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EFEITOS POSITIVOS GERADOS PELOS PARQUES URBANOS: UM ESTUDO DE CASO ENTRE O PARQUE DO INGÁ E O PARQUE FLORESTAL DAS PALMEIRAS NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ/PR 1 BOVO, Marcos Clair 2 - Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão/ Universidade Estadual Paulista – Campus Presidente Prudente, [email protected] AMORIM, Margarete Cristiane de Costa Trindade 3 – Universidade Estadual Paulista – Campus Presidente Prudente, [email protected] Resumo: A presença de parques no espaço urbano visa minimizar a deterioração da qualidade de vida e os processos de degradação ambiental por meio da manutenção das condições bióticas, favoráveis ao conforto térmico, à saúde e ao bem estar da população e da vida biológica das cidades, além de oferecer práticas de lazer. Para Carneiro e Mesquita (2000, p.20) parque urbano é definido como: espaços livres públicos com função predominante de recreação, ocupando na malha urbana uma área em grau de equivalência superior a uma quadra típica urbana, em geral apresentando componentes da paisagem natural, vegetação, topografia, elemento aquático, como também edificações destinadas a atividades recreativas, culturais e/ou administrativas. É neste contexto, que a presente pesquisa teve como objetivo analisar os efeitos positivos gerados pelos parques do Ingá e das Palmeiras no município de Maringá/PR, identificando as principais funções, seguidos de um diagnóstico referente à sua qualidade ambiental. A metodologia adotada na pesquisa consistiu em levantamento bibliográfico, seguido de pesquisa in locu nas duas áreas investigadas e também de levantamento qualitativo e quantitativo através de um questionário, no que diz respeito a sua infra-estrutura e a qualidade paisagística. Também se utilizou o registro fotográfico para identificar alguns efeitos tanto positivos como negativos dos dois parques em estudo. Foram detectados vários efeitos positivos, dentre eles: a presença da cobertura vegetal, que contribui para a amenização das altas temperaturas tornando-a mais agradável para a população; diminuição da poluição do ar e diminuição da intensidade de ruídos. Além dos efeitos ambientais positivos, constataram-se os benefícios gerados pelos parques no bem estar público local, atuando significativamente na saúde física e mental, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida. Palavras-Chave: parques urbanos, vegetação, qualidade de vida. POSITIVE EFFECTS GENERATED BY THE URBAN PARKS: A CASE STUDY BETWEEN INGÁ PARK AND PALMEIRAS FOREST PARK IN MARINGÁ-PR CITY Abstract: The presence of parks in the urban space aims to minimize the deterioration of the life quality and the process of environmental degradation by means of the maintenance of the biotic conditions, favorable to the thermal comfort, health and well being of the population and the biological life in the cities, besides offering leisure practices. According to Carneiro and Mesquita (2000, p.20) urban park is defined as: free public spaces with predominant function of recreation, occupying in the urban net an area in higher equivalence degree to a typical urban block, in general presenting components of the natural landscape, vegetation, topography, aquatic element, as well as edifications aimed at recreation, cultural and/or administration activities . It is in this context, that the present research had the objective of analyzing the positive effects generated by the Ingá and Palmeiras parks in Maringá_PR city, identifying the main functions, followed by a diagnosis referring to their environmental quality. The adopted methodology in the research constituted of a bibliographical survey, followed by an in locu research in the two investigated areas and also a qualitative and quantitative survey through a questionnaire, concerning their infra-structure and landscape quality. We 1 - Eixo Temático 8 – Clima e Planejamento Urbano/Rural 2 -Professor Assistente do Departamento de Geografia da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão/ Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UNESP (Faculdade de Ciências e Tecnologia - Campus de Presidente Prudente - SP). 3 - Professora Doutora do Departamento de Geografia – Faculdade de Ciência e Tecnologia – Campus de Presidente Prudente – Rua Roberto Simonsen, 305 – TEL. (18) 32295375 – FAX. (18) 32218212 – CEP. 19060.900 – Presidente Prudente – SP.

