marcas do passado - a memória das cidades nas redes sociais

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Marcas do Passado: a memória das cidades nas redes sociais 1 Felipe Gibson Cunha 2 Lilian Carla Muneiro 3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Resumo O artigo aborda o processo de resgate do passado das cidades brasileiras por meio de fan pages criadas na rede social Facebook . Os objetos de estudo escolhidos são as páginas Natal Como Te Amo e Porto Alegre Fotos Antigas, que serão analisadas sob a perspectiva do engajamento gerado nos internautas ao postar imagens da vida pregressa nas duas capitais. Para compreender o contexto de virtualização do passado e a interação proporcionada pelo tema, relacionamos o desenvolvimento das tecnologias de comunicação e a evolução da Web 2.0 com conceitos de autores que estudam o tema da memória. O trabalho encerra trazendo uma avaliação sobre a importância das iniciativas de resgate do passado no ambiente online e a possível ampliação dos espaços dedicados ao tema. Palavras-chave: Memória; História; Internet; Redes sociais; Cidades 1. Do consumidor ao prosumer na Web 2.0 Das páginas estáticas e de pouca mobilidade ao modelo interativo e participativo. É o que se pode dizer da transição entre a primeira fase da Internet e a chamada Web 2.0 - termo criado pelo entusiasta do software e código livres, Tim O’Reilly – que se caracteriza por levar o usuário a um estágio diferente do que se tinha antes. De consumidor passivo, o internauta passa a ter a possibilidade de interagir e produzir conteúdo dentro da rede mundial de computadores. Em seu livro A Terceira Onda, Alvin Tofler (1980) intitula como prosumer o indivíduo que consome e produz ao mesmo tempo. Na Internet, o conceito se encaixa no perfil dos usuários da Web 2.0, cada vez mais livres para se mover online e aptos a produzir conteúdo no ambiente online. Paralelamente ao processo evolutivo da Internet, ocorreu o crescimento das novas tecnologias de comunicação, que aumentaram o potencial do usuário 1 Artigo de conclusão da Especialização em Propaganda e Marketing na Gestão de Marcas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 2 Aluno da Especialização em Propaganda e Marketing na Gestão de Marcas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN. E-mail: [email protected] 3 Professora Doutora adjunta da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. E-mail: [email protected]

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O artigo aborda o processo de resgate do passado das cidades brasileiras por meio de fanpages criadas na rede social Facebook. Os objetos de estudo escolhidos são as páginas NatalComo Te Amo e Porto Alegre Fotos Antigas, que serão analisadas sob a perspectiva doengajamento gerado nos internautas ao postar imagens da vida pregressa nas duas capitais.Para compreender o contexto de virtualização do passado e a interação proporcionada pelotema, relacionamos o desenvolvimento das tecnologias de comunicação e a evolução da Web2.0 com conceitos de autores que estudam o tema da memória. O trabalho encerra trazendouma avaliação sobre a importância das iniciativas de resgate do passado no ambiente online ea possível ampliação dos espaços dedicados ao tema.

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  • Marcas do Passado: a memria das cidades nas redes sociais1

    Felipe Gibson Cunha2 Lilian Carla Muneiro3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

    Resumo

    O artigo aborda o processo de resgate do passado das cidades brasileiras por meio de fan pages criadas na rede social Facebook. Os objetos de estudo escolhidos so as pginas Natal Como Te Amo e Porto Alegre Fotos Antigas, que sero analisadas sob a perspectiva do

    engajamento gerado nos internautas ao postar imagens da vida pregressa nas duas capitais. Para compreender o contexto de virtualizao do passado e a interao proporcionada pelo

    tema, relacionamos o desenvolvimento das tecnologias de comunicao e a evoluo da Web 2.0 com conceitos de autores que estudam o tema da memria. O trabalho encerra trazendo uma avaliao sobre a importncia das iniciativas de resgate do passado no ambiente online e

    a possvel ampliao dos espaos dedicados ao tema.

    Palavras-chave: Memria; Histria; Internet; Redes sociais; Cidades

    1. Do consumidor ao prosumer na Web 2.0

    Das pginas estticas e de pouca mobilidade ao modelo interativo e participativo. o

    que se pode dizer da transio entre a primeira fase da Internet e a chamada Web 2.0 - termo

    criado pelo entusiasta do software e cdigo livres, Tim OReilly que se caracteriza por levar

    o usurio a um estgio diferente do que se tinha antes. De consumidor passivo, o internauta

    passa a ter a possibilidade de interagir e produzir contedo dentro da rede mundial de

    computadores.

