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Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP-USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
Mário Scigliano Carneiro. Historia de Japam. As estratégias de evangelização na obra de
Luis Fróis. (FFLCH/USP/DH)
Charles Boxer, em seu livro publicado em 1951, “The Christian century in Japan”:
a partir de 1580, inicia-se uma nova fase na missão jesuítica, representada pela atuação do
padre Alessandro Valignano (1539-1606), cujo principal objetivo foi estimular a criação de
um clero nativo para a missão japonesa tornar-se auto-sustentável1. Valignano fora enviado
pelo Geral da Ordem como Padre Visitador e também Vigário Geral da Ásia. Boxer afirma
que o Japão era um dos poucos países que realmente poderia cumprir essa expectativa,
sendo considerado a “Roma do Extremo Oriente” 2. Apesar das dificuldades impostas pelas
hierarquias eclesiásticas, a primeira década do século XVII viu o aparecimento dos
primeiros padres japoneses formados localmente3.
O historiador Adriano Prosperi, por sua vez, observou que no Extremo Oriente,
ao contrário do que ocorreu na América, os missionários teriam se valido de métodos mais
pedagógicos para a catequização das populações. O estudioso assinala a grande polêmica
em torno dos métodos de conversão, consubstanciada nas posições antagônicas do Padre
Alessandro Valignano e do Padre Francisco Cabral (1528-1609). 4 Este último era o
superior da Ordem no Japão, tendo sido, na década de 1580, substituído por Gaspar Coelho
(1531-1590).
Conforme a opinião do padre visitador Valignano era necessário “conquistar a
autoridade” e para isso era preciso adaptar-se ao modelo da cultura local. Ele advogava a
necessidade de converter as elites, prioritariamente5. Outra estratégia adotada foi a de criar
colégios para os filhos da classe dominante.6
Com relação às práticas religiosas, os padres passaram a adotar certos costumes
próprios da cultura budista, chegando a ponto das missas serem rezadas em estilo “Zen”
através da meditação. Os padres começaram a freqüentar as Cerimônias do Chá,
1 BOXER, Charles. The Christian century in Japan. Manchester; Inglaterra: Carcanet Press Limited, 1993. p. 73. 2 Ibidem, p.187. 3 Ibidem, p. 90. 4. PROSPERI, Adriano. "O Missionário". In VILARI, Rosário. O Homem Barroco. Lisboa : Presença, 1995. p.151-152 5 Ibidem, p.165. 6 Ibidem, p.166.
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observando atentamente às regras de etiqueta japonesa e evitando a todo o custo as
descortesias.7
Boxer, ao contrário de Prosperi, sustenta que a política de assimilação da cultura
local já era presente desde os primórdios da missão, quando esta era encabeçada por
Francisco Xavier, e, portanto, anterior à chegada de Valignano. Contudo, o padre Francisco
Xavier havia iniciado o seu proselitismo adotando práticas que eram utilizadas pelos
franciscanos, envolvendo a demonstração explícita das virtudes da pobreza, caridade e
humildade. Tais práticas, portanto, não teriam sido eficazes para conquistar as elites locais,
uma vez que os aristocratas nipônicos valorizavam o uso da pompa, dos ritos de etiqueta e
demonstração de refinamento, inclusive na aparência. Nos rituais de hospitalidade era
imprescindível oferecer presentes e dádivas especiais aos Daimyos8. Em seu “Tratado em
que se contem muito sucinta e abreviadamente algumas contradições e diferenças de
costumes antre a gente de Europa e esta província de Japão...”, o padre Luis Fróis afirma
que ao contrário dos europeus, entre os japoneses era costume levar presentes a seu
anfitrião durante uma visita9.
O historiador Jurgis Elisonas em seu artigo “Christianity and the Daimyo” de
1991, afirma que o acontecimento emblemático dessa mudança de atitude é o da segunda
visita de Francisco Xavier ao senhor feudal de Suwo, Ouchi Yoshitaka, no ano de 1551.
