mapeamento sedimentar da região sudoeste de morro do chapéu-ba

Download Mapeamento sedimentar da região sudoeste de Morro do Chapéu-BA

If you can't read please download the document

Upload: wanderson-fonseca

Post on 11-Jan-2016

9 views

Category:

Documents


6 download

DESCRIPTION

Relatório de mapeamento sedimentar, descreve os afloramentos encontrados relacionando as unidades e os ambientes de deposição.

TRANSCRIPT

  • .

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA CAMPUS REITOR EDGARD SANTOS

    Centro das Cincias Exatas e das Tecnologias Curso de Graduao em Geologia

    Tase Gomes Da Silva Wanderson Ricardo Fonseca Rocha

    Bruno Eduardo Cardoso Silva Charles Moreira Da Silva

    RELATRIO DO MAPEAMENTO SEDIMENTAR DA REGIO SUDOESTE DE MORRO DO CHAPU/BA.

    Barreiras, BA. 2015

  • RESUMO

    No centro da Bahia, Municpio de Morro do Chapu-BA e municpio de

    Cafarnaum-BA, dentro Chapada Diamantina, encontra-se uma regio de relevo

    cupuliforme suave com blocos planlticos e planlticos crsticos, onde se encontram

    os afloramentos em camadas, lajedo e ravinas das formaes Caboclo e Morro do

    Chapu, pertencentes ao Grupo Chapada Diamantina.

    O trabalho tem como objetivo a caracterizaodos processos atuantes na

    histria da sedimentao da rea, correlacionando as litologias, estruturas

    sedimentares e outras feies. As formaes supracitadas contm rochas de idade

    mesoproterozica compostas por arenitos, pelitos e calcrios onde foram

    encontrados tambm sumidouros e uma caverna.

  • SUMRIO 1INTRODUO .......................................................................................................... 6

    1.1 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 6

    1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 6

    1.1.2 Objetivos especficos ................................................................................................... 6

    1.2 METODOLOGIA ................................................................................................................... 7

    1.2.1 Fase pr-campo ............................................................................................................ 7

    1.2.2 Fase campo ................................................................................................................... 8

    1.2.3 Fase ps-campo ........................................................................................................... 9

    2 ASPECTOS FISIOGRFICOS ........................................................................... 9

    2.1 LOCALIZAO E ACESSOS ........................................................................................... 9

    2.2 GEOMORFOLOGIA .......................................................................................................... 10

    2.3 CLIMA .................................................................................................................................. 12

    2.4 VEGETAO ..................................................................................................................... 13

    2.5 SOLOS ................................................................................................................................. 13

    3 GEOLOGIA....................................................................................................... 14

    3.1.1 Complexo Mair (Embasamento) ................................................................................... 16

    3.1.2 Grupo Chapada Diamantina ........................................................................................... 18

    3.1.2.1 Formao Tombador .................................................................................................... 18

    3.1.2.2 Formao Caboclo ........................................................................................................ 19

    3.1.2.3 Formao Morro do Chapu ....................................................................................... 22

    3.1.3 Grupo Una ......................................................................................................................... 25

    3.1.3.1 Formao Bebedouro ................................................................................................... 25

    3.1.3.2 Formao Salitre ........................................................................................................... 26

    3.1.4 Coberturas Trcio-Quaternrias .................................................................................... 27

    3.2.GEOLOGIA LOCAL ................................................................................................................ 29

    3.2.1 Grupo Chapada Diamantina ........................................................................................... 29

    3.2.1.1 Formao Caboclo ........................................................................................................ 30

    3.2.1.2 Formao Morro Do Chapu ....................................................................................... 32

    3.2.2 Coberturas ......................................................................................................................... 34

    3.2.2.1 Coberturas Trcio- Quaternrias ................................................................................ 35

    3.2.2.2 Coberturas Recentes .................................................................................................... 35

    3.3 GEOLOGIA ESTRUTURAL .................................................................................................. 36

    3.4 GEOLOGIA HISTRICA .................................................................................................. 39

    4 CONSIDERAES FINAIS ................................................................................... 40

  • 5 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................... 42

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1: Mapa gerado por fotointerpretao. ............................................................. 8