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EFEITOS POSITIVOS GERADOS PELOS PARQUES URBANOS: UM ESTUDO DE CASO ENTRE O PARQUE DO INGÁ E O PARQUE FLORESTAL DAS PALMEIRAS NO

MUNICÍPIO DE MARINGÁ/PR1 BOVO, Marcos Clair2 - Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão/ Universidade Estadual

Paulista – Campus Presidente Prudente, [email protected] AMORIM, Margarete Cristiane de Costa Trindade3 – Universidade Estadual Paulista – Campus Presidente

Prudente, [email protected]

Resumo: A presença de parques no espaço urbano visa minimizar a deterioração da qualidade de vida e os processos de degradação ambiental por meio da manutenção das condições bióticas, favoráveis ao conforto térmico, à saúde e ao bem estar da população e da vida biológica das cidades, além de oferecer práticas de lazer. Para Carneiro e Mesquita (2000, p.20) parque urbano é definido como: espaços livres públicos com função predominante de recreação, ocupando na malha urbana uma área em grau de equivalência superior a uma quadra típica urbana, em geral apresentando componentes da paisagem natural, vegetação, topografia, elemento aquático, como também edificações destinadas a atividades recreativas, culturais e/ou administrativas. É neste contexto, que a presente pesquisa teve como objetivo analisar os efeitos positivos gerados pelos parques do Ingá e das Palmeiras no município de Maringá/PR, identificando as principais funções, seguidos de um diagnóstico referente à sua qualidade ambiental. A metodologia adotada na pesquisa consistiu em levantamento bibliográfico, seguido de pesquisa in locu nas duas áreas investigadas e também de levantamento qualitativo e quantitativo através de um questionário, no que diz respeito a sua infra-estrutura e a qualidade paisagística. Também se utilizou o registro fotográfico para identificar alguns efeitos tanto positivos como negativos dos dois parques em estudo. Foram detectados vários efeitos positivos, dentre eles: a presença da cobertura vegetal, que contribui para a amenização das altas temperaturas tornando-a mais agradável para a população; diminuição da poluição do ar e diminuição da intensidade de ruídos. Além dos efeitos ambientais positivos, constataram-se os benefícios gerados pelos parques no bem estar público local, atuando significativamente na saúde física e mental, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida. Palavras-Chave: parques urbanos, vegetação, qualidade de vida. POSITIVE EFFECTS GENERATED BY THE URBAN PARKS: A CASE STUDY BETWEEN INGÁ PARK AND PALMEIRAS FOREST PARK IN MARINGÁ-PR CITY Abstract: The presence of parks in the urban space aims to minimize the deterioration of the life quality and the process of environmental degradation by means of the maintenance of the biotic conditions, favorable to the thermal comfort, health and well being of the population and the biological life in the cities, besides offering leisure practices. According to Carneiro and Mesquita (2000, p.20) urban park is defined as: free public spaces with predominant function of recreation, occupying in the urban net an area in higher equivalence degree to a typical urban block, in general presenting components of the natural landscape, vegetation, topography, aquatic element, as well as edifications aimed at recreation, cultural and/or administration activities . It is in this context, that the present research had the objective of analyzing the positive effects generated by the Ingá and Palmeiras parks in Maringá_PR city, identifying the main functions, followed by a diagnosis referring to their environmental quality. The adopted methodology in the research constituted of a bibliographical survey, followed by an in locu research in the two investigated areas and also a qualitative and quantitative survey through a questionnaire, concerning their infra-structure and landscape quality. We

1 - Eixo Temático 8 – Clima e Planejamento Urbano/Rural 2 -Professor Assistente do Departamento de Geografia da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão/ Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UNESP (Faculdade de Ciências e Tecnologia - Campus de Presidente Prudente - SP). 3- Professora Doutora do Departamento de Geografia – Faculdade de Ciência e Tecnologia – Campus de Presidente Prudente – Rua Roberto Simonsen, 305 – TEL. (18) 32295375 – FAX. (18) 32218212 – CEP. 19060.900 – Presidente Prudente – SP.

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also used the photographical register to identify some effects both positive and negative in the two studied parks. We detected several positive effects such as: presence of vegetation cover, which contributes to the softening of the high temperatures making them nicer to the population; decrease of the air pollution and decrease of the intensity of noise. Besides the positive environmental effects, we noticed benefits generated by the parks in the well being of the local public, acting significantly in the physical and mental health, contributing to the improvement in the life quality. Key-words: urban parks, vegetation, life quality. Introdução

Em tempos imemoriais, nossos antepassados foram homens das florestas. Hoje somos homens dos edifícios de apartamentos. Apenas isto basta por explicar a atração irreversível que a natureza exerce sobre o morador da metrópole moderna, sempre seduzido pelo verde, um verdadeiro refúgio contra o moinho de poeira deste oceano de moradias. Isto justifica que o indivíduo urbano, ávido da natureza, manifeste grande respeito por cada árvore, por cada pequeno gramado, ou cada vaso de flores à sua volta; de acordo com esse sentimento popular, nem sequer um arbusto poderia ser sacrificado em nome das inventáveis construções na cidade – ao contrário, toda a vegetação existente deveria ser ampliada através de novas arborizações (SITTE, 1992, p.165).