    Em seu livro A Terceira Onda, Alvin Tofler (1980) intitula como prosumer o

    indivduo que consome e produz ao mesmo tempo. Na Internet, o conceito se encaixa no

    perfil dos usurios da Web 2.0, cada vez mais livres para se mover online e aptos a produzir

    contedo no ambiente online. Paralelamente ao processo evolutivo da Internet, ocorreu o

    crescimento das novas tecnologias de comunicao, que aumentaram o potencial do usurio

    1 Artigo de concluso da Especializao em Propaganda e Marketing na Gesto de Marcas da Universidade Federal do Rio

    Grande do Norte - UFRN

    2Aluno da Especializao em Propaganda e Marketing na Gesto de Marcas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    UFRN. E-mail: [email protected] 3 Professora Doutora adjunta da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. E-mail: [email protected]

  • enquanto produtor de contedo. Com um celular, smartphone ou tablet possvel gravar

    udio, fotografar, filmar e compartilhar contedo na web.

    Para Cris Anderson (2006), a democratizao das ferramentas tecnolgicas ajuda a

    explicar o crescimento no nmero de indivduos hoje capazes de produzir o que antes s

    estava ao alcance de profissionais. Entretanto, o autor refora que apesar das tecnologias

    estarem mais acessveis, a distribuio do contedo gerado por esses usurios s foi possvel

    graas Internet. O personal computer PC transformou todas as pessoas em produtores e

    editores, mas foi a Internet que converteu todo o mundo em distribuidores (ANDERSON,

    2006, p.39).

    As ferramentas de produo e distribuio so duas das foras colocadas por

    Anderson (2006) como responsveis pelo alongamento da chamada cauda longa, que

    simboliza a descentralizao do poder do mercado na Internet. A terceira a ligao entre

    oferta e demanda. Se h mais gente produzindo e distribuindo contedo na rede, o usurio tem

    disposio mais opes de consumo. Com a mobilidade propiciada pela web, natural que

    esse usurio busque suas reas de interesse. Sob a influncia desse conjunto de fatores se

    multiplicam os nichos, no s na forma de iniciativas com fins lucrativos, mas tambm no

    formato de espaos de discusso, colaborao e oferta de contedo, como acontece com as

    duas fan pages objetos de estudo deste trabalho.

    Em torno de temas de interesse comum se formam grupos de usurios dispostos a

    consumir e compartilhar contedo em espaos como fan pages, fruns online e comunidades

    virtuais. dentro deste contexto que ganha fora o conceito de cultura participativa do qual

    fala Henry Jenkins (2009). O autor explica a mudana no relacionamento das pessoas com os

    meios de comunicao, assim como a modificao dos papis de produtores e consumidores.

    Em vez de falar sobre produtores e consumidores de mdia como ocupantes de papis

    separados, podemos agora consider- los como participantes interagindo de acordo com um

    novo conjunto de regras, (JENKINS, 2009, p. 30).

    Gilber Machado (2010, p. 129) acrescenta que o fator colaborao muda o

    paradigma de entender as pessoas apenas como a ponta final da cadeia. O autor afirma que

    nasce da a viso das parcerias de consumo, na qual as opinies dos usurios ganham fora

    sobre a deciso de consumir determinado contedo online em uma cadeia de

    interao/colaborao entre os internautas.

    O reconhecimento e o enriquecimento mtuo so lembrados por Pierre Lvy (2003)

    como base e objetivo da inteligncia coletiva, segundo sua definio: [...] uma inteligncia

    distribuda por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta

  • em uma mobilizao efetiva das competncias (LVY, 2003, p. 28). A mobilizao da qual

    fala o autor acontece a partir da ao dos grupos de indivduos dentro dos ambientes onde os

    participantes esto conectados por um lao social baseado no saber.

    O lao social, formador do espao do saber, dotado de um carter colaborativo, em

    que cada indivduo contribui com seu conhecimento e capacidade individual em prol do

    grupo. Para que a inteligncia coletiva gere mobilizao, preciso antes de tudo compreender

    os saberes individuais dos participantes do grupo. Lvy (2003) aponta o espao do saber ainda

    em construo e enfatiza as novas tecnologias de comunicao e informao como

    ferramentas para desenvolver a inteligncia coletiva.