    Figura 2: Localizao da rea de estudo. ................................................................. 10

    Figura 3: Mapa Geomorfolgico da rea de estudo contida na Chapada Diamantina

    Centro Oriental. ......................................................................................................... 11

    Figura 4: Histograma de precipitao versus meses do ano para a cidade de Morro

    do Chapu. ................................................................................................................ 12

    Figura 5: Mapa Geolgico Regional, com foco no Complexo Mair, Grupo Chapada

    Diamantina, Grupo Una e Coberturas Trcio-Quaternrias. ..................................... 16

    Figura 6: Coluna Estratigrfica da Formao Caboclo. ............................................. 20

    Figura 7: Coluna Estratigrfica da Formao Morro do Chapu. .............................. 23

    Figura 8: Seo geolgica regional. .......................................................................... 28

    Figura 9: Coluna estratigrfica regional ..................................................................... 29

    Figura 10: Coluna estratigrfica local ........................................................................ 36

    Figura 11: Mapa geolgio e seo. ........................................................................... 38

  • NDICE DE FOTOGRAFIAS

    Fotografia 1: A) Afloramento do embasamento extremamente intemperizado; B)

    Migmatito com bandas centimtricas descontnuas; C) Bandas descontnuas

    decimtricas; D) Veios de quartzo. ............................................................................ 17

    Fotografia 2: A) Estratificao cruzada tabular; B) Estratificao cruzada acanalada;

    C) Estratificao cruzada tangencial; D) Estratificao plano-paralela. .................... 19

    Fotografia 3: A) Estratificao cruzada tipo hummocky; B) Laminao convoluta

    ocorrendo entre siltitos e argilitos; C) Estratificao cruzada tangencial; D) Gretas de

    ressecamento. ........................................................................................................... 21

    Fotografia 4: A) Marcas onduladas (ripples) vistos em planta; B) Estratificao

    cruzada espinha de peixe ; C) Estratificao cruzada tabular; D) Estratificao plano

    paralela. .................................................................................................................... 24

    Fotografia 5: A) Estrutura de sobrecarga e pseudonodulos; B) Intraclastos de argila

    emersos em matriz siltosa. ........................................................................................ 26

    Fotografia 6: Calcarenitos com estratificao plano-paralela. ................................... 27

    Fotografia 7: A) Arenito amarelado contendo laminao plano-paralela; B)

    Laminao cruzada tangencial em arcseo; C) Marcas onduladas suavizadas; D)

    Afloramento contendo estratificao plano- paralela. ................................................ 31

    Fotografia 8: A) Esteiras microbianas formando lamitos algais; B) Estratificao

    plano paralela em calcarenitos e calclutitos; C) Lente de silexito em meio aos

    calcarenitos com marcas onduladas; D) Blocos rolados contendo estromatlito

    colunar. ..................................................................................................................... 32

    Fotografia 9: A) Ao lado direito da foto quartzo arenito branco com estrutura macia;

    B) Estratificao plano-paralela em arenitos avermelhados; C) Estratificao cruzada

    acanalada em arenitos vermelhos; D) Estratificao cruzada acanalada sobreposta

    por estratifica ............................................................................................................. 34

    Fotografia 10: A) Solo sltico-argiloso vermelho amarelado ; B)Solo amarelado de

    textura areno-siltosa; C) Solo branco acinzentado localizado prximo as drenagens.

    .................................................................................................................................. 35

    Fotografia 12: Contato entre o embasamento e os arenitos da Formao Tombador

    .................................................................................................................................. 39

    Fotografia 13: Lmina de xido de ferro .................................................................... 40

  • 1INTRODUO

    A regio de Morro do Chapu- BA possui um grande potencial geolgico,

    composto por rochas diversificadas que variam desde siliciclsticas a carbonticas,

    bem como, uma importncia geocientfica no que diz respeito a didtica no estudo

    de modelos deposicionais do Mesoproterozico e Neoproterozico.

