marketing alimentar dirigido às crianças_efeitos e consequências

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  • 7/31/2019 Marketing Alimentar dirigido s crianas_efeitos e consequncias

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    Licenciatura em Cincias da Nutrio

    Marketing Alimentar dirigido s crianas: efeitos e

    consequncias

    Trabalho de Investigao

    Elaborado por: Carlos Manuel Pereira Ramos

    Aluno n. 200490755

    Orientador: Mestre Joo Joaquim Rodrigues da Silva Breda

    Barcarena, Dezembro 2008

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    ii

    Universidade Atlntica

    Licenciatura em Cincias da Nutrio

    O Marketing Alimentar dirigido s crianas: efeitos e

    consequncias

    Trabalho de Investigao

    Elaborado por: Carlos Manuel Pereira Ramos

    Aluno n. 200490755

    Orientador: Mestre Joo Joaquim Rodrigues da Silva Breda

    Barcarena, Dezembro 2008

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    iii

    DECLARAO

    Nome: Carlos Manuel Pereira Ramos

    Endereo electrnico: [email protected]

    Telefone: 91 586 43 51

    Nmero do Bilhete de Identidade: 13041603

    Ttulo do Trabalho: O Marketing Alimentar dirigido s crianas: efeitos econsequncias

    Orientador: Mestre Joo Joaquim Rodrigues da Silva Breda

    Declaro que concedo Universidade Atlntica uma licena no-exclusiva para

    arquivar e tornar acessvel, o presente trabalho, no todo ou em parte.

    Retenho todos os direitos de autor relativos ao presente trabalho, e o direito de o usar

    futuramente

    Assinatura

    Universidade Atlntica, Barcarena 15/12/2008

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    O autor o nico responsvel pelas ideias expressas neste relatrio

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    Resumo

    Condies crnicas, como obesidade, diabetes tipo II, doenas cardiovasculares e

    cancros relacionados com o regime alimentar so uma preocupao crescente para os

    governos dos pases industrializados. Nos E.U., por exemplo, o Centers for Disease

    Control (CDC) tem reconhecido que a obesidade logo aps o tabaco das principais

    causas de morte prevenvel. As consequncias da obesidade infantil so graves, e

    influenciam o bem-estar mental, fsico e social das crianas O aumento da obesidade,

    especialmente em crianas, um fenmeno observado com preocupao por toda a

    Europa. O International Obesity Task Force estima que aproximadamente 20% das

    crianas em idade escolar na Europa tm excesso de gordura corporal, com um risco

    aumentado de desenvolvimento de doenas crnicas. Destas crianas com excesso de

    peso, um quarto so obesos. O excesso de peso e a obesidade infantil nas crianas so

    srios problemas generalizados nos pases desenvolvidos e em particular na Unio

    Europeia. Muitos factores influenciam a difuso desta epidemia: a publicidade alimentar

    seguramente um factor significativo. Vrios estudos indicam que a publicidade

    alimentar est associada a preferncias entre os produtos publicitados dirigidos s

    crianas. O conhecimento nutricional das crianas, as suas preferncias alimentares, os

    comportamentos relacionados com a compra e venda, consumo, o estado da sade e

    alimentao so influenciadas pela publicidade. Vrios estudos indicam que existe uma

    atitude favorvel em relao aos produtos anunciados. Os resultados indicam que h

    evidncias de uma relao entre o marketing alimentar dirigido a crianas e o

    comportamento das crianas, mas no suficientemente claro se existe uma relao

    entre o excesso de peso ou obesidade na infncia e o marketing alimentar dirigido a

    crianas. Isto leva a uma concluso razovel que, mesmo que ainda no haja provas

    desta correlao, os decisores polticos devem desenvolver recomendaes baseadas noprincpio da precauo. Esta concluso apoiada por organizaes internacionais de

    marketing, que tm criticado a abordagem das organizaes de sade no passado.

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    Abstract

    Chronic conditions such as obesity, type II diabetes, cardiovascular disease and diet-

    related cancers are of increasing concern to governments in industrialised countries. In

    the US, for instance, the governments Centers for Disease Control have named obesitysecond only to smoking as a leading cause of preventable death.

    The consequences of childhood obesity are severe, and influence childrens mental,

    physical, and social well-being.

    Increasing obesity, especially in children, is being noted with mounting concern

    throughout Europe. The International Obesity Task Force estimates that approximately

    20% of school-age children in Europe are carrying excess body fat, with an increased

    risk of developing chronic disease. Of these overweight children, a quarter are obese.

    Childhood obesity and overweight children are serious and widespread problems in

    developed countries and in particular in the European Union. Many factors influence the

    diffusion of this epidemic: food advertising is certainly a significant factor.

    Several studies indicate that food advertising is associated with preferences among

    children towards advertised products.

    Childrens nutritional knowledge, food preferences, purchasing and purchase related

    behaviour, consumption, and diet and health status are influenced by advertising.

    Several studies indicate that there is a favourable attitude towards advertised products.

    The results indicate that there is evidence of a relationship between children food

    marketing and children behaviour, but it is not sufficiently clear whether there is a

    relation between overweight or obesity in childhood and children food marketing.

    This leads to a reasonable conclusion, that even if there is not yet evidence of this

    correlation, policy-makers must develop recommendations based on the precautionary

    principle. This conclusion is supported by international marketing organizations, which

    has criticized the approach of health organizations in the past.

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    ndice geral

    1. Introduo ................................................................................................................ 4

    2. Situao actual do marketing alimentar.................................................................. 8

    2.1. Tipos de alimentos ricos em gordura, acar ou sal, frequentemente

    consumidos por crianas........................................................................................ 11

    2.2. Tipo e quantidade de marketing alimentar para crianas.............................. 12

    3. Promoo Alimentar dirigida a crianas - Situao Global.................................... 14

    3.1. Em Portugal ..................................................................................................... 17

    4. Evidncias da influncia do marketing no excesso de peso e obesidade infantil

    com o comportamento alimentar das crianas......................................................... 19

    4.1. Avaliao da influncia da publicidade sobre a obesidade infantil ................ 20

    4.1.1. Os efeitos da publicidade alimentar para crianas: Revises de Gerard

    Hasting, Instituto de Marketing Social da Universidade de Stirling (UK) [15-16]............................................................................................................................ 23

    5. Tcnicas de marketing usadas na promoo alimentar dirigida a crianas .......... 25

    5.1. Promoo televisiva ........................................................................................ 25

    5.1.1. Regulao da promoo televisiva ........................................................... 26

    5.1.1.1. Regulao Global ............................................................................... 26

    5.1.1.2. Regulao Nacional (Portugal)........................................................... 28

    5.2. Marketing nas escolas ..................................................................................... 29

    5.2.1. Regulao do marketing nas escolas........................................................ 29

    5.2.1.1. Regulao Europeia ........................................................................... 29

    5.3. Marketing Indirecto e No-tradicional ........................................................... 30

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    O Marketing Alimentar dirigido s crianas: efeitos e consequncias Licenciatura em Cincias daNutrio

    Carlos Manuel Pereira Ramos Dezembro 2008 Universidade Atlntica2

    5.3.1. Regulao sobre as tcnicas de marketing "no-tradicional" e "indirecto"

    ............................................................................................................................ 30

    5.3.1.1. Marketing electrnico e Internet ...................................................... 31

    5.3.1.2. Product Placement ............................................................................ 31

    5.3.1.3. Patrocnio........................................................................................... 32

    5.3.1.4. Vendas Promocionais ........................................................................ 33

    6. Enforcement: monitorizao e aco legal ............................................................ 33

    6.1. Monitorizao ................................................................................................. 35

    6.1.1. Aprovao priori ("Pr-clearing") e aconselhamento ........................... 35

    6.1.2. Monitorizao e violao ao cdigo ......................................................... 35

    6.1.3. Reclamaes (Complains)......................................................................... 35

    6.1.4. Aco legal ................................................................................................ 36

    7. Concluses ............................................................................................................. 36

    7.1. Opes Polticas e Recomendaes................................................................ 36

    Bibliografia ................................................................................................................. 41

    ndice de quadros

    Quadro 1 Resumo do International Chamber of Commerce Framework for

    Responsible Food and Beverage Communications................................................... 27

    ndice de figuras

    Figura 1Distribuio da promoo alimentar televisiva ............................................... 18

    Figura 2Nmero de pases com auto-regulao e regulaes legais especficas para

    o marketing alimentar dirigido a crianas mudanas entre Abril de 2004 e Abril de

    2006................................................................................................................................23

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    O Marketing Alimentar dirigido s crianas: efeitos e consequncias Licenciatura em Cincias daNutrio

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    ndice de tabelas

    Tabela 1 Tipos de alimentos ricos em gordura, acar ou sal, frequentemente

    consumidos por crianas .............................................................................................. 11

    Tabela 2 Exemplos da variedade de formas em que as mensagens publicitrias

    sobre os produtos alimentares e bebidas podem ser transmitidas ........................... 13

    Lista de Abreviaturas

    APAN Associao Portuguesa dos Anunciantes

    CARU Childrens Advertising Review Unit

    CDC Center for Disease Control

    CIAA Confederation of the Food and Drink Industries of the EU

    DECO - Associao Portuguesa para a Defesa do Consumidor

    FAO - Food and Agriculture Organization

    FIPA - Federao das Indstrias Portuguesas Agro-Alimentares

    FSA - Food Standards Agency

    HFSS Hight Fat, Salt and Sugar

    ICAP - Instituto Civil de Autodisciplina da Publicidade

    ICC International Chamber of Commerce

    IOF Institute of Medicines

    IOTF International Obesity Task Force

    NCD Noncommunicable diseases

    Ofcom Office of Communications

    OMS Organizao Mundial da Sade

    ONG Organizao No-Governamental

    SRO Self-regulation Organization

    TV Televiso

    TVWFD Television Without Frontiers Directive

    WFA World Federation Advertising

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    O Marketing Alimentar dirigido s crianas: efeitos e consequncias Licenciatura em Cincias daNutrio