Após uma tentativa malsucedida de visitar o Imperador do Japão na capital Kyoto, Xavier
percebeu que ao manter um semblante humilde não só o Imperador se recusou a vê-lo,
como em todo caminho que trilhou até chegar a capital foi ofendido e humilhado por
muitas pessoas. Ao fazer a já citada segunda visita ao senhor de Suwo, decidiu então mudar
sua atitude, adquirindo um semblante pomposo e carregando presentes. Não só obteve a
autorização para pregar o evangelho como até recebeu um templo para utilizar como
igreja10.
No artigo “The context of Syllabus error” de 2000, Elisonas considera que a
primeira década da missão jesuítica foi marcada por uma política muito parecida com a das
7Ibidem, p.156. 8 BOXER. Op. Cit. p. 210. 9 FROIS, Luis. Europa/Japão Um dialogo civilizacional. Lisboa : Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1993. P. 167. 10 ELISONAS, Jurgis. Christianity and the Daimyo, In HALL, John. The Cambridge history of Japan. Volume 4. Nova Iorque, EUA: Cambridge University Press. 1991.p.313.
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ordens mendicantes, ou seja, de total dedicação e assistência aos pobres, materializada na
fundação de um hospital e um leprosário. Tal estratégia teria mudado quando os jesuítas se
aproximaram do Xintoísmo, uma das religiões tradicionais praticadas pela elite japonesa. O
Xintoísmo apresentava uma série de restrições ao convívio com os pobres, doentes em geral
(principalmente leprosos) e mortos. O contato com os pobres e doentes impedia os fiéis de
freqüentarem os templos por um determinado tempo, havendo necessidade de rituais para
purificação. Segundo Elisonas, a etiqueta nipônica não via com bons olhos o convívio e
muito menos a caridade com os menos afortunados11. Essa conduta japonesa passou a ser
incorporada aos métodos de aproximação entre os jesuítas e os aristocratas, o que o que
causou grande escândalo ao Geral da Ordem Cláudio Acquaviva (1543-1615)12.
Prosperi aponta para o fato de que os métodos de evangelização propostos por
Valignano foram plenamente praticados, chegando a suscitar uma crise de identidade entre
os membros da Companhia13. Algumas práticas adotadas nessa nova fase foram contestadas
por padres que discordaram dos exageros cometidos em nome da conversão, como foi o
caso do Padre Francisco Cabral, já referido anteriormente. Este último desprezava a cultura
japonesa, era contrário à criação de um clero nativo, achava que o aprendizado dos
japoneses deveria apenas se limitar ao latim e temia que o conhecimento da doutrina
religiosa acabasse ocasionando a divisão do catolicismo japonês em varias seitas hereges14.
A polêmica estava instaurada no seio da missão japonesa. Quais eram os limites
da estratégia de aculturação, até que ponto a imitação dos modelos culturais japoneses não
implicava numa transformação dos conteúdos essenciais do catolicismo, como uma religião
que se pretendia universalista? Escandalizado com o padre Valignano, o Geral da Ordem
passou a acreditar que seria melhor retornar à pregação religiosa, exaltando os heróis da fé
sem se adaptar ao “outro”. Algo ilusório, pois em lugares onde a hegemonia cultural e a
supremacia militar não estivessem do lado dos europeus, a única opção era insistir na
11 ELISONAS, Jurgis. The Jesuits, The Devil, and Pollution in Japan: The context of Syllabus error. In COSTA, João Paulo Oliveira e. Bulletin of Portuguese Japaneses Studies. Lisboa, Portugal: Universidade Nova de Lisboa. 2000.p.23-25. 12 PROSPERI. O Missionário,Op.Cit. p.157. 13 Idem. 14 BOXER. The Christian century in Japan. Op. Cit. p. 86.