    Neste sentido, merece tambm ressaltar, que o local considerado um

    geoparque, com vinte e quatro geosstios, sendo quatro deles registrados no livro

    Stios Geolgicos e Paleontolgicos do Brasil, a Gruta dos Brejes, a Escarpa do

    Tombador, a Fazenda Arrecife e a Fazenda Cristal, que est inserida no nosso local

    de estudo.

    1.1 OBJETIVOS

    1.1.1 Objetivo Geral

    Este trabalho tem como finalidade o levantamento geolgico de uma rea

    determinada nas proximidades de Lagoinha-BA, distrito de Morro do Chapu- BA, na

    escala de 1:108.000, visando caracterizar os processos atuantes na histria da

    sedimentao da rea, correlacionando as litologias, estruturas sedimentares e

    outras feies que possam corroborar para um melhor entendimento e uma posterior

    remontagem dos ambientes deposicionais e atravs dos conhecimentos

    sedimentolgicos e estratigrficos identificar a evoluo sedimentar ocorrida na

    regio.

    1.1.2 Objetivos especficos

    Atravs da fotointerpretao, confeccionar um mapa fotogeolgico da

    rea estudada;

    Integrar os dados obtidos com as equipes que vo trabalhar nas reas

    adjacentespara uma sobreposio destas informaes no mapa;

    Reconstituir os possveis paleoambientes que deram origem as

    formaes encontradas em campo;

  • Produzir um mapa geolgico na escala de 1:108.000 que seja

    representativo da rea estudada.

    1.2 METODOLOGIA

    A metodologia empregada neste trabalho pode ser subdividida nas fases pr-

    campo, campo e ps-campo.

    1.2.1 Fase pr-campo

    Na fase pr-campo foram realizadas consultas bibliogrficas como arcabouo

    terico para a construo do conhecimento acerca da regio de estudo, bem como

    sintetizao das informaes sobre geologia regional.

    Nesta fase foram utilizadas fotos areas nmero 1736-1737-1738 (1974), da

    rea localizada ao sul de Lagoinha-BA, na escala de 1:108.000, do ano de 1974,

    fornecida pela CBPM, tambm foram delineados por meio de fotoanlise os

    parmetros como padro de relevo (cuesta e cupuliforme suave), padro de

    drenagens (dendritica textura grossa, ortogonal), vertentes (convexas, compostas,

    reta), possveis contatos litolgicos (Figura 1), lineamentos, afloramentos (lajedo,

    ravina e em camadas), malha rodoviria, e na sequncia, atravs da

    fotointerpretao foram separados as reas com caractersticas diferentes e

    classificao das provveis rochas.

  • Figura 1: Mapa gerado por fotointerpretao.

    Foram elaborados mapas temticos de geologia, geomorfologia e de

    localizao utilizando o software ArcGIS, Corel Draw e Paint; com a finalidade de

    obter informaes sobre a distribuio espacial dos parmetros utilizados e fazer a

    sobreposio dos mesmos a fim de correlacion-los.

    1.2.2 Fase campo

    Nesta etapa ser realizada uma sada tcnica at a rea de estudo, entre os

    dias 10 a 18 de novembro de 2014. Pretende-se fazer a anlise in situ das rochas,

    com o contato direto com as mesmas, o que poder possibilitar a analise destas e

    posteriormente levantar os dados necessrios para as associaes, inferncias,

    distribuies litolgicas e sugestes para os possveis ambientes de deposio. Os

    dados levantados nesta fase so compostos por descries de rochas, medidas de

    estruturas direcionais planares e lineares e por fim a relao de fcies sedimentares.

  • 1.2.3 Fase ps-campo

    Nesta fase sero efetuados anlise e tratamentos das amostras obtidas em

    campo no intuito de se ter dados suficientes para que se possa ter um mapa

    geolgico final como resultado.

    2 ASPECTOS FISIOGRFICOS

    2.1 LOCALIZAO E ACESSOS

    A rea de estudo est inserida na regio da Chapada Diamantina entre as

    cidades de Lagoinha-BA e Arizona-BA, abrange uma rea aproximada de 110 km

    -

    -

    Para acessar a rea de estudo segue-se a partir de Barreiras cerca de 400km

    pela BR 242 passando por Seabra-BA e entrando ao norte na BR 122, sege 35 km

    at Gameleira-BA, entra na BA-247 e a 60 km de distancia chega a Bonito-BA onde

    se pega a BA-144 sendo percorridos cerca de 15 km at a rea de interesse a sul

    de Lagoinha, distrito da cidade Morro do Chapu-BA.

