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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO RELAÇÃO ENTRE PERCEPÇÃO CORPORAL E ESTADO NUTRICIONAL EM UNIVERSITÁRIOS DO CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA / UFPE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO, 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO

RELAÇÃO ENTRE PERCEPÇÃO CORPORAL E ESTADO

NUTRICIONAL EM UNIVERSITÁRIOS DO CENTRO ACADÊMICO DE

VITÓRIA / UFPE

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO, 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO

RELAÇÃO ENTRE PERCEPÇÃO CORPORAL E ESTADO

NUTRICIONAL EM UNIVERSITÁRIOS DO CENTRO ACADÊMICO DE

VITÓRIA / UFPE

Aluna: Maria da Conceição de Lima Almeida

Orientadora: Marina de Moraes Vasconcelos Petribú

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO, 2010

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de

Graduação em Nutrição como

requisito para Conclusão de

Curso de Bacharel em Nutrição.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................9

2 OBJETIVOS.......................................... ...............................................................13

2 Objetivo Geral..................................... .................................................................13

2.2 Objetivos Específicos........................................ .....................................................13

3 HIPÓTESES.................................................................................14

4 MÉTODOS...........................................................................................................15

4.1 Desenho do Estudo.................................. .............................................................15

4.2 Casuística......................................... .....................................................................15

4.3 Variáveis Estudadas................................ ...........................................................15

4.3.1 Escala de Silhuetas....................................... .............................................................16

4.3.2 Avaliação Antropométrica........................... .........................................................16

4.3.3 Bioimpedanciometria................................ .................................................................16

4.3.4 Processamento e Análise dos Dados.................. ....................................................17

4.3.5 Considerações Éticas.............................................. ...............................................17

5 RESULTADOS......................................... .............................................................18

6 DISCUSSÃO.........................................................................................................22

7 CONCLUSÃO.......................................... ............................................................26

8 REFERÊNCIAS...................................................................................................27

9 APÊNDICES

10 ANEXOS

9. APÊNDICES

Apêndice 1 - Pesquisa: Relação entre percepção corp oral e estado

nutricional em universitários do Centro Acadêmico d e Vitória /

Universidade Federal de Pernambuco.

Protocolo nº.:

Nome: _____________________________________________________

Data de nascimento: ___/ ___ / ___ Sexo: ( ) F ( ) M

Endereço: ___________________________________________________

Bairro: __________________________ Cidade: _____________________

Telefone: ________________

Curso: ___________________ Período ______________________

Dados antropométricos:

Peso ____ kg

Altura ____ m

IMC ____ kg / m²

Teste de imagem corporal:

Silhueta atual _________

Silhueta ideal _________

Silhueta real _________

Apêndice 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclare cido Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma alguma. Em caso de dúvida você deve procurar a pesquisadora responsável no endereço Rua do Alto do Reservatório s/n Bela Vista – Vitória de Santo Antão/PE, pelo telefone (81) 3523-3351 ou e-mail [email protected] e/ou o Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos do Centro de Ciências da Saúde da UFPE, Av. Professor Moraes Rego s/n, Cidade Universitária, Recife/PE, CEP 50670-901, telefone (81) 2126-8588. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: Título do Projeto: Relação entre Percepção Corporal e Estado Nutricional em Universitários do Centro Acadêmico de Vitória / UFPE Pesquisador Responsável: Marina de Moraes Vasconcelos Petribú

1. Analisar a relação entre percepção da imagem corporal e dois indicadores de estado nutricional em estudantes universitários de ambos os sexos do Centro Acadêmico de Vitória / Universidade Federal de Pernambuco (CAV/UFPE).

2. Para o estudo serão necessários os seus dados de peso, altura, espessura das dobras cutâneas tricipital, subescapular, abdominal, supra-iliaca e coxa medial. Será escolhida a silhueta ideal e a silhueta que melhor representa seu tamanho e forma física atuais. Será realizado o preenchimento de um questionário sobre dados pessoais, nome, idade, sexo, a sua prática de atividade física, grau de instrução de seus pais.

3. Em caso de sentir constrangimento, você poderá desistir de participar da pesquisa em qualquer etapa, antes ou após o início da coleta dos dados.

4. A pesquisadora responsável, após a interpretação dos dados antropométricos coletados, informará a você seu diagnóstico nutricional e lhe dará orientações nutricionais, conforme necessário.

5. As informações obtidas através desta pesquisa serão confidenciais e asseguradas o sigilo sobre sua participação. Os dados serão arquivados na Universidade Federal de Pernambuco – Centro Acadêmico de Vitória pela pesquisadora responsável, por um período de trinta e seis meses. Não haverá nenhum gasto com a sua participação, nem receberá nenhuma quantia por isto. Você tem o direito de retirar o consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer penalidade.

6. Você receberá respostas a perguntas ou esclarecimentos a qualquer dúvida relacionada com os objetivos da pesquisa.

Pelo presente documento, Eu ___________________________________________, abaixo assinado, concordo em participar da pesquisa “Relação entre Percepção Corporal e Estado Nutricional em Universitários do Centro Acadêmico de Vitória / Ufpe”, como sujeito. Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a) pela pesquisadora Marina de Moraes Vasconcelos Petribú sobre a pesquisa, os procedimentos envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade. Vitória de Santo Antão, ______ de__________________ de ___________. Assinatura do sujeito: ____________________________________ Presenciamos a solicitação de consentimento, esclar ecimentos sobre a pesquisa e aceite do sujeito em participar. Testemunhas: Nome: ________________________________ Assinatura: _________________________ Nome: ________________________________ Assinatura: _________________________

10. ANEXO

Anexo 1 - ESCALA DE SILHUETAS

Figura 1 - Escala de Silhuetas para adultos adaptada e validada por kakeshita

(2009).