    Para Jenkins (2009), a inteligncia coletiva gerada nos espaos colaborativos da

    Internet se constitui como uma fonte alternativa de informao. O autor avalia que o poder

    coletivo usado principalmente para fins recreativos dentro da Internet, no entanto tais

    habilidades podem ser aplicadas para propsitos de maior relevncia social. Nenhum de ns

    pode saber tudo; cada um de ns sabe alguma coisa; e podemos juntar as peas, se

    associarmos nossos recursos e unirmos nossas habilidades (JENKINS, 2009, p. 30).

    2. Memria e identidade

    A construo da inteligncia coletiva estudada por Lvy (2003) apresenta

    semelhanas com os estudos sobre memria coletiva de Maurice Halbwachs (2006). O autor

    analisa que cada pessoa possui memrias individuais, frutos de suas vivncias particulares, no

    entanto essas lembranas pessoais so acionadas por cdigos socioculturais presentes na

    sociedade e identificados sob a forma de memria coletiva. Halbwachs afirma que: um

    homem, para evocar seu prprio passado, tem frequentemente necessidade de fazer apelo s

    lembranas dos outros. Ele se reporta a pontos de referncia que existem fora dele, e que so

    fixados pela sociedade (2006, p. 4).

    Se a construo da inteligncia coletiva acontece na unio e compartilhamento de

    saberes individuais, a memria coletiva serve como ponto de referncia para que as memrias

    individuais sejam resgatadas. Para reconstruir a lembrana, o indivduo busca marcas de

    proximidade que o identificam como membro de um grupo, onde poder compartilhar

    recordaes. Apesar do apoio no ponto de referncia, as memrias individuais tambm

    caminham sozinhas. O envolvimento com a memria coletiva ocorre em maior ou menor

    proporo, dependendo de cada indivduo. Halbwachs explica o relacionamento entre a

    memria individual e coletiva da seguinte forma:

  • Se essas duas memrias se penetram frequentemente; em particular se a

    memria individual pode, para confirmar algumas de suas lembranas, para

    precis-las, e mesmo para cobrir algumas de suas lacunas, apoiar-se sobre a

    memria coletiva, deslocar-se nela, confundir-se momentaneamente com ela;

    nem por isso deixa de seguir seu prprio caminho, e todo esse aporte exterior

    assimilado e incorporado progressivamente a sua substncia. A memria

    coletiva, por outro, envolve as memrias individuais, mas no se confunde

    com elas. Ela evolui segundo suas leis, e se algumas lembranas individuais

    penetram algumas vezes nela, mudam de figura assim que sejam recolocadas

    num conjunto que no mais uma conscincia pessoal. (HALBWACHS, 2006,

    p. 53 e 54)

    Sobre os critrios que constituem as memrias individual e coletiva, Pollak (1992) cita

    os acontecimentos, personagens e lugares, conhecidos direta ou indiretamente. De acordo com

    o autor, a influncia desses elementos ocorre tanto em um plano direto, no qual o indivduo de

    fato viveu o acontecimento, esteve com o personagem ou conheceu o lugar, ou em uma

    vivncia por tabela, em que acontecimentos, personagens ou lugares no foram vivenciados

    diretamente, mas tm grande significncia para o grupo. Dessa forma, os elementos

    conhecidos por tabela se incorporam memria individual. perfeitamente possvel que,

    por meio da socializao poltica, ou da socializao histrica, ocorra um fenmeno de

    projeo ou de identificao com determinado passado, to forte que podemos falar numa

    memria quase que herdada (POLLAK, 1992, p. 2).

    Para o autor, se a construo da memria feita social e individualmente, pode-se

    dizer que existe uma relao profunda deste fenmeno com o sentimento de identidade.

    Individual e coletivamente, a memria determinante para a continuidade e coerncia do

    processo de reconstruo de uma pessoa ou grupo para si mesmo. elemento fundamental

    para acionar o sentimento de identidade.

    Outro elemento observado por Pollak que essa reconstruo individual e coletiva

    tambm est em constante negociao e nunca isenta de mudanas, principalmente pela figura

    do outro, que escapa ao indivduo e ao grupo. O conflito pode acontecer, por exemplo,

    diante de um mesmo acontecimento vivenciado por pessoas ou grupos diferentes com

    perspectivas distintas. Pollak afirma que: A construo da identidade um fenmeno que se

    produz em referncia aos outros, em referncia aos critrios de aceitabilidade, de

    admissibilidade, de credibilidade, e que se faz por meio da negociao direta com outros

    (1992, p. 5). H uma multiplicidade de lembranas e memrias a serem levadas em conta

    nesse processo de construo.