  • Figura 2:Localizao da rea de estudo.

    Fonte: CPRM, 2003.

    2.2 GEOMORFOLOGIA

    De um modo geral a geomorfologia da regio que abrange a rea de estudos

    composta basicamente por trs unidades geomorfolgicas, sendo estas: Planalto

    Crstico, Blocos Planlticos e Pediplanos Cimeiros (Fig. 3).

    O Planalto Crstico localiza-se a oeste da rea de estudo, sendo caracterizada

    por possuir topografia levemente ondulada, com ondulaes suaves e com ausncia

    de escarpas, apesar de apresentar elevado gradiente altimtrico entre os interflvios

    e os vales, como bem ressalta Da Silva (2005).Destaca-se ainda que esta unidade

    seja constituda por uma Chapada descontinua que possui variaes de altitude de

    600 a 800 metros. Esta unidade composta por rochas calcrias do Grupo Una.

    Os Blocos Planlticos, de acordo com Da Silva (2005), compreendem

    elevaes residuais que correspondem a dobras anticlinais falhadas e entalhadas,

    que possuem bordas situadas no contato metaconglomerados/metarenitos com

    metassiltitos/metargilitos, tais bordas so escarpadas. Atribui-se a esta unidade

  • compartimentos elevados e feies estruturais esculpidas sobre os sedimentos

    metamorfisados do Grupo Chapada Diamantina.

    A terceira unidade geomorfolgica presente na regio o Pediplano Cimeiro,

    caracterizado porDa Silva (2005), por possuir formas de relevo que se aplicam aos

    modelos de aplainamento, resultantes da denudao de uma superfcie interrompida

    em alguns pontos por cristas residuais de camadas mais resistentes. Portando nesta

    unidade os relevos planos ocorrem em nveis que variam de 750 a 1850 metros.

    Figura 3: Mapa Geomorfolgico da rea de estudo contida na Chapada Diamantina Centro

    Oriental.

  • Fonte: IBAMA, 2003.

    2.3 CLIMA

    A Chapada Diamantina possui clima caracterstico submido a seco que possui

    representao no mapa pela cor amarelo - C1dB - e tem como principais

    caractersticas, excedente hdrico de 0 a 100 mm e chuvas concentradas no perodo

    primavera/vero. O clima tropical de altitude, com a classificao internacional da

    escala de kppen com temperaturas amenas, com temperatura media por volta de

    22C. No inverno, j foi verificada a temperatura de 5C, nos horrios mais frios. Por

    mais que essas temperaturas ocorram com uma raridade considervel, j foram

    registradas geadas fracas nesses dias de frio mais intenso (EMBRAPA 2014).

    Apresenta duas estaes bem definidas: A das chuvas que vai de novembro a

    abril e a das secas que vai do final de abril a outubro (Figura 4).

    Figura 4:Histograma de precipitao versus meses do ano para a cidade de Morro do

    Chapu.

    Fonte: INMET, 2013.

  • 2.4 VEGETAO

    No local de estudo ocorre quatro tipos de vegetaes representadas pelos

    biomas: cerrado, campo rupestre, floresta estacional e caatinga, podendo ser

    interpretadas a partir das litologias e solos predominantes (Juncet. al., 2005).

    Conforme Junc et. al. (2005), nos locais onde predominam as rochas

    carbonticas, destacam-se a caatinga arbustiva-arbreo; nas sequncias arenticas,

    percebe-se a caatinga arbustiva- arbrea densa; nas unidades ritmicas a

    diamictticas e arenceasconglomerticas, predominam a floresta estacional semi-

    decdua e o contato floresta/ caatinga arbrea fortemente antropizado pela

    agricultura e agropecuria; nas regies de domnios carbonticos e embasamento

    cristalino, observam-se os contatos caatinga e floresta estacional semi- decdua e o

    contato caatinga e cerrado; nos conglomerados, possvel ver os contatos campo

    rupestre e floresta estacional semi-decdua e o contato campo rupestre/ cerrado/

    caatinga.