Anexo 2 – CARTA DO COMITÊ DE ÉTICA

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação do estado nutricional segundo o IMC e a Bioimpedância

dos universitários do CAV-UFPE, 2010.

Tabela 2 - Freqüência relativa à autopercepção da Silhueta Atual (SA) e da Silhueta

Ideal (SI) e respectiva Silhueta Real (SR) segundo o IMC para estudantes do CAV-

UFPE, 2010.

Tabela 3 – Silhuetas atual, ideal e real médias segundo o sexo dos universitários do

CAV-UFPE, 2010.

Tabela 4 – Concordância entre a Silhueta Atual e a classificação do estado

nutricional segundo o IMC e o percentual de gordura corporal segundo a

Bioimpedância dos universitários do CAV-UFPE, 2010.

Tabela 5 - Concordância entre a Silhueta Ideal e a Atual e entre a Silhueta ideal e a

classificação do estado nutricional segundo a Bioimpedância dos universitários do

CAV-UFPE, 2010.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Escala de Silhuetas para adultos adaptada e validada por kakeshita

(2009).

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela oportunidade e pelo privilégio de ter vivido

tamanha experiência, pela força e pelas alegrias que me foram concebidas durante

esta caminhada.

A minha família, pela paciência em tolerar minha ausência, por terem acreditado em

mim, pelo apoio, por serem meu porto seguro momentos de dificuldades.

À Professora Marina Petribú, minha orientadora, por aceitar fazer parte desta

caminhada, por toda dedicação, carinho e confiança, por todas as dicas, conselhos,

por fazer-se presente sempre que necessário.

À Márcia, Suellen, Gerlane e Érika que estiveram comigo durante a coleta de dados,

pelas tardes e noites cheias de trabalho, mas também cheias de alegria.

A todos os estudantes do CAV-UFPE que participaram deste estudo, pela confiança,

pela boa vontade, por terem dividido conosco particularidades, por terem dado vida

a este sonho.

A todos os professores pelo carinho, dedicação e entusiasmo demonstrado ao longo

do curso.

Aos demais coordenadores e funcionários do Centro Acadêmico da Vitória – UFPE.

Aos colegas de classe pelo carinho, pela alegria, pela companhia, pelos momentos

de descontração, que fizeram mais leves essa trajetória.

Em especial a Rosângela, Jaquiele, Marise e Lígia, que foram companheiras de

todas as horas, por terem tornado as manhãs no CAV mais agradáveis.

Enfim obrigada, que Deus nos abençoe e ilumine.

DEDICATÓRIA

RESUMO

Dedico este trabalho a meus pais Mário, In

Memorian, e Maria que me ensinaram todos os

valores que norteiam minha vida. A meu marido

Daniel e a meus filhos Tiago e Gabriela, por todo

amor e compreensão, foram eles que deram

sentido e força para realização deste sonho.

Introdução: A percepção da imagem corporal pode ser definida como a imagem que

o indivíduo tem de si próprio, podendo ser influenciada tanto por fatores sociais

quanto biológicos. As preocupações com o corpo e as experiências contribuem para

formação da imagem e da satisfação corporal. A insatisfação com a imagem corporal

pode levar a comportamentos que põem em risco a saúde do indivíduo. Objetivo:

Analisar a relação entre percepção e satisfação corporal com o estado nutricional

em estudantes universitários de ambos os sexos do Centro Acadêmico de Vitória /

Universidade Federal de Pernambuco (CAV/UFPE). Método: Trata-se de um estudo

transversal, realizado com 264 universitários de ambos os sexos. Foram coletados

dados demográficos (sexo, idade e curso), aferidos peso e estatura para cálculo do

IMC, para determinar o %GC foi utilizada a Bioimpedância, para avaliar a percepção

e a satisfação corporal foi utilizada a Escala de Silhuetas desenvolvida e validada

para a população brasileira por Kakeshita (2009). Para análise estatística foi

utilizado o Índice Kappa, o teste qui-quadrado e o teste “t” de student. Resultados:

A maioria dos estudantes encontra-se eutrófico segundo os dois parâmetros

avaliados 72,7% e 86,7% para o IMC e o %GC respectivamente, porém observa-se

uma tendência para maior prevalência de baixo peso no sexo feminino e maior

prevalência de sobrepeso e obesidade no sexo masculino, apesar de haver uma

tendência a maior prevalência de baixo percentual de gordura corporal no sexo

masculino segundo a bioimpedância. Houve distorção e insatisfação com a imagem

corporal no sexo feminino com valores de p = 0,0000 e 0,0099 respectivamente, já o

sexo masculino apresentou boa percepção e satisfação com a imagem corporal com

valores de p = 0,1321 e P=0,7362 respectivamente. Conclusão: A busca incansável

pelo corpo ideal, gera insatisfação com a imagem corporal mesmo em indivíduos

eutróficos, principalmente no sexo feminino. Indivíduos insatisfeitos podem

desenvolver comportamentos que põem em risco sua saúde. Portanto é necessário

que outros estudos sejam realizados para avaliar o que de fato determina a

insatisfação em estudantes. Devem ser desenvolvidas ações para avaliar, orientar e

implementar práticas de educação nutricional junto a essa população, com intuito de

minimizar os possíveis agravos a saúde.

Palavras-chave: Imagem Corporal, Bioimpedância, Estudantes, Escala de

Silhuetas, Insatisfação.

9

1.0 INTRODUÇÃO

A percepção da imagem corporal pode ser definida como a construção

cognitiva a cerca do tamanho, imagem e forma do corpo, dos sentimentos

relacionados a essas características, bem como as partes que a constituem e a

interação com o meio social em que está inserido (GARDNER, 1996; SCHIELDER,

1999). Desta forma podemos observar que o conceito de imagem corporal envolve

três componentes: perceptivo, que se relaciona com a percepção da própria

aparência física, envolvendo uma estimativa do tamanho corporal e do peso;

subjetivo, que envolve aspectos como satisfação com a aparência, as expectativas

da família e dos amigos; comportamental, que focaliza as situações geradas a partir

da inter-relação entre a percepção da imagem corporal e as influências

socioculturais dos ideais de beleza (THOMPSON, 1996).