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    1. Introduo

    Condies crnicas, como obesidade, diabetes tipo II, doenas cardiovasculares ecancros relacionados com o regime alimentar so uma preocupao crescente para os

    governos dos pases industrializados. Nos E.U., por exemplo, o CDC tem

    reconhecido que a obesidade logo aps o tabaco das principais causas de morte

    prevenvel. [4]

    Entretanto os estilos de dieta ocidental (elevado em gorduras, acares e sal)

    ameaam destruir os avanos na sade realizados nos ltimos 100 anos. As taxas de

    doenas cardiovasculares, diabetes e obesidade infantil esto a subir

    vertiginosamente. Mais de 10% das crianas do mundo tm excesso de peso,

    percentagem que sobe para mais de 30% em muitas economias industrializadas. [4]

    O tratamento destas doenas uma alternativa cara relativamente preveno. Os

    pases industrializados desfavorecidos tm falta de recursos financeiros e infra-

    estrutura para implementar um tratamento eficaz, especialmente porque alguns pases

    esto a enfrentar um triplo da carga na persistncia dos problemas de subnutrio edas doenas infecciosas emergentes, bem como o consumo excessivo de nutrientes

    pouco saudveis.

    O efeito negativo sobre as despesas nos cuidados de sade associadas com a

    obesidade infantil tem implicaes tanto a curto como a longo prazo, porque mesmo

    quando os sintomas clnicos da doena no aparecem na infncia, distrbios sociais,

    metablicos e fisiolgicos associados obesidade tendem a desenvolver-se na vida

    adulta aumentando tanto o risco de morte prematura como de incapacidade. [3]

    As consequncias da obesidade infantil so graves, e influenciam o bem-estar

    mental, fsico e social das crianas. O mais comum dos distrbios fsicos associados

    obesidade infantil a hipertenso arterial, a intolerncia glicose / resistncia

    insulina e os problemas ortopdicos. Salinsky afirma que "dentro de uma dcada,

    estima-se que mais crianas iro ter diabetes do tipo 2 do que diabetes tipo 1". [2]

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    Carlos Manuel Pereira Ramos Dezembro 2008 Universidade Atlntica5

    Os problemas mentais e sociais tambm esto relacionados a este tipo de patologia.

    Na verdade crianas obesas so estigmatizadas e discriminadas pelos seus pares,

    muitas vezes desenvolvem baixa auto-estima e uma imagem corporal negativa,

    conduzindo por vezes a depresso, com implicaes nomeadamente no aumento nas

    despesas nos cuidados de sade. [2]

    O aumento da obesidade, especialmente em crianas, um fenmeno observado com

    preocupao por toda a Europa. O International Obesity Task Force estima que

    aproximadamente 20% das crianas em idade escolar na Europa tm excesso de

    gordura corporal, com um risco aumentado de desenvolvimento de doenas crnicas.

    Destas crianas com excesso de peso, um quarto so obesos. [1]

    O excesso de peso e a obesidade infantil nas crianas so srios problemas

    generalizados nos pases desenvolvidos e em particular na Unio Europeia. Muitos

    factores influenciam a difuso desta epidemia: a publicidade alimentar seguramente

    um factor significativo. [2]

    A preveno da doena essencial, mas exige uma mudana nos padres de oferta e

    procura dos alimentos. Entre outras coisas, isso implica mudanas nas estratgias de

    marketing e de promoo da sade, reforando os alimentos.

    O impacto negativo da comercializao de produtos alimentares e bebidas no

    alcolicas a menores cada vez mais um tema para debate e um motivo de

    preocupao entre os decisores polticos a nvel mundial. Preocupantes nveis de

    excesso de peso e obesidade infantil com as doenas no transmissveis relacionadas

    (NCD noncommunicable diseases) formaram o pano de fundo desta preocupao.

    Alm disso, o direito das crianas de serem protegidas dos efeitos nocivos dacomercializao cada vez mais referido como uma explicao lgica para diminuir

    a presso sobre a comercializao nas crianas. [5]

    O convite para reduzir a comercializao de certos alimentos e bebidas com

    densidades energticas elevadas e pobres em micronutrientes dirigida s crianas foi

    j efectuado a nvel europeu na Estratgia Europeia NCD Ganhar Sade da OMS,

    aprovada pelos Estados-Membros no Comit Regional da 56 sesso, em Setembro

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    2006. No muito tempo depois, em Novembro de 2006, a Carta Europeia de Luta

    contra a Obesidade foi aprovada na Conferncia Ministerial Europeia sobre a

    Obesidade, apelando ainda para a aprovao de regulamentos para reduzir

    substancialmente a extenso e o impacto da promoo comercial de alimentos e

    bebidas altamente energticos, particularmente para as crianas. E, mais

    recentemente, o Segundo Plano de Aco Europeu da OMS para a Poltica Alimentar

    e Nutricional (2007-2012), aprovado pelos Estados-Membros no Comit Regional da

    57 sesso, em Setembro de 2007, apela para a necessidade de garantir o adequado

    controle da comercializao de alimentos e bebidas para crianas.

    Um novo grande passo nesta srie de eventos para reduzir as presses de marketing

    nas crianas aconteceu na Assembleia Mundial da Sade, em Genebra, em Maio de

    2007. Na sua 60 sesso da resoluo sobre a Preveno e Controlo das Doenas

    No Transmissveis: a implementao da Estratgia Global (WHA 60,23) foi

    adoptada pela Assembleia, encorajando o Director-Geral da OMS para desenvolver

    um conjunto de recomendaes relativas comercializao de alimentos e bebidas

    no alcolicas a crianas. A resoluo afirma claramente a necessidade de novas

    medidas:

    "...greater efforts are required globally to promote physical activity and healthy

    lifestyles, and to improve the nutricional quality of food and drink products, the way

    in which they are marketed, and the quality of information and its availability to

    consumers and their families, in particular children, young people and other

    population groups in vulnerable circumstances " [6]

    Embora a quantidade e a qualidade das informaes sobre a comercializao dos

    produtos alimentares para crianas varia entre os pases da Europa, existe uma

    imagem bem clara: a maioria dos alimentos comercializados para crianas

    considerada, por responsveis pela sade pblica como alimentos "insalubres", ou

    seja, alimentos que so ricos em gordura, particularmente gordura saturada, acar

    ou sal, ou baixos em minerais essenciais, vitaminas e outros componentes

    importantes para uma dieta saudvel. A extenso da comercializao dos alimentos

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    Carlos Manuel Pereira Ramos Dezembro 2008 Universidade Atlntica7

    no saudveis para crianas varia de pas para pas. Por exemplo verifica-se que as

    estimativas da percentagem de anncios televisivos para a alimentao destinada s

    crianas de alimentos no saudveis variaram de 49% na Itlia a quase 100% na

    Dinamarca e no Reino Unido. [7]

    As escolas actualmente tambm representam um canal de comercializao crescente

    para os promotores de alimentos na maioria dos pases europeus. Estratgias incluem

    patrocinar eventos, ligar a compra do produto alimentar ao fornecimento de

    equipamentos desportivos ou educacionais envolvendo frequentemente sistemas de

    recolha e a venda dos produtos alimentares e bebidas no saudveis nas mquinas de

    venda automtica. [7]

    A Internet tambm um novo e crescente suporte para os anunciantes de alimentos.

    Por exemplo, no Reino Unido em 2003, 13% da despesa total em alimentos,

    refrigerantes efast foodfoi em publicidade atravs da Internet, tornando este meio o

    segundo canal promocional mais importante depois da televiso. Os anunciantes

    alimentares tm descoberto que a dependncia e a qualidade da internet foram uma

    vantagem para eles. [7]

    Apesar da falta de acordo sobre o que deveria ser feito em relao comercializao

    dos produtos alimentares "insalubres" para crianas, existem algumas reas de

    aparente consenso, designadamente sobre a importncia da educao. Alm disso,

    todas as partes reconhecem que a obesidade infantil tem muitas causas, pelo que um

    sofisticado programa de medidas sero necessrias, incluindo a promoo da

    actividade fsica, bem como alterar dietas. Contudo, apesar de todos estarem de

    acordo, na prtica nenhum pas (com excepo da Finlndia e Noruega) introduziram

    as polticas globais destinadas a garantir que todas as crianas tm:

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    O Marketing Alimentar dirigido s crianas: efeitos e consequncias Licenciatura em Cincias daNutrio

    Carlos Manuel Pereira Ramos Dezembro 2008 Universidade Atlntica8

    Educao e habilidades prticas nas escolas para incentivar e possibilitar-lhes a

    terem uma dieta saudvel assim como prepar-los para lidarem eficazmente com

    mensagens conflituantes no mundo multimdia; e

    Uma alimentao saudvel nas escolas como resultado de elevados padres de

    qualidade para a alimentao nas escolas, quer seja fornecido como parte de uma

    refeio ou nos distribuidores automticos e de outros estabelecimentos.

