maquetas de estruturas de serviços de saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de...

19
Página 1 de 19 ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012 __________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013 MAQUETAS DE ESTRUTURAS DE SERVIÇOS DE SAÚDE NO ANTIGO ULTRAMAR PORTUGUÊS: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO DO MUSEU DO IHMT) – CONCEPÇÃO E USO DE PROJECTOS TIPO EM MOÇAMBIQUE, NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX JOÃO MIGUEL COUTO DUARTE*, JOSÉ LUÍS DÓRIA** e LUÍS MARTO** *CIAUD – Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa; **IHMT – Universidade Nova de Lisboa [email protected] Resumo O Museu do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) possui um conjunto de 10 maquetas representando construções destinadas a alojar Serviços de Saúde, no antigo Ultramar Português. Este conjunto de maquetas esteve patente na ‘Exposição das Actividades Sanitárias do Ultramar’, no Palácio Nacional da Junqueira (Palácio Burnay), no âmbito do 1º Congresso Nacional de Medicina Tropical realizado em Lisboa, em 1952. As maquetas, que serão parte de uma coleção maior, parecem ser de diferentes autores, surgindo como registos simplificados, meras descrições desprovidas de conteúdo técnico, que apenas pretenderiam divulgar a existência dos edifícios considerados. Trata-se de estruturas para locais diversos – Moçambique, Angola e São Tomé e Príncipe –, comportando programas funcionais de dimensão e de complexidade variadas – hospitais, maternidades, missões de combate às tripanossomíases, etc. –, estabelecidos ou em edifícios novos, ou em edifícios já existentes. A sua observação permite discernir preocupações quer de ordem científica, quer de ordem arquitetónica, equacionadas, ambas, em função do quadro político de desenvolvimento sanitário então estabelecido para aqueles territórios. A investigação sobre este conjunto de maquetas permitiu avaliar o uso de projetos tipo nas estruturas de saúde em Moçambique, na primeira metade do século XX. Embora surjam como uma opção deliberada do Gabinete de Urbanização Colonial (GUC), que começou a funcionar em 1945, estes projetos eram já adotados desde a década de 20, altura em que foram preconizados no sentido de criar uma rede de assistência sanitária naquele território. Palavras-chave: Moçambique, Serviços de Saúde no Ultramar Português, projetos tipo, maquetas * CONSIDERAÇÕES INICIAIS O Museu do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) possui um conjunto de dez maquetas representando estruturas destinadas a albergar serviços de saúde nos antigos territórios portugueses de África. Sete dessas estruturas estão localizadas em Moçambique. Trata-se do Hospital de Moçambique, na Ilha de Moçambique, da Formação Sanitária do Maputo (actual Centro de Saúde da Bela Vista), na Vila da Bela Vista, da Maternidade de Marracuene, do Hospital do Zóbuè, do Pavilhão de Isolamento para Europeus do Hospital Central Miguel Bombarda (actual Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do actual Hospital Central de Maputo), em Lourenço Marques, da maternidade tipo elaborada pelo Gabinete de Urbanização Colonial (GUC) e da Sede da Missão de Combate às Tripanossomíases (MCT) (actual Instituto Superior de Ciências de Saúde do Maputo), em Lourenço Marques. As três outras maquetas integrantes do acervo do Museu do IHMT representam a Maternidade Maria do Carmo Vieira Machado (actual Maternidade Lucrécia Paim), em Luanda, e o Dispensário de Puericultura de Benguela (actual Centro Materno Infantil de

Upload: phamkhanh

Post on 21-Sep-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 1 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

MAQUETAS DE ESTRUTURAS DE SERVIÇOS DE SAÚDE NO ANTIGO ULTRAMAR PORTUGUÊS: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO DO MUSEU DO IHMT) – CONCEPÇÃO E USO DE

PROJECTOS TIPO EM MOÇAMBIQUE, NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX

JOÃO MIGUEL COUTO DUARTE*, JOSÉ LUÍS DÓRIA** e LUÍS MARTO** *CIAUD – Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa;

**IHMT – Universidade Nova de Lisboa [email protected]

Resumo

O Museu do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) possui um conjunto de 10 maquetas representando construções destinadas a alojar Serviços de Saúde, no antigo Ultramar Português. Este conjunto de maquetas esteve patente na ‘Exposição das Actividades Sanitárias do Ultramar’, no Palácio Nacional da Junqueira (Palácio Burnay), no âmbito do 1º Congresso Nacional de Medicina Tropical realizado em Lisboa, em 1952. As maquetas, que serão parte de uma coleção maior, parecem ser de diferentes autores, surgindo como registos simplificados, meras descrições desprovidas de conteúdo técnico, que apenas pretenderiam divulgar a existência dos edifícios considerados. Trata-se de estruturas para locais diversos – Moçambique, Angola e São Tomé e Príncipe –, comportando programas funcionais de dimensão e de complexidade variadas – hospitais, maternidades, missões de combate às tripanossomíases, etc. –, estabelecidos ou em edifícios novos, ou em edifícios já existentes. A sua observação permite discernir preocupações quer de ordem científica, quer de ordem arquitetónica, equacionadas, ambas, em função do quadro político de desenvolvimento sanitário então estabelecido para aqueles territórios. A investigação sobre este conjunto de maquetas permitiu avaliar o uso de projetos tipo nas estruturas de saúde em Moçambique, na primeira metade do século XX. Embora surjam como uma opção deliberada do Gabinete de Urbanização Colonial (GUC), que começou a funcionar em 1945, estes projetos eram já adotados desde a década de 20, altura em que foram preconizados no sentido de criar uma rede de assistência sanitária naquele território.

Palavras-chave: Moçambique, Serviços de Saúde no Ultramar Português, projetos tipo, maquetas

*

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Museu do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) possui um conjunto de dez maquetas

representando estruturas destinadas a albergar serviços de saúde nos antigos territórios portugueses de

África. Sete dessas estruturas estão localizadas em Moçambique. Trata-se do Hospital de Moçambique, na

Ilha de Moçambique, da Formação Sanitária do Maputo (actual Centro de Saúde da Bela Vista), na Vila da

Bela Vista, da Maternidade de Marracuene, do Hospital do Zóbuè, do Pavilhão de Isolamento para Europeus

do Hospital Central Miguel Bombarda (actual Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do actual Hospital

Central de Maputo), em Lourenço Marques, da maternidade tipo elaborada pelo Gabinete de Urbanização

Colonial (GUC) e da Sede da Missão de Combate às Tripanossomíases (MCT) (actual Instituto Superior de

Ciências de Saúde do Maputo), em Lourenço Marques. As três outras maquetas integrantes do acervo do

Museu do IHMT representam a Maternidade Maria do Carmo Vieira Machado (actual Maternidade Lucrécia

Paim), em Luanda, e o Dispensário de Puericultura de Benguela (actual Centro Materno Infantil de

Page 2: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 2 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

Benguela), ambos em Angola, e o Dispensário Anti-Tuberculoso de São Tomé (actual Ministério da Saúde de

São Tomé e Príncipe), em São Tomé e Príncipe 1.