  • 3. Construo da memria das cidades na Internet

    A memria como um fenmeno atual, vivida no dia a dia e repassada entre os

    indivduos cotidianamente. J a histria surge como uma representao problemtica e

    incompleta do passado. Definindo memria e histria nessas perspectivas, Pierre Nora (1993)

    analisa que a memria espontnea sofreu um esvaziamento ao longo do tempo, o que obrigou

    grupos e pessoas a consagrar lugares para ancorar essa memria que se foi. O autor chama

    esses espaos de lugares de memria. Se habitssemos ainda nossa memria no teramos

    necessidade de lhe consagrar lugares. No haveria lugares porque no haveria memria

    transportada pela histria (NORA, 1993, p. 9).

    Para Nora, o sentimento de que no h memria espontnea levou criao de

    operaes para reconstituir um tempo pregresso. So arquivos, documentos, imagens,

    discursos, testemunhos e outros mecanismos de materializao capazes de resgatar a memria

    que j no natural. De acordo com Nora, momentos de histria arrancados do movimento

    da histria, mas que lhe so devolvidos (1993, p. 13).

    O autor acrescenta que o registro de produtos da memria, antes restrita a grandes

    produtores como famlias influentes, Igreja e Estado, tem passado por um processo de

    descentralizao. Nora observa que essa mudana foi movida principalmente pela

    multiplicao de memrias particulares reclamando a prpria histria, o que aproxima os

    fenmenos da metamorfose histrica e da psicologia individual.

    Aliado a esse processo, a democratizao dos suportes comunicacionais fez crescer o

    nmero de produes que retratam o passado e permitiu que at mesmo indivduos comuns

    pudessem produzir seus prprios produtos de memria. O nascimento e desenvolvimento da

    Internet leva a questo a um novo patamar.

    Para Eliza Casadei (2009), as novas tecnologias de comunicao, por meio de

    entrecruzamentos e reestruturaes de linguagens, colocam em operao um novo modelo de

    transmisso da memria e do passado, sobretudo pelas formas de interao possveis com os

    lugares de memria tradicionais. A autora caracteriza o novo modelo de transmisso em dois

    eixos, um referente s linguagens utilizadas, e outro na mudana do papel do usurio dentro

    do ambiente online, agindo ativamente no processo de construo das identidades coletivas.

    Na caracterizao do primeiro eixo, Casadei (2009) cita Santaella (2007) para destacar

    a reorganizao das linguagens tanto do ponto de vista da articulao de formatos, como

    imagens, vdeos e escritas, quanto da possibilidade de organizao no linear dos fluxos de

    informao. O resultado uma estrutura que permite novas formas de consumo de contedo e

  • interao, base do segundo do segundo eixo e elemento que destacamos anteriormente como

    determinante no desenvolvimento da Web 2.0.

    Quando se fala em reconstruo da memria na Internet, o poder de interao do

    usurio facilita sua atuao como testemunha no processo de reconstruo do passado. Com

    esse arranjo, os tradicionais lugares de memria de Nora passam a ter uma contribuio que

    vai alm do contedo disseminado pelos grandes produtores. Ganham fora as memrias

    individuais, que segundo Casadei, deixam o processo de reconstruo do passado mais

    dinmico e menos dependente do que j est posto nos tradicionais lugares de memria.

    neste contexto que nasceram na Internet projetos com a proposta de resgate da

    memria. Muitas vezes deixada de lado em arquivos de colecionadores, museus e instituies

    pblicas ou privadas, a histria das cidades brasileiras passa por um momento de resgate no

    mundo virtual. Com o potencial de interao da Web 2.0 e a iniciativa de usurios da Internet,

    novos espaos esto sendo criados com o intuito de disseminar informaes e fotos que

    resgatam a histria pregressa de determinados lugares.

    Assim como ocorre com a reorganizao das linguagens, na Internet, conforme explica

    Dodebei (2011), a natureza das fontes e arquivos tambm alterada. Nos ambientes online as

    narrativas so organizadas e disseminadas por meio de websites, blogs, mdias sociais, entre

    outras possibilidades. Para a autora, a digitalizao dos patrimnios oferece um potencial de

    reproduo diferenciado. Textos, imagens, sons organizados como em um recorte

    enciclopdico, podem ser acessados em tempo real por um nmero cada vez mais amplo de

    internautas que se apropriam, reformatam e devolvem ao ciberespao novas informaes

    (DODEBEI, 2008, p. 4).