A insatisfação com a imagem corporal é um fenômeno freqüente

principalmente no sexo feminino, podendo variar da superestimação em mulheres

eutróficas até a subestimação em mulheres com sobrepeso ou obesidade. Sendo

assim, a insatisfação com a imagem corporal deve ser considerada como um

problema de saúde pública, pois pode gerar comportamentos alimentares não-

saudáveis, podendo resultar em distúrbios alimentares, como anorexia nervosa,

bulimia e obesidade (VILELA; CORDAS, 2004). Associado a esses distúrbios há

uma série de problemas de saúde como a desnutrição, o diabetes mellitus tipo 2,

problemas cardiovasculares e depressão (KAKESHITA, 2006).

Em seu estudo, Branco et al. (2006), ao correlacionar a autopercepção com o

estado nutricional, observou a superestimação feminina, enquanto que no sexo

masculino foi observado uma subestimação e o desejo de ter um corpo com porte

atlético. Aproximadamente 39% das meninas eutróficas se percebiam em sobrepeso

e 47% daquelas nesta condição se percebiam obesas. Os meninos apresentaram

resultado inverso, 26% daqueles em sobrepeso se acharam eutróficos e 46% dos

obesos se acharam somente em sobrepeso ou eutrofia. A superestimação do peso

no sexo feminino e a subestimação no sexo masculino são bem documentadas na

literatura (MADRIGAL-FRITISH et al. 1999; ATALAH et al.; VILELA et al. 2004).

Kakeshita (2006), observou que a tendência de mulheres eutróficas ou com

sobrepeso em superestimar seu peso se inverte à medida que aumenta o IMC,

10

chegando à subestimação nas obesas, em concordância com os resultados

observados por Almeida (2005) e Peixoto (2006), porém divergindo dos resultados

observados por Rosen (1996) e Ramirez (2001), que observaram não existir relação

inversa entre IMC e superestimação do peso. Desta forma observa-se que a relação

entre estado nutricional e percepção da imagem corporal permanece não resolvida.

A maioria das pesquisas que objetivaram verificar essa relação utilizou apenas o

índice de massa corporal (IMC) como medida de estado nutricional (CONTI, 2005;

PINHEIRO, 2006).

No entanto o estudo realizado por Coqueiro et al. (2008), utilizou dois

métodos antropométricos, o IMC e o somatório de pregas cutâneas, porém não foi

observada associação entre IMC e percepção da imagem corporal, visto que,

independentemente da classificação do IMC (adequado ou inadequado), os

indivíduos apresentaram insatisfação com o seu tamanho e forma corporais. No que

se referiu ao somatório de pregas cutâneas foi observado que apresentou melhor

correlação com a percepção da imagem corporal, quando comparado ao IMC.

Estas divergências podem estar associadas à busca pelo corpo ideal, sendo

que, os ideais de beleza impostos pela sociedade atual geralmente não levam em

consideração os limites inerentes a cada ser humano, muitas vezes este corpo dito

ideal não condiz com um corpo saudável (COQUEIRO, 2008). Contudo, outros

autores afirmam que o IMC não é um indicador preciso da adiposidade corporal

(ACUÑA; CRUZ, 2004), podendo ser mais uma das possíveis causas de tal

divergência. Portanto, é importante a aplicação de outros métodos para avaliar o

estado nutricional, como a Bioimpedância Elétrica, que demonstra o percentual de

gordura corporal.

A bioimpedância (BIA) baseia-se no princípio de que os componentes

corporais oferecem uma resistência diferenciada à passagem da corrente elétrica.

Os tecidos magros são altamente condutores de corrente elétrica devido a grande

quantidade de água e eletrólitos, desta forma, apresentam baixa resistência à

passagem da corrente elétrica. Já a gordura e os ossos são maus condutores, por

isso apresentam alta resistência, por terem baixa concentração de água e eletrólitos

(COSTA, 2001).

Uma corrente elétrica de baixa intensidade e alta freqüência (500 a 800mA e

50 kHz) é aplicada pelos eletrodos distais e captada pelos eletrodos proximais,

gerando vetores de resistência e reactância. Após identificar os níveis de resistência

11

e reactância exercido pelo organismo à corrente elétrica, o aparelho de

bioimpedância avalia a água corporal total e, a partir da quantidade de água total

calcula a quantidade de massa magra. Porém, seus resultados podem ser

influenciados por fatores como o nível de hidratação do individuo, pela alimentação,

pelo exercício físico, pelo ciclo menstrual, pelo uso de diuréticos (KAMIMURA,

2004).

O Índice de massa corporal (IMC) também denominado de índice de Quetelet

é um método prático e simples (GUEDES, 2006), obtido a partir do cálculo do peso

dividido pela estatura ao quadrado. É recomendado pela OMS para o diagnóstico e

classificação da desnutrição e obesidade (WHO, 1995). Porém apesar de indicar a

massa corporal o IMC não diferencia massa magra de tecido adiposo. Contudo sua

grande utilização pode ser justificada por estar associado com risco de mobi-

mortalidade (AÇUÑA, 2004).

Para avaliação da percepção da imagem corporal um dos instrumentos mais

utilizados é a escala de silhuetas, proposta inicialmente por Stunkard et al (2000) a

qual representa um conjunto de nove silhuetas de cada gênero, em cartões

individuais, com variações progressivas na escala de medida, da figura mais magra

a mais larga, com IMC médio variando entre 18,5 e 40,0 Kg/m². É um instrumento

simples, de fácil aplicação e de baixo custo.