As sete maquetas referentes aos edifícios de Moçambique foram apresentadas na Exposição Documental

das Actividades Sanitárias do Ultramar que teve lugar em Lisboa, no Palácio Nacional da Junqueira (Palácio

Burnay), em Abril de 1952, no âmbito do I Congresso Nacional de Medicina Tropical 2. Além das sete já

referidas, de acordo com o catálogo da exposição (I CONGRESSO NACIONAL DE MEDICINA TROPICAL,

1952b), na secção de Moçambique foram ainda apresentadas as maquetas do Hospital Central Miguel

Bombarda, do Hospital do Bilene Macia (actual Centro de Saúde do Bilene Macia), na Vila de Macia, e do

Hospital de Balama 3. Nenhuma destas três maquetas existirá já. É contudo possível observar as duas

primeiras nalgumas imagens do evento (INSTITUTO DE MEDICINA TROPICAL, 1953: 3753-3755). No seu

conjunto, essas maquetas surgiam como descrições simplificadas, desprovidas de conteúdo técnico, que

apenas pretenderiam divulgar a existência das estruturas consideradas. Hoje, além de permanecerem como

uma memória da exposição de 1952, importam também como testemunho quer do projecto dessas

estruturas, já que algumas foram entretanto alteradas ou até destruídas, quer, sobretudo, das respostas às

carências sanitárias que essas estruturas comportavam. São algumas dessas respostas que importa agora

observar.

À excepção da Sede da MCT, que comportaria apenas funções administrativas e laboratoriais, as restantes

estruturas comportavam sobretudo funções hospitalares. Entre essas estruturas, é possível destacar a

Formação Sanitária do Maputo, a Maternidade de Marracuene e a maternidade tipo elaborada pelo GUC, às

quais se poderá ainda acrescentar o Hospital do Bilene Macia, cuja maqueta foi também apresentada na

exposição de 1952. A particularidade destas estruturas, que justifica o destaque agora feito, advém do facto

de terem sido realizadas envolvendo projectos tipo. Na primeira metade do século XX – o período do qual

datam estas quatro formações –, os projectos tipo foram especificamente preconizados para as formações

sanitárias de pequena dimensão, normalmente localizadas fora dos maiores centros urbanos e

maioritariamente utilizadas pelas populações indígenas 4. Em Moçambique, a sua constituição e a sua

configuração foram estabelecidas pelo médico Francisco Ferreira dos Santos 5, no início da década de 20

1 Sobre estas maquetas e sobre as estruturas nelas representadas, consultar http://museudasaude.inwebonline.net/default.aspx. 2 A exposição comemorava os cinquentenários do Instituto de Medicina Tropical (actual Instituto de Higiene e Medicina Tropical) e do Hospital do Ultramar (actual Hospital de Egas Moniz). Sobre a organização do congresso, consultar I CONGRESSO NACIONAL DE MEDICINA TROPICAL (1952a); sobre a realização do congresso ver INSTITUTO DE MEDICINA TROPICAL (1953). 3 As imagens da exposição permitem verificar que o catálogo não é exaustivo, pelo que é possível que tenham sido apresentadas outras maquetas. 4 Esta designação permaneceria até 1961, altura em que foi revogado o estatuto do indígena (MENESES, 2010). 5 Ferreira dos Santos era, à data, chefe dos serviços de saúde de Moçambique (SANTOS, 1923).

Page 3: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 3 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

(SANTOS, 1923), na sequência da reorganização dos serviços de saúde das colónias datada de Maio de 1919

(DECRETO 5:727, 1919). A sua concretização seria contudo demorada, acabando por reflectir opções

científicas, arquitectónicas e, sobretudo, políticas distintas. Assim, a uma fase inicial, marcada pelo ensaio de

alguns projectos tipo, de âmbito restrito e elaborados por serviços locais, sempre sob a tutela da metrópole,

sucederia uma outra, a partir de 1945, predominantemente marcada por esses projectos, agora

generalizáveis a todas as colónias e elaborados a partir de Lisboa pelo GUC, criado em Dezembro de 1944

(DECRETO 34:173, 1944). Essa nova produção incorporaria as indicações entretanto estabelecidas pela

reorganização dos serviços de saúde do império, datada de Fevereiro de 1945 (DECRETO 34:417, 1945). A

importância concedida aos projectos tipo no cômputo da produção de estruturas hospitalares em

Moçambique em cada uma dessas fases poderá ser sintetizada a partir do confronto entre as obras

apresentadas na exposição Construção nas Colónias Portuguesas: Realizações e Projectos, que teve lugar em

Lisboa, no Instituto Superior Técnico (IST), em Novembro de 1944, e o trabalho desenvolvido pelo GUC nos

anos iniciais da sua actividade. As diferenças de concepção entre os projectos de cada uma dessas fases

parecem evidentes, importando, por isso, analisá-las. Menos evidente, mas porventura tão importante, será

a continuidade que, ainda assim, terá também marcado a formulação das respostas então definidas. Embora

a possibilidade de generalização de projectos a todas as colónias de África possa surgir como uma clara

alteração das práticas anteriores, os projectos tipo elaborados pelo GUC nesse período não deverão ser

necessariamente tomados apenas como um corte em relação a essas mesmas práticas.

Assim, partindo dos exemplos apresentadas na exposição de 1952, e tendo como referência o período da

sua concepção, será observada a coexistência de alterações e de continuidades na definição de projectos

tipo para estruturas sanitárias então projectadas e construídas em Moçambique.

PROCESSOS PRÁTICOS DA HOSPITALIZAÇÃO DOS INDÍGENAS, SEGUNDO O MÉDICO FERREIRA DOS SANTOS

Conforme foi referido, a formulação inicial de formações sanitárias destinadas às populações indígenas em

Moçambique foi proposta pelo médico Francisco Ferreira dos Santos, na sequência da reorganização dos

serviços de saúde das colónias de Maio de 1919 (DECRETO 5:727, 1919). Em Moçambique, o alargamento

dos quadros de pessoal que então foi permitido seria determinante para a afirmação da assistência médica

às populações indígenas, já que criou não só condições para torná-la mais efectiva nos estabelecimentos

sanitários então existentes, que se restringiam aos maiores centros urbanos, mas também para alargá-la ao

restante território 6. Este avanço, pequeno, permanecia, contudo, “sem programa definido” (SANTOS, 1923:

6 A reorganização de 1919 pretendeu uniformizar os serviços de saúde das colónias, estendendo a organização civil já existente em Moçambique e em Angola aos restantes territórios. A definição dos respectivos quadros de pessoal passaria a caber a cada colónia, cumprindo, contudo, a hierarquia então estabelecida. Sobre a evolução dos serviços de saúde de Moçambique anteriores à reorganização de 1919, consultar BÄCKSTRÖM e FERRINHO (1997).

Page 4: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 4 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

3). Partindo desta verificação, Ferreira dos Santos iria propor um plano de assistência sanitária, sob cuja

justificação deverá ser observado o próprio sentido de Moçambique enquanto colónia. A assistência às

populações indígenas permitiria “atingir um bem social que resultará de capital importante para o futuro de

uma colónia que, como a Província de Moçambique, possue uma fraca densidade de população nativa em

confronto com os recursos do seu vasto território” (SANTOS, 1923: 3). O plano desdobrava-se na Assistência

médica aos Indígenas e nos Processos práticos da sua hospitalização. É nesta segunda parte que são

apresentadas as indicações referentes à definição das formações sanitárias. Embora concebidas para o

contexto moçambicano, desejava-se que pudessem ser generalizadas a todas as colónias de África.