    No fcil identificar os factores que influenciam a obesidade. O IOF (Institute of

    Medicines) nos E.U.A., a Comisso do Marketing Alimentar e o Dietas de Crianas

    e Jovens observou no relatrio principal do Congresso (2005) que a dieta da criana

    "resulta da interaco de vrios factores dos quais todos, alm das predisposies

    genticas, tm sofrido transformaes significativas ao longo das ltimas trs

    dcadas ".

    Por outras palavras, existem vrios factores que influenciam a obesidade infantil,

    incluindo individuais, sociais, ambientais e culturais. Todos os factores esto sujeitos

    a alteraes e interagem uns com os outros em maneiras complexas ainda no bem

    compreendidas.

    2. Situao actual do marketing alimentar

    O Marketing um processo amplamente utilizado pelas empresas de todo o mundo

    para incentivar o consumo de seus produtos.

    Nos ltimos anos, a comercializao de produtos alimentares tem sido o foco demuito debate internacional, especialmente no que diz respeito s crianas. Os

    alimentos mais fortemente orientados para as crianas, incluindo os alimentos com

    densidades energticas elevadas, refrigerantes, cereais de pequeno-almoo

    aucarados,fast foode produtos de pastelaria, tendem a terem elevados nveis de

    gorduras, acar e sal e so pobres em nutrientes. Dado o crescente nvel global das

    taxas de obesidade alguns especialistas tm sugerido que a comercializao desses

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    O Marketing Alimentar dirigido s crianas: efeitos e consequncias Licenciatura em Cincias daNutrio

    Carlos Manuel Pereira Ramos Dezembro 2008 Universidade Atlntica9

    alimentos contribui para um ambiente "obesognico" que torna mais difceis as

    escolhas alimentares saudveis, especialmente para as crianas.

    Existe actualmente algum desacordo sobre como o marketing tem influncia na dieta

    e sade das crianas. Em 2002, peritos da Organizao Mundial da Sade e da

    Organizao para a Alimentao e Agricultura das Naes Unidas (OMS / FAO)

    concluram que o elevado marketing defast-foode de alimentos e bebidas com

    densidades energticas elevadas e pobres micro-nutricionalmente eram "provveis"

    factores causais no ganho de peso e da obesidade.

    No ano seguinte, uma reviso sistemtica a pedido daFood Standards Agency (FSA)

    do Reino Unido e provavelmente o mais completo estudo do seu modelo conduzidos

    at data, verificou que a publicidade afecta as escolhas alimentares e no

    influenciam os hbitos alimentares. [15-16]

    Tomando uma perspectiva diferente, um recente relatrio publicado com o patrocnio

    da indstria alimentar afirmam que "no existe provas que demonstram uma relao

    causal entre a publicidade alimentar e os nveis de obesidade. [8]

    O nico consenso claro que surgiram a partir deste debate at agora de que o papel

    do marketing sobre a dieta e a sade da criana justifica uma anlise e uma

    investigao mais minuciosa.

    Desde 2003 a OMS tem vindo a desenvolver uma estratgia global sobre a dieta,

    actividade fsica e sade, em consulta com os seus Estados-Membros e um leque de

    stakeholders do sector pblico e do sector privado. No final de 2003, a OMS

    publicou o seu projecto de estratgia global, na sequncia de um adequado processo

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    O Marketing Alimentar dirigido s crianas: efeitos e consequncias Licenciatura em Cincias daNutrio

    Carlos Manuel Pereira Ramos Dezembro 2008 Universidade Atlntica10

    de modificao resultante de observaes dos Estados-Membros. No

    desenvolvimento da estratgia global sobre a dieta, actividade fsica e sade, a OMS

    tem procurado compreender melhor as intervenes que podem ser eficazes na luta

    contra a subida das taxas das doenas relacionadas com a dieta em todo o mundo; a

    comercializao dos produtos alimentares tem tido um espao de destaque neste

    contexto.

    Um montante considervel de dinheiro gasto pelas indstrias alimentares de

    produtos no saudveis no mercado alimentar para as crianas, sendo que o montante

    maior gasto na publicidade televisiva. Na Grcia, o oramento total para a

    comercializao dos produtos alimentares infantis aumentou em 38% entre 2002 e

    2003, passando de 1,3 milhes para 1.8 milhes. Na Sucia, o custo da

    publicidade televisiva de alimentos altamente energticos, principalmente no horrio

    em que as crianas vem televiso, ascendeu a 238 milhes de coroas suecas (SEK)

    em 2003. Noutros pases no feita qualquer distino entre marketing global de

    alimentos e comercializao dos alimentos para crianas, mas os nmeros so

    impressionantes: no Reino Unido 743 milhes de libras foi o gasto global depublicidade sobre alimentos e bebidas em 2003, e alguns dados mostram que o

    montante total gasto na comercializao dos produtos alimentares est a aumentar.

    Na Alemanha, a publicidade alimentar representa um total de 87% dos gastos da

    publicidade televisiva. A Publicidade da indstria alimentcia aumentou por todos os

    pases, nos Pases Baixos cresceu 128% entre 1994 e 2003. No entanto, h sinais de

    que a percentagem do oramento gasto na publicidade televisiva pode ter diminudo

    ligeiramente, com pequenas propores crescentes, mas sendo desviadas para omarketing nas escolas e na Internet. [7]

    A despesa em outros meios de media sem ser a TV - como jornais, revistas, rdio,

    cinema, telemveis e publicidade ao ar livre - normalmente so uma pequena

    percentagem no oramento total da comercializao dos alimentos. No entanto,

    juntamente com a TV, as escolas e a Internet, fazem parte de uma sofisticada e

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    Carlos Manuel Pereira Ramos Dezembro 2008 Universidade Atlntica11

    integrada tcnica de marketing utilizadas pelas empresas para vender os seus

    produtos.

    Em todos os pases uma variedade de estratgias de marketing criativas soutilizadas para promover os alimentos para crianas. Estes incluem a associao de

    alimentos infantis a heris e desenhos animados, a jogos, diverso, aco, aventura,

    humor, magia e fantasia.

    2.1. Tipos de alimentos ricos em gordura, acar ou sal,

    frequentemente consumidos por crianas

    Em 2004 a pedido do projecto Children, obesity and associated avoidable chronic

    diseases os coordenadores nacionais dos pases europeus foram convidados a

    fornecer informaes sobre os tipos de alimentos que so ricos em gordura, acar

    ou sal que so frequentemente consumidos por crianas nos seus pases. A maioria

    dos relatrios dos governos usaram inquritos nutricionais para esta informao e

    pode ser consultada na tabela 1.

    Tabela 1

    Tipos de alimentos ricos em gordura, acar ou sal, frequentemente consumidos por

    crianas

    Tipo de Alimento Nmero de pases (n=17)

    Batatas fritas 17

    Chocolates / doces 17

    Bolos / Biscoitos / croissants 15

    Fast Food 13

    Refrigerantes com gs e nveis elevados de acar 13

    Snacks 13

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    Cereais de pequeno-almoo aucarados ou com

    chocolate

    11

    Leite gordo / Leite aromtico 7

    Gelados 7

    Iogurtes com nveis elevados de gordura/acar 6

    Sobremesas doces 5

    Molhos/compotas de chocolate 5

    Margarina/leos/Manteiga 4

    Carne e seus derivados 3

    Outros (queijo gordo, refeies pr-preparadas,

    pizza, etc)

    11

    Fonte: Adaptado do The Marketing of unhealthy food to children in Europe, The Europena Heart Network

    2.2. Tipo e quantidade de marketing alimentar para crianas

    Comparar a informao sobre o tipo e a quantidade de marketing alimentar para

    crianas revelou-se particularmente difcil de se atingir. Muito pouco acessvel ao

    pblico e tais estatsticas no esto disponveis e so caras para se comprar s

    empresas responsveis pelo estudo de mercado. Muitas vezes os dados relativos

    especificamente s crianas no so produzidos. No entanto, evidente que aspropagandas televisivas esmagadoramente promovem alimentos que no so

    saudveis, com muito pouca promoo das frutas e produtos hortcolas e outros

    alimentos "saudveis".

    A extenso da comercializao dos alimentos no saudveis para crianas varia de

    pas para pas. Por exemplo, verificou-se que as estimativas da percentagem de

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    anncios televisivos de alimentos no saudveis destinados s crianas variaram de

    49% na Itlia a quase 100% na Dinamarca e no Reino Unido. [7]

    Os exemplos da variedade de formas em que as mensagens publicitrias sobre osprodutos alimentares e bebidas podem ser transmitidas foram listadas por Lobstein

    [9] e esto indicados na tabela 2.