Kakeshita et al. (2009), adaptou e validou a escala de silhuetas para a

população brasileira. A diferença está no biótipo, as silhuetas foram criadas a partir

de fotos de indivíduos brasileiros, a escala é representada por quinze silhuetas de

cada gênero, a variação média do IMC é de 12,5 a 47,5 kg/m². Os participantes são

orientados a escolher a figura que melhor representa o seu tamanho e forma física e

a que julga ideal. A partir das diferenças entre as figuras escolhidas e a silhueta real,

determinada pelos parâmetros antropométricos, é avaliado a presença de distorção,

satisfação ou insatisfação com a imagem corporal (KAKESHITA, 2009).

Os estudos brasileiros que utilizam as Escalas de Silhuetas para avaliar a

percepção corporal usam em sua maioria escalas desenvolvidas e validadas em

outros países para pesquisa com indivíduos que apresentam um biótipo diferente do

brasileiro.

Portanto, é importante a realização de estudos que utilizem escalas

adaptadas e validadas para a população brasileira. A utilização desse instrumento

pode ser útil tanto em nível ambulatorial, identificando indivíduos com risco de

12

desenvolver comportamentos alimentares inadequados, quanto em estudos

epidemiológicos, fornecendo dados para o direcionamento de ações de redução,

prevenção e educação para a população em geral, no sentido de minimizar ou evitar

possíveis agravos à saúde ocasionados pela insatisfação com a imagem corporal.

Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre percepção e

satisfação corporal com o estado nutricional, em estudantes de ambos os sexos do

Centro Acadêmico de Vitória / Universidade Federal de Pernambuco (CAV/UFPE).

.

13

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral:

� Analisar a relação entre percepção e satisfação corporal com o estado

nutricional em estudantes universitários de ambos os sexos do Centro

Acadêmico de Vitória / Universidade Federal de Pernambuco (CAV/UFPE).

2.2 Objetivos Específicos:

� Identificar e quantificar a presença de distorções na percepção da imagem

corporal, de acordo com a classificação dos indicadores antropométricos;

� Verificar a relação entre satisfação e percepção da imagem corporal segundo

o gênero;

� Avaliar o estado nutricional pondero-estatural e a composição corporal pelos

indicadores antropométricos: IMC e Bioimpedância Elétrica.

14

3. HIPÓTESES

� Estudantes universitários apresentam distorção e insatisfação com a imagem

corporal.

� Existe uma maior prevalência de distorção e insatisfação com a imagem corporal

no sexo feminino.

� Estudantes universitários apresentam uma maior prevalência de eutrofia, segundo

o IMC e o Percentual de Gordura Corporal.

15

4. MÉTODOS

4.1 Desenho do Estudo:

Trata-se de um estudo transversal, realizado com universitários de ambos os

sexos do Centro Acadêmico de Vitória/ Universidade Federal de Pernambuco (CAV/

UFPE), com o objetivo de analisar a relação entre percepção da imagem corporal e

dois indicadores do estado nutricional.

4.2 Casuística :

Para o cálculo do tamanho amostral foi utilizado o programa Sample XS,

distribuído pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para apoiar o planejamento

amostral em estudos transversais. Foram adotados os seguintes parâmetros:

população (n = 799); intervalo de confiança de 95%; erro máximo tolerável de seis

pontos percentuais; efeito de delineamento amostral de 1,25; e por não se conhecer

com precisão a extensão a diversas condutas de risco à saúde em estudantes do

ensino superior de Vitória de Santo Antão, a prevalência foi arbitrada em 50%,

totalizando 250 estudantes.

Todos os estudantes do CAV foram convidados a participar da pesquisa,

fazendo parte da amostra os estudantes que concordaram em participar.

Foram excluídos da pesquisa gestantes, pessoas com patologias que possam

interferir na avaliação nutricional, como doença renal, hepática e cardíaca, por

provocarem edema.

4.3 Variáveis Estudadas :

Todos os participantes foram convidados a preencher um questionário que

incluía informações específicas como nome, sexo, idade, curso ao qual esta

vinculado, período que esta cursando, (Apêndice 1), além da mensuração de dados

antropométricos (peso corporal e estatura, para cálculo de IMC), realização da

Bioimpedância para determinação do percentual de gordura corporal e escolha da

escala de silhuetas.

16

4.3.1 Escala de Silhuetas :

As informações relacionadas à imagem corporal percebida foram obtidas

utilizando-se a escala de silhueta adaptada e validada por kakeshita (2009), para a

população brasileira. A escala é composta pelas figuras de 15 silhuetas, com IMC

variando entre 12,5 kg/m² e 47,5kg/m² (ANEXO 1). Para a coleta dos dados, o

conjunto de silhuetas foi mostrado aos indivíduos e, então, realizadas as seguintes

perguntas: Qual a silhueta que melhor representa a sua aparência física

atualmente? (Silhueta Atual); Qual a silhueta que você gostaria de ter? (Silhueta

Ideal). A verificação da insatisfação com a imagem corporal foi feita utilizando-se a

discordância entre a silhueta atual e a silhueta ideal, classificando os indivíduos em

satisfeitos e insatisfeitos. A distorção foi avaliada a partir da comparação entre a

autopercepção corporal (Silhueta Atual) e a avaliação nutricional objetiva (Silhueta

Real) obtida através de dois indicadores do estado nutricional o IMC e a

Bioimpedância Elétrica.

Para classificação do estado nutricional das silhuetas escolhidas (Silhuetas

Atual e Ideal) foi utilizado o IMC correspondente a cada Silhueta de acordo com

Kakeshita (2009), as silhuetas 1, 2 e 3 foram classificadas como baixo peso; as

silhuetas 4, 5 e 6 como eutrofia; as silhuetas 7 e 8 como sobrepeso e as silhuetas de

9 a 15 como obesidade.