A assistência às populações indígenas deveria acompanhar a organização administrativa do território, sendo

assegurada por ‘enfermarias regionais’, sediadas em cada subdelegação de saúde, e por ‘postos sanitários de

1.ª classe’ e ‘postos sanitários de 2.ª classe’ – dirigidos, respectivamente, por enfermeiros europeus e por

enfermeiros indígenas –, de âmbito complementar e distribuídos segundo a densidade populacional dessas

subdelegações. Em situações de maior exigência, a assistência seria garantida pelos hospitais distritais, nas

sedes das delegações de saúde, e pelo Hospital Central Miguel Bombarda, o principal hospital da colónia. A

composição daquelas formações era claramente definida, resultando da conjunção de um número variável

de estruturas determinado em função dos cuidados sanitários a prestar e do pessoal – europeu ou indígena

– que os prestaria. A sua dimensão poderia contudo variar. Cada formação deveria constituir-se como um

sistema funcionalmente autónomo, como se de um pequeno aquartelamento se tratasse, até porque em

muitos casos poderia encontrar-se isolada. A atenção às contingências locais focava-se quase apenas nos

ventos dominantes. As condições de hospitalização mereceram destaque particular a Ferreira dos Santos. Foi

estabelecido o uso da “vulgar palhota 7 da cobertura cónica” (SANTOS, 1923: 22), melhorada nas suas

dimensões e nos seus acabamentos e de equipamento “amoldado aos [...] costumes vulgares [dos

indígenas]” (SANTOS, 1923: 23). Esta opção foi justificada por permitir conciliar as desejadas integração e

assimilação do doente, ao proporcionar-lhe um ambiente análogo ao do seu quotidiano, mas onde pudesse

reconhecer os benefícios da assistência médica, com a necessária economia do estado, que assim não

arcaria nem com os custos de construção e de manutenção de estruturas mais complexas, nem com os de

pessoal requerido para o seu funcionamento (SANTOS, 1923). A palhota seria também preconizada para as

residências dos enfermeiros e das parteiras indígenas, ao contrário das do pessoal europeu que eram

definidas como casas de alvenaria. Este conjunto de indicações, que tinha um âmbito sobretudo quantitativo

e próximo de um programa funcional, seria complementado por três grupos de ilustrações, correspondentes

aos três tipos de formações sanitárias, onde eram clarificadas as suas organizações geométrica e formal.

7 Destacado do mesmo modo no texto original.

Page 5: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 5 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

Cada grupo comportava uma perspectiva e uma planta, às quais se acrescentava um alçado, no caso da

enfermaria regional (Fig. 1).

Fig. 1 – Esquema de enfermaria regional para Moçambique (SANTOS, 1923: s.p.).

As propostas de Ferreira dos Santos não poderão ser ainda entendidas como um projecto, ou como um

projecto tipo, na medida em que não se constituíam como elementos que suportassem a realização de uma

obra. Contudo, as indicações nelas contidas, sobretudo nas ilustrações, seriam determinantes para a

homogeneização de muitas das formações que viriam a ser realizadas.

ENTRE A EXPOSIÇÃO CONSTRUÇÃO NAS COLÓNIAS PORTUGUESAS: REALIZAÇÕES E PROJECTOS...

A implementação das propostas de Ferreira dos Santos não terá sido imediata, contribuindo para isso as

tensões económicas e administrativas que o governo de Moçambique enfrentou nos anos subsequentes à

Primeira Grande Guerra, mesmo apesar dos poderes reforçados que o estado português então lhe atribuiu

(NEWITT, 1995: 374). Só no final da década de 20, num ambiente político mais estabilizado, quando “os

serviços de Saúde entraram numa fase de expansão” (BÄCKSTRÖM e FERRINHO, 1997: 5), é que essas

propostas terão tido as suas primeiras concretizações. Duas delas integraram uma publicação sobre a

assistência médica em Moçambique, de novo elaborada por Ferreira dos Santos, apresentada na Exposition

Coloniale Internationale realizada em Paris, em 1931 (SANTOS, 1931) 8. A assistência médica comportava

então 42 enfermarias regionais, 28 postos sanitários de 1.ª classe e 35 de 2.ª classe (SANTOS, 1931: 5-6), que

constituíam “o início de uma rede que abrangia nas suas malhas toda a superfície de Moçambique sob a

administração directa do estado” (BÄCKSTRÖM e FERRINHO, 1997: 9). A enumeração dessas formações não

implicava, contudo, o seu funcionamento pleno, não só porque a construção das estruturas que cada uma

8 Apenas é possível identificar a Enfermaria Regional do Chibuto (SANTOS, 1931: 18). Nesta publicação, Ferreira dos Santos irá repetir a descrição das estruturas destinadas às populações indígenas que já apresentara no texto de 1923. Sobre a participação de Portugal na exposição de Paris em 1931, consultar ACCIAIUOLI (1998).

Page 6: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 6 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

integrava era muitas vezes desfasada, mas, sobretudo, porque a concretização dessa rede acabaria por

prolongar-se pelos anos seguintes, reflectindo quer a relatividade da sua importância no cômputo geral do

investimento feito nas construções hospitalares, quer os constrangimentos financeiros que marcavam a sua

execução. Ainda assim, a partir do final da década de 30, na sequência da criação da Direcção Geral do

Fomento Colonial (DGFC), em Janeiro de 1936 (Decreto n.º 26:180, 1936), as informações constantes das

publicações Boletim Geral das Colónias e, sobretudo, Moçambique: documentário trimestral registam uma

actividade continuada, embora irregular, de projecto e de construção dessas formações 9.

Nesta fase inicial de implementação da rede de assistência médica, que medeia entre o final da década de

20 e a criação do GUC, as propostas de Ferreira dos Santos foram tomadas de um modo sistemático e

bastante literal, conduzindo a uma grande homogeneidade quer na configuração geral das formações

sanitárias, quer na das suas estruturas. Os seus projectos eram então elaborados pelos serviços de obras

públicas de Moçambique sempre sob a tutela da DGFC. Esses serviços comportavam três repartições

provinciais, acompanhando a organização administrativa da colónia 10. Embora fosse já preconizada, pelo

menos ao nível provincial, a adopção de projectos tipo era variável, sendo menos evidente na configuração

geral das formações e mais explícita na das suas estruturas, sobretudo naquelas que implicavam maior

proliferação.

As enfermarias regionais do Chibuto (Fig. 2), com projecto anterior a 1931, do Maputo (Fig. 3), de data

certamente próxima, e do Bilene Macia (Fig. 4), cujos primeiros pavilhões têm projecto 1936, permitem

averiguar a diversidade de aplicações do esquema proposto por Ferreira dos Santos para essas formações 11.

Nas duas primeiras, a aplicação é mais lata: embora seja genericamente reconhecível, a planimetria

rectangular do esquema sofre algumas adaptações, ajustando-se às necessidades de área de cada formação,

e estas, apesar de manterem a hierarquia posicional das suas estruturas, concretizam-na de modo mais

simples. Na terceira, a aplicação do esquema é praticamente literal, dele divergindo apenas na

hospitalização, que deixa de ser feita em palhotas para passar a ser feita num pavilhão único, ainda que

mantendo a segregação étnica 12.

