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Maria a partir de Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett direção e coreografia Pedro Berdäyes música Ricardo Pinto figurinos Cátia Barros desenho de luz José Álvaro Correia desenho de som Ricardo Oliveira interpretação Emília Silvestre Jorge Pinto (atores) Ricardo Pinto (músico) Adán Coronado Álvaro Zarco Borja Bordonabe Cristina Marco Diana Jorge Gonzalo Peguero Isabel Aybar Luis Agorreta María Santos Kristina Shiderova (bailarinos) Mosteiro de São Bento da Vitória 17-27 maio 2018 qua+sáb 19:00 qui-sex 21:00 dom 16:00 24 mai qui 15:00+21:00 Mosteiro São Bento da Vitória Rua de São Bento da Vitória 4050-543 Porto T 22 340 19 00 www.tnsj.pt [email protected] coprodução Ensemble – Sociedade de Actores LARREAL/Real Conservatorio Profesional de Danza “Mariemma” (Espanha) estreia 11Mai2018 Real Conservatorio Profesional de Danza “Mariemma” (Madrid) dur. aprox. 1:15 M/12 anos

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Mariaa partir de Frei Luís de Sousa de Almeida Garrettdireção e coreografia Pedro Berdäyes

música Ricardo Pintofigurinos Cátia Barrosdesenho de luz José Álvaro Correiadesenho de som Ricardo Oliveira

interpretação Emília Silvestre Jorge Pinto (atores) Ricardo Pinto (músico) Adán Coronado Álvaro Zarco Borja Bordonabe Cristina Marco Diana Jorge Gonzalo Peguero Isabel Aybar Luis Agorreta María Santos Kristina Shiderova (bailarinos)

Mosteiro de São Bento da Vitória17-27 maio 2018

qua+sáb 19:00 qui-sex 21:00 dom 16:0024 mai qui 15:00+21:00

Mosteiro São Bento da VitóriaRua de São Bento da Vitória4050 -543 PortoT 22 340 19 00

[email protected]

coprodução Ensemble – Sociedade de Actores LARREAL/Real Conservatorio Profesional de Danza “Mariemma” (Espanha)

estreia 11Mai2018 Real Conservatorio Profesional de Danza “Mariemma” (Madrid)dur. aprox. 1:15M/12 anos

ficha técnica TNSJprodução executiva Maria do Céu Mónica Rochadireção de palco Emanuel Pinaadjunto do diretor de palco Filipe Silvadireção de cena Ana Fernandesluz Filipe Pinheiro (coordenação), Adão Gonçalves, Alexandre Vieira, José Rodrigues, Nuno Gonçalves, Rui M. Simãomaquinaria Filipe Silva (coordenação), Adélio Pêra, António Quaresma, Carlos Barbosa, Joaquim Marques, Jorge Silva, Lídio Pontes, Paulo Ferreirasom Joel Azevedo

apoios TNSJ

apoios à divulgação

agradecimentos TNSJCâmara Municipal do PortoPolícia de Segurança PúblicaMr. Piano/Pianos Rui Macedo

ficha técnica Ensemble – Sociedade de Actoresassistência de figurinosAna NogueiracostureiraAna Fernandes

agradecimentos Ensemble – Sociedade de ActoresAmérico Castanheira – Tudo FaçoJaime Garcia – Pedras & PêssegosAna Muñoz e Jose Beguería

ediçãoDepartamento de Edições do TNSJcoordenação João Luís Pereira, Ana Almeidadesign gráfico Dobrafotografia Borja Bordonabe impressão Multitema

Não é permitido filmar, gravar ou fotografar durante o espetáculo. O uso de telemóveis ou relógios com sinal sonoro é incómodo, tanto para os intérpretes como para os espectadores.

“A família reúne-se de novo!”

“Um poema gestual”

Os cruzamentos performativos entre teatro, música, dança e artes plásticas são das práticas artísticas que mais nos fascinam pelo seu efeito dinamizador, ao promoverem múltiplas e saudáveis práticas de reflexão e relação entre criadores e intérpretes das várias áreas.

Já em Fevereiro deste ano – no nosso novo Espaço Atmosferas, em parceria com a Universidade Lusófona –, estreámos Quarteto para o Fim dos Tempos de Olivier Messiaen, com direcção musical de Ricardo Pinto e encenação de Jorge Pinto, que contou com a presença de um jovem actor e três músicos portugueses de excelência, com carreiras prestigiadas internacionalmente.