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política de adaptação. Primeiro era preciso integrar-se às elites para, depois, ter a
oportunidade de converter15
Desde 1583, o visitador Valignano passou a implementar o projeto de formação
de um clero nativo. A necessidade de estimular um clero nativo veio da constatação de que
os japoneses, como um povo orgulhoso e beligerante, não tolerariam ser controlados por
estrangeiros, seria preciso que tanto os japoneses, quanto europeus tivessem o mesmo grau
de importância e dignidade social. O que de fato, não acontecia, pois somente os europeus
ocupavam posições de liderança dentro da missão, os japoneses teriam alcançado no
máximo a categoria de “irmão laico”.16
Em sua obra “A Igreja e a expansão ibérica”, publicada em 1978, Charles Boxer
afirmou que apesar de ser algo desejado, a criação de um clero nativo sempre foi dificultada
pelos missionários. E geralmente, ao clero nativo era atribuída uma posição subalterna em
relação ao clero europeu 17 . Apesar da política de Valignano, o Japão só foi ter um
seminário em 1601, com oito estudantes inscritos18.
Contexto histórico: Guerra civil.
Em 1549, data da chegada do padre jesuíta Francisco Xavier em Kagoshima, na
região de Kyushu, inaugurando a Missão Japonesa. No Japão, este foi o período do
Sengoku-jidai (guerra civil). O poder estava nas mãos dos numerosos Daimyo, fazendo do
Japão praticamente uma colcha de retalhos19. Ou seja, sem nada que centralizasse o poder
daquele, as duas figuras que deveriam ter essa função: o Imperador (Tennô- senhor do
paraíso) e o Shogun (Generalíssimo) acabavam sendo autoridades simbólicas não tendo
efetivamente nenhum poder20.
Para Boxer, o principal fator de crescimento do catolicismo foi a relação entre os
missionários e o comércio local. No fim do século XIV, o governo chinês proibiu qualquer
15 PROSPERI. O Missionário. Op.Cit. p. 159. 16 BOXER. The Christian century in Japan.Op.Cit. p.218. 17 BOXER, Charles. Igreja e a expansão ibérica. Lisboa : Edicoes 70, 1981.p. 14. 18 Ibidem, p. 37. 19 BOXER. The Christian century in Japan.Op.Cit, p.43. 20Ibidem. p.42
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tipo de comércio com os japoneses devido aos constantes ataques dos Wakô, os piratas
japoneses21. A intermediação entre China e Japão passou a ser feita pela Nau do Trato22.
Os portugueses tinham acesso ao mercado chinês de seda, que era revendida ao Japão 23.
Os jesuítas atuavam como tradutores lingüísticos nos contatos entre os
comerciantes portugueses e os nobres japoneses, sendo que já havia o prévio acerto da Nau
do Trato ir somente para feudos onde houvesse jesuítas. Os senhores feudais da região de
Kyushu competiam para atrair a Nau do Trato aos seus feudos durante sua visita anual,
assim acabavam também disputando a presença dos jesuítas em suas terras.24
O Geral da Ordem era contra essa política, porém, acabou convencido de que o
comércio seria provisório e necessário para a cristianização dos japoneses e proteção dos
padres.25 Tanto Boxer, quanto Jurgis Elisonas, concordam que a conversão em Kyushu era
feita pela intermediação dos jesuítas entre os senhores feudais e os mercadores portugueses.
O interesse comercial desses senhores acabava sendo usado como facilitador da conversão
e quando os senhores não eram convertidos, pelo menos davam aos jesuítas a permissão
para converter a população de seu feudo (o que Elisonas designou de “simbiose
tripartite”).26.
Um exemplo emblemático dessa relação de simbiose entre mercadores, Daimyo e
missionários é o caso de Omura Sumitada (1533-1587).Em 1562, este observando as
vantagens comerciais do cristianismo se converteu sendo batizado como Dom Bartolomeu.