    2.5 SOLOS

    Atravs das relaes feitas, com sobreposio de mapas, entre os aspectos

    fisiogrficos (geomorfologia, vegetao e clima), e informaes litolgicas, foi

    possvel interpretar dados pedogenticos da regio de estudo (Tabela 1).

    Litologia Geomorfologia Vegetao Clima Solos

    Arenitos

    Arcoseanos

    (Form. Morro do

    Chapu)

    Blocos

    Planalticos

    Caatinga

    arbrea

    arbustiva e,

    agricultura e

    pecuria

    Submido a

    seco

    neossolo-litlicos e

    cambissolos

    Quartzo Arenito

    (Form. Morro do

    Chapu)

    Blocos

    Planalticos

    Caatinga

    arbrea

    arbustiva e

    agricultura e

    pecuria

    Submido a

    seco

    Neossolo-litlicos e

    quartzarnico

  • Arenitos (Form.

    Morro do

    Chapu)

    Pediplano cimero

    e

    bolcosplanalticos

    Caatinga

    arbrea

    arbustiva e

    agricultura e

    pecuria

    Submido a

    seco Neossolo-litlicos

    Quartzo Arenito,

    Laminitoalgal,

    siltito,

    calcarenito,

    Arenito

    conglomertico

    (Form. Caboclo)

    Pediplano cimero

    Caatinga

    arbrea

    arbustiva e

    agricultura e

    pecuria

    Submido a

    seco

    Latossolo

    Vermelho-Amarelo

    Tabela 1: Aspectos fisiogrficos e litolgicos da rea de trabalho.

    3 GEOLOGIA

    3.1 GEOLOGIA REGIONAL

    O compartimento tectnico mais bem estudado da plataforma sul-americana

    o Crton do So Francisco- CSF (Almeida, 1967; 1977), que domina principalmente

    os estados da Bahia e Minas Gerais. Seus limites so marcados por cintures

    dobrados durante o Ciclo Brasiliano no Neoproterozico, confirmado com dados

    geolgicos e geofsicos. Ao norte e ao nordeste, o crton est limitado pelos

    Cintures Riacho do Pontal e Sergipano (Brito Neves et al, 2000), respectivamente;

    pelo Cinturo Araua (Almeida, 1977), ao sul; o Cinturo Braslia (Almeida, 1969), a

    oeste; o Cinturo Rio Preto (Brito Neves et al., 2000), ao norte; e ao sul, pela Faixa

    Rio Grande (Alkmim et al., 1993)

    O CSF truncado por um rifte abortado, orientado de N-S, no qual se

    depositaram protlitosMesoproterozicos do Supergrupo Espinhao e unidades

    Neoproterozicas do Supergrupo So Francisco.

    As rochas do Supergrupo Espinhao tem diversas interpretaes para sua

    deposio, para Schobbenhaus (1996), as rochas foram depositadas em um evento

    de tafrognese e para Dussin&Dussin (1995), tambm interpretada como um

  • riftabortado que foi submetido a metamorfismo durante o evento da orognese

    brasiliana.

    Para que houvesse a deposio das atuais rochas sedimentares que compem

    o Supergrupo Espinhao, ocorreu um evento de abertura de um rift (1.750 M. a.), em

    seguida, um evento de vulcanismo associado a uma sedimentao detrtica que

    marca o Grupo Rio dos Remdios, a formao dessa bacia

    intracratnicatectnicamente ativa permitiu depositar tambm o Grupo Paraguau

    composto de sedimentos terrgenos (Schobbenhaus, 1996).

    A bacia no qual se depositaram as rochas do Supergrupo Espinhao formou-se

    por volta 1,7 Ga, e nesta foram depositadas as unidades Paraguau- Rio dos

    Remdios, Provncia Chapada Diamantina, alm das sequncias Borda Leste,

    Espinhao e Gentio (Schobbenhaus, 1996).