Neste artigo buscaremos analisar os efeitos positivos gerados pela vegetação, tendo como

objeto de investigação os parques do Ingá e das Palmeiras localizados no município de Maringá/PR.

Também serão identificadas as funções exercidas por esses parques, seguido de um diagnóstico

referente à sua qualidade ambiental.

Atualmente o crescimento acelerado das cidades brasileiras e as conseqüências geradas pela

falta ou pelo inadequado planejamento urbano despertam atenção de vários pesquisadores, dentre eles,

geógrafos, arquitetos, urbanistas, ecólogos e também da população, no sentido de perceber a vegetação

como componente essencial ao espaço urbano. Neste sentido, a arborização passou a ser vista nas

cidades como importante elemento natural atuando como reestruturador do espaço urbano, pois as

áreas bastante arborizadas apresentam uma aproximação maior das condições ambientais normais em

relação ao meio urbano, que apresentam temperaturas mais elevadas, particularmente nas áreas de

maiores índices de construção e desprovidas de cobertura vegetal, conforme afirma Carvalho (1982).

Para compreendermos a inserção da vegetação nas cidades brasileiras, vamos retroceder ao

século XIX, neste período, a vegetação nas cidades brasileiras não era considerada tão relevante

porque a cidade aparecia como uma expressão oposta ao rural. Neste século, valorizava-se o espaço

urbano construído, afastado completamente da imagem rural que compreendia os elementos da

natureza.

Porém, para Marx (1980) é somente no século XIX e no início do século XX, com o país

independente e enriquecido com a cultura cafeeira, é que apareceram os jardins, parques e praças

ajardinadas em maior número e muito bem conservados. Essa nova concepção urbana contribuiu com

a prática do paisagismo e, consequentemente, introdução da arborização nos espaços públicos. Neste

sentido, afirma Marx (1980, p.67). Bem depois da criação dos primeiros jardins públicos, e coincidindo com a sua difusão pelas povoações de porte menor e interiorana, começaram os cuidados em arborizar e em ajardinar os

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logradouros existentes ou os que iam surgindo. As ruas mais importantes e, especialmente, as praças foram enfeitadas com árvores e canteiros de plantas ornamentais. E o sucesso dessa transformação foi tal, que logo se perdeu a noção das peculiaridades diferentes de uma praça e de um jardim.

Com relação aos parques urbanos brasileiros são bem diferentes do europeu, pois estes não

surgem da urgência social de atender às necessidades das massas urbanas das cidades do século XIX.

O Brasil, nesse período, não tinha uma rede urbana expressiva, e as cidades brasileiras não tinham o

porte das cidades européias. No Brasil, o parque é criado como figura complementar ao cenário das

elites emergentes, que controlavam a nação e procuravam construir uma configuração urbana

compatível aos modelos ingleses e franceses.

No território brasileiro, os primeiros parques públicos surgem no Rio de Janeiro, com a vinda

da família real em 1808, pois neste período teve início à “organização urbana”, que consistia na

limpeza das ruas, na criação da polícia militar, na criação da imprensa régia e na fundação do Banco

do Brasil. Esse processo de reestruturação e modernização no Rio de Janeiro, e também em outras

cidades brasileiras, deve-se as funções administrativas. É nesse sentido, que são criados os três

primeiros parques públicos brasileiros: o Campo da Santana, O Passeio Público e o Jardim Botânico.

Neste período os parques urbanos, são vistos pela sociedade da época como algo

contemplativo, por meio de um cenário completamente concebido, uma modernidade importada dos

países europeus, alheio às necessidades sociais da massa urbana contemporânea.

É importante destacar que o Jardim Botânico, criado pela família real portuguesa, foi

transformado ao longo do século XIX em um parque público, mantendo as características dos jardins

ingleses. Segundo Macedo & Sakata (2003, p. 54) “o Jardim Botânico do Rio de Janeiro é um exemplo

típico da fusão das duas vertentes projetuais”, ou seja, o lugar do passeio, do “ver e ser visto”, neste

local a aristocracia passeava trajando a última moda francesa. Estes jardins eram espaços públicos em

sua localização, porém reservados quanto ao seu uso. Apenas as pessoas com vestes apropriadas

podiam circular entre as palmeiras imperiais e vegetação nativa brasileira, já a maioria da população

não tinha acesso a esses espaços.

No entanto, havia contrates entre essas áreas públicas, e é no Rio de Janeiro que encontraram as

áreas mais exuberantes, como é o caso do Jardim Botânico. Porém, o seu afastamento dos centros

urbanos gera um empecilho para que a população o freqüentasse, e é neste contexto, que a população

passa a vivenciar cotidianamente a natureza local, e sua exuberância acaba por banalizá-la.