4.3.2 Avaliação Antropométrica :

Para a determinação do peso corporal e estatura dos estudantes foi utilizada

uma balança eletrônica, marca Líder, capacidade 150 kg com divisão de 100g e o

estadiômetro da própria balança com precisão de 1 mm. Tanto o peso quanto a

altura foram mensurados segundo técnicas preconizadas por Lohman et al em 1991

e serviram de base para o cálculo do IMC, sendo que a classificação utilizada foi a

proposta pela World Health Organization em 1995 (WHO, 1995).

4.3.3 Bioimpedanciometria

O percentual de gordura corporal foi aferido com aparelho de bioimpedância,

marca Maltron BF-906® com uma freqüência de 50 kHz em corrente alternada de

quatro eletrodos. As medidas foram feitas com o indivíduo deitado, na posição

supina, com braços e pernas abduzidos a 45 graus, a partir do corpo. Imediatamente

antes da colocação dos eletrodos, as áreas de contato foram limpas com álcool. Um

17

eletrodo emissor foi colocado próximo à articulação metacarpo-falangea da

superfície dorsal da mão direita e o outro distal do arco transverso da superfície

superior do pé direito. Um eletrodo detector foi colocado entre as proeminências

distais do rádio e da ulna do punho direito e o outro, entre os maléolos medial e

lateral do tornozelo direito, seguindo as recomendações do fabricante. A

classificação da adiposidade corporal foi feita de acordo com os pontos de corte

sugeridos por Lohman (1992), que classifica como risco de doenças associadas à

desnutrição um %GC ≤ 8% para o sexo feminino e ≤ 5% para o sexo masculino e

risco de doenças associadas à obesidade valores de %GC ≥ 32% e %GC ≥ 25%

para mulheres e homens, respectivamente. Valores de %GC entre estes pontos de

corte são considerados normais.

4.4 Processamento e Análise dos Dados

A construção do banco de dados e a análise estatística foram realizadas no

programa Epi-info versão 6.04. Na descrição das proporções, a distribuição binomial

foi aproximada à distribuição normal pelo intervalo de confiança de 95%. A

comparação entre as médias foi realizada pelo teste “t” de Student e a comparação

entre freqüências pelo teste de qui-quadrado. Foi adotado o nível de significância de

5% para rejeição da hipótese de nulidade.

A concordância entre a percepção corporal e o estado nutricional foi medida

através do índice Kappa. A concordância entre as medidas foi definida como

discreta para valores de índice kappa de 0.00 a 0.20, regular de 0.21 a 0.40,

moderada de 0.41 a 0.60, substancial de 0.61 a 0.80 e quase perfeita de 0.81 a

1.00.

4.5 Considerações éticas

O protocolo de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade

Federal de Pernambuco (UFPE), sob o protocolo nº. 088/2010 (ANEXO 2).

Ressaltando que os alunos que concordaram em participar do estudo receberam

todas as informações sobre o estudo e assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido (Apêndice 2).

18

5.0 RESULTADOS

Participaram da pesquisa 264 universitários do CAV-UFPE, com idade média

de 20,99 ± 3,0 anos, sendo 37,8 % do curso de Ciências Biológicas, 30,9% de

Nutrição, 28,2% de Enfermagem e 3,1% de Educação Física. A maioria dos

estudantes era do sexo feminino (84,1%). Não houve diferença em relação à idade

para ambos os sexos (20,94 ± 2,93 Vs 21,29 ± 3,40 anos para os sexos feminino e

masculino, respectivamente, p=0,4957).

Na tabela 1, pode-se verificar a classificação do estado nutricional segundo o

sexo de acordo com o IMC e a bioimpedância. Os achados indicaram que a maioria

dos universitários encontrava-se eutrófico segundo os dois parâmetros analisados.

Entretanto, uma parcela significante da amostra apresentou baixo peso e excesso

de peso (sobrepeso + obesidade). Não houve diferença estatisticamente significante

na classificação do estado nutricional entre os sexos, no entanto observa-se uma

tendência para maior prevalência de baixo peso no sexo feminino e maior

prevalência de sobrepeso e obesidade no sexo masculino, apesar de haver uma

tendência a maior prevalência de baixo percentual de gordura corporal no sexo

masculino segundo a bioimpedância.

Foi verificada uma correlação moderada entre a classificação do estado

nutricional pelo IMC e pela bioimpedância segundo o índice kappa para ambos os

sexos (índice kappa = 0,4417 para o sexo feminino e 0,4471 para o sexo masculino).

Tabela 1 – Classificação do estado nutricional segundo o IMC e a Bioimpedância

dos universitários do CAV-UFPE, 2010.

Masculino N %

Feminino N % P* Total

N % Estado Nutricional IMC

Baixo Peso 02 5,1 27 12,4 29 11,3 Eutrofia 26 66,7 160 73,7 0,0853 186 72,7 Sobrepeso 07 17,9 22 10,1 29 11,3 Obesidade 04 10,3 08 3,7 12 4,7 %GC**

Masculino N %

Feminino N %

P*

Total N %

RDA D

04 11,8

03 1,8

07 3,4

E 26 76,5 150 88,8 0,0906 176 86,7 RDAOB 04 11,8 16 9,5 20 9,9 *teste de qui-quadrado – comparação entre os sexos **%GC classificado segundo Lohman (1992).

19

IMC = Índice de Massa Corporal; % Gordura = Percentual de Gordura Corporal segundo a Bioimpedância; E = Eutrofia; RDAD = Risco de Doenças Associada à Desnutrição; RDAOB = Risco de Doenças Associada à Obesidade.

Na tabela 2 encontram-se descritas as freqüências das silhuetas atual e ideal

escolhidas pelos estudantes, além da silhueta real, determinada através do IMC.