9 Foram consultados os números destas publicações editados entre 1930 e 1944. 10 Sobre a orgânica dos serviços de obras públicas de Moçambique, consultar GODINHO (2011: apêndice 7). 11 Não foi possível localizar os projectos das enfermarias do Chibuto e do Maputo, embora o desta última não deva divergir da informação que serviu de base à maqueta que se encontra no Museu do IHMT. 12 Esta alteração dos processos de hospitalização, que ocorreria apenas nalguns casos, era justificada com a necessidade de obviar a dificuldade de garantir assistência e vigilância eficazes aos doentes que resultava do afastamento entre as palhotas preconizadas por Ferreira dos Santos. Nesse caso, o argumento que Ferreira dos Santos aduzira para assegurar a assimilação das populações indígenas já não era considerado pertinente, conforme se pode confirmar no parecer dado ao projecto por Dionísio Duarte Ferreira, secretário do Conselho Técnico do Fomento Colonial, quando este foi adoptado para a enfermaria de Morrumbene, em 1941: “as sanzalas enfermarias [...] deixam

Page 7: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 7 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

Fig. 2 – Enfermaria Regional do Chibuto, Moçambique (SANTOS, 1931: s.p.).

Fig. 3 – Enfermaria Regional do Maputo, Moçambique (Museu do IHMT: IHMT.0000258).

Fig. 4 – Projeto da Enfermaria Regional do Bilene Macia, Moçambique – implantação (DGFC, 1940).

de ter razão de ser, desde que [o indígena] compreenda – como já hoje em geral compreende – as grandes vantagens que lhe advêm dos serviços de assistência que nós, desde sempre, lhe estamos a prestar” (FERREIRA in DGFC, 1941b).

Page 8: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 8 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

Esta diversidade de aplicações, que é possível corroborar noutras enfermarias 13, não permite afirmar a

existência de um projecto tipo. Contudo, a estrutura genericamente adoptada faz transparecer a existência

de princípios organizacionais comuns, certamente sistematizados sob a forma de regulamentos e de

programas funcionais rígidos. Os processos de concurso para a conclusão da enfermaria do Bilene Macia

(DGFC, 1939a e 1940), que resultam do somatório dos projectos de diversas das suas estruturas, confirmam

a observância de indicações dessa natureza. A opção por princípios organizacionais em detrimento da

adopção de projectos tipo justificava-se para assegurar a necessária adaptabilidade das respostas às

contingências de cada situação.

Ao contrário da configuração geral das formações sanitárias, as suas estruturas permitem observar quer a

adopção de projectos elaborados a partir de bases comuns, muitos dos quais acabariam por ser repetidos,

quer a adopção de projectos elaborados já como projectos tipo. Em ambos os casos, continua a ser possível

identificar as propostas de Ferreira dos Santos. Os primeiros podem ser confirmados, por exemplo, nos

pavilhões centrais das enfermarias já referidas, aos quais se poderão juntar os de várias outras. A existência

de bases comuns é confirmada pelo facto de todos terem as mesmas dimensões. A sua origem fica clara a

partir da observação do projecto do pavilhão central da enfermaria do Bilene Macia (DGFC, 1939c) (Fig. 5),

elaborado pelo condutor de obras António Monteiro Lopes em 1936.

Fig. 5 – Projeto do pavilhão central da Enfermaria Regional do Bilene Macia, aplicado na Enfermaria

Regional do Guijá, Moçambique (DGFC, 1939c).

A sua organização interna procede directamente da planta que integra o esquema de Ferreira dos Santos

para as enfermarias regionais (Fig. 1), tendo-lhe apenas sido acrescentada uma galeria exterior de

sombreamento, que acabaria por constituir-se como o elemento diferenciador dos vários pavilhões – mais

simples nos casos dos pavilhões do Chibuto e do Maputo; mais próxima de uma imagem tradicionalista de

arquitectura portuguesa no caso do do Bilene Macia. As residências dos médicos e as residências dos

13 Muitas das enfermarias regionais deste período são localizáveis por meio de programas de informação geográfica.

Page 9: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 9 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

enfermeiros europeus permitiriam certamente também confirmar o uso de referências comuns. Muitas das

estruturas da enfermaria do Bilene Macia viram a ser utilizadas noutras formações, sendo já apresentadas

como projectos tipo. Foi esse o caso do já referido pavilhão central, da residência do enfermeiro europeu,

também elaborada pelo condutor de obras António Monteiro Lopes em 1936 e que manteria a expressão

tradicionalista do pavilhão central, e do pavilhão de hospitalização, projectado pelo arquitecto António

Rosas 14 em 1939 e que possui uma fachada de desenho Art Déco (DGFC, 1939b) (Fig. 6).

Fig. 6 – Projeto do pavilhão de hospitalização da Enfermaria Regional do Bilene Macia, Moçambique –

detalhe da fachada (DGFC, 1939b).

Estes projectos foram adoptados, respectivamente, nas enfermarias do Guijá, na Vila do Caniçado, em 1939

(DGFC, 1939c), na enfermaria de Magude, em 1941 (DGFC, 1941a), e na enfermaria de Morrumbene,

também em 1941 (DGFC, 1941b), entre outras. Os segundos – isto é: os projectos elaborados já como

projectos tipo – foram especificamente propostos para os postos sanitários, que seriam comuns nas

províncias do Sul do Save e da Zambézia, pelo menos a partir de 1939 (DGFC, 1939a). Os seus autores não

são identificados. No posto sanitário de 1ª classe, continuam a ser a reconhecidas as indicações funcionais

de Ferreira dos Santos. As concretizações deste projecto acabariam por dar azo a algumas variações formais

das respectivas fachadas, nas quais é possível reconhecer, por exemplo, aproximações distintas ao léxico

arquitectónico modernista (Fig. 7). Seriam também adoptadas variações de feição tradicionalista.

Fig. 7 – Postos sanitários de 2.ª classe em Changara e em Chicoa, Moçambique (Moçambique, documentário trimestral, 1942, n.º 32: 158).

14 Sobre o trabalho de António Rosas, consultar FERREIRA (2006).

Page 10: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 10 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

Independentemente do esforço implicado na sua concretização, a importância atribuída a estas formações

sanitárias neste período ficaria expressa na exposição Construção nas Colónias Portuguesas: Realizações e

Projectos, que teve lugar no IST entre 4 e 19 de Novembro de 1944 15. Tratou-se de um evento de grande

envergadura, que envolveu elevados meios humanos e financeiros, sendo concebido para que se divulgasse

e confirmasse o desenvolvimento então atingido pelas colónias – apenas estavam representadas Angola,

Guiné e Moçambique. “Passadas as fases da ocupação militar e administrativa [...], executados os primeiros

planos de fomento económico [...], impunha-se uma obra mais vasta de realizações que esta Exposição, nos

vem mostrar” (PERESTRELO, 1944: 120). A exposição apresentava sobretudo os investimentos realizados

durante o mandato do Ministro das Colónias Francisco Vieira Machado (1898-1972) 16. Na sala dedicada à

Assistência Médica, em conjunto com oito obras angolanas, foram apresentadas três obras moçambicanas: o

Hospital Central Miguel Bombarda, com actualizações desde 1936 (FERREIRA, 2006), o novo pavilhão do

Hospital de Tete, projectado em 1940, e o já referido pavilhão de hospitalização da enfermaria do Bilene

Macia, de 1939. O recinto da enfermaria não foi considerado. Privilegiara-se – na exposição, mas também na

prática – as grandes obras, incluindo as hospitalares.

