secretário Parlamentar. Além disso, é necessário anexar uma cópia da
respectiva CÂMARA DOS DEPUTADOS
Declaração de Ajuste Anual (Imposto de Renda) ou da Declaração Anual de Isento,
assinadas em todas as páginas.
Caso o servidor já tenha apresentado à Câmara a cópia da Declaração de Ajuste Anual (Imposto de Renda) quando da sua cobrança anual, desde que referente ao mesmo exercício, não será necessário entregá-la na exoneração; porém o formulário de Declaração de Bens e Rendas preenchido, datado e assinado é indispensável mesmo nesses casos.
RETORNO DO SERVIDOR REQUISITADO AO ÓRGÃO DE ORIGEM
A partir da data de sua exoneração da Câmara dos Deputados, a frequência do servidor deverá ser registrada no órgão de origem, sendo este competente para regular qualquer prazo de tolerância para apresentação do funcionário no novo local de trabalho.
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A legislação estabelece que a ausência ao trabalho por mais de 30 (trinta) dias consecutivos, sem motivo justificado previsto em lei, caracteriza abandono do cargo, punível com a pena de demissão.
ACERTO FINANCEIRO
O secretário parlamentar, ao ser exonerado, tem direito a receber, como acerto financeiro, os dias trabalhados do início do mês até a véspera da data de sua exoneração, além de retribuição pecuniária por períodos de férias não gozados e o proporcional acumulado de Gratificação Natalina.
O acerto financeiro será pago juntamente com a folha de pagamento subsequente à data de sua exoneração.
Atenção: os servidores requisitados de outros órgãos públicos não fazem jus a retribuição pecuniária referente a férias, uma vez que têm seu direito a férias resguardado no órgão de origem.
ATUALIZAÇÃO CADASTRAL
O Secretário Parlamentar deve manter atualizados seus dados cadastrais (estado civil, escolaridade, documentos pessoais etc.), seu endereço residencial, números de telefone e endereço de e-mail.
Quando houver alteração, o Secretário Parlamentar deve preencher o Formulário de Alteração de Endereço Residencial e de Dados Cadastrais, anexar comprovante de endereço e encaminhá-lo à:
- requisitado: Seção de Registro e Controle de Requisitados – SEREQ, Anexo IV, térreo, sala 94,
- sem vínculo: Seção de Registro e Controle – SEREC, Anexo IV, térreo, sala 93,
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