Diante das circunstâncias apresentadas, a própria natureza tropical foi responsável pelos

esvaziamentos desses espaços públicos, porém, com o processo de urbanização brasileira essa natureza

adquire outro significado no espaço urbano e passa a ser questionada a partir da segunda metade do

século XX. Esses questionamentos surgem devido à diminuição de espaços públicos, e com a escassez

de áreas de lazer para as massas menos privilegiadas o parque urbano tornou-se uma necessidade

social ambicionada por milhares de pessoas.

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Entre as décadas de 1960 e 1970, os parques urbanos passaram por inúmeras transformações,

dentre elas destacamos as suas diferentes funções sociais, servindo como instrumento de socialização

comunitária, assumindo novas configurações sócio-ambientais, com a intervenção e iniciativa pública,

ou ainda a finalidade de lazer e recreação e também a conservação e preservação da natureza.

Para Macedo e Sakata (2003, p. 14), os parques urbanos são “todo espaço de uso público

destinado à recreação de massa, qualquer que seja o seu tipo, capaz de incorporar intenções de

conservação e cuja estrutura morfológica e auto-suficiente, isto é, não é diretamente influenciada em

sua configuração por nenhuma estrutura construída em seu entorno”. Neste caso, além dos tipos de

uso, funções e morfologia deve-se incluir a obrigatoriedade da presença da vegetação arbórea, pois a

massa vegetal e seus efeitos positivos no ambiente urbano é que fazem à diferença do parque em

relação a outras áreas verdes.

Esses parques urbanos brasileiros representam na dinâmica da cidade, um “espaço verde”

fundamental no crescimento e desenvolvimento econômico e urbano, pois através deles proporcionam

um espaço destinado ao lazer, ao contato com a natureza, contribui com a qualidade de vida da

população, despertando novos valores sociais, humanos, ambientais e proporcionando uma postura

mais consciente aos indivíduos em relação à importância da natureza para os seres vivos.

Dessa forma a vegetação foi conquistando aos poucos o espaço urbano brasileiro, tanto em

decorrência da monotonia das cidades quanto em conseqüência das necessidades ambientais que se

faziam presentes, em virtude da expansão urbana e dos problemas emergentes.

Para Marx (1980, p. 67), a relação entre a arborização e a cidade brasileira ao longo da nossa

sociedade, pode ser entendida quando afirma que: A arborização e o ajardinamento dos espaços públicos principiam na segunda metade do século passado, época que difunde como nova exigência pelo mundo. Há poucas gerações, portanto, que as plantas passaram a ornar e amenizar as nossas ruas e praças. Além dos jardins comuns, raros e criados apenas nas cidades principais, a imagem urbana desconhecia a árvores e canteiros nas vias e nos largos. De tratamento muito pobre, estes conheciam a sombra dos beirais e de uma ou outra árvore plantada por trás dos muros de algum terreno particular. O que pode parecer hoje uma atmosfera árida e causticante ao sol de meio dia era então a expansão clara da vida não rural e muito menos sertaneja. As matas, os matos, os campos, as roças ficavam fora do perímetro urbano que guardava o chão limpo e batido de terra. As plantas, as suas flores e frutos, fartos por toda a redondeza só entravam na cidade para satisfazer a necessidade e o gosto do dono de alguma propriedade.

Porém, hoje essa situação é bem diferente da apresentada na citação, e ganha outras dimensões,

pois, com o crescimento populacional, as cidades deparam-se com um planejamento urbano, onde a

valorização da vegetação, como um todo, não tem sido considerada pela sua grande importância que

desempenha no ambiente urbano, ficando na maioria das vezes em segundo plano.

Para Scifoni (1994, p.40), a vegetação age purificando o ar por fixação de poeiras e materiais

residuais e pela reciclagem de gases através da fotossíntese, regula a umidade do ar e, temperatura do

ar, mantém a permeabilidade, fertilidade e umidade do solo e protege contra a erosão. Também

contribuem com o ponto de vista psicológico e social, influenciando no estado de ânimo dos

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indivíduos que vivem nas cidades, além de propiciarem um ambiente agradável para a prática de

esportes, exercícios físicos e recreação em geral.

Para Lombardo (1990), a vegetação contribui com o ambiente urbano através:

Composição Atmosférica Ação purificadora por fixação de poeiras e materiais residuais; Ação purificadora por depuração bacteriana e de outros microorganismos; Ação purificadora por reciclagem de gases através de mecanismos fotossintéticos; Ação purificadora por fixação de gases tóxicos.