    No presente projeto, analisaremos as propostas de resgate de memrias das cidades

    brasileiras no Facebook, rede social que vem sendo usada para compartilhamento de

    informaes, imagens e vdeos que relembram o passado dos lugares. Isso vem acontecendo

    com a criao de fan pages, ou pginas de fs, um formato de pgina do Facebook

    direcionada para empresas, marcas, produtos, sindicatos, ou qualquer organizao com ou

    sem fins lucrativos que deseje interagir com os usurios da rede social (LUSTOSA, 2012). A

    interao acontece por meio de comentrios, compartilhamentos e curtidas.

    Analisando as pginas criadas com o objetivo de resgatar a memria das cidades

    brasileiras, observamos que as iniciativas de estruturao partem e dependem da ao dos

    usurios que assumem o papel de administradores do contedo. Entretanto, as propostas

    destes espaos convidam os demais internautas a serem participantes no processo de produo

    de informao. Mesmo ainda dependente da atuao dos administradores na postagem do

  • contedo, as pginas se alimentam e perpetuam a partir da colaborao dos usurios, seja na

    forma de comentrios, compartilhamentos ou envio de material para postagem.

    o que acontece com nossos dois objetos de estudo, as fan pages Natal Como Te

    Amo e Porto Alegre Fotos Antigas, sobre as cidades de Natal e Porto Alegre. A escolha dos

    objetos de estudo considerou as peculiaridades e diferenas das capitais potiguar e gacha.

    Natal, cidade litornea de pouco mais de 803 mil habitantes, segundo o Censo de 2010 do

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), est localizada no estado do Rio

    Grande do Norte, que compe a regio Nordeste do Brasil. Com 1,4 milho de habitantes,

    tambm de acordo com dados do IBGE, Porto Alegre fica no estado do Rio Grande do Sul, na

    regio Sul do pas.

    Em um pas de dimenses continentais como o Brasil, lugares localizados em

    extremos opostos apresentam diferenas muito alm do plano territorial. Fatores como

    imigrao, clima e economia colocam Natal e Porto Alegre em campos distintos do ponto de

    vista cultural e de desenvolvimento urbano. levando em considerao tal quadro que

    escolhemos analisar as perspectivas das duas cidades dentro do contexto central dos espaos

    colaborativos destinados ao resgate da histria de ambas na rede mundial de computadores.

    4. Natal como Te Amo

    O projeto Natal Como Te Amo nasceu inicialmente como blog. A proposta partiu de

    Carlos Augusto Costa, professor universitrio graduado em Marketing, com a ideia inicial de

    abordar problemas cotidianos da cidade com ironia. Cerca de dois anos depois, em julho de

    2011, Carlos Augusto criou fan page no Facebook, que servia apenas como canal para

    compartilhar links de contedos produzidos no blog. Como o prprio administrador da pgina

    reconhece, as postagens geravam pouca repercusso na rede social durante os primeiros

    meses.

    At que em 26 de janeiro de 2012, a pgina postou uma foto area antiga do bairro

    de Ponta Negra, na zona Sul da cidade. A imagem foi compartilhada 764 vezes por outros

    usurios, recebeu 81 comentrios e foi curtida por 371 internautas. A postagem seguinte, uma

    foto antiga da regio do Baldo, na zona Leste de Natal, ainda sem o viaduto que atualmente

    passa pela regio, teve 905 compartilhamentos, 108 comentrios e 396 curtidas. A partir de

    ento a pgina se consolidou como um espao de disseminao de imagens antigas da cidade.

    Carlos Augusto explica que comeou o trabalho usando fotos de cartes postais

    antigos e digitalizados de sua propriedade. Com o envolvimento dos usurios aumentando na

    pgina, o administrador abriu espao para que os seguidores enviassem imagens para serem

  • postadas no Natal Como Te Amo. A resposta foi positiva. De acordo com Carlos Augusto, o

    projetou j recebeu a contribuio de mais de 600 fotos enviadas por usurios, porm os

    envios tm diminudo. Atualmente a pgina acumula 21.333 seguidores. So mantidas contas

    do Natal Como Te Amo tambm na rede social Instagram e no microblog Twitter.

    As postagens com maior repercusso retratam o Morro do Careca, carto-postal mais

    conhecido da capital potiguar. Foram duas fotos enviadas por usurios e creditadas pelo

    administrador da pgina. Uma delas, enviada por Carmem Daniella Spnola, e postada em 3

    de maro de 2012, teve 1.319 compartilhamentos, 162 comentrios e 688 curtidas, enquanto a

    outra, do arquivo pessoal do usurio Leandro Menezes, gerou 1.273 compartilhamentos, 133

    comentrios e 675 curtidas.