    O Grupo Chapada Diamantina teve no incio da sua deposio a Faixa

    Jacobina-Contendas-Mirante como rea fonte, esta faixa foi soerguida durante o

    evento do ciclo transamaznico de idade de 1,9 Ga. (Pedreira, 1994); e num

    contexto de ambientes de leques aluviais, fluviais e fluvio-elicos foram depositados

    os sedimentos arenticos e conglomerticos da Formao Tombador.

    A Formao Caboclo foi depositada num evento de transgresso e regresso

    marinha, onde se teve a deposio de sedimentos siliciclsticos e carbonticos bem

    caracterizado pelas construes estromatolticas. Ambas as formaes, Tombador e

    Caboclo, foram depositadas no Mesoproterozico (1200 1000 M.a) e se estendem

    sobre grandes reas, o que de acordo com Schobbenhaus (1996), sugere

    estabilidade tectnica.

    Na rea de pesquisa, afloram o Complexo Mair (Arqueano) como

    embasamento, rochas dos grupos Chapada Diamantina (Mesoproterozico) e Una

    (Neproterozico), bem comoCoberturas Trcio- quaternrias, em sequncia de topo

    e base (Figura 5), (CPRM, 1996) e (Figura 10).

  • Figura 5: Mapa Geolgico Regional, com foco no Complexo Mair, Grupo Chapada Diamantina, Grupo Una e Coberturas Trcio-Quaternrias.

    Fonte: CPRM, 1996.

    3.1.1 Complexo Mair (Embasamento)

    O Complexo Mairpossui idade Arqueana, est formado por

    ortognaissesmigmatitcos, com intercalaes descontnuas de metabsicas,

  • metaultrabsicas e calcissilicticas; formaes ferrferas bandadas e

    paragnaisseskinzigticos (Sampaio, 1998).

    Os afloramentos do embasamento, situam-se num corte de estrada prximo a

    BA- 052, est composto por Biotita Gnaisse, oriundo de protlito grantico, possuindo

    bandamento composicional contendo bandas mficas de espessura milimtrica

    centimtrica (Fotografia 1B) e esporadicamente algumas bandas mficas de

    espessura decimtrica (Fotografia 1C).

    Foram observados alguns veios pegmatides de quartzo que podem significar

    fuso parcial desse gnaisse (Fotografia1D), o que o tornaria um migmatito,

    entretanto o afloramento encontra-se extremamente intemperizado com minerais de

    caolinita abundantes (Fotografia 1A).

    Fotografia1: A) Afloramento do embasamento extremamente intemperizado; B) Migmatito com bandas centimtricas descontnuas; C) Bandas descontnuas decimtricas; D) Veios de quartzo.

  • 3.1.2 Grupo Chapada Diamantina

    Em sequncia, o Grupo Chapada Diamantina de idade Mesoproterozica, foi

    dividido inicialmente por Derby (1905), da base para o topo, em Formao

    Tombador, Formao Caboclo e Formao Morro do Chapu. Posteriormente foi

    retirada a Formao Morro do Chapu do grupo, ideia proposta por Schobbenhaus

    (1993; 1996), por Teixeira et al. (2005) e mais adiante por Loureiro et al.(2008).

    Esses ltimos autores fundamentaram esta proposta pelo fato de existir diques

    bsicos de carter anorognico que cortam as unidades do grupo, mas no a

    Formao Morro do Chapu; alm disso, Dominguez (1993), ainda prope a

    ocorrncia de uma superfcie erosiva na base desta formao.

    3.1.2.1 Formao Tombador

    BARBOSA, (2012), compreende trs associaes siliciclsticas,

    frequentemente silicificadas para representar a Formao Tombador. A associao

    basal est constituda de metaconglomerados oligomtico e polimtico com clastos de

    quartzo, quartzitos verde, cinza e rosa, chert, metarenito e metassiltito;

    metaquartzoarenito e metarenito impuro mal selecionado.

    A sequncia intermediria encontra-se metarenitos feldspticos mal

    selecionados e metaconglomeradooligomtico com clastos de quartzo leitoso,

    quartzito e metarenito. A associao superior composta por metaquartzoarenito

    bimodal bem selecionado e nveis de metarenito e metaconglomerado.