Equilíbrio Solo - Clima-Vegetação Luminosidade e temperatura: a vegetação ao filtrar a radiação solar, suaviza as temperaturas

externas; Umidade e temperatura: a vegetação contribui para conservar a umidade do solo, atenuando

sua temperatura; Redução da velocidade do vento; Mantém as propriedades do solo: permeabilidade e fertilidade; Abrigo à fauna existente; Influencia no balanço hídrico;

Níveis de Ruído Amortecimento dos ruídos de fundo sonoro contínuo e descontínuo de caráter estridente, ocorrentes em grandes cidades.

Estético Quebra da monotonia da paisagem das cidades, causada pelos grandes complexos de

edificações; Valorização visual e ornamental do espaço urbano; Caracterização e sinalização de espaços, constituindo-se em um elemento de interação entre

as atividades humanas e o meio ambiente. Fonte: Lombardo (1990).

Assim, observamos que a vegetação no espaço urbano é de interesse da maioria da população.

O que preocupa é que esta mesma população, muitas vezes, não se sente responsável pela manutenção

dessas áreas verdes. Neste sentido, verifica-se a importância de se criar instrumentos teóricos e

práticos que possam levar informações para a população com o objetivo de conscientizá-la, pois é a

beneficiada pela existência do verde urbano.

Podemos considerar as áreas verdes urbanas como um dos elementos da natureza mais

expressivos no ambiente urbano. Até mesmo em cidades onde os elementos da natureza não são muito

considerados, frente aos problemas existentes ainda assim podemos identificá-los.

O espaço urbano é continuamente transformado dado, à dinâmica social e econômica. Assim,

surgem novas necessidades junto ao desenvolvimento tecnológico e as novas formas de organização da

sociedade. Mas, neste processo de transformação a vegetação urbana compreendida principalmente nas

áreas verdes públicas constituem num elemento da natureza que pode servir de referencial no espaço

urbano, funcionando como micro espaço colaborando com a qualidade de vida da população como

também mudando a relação das pessoas, pois é importante destacar que os parques urbanos e as praças

públicas representam uma célula no espaço urbano, constituindo importante referencial para muitos

indivíduos. Cercada de encontros e desencontros os parques e as praças envolvem muitas gerações

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representando diferentes momentos da história da cidade desde o início da sua formação até os dias

atuais.

Quanto às áreas dos parques públicos, estas requerem maiores extensões territoriais, que

dificilmente são existentes ou tomadas disponíveis ao uso coletivo, localizam-se geralmente nas

regiões periféricas aos centros mais populosos. Para viabilizá-los faz-se necessária a adoção de

medidas para conhecer o potencial existente e a forma de viabilizar futuras implantações tornando-as

Unidades de Conservação.

Para finalizar essa discussão apresentamos as idéias de Sitte (1992, p. 167), que destaca a

importância desses espaços na grande massa de edifícios, pois “são essenciais para a saúde, mas não

muito menos importantes para o êxtase do espírito, que encontra repouso nessas paisagens naturais

espalhadas no meio da cidade. Sem recorrer à natureza seria um calabouço fétido”.

Percebemos no espaço urbano, inúmeros deles criados à luz da arquitetura e do urbanismo.

Recentemente a percepção ambiental ganha status e passa a ser materializada na produção de praças e

parques públicos nos centros urbanos. Com a finalidade de melhorar a qualidade de vida, pela

recreação, preservação ambiental, áreas de preservação dos recursos hídricos e para a própria

sociabilidade, essas áreas tornam-se fundamentais no ambiente urbano.

Cabe destacar a importância da vegetação no meio urbano, que para Lamas (1993), ...do canteiro a árvore, ao jardim de bairro ou ao grande parque urbano, as estruturas verdes constituem também elementos identificáveis na estrutura urbana; caracterizam a imagem da cidade; têm individualidade própria; desempenham funções precisas; são elementos de composição e do desenho urbano; servem para organizar e definir e conter espaços (p.106).

Dentre as várias vantagens das áreas verdes, cabe destacar três, a ecológica, a estética e a

social. Nas palavras de Guzzo (1999, p.1-2) “as contribuições ecológicas ocorrem na medida em que

os elementos naturais que compõem esses espaços minimizam tais impactos decorrentes da

industrialização”. “A função estética está pautada, principalmente, no papel de integração entre

espaços construídos e os destinados à circulação”. “A função social está diretamente relacionada à

oferta de espaços a população”.

Para Troppmair (1995, p.138), “as áreas verdes desempenham um papel importante no mosáico

urbano, porque constituem em espaço encravado no sistema urbano cujas condições ecológicas mais se

aproximam das condições normais da natureza”.