A Nau do Trato passou a ir exclusivamente à suas terras, sendo que outros navios
portugueses também passaram a ir lá27. É interessante que este antes não era um Daimyo,
mas apenas um nobre de destaque dentro de feudo, foi justamente o poder obtido com o
comércio português que permitiu sua ascensão. Para Elisonas, foi sua conversão que o
21Ibidem. p. 7-8. 22 A Nau do Trato era a embarcação portuguesa que fazia a viagem de Goa a Nagasaki todo ano. Outro termo utilizado para nomeá-la é o Navio Negro, traduzido do japonês “Kurofune”. 23Ibidem, p. 91-92. 24 Ibidem, p.96-97. 25 Ibidem, p.102. 26 ELISONAS, Jurgis. Christianity and the Daimyo, In HALL, John. The Cambridge history of Japan. Volume 4. Nova Iorque, EUA: Cambridge University Press. 1991.p 321-322. 27 Ibidem. P. 323.
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tornou um Daimyo28. Foi justamente Omura quem fundou o porto de Nagasaki em suas
terras no ano de 1571, inaugurando também o regime de porto único29.
Os jesuítas acabavam sendo não só os intérpretes lingüísticos, mas também
intermediários entre os japoneses e os mercadores portugueses, como também atuavam no
contrabando de metais preciosos entre China e Japão. Com o período das guerras civis e o
início da unificação, o ouro passou a ser um metal de grande valia, usada principalmente na
cobrança de impostos. Mas muitos Daimyos tinham em seus territórios minas de prata, por
isso recorriam aos jesuítas para “intermediar” a troca da prata japonesa pelo ouro chinês30,
atividade extremamente lucrativa. Braudel afirma que na China o ouro não era valorizado
como moeda, sendo trocado pela prata por taxas irrisórias31.
O ouro e a prata eram metais concorrentes, dependendo de seu volume em
circulação seus valores podem variar, fazendo com que a balança favoreça um ou outro
metal. Assim, a moeda menos valorizada acabava tirando a mais valorizada de circulação,
pois esta era entesourada.32. Nos mercados locais japoneses, porém, não se usava a prata
como moeda corrente e sim o arroz, segundo Braudel.
Para Elisonas, outro fator do crescimento do catolicismo que encontramos
intrinsecamente ligados ao contexto da guerra civil é o apoio militar português aos Daimyo.
Podemos citar o exemplo de Omura Sumitada. Entre 1572 e 74 Omura passou a enfrentar
conspirações internas além de ameaças de invasão por seus vizinhos, acabou recebendo
apoio militar português o que acabou com as conspirações e protelou a invasão para um
futuro próximo 33 . Como agradecimento Omura transformou a cristianismo na religião
oficial de seu Han, proibindo os outros cultos, obrigando seus fiéis a se converter ou então a
mudarem de feudo. Este era a meta dos padres Cosme Torres e Gaspar Coelho, a da
“conversão universal” de um feudo34.
Outro dado interessante sobre Omura Sumitada diz respeito a Nagasaki.
Apesar dos problemas internos do feudo de Omura terem sido resolvidos, suas terras foram
28 Ibidem. P. 324. 29 Ibidem. P. 326. 30 BOXER. The Christian century in Japan. Op.Cit. p. 111-112. 31 BRAUDEL, Fernand. Civilização Material, Economia e Capitalismo, Séculos XV-XVIII. Volume 1: As Estruturas do Cotidiano: O Possível e o Impossível. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p 168-169. 32 Ibidem, p. 120-122. 33 ELISONAS. Christianity and the Daimyo. Op. Cit. P. 327. 34 Ibidem. P. 328.
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invadidas por Ryuzoji Takanobu de Hizen no final da década de 157035. Omura decidiu que
não deixaria Ryuzoji ficar com Nagasaki e a doou aos jesuítas, impedindo que ela fosse
invadida devido ao temor que as armas portuguesas geravam nos Daimyos. Essa foi a
chamada “doação de Dom Bartolomeu” e não só garantiu que ele não perdesse Nagasaki
para seu inimigo como também possibilitou uma maior freqüência das visitas portuguesas.