    Tabela 2

    Publicidade Radiotelevisiva

    Publicidade via rdio e televiso

    Patrocnio de programas de televiso e rdio

    Product Placementde programas de televiso

    Outras formas de promoo

    Publicidade no cinema

    Product Placement no cinema

    Posters e painis de publicidade

    Impresso nos media: revistas e livros

    Patrocnio de livros

    Internet

    Websites

    Vendas Promocionais

    SMS para telemveis

    Marketing Directo

    Patrocnio de eventos

    Patrocnio de equipas ou desportos

    Oferta de brindes

    Oferta de jogos

    Nas lojas

    Promoo do produto na vitrina

    Cartazes

    Ofertas especiais e preos aliciantes

    Compra ligada a brindes, jogos ou coleces

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    mercados, a publicidade desempenha um papel importante relativamente

    comercializao dos gastos. [10]

    Um maior enfoque sobre os efeitos negativos da comercializao de bebidas ealimentos para as crianas deu-se na 57 Assembleia Mundial da Sade (WHA), em

    Maio de 2004 na Estratgia Global sobre dieta, actividade fsica e sade na qual se

    afirmava que a publicidade dos alimentos afecta as escolhas alimentares e influencia

    os hbitos alimentares. A Estratgia Global apela para que os governos trabalhem

    com as associaes de consumidores e com o sector privado (incluindo a

    publicidade) para desenvolver abordagens multissectoriais apropriadas para lidar

    com a comercializao de alimentos para crianas, e para lidar com questes como o

    patrocnio, promoo e publicidade. [11]

    Como parte da implementao da Estratgia Global, a Organizao Mundial da

    Sade (OMS), em colaborao com o Gabinete Regional da OMS da Europa,

    organizou um Frum Tcnico em Oslo em Maio de 2006, relativamente

    comercializao de produtos alimentares e bebidas no alcolicas a crianas,

    organizado pelo Director-Geral da Sade e dos Assuntos Sociais noruegus. As

    recomendaes dos tcnicos especialistas na reunio incluam que a OMS deverassumir a liderana no desenvolvimento de um cdigo internacional sobre a

    promoo comercial de alimentos e bebidas para crianas, em associao com

    parceiros internacionais, agncias das Naes Unidas, os Estados-Membros e outros

    interessados para abordar a natureza internacional da promoo comercial de

    alimentos e bebidas com densidades energticas elevadas e pobres em

    micronutrientes.

    Especialistas esta rea tm desde h algum tempo apelado para um melhor controlo

    sobre o marketing. Essas preocupaes foram levantadas por exemplo, no relatrio

    916 sobre Dieta, Actividade Fsica e Doenas no transmissveis da OMS desde

    2002; na consulta de especialistas da OMS sobre obesidade infantil em Kobe (2005)

    e no Frum da OMS em Oslo (2006).

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    Os Princpios de Sydney, desenvolvido pelo IOTF, em 2006, so um conjunto de

    princpios para orientar a nvel nacional e transnacional aces para reduzir

    promoes comerciais que tm como alvo as crianas. Eles destacam-se nos

    seguintes 7 pontos-chave:

    APOIAR OS DIREITOS DAS CRIANAS - alimentos seguros e nutritivos.

    OFERECER UMA SUBSTANCIAL PROTECO S CRIANAS da explorao

    comercial.

    SER REGULAMENTAR NA NATUREZA para assegurar um elevado nvel de

    proteco para as crianas

    TER UMA AMPLA DEFINIO DE PROMOO COMERCIAL para abranger

    todos os tipos de promoo dirigidos para as crianas

    GARANTIR PADRES INFANTIS LIVRES DE PROMOO COMERCIAL,

    como as escolas, os cuidados de sade, etc.

    INCLUIR MEDIDAS TRANS-FRONTEIRAS, nos acordos regulamentares

    internacionais.

    AVALIAR, MONITORIZAR E FAZER CUMPRIR OS REGULAMENTOS.

    Uma srie de modelos existentes podem ser usados como base no trabalho para

    desenvolver um conjunto de recomendaes sobre o marketing de alimentos e

    bebidas, tal como solicitado na Assembleia Mundial da Sade em 2007:

    Cdigo Internacional de Marketing de substitutos do Leite Materno (International

    Code of Marketing of Breastmilk Substitutes)

    Conveno sobre o Controle do Tabaco (Framework Convention on Tobacco

    Control)

    Regulamentaes internacionais sobre segurana alimentar (International food safety

    regulations)

    Acordos no Codex, por exemplo na rotulagem (Codex agreements e.g. on labelling)

    Corinna Hawkes no Frum de 2006 da OMS afirmou que os objectivos de regulao

    devem ser clarificados relativamente questo de saber se actualmente estamos

    procura de:

    1. Marketing responsvel para crianas (qualidade)

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    2. Reduzir a quantidade de marketing alimentar dirigido para crianas (quantidade); ou

    3. Melhorar as escolhas alimentares feitas pelas crianas e os seus pais (resultado), em

    que Johan de Rycker acrescenta, para atingir a mudana comportamental.

    Todos estes trs objectivos tm de ser resolvidos, podendo mesmo aplicar-se uma

    "combinao de metas".

    Considerando que as metas qualitativas podem facilmente ser resolvidas atravs da

    auto-regulao, no esse o caso para os outros objectivos.

    3.1. Em Portugal

    Em Portugal, a Plataforma Nacional Contra a Obesidade (2005-2009) inclui uma

    srie de medidas polticas e regulamentares que visam a promoo do peso saudvel

    em Portugal atravs da cooperao intersectorial. As medidas de aco dizem

    respeito a recomendaes sobre alimentao e nutrio, os perfis nutricionais dos

    alimentos, dos alimentos nas instituies pblicas, rotulagem e marketing, menus

    saudveis em restaurantes, etc. [5]

    Um relatrio sobre a publicidade para crianas (Relatrio do Observatrio de

    Publicidade) mostrou que:

    Mais de 60% da publicidade geral sobre alimentos com elevado teor de acar;

    48% da publicidade geral usa desenhos animados e so direccionadas principalmente

    para as crianas;

    90% da publicidade geral uso estratgias "familiares" reconhecidas por crianas e

    adolescentes.

    A Indstria alimentar o maior investidor em publicidade, representando 12% do

    sector (2007). Alm disso, um estudo da DECO mostrou que as publicidade nas

    redes televisivas excessiva no tempo, especialmente nos sbados e domingos, e os

    produtos mais anunciados so, de longe, os menos interessantes no contexto de uma

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    dieta equilibrada. Da publicidade para crianas, 45% so sobre alimentos e bebidas.

    A distribuio pode ser vista na figura 1.

    Figura 1

    Distribuio da promoo alimentar televisiva:

    Fonte: Adaptado de Breda, J., Food products marketing practices and regulation in Portugal, European Network on reducing

    marketing pressure on children, Report from the first meeting in Oslo, Norway, 17-18 January 2008

    As tendncias da publicidade alimentar na televiso mostram o seguinte:

    Todos os 4 canais televisivos nacionais transgridam o tempo mximo permitido para

    anncios publicitrios;

    As maiorias dos anncios referem-se a itens alimentares nutricionalmente

    desequilibrados;

    O sector da alimentao/bebida representa a mais elevada percentagem no tempo e

    nmero de anncios publicitrios;

    Pelo menos 1 / 3 da publicidade inclui informaes nutricionais enganosas.

    30%

    17% 17%

    10% 9% 8%6%

    3%

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

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    Uma srie de regulamentos e iniciativas relacionadas com a publicidade para

    crianas j se aplicam ou esto planeadas, em Portugal. Em termos legais, Portugal

    tem um cdigo que coloca restries gerais publicidade para crianas. No entanto,

    no tratam especificamente a publicidade alimentare. O Instituto do Consumidor est

    actualmente a trabalhar num novo cdigo para os direitos do consumidor, e o

    Parlamento est a ponderar uma lei que ir proibir a publicidade de alguns produtos

    alimentares. Esta lei foi proposta e est pendente no Parlamento por dois anos. [5]

    Relativamente auto-regulao, existe um cdigo de conduta para os anunciantes

    (APAN) e outro feito pela associao da indstria alimentar (FIPA). Um instituto

    pblico (ICAP) responsvel pelo acompanhamento. No entanto, existem algumas

    lacunas com o sistema de acompanhamento: age apenas aps uma denncia e a

    punio por infraces rara e sempre tarde. Alm disso, as queixas so

    normalmente realizadas por uma empresa que se queixa de uma outra empresa da

    violao do cdigo. As queixas so raramente realizadas por organismos pblicos.

    [5]

    4. Evidncias da influncia do marketing no excesso de peso e

    obesidade infantil com o comportamento alimentar das crianas

    Vrios estudos indicam que a publicidade alimentar est associada a preferncias

    entre os produtos publicitados dirigidos s crianas. [12-13]

    De acordo com um dos mais importantes pesquisadores (Lobstein e Dibb, 2005),

    existe uma correlao positiva significativa entre a prevalncia do excesso de peso e

    a promoo de alimentos com densidades energticas elevadas e uma negativa, mas

    mais fraca correlao com a promoo de alimentos saudveis.

    Esta correlao entre a publicidade e o excesso de peso associativa: uma evidncia

    causal continua por ser encontrada, na verdade, a correlao pode ser devida a outros

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    factores, tais como os factores ambientais ou sociais que incentivam as crianas a

    ficarem com excesso de peso. Isso leva concluso razovel que, mesmo que ainda

    no haja uma clara evidncia de essa correlao, as recomendaes polticas devem

    ser baseadas no princpio da precauo.

    Portanto, neste momento, no existe um claro consenso em relao gama de

    influncias sobre as crianas na escolha dos alimentos, embora estes so muitas

    vezes tomadas "para incluir gnero, os custos dos alimentos, significados culturais de

    alimentao, nveis de obesidade, dos hbitos alimentares da famlia, regulao

    parental dos meios de comunicao social, mediao parental da publicidade, peer

    norms, mensagens pr-sade e pester power". [14]

    Alm disso, no existe nenhuma prova de sua relativa influncia. Muitos estudos

    incidiram sobre a comercializao dos produtos alimentares, outros estudos

    investigaram a relao causal entre a promoo alimentar e as preferncias

    alimentares das crianas, alimentao e sade.

    Uma recente reviso sistemtica destes estudos para aFood Standards Agency [15], a

    Reviso de Hastigns relatada em pormenor mais adiante, constatou que a promoo

    alimentar tem efeito nas preferncias alimentares das crianas e no comportamento

    de compra e consumo. Este efeito independente de outros factores e opera tanto a

    nvel de uma marca alimentar como em categoria.

