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1 Estado do Rio Grande do Sul Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos FUNDAÇÃO DE ARTICULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E COM ALTAS HABILIDADES NO RIO GRANDE DO SUL – FADERS - Mapeamento da Política Pública para as Pessoas com Altas Habilidades/Superdotação no Estado do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2013

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Estado do Rio Grande do SulSecretaria da Justiça e dos Direitos Humanos

FUNDAÇÃO DE ARTICULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E COM ALTAS HABILIDADES NO RIO GRANDE DO SUL –

FADERS -

Mapeamento da Política Pública para as

Pessoas com Altas Habilidades/Superdotação

no Estado do Rio Grande do Sul

Porto Alegre

2013

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Marli Conzatti

Presidenta da FADERS/SJDH

Marcus Alexandre A. de Barcellos

Diretor Administrativo da FADERS/SJDH

Clarissa Alliati Beleza

Diretora Técnica da FADERS/SJDH

Clarissa Meira Ferreira

Coordenadora de Pesquisa da FADERS/SJDH

Alexsandra Paz Araújo

Coordenadora do SAFE/FADERS/SJDH

Mara Regina Nieckel da Costa

Técnica da FADERS/SJDH

Coordenadora da Pesquisa

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APRESENTAÇÃO

O relatório apresenta o documento intitulado Mapeamento da Política Pública para as Pessoas com Altas Habilidades/Superdotação no Estado do Rio Grande do Sul, resultado de estudo desenvolvido em 2012, com o objetivo de analisar a realidade da política pública de atendimento educacional à referida população nas instituições públicas – federais, estaduais e municipais - do Estado. O mapeamento foi desenvolvido pela Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul/FADERS, órgão da Secretaria da Justiça e Direitos Humanos/SJDH, e está amparado pelo Decreto Estadual 48.963, de 30 de março de 2012, que instituiu a Política Estadual para as Pessoas com Deficiência e Pessoas com Altas Habilidades. O estudo reúne as informações sobre a estrutura do atendimento oferecido aos alunos com altas habilidades/superdotação (AH/SD), o modelo de identificação dos indicadores deste perfil utilizado nas escolas e em outras instituições da rede pública, a capacitação dos profissionais na área e a concepção de inteligência que embasa os serviços. Paralelo aos dados quantitativos, o estudo teve também uma abordagem qualitativa, ao discutir dados contextualizados e analisar a percepção dos segmentos envolvidos, ou seja, dos professores, dos familiares e dos alunos com AH/SD. O desenvolvimento do mapeamento foi previsto no Plano Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência instituído pelo Governo do Estado, em 2012. Foram parceiros no levantamento dos dados: a Secretaria de Educação/SEDUC, com a contribuição da Divisão de Educação Inclusiva e das Coordenadorias Regionais de Educação, as Secretarias de Educação dos municípios que desenvolvem intervenções na área, a unidade de atendimento às AH/SD da FADERS/FJDH, o NAAHS/RS, o Programa de Incentivo ao Talento/PIT, da UFSM, e as associações representativas da temática na sociedade civil - o ConBraSD e a AGAAHSD. O relatório, além de mapear a realidade, tem um caráter propositivo na medida em que visa desafiar e subsidiar futuras ações governamentais e formação de parcerias para atender, de forma concreta, às necessidades das pessoas com AH/SD, destacando-se as políticas públicas e a defesa dos seus direitos.

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Introdução

O Rio Grande Sul, historicamente, tem se destacado na compreensão de que os direitos de uma sociedade são garantidos essencialmente pela implantação de políticas públicas. Em relação à temática específica deste estudo, cabe fazer alguns resgates de projetos, programas, instrumentos legais e outras iniciativas de âmbito governamental relacionadas à área das altas habilidades/superdotação (AH/SD) no panorama gaúcho.

Inicialmente, destaca-se o fato de que a Constituição Estadual de 1989 foi pioneira no Brasil a garantir o atendimento educacional aos alunos superdotados nos seus Art. 199 e 214 (RIO GRANDE DO SUL, 1989). Como consequência, a FADERS - na época vinculada à Secretaria de Educação - passou a ser a responsável pela proposição, assessoramento, coordenação e execução da política de atendimento às pessoas com deficiência e às pessoas superdotadas e/ou talentosas no Estado, como previsto na Lei 9049/90 (RIO GRANDE DO SUL, 1990). Para desenvolver suas ações, a Fundação se reformulou, reforçou a equipe técnica na área das AH/SD e ampliou o desenvolvimento do serviço (que já havia desde a década de setenta). Também houve um importante investimento na qualificação de seus profissionais para atuarem na temática. Este serviço veio a constituir-se no Núcleo de Atendimento às Pessoas Portadoras de Altas Habilidades - NAPPAH/FADERS.