    Figura 1: Morro do Careca, na praia de Ponta Negra, em Natal

    Fonte: https://www.facebook.com/NatalComoTeAmo

    Apesar do fato de o Morro do Careca ser uma referncia para a cidade ajudar a

    explicar a repercusso das duas fotos, o aspecto da memria determinante no engajamento

    causado pelas imagens. Ambas as fotos mostram uma praia de Ponta Negra antes da

    urbanizao e foram feitas do alto do Morro do Careca, atualmente interditado para o pblico

    e com as subidas proibidas.

  • A ocupao do bairro de Ponta Negra comeou aps a 2 Guerra Mundial com a

    construo de casas de veraneio (SEMURB, 2006). Na dcada de 1940 foi iniciado o

    povoamento da Vila de Ponta Negra, comunidade at hoje existente. O processo de

    urbanizao do bairro se acelerou na dcada de 1980, quando a estrada que levava ao bairro

    foi duplicada e asfaltada, facilitando o acesso dos moradores das demais zonas da cidade ao

    local. Ao mesmo tempo era concluda a obra da Via Costeira, que liga as praias da zona Leste

    da cidade e Ponta Negra. Na dcada de 2000 veio a construo do calado da praia. quela

    altura o processo de urbanizao estava consolidado, transformando um local antes pouco

    habitado em um dos principais pontos tursticos da cidade.

    Antes de uma interveno judicial para interdio do Morro do Careca, era comum

    que banhistas, comerciantes e pescadores subissem pela areia. A prtica comeou a ser

    questionada em 1997, segundo o jornal Tribuna do Norte (2011), quando o Ministrio Pblico

    Federal moveu uma ao civil pblica pedindo a interdio do Morro do Careca para fins de

    preservao e recuperao. Ainda de acordo com o jornal, o Ministrio Pblico argumentava

    que o morro estava perdendo a vegetao natural e a beleza paisagstica devido ao sobe e

    desce dos banhistas e turistas. O pedido foi acatado parcialmente pela Justia, que permitiu a

    circulao apenas para as autoridades pblicas no exerccio estrito de suas atribuies e para

    os pescadores, que poderiam continuar, provisoriamente, utilizando a trilha necessria ao

    retorno da praia de Alagamar durante as altas da mar.

    Principal carto-postal da cidade, o Morro do Careca surge no contexto das duas

    imagens compartilhadas no Natal Como Te Amo como smbolo de um tempo que ficou no

    passado de Ponta Negra. Enquanto lugar de memria, o morro, em suas imagens antigas,

    aciona as memrias individuais dos usurios. Nos comentrios feitos nas postagens da pgina,

    os internautas compartilham suas experincias e opinies sobre o Morro do Careca e Ponta

    Negra.

    Os usurios enaltecem a beleza do lugar, mas tambm abrem espao para o debate

    sobre a interdio do morro e a urbanizao da praia. Observamos aqui as imagens antigas do

    Morro do Careca acionarem algo alm do saudosismo por uma praia no urbanizada e por um

    carto-postal que podia ser acessado pela populao. As fotos antigas so tomadas como base

    para se discutir o processo que culminou na urbanizao da regio e interdio do morro, o

    que nos leva a compreender com mais profundidade a importncia do resgate do passado.

    Com a boa repercusso do projeto, Carlos Augusto mostra interesse em buscar

    parceiros para ampliar o Natal Como Te Amo. O professor acredita que o projeto uma

    ferramenta para tentar mudar o que ele coloca como descaso do poder pblico com a histria

  • da cidade. O administrador da pgina cobra a existncia de mais museus e uma maior

    divulgao dos espaos que resgatam a memria da cidade.

    5. Porto Alegre Fotos Antigas

    A pgina Porto Alegre Fotos Antigas foi criada no Facebook em novembro de 2011.

    O idealizador do projeto Valter Barbosa, que formado em Sistemas de Informao e

    trabalha com comrcio eletrnico. De acordo com Barbosa, o gosto pelas fotos antigas foi o

    que motivou o nascimento do Porto Alegre Fotos Antigas. Tudo comeou na rede social

    Orkut, onde Barbosa j mantinha um lbum em seu perfil pessoal com imagens antigas de

    Porto Alegre extradas de blogs e sites na Internet. Ao abrir uma conta pessoal no Facebook, o

    fundador do Porto Alegre Fotos Antigas mantinha mais de 200 fotos antigas da capital

    gachas em seu perfil.