... E O INÍCIO DO GABINETE DE URBANIZAÇÃO COLONIAL

Embora tivesse sido concebida como uma sua síntese, a exposição de 1944 acabaria por constituir-se como o

epílogo da acção de Vieira Machado. Em Setembro de 1944, Vieira Machado seria afastado do Ministério da

Colónias, sucedendo-lhe Marcelo Caetano (1906-1980) 17. Sob a retórica da circunstância, o catálogo da

exposição parece servir-lhe para se posicionar face às opções do seu antecessor. “A visão do conjunto dos

projectos permitirá formar melhor juízo das tendências manifestadas e fixar a directriz mais conveniente a

seguir. Que de tudo se tire lição fecunda e estímulo, são os votos calorosos do Ministro das Colónias”

(CAETANO, in Exposição de Construções nas Colónias, 1944: 10).

A partir de 1945, a produção de estruturas sanitárias para os territórios coloniais portugueses em África iria

sofrer alterações significativas, decorrentes da entrada em funcionamento do GUC, que fora criado em

Dezembro de 1944 (DECRETO n.º 34:174, 1944), e do modo como este daria cumprimentos às indicações

saídas da reorganização dos serviços de saúde do império, estabelecida em Fevereiro de 1945 (DECRETO

n.º 34: 417, 1945). O GUC foi criado com o propósito de assegurar a produção urbanística e arquitectónica

destinada aos territórios coloniais portugueses. Havia que potenciar a colaboração entre técnicos e assim

evitar procedimentos anteriores, marcados por “soluções de ocasião, [que,] além de muito dispendiosas,

15 A organização da exposição foi assegurada pelo Director Geral Interino da DGFC, o engenheiro de minas Rogério Cavaca (1903-1981), que vira depois a dirigir o GUC. Sobre a exposição, consultar Exposição de Construções nas Colónias (1944). 16 Sobre carreira político-administrativa de Francisco Vieira Machado, consultar CARRILHO (2009). 17 Sobre a carreira político-administrativa de Marcelo Caetano, consultar CARRILHO (2009).

Page 11: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 11 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

imped[iam] que se adquir[isse] experiência, se cri[asse] tradição, se form[asse] escola e se trabalh[asse] com

persistência na execução e no aperfeiçoamento dos planos elaborados” (Decreto n.º 34:173, 1944: 1167).

Embora, de início, se procedesse a uma concentração da produção em Lisboa, que coexistiria com a dos

serviços locais de obras públicas, pretendia-se, no futuro, formar núcleos análogos em cada colónia. “O GUC

[...] torn[ar-se-ia], p.e., peça central, no quadro dos sucessivos planos de fomento, dos programas de obras

públicas nas colónias portuguesas e, decorrentemente, da estratégia voluntarista de fixação europeia e de

“assimilação” dos indígenas” (MILHEIRO e DIAS, 2009: 81) 18.

Apontando a excessiva liberdade deixada a cada colónia pela reorganização anterior – a de Maio de 1919 –,

a reorganização de 1945 iria “distingu[ir-se] essencialmente pelo seu espírito centralizador” (BÄCKSTRÖM e

FERRINHO, 1997: 9). Sobre as instalações hospitalares, estabelecia-se que “ser[iam] construíd[a]s segundo

programas-tipo para cada colónia ou região dela, elaborados de acôrdo com os serviços de saúde da

respectiva colónia, tendo em vista as possibilidades de futura ampliação ou transformação” (Decreto

n.º 34:417, 1945: 101). Na assistência às populações, reiterava-se a adopção de “aldeias-albergarias [cuja

construção] ser[ia] projectada de modo a servir de modêlo de melhoramento das condições higiénicas da

habitação indígena” (Decreto n.º 34:417, 1945: 103). Em Moçambique, o respectivo programa-tipo –

Programa de acção sanitária e profilática – seria concluído pelo médico Aires Pinto Ribeiro 19, logo em

Agosto de 1945 (RIBEIRO, 1946). De um modo geral, a assistência às populações indígenas continuaria a

assentar na rede proposta por Ferreira dos Santos, quer quanto à sua hierarquia, quer quanto à constituição

de cada formação, que incluía já, nos hospitais de 2.ª classe – designação agora atribuída às anteriores

enfermarias regionais 20 –, pavilhões de hospitalização de características idênticas às do pavilhão da

enfermaria do Bilene Macia. A reiteração da rede de estruturas existente não iludia, contudo, o

reconhecimento das suas carências. “Há já hospitais em muitas circunscrições, uns completos e outros, o

maior número, por completar, mas é preciso construir muitos mais ainda” (RIBEIRO, 1946: 70) 21. Apesar

dessas carências, apenas as ‘maternidades rudimentares’ seriam objecto de um programa-tipo 22. Pinto

Ribeiro estimava ser necessário construir 500 unidades dessas maternidades (RIBEIRO, 1945: 95).

18 Sobre o GUC, consultar MILHEIRO (s.d.) e MILHEIRO e DIAS (2009). 19 Pinto Ribeiro era, à data, director dos serviços de saúde de Moçambique (RIBEIRO, 1946). 20 Os postos sanitários de 1.ª classe e os postos sanitários de 2.ª classe passariam a designar-se, respectivamente, hospitais de 3.ª classe e postos sanitários, estes últimos desdobrados entre fixos e móveis. A montante destas estruturas, existiam hospitais centrais e hospitais regionais. Os serviços de saúde incluíam ainda estabelecimentos especiais, como manicómios e gafarias. 21 Apenas como exemplo, é possível constatar que, em 1945, 27 das 42 enfermarias regionais indicadas por Ferreira dos Santos em 1931 permaneciam incompletas. Os postos sanitários encontravam-se numa situação análoga (RIBEIRO, 1946: 79-81). 22 Pinto Ribeiro apresentou uma descrição particularmente detalhada da maternidade, que abarcava desde o programa funcional até ao seu apetrechamento – móveis, utensílios e roupas –, passando naturalmente pelos materiais de construção, custos, áreas, pessoal e respectivos salários e funções profiláticas a assegurar (RIBEIRO, 1945: 85-95).

Page 12: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 12 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

Nos seus anos iniciais, e respondendo já à reorganização dos serviços de saúde de 1945, a actividade do GUC

relacionada com estruturas hospitalares seria fortemente marcada pela elaboração de projectos tipo

apresentados como sendo generalizáveis a todas as colónias africanas. Em 1948, tinham sido realizados os

seguintes projectos: planos gerais dos postos sanitários de cada colónia; ‘posto sanitário fixo’ ampliável em

cinco fases; ‘posto sanitário intermédio’; ‘posto sanitário rudimentar’ com quatro variantes; ‘maternidade

rudimentar’ com duas versões para seis camas e uma para oito camas. Especificamente para Moçambique,

os únicos projectos elaborados eram o do plano geral do Hospital Regional de Tete e o do respectivo

pavilhão de isolamento para infecto-contagiosos (ASSEMBLEIA NACIONAL, 1948: 405) 23. Como era prática,

estes projectos teriam, na sua origem, pedidos formulados pelos governos de cada colónia, certamente

apoiados nos programas-tipo elaborados pelos respectivos serviços de saúde.