Os jesuítas ficariam com o lucro obtido nas taxas de ancoragem enquanto Sumitada
cobraria as taxas sobre as mercadorias. Sumitada se tornou vassalo de Ryuzoji em 158036.
Mas não eram apenas os Daimyo que estivessem fragilizados que eram os alvos
dos jesuítas; Daimyos poderosos e/ou emergentes também eram procurados pelos
missionários, e o caso do já citado Ouchi Yoshitaka e também de Otomo Yoshishige. Este
já demonstrava predisposição para aceitar os padres, já havia recebido a visita de uma nau
portuguesa em suas terras no ano de 1544, sendo que entre os anos de 1546 até 1551 o
comerciante português Diogo Vaz de Aragão ficou em um posto comercial estabelecido na
capital Funai. Em 1551 a soma da chegada do navio de Duarte da Gama e da visita do
Padre Francisco Xavier ofereceu a chance a Otomo de estreitar laços entre sua casa e os
portugueses37. Funai se tornou quartel general da missão jesuítica no Japão. É interessante
ressaltar que apesar de não receber sempre a Nau do trato em seus portos, este sempre tinha
vantagens no comércio independente do porto em que a Nau estivesse38.
Com o prestígio de Otomo, os padres foram oficialmente apresentados à
aristocracia da capital Kyoto39 e dessa forma, os missionários se aproximaram do primeiro
artífice da unificação japonesa, Oda Nobunaga; seus laços foram estreitados em decorrência
do inimigo comum que tinham, os monges budistas. Estes apoiavam com freqüência os
senhores feudais que estivessem contra os cristãos, e isso fez com que os católicos se
aproximassem do primeiro artífice da unificação japonesa, Oda Nobunaga, que, por sua
vez, procurava combater os Daimyos inimigos apoiados pelos budistas40. O padre Jesuíta
Luis Fróis fora apresentado a Oda Nobunaga em 1569, após este conquistar a capital do
Japão, Kyoto, em nome do ainda Shogun Ashikaga Yoshiyaki, praticamente uma marionete
35 Ibidem. P. 327. 36 Ibidem. P. 329. 37 ELISONAS. Christianity and the Daimyo. Op. Cit. P. 316. 38 Idem. P. 317. 39 Ibidem. P. 318. 40 BOXER. The Christian century in Japan.Op.Cit. p. 64.
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nas mãos do general41. Nobunaga passou a ser um apoiador da missão jesuítica, apesar de
alguns aliados tentarem dissuadi-lo, afirmando que os missionários eram perigosos para a
paz pública. Para Jurgis Elisonas, o apoio aos cristãos seria temporário e era motivado pelo
fato de Oda não ter controle sobre a região de Kyushu. Uma vez unificado o país, a missão
teria os seus dias contados42 .
Boxer afirma que George Sansom estava correto em dizer que as relações de
cordialidade entre Oda e os jesuítas eram ocasionadas pelo fato de que os missionários não
representavam nenhum perigo, ao contrário de seus vassalos43. Nobunaga também ficou
extremamente curioso em relação aos países do ocidente e esperava que por causa disso
eles tivessem uma utilidade futura para ele. Oda também chegou a carregar um rosário em
seu pescoço e, segundo os relatos jesuítas, esteve próximo a se converter, o que encorajou
muitos outros samurais a se converter44.
Em sua obra “The western world and Japan” de 1950, George Samson afirma
que o período da guerra civil foi extremamente propício para a chegada dos missionários
jesuítas, pois assim puderam tirar vantagem da desunião da elite nipônica se aliando a
determinados grupos em detrimento de outros. O apoio jesuítico e sua aliança com o
comércio e as armas portuguesas criaram grandes vantagens para quem os obtinha45.
41 Ibidem, p.58. 42 ELISONAS. Christianity and the Daimyo. Op. Cit. p. 331. 43 SANSOM apud BOXER. The Christian century in Japan. Op.Cit. p 64. 44 SAMSOM. The western world and Japan. Op.Cit. p. 126. 45 Ibidem. P. 109.