    Barbosa conta que a ideia de criar a pgina nasceu depois que um amigo

    compartilhou o lbum de fotos antigas com seguidores no Facebook. De acordo com ele, a

    postagem chegou casa dos 900 compartilhamentos e vrias pessoas procuraram adicion- lo

    como amigo na rede social. Um dos usurios interessados nas imagens deu a ideia da criao

    da pgina. Desde a fundao o espao tem se dedicado exclusivamente a postar fotos antigas

    de Porto Alegre. As imagens so extradas de blogs, sites e outros locais na Internet, com o

    objetivo de resgatar o passado da cidade. O fan page tem atualmente 30.729 seguidores.

    Nos pouco mais de dois anos de funcionamento da pgina, a postagem que mais

    gerou repercusso uma foto que mostra o Mercado Pblico de Porto Alegre e m 1875.

    Projetado em 1961, o mercado foi tombado em 1979 como patrimnio histrico e cultural da

    cidade. Apesar de ter passado por uma reforma que modernizou a estrutura entre 1990 e 1997,

    o local ainda preserva a arquitetura da poca em que foi construdo e funciona at hoje. A

    imagem com 2.632 compartilhamentos, 180 comentrios e 1.902 curtidas mostra o mercado

    rodeado por estradas de terra, onde carroas levadas por animais circulam, diferente da

    estrutura urbanizada que se tem atualmente no entorno. Essa mudana exaltada nos

    comentrios dos usurios.

    De acordo com o criador da pgina, imagens como a do mercado pblico, que

    ilustram locais onde houve muita mudana, costumam gerar mais engajamento entre os

    usurios. Somado a isso esto fotos de lugares que no existem mais e de estdios de futebol

    como Olmpico e Beira-Rio.

  • Figura 2: Rua Riachuelo, no Centro Histrico de Porto Alegre, em 1969

    Fonte: https://www.facebook.com/OldPortoAlegre

    O choque provocado pela mudana ao longo da histria notado em uma postagem

    sobre a Rua Riachuelo, uma das mais antigas e conhecidas do Centro Histrico de Porto

    Alegre. A imagem, que mostra a rua em 1969, ainda com os antigos bondes em movimento,

    gerou 1.370 compartilhamentos, 164 comentrios e 1.135 curtidas, tornando-se uma das que

    mais provocou envolvimento dos usurios na pgina.

    Assim como ocorreu com as postagens do Morro do Careca na pgina Natal Como

    Te Amo, a imagem da Rua Riachuelo com os bondes em movimento tambm resultou em

    comentrios crticos, desta vez sobre a questo da mobilidade urbana da cidade. Os

    comentrios tm foco, sobretudo, no processo de substituio de um transporte coletivo como

    o bonde pelos automveis. Em Porto Alegre, os ltimos bondes circularam em maro de 1970

    medida que davam espaos para os nibus como transporte coletivo. As fotos antigas so

    usadas como referncia para uma crtica ao projeto de mobilidade adotado pela cidade. o

    passado resgatado assumindo papel importante na discusso do presente e do futuro das

    cidades.

    Embora receba um bom retorno em termos de compartilhamentos, comentrios e

    curtidas, o Porto Alegre Fotos Antigas recebe pouca contribuio de contedo, conforme

    revela Valter Barbosa. O idealizador do projeto revela que de todas as fotos encontradas na

    pgina, o total de imagens enviadas pelos seguidores no chega casa dos 5%. O baixo

  • retorno dos usurios na contribuio de contedo, aliado ao esgotamento das fontes da

    Internet, tem dificultado a busca por fotos inditas e que tenham bom valor visual, segundo

    Barbosa.

    Sobre o futuro do projeto, o criador do Porto Alegre Fotos Antigas explica que s

    pensa em ampliar a quantidade de postagens. Como divide o trabalho voluntrio na pgina

    com projetos profissionais, Barbosa conta que pensa em talvez conseguir um ajudante para

    administrar a pgina.

    Para o administrador do Porto Alegre Fotos Antigas, o poder pblico tem boas

    propostas, das quais ele cita o Viva o Centro a P, criado para valorizar o Centro Histrico

    da cidade, porm Barbosa ainda enxerga deficincias na divulgao dos eventos que

    relembrem o passado da capital gacha. De acordo com ele, as informaes sobre o passado

    da cidade so acessveis, como no Museu Joaquim Felizardo, entretanto poucos sabem da

    existncia dos espaos e projetos.