Os projectos dos postos sanitários fixos ampliáveis em cinco fases referidos em 1948 deverão corresponder

àqueles que foram elaborados pelo arquitecto João Simões (1908-1994) talvez em 1946 24 (GUC, s.d./a –

s.d./e). Estes projectos destinavam-se a regiões quentes e húmidas e a regiões planálticas e litorais – nas

primeiras, o embasamento do edifício seria vazado, nas segundas, seria encerrado. Nas primeiras quatro

fases, o crescimento era estruturado ao longo de um corredor longitudinal. Na 5.ª fase (Fig. 8), resultava da

aposição de um corpo perpendicular ao anterior. O edifício, de composição assimétrica, era fortemente

marcado pelo volume das coberturas, sempre ventiladas, e por uma galeria de sombreamento apoiada

numa sucessão de pilares de secção quadrada localizada na fachada dita principal (Fig. 9). A severidade do

conjunto coadunava-se com a importância conferida à sua função. Estes projectos deverão ter sido

requeridos pelo governo de Angola 25. Sintomaticamente, na Exposição Documental das Actividades

Sanitárias do Ultramar, em 1952, na secção de Angola, foi mostrado um desses postos sanitários de 2.ª fase

23 A relação dos trabalhos desenvolvidos pelo GUC foi apresentada pelo deputado Álvaro da Fontoura (1891-1975) na Assembleia Nacional, na sessão de 31 de Março de 1948. Álvaro da Fontoura refutava então as acusações feitas pelo deputado Henrique Galvão (1895-1970), representante da Província de Angola, ao GUC e ao seu director, Rogério Cavaca. A relação de trabalhos foi elaborada a partir de uma informação apresentada por Rogério Cavaca sobre a orgânica e sobre o funcionamento do GUC até à data (CAVACA, 1948). Sobre as carreiras politico-administrativas de Álvaro da Fontoura e de Henrique Galvão, consultar CARRILHO (2009). 24 Sobre o trabalho de João Simões, consultar PEDREIRINHO (1994, 227-228). Os desenhos não estão datados. Contudo, em 1946, ao identificar as instruções dadas sobre a condução de obras públicas em Angola, Marcelo Caetano refere-se a estes projectos como estando já prontos (CAETANO, 1946: 168). 25 O facto de Marcelo Caetano se lhes referir no contexto angolano confirma esta possibilidade. “[O] Gabinete de Urbanização Colonial elaborou os [projectos-tipo] dos postos sanitários, em termos que considero muito felizes. (CAETANO, 1946). Em 1940, no âmbito da Missão de Estudos e Construção de Edifícios em Nova Lisboa, chefiada pelo Engenheiro Manuel Goulartt de Medeiros, tinha sido já elaborado um conjunto de projectos tipo de postos sanitários igualmente destinados a regiões de clima quente e a regiões planálticas pelo arquitecto Franz Schacherl (1895-1943) (DGFC, 1940b). Em 1954, o projecto de João Simões seria retomado pelo arquitecto Lucínio Cruz (1914-1999), que introduziria alterações no troço correspondente à 5.ª fase e na cobertura de todo o conjunto (GUU, 1954). Sobre o trabalho de Franz Schacherl, consultar FONTE (2007: 619); sobre o trabalho de Lucínio Cruz, consultar FERNANDES, JANEIRO e NEVES (2008: 199).

Page 13: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 13 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

já construído (I CONGRESSO NACIONAL DE MEDICINA TROPICAL, 1952b: 12) (fig. 10). Nas outras secções não

foi referido.

Fig. 8 – Projeto de posto sanitário fixo, última fase – planta (GUC, s.d./e).

Fig. 9 – Projeto de posto sanitário fixo, última fase – alçado (GUC, s.d./e).

Fig. 10 – Posto sanitário fixo, 2.ª fase, Angola (Museu do IHMT, IHMT.0000235).

Page 14: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 14 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

O projecto do posto sanitário intermédio deverá corresponder àquele que foi realizado pelo arquitecto

Lucínio Cruz, em 1947. O projecto comporta duas versões (GUC, 1947). Tratam-se de estruturas de

dimensões reduzidas, igualmente marcadas pelos respectivos volumes das coberturas.

Não foi possível localizar o projecto correspondente ao posto sanitário rudimentar nem identificar o seu

autor. Uma das suas variantes foi mostrada na exposição de 1952, também na secção de Angola

(I CONGRESSO NACIONAL DE MEDICINA TROPICAL, 1952b: 12).

Não foi igualmente possível localizar os projectos da maternidade rudimentar nem identificar o seu autor.

Contudo, é possível observar o projecto da versão de 8 camas na publicação Moçambique: documentário

trimestral (Assistência maternal e infantil ao indígena, 1946: 171) (Fig. 11), onde surge a ilustrar o programa-

tipo definido por Pinto Ribeiro em 1945. O projecto cumpre-o, aliás, de modo literal. Estas maternidades

terão, por isso, sido certamente solicitadas pelo governo de Moçambique.

Fig. 11 – Projecto de maternidade rudimentar para 8 camas (Assistência maternal e infantil ao indígena, 1946: 171).

O programa de Pinto Ribeiro é resolvido num volume único, mais uma vez marcado pelas coberturas. A

notoriedade do edifício resulta do corpo que integra as entradas, ligeiramente avançado, que se afirma

sugerindo uma intersecção com o resto da construção. A única concessão de desenho parece ser a secção

decrescente dos pilares que o delimitam. Em Moçambique, foram construídas várias destas maternidades,

seguindo o projecto praticamente sem variações. A presença tutelar do estado assentava também na

homogeneização da imagem destas estruturas. Uma destas maternidades – a do Gurué – surgiu na secção

de Moçambique da exposição de 1952 (I CONGRESSO NACIONAL DE MEDICINA TROPICAL, 1952b: 16)

Page 15: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 15 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

(Fig. 12). O montante de 500 unidades estimado por Pinto Ribeiro nunca terá sido alcançado 26. Este projecto

foi também adoptado em Angola (FONTE, 2007: 292), cumprindo a generalização pretendida pelo GUC.

Fig. 12 – Maternidade rural do Gurué, Moçambique (Museu do IHMT, IHMT.0000322).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em Moçambique, na primeira metade do século XX, a criação e o desenvolvimento da rede de assistência

sanitária assentaram, em larga medida, na adopção de projectos tipo. Os projectos adoptados revelam,

contudo, concepções aparentemente distintas. Partindo desta verificação, procurou-se compreender as

opções que lhes subjazeram, confrontando, em particular, as propostas do GUC com aquelas que vinham,

até então, a ser adoptadas. Assim, se, por um lado, a possibilidade de generalização a todas as colonias que

marca os projectos do GUC parece denotar uma alteração da concepção dos projectos tipo, por outro, o

facto de esses projectos continuarem a ter na sua origem programas locais – o projecto da maternidade

rudimentar comprova-o – sublinha uma continuidade de práticas que faz relativizar as distinções antes

identificadas. A possibilidade de generalização dos projectos das estruturas sanitárias, que, afinal, fora já

desejada por Ferreira dos Santos, era, assim, não uma condição a priori desses projectos mas, antes, um seu

valor final, que assegurava a rentabilização de processos e de custos pretendida pelo GUC. A sua aplicação

dependeria, contudo, da compatibilização com as estruturas já construídas, pelo que o seu impacto poderá

não ter alcançado a amplitude ambicionada. Em Moçambique, a partir da década de 50, os projectos tipo

propostos pelo GUC dariam lugar a projectos específicos, retomando-se a produção dos serviços técnicos

locais, agora já sem a intervenção de Lisboa (FERREIRA, 2006: 180).