    Assim, existe portanto uma relao entre a publicidade para crianas dos chamados

    produtos HFSS (Hight Fat, Salt and Sugar) e a sade das crianas, que actualmente

    est em risco.

    4.1. Avaliao da influncia da publicidade sobre a obesidade infantil

    Nos ltimos anos, muitos estudos tm sido conduzidos a fim de se apurar se h ou

    no indcios de uma relao forte e directa entre o aumento da taxa de excesso de

    peso e obesidade em crianas com a comercializao de alimentos.

    Vrias organizaes de sade internacionais tm encomendado relatrios que tentam

    dar uma reviso sistemtica dos estudos realizados a nvel mundial.

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    A publicidade para crianas dominada pela promoo alimentar. Como

    mencionado anteriormente, a publicidade geralmente sobre refrigerantes, doces,

    cereais, produtos de confeitaria, lanches efast food, gerando efeitos adversos sobre a

    energia ingerida.

    O elevado consumo de alimentos com densidades energticas elevadas e com baixo

    valor nutricional e bebidas com teores de acar elevados esto relacionadas com

    doenas crnicas, tais como obesidade. [16]

    Uma significativa correlao positiva foi encontrada entre a prevalncia de excesso

    de peso e a promoo de alimentos altamente energticos, mas no h provas de o

    excesso de peso seja s provocado devido a este factor. [16]

    Pelo contrrio, uma negativa, mas mais fraca correlao entre a promoo de

    alimentos saudveis pode sugerir um potencial benefcio para as aces de marketing

    de alimentos saudveis que possam efectivamente contrariar a obesidade [17], o

    chamado marketing social.

    O conhecimento nutricional das crianas, as suas preferncias alimentares, os

    comportamentos relacionados com a compra e venda, consumo, o estado da sade e

    alimentao so influenciadas pela publicidade. Vrios estudos indicam que existe

    uma atitude favorvel em relao aos produtos anunciados. [13-18]

    "At mesmo a exposio a propagandas to breve como 30 segundos de durao

    podem influenciar significativamente as preferncias alimentares de crianas com

    apenas dois anos". [16]

    A influncia da promoo alimentar no comportamento infantil independente e

    causa a ambos efeitos na mudana quer na categoria de um alimento quer numa

    marca. [17]

    E, ainda que uma ligao tenha sido encontrada, no existem na verdade provas de

    que a publicidade tem um efeito directo sobre a dieta da criana e na obesidade.

    Incidindo sobre os efeitos da publicidade televisiva, uma relao entre adiposidade e

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    publicidade televisiva foi confirmada, mas a prova no suficiente para sustentar

    uma relao causal. [16]

    Os resultados indicam que h evidncias de uma relao entre o marketing alimentar

    dirigido a crianas e o comportamento das crianas, mas no suficientemente claro

    se existe uma relao entre o excesso de peso ou obesidade na infncia e o marketing

    alimentar dirigido a crianas. [16,17]

    Isto leva a uma concluso razovel que, mesmo que ainda no haja provas desta

    correlao, os decisores polticos devem desenvolver recomendaes baseadas no

    princpio da precauo. Esta concluso apoiada por organizaes internacionais de

    marketing [18], que tm criticado a abordagem das organizaes de sade no

    passado.

    Em Maio de 2004, Hawkes lanou um relatrio sobre os regulamentos na

    comercializao dos produtos alimentares para crianas em todo o mundo, e concluiu

    que "muitos pases j tm em vigor um conjunto de regulamentos aplicveis

    comercializao de alimentos para crianas, mas h importantes lacunas legais. Em

    particular, ele mostrou que a regulamentao est mais concentrada em pases comelevados rendimentos e tambm na publicidade televisiva. Como mostrado na figura

    2, as regulaes especficas para alimentos foram encontrados em 22 dos 73 pases

    analisados, mas foram relativamente raras, e no era claro como foram aplicadas;

    idem para as regulaes das novas tcnicas de marketing. No entanto, no Relatrio

    de 2004 notou-se tambm que "o ambiente envolvente que regulamenta a

    comercializao dos produtos alimentares para crianas est a evoluir rapidamente".

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    Figura 2

    Ttulo: Nmero de pases com auto-regulao e regulaes legais especficas para o marketing

    alimentar dirigido a crianas mudanas entre Abril de 2004 e Abril de 2006

    Fonte: Adaptado de Hawkes, C. Marketing Food to Children: Changes in the Global Regulamentory Environment 2004-2006,

    International Food Policy Research Institute, World Health Organisation, p. 56

    4.1.1. Os efeitos da publicidade alimentar para crianas: Revises de

    Gerard Hasting, Instituto de Marketing Social da Universidade de

    Stirling (UK) [15-16]

    A base emprica da extenso e a natureza dos alimentos promovidos para as crianas

    e o conhecimento dos efeitos da promoo de alimentos na infncia, suas

    preferncias e comportamentos foram estudados por Hastings atravs de duas

    revises sistemticas em 2003 e 2006. Relativamente extenso e natureza

    alimentar da promoo, as anlises mostraram que: a publicidade dirigida a crianas

    dominada por alimentos; cinco categorias de produtos dominam (refrigerantes,

    cereais aucarados, doces, lanches efast-food); a dieta publicitada contrasta

    dramaticamente com a dieta recomendada; e as crianas aderem facilmente a estes

    anncios no-saudveis.

    11

    21

    0

    4

    0 0 0 0 1 1 0 1

    12

    15

    11

    17

    0 1 0 1

    1 1

    0

    1

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    Regulaes legais

    Auto-regulao

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    No que diz respeito aos efeitos, as revises verificaram que: a promoo de

    alimentos infantis influncia o conhecimento nutricional, as preferncias alimentares,

    o comportamento de compra e aquisio (p.e.: pester power), a dieta e o estado de

    sade.

    A extenso da influncia da promoo dos alimentos em relao a outros factores

    incerto e provavelmente nunca vai ser possvel determinar a dimenso do efeito.

    Sabe-se porm que a publicidade independente de outros factores.

    Alm disso, a promoo dos alimentos afecta tanto as vendas totais como a mudana

    de marca. Se uma pessoa aceitar que afectado por um, tambm ter de aceitar o

    segundo factor.

    A reviso de 2006 tambm analisou o panorama global e descobriram que as crianas

    em pases to distantes como a China, Iro, Chile e ndia esto a ser expostas

    extensa promoo alimentar. As crianas so um mercado importante, por direito

    prprio oferecem uma valiosa via num mercado mais vasto. Tal como no Ocidente,

    as crianas de todos os locais do mundo aderem amplamente a este tipo de

    promoo.

    A fim de encontrar maneiras de regular a comercializao dos alimentos e bebidas

    dirigidas para as crianas, segundo Hastings, importante lembrar os quatro

    seguintes pontos:

    1. Deve-se discutir sobre marketing, no sobre publicidade. A promoo

    multifacetada e uma ampla gama de mtodos so hoje em dia usados. O Marketing

    tambm uma questo de "receber o produto correcto, a um preo justo, no lugar

    certo".

    2. Deve-se discutir sobre os alimentos como saudveis ou no saudveis, e no falar

    sobre dietas.

    3. Deve-se fazer marketing saudvel, reduzindo o marketing no saudvel. Metas de

    sade claras para o pblico precisam de ser decididas e a indstria deve dar

    incentivos para atingir estes objectivos. O progresso deve ser acompanhado e

    avaliado independentemente.

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    4. O marketing saudvel deve aumentar. Um fundo monetrio criado "s cegas"

    poderia ser criado para o "marketing social" de alimentao saudvel e exerccio

    fsico. Toda a indstria alimentar deveria contribuir, e para quem no cumpria as

    metas propostas deveria pagar mais.

    Cinco princpios so importantes no marketing social: (1) a orientao dos

    consumidores crucial; (2) cada produto que se troca tem de ter um benefcio para os

    mesmos; (3) material emocional; (4) uma viso a longo prazo necessria na qual as

    relaes so construdas para durar e por fim; (5) material de contexto, ou seja, o

    ambiente deve ser de suporte.

    Para concluir, a comercializao dos produtos alimentares no podem ser ignorados,as crianas necessitam de proteco. O Marketing Social deve ser utilizado em

    simultneo com a regulamentao. Hoje em dia estamos a lidar com um problema

    global de longa durao, pelo que ser necessria a longo prazo uma soluo global.

    5. Tcnicas de marketing usadas na promoo alimentar dirigida a

    crianas

    5.1. Promoo televisiva

    A regulamentao do marketing para crianas varia consideravelmente, com a

    maioria do esforo regulamentar centrando na TV. Em vrios pases europeus h,

    pelo menos, um cdigo legal sobre difuso de publicidade baseado na Directiva da

    Televiso Sem Fronteiras. A Sucia e a Noruega tm tentado proteger as suascrianas a partir dos anncios televisivos, proibindo-os dentro das suas fronteiras. No

    entanto, os seus esforos esto a ser comprometidos por anncios da TV por cabo e

    por satlite difundidos a partir de outros pases, e por outras formas de

    comercializao.