Das quinze silhuetas, a figura com maior porcentagem de escolha como sendo a

silhueta atual foi a 5, escolhida por aproximadamente 20,0 % dos universitários. A

figura 6 foi a mais citada como silhueta ideal por aproximadamente 30,0% dos

universitários do sexo feminino, já para o sexo masculino a figura 5 foi a mais citada

como silhueta ideal. Em relação à silhueta real, a maioria dos estudantes

encontrava-se na figura 4 (aproximadamente 35,5%).

Tabela 2 - Freqüência relativa à autopercepção da Silhueta Atual (SA) e da Silhueta Ideal (SI) e respectiva Silhueta Real (SR) segundo o IMC para estudantes do CAV-UFPE, 2010. Masculino Feminino Silhuetas SA

N % SI

N % SR

N % SA

N % SI

N % SR

N % 01 01 2,4 - - - - - - - - - - 02 02 4,9 - - 01 2,6 13 5,9 02 0,9 05 2,3 03 07 17,1 - - 03 7,7 - - 13 5,9 60 27,9 04 05 12,2 04 9,8 14 35,9 29 13,2 45 20,5 73 34,0 05 09 22,0 14 34,1 10 25,6 43 19,6 54 24,7 42 19,5 06 03 7,3 12 29,3 04 10,3 27 12,3 67 30,6 18 8,4 07 03 7,3 04 9,8 03 7,7 20 9,1 22 10,0 07 3,3 08 04 9,8 06 14,6 04 10,3 26 11,9 12 5,5 05 2,3 09 03 7,3 01 2,4 - - 16 7,3 03 1,4 03 1,4 10 01 2,4 - - - - 05 2,3 01 0,5 01 0,5 11 01 2,4 - - - - 08 3,7 - - - - 12 01 2,4 - - - - 03 1,4 - - - - 13 - - - - - - 02 0,9 - - 01 0,5 14 01 2,4 - - - - - - - - - - 15 - - - - - - - - - - - -

SA = Silhueta Atual; SI=Silhueta Ideal; SR= Silhueta Real.

Na tabela 3 encontram-se descritas a média das silhuetas atual, ideal e real

segundo o sexo. Observa-se que não houve diferença estatística entre a silhueta

atual e ideal e a atual e real no sexo masculino. Já no sexo feminino, observa-se

uma diferença estatisticamente significativa entre elas.

20

Tabela 3 – Silhuetas atual, ideal e real médias segundo o sexo dos universitários do CAV-UFPE, 2010. Silhuetas Sexo

Masculino M ±±±± DP

P Sexo Feminino

M ±±±± DP

P Total M ±±±± DP

P

SA 5,8 2,9 5,9 2,5 5,9 2,6 SI 5,9 1,3 0,7362 5,4 1,4 0,0099 5,5 1,4 0,0269 SR 5,0 1,5 0,1321 4,4 1,5 0,0000 4,5 1,5 0,0000 SA = Silhueta Atual; SI=Silhueta Ideal; SR= Silhueta Real. M = média; DP = Desvio padrão P = Teste t de Student

A tabela 4 descreve a concordância entre a Silhueta Atual, ou seja, a forma

como os estudantes se vêem, com a classificação do estado nutricional segundo o

IMC e a Bioimpedância. Observa-se que houve uma concordância regular para o

sexo feminino e moderada para o sexo masculino na comparação com o IMC. Com

relação à classificação segundo a Bioimpedância, nota-se que houve uma

concordância discreta para o sexo feminino e regular para o sexo masculino. Apesar

dos estudantes do sexo masculino ter apresentado uma boa percepção e satisfação

corporal, percebe-se que nos eutróficos houve uma maior propensão à

subestimação do seu tamanho e forma corporal, embora não tenha significado

estatístico. Enquanto que as estudantes do sexo feminino demonstraram uma maior

propensão em superestimar seu tamanho e forma corporal.

Tabela 4 – Concordância entre a Silhueta Atual e a classificação do estado nutricional segundo o IMC e o percentual de gordura corporal segundo a bioimpedância dos universitários do CAV-UFPE, 2010. Sexo Masculino – Silhueta Atual Sexo Feminino – Silhueta Atual

IMC BP N %

E N %

SO N %

OB N %

BP N %

E N %

SO N %

OB N %

BP 02 100 - - - - - - 18 66,7 09 33,3 - - - - E 07 26,9 15 57,7 03 11,5 01 3,8 22 13,8 89 56 39 24,5 09 5,7

SO - - 01 14,3 04 57,1 02 28,6 - - 01 4,5 04 18,2 17 77,3 OB - - - - - - 04 100 - - - - - - 08 100 Índice Kappa 0,4594 0,2678 % G**

BP N %

E N %

EP N %

BP N %

E N %

EP N %

RDAD 02 50 02 50 - - 01 33,9 02 66,7 - - E 06 23,1 13 50 07 26,9 33 22 75 50 42 28 RDAOB - - - - 04 100 - - 01 6,3 15 93,8 Índice Kappa 0,2609 0,1682 **%GC classificado segundo Lohman (1992). BP=Baixo Peso; E=Eutrofia; SO=Sobrepeso; OB=Obesidade; IMC=Índice de Massa Corporal; % G =Percentual de Gordura Corporal segundo a Bioimpedância; E = Eutrofia; RDAD = Risco de Doenças Associada à Desnutrição; RDAOB = Risco de Doenças Associada à Obesidade.

21

A tabela 5 descreve a concordância entre a classificação do estado nutricional

atribuído a Silhueta Ideal e a Silhueta Atual, assim como, entre a Silhueta Ideal e o

percentual de gordura corporal segundo a Bioimpedância. Observa-se que houve

uma concordância discreta tanto para os estudantes do sexo masculino, quanto para

os do sexo feminino na comparação entre a classificação do estado nutricional das

Silhuetas Ideal e Atual, o mesmo resultado foi demonstrado na comparação entre a

classificação do estado nutricional da Silhueta Ideal e o percentual de gordura

corporal.