Em síntese, a arborização age simultaneamente sobre o lado físico e mental do homem,

absorvendo ruídos, atenuando o calor do sol; no plano psicológico, atenua o sentimento de opressão do

Homem em relação às grandes edificações; constitui-se em eficaz filtro das partículas sólidas em

suspensão no ar, contribui para a formação e o aprimoramento do senso estético, entre tantos outros

benefícios. Para desempenhar plenamente seu papel, a arborização urbana precisa ser aprimorada a

partir de um melhor planejamento.

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É importante destacar que a escassez de serviços econômicos aplicados a novos projetos

desenvolvidos nos parques urbanos tornou os mesmos mais modestos e o uso pelo freqüentador, é bem

diferente daquele desenvolvido no século XIX. Neste sentido, afirma Macedo e Sakata (2003, p. 46): ... o público a ser atendido é outro...Muito maior e menos exigente que as elites do império e a Primeira República. As referências da elite eram as cidades de Paris e Londres, e o seu sonho era construir a Europa Tropical. O novo público possui menos referências culturais, mora em subúrbios densamente construídos, ás vezes, muito pobres, não tem acesso a clubes, e o espaço público, seja rua, a praça, praia ou parque, é o único local onde pode desenvolver atividades ao ar livre.

Desta forma o parque contemporâneo brasileiro, do final do século XX e dessa primeira década

do século XXI, possui ampla liberdade de concepção de desenho, bem como na programação de

atividades a serem sugeridas pelos seus freqüentadores.

Após essa breve apresentação sobre a origem dos parques urbanos, centramos a discussão em

dois parques do município de Maringá/PR, o Parque do Ingá e o Parque Florestal das Palmeiras. Essa

pesquisa teve como propósito analisar os efeitos positivos gerados pelos parques identificando suas

principais funções, seguido de um diagnóstico referente à sua qualidade ambiental.

No caso de Maringá, o “verde” das ruas, das praças, das avenidas, dos parques são visto como

“sinônimo de qualidade de vida”, apresenta valor sentimental e estético e contribui com a qualidade

ambiental. Quanto aos parques esses adquirem valor ecológico/humanístico, pois se tornaram a

representação do lugar no urbano, ou seja, da natureza presente entre os cidadãos maringaense.

A metodologia A metodologia adotada na pesquisa consistiu em levantamento bibliográfico em teses,

dissertações, livros referente à vegetação e seus efeitos positivos sobre o ambiente urbano. Na

seqüência realizamos pesquisa in locu nas duas áreas investigadas seguido de levantamento qualitativo

e quantitativo através de um questionário, no que diz respeito a sua infra-estrutura e a qualidade

paisagística. Também se utilizou o registro fotográfico para identificar alguns efeitos tanto positivos

como negativos dos dois parques em estudo.

Estudo de Caso: o Parque do Ingá e o Parque das Palmeiras

As áreas de estudo foram analisadas a partir dos seus aspectos históricos, sociais, ambientais,

levando em consideração a sua função, a localização e a manutenção de suas estruturas e o estado de

conservação e uso das respectivas áreas.

a) Localização da Área de Estudo

O Parque do Ingá localiza-se na região central do município de Maringá/PR, entre as Avenidas

São Paulo e Avenida Laguna, nas coordenadas geográficas 23º 25`28``de latitude sul e 51º 55`59`` de

longitude oeste, com altitude de 557 metros, apresentando uma área de 474.300 m2.

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Já o Parque Florestal Municipal das Palmeiras encontra-se localizado na Avenida São Judas

Tadeu com a Rua Flamboyant, nas coordenadas geográficas de 23º23`08``de latitude sul e 51º 56`21``

de longitude oeste, com uma altitude de 499 metros e área de 61.434,48 m2 (Figura 01).

Figura 01: Localização da área de estudo. Org. BOVO, M, C; MENEZES, H. R. 2009.

B) Parque do Ingá

Esse parque foi projetado pelo urbanista Jorge Macedo Vieira, na sua fase inicial foi conhecido

como Bosque I ou Bosque Dr. Etelvino Bueno de Oliveira, porém através da Lei Municipal n

880/1971, foi denominado oficialmente como Parque do Ingá, devido à grande quantidade de árvores

da espécie “ingá” inga marginata que existia em seu interior (JABUR, 2002). Anos depois se tornou

área de preservação permanente, através da Lei Orgânica do Município pelo artigo 174, de 17/04/1990.

O Parque do Ingá foi aberto ao público em 10/10/1971, servindo de orgulho para a maioria dos

maringaense e é considerada uma das mais importantes áreas recreativas da região noroeste do Estado

Paraná, sendo visitado constantemente por turistas que passam por Maringá, sendo a área recreativa

mais importante do município (figura 02).