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    5.1.1. Regulao da promoo televisiva

    5.1.1.1. Regulao Global

    Globalmente, a auto-regulao das tcnicas de marketing aplicadas pelas indstriaalimentar so lideradas peloInternational Chamber of Commerce (ICC). O ICC tem

    desenvolvido uma srie de cdigos de diferentes tcnicas de comercializao, cada

    um destinado aplicao nacional pelas SROs. Cada cdigo inclui uma clusula em

    que as crianas merecem uma ateno especial da parte dos anunciantes, e enfatiza o

    princpio central de que marketing no deve explorar a inexperincia ou credulidade

    das crianas e dos jovens. Aquando da elaborao do relatrio de 2004, o ICC tinha

    recentemente lanado um Compndio de Regras do ICC sobre Crianas e Jovens e oMarketing, onde compilou e reafirmou o princpio de que as crianas merecem uma

    proteco especial, que figura em todas os cdigos de marketing do ICC. Logo aps

    a publicao do relatrio de 2004, onde o ambiente global era o do aumento da

    preocupao com a comercializao dos produtos alimentares para crianas, o ICC

    disponibilizou um quadro sobre a Comunicao Responsvel de Alimentos e Bebidas

    [19]. O quadro 1baseia-se em interpretaes das orientaes existentes, e salienta

    que as diversas campanhas de marketing no devem interferir na promoo de uma

    alimentao saudvel.

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    O Marketing Alimentar dirigido s crianas: efeitos e consequncias Licenciatura em Cincias daNutrio

    Carlos Manuel Pereira Ramos Dezembro 2008 Universidade Atlntica27

    Quadro 1

    Ttulo: Resumo do International Chamber of Commerce Framework for

    Responsible Food and Beverage Communications

    Fonte: Adaptado de Hawkes, C. Marketing Food to Children: Changes in the Global Regulamentory Environment 2004-2006,International Food Policy Research Institute, World Health Organisation, p. 57

    No entanto, tambm escala global, as ONG dos consumidores, sade e educao

    tm continuado a alegar que a auto-regulao no suficiente para desencorajar a

    comercializao que promove prticas dietticas no saudveis entre as crianas. As

    ONGs de todo o mundo tm intensificado a sua actividade nos ltimos dois anos,

    As alegaes nutricionais sobre os benefcios na sade feitos nas propagandas devem ser

    suportadas com as devidas provas cientficas.

    A propaganda de alimentos e bebidas no deve incentivar ou justificar o consumo excessivo e

    as dimenses das pores dever ser adequada fixao exibida.

    A publicidade no deve minar a importncia dos estilos de vida saudveis, a promoo de

    dietas saudveis e equilibradas, nem a importncia de uma estilo de vida saudvel e activo.

    A publicidade no deve induzir ao erro o consumidor quanto ao preo, tamanho, contedo ou

    benefcios nutricionais para a sade dos alimentos e bebidas.

    Na publicidade dirigida a crianas, a difuso de personalidades (ao vivo ou animadas) nodevem ser usadas para vender produtos, brindes ou servios de uma forma que obscurece a

    distino entre o contedo editorial do programa e a promoo comercial.

    A publicidade de alimentos e bebidas dirigida a crianas no devem criar uma inadequada

    minimizao dos preos.

    Quando se usa a fantasia em anncios, incluindo a animao, a comunicao com os mais

    jovens deve ser adequada para a criana no tirar consluses erradas sobre os benefcios

    nutricionais do produto envolvido.

    Os anncios a alimentos e bebidas no devem induzir as crianas ou jovens para as vantagens

    de consumir o produto em status, popularidade com os pares, o sucesso em escolas ou

    desportivas, ou a inteligncia.

    A propaganda de alimentos no deve minar o papel dos pais ou de outros adultos responsveis

    pelo bem-estar da criana.

    A publicidade no deve conter qualquer apelo directo s crianas a convencerem os pais ou

    outros adultos a comprar-lhes os produtos anunciados.

    As vendas promocionais apresentadas s crianas devem assegurar as condies para

    oferecerem o prmio.

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    O Marketing Alimentar dirigido s crianas: efeitos e consequncias Licenciatura em Cincias daNutrio

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    apelando para restries legais na publicidade alimentar (e outras formas de

    comercializao), com maior destaque para uma proibio total de todas as formas de

    marketing segmentadas para as crianas de alimentos "no saudveis". Estes grupos

    tm produzido um nmero crescente de estudos que indicam que o aumento da

    comercializao dos produtos alimentares para crianas continua a crescer, e que as

    tcnicas utilizadas esto a diversificar-se para alm da tradicional publicidade

    televisiva. [20]

    A solicitao de restries legais por parte das ONGs tem sido combatida em escala

    global pelas indstrias alimentares e publicitrias. Mais recentemente, oResponsible

    Advertising and Children da Federao Mundial de Anunciantes (WFA)

    disponibilizou a "posio da indstria" na publicidade alimentar e obesidade em

    Maro de 2006 [21]. No documento, o WFA regista um forte apoio no Departamento

    das Comunicaes Responsveis de Alimentos e Bebidas do ICC, e diz que a WFA

    est empenhada em "captar e promover uma abordagem responsvel sobre os

    alimentos/bebidas publicitadas para as crianas." No entanto, tambm argumentam

    que a publicidade tem pouca influncia nas escolhas alimentares das crianas e que:

    no h provas cientficas que demonstrem que as restries

    publicidade possam ter impacto na incidncia de obesidade. A evidncia

    mostra claramente que a proibio da publicidade no poderia cumprir os

    objectivos da poltica de sade pblica e seria assim ... tanto

    desproporcionada e ineficaz.

    5.1.1.2. Regulao Nacional (Portugal)

    Em Portugal, a Associao de Anunciantes elaborou um Cdigo de Boas Prticas na

    Comunicao Comercial para Menores, em Setembro de 2005 [22]. O Cdigo tem

    uma clusula geral na publicidade dos alimentos, bem como disposies relativas a

    outros suportes. Segundo os relatrios, mais de 40 empresas e organizaes esto

    inscritas no Cdigo. Entretanto, relatrios no confirmados indicam tambm que o

    Governo fez uma declarao em Outubro de 2005 proclamando que a "auto-

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    Carlos Manuel Pereira Ramos Dezembro 2008 Universidade Atlntica29

    regulao no est a cumprir as suas tarefas" estando por isso o Instituto Portugus

    do Consumidor a trabalhar em propostas para regulamentar a publicidade, com

    disposies especficas na proteco de menores [23].

    5.2. Marketing nas escolas

    5.2.1. Regulao do marketing nas escolas

    As tcnicas de marketing usadas nas escolas incluem publicidade directa (por

    exemplo: sinais, publicidade a programas de televiso nas escolas), a publicidade

    indirecta (por exemplo, patrocnio de material escolar) e vendas de produtos (por

    exemplo, os refrigerantes em mquinas de venda automtica) [24]. Ao longo dos

    ltimos dois anos, muitas instituies de consumidores, de professores e da sade por

    todo o mundo exigem uma maior restrio comercializao nas escolas,

    especialmente nos alimentos de alto valor calrico e pobres em nutrientes. Alguns

    novos regulamentos legais e auto-regulaes tm sido desenvolvidas, a grande

    maioria relativos a produtos que esto para venda.

    5.2.1.1. Regulao Europeia

    Na Europa o marketing nas escolas j foi assunto de uma srie de novas combinaes

    de medidas legislativas e de auto-regulamentao ao longo dos ltimos quatro anos.

    No entanto, verificaram-se que so menos do que as regulamentaes que tm sido

    feito para a publicidade televisiva durante o mesmo perodo de tempo. [24]

    Em Portugal, a auto-regulao do Cdigo de Boas Prticas na Comunicao

    Comercial para Menores tambm inclui uma breve clusula sobre o marketing nas

    escolas, assim como o novo Cdigo de Conduta na Publicidade. [24]

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    5.3. Marketing Indirecto e No-tradicional

    5.3.1. Regulao sobre as tcnicas de marketing "no-tradicional" e

    "indirecto"

    Nos ltimos dois anos, uma srie de relatrios e artigos tm documentado a crescente

    importncia do papel do marketing no-tradicional e indirecto [24] na

    comercializao de alimentos para crianas em muitas partes do mundo [25,26]. A

    tcnica no-tradicional mais comummente utilizadas oproduct placement, a

    Internet e outras formas de marketing electrnico, promoes e patrocnios, mas toda

    uma srie de outras tcnicas tambm esto a ser usadas. Nos Estados Unidos, o

    marketing interactivo via Internet e em sites est agora generalizado nos materiais

    educacionais [27]. Tcnicas como "marketing viral" so agora usados para difundir

    mensagens atravs de redes sociais infantis. No Reino Unido, um relatrio divulgado

    pela Associao dos Consumidores em 2006 documentou o crescente uso de mtodos

    "clandestinos para comercializar alimentos para crianas, tais como texto e

    mensagens publicitrias nos jogos de computador [28].

    Para fazer face a este fenmeno, consumidores e instituies de sade pblica esto

    aclamando por regulamentaes que devem ser alargadas a todas as tcnicas de

    comercializao. Relativamente regulamentao legal, na Europa, a reviso da

    TVWFD (Television Without Frountiers Directive) foi explicitamente motivada pela

    necessidade de dar conta das novas formas de comunicao audiovisual. O projecto

    da directiva j existente estende as proteces que oferece s crianas - bem como

    outras disposies - aos servios no lineares, incluindo a tcnica de comercializaode videoclipes enviados atravs do telemvel e da publicidade difundida atravs de

    canais na Internet.

    As SROs e grupos industriais tambm esto a tomar medidas. Na Europa, em

    Outubro de 2005, a CIAA (Confederation of the Food and Drink Industries of the

    EU) reviu os seus "Princpios de Marketing na Comunicao de Produtos

    Alimentares e Bebidas", que prorroga o original Princpio que "qualquer marketing

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    de comunicao paga utiliza as seguintes veculos: telefone, rdio, imprensa, cinema,

    internet, DVD / CD-ROM, marketing directo, marketing exterior, promoes,

    patrocnios, bem como quaisquer actividades comerciais realizadas nas escolas "

    [29].