    Em geral, possui estruturas como estratificaes cruzadas acanalada e

    tangenciais, gradao normal, alm de feies ruiniformes superficiais. Misi& Silva

    (1996), caracterizam os ambientes desta sequncia por rios entrelaados, leque

    aluvionares e dunas elica.

    Em seus afloramentos observam-se duas litofcies distintas, a primeira delas

    corresponde a arcseos mal selecionados, com estratificao cruzada tabular

    intercalados com grauvacas, a qual se atribui formao em paleoambiente leque

    aluvial distal. Ao passo que a segunda corresponde a arenito grosso bimodal e

    arcseo grosso bimodal contendo estratificao cruzada tangencial, estratificao

  • cruzada acanalada e estratificao plano-paralela (Fotografia2). Tais atributos

    remontam a um ambiente de barra longitudinal.

    Fotografia 2: A) Estratificao cruzada tabular; B) Estratificao cruzada acanalada; C) Estratificao cruzada tangencial; D) Estratificao plano-paralela.

    3.1.2.2 Formao Caboclo

    A Formao Caboclo apresenta uma sequncia com diamictitos, pelitos,

    arenitos, conglomerados, dolomitos e calcrios, muitas vezes silicificadas e

    constituindo corpos estromatolticos (Figura 6). Nesta formao contm

    estratificaes cruzadas tabular e espinha-de-peixe, estratificaes plano-paralelas,

    estruturas tipo wavye linsen nos argilitos e tipo hummockies, ondulaes truncadas e

    camadas rompidas (Misi& Silva, 1994; 1996).

    Na Fazenda Cristal, prximo ao municpio de Morro do Chapu, afloram as

    seguintes litofcies: laminitoalgal- estromatlito colunar, lamito- arenito ,laminitoalgal-

    calcarenitoooltico, arenito conglomertico, lamito- arenito, laminitoalgal-

    calcarenitoooltico, arenito conglomertico, lamito- arenito, siltito lenticular

  • amalgamado e laminitoalgal- calcarenito- estromatlito colunar; nesta regio a

    formao possui 400 metros de espessura (Srivastava& Rocha, 1999).

    Figura 6: Coluna Estratigrfica da Formao Caboclo.

    Fonte: (Rocha & Pedreira, 2009).

    Os autores apontam a sua sedimentao em ambientes de plataforma marinha

    progradante, dominada por tempestade e ondas de plancie de mar, barra de

    plataforma e litoral. Dominguez (1993) observou arenitos fluviais dentro desta

    formao, tpicas de exposio subarea da plataforma com inciso de drenagens e

    variaes do nvel eusttico do mar.

    As rochas desta formao so do Mesoproterozoico e abrangem os ambientes

    transicionais costeiros e marinhoplataformal raso. Foram observadas em campo

    intercalaes entre arenitos e siltitos, alternando a predominncia dessas duas

    classes texturais em funo da sucesso vertical. Os afloramentos estavam

    dispostos com sequncias gradacionais do tipo coarseningup, onde aparece na base

    peltos, comumente argilitos esbranquiados contendo estrutura macia e laminao

  • convoluta, sendo geralmente sobrepostos por siltitos amarelados dotados de

    estrutura macia e planos de fissilidade incipientes atribudos devido ao maior grau

    de argilosidade (Fotografia 3B).

    Fotografia 3: A) Estratificao cruzada tipo hummocky; B) Laminao convoluta ocorrendo entre siltitos e argilitos; C) Estratificao cruzada tangencial; D) Gretas de ressecamento.

    Foram notadas gretas de ressecamento (Fotografia 3D), possibilitadas pela

    presena de lentes argilosas, que davam espao as lentes arenosas na sucesso

    vertical. Portanto, haviam estratificaes do tipo linsen e wavy, no topo o predomnio

    era de arenitos avermelhados finos com gros subarredondados com contato

    pontual entre si, quantidade de matriz inferior a 10%, e predomnio de quartzo, o que

    caracteriza a rocha como matura. So comuns estratificaes cruzadas tangenciais

    (Fotografia 3C), ripples, hummocky(Fotografia 3A) e estratificao do tipo flaser. No

    entanto, esse tipo de estratificao passa a no ser observada nos arenitos

    avermelhados de textura mdia que sucedem os arenitos finos na estratigrafia.