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Figura 02: Vista parcial do Parque do Ingá – Maringá/PR. Fonte: www.editorialnews.com.br/.../maringa02.htm (acesso em 05/03/2009). De acordo com Garcia (2006), o Parque do Ingá deve obedecer ao Código Florestal e o

Regulamento dos Parques Nacionais Brasileiros (Decreto 84.017, de 21/09/1979), porém, ele é ao

mesmo tempo uma unidade de conservação e uma típica área verde urbana de recreação de uso

intensivo. Essa condição de área verde urbana se deve a inserção do parque na região central da cidade

e o fato de oferecer serviços de recreação típicos desses espaços, como caminhos para passeio em

contato com a natureza e paisagem agradável, playground, lago, zoológico e entre outras atrações.

O Parque do Ingá, situa-se em uma área de domínio de floresta estacional semidecidual,

predominando as espécies nativas, porém nas proximidades das trilhas foram introduzidas algumas

espécies exóticas. Essa área verde é constituída de árvores de grande porte, típicas do estágio de

clímax, que se alteram com outras espécies típicas de fases de sucessão secundária, principalmente

devido à abertura de clareiras, ocasionada pela queda de grandes árvores.

De acordo com os estudos realizados pela equipe que elaborou o Plano de Manejo de (1994), a

composição florística do Parque do Ingá é constituída de 45 espécies arbóreas, sendo que a família das

lauráceas, seguido das mimosáceas apresenta o maior número de espécies existentes na área. Dentre

as principais espécies destacam-se: alecrim (Holocalyx balansae), ingá (Inga marginata), ingá (ingá

sp), peroba (aspidosperma polyphylla), canela (Ocotea sp), jaracatiá (Jacaratia spinosa), cedro

(Cedrela fissilis) entre outras.

Na parte interna do parque encontramos o jardim japonês formado por dois lagos, com três

pontes de madeiras e algumas peças típicas dos jardins japoneses (Figura 3), a gruta Nossa Senhora

Aparecida, o zoológico, a pista de coopper que contorna o lago e penetra no interior da vegetação

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através de trilhas (figura 4). Na parte externa encontramos a pista de caminhada, a academia de terceira

idade e equipamentos para exercícios físicos (figuras 05).

Figura 03: Jardim Japonês no interior do Parque do Ingá. Foto: BOVO, M, C. 2008.

Figura 04: Pista de caminhada no interior do Parque do Ingá. Foto: BOVO, M, C. 2007.

Figura 05: Vista parcial da academia da Terceira Idade – Parque do Ingá Foto: BOVO, M. C. 2008

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Quanto aos aspectos ambientais foram constatados vários aspectos negativos, dentre eles

destacamos: a) escoamento das galerias pluviais no interior do parque contribuído com os processos de

ravinamento e erosão; b) presença de resíduos sólidos que são trazidos pelas galerias das águas

pluviais; c) impermeabilização do solo no seu entorno, contribuindo para o rebaixamento do lençol

freático; d) diminuição da oxigenação da água, tornando-a imprópria para a vida animal; e) deposição

de sedimentos no interior do lago diminuindo a profundidade e comprometendo total mente as

atividades de lazer; f) zoológico com instalações inadequadas comprometendo a qualidade de vida dos

animais; g) uso intensivo da área, sem controle efetivo dos impactos gerados pela visitação; h)

depredação do patrimônio público por alguns usuários dentre outros problemas ambientais (Figura 06).

Figura 06: Vista do rebaixamento do espelho de água do Parque do Ingá. Foto: BOVO, M.C. 2007. Quanto à estrutura física e equipamentos, o Parque do Ingá possui: bancos, lixeiras, iluminação

alta e baixa, sanitários, bebedouro, parque infantil, pista de cooper em paralelepípedo, telefone

público, todos apresentando estado regular de conservação. Esses equipamentos necessitam de

manutenção e alguns precisam ser substituídos. Já os equipamentos instalados na parte externa do

parque se apresentam em ótimo estado de conservação, dentre eles destacamos a pista de caminhada,

equipamentos para exercícios físicos e ATIs (acadêmica de terceira idade).

C) Parque Florestal Municipal das Palmeiras O Parque Florestal Municipal das Palmeiras (figura 7) possui uma vegetação constituída de

várias espécies nativas que se enquadra na região fitogeográfica denominada floresta estacional

semidecidual e algumas exóticas na sua parte externa. Dentre as espécies nativas destacamos: alecrim

(Holocalyx balansae), peroba (aspidosperma polyphylla), cedro (Cedrela fissilis), canela (Ocotea sp),

feijão cru (Lonchocarpus guilleminianus), Gorucaia (Parapiptadenia rígida), algodoeiro

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(Bastardiopsis grandiflora) entre outras. Quanto às espécies exóticas destacamos as palmeiras-

imperial e real (Roystonea spp), palmeira-leque (Livistonia chinensis).