    6. Consideraes finais

    O desenvolvimento das novas tecnologias de comunicao abriu a possibilidade de

    transformao dos usurios e consumidores passivos em produtores de contedo. Ao mesmo

    tempo, a Internet, sobretudo em sua verso 2.0, chegou para permitir a distribuio das

    produes independentes em grande escala no ambiente online. O conjunto da

    democratizao das tecnologias de comunicao com a distribuio a baixo custo na Internet

    foi o grande impulsionador de projetos na rede mundial de computadores.

    As iniciativas independentes nascem como websites, blogs e tambm em

    comunidades ou grupos criados em redes sociais como Orkut e agora Facebook. Alm da

    figura do administrador das pginas, responsvel pela produo da maior parte do contedo,

    os ambientes tambm sobrevivem e se perpetuam pela colaborao dos usurios. As fan pages

    do Facebook Natal Como Te Amo e Porto Alegre Fotos Antigas so exemplos de iniciativas

    que partiram de pessoas com formao profissional que no est ligada a reas relacionadas

    disciplina da histria. As propostas nasceram de preferncias individuais pelo tema e da

    vontade de compartilhar isso com pessoas de interesse em comum.

    A Internet tem funcionado nos dois casos como espao de resgate do passado das

    cidades. Dos livros e arquivos, fotos antigas chegam web e encontram um espao onde

    provocam engajamento nos usurios, que muito alm do saudosismo, tm abo rdado o

    processo de mudana pelo qual os lugares retratados passaram ao longo do tempo. A

    evocao do passado como um tempo melhor de ser vivido foi observada nas duas pginas do

  • ponto de vista de como eram as cidades antes do processo de urbanizao pelo qual passaram,

    abordagem feita a partir de lembranas ou de crticas relacionas s transformaes sofridas.

    Por meio da participao em comentrios, os usurios promovem a reconstruo dos

    tempos idos. As memrias individuais so acionadas pelas imagens dos lugares e

    acontecimentos da cidade no passado. A memria coletiva aparece como ponto de referncia

    para que as lembranas individuais venham tona, conforme explica Halbwachs (2006).

    Pollak (1992) acrescenta que por ser construda social e individualmente, a memria guarda

    profunda relao com o sentimento de identidade, exatamente o que observamos analisando

    os comentrios dos usurios nas duas pginas. Os internautas revelam um sentimento de

    pertencimento aos locais retratados e ajudam na reconstruo do passado contido nas

    imagens. Tal reconstruo, ainda de acordo com Pollak,est em constante negociao por

    envolver uma multiplicidade de lembranas e memrias a serem levadas em conta.

    Nos espaos de resgate do passado na Internet os testemunhos e opinies de usurios

    se fazem presentes e possibilitam conflitos entre as memrias dos prprios indivduos ou com

    a chamada memria oficial. No contexto dessa negociao entre as memrias individual e

    coletiva a vida pregressa reconstruda no ambiente online. um poder coletivo, que como

    explica Jenkins (2009), pode ser usado para fins recreativos, mas tambm aplicado em

    propsitos de maior relevncia social, como a valorizao do patrimnio das cidades.

    Nas falas dos criadores do Natal Como Te Amo e do Porto Alegre Fotos Antigas fica

    claro o descontentamento com a divulgao que o poder pblico d para os espaos que

    resgatam a histria das cidades, isso quando os prprios locais no so alvo de crtica, como

    foi o caso da capital do Rio Grande do Norte. Tais constataes nos levam importncia de se

    preservar o patrimnio material e imaterial das cidades, o que vem acontecendo a partir da

    ocupao de espaos na Internet para divulgao e disseminao dos temas do passado.

    Pelo engajamento provoca nas pginas Natal e Porto Alegre se observa a necessidade

    a necessidade dar mais ateno ao tema, sobretudo por parte do poder pblico. A ocupao

    dos ambientes online com a proposta de resgate do passado tem potencial a ser desenvolvido,

    o que aliado a projetos de valorizao da memria para visitao dentro das cidades pode

    gerar retornos importantes. Resultados que podem acontecer tanto do posto de vista dos

    habitantes das capitais, no que tange ao conhecimento, gerao de postura crtica s

    transformaes e fortalecimento do sentimento de identidade, quanto daqueles que visitam os

    lugares, na perspectiva do desenvolvimento do turismo cultural e gerao de renda, trazendo

    benefcios diretos a quem resgata essas memrias esquecidas.

  • 7. Referncias

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