26 Até 1956, apenas tinham sido construídas 89 maternidades rurais, considerando as suas várias versões (SILVA, 1958: 157).

Page 16: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 16 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

Agradece-se ao Arquivo Histórico Ultramarino (AHU) a possibilidade de analisar alguns dos projectos referidos neste trabalho, cujo acesso se encontra ainda reservado, e à família do engenheiro Rogério Cavaca o acesso a documentação referente ao GUC. Agradece-se, também, a Ana Vaz Milheiro, a Cristiana Bastos, a Fernando de Sousa Jr., a Manuela Fonte, a Manuela Portugal e a Maria Manuel Torrão.

REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS E DOCUMENTAIS

ACCIAIUOLI, Margarida. 1998. Exposições do Estado Novo, 1934-1940. Lisboa. Livros Horizonte.

ASSEMBLEIA NACIONAL. 1948. Diários das Sessões da Assembleia Nacional. IV legislatura, sessão n.º 140, 31 de Março de 1948: 396-407. Lisboa. Secretaria da Assembleia Nacional. Disponível em http://debates.parlamento.pt/page.aspx?cid=r2.dan&diary=anl4sl3n140-0396&type=texto (último acesso em Dezembro de 2012).

Assistência maternal e infantil ao indígena. 1946. Moçambique: documentário trimestral. N.º 48, Dezembro: 167-173. Disponível em http://memoria-africa.ua.pt/DesktopModules/MABDImg/ShowImage.aspx?q=/MDT/MDT-N048&p=168 (último acesso em Janeiro de 2013).

BÄCKSTRÖM, Bárbara, FERRINHO, Paulo. 1997. Os Serviços de Saúde em Moçambique antes da

Independência. Lisboa. Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) e Centro de Malária e Outras Doenças Tropicais (CMDT).

Boletim Geral das Colónias. 1925-1969. Agência Geral das Colónias. Disponível em http://memoria-africa.ua.pt/collections/BGCBGU/tabid/176/language/pt-PT/Default.aspx (último acesso em Dezembro de 2012).

CAETANO, Marcelo. 1946. As condições necessárias para o desenvolvimento de Angola. Boletim Geral das

Colónias. Ano XXII, nº 253, Julho: 168-171. Lisboa. Agência Geral das Colónias. Disponível em http://memoria-africa.ua.pt/DesktopModules/MABDImg/ShowImage.aspx?q=/BGC/BGC-N253&p=169 (último acesso em Dezembro de 2012).

CASTILHO, José. 2009. Os Deputados à Assembleia Nacional – 1935-1974 : Biografia e Carreira Parlamentar. Lisboa. Assembleia da República. Disponível em http://app.parlamento.pt/PublicacoesOnLine/DeputadosAN_1935-1974/html/index.html (último acesso em Outubro de 2012).

CAVACA, Rogério. 1948. Informação 6/48 [dactilografado]. Porto: Arquivo pessoal do engenheiro Rogério Cavaca.

DECRETO n.º 5:727. D.R. I Série. 98, 11.º Sup. (1919-05-10) 1143-1145. Disponível em http://dre.pt/pdf1sdip/1919/05/09811/11431145.pdf (último acesso em Dezembro de 2012).

DECRETO n.º 26:180. D.R. I Série. 5 (1936-01-07) 9-36. Disponível em http://dre.pt/pdfgratis/1936/01/00500.pdf (último acesso em Janeiro de 2013).

DECRETO n.º 34:173. D.R. I Série. 269, Sup. (1944-12-06) 1167-1168. Disponível em http://dre.pt/pdf1sdip/1944/12/26901/11671168.pdf (último acesso em Dezembro de 2012).

DECRETO n.º 34:417. D.R. I Série. 38 (1945-02-21) 96-111. Disponível em http://dre.pt/pdfgratis/1945/02/03800.pdf (último acesso em Dezembro de 2012).

DIRECÇÃO GERAL DE FOMENTO COLONIAL (DGFC). 1939a. Postos sanitários de 2.ª classe : Projectos-tipo do

Sul do Save : Projectos-tipo da Zambézia [texto e desenho]. PT/AHU/MU/DGOPC/8/43-2/3/OP 1583. Lisboa. Arquivo Histórico Ultramarino.

Page 17: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 17 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

DIRECÇÃO GERAL DE FOMENTO COLONIAL (DGFC). 1939b. Enfermaria Regional de Macia : concurso para

construção de pavilhão de hospitalização [texto e desenho]. PT/AHU/MU/DGOPC/8/43-2/3/OP 1574. Lisboa. Arquivo Histórico Ultramarino.

DIRECÇÃO GERAL DE FOMENTO COLONIAL (DGFC). 1939c. Enfermaria Regional do Guijá : concurso para

construção do pavilhão central [texto e desenho]. PT/AHU/MU/DGOPC/8/43-2/3/OP 1573. Lisboa. Arquivo Histórico Ultramarino.

DIRECÇÃO GERAL DE FOMENTO COLONIAL (DGFC). 1940. Enfermaria Regional de Macia : concurso para

construção de retretes para isolados, um reservatório de 30m.c. de água canalizada de

abastecimento, uma casa mortuária, vedação, fossa, dreno e canalizações [texto e desenho]. PT/AHU/MU/DGOPC/8/43-2/3/OP 1575. Lisboa. Arquivo Histórico Ultramarino.

DIRECÇÃO GERAL DE FOMENTO COLONIAL (DGFC). 1940b. OP13609-13619. PT/AHU/MU/DGOPC/8/15-1/2. Lisboa. Arquivo Histórico Ultramarino.

DIRECÇÃO GERAL DE FOMENTO COLONIAL (DGFC). 1941a. Enfermaria Regional de Magude : Residência do

enfermeiro : construção [texto e desenho]. PT/AHU/MU/DGOPC/8/43-2/3/OP 1576. Lisboa. Arquivo Histórico Ultramarino.

DIRECÇÃO GERAL DE FOMENTO COLONIAL (DGFC). 1941b. Hospital de Morrumbene : Projecto tipo A para

Pavilhões de Hospitalização nas enfermarias regionais [texto e desenho]. PT/AHU/MU/DGOPC/8/43-2/3/OP 1578. Lisboa. Arquivo Histórico Ultramarino.

Exposição das Actividades Sanitárias do Ultramar. 1953. Anais do Instituto de Medicina Tropical. Vol. X, nº 4 – fasc. III, Dezembro: 3753-3755. Lisboa. Instituto de Medicina Tropical.

Exposição de Construções nas Colónias. 1944. Boletim Geral das Colónias. Ano XX, nº 233, Novembro: 7-31. Lisboa. Agência Geral das Colónias. Disponível em http://memoria-africa.ua.pt/DesktopModules/MABDImg/ShowImage.aspx?q=/BGC/BGC-N233&p=10 (último acesso em Novembro de 2012).

FERNANDES, José; JANEIRO, Maria; NEVES, Olga. 2008. Moçambique 1875-1975 – Cidades, Território e

Arquitecturas. Lisboa. ed. autores.