Figura 07: Vista parcial da entrada principal do Parque das Palmeiras. Foto: BOVO, M, C. 2008. Dentre as atividades desenvolvidas no Parque das Palmeiras pelos freqüentadores, a caminhada

e as atividades na academia de terceira idade são as preferidas principalmente pelos adultos, o destaque

sendo dado às donas de casa que geralmente caminham em duplas. É possível visualizar essa opção no

final da tarde. Também contamos com outros equipamentos dentre eles, bancos e mesas com tabuleiros

para jogos, quadra esportiva em ótimo estado de conservação (gramada), equipamentos para exercícios

físicos. No interior do parque encontramos uma trilha ecológica com 760 metros de extensão,

equipadas com 14 brinquedos e atividades lúdicas, sendo muito utilizada pelas crianças.

Na parte externa é possível visualizar a lanchonete com a identificação do parque, sanitários,

bebedouro, possui excelente iluminação tanto alta como baixa, possui várias lixeiras instaladas e todo

o parque é cercado (figuras 08, 09 e 10).

Toda essa estrutura foi implantada recentemente pela Prefeitura Municipal de Maringá, pois até

então era comum encontrar resíduos sólidos no interior do Parque das Palmeiras. Diante dos aspectos

apresentados compete a Prefeitura criar o plano de manejo da área, visando à preservação dessa

unidade florestal bem como o reparo e substituição dos equipamentos que forem danificados, e não

deixar cair no esquecimento como o Parque do Ingá e Horto Florestal. É importante destacar que este

parque encontra-se em áreas periférica e possui no seu entorno ocupação tanto residencial como

comercial.

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Figura 08: Vista parcial das estruturas do Parque das Palmeiras Foto: BOVO, M, C. 2008.

Figura 09: Vista parcial da lanchonete instalada no Parque das Palmeiras. Foto: BOVO, M, C. 2008.

Figura 10: Vista parcial da estrutura física do Parque das Palmeiras Foto: BOVO, M. C.2008.

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O Parque das Palmeiras apresenta uma estrutura física de excelente qualidade se comparados

com os demais parques maringaense. Todos os equipamentos apresentam bom estado de conservação

visando o melhor atendimento dos usuários e foram planejados para atender as diferentes faixas etárias

da população desde as crianças até idosos.

Quanto à qualidade paisagística apresenta-se em bom estado, bem como, a limpeza e

conservação da área, também apresenta segurança aos usuários. A densidade da vegetação é de 90%

pertencente ao extrato arbóreo e 05% arbustivo e 05% rasteiro e o aspecto sanitário da vegetação são

caracterizados como bom.

Considerações Finais

No transcorrer dessa investigação foi necessário abordarmos a origem dos primeiros parques

urbanos no século XVIII, que a partir das necessidades locais para o embelezamento e lazer, estavam

diretamente vinculados à aristocracia européia. Já no século XX, os parques urbanos popularizados nos

EUA, serviam como objetos de ações sociais. Neste sentido, ficaram evidentes que os parques urbanos

são frutos de influências e estilos de diferentes épocas.

Diante do exposto nesta pesquisa, podemos perceber que tanto o Parque do Ingá como o Parque

das Palmeiras têm desempenhado diferentes funções gerando vários efeitos positivos para a população

maringaense. Dentre as funções estão presentes, a ecológica, a estética e a social. A ecológica, é

desempenhada principalmente pela vegetação existente nos parques que contribuem, através da fixação

das poeiras e materiais residuais existente no ar, filtra a radiação solar e suaviza as temperaturas

externas, reduz a velocidade do vento, influencia no balanço hídrico e ameniza os ruídos existentes nos

no espaço urbano. Quanto à estética, quebra a monotonia existente na paisagem urbana causada pelos

grandes complexos de edificações existentes na malha urbana. Já o social contribui com a oferta de

espaços para o lazer e para a prática de atividades físicas.

Neste contexto, para que haja uma perspectiva de preservação dos parques urbanos, faz – se

necessário a valorização da memória, seja ela, individual, coletiva ou histórica, pois desta forma a

cidade se torna dinâmica, em constante transformações, visto que a memória não é somente algo do

passado, e sim da cultura que irá influenciar as relações sociais. É neste sentido, que o parque urbano

precisa ser percebido como um lugar para a cidade, que integra a paisagem.

Frente a esse questionamento, qual o futuro do Parque do Ingá e do Parque das Palmeiras? Eles

permanecem com essas características ou se modificam completamente, perdendo a essência de espaço

livre público? Isso compete às novas pesquisas a responderem essas indagações.

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