Tabela 5 - Concordância entre a Silhueta Ideal e a Atual e entre a Silhueta ideal e a classificação do estado nutricional segundo a bioimpedância dos universitários do CAV-UFPE, 2010.

Sexo Masculino – Silhueta Ideal Sexo Feminino – Silhueta Ideal

SA BP

N % E

N % SO

N % OB

N % BP

N % E

N % S

N % OB

N % BP - - 09 90 01 10 - - 12 30 27 67,5 01 2,5 - - E - - 15 88,2 02 11,8 - - 03 03 86 86,9 10 10 - -

SO - - 05 71,4 02 28,6 - - - - 38 82,6 08 17,4 - - OB - - 01 14,3 05 71,4 01 14,3 - - 15 44,1 15 44,1 04 11,8

Índice Kappa 0,1380 0,1832

% G BP

N % E

N % EP

N % BP

N % E

N % S

N % RDAD - - 04 100 - - - - 03 100 - -

E - - 18 69,2 08 30,8 13 8,7 117 78 20 13,3 RDAOB - - 02 50 02 50 - - 08 50 08 50 Índice Kappa 0,0325 0,1620 **%GC classificado segundo Lohman (1992). SA=Silhueta Atual; BP=Baixo Peso; E=Eutrofia; SO=Sobrepeso; OB=Obesidade; % G =Percentual de Gordura Corporal segundo a Bioimpedância; RDAD = Risco de Doenças Associada à Desnutrição; RDAOB = Risco de Doenças Associada à Obesidade.

22

6. DISCUSSÃO

A amostra foi composta por estudantes dos cursos de nutrição, enfermagem,

ciências biológicas e educação física, de ambos os sexos, com maior prevalência do

sexo feminino devido à baixa procura do sexo masculino por cursos da área de

saúde. O baixo número de estudantes do curso de Educação Física é devido ao

fato de ser um curso novo no CAV-UFPE, e no período da coleta de dados para a

pesquisa existia apenas uma turma (1º período).

A pressão exercida pela mídia, principalmente sobre as mulheres, associando

determinado padrão de beleza à aceitação social e ao sucesso, muitas vezes

inalcançáveis pela maioria das pessoas normais, tendo em vista que são estruturas

corporais que não condizem com um corpo saudável, leva muitos indivíduos, tanto

homens quanto mulheres, com estado nutricional normal a apresentar insatisfação

com a imagem corporal (CONTI; GAMBARDELA; FRUTUOSO, 2005). No presente

estudo a maioria dos estudantes encontravam-se eutróficos. Porém, foi observado

que muitos indivíduos apresentavam baixo peso e excesso de peso, havendo uma

tendência a maior prevalência de sobrepeso e obesidade no sexo masculino e de

baixo peso no sexo feminino, segundo o IMC. Este resultado também foi observado

no estudo realizado por Quadros et al. (2010) que analisaram 874 universitários (504

do sexo masculino), de uma universidade pública da região Sul do Brasil. Os autores

verificaram que a maioria dos universitários encontrava-se com peso normal.

Entretanto, uma parcela significante da amostra apresentou baixo peso (8,0%) e

excesso de peso (15,4%). Este excesso de peso foi mais prevalente entre homens e

o baixo peso entre as mulheres.

Quando foi avaliado o estado nutricional segundo o percentual de gordura

corporal, foi observado que a maioria dos indivíduos encontrava-se com %GC

normal. Porém o sexo masculino, apesar de ter apresentado uma tendência maior a

sobrepeso e obesidade segundo o IMC, apresentou uma tendência a maior

prevalência de baixo %GC em relação às mulheres. Ramos (2005) em estudo com

universitários encontrou resultado semelhante onde homens apresentaram maior

tendência a sobrepeso e obesidade segundo o IMC e menor percentual de gordura

corporal segundo BIA quando comparados com as mulheres. Este resultado pode

estar relacionado à insatisfação com a imagem corporal no sentido de subestimar

seu tamanho e forma corporal, observado no sexo masculino. Os homens por

23

desejarem um corpo maior e mais musculoso, buscam atividades que levem a esse

fim como a atividade física. De acordo com Fermino, Pezzini e Reis (2010)

indivíduos insatisfeitos com a imagem corporal buscam praticar atividade física para

o controle de peso, esse comportamento pode justificar a presença de sobrepeso e

obesidade segundo o IMC, com baixo percentual de gordura corporal segundo a BIA

no sexo masculino.

Madrigal et al. (1999) levantam a hipótese da subestimação da imagem

corporal ser um fator que contribui para o desenvolvimento de sobrepeso e

obesidade. Segundo Kakeshita et al. (2009) indivíduos insatisfeitos tanto pela

superestimação, quanto pela subestimação desenvolvem comportamentos na busca

pelo corpo que julga ideal, muitas vezes adotando procedimentos inadequados no

sentido de reduzir ou manter o peso corporal, resultando em perda excessiva de

peso podendo chegar à desnutrição ou ganho excessivo de peso e desenvolvimento

de obesidade, levando à agravos na saúde decorrente do estado nutricional

inadequado.