    5.3.1.1. Marketing electrnico e Internet

    A comercializao de alimentos para crianas utilizando os meios electrnicos est

    cada vez mais generalizada. Enquanto milhes de crianas em todo o mundo no tm

    acesso s tecnologias electrnicas, a utilizao de meios electrnicos na comunicao

    indica as tendncias futuras. O marketing electrnico tem vrias estratgias

    destinadas a crianas desde jogos e actividades interactivas on-line, clubes,competies, a recolha de dados pessoais de crianas on-line, marketing directo via

    correio electrnico e mensagens escritas atravs de telemveis [24]. A

    regulamentao destas tcnicas torna-se complicada devido sua natureza interactiva

    e de acordo com os crticos torna o ambiente regulamentar em torno de marketing

    electrnico significativamente mais fraco do que as tcnicas tradicionais.

    5.3.1.2. Product Placement

    O Product Placement est cada vez mais prevalente como uma tcnica publicitria

    em todo o mundo. Na Repblica da Coreia, por exemplo, um relatrio divulgado em

    Fevereiro de 2006 pela Citizens' Coalition for Democratic Media assinala que

    actualmente cerca de 60% dos programas televisivos de drama so financiados pela

    integrao de product placement [30]. Nos ltimos dois anos, as questes em torno

    da regulamentao do product placement entram cada vez mais no foco da Europa

    e dos Estados Unidos.

    A maioria dos pases da Europa tem proibido o product placement com base de

    que uma forma de publicidade oculta. No entanto, conforme consta no relatrio de

    2004, [24], este tem sido desde h muito uma zona cinzenta na regulao. Conforme

    descrito na Seco 2.1.2, a reviso da TVWFD ir legalizar o product placement e

    os pases europeus que actualmente esto a proibir a prtica vo considerar regras

    mais liberais. No Reino Unido, por exemplo, uma consulta lanada pela Ofcom

    (Office of Communications) ir legalizar a colocao dos produtos como base

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    "aumentar as presses sobre as receitas publicitrias da radiodifuso tradicional" e o

    facto de que o product placement "frequentemente visto numa srie de outras

    medias". No entanto, a Ofcom "considera que o product placement no deve ser

    utilizado na programao dirigida a crianas" [31]. Na Itlia, a proibio total do

    product placement em filmes italianos foi abolida em 2004. O product

    placement agora permitido, desde que esta no interrompa o fluxo do filme [32].

    5.3.1.3. Patrocnio

    O patrocnio uma importante tcnica de marketing usada nas crianas. No s as

    indstrias alimentares patrocinam eventos destinados a crianas e adolescentes (por

    exemplo: shows musicais) e lugares (por exemplo: instalaes escolares), mastambm fornecem apoio financeiro aos eventos mundiais (ex: desportos), de onde

    obtm uma grande visibilidade do pblico, incluindo as crianas, quando transmitido

    em todo o mundo. Assinalado no relatrio da OMS de 2004 [24], comum os pases

    terem algum tipo de regulamentao sobre patrocnio, contudo, so poucos os

    regulamentos especficos sobre o patrocnio alimentar dirigido s crianas. Nos

    ltimos dois anos as SROs e grupos industriais desenvolveram as orientaes que

    abrangem o patrocnio - os Princpios CIAA so um exemplo. No entanto, essas

    orientaes tendem no incluso de quaisquer disposies especficas para a

    natureza e funcionamento de patrocnio alimentar para as crianas.

    Os desenvolvimentos governamentais tambm foram mnimos, contudo parece haver

    algum reconhecimento de que as crianas necessitam de proteco especial

    relativamente a esta tcnica de marketing num meio que cada vez mais permissivo

    ao marketing. Por exemplo, a publicidade sob o Cdigo de Boas Prticas SAR na

    China, Hong Kong [24] foi revisto em 2005. O novo regulamento liberaliza o uso depatrocnio, mas inclui uma nova clusula (artigo 12) em que "o patrocnio de

    programas infantis exige precaues especiais" de modo "a evitar que os programas

    se tornem demasiado comercializados" [33]. O patrocnio permitido, mas no

    podem incluir quaisquer slogans publicitrios ou atributo do patrocinador (apenas o

    nome e marca comercial). J no Reino Unido, o Ofcom divulgou um documento de

    consulta, no ano de 2006, que prope permitir o patrocnio de todos os canais de

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    rdio e televiso (e no apenas programas), mas tambm restringir o tipo de

    patrocinador nos canais que transportam certas categorias de programas, tais como as

    produzidas para as crianas [34].

    5.3.1.4. Vendas Promocionais

    O Relatrio de 2004 da OMS relata que o nmero de pases identificados com

    regulamentaes sobre promoes de vendas para as crianas era muito pequeno

    [24]. Desde essa altura, a consciencializao do papel desempenhado pelas

    promoes de vendas para crianas tem crescido significativamente. Para alm da

    grande extenso da regulamentao existente descrita na seco 2.3.1, apenas um

    novo regulamento aborda explicitamente as promoes de vendas: the NewConsumer Ombudsman guidelines na Finlndia, em que indicam claramente que

    uma distribuio no deve ter como principal objectivo o marketing, e as promoes

    de coleces no devem ser utilizadas aquando da comercializao de alimentos para

    crianas.

    Durante a elaborao do relatrio de 2004, a regulao da Comisso Europeia sobre

    as promoes de vendas estava ainda em discusso [24]. A proposta de legislao

    acabou por ser desmantelada em Setembro de 2005, como parte dos esforos escala

    europeia para eliminar legislao estagnada. Ainda antes disso, um novo texto,

    introduzido pela Presidncia holandesa, em Setembro de 2004, teria imposto regras

    mais estritas sobre as orientaes das vendas promocionais dirigida a crianas em

    toda a Europa [35]. A deciso de banir o regulamento foi cumprida com alguma

    decepo devido s indstrias de marketing [36].

    6. Enforcement: monitorizao e aco legal

    O desenvolvimento e aplicao de regulamentos so apenas um aspecto do ambiente

    regulamentar global em torno de comercializao dos alimentos para crianas. Como

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    essas regras so aplicadas tambm importante. Duas questes so crticas

    execuo no contexto da comercializao dos alimentos para as crianas:

    Existe um processo eficaz para monitorar campanhas de marketing, para confirmarque esto em conformidade com as leis e cdigos, para punir os infractores?

    Que impacto tem esse processo sobre a qualidade e a quantidade da actividade

    promocional dirigida s crianas?

    Ainda no existe praticamente nenhuma informao sobre o impacto da

    regulamentao na qualidade e quantidade do marketing alimentar dirigidos s

    crianas. Informaes sobre monitorizao, bem como sobre as aces destinadas apromover a observao, continuam a ser insuficientes, embora estejam cada vez mais

    disponveis. H tambm sinais de que o enforcementest agora a ser levado mais a

    srio, tanto atravs da auto-regulao como atravs das aces legais.

    Conforme descrito no Relatrio de 2004 da OMS [24], as agncias e organizaes

    reguladoras fiscalizam e fazem cumprir os regulamentos de marketing usando um ou

    mais destes trs mecanismos:

    Aprovao priori ("Pr-clearing") das campanhas de marketing atravs do

    aconselhamento para garantir que se cumpram as leis governamentais ou de auto-

    regulao.

    Acompanhamento da publicidade e de outras formas de marketing para garantir o

    cumprimento legal ou a auto-regulao. Em caso de violao, o anunciante

    requerido para alterar ou retirar a campanha (auto-regulao), ou est sujeito a uma

    pena (auto-regulao e leis governamentais) ou aco legal (regulao

    governamental, embora possa ser o resultado do recurso por uma SRO).

    Aceitando queixas do pblico e da indstria sobre campanhas de marketing [24], e

    se for comprovada a violao, sero tomados os passos descritos acima.

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    6.1. Monitorizao

    6.1.1. Aprovao priori ("Pr-clearing") e aconselhamento

    raro quer para as agncias governamentais quer para as de auto-regulamentao de

    exigirem uma aprovao priori na publicidade dirigida a crianas, embora existam

    excepes [24]. mais comum as SROs oferecerem os seus servios

    voluntariamente para aconselhamento (copy advice).

    6.1.2. Monitorizao e violao ao cdigo

    Nos ltimos quatro anos, a auto-regulao est sob ataque das ONGs por estar a ser

    fracamente executada [24]. "Abordagens voluntrias no contexto de um mercadoaltamente competitivo simplesmente no funcionam", afirma um documento para a

    campanha Children's Food Billno Reino Unido [37]. "Abordagens voluntrias,

    falsas metas", afirma Sustain (2006), e "no tem qualquer significado a sano para o

    incumprimento, e raramente so um controlo independente". Tais argumentos so

    tambm feitos pelo CARU (Childrens Advertising Review Unit) nos Estados

    Unidos. Apesar dos "97% de taxa de conformidade" citados pelo CARU [38], os

    crticos tm documentado casos nos ltimos quatro anos ilustrando que o CARUpermite claramente propagandas que violam as orientaes [20].