    Interpreta-se que essa associao de fcies se encaixa nos atributos

    inerentes a um sistema deposicional marinho plataformal raso gradando

  • verticalmente para plancie de mar, ou seja, os sedimentos continentais progradam

    sobre os sedimentos marinhos.

    3.1.2.3 Formao Morro do Chapu

    Na regio em que se deu o seu nome, a Formao Morro do Chapu,

    compreende ortoquartzitos brancos e rseos com estratificao plano- paralela e

    cruzadas possuindo pelo menos duas intercalaes de argilitos roxos micceos. De

    acordo com Guimares & Pedreira (1990), esta unidade foi submetida a vrios ciclos

    de sedimentao que iniciam com conglomerados e finalizam com arenitos finos ou

    argilitos (Figura 7).

    Conforme os autores esses conglomerados so polimticos de cor cinza claro a

    rseos com matriz de granulao fina a grossa, mal selecionada, e com clastos de

    silex, quartzo, quartzito e arenito; tendo como caracterstica principal estratificao

    cruzada acanalada de grande porte. Os arenitos so rosados a avermelhados, com

    granulao de fina a mdia, matriz argilosa ou miccea, com estruturas do tipo

    estratificaes plano-paralelas e cruzadas tabulares a acanaladas, com marcas

    onduladas no topo. Os pelitos ocorrem associados a essas ltimas estruturas dos

    arenitos e s vezes aparece em forma de estratificao cruzada espinha-de-peixe.

  • Figura 7: Coluna Estratigrfica da Formao Morro do Chapu.

    Fonte: (Rocha & Pedreira, 2009).

    Misi& Silva (1994; 1996), descreve a sua sedimentao a partir de sistemas de

    plancies aluviais, iniciando com leques aluviais e passando para o fluvial tpico,

    provavelmente rios anastomosados; plancies de mar, dunas elicas e frente

    deltaca.

    As rochas pertencentes a essa formao foram depositadas em paleoambiente

    deposicional fluvial entrelaado, deltaico e costeiro intermar/submar. Foi

    observado na base, ortoconglomerados contendo estrutura macia, sobreposto por

    arenito conglomertico acinzentado com estratificao cruzada acanalada,

    caracterizando um elemento arquitetural do tipo canal ativo, em sistema deposicional

    fluvial entrelaado.

    Na sequncia estratigrfica tm-se um quartzo arenito avermelhado de

    granulometria mdia a grossa, com gros bem selecionados, subarredondados e

    com boa esfericidade, possuindo contato pontual entre si. A rocha encontra-se

    pouco porosa, mas muito se atribui a cimentao que inclusive obstrui algumas

    estruturas sedimentares. Foram observadas estratificao plano-paralela,

    estratificaes cruzadas acanaladas, tabular e espinha de peixe, gradao normal e

  • ripples(Fotografia4). Interpreta-se que essa fcies corresponde a um sistema

    deposicionalpraial, elemento arquitetural intermar/submar.

    A fcies supramencionada sucedida por subarcseo fino amarelado com

    gros subarredondados, contendo contato pontual entre si, e porcentagem de matriz

    menor que 10%. A rocha apresenta planos de fissilidade atribudos devido

    presena de finas lminas de argilominerais, contudo possua boa porosidade.

    Notou-se uma sequncia do tipo finningup, contendo no topo siltitos. Nessa litofcies

    foram descritas estratificao cruzada sigmoidal, tangencial, hummocky e estruturas

    de escape de fluido. Interpreta-se que essa fcies corresponde a frente deltaica de

    um sistema deposicional deltaico.

    Fotografia 4: A) Marcas onduladas (ripples) vistos em planta; B) Estratificao cruzada espinha de peixe ; C) Estratificao cruzada tabular; D) Estratificao plano paralela.