No que se refere ao estado nutricional e a sua relação com os dois métodos

antropométricos (IMC e %GC segundo a bioimpedância), foi verificada uma

correlação regular entre a classificação do estado nutricional pelo IMC e pela

bioimpedância segundo o Índice Kappa para ambos os sexos. Resultado similar foi

observado no estudo realizado por Franciozi e Simony (2010), onde foram avaliados

77 estudantes, com idade ≥ 18 anos, todos em eutrofia segundo o IMC,

apresentando como média do %GC 25,3% ± 4,3%, demonstrando que indivíduos

eutróficos segundo o IMC, foram considerados em estado nutricional normal de

acordo o %GC. Porém Coqueiro (2008) encontrou resultados divergentes em seu

estudo, onde foi demonstrada uma diferença significativa na classificação do estado

nutricional entre os dois métodos, enquanto o IMC classificou a maioria dos

estudantes como eutróficos, o %GC indicou que mais da metade destes

apresentavam estado nutricional inadequado. Vale ressaltar que o método utilizado

no estudo realizado por Coqueiro para obter o %GC foi o Somatório de Dobras

Cutâneas, enquanto que no presente estudo foi utilizado a Bioimpedância, o fato de

serem métodos diferentes pode ter contribuído para tal divergência.

Com relação ao método para identificar insatisfação e distorção da imagem

corporal, a escala de figuras de silhuetas, constitui um instrumento eficaz para

avaliar o grau de insatisfação com o tamanho e formas corporais, é um método

24

aceito e bastante utilizado por vários autores (MADRIGAL, 1999; KAKESHITA;

ALMEIDA, 2006; COQUEIRO et al., 2008).

Em relação à satisfação com a imagem corporal, os resultados mostraram

que grande número de universitários está insatisfeito com a própria imagem

corporal, resultado também observado por Coqueiro et al (2008), onde

aproximadamente 78,8% dos estudantes estavam insatisfeitos. No presente estudo

foi observado que as mulheres possuem uma imagem corporal distorcida. As

estudantes apresentaram uma autopercepção não condizente com seu estado

nutricional real e algum sentimento de insatisfação com sua imagem, enquanto que

a maioria dos homens encontra-se satisfeito com seu corpo. Conti, Gambardela e

Frutuoso (2005) afirmam que é possível que o sexo feminino seja mais crítico com

seu corpo em relação à imagem corporal do que o sexo masculino. Estes resultados

são diferentes dos encontrados por Damasceno (2005), que demonstrou que tanto

homens quanto mulheres apresentam insatisfação, o sexo feminino apresenta uma

tendência a superestimar, enquanto que indivíduos do sexo masculino parecem

subestimar sua imagem corporal. Kakeshita et al. (2009) observaram que tanto

homens quanto mulheres superestimam seu tamanho e forma corporal, indicando

que ambos apresentam insatisfação.

Este achado pode estar relacionado à insatisfação com a imagem corporal,

que leva tanto mulheres quanto homens a comportamentos inadequados na busca

pelo corpo desejado. A literatura tem demonstrado uma maior predisposição do sexo

masculino em subestimar e do sexo feminino superestimar sua imagem corporal,

(KAKESHITA; ALMEIDA, 2006), dado também observado neste estudo. A busca por

um corpo mais volumoso pode levar os homens a desenvolverem sobrepeso e

obesidade (ALMEIDA, 2005), enquanto que as mulheres por desejarem um corpo

mais esguio (ANDRADE; BOSI, 2003), perseguem a diminuição do peso através de

comportamentos que trazem risco a sua saúde, como indução do vômito ou uso de

laxantes (TAYLOR et al., 2006).

Na relação entre o estado nutricional e a autopercepção da imagem corporal,

foi observado que o IMC correlacionou-se melhor do que o %GC com a

autopercepção corporal, principalmente no sexo masculino.

De acordo com a associação entre estado nutricional e a satisfação corporal

pode-se observar que indivíduos eutróficos podem apresentar insatisfação com a

imagem corporal, visto que, 72,7% e 86,7% dos estudantes foram classificados

25

como apresentando estado nutricional normal segundo IMC e Bioimpedância

respectivamente, grande parte dessa população apresentou insatisfação. Outro

dado importante e preocupante é referente a indivíduos que apresentam obesidade

e que estão satisfeitos com seu tamanho e forma corporal. A obesidade está

relacionada com as doenças crônico-degenerativas como fator que precede ou

contribui para seu agravamento (MADRIGAL et al., 2000). O fato do individuo

apresentar obesidade e estar satisfeito, pode levá-lo a acomodação e um maior risco

de exposição aos agravos decorrentes da obesidade.

A autopercepção equivocada sobre o corpo é visto como sério problema de

saúde (Triches; Giuliani, 2007). Kakeshita e Almeida (2006) demonstraram que 87%

das mulheres eutróficas superestimam seu tamanho corporal, enquanto as que

apresentam IMC em estado de sobrepeso e obesidade subestimam sua imagem

corporal. Segundo o que foi observado pode-se dizer que o estado nutricional não é

um bom preditor da satisfação corporal, já que estudantes eutróficos podem

apresentar insatisfação com sua imagem e forma corporal.

26

7.0 CONCLUSÃO

Os atuais padrões de beleza veiculados pela mídia transformam-se em

objetos de desejo muitas vezes inalcançáveis, gerando um grande número de

indivíduos insatisfeitos, principalmente no sexo feminino. Essa insatisfação nem

sempre tem fundamento biológico, visto que, indivíduos eutróficos também

apresentam insatisfação.

Foi observado na amostra um grande número de estudantes que

apresentaram distorção na autopercepção da imagem corporal e insatisfação com a

mesma, especialmente no sexo feminino, com tendência a superestimar seu

tamanho e forma corporal, caracterizando essa população como um grupo de risco

para o desenvolvimento de comportamentos que colocam em risco a saúde dos

indivíduos. Portanto é necessário que outros estudos sejam realizados para avaliar o

que de fato determina a insatisfação em estudantes. Devem ser desenvolvidas

ações para avaliar, orientar e implementar práticas de educação nutricional junto a

essa população, com intuito de minimizar os possíveis agravos a saúde.

27

8.0 REFERÊNCIAS

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