    6.1.3. Reclamaes (Complains)

    Embora as estatsticas sobre as denncias sobre a publicidade alimentar a crianas

    muitas vezes no esto disponveis a partir das SROs e das autoridades

    governamentais, mais informaes tem sido publicada nos ltimos anos. Uma

    amostra de uma regio de cinco pases sugere que a publicidade alimentar pode ser a

    causa de um nmero relativamente elevado de queixas (a maior parte das quais no

    so, contudo, confirmada), enquanto a que dirigida a crianas no. Provas

    espordicas a partir de queixas em todo o mundo sugerem que a publicidade a

    alimentos est sujeita a queixas principalmente porque os consumidores enganam-se

    relativamente natureza do produto. [20]

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    O baixo nvel de reclamaes sobre a publicidade dirigida a crianas muitas vezes

    citado pelas SROs como um sinal de que os seus sistemas esto a funcionar. Por

    outro lado, os maiores nmeros de denncias podem realmente significar uma maior

    sensibilizao para os cdigos assim como para a capacidade de se queixar. Seja qual

    for a razo estas duas posies esto correctas. Foi afirmado que o mecanismo de

    queixas "enquadrado em torno dos casos em que os efeitos agudos da publicidade

    so enganosas e ofensivas, e no sobre os efeitos crnicos de uma panplia de

    promoes de alimentos menos saudveis" [39]. Uma anlise das queixas relatadas

    pelas SROs e pelas autoridades governamentais em briefings de todas as partes do

    mundo mostrou que muito raro que as queixas feitas sobre a publicidade dos

    alimentos tenham como base a nutrio e o incentivar de maus hbitos alimentaresnas crianas.

    6.1.4. Aco legal

    Uma aco judicial contra os anunciantes de gneros alimentcios rara. Os sistemas

    de queixa da Finlndia e da Sucia so excepes. As orientaes recentemente

    publicadas sobre o Marketing de Alimentos para Crianas na Finlndia analisaram

    muitos dos casos levados Justia do Consumidor e do Tribunal do Mercado nosltimos anos [40].

    7. Concluses

    7.1. Opes Polticas e Recomendaes

    Para contrariar as mensagens de marketing que incentivam prticas de alimentao

    pouco saudveis entre as crianas, a escolha poltica dever estar entre a regulao

    governamental, a auto-regulao ou uma mistura das duas co-regulaes. Devido

    falta de acompanhamento, a base sobre a qual se pode julgar a escolha entre estas

    formas de regulao relativamente pequena. Nem as restries legais existentes ou

    a auto-regulamentao, nem a nova evoluo regulamentar, nos ltimos dois anos,

    foram avaliados em termos dos seus efeitos sobre as opes alimentares pelas

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    crianas. O panorama ainda mais confuso com os diferentes padres de evidncias

    utilizadas por diferentes grupos para avaliar a eficcia das diferentes formas de

    regulao. As normas de evidncia utilizadas nos debates em torno dos benefcios e

    problemas de diferentes formas de regulamentao so as seguintes:

    A publicidade para crianas deve e tem que ser "responsvel". usado pela

    indstria privada para julgar (positivamente) a opo de auto-regulao.

    Nem a publicidade para crianas, nem a restrio legal de publicidade tem sido

    comprovado que determinam a obesidade infantil. Utilizados por empresas

    privadas para julgar (negativamente) a possibilidade de as restries legais (apesar

    de no aplicar o mesmo padro de prova para a auto-regulao).

    Que tcnicas de marketing influenciam as escolhas alimentares. Utilizados pelos

    consumidores para julgar (positivamente) a opo de restrio legal, com base em

    que o aumento da quantidade da comercializao de alimentos ricos em gordura,

    acar e sal signifique que as prticas dietticas das crianas esto a ser

    negativamente afectadas e que a legislao pode reduzir a quantidade de marketing

    dirigido para as crianas. Esta opinio corroborada pelos resultados das anlises

    sistemticas sobre o impacto da publicidade alimentar nas crianas.

    O nvel de evidncias cientficas exigidas pelo sector privado para as restries legais- que preciso para demonstrar que restringir a publicidade pode afectar a obesidade,

    em vez de apenas as escolhas alimentares - so um nvel excessivamente elevado de

    evidncias (o mesmo seria se as associaes de consumidores exigissem apelando

    que os cdigos de auto-regulao afectam a obesidade). Livingstone citou [41]:

    a vision of the ideal experiment persistently leads research conducted in the field

    to be judged as flawed and inadequate, at times according to unrealistic standards of

    evidence, with the result that the two sides to the debate seem locked into an

    unproductive methodological argument

    No entanto, os governos precisam de um certo nvel de evidncia sobre a qual podem

    agir; este nvel de evidncias deve ser criado.

    Para julgar o tipo de evidncias necessrias para apoiar diferentes formas de

    regulao, necessrio examinar os objectivos e o funcionamento das diferentes

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    formas. A auto-regulao existe para proteger os anunciantes da regulao externa, e

    promover a confiana dos consumidores na publicidade, facilitando assim a

    proliferao de publicidade - um caso clssico de auto-interesse. A Regulamentao

    legal, por outro lado, tradicionalmente utilizada, neste contexto, para forar as

    empresas a mudar os seus comportamentos fora do seu auto-interesse subjacente.

    Estes objectivos diferentes sugerem as duas formas de regulaes desempenham

    papis diferentes [39]:

    A auto-regulao: A auto-regulamentao tem sido tradicionalmente usada para

    controlar a publicidade enganosa dirigida a crianas, ou seja, policiar o contedo das

    propagandas quando se acha que as crianas entendam mal, ou aqueles alusivos (em

    palavras ou imagens) potencialmente perigosos ou susceptveis das aces nocivas

    serem copiadas pelas crianas. Para os cdigos especficos na alimentao, as

    orientaes da auto-regulao j esto a ser utilizadas para garantir que o consumo

    do alimento seja retratado nos vrios meios de marketing numa forma a no

    encorajar directamente a excessiva ingesto de um produto em particular. Assim,

    quando a auto-regulao funciona correctamente ela pode ser usada para controlar as

    mais irresponsveis propagandas. A auto-regulamentao pode atingir isso

    relativamente rpido, sendo barata e mais flexvel do que as regulaes legais, em

    parte porque propcia observao da indstria, dado que so desenvolvidos,

    implementados e da propriedade da indstria. Para cumprir esta funo, os

    sistemas de auto-regulao precisam de um forte conjunto de directrizes especficas

    para a comercializao dos produtos alimentares que se estendam a todas as formas

    de comercializao, de um sistema transparente de acompanhamento e execuo e de

    um forte sistema de aconselhamento para que este seja aceite e utilizado pelos

    comerciantes.

    Regulamentao legal: Enquanto a auto-regulao eficaz pode ajudar a uma

    publicidade responsvel para crianas, no aborda o montante e a eficcia do

    marketing alimentar experimentado pelas crianas. Nenhum sistema de auto-

    regulao tem em seu mandato o poder no controlo da quantidade, localizao ou

    emoo na promoo dos alimentos, nem o espectro completo das tcnicas

  • 7/31/2019 Marketing Alimentar dirigido s crianas_efeitos e consequncias

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    O Marketing Alimentar dirigido s crianas: efeitos e consequncias Licenciatura em Cincias daNutrio

    Carlos Manuel Pereira Ramos Dezembro 2008 Universidade Atlntica39

    promocionais. No s a publicidade enganosa ou as campanhas de marketing que

    so motivo de preocupao, mas os efeitos cumulativos que apesar de legais e de

    serem verdadeiras campanhas de marketing aparecem de muitas formas, tempos e

    lugares. Assim, a auto-regulao no pode impedir que o mercado funcione. Esta a

    razo porque a regulamentao legal deve activamente restringir anncios que so

    tradicionalmente validos pela auto-regulao. A regulamentao legal tem uma

    finalidade e funo diferente da auto-regulao e mais provvel que tenha mais

    efeito na reduo da quantidade do marketing experimentado pelas crianas.

    Dentro da regulamentao legal, h uma srie de opes disponveis para os

    governos considerarem, muitas das quais, foram discutidas ou consideradas pelos

    principais interessados nos ltimos quatro anos. Estas podem ser globalmente

    caracterizadas como se segue:

    - Regulamentos que visam reduzirem a intensidade da comercializao de alimentos

    com densidades energticas elevadas e pobres em nutrientes dirigidos a crianas.

    Esta categoria inclui os regulamentos que limitam a comercializao dos produtos

    alimentares para crianas em locais especficos (por exemplo, escolas), em horrios

    especficos (por exemplo, durante programas televisivos infantis) e por tcnicasespecficas (por exemplo, tcnicas amplamente utilizados para orientar as crianas,

    tais como brindes e coleces). Esta categoria inclui tambm os regulamentos que

    devem reduzir os incentivos para as indstrias alimentares e a publicidade do

    mercado alimentar para as crianas, tais como um imposto sobre a publicidade de

    alimentos com densidades energticas elevadas e de alimentos pobres em nutrientes.

    - Regulamentos que visam reduzir significativamente a quantidade e a eficcia da

    comercializao de alimentos com densidades energticas elevadas e alimentos

    pobres em nutrientes experimentados por crianas em qualquer lugar, a qualquer

    tempo, e usando qualquer tcnica. Esta categoria inclui proibies mais abrangentes,

    ou seja, probem alimentos com densidades energticas elevadas e alimentos pobres

    em nutrientes em geral, ou probem a comercializao de quaisquer produtos

    alimentares e bebidas para crianas, ou ainda a proibio de toda a promoo

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    O Marketing Alimentar dirigido s crianas: efeitos e consequncias Licenciatura em Cincias daNutrio

    Carlos Manuel Pereira Ramos Dezembro 2008 Universidade Atlntica40

    comercial para crianas. As duas ltimas opes so mais abrangentes, mas so

    meios para atingir o mesmo objectivo.

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