Maria parte, então, de um desafio nosso feito ao Pedro Berdäyes, com o entusiasmo próprio de quem quer partilhar saberes e se disponibiliza para outras abordagens e inspirações, numa conjugação de talentos, inovação e criatividade. Pedro Berdäyes, reputado coreógrafo residente em Madrid, que trabalhou vários anos com os portugueses Rui Horta

e Clara Andermatt, propõe um estimulante jogo criativo entre os bailarinos finalistas do Real Conservatório Profissional de Dança “Mariemma”, o músico Ricardo Pinto e os actores do Ensemble. O espectáculo Maria centra-se na tragédia humana da personagem de Frei Luís de Sousa, numa abordagem transversal em que os corpos dos bailarinos e dos actores, as palavras de Almeida Garrett e a música tocada ao vivo se entrecruzam, provocam e estimulam em busca de novas visões/interpretações do drama.

Este espectáculo, que se estreou no passado dia 11 de Maio, em Madrid, no Auditório ao ar livre do Conservatório, chega agora aos claustros do Mosteiro de São Bento da Vitória e confessamos a nossa alegria natural por voltarmos ao sítio onde fomos tão felizes em 2013 e 2014 com a nossa Madalena… A família reúne-se de novo!

Sejam bem-vindos!

Texto escrito de acordo com a antiga ortografia.

Maria é um poema gestual. Um encontro cénico entre pessoas de várias vocações artísticas, artesãos do movimento que abandonam a sua neutralidade para se permitirem ser tocados por outros corpos e pelo ambiente.

É uma proposta inspirada nas palavras de Almeida Garrett, escritor, poeta, dramaturgo, político e romancista profundamente conectado com a natureza humana.

É uma viagem que vai para além de si própria, através da corporalidade, do eterno e do perecível, onde os corpos disciplinados e circunscritos se tornam inatingíveis para quem os observa.

É uma criação coreográfica integrada pelo gesto, pelo movimento e pelo diálogo corporal que favorecem a coexistência individual e grupal. Permite um espaço para a experiência pessoal, que só pode sobreviver a partir do impulso que emana do motor do coletivo.

Maria admite que a palavra e o conceito do espetáculo teatral se escondam para que “a morada corporal”, tão modificada e violada pelo verbo, se expresse, navegando desde um mundo de ideias até a um mundo de ação, onde convivem espaço, tempo, fluidez, gravidade e o esforço carregado de intenção dos corpos em movimento.

Esta obra resulta da inter-relação e criação em tempo real desenvolvida por dez bailarinos, dois atores e um músico. Intérpretes que desenvolvem propostas aleatórias e arriscadas ou pré-fixadas e dominadas, trabalhando a sua personalidade artística específica e transformando o movimento coreográfico num mapa cujo território corporal pode expressar os seus ciclos vitais.

A música original de Ricardo Pinto veste e envolve esta obra, permitindo vislumbres do voyeurismo

por parte de Madalena e Manuel, pais protetores, amorosos mas também cobardes. Emília Silvestre e Jorge Pinto outorgam com um simples caminhar, um gesto primitivo, um olhar arcaico através dos seus corpos de presença honrosa e pura.

Do ponto de vista pessoal, expresso o intangível, frágil e mágico que é observar corpos a dançar, alinhados, torcidos, emocionados. Esta experiência provoca-me pânico e vertigem, ao mesmo tempo que é um processo humanamente satisfatório e doloroso.

Maria deixou-me nu frente a esse espelho a que chamo vida, para o qual temos de olhar com valentia cara a cara, e descobri que ela estava dentro de mim, apesar de a ter completamente abandonado. Para a recuperar, bastou-me mover alguns músculos faciais, os que utilizamos para chorar e que são os mesmos que utilizamos para sorrir.

Utilizando como analogia o eterno dito popular “uma imagem vale mais do que mil palavras”, tentei vivenciar as mil e uma palavras de Garrett, tão distantes e próximas ao mesmo tempo, e construir a partir delas um humilde poema gestual a partir do órgão percetivo da pele, da alma e dos ossos deste anjo profético e valente, de elevadíssima estatura moral e ética. Essa menina, essa mulher, esse ser sobre-humano, essa espécie em extinção que se chamou, se chama e se chamará sempre Maria.

Em honra do rigor histórico, quero voltar a mencionar Almeida Garrett e, para evitar cair no obsceno, desejo mencionar a sua peça Frei Luís de Sousa, obra-prima do teatro português, ícone da cultura lusitana e fonte de provocação para este momento dramático em movimento.

Ao Porto, também cidade de Garrett, à qual estou ligado e apaixonado desde há milhões de gestos.

Ensemble – Sociedade de Actores

Pedro Berdäyes