FERREIRA, André. 2006. Obras Públicas em Moçambique: Inventário da produção arquitectónica executada

entre 1933 e 1961. Dissertação de Mestrado do Curso de Estudos Avançados em Arquitectura, Território e Memória. Universidade de Coimbra, Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia. Disponível em https://estudogeral.sib.uc.pt/handle/10316/6004 (último acesso em Outubro de 2012).

FONTE, Manuela. 2007. Urbanismo e Arquitectura em Angola – de Norton de Matos à Revolução. Dissertação para Doutoramento em Planeamento Urbanístico. Universidade Técnica de Lisboa I Faculdade de Arquitectura. Disponível em https://www.repository.utl.pt/handle/10400.5/2027 (último acesso em Novembro de 2012).

GABINETE DE URBANIZAÇÃO COLONIAL (GUC). 1947. Projecto de posto sanitário intermédio [desenhos]. PT/AHU/MU/DGOPC/DSUH – Colecção de desenhos, processo n.º 130; 130-A; 130-B, Ultramar, rolo n.º 13. Lisboa. Arquivo Histórico Ultramarino.

GABINETE DE URBANIZAÇÃO COLONIAL (GUC). s.d./a. Projecto de posto sanitário fixo para regiões

planálticas e do litoral – 1.ª fase [desenhos]. PT/AHU/MU/DGOPC/DSUH – Colecção de desenhos, processo n.º 35, Ultramar, rolo n.º 9. Lisboa. Arquivo Histórico Ultramarino.

GABINETE DE URBANIZAÇÃO COLONIAL (GUC). s.d./b. Projecto de posto sanitário fixo para regiões quentes e

húmidas – 1.ª fase [desenhos]. PT/AHU/MU/DGOPC/DSUH – Colecção de desenhos, processo n.º 35, Ultramar, n.º 8. Lisboa. Arquivo Histórico Ultramarino.

Page 18: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 18 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

GABINETE DE URBANIZAÇÃO COLONIAL (GUC). s.d./c. Projecto de posto sanitário fixo para regiões quentes e

húmidas – 2.ª fase [desenhos]. PT/AHU/MU/DGOPC/DSUH – Colecção de desenhos, processo n.º 61, Ultramar, rolo n.º 7. Lisboa. Arquivo Histórico Ultramarino.

GABINETE DE URBANIZAÇÃO COLONIAL (GUC). s.d./d. Projecto de posto sanitário fixo para regiões quentes e

húmidas – 4.ª fase [desenhos]. PT/AHU/MU/DGOPC/DSUH – Colecção de desenhos, processo n.º 63, Ultramar, rolo n.º 4. Lisboa. Arquivo Histórico Ultramarino.

GABINETE DE URBANIZAÇÃO COLONIAL (GUC). s.d./e. Projecto de posto sanitário fixo : última fase :

enfermaria regional mista : 56 camas [desenhos]. PT/AHU/MU/DGOPC/DSUH – Colecção de desenhos, processo n.º 36, Ultramar, rolo n.º 5. Lisboa. Arquivo Histórico Ultramarino.

GABINETE DE URBANIZAÇÃO DO ULTRAMAR (GUU). 1954. Centro de Saúde – 59 camas [desenhos]. PT/AHU/MU/DGOPC/DSUH – Colecção de desenhos, processo n.º 438. Lisboa, Ultramar, rolo n. 11. Arquivo Histórico Ultramarino.

GODINHO, Pedro. 2011. Tratamento Arquivístico de Documentação da Direcção-Geral de Obras Públicas e

Comunicações do extinto Ministério do Ultramar. Relatório de Estágio Profissional no âmbito do Curso de Mestrado em Ciências da Documentação e Informação (Arquivística). Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, Unidade de Literatura, Artes e Culturas. Disponível em http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/6978/1/ulfl111679_tm.pdf (último acesso em Dezembro de 2012).

I CONGRESSO NACIONAL DE MEDICINA TROPICAL. 1952a. Correspondência / Congresso Nacional de

Medicina Tropical. (compilação de correspondência). H-6 IHMT 2138. Lisboa. Biblioteca do Instituto de Higiene e Medicina Tropical.

I CONGRESSO NACIONAL DE MEDICINA TROPICAL. 1952b. Exposição Documental das Actividades Sanitárias

do Ultramar : Comemorativa dos Cinquentenários do Instituto de Medicina tropical e do Hospital do

Ultramar : Catálogo. Lisboa. s.n.

MENESES, Maria Paula. 2010. O ‘indígena’ africano e o colono ‘europeu’: a construção da diferença por processos legais. E-cadernos CES. N.º 7, 68-93. Coimbra. Centro de Estudos Sociais. Disponível em http://www.ces.uc.pt/myces/UserFiles/livros/693_04%2520-%2520Paula%2520Meneses%252023_06.pdf (último acesso em Janeiro de 2013).

MILHEIRO, Ana, DIAS, Eduardo. 2009. Arquitectura em Bissau e os Gabinetes de Urbanização colonial (1944-1974). arq.urb : Revista eletrônica de Arquitetura e Urbanismo. N.º 02: 80-114. Disponível em http://www.usjt.br/arq.urb/numero_02/artigo_ana.pdf (último acesso em Outubro de 2012).

MILHEIRO, Ana. s.d. Fazer Escola: a Arquitectura Pública do Gabinete de Urbanização Colonial para Luanda. Disponível em http://cargocollective.com/arquitecturamodernaluanda/filter/textos/Texto-1 (último acesso em Outubro de 2012).

Moçambique: documentário trimestral. 1935-1961. Lisboa. Agência Geral das Colónias. Disponível em http://memoria-africa.ua.pt/collections/mdt/tabid/206/language/pt-PT/Default.aspx (último acesso em Dezembro de 2012).

NEWITT, Malyn. 1997. História de Moçambique. Mem Martins. Publicações Europa-América.

PEDREIRINHO, José. 1994. Dicionário dos Arquitectos Activos em Portugal do Século I à Actualidade. Porto. Edições Afrontamento.

PERESTRELO, Afonso. 1944. A exposição da construção nas Colónias Portuguesas realizada no Instituto Superior Técnico. Técnica. Nº 151, Dezembro: 120-126. Lisboa. Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico.

Page 19: Maquetas de estruturas de Serviços de Saúde no … · maquetas de estruturas de serviÇos de saÚde no antigo ultramar portuguÊs: CIÊNCIA, ARQUITECTURA E POLÍTICA (COLECÇÃO

Página 19 de 19

ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

RIBEIRO, A. Pinto. 1946. Programa de acção sanitária e profilática. Lourenço Marques. Imprensa Nacional de Moçambique.

SANTOS, F. Ferreira dos. 1923. Assistência Médica aos Indígenas e Processos práticos da sua hospitalização –

Memória apresentada ao 1º Congresso de Medicina Tropical da Africa Ocidental realizado em

Luanda, em Julho 1923. Lourenço Marques. Tipografia Minerva Central.

SANTOS, F. Ferreira dos. 1931. Portugal : L'Assistance Médicale : Colonie de Moçambique. Lourenço Marques. Imprensa Nacional.

SILVA, J. Ferreira da. 1958. Os Serviços de Saúde e Higiene da Província de Moçambique. Anais do Instituto

de Medicina Tropical. Lisboa.