Um momento marcante na política estadual foi a criação do Decreto 36.577/96, que lançou o Programa Estadual de Atenção Integral à Pessoa Portadora de Deficiência e à Pessoa Portadora de Altas Habilidades, o PEAI (RIO GRANDE DO SUL, 1996). O mesmo foi elaborado por representantes de entidades representativas dos segmentos incluídos na Educação Especial, Secretarias de Estado e instituições de ensino superior. Deste grupo, também fez parte a Associação Brasileira para Superdotados – Seção RS (ABSD-RS)1. Como a área das AH/SD exigia movimentos mais pontuais, a FADERS constituiu, então, uma segunda comissão que elaborou o Programa Estadual de Atenção Integral - AH/SD “Descobrindo o Cidadão com Potenciais de Talento”. O referido programa trouxe grandes avanços, especialmente divulgando fora do estado a proposta do Rio Grande do Sul para a área das AH/SD. No governo seguinte, com alterações no projeto que novamente vinculava as duas áreas, foi instituído o Decreto 39.678/99, com a Política Pública para Pessoas Portadoras de Deficiência e Pessoas Portadoras de Altas Habilidades/Superdotação, implementada pela FADERS (RIO GRANDE DO SUL, 1999).

Com a promulgação da Lei 11.666 (RIO GRANDE DO SUL, 2001), essa Fundação mudou sua denominação para Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência e de Altas Habilidades, mas manteve a vinculação à Secretaria da Educação. As competências da instituição também se modificaram e a ênfase foi dada às funções de promover, coordenar e executar programas

1 A Associação Brasileira para Superdotados – Seção RS (ABSD-RS) foi fundada em 1981. Como consequência de mudanças na organização da instituição no território nacional, a ABSD deu origem à Associação Gaúcha de Apoio às AH/SD – AGAAHSD (ABSD-RS, 2000), entidade que hoje representa este segmento no estado.

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e serviços de atendimento originalmente estabelecidos no dispositivo que a criou - Lei 6.616/73. Nesta nova perspectiva, tornou-se possível a realização do Curso de Capacitação na Área das AH/SD, com 420 horas-aula, oferecido a 50 professores das Coordenadorias Regionais de Educação do Estado, técnicos da FADERS e membros da diretoria da AGAAHSD. O Curso teve início em março de 2002 e foi resultante da parceria SEE/FADERS/UFRGS. O processo desencadeou a implantação de 24 Salas de Recursos para atendimento educacional aos alunos com AH/SD nas escolas públicas da rede estadual (sete Salas na capital e 17 Salas em cidades do interior do RS). Estava sendo, desta forma, lançada a primeira e fundamental ação para que uma política concreta para as AH/SD se efetivasse. Cabe aqui referir que muitas dessas Salas continuam ativas, embora sejam denominadas Salas de Recursos Multifuncionais e atendam, na atualidade, todos os segmentos da Educação Especial. Estes atendimentos serão alvo de análise mais adiante, neste mesmo relatório.

Outra legislação importante de ser citada, na história da Educação Inclusiva no Estado, é a Lei Estadual 13.601, de 01 de janeiro de 2011 (RIO GRANDE SO SUL, 2011), que apresentou a Estrutura Administrativa do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul, designando a Secretaria da Justiça e Direitos Humanos como responsável por promover os direitos humanos, executar políticas e ações públicas para a pessoa com deficiência e com AH/SD. Na definição da nova estrutura, a FADERS passa a ser vinculada a esta Secretaria. A Secretaria de Educação/SEDUC mantém suas funções na Educação Especial.

Em 28 de abril do mesmo ano, foi promulgada a Lei Estadual 13.720, que criou o Fundo Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Altas Habilidades (RIO GRANDE DO SUL, 2011a), possibilitando o financiamento de projetos para promover os direitos, a emancipação e a inclusão social das pessoas com deficiência e com AH/SD. A Lei também prevê a realização de ações na área que permitem monitorar e avaliar o cumprimento - pelos setores público e privado - da legislação sobre pessoas com deficiência e com AH/SD, além de desenvolver programas setoriais destinados ao atendimento especializado para a mesma população.

O maior destaque, no entanto, deve ser dado ao Decreto Estadual 48.963, de 30 de março de 2012 (RIO GRANDE DO SUL, 2012), que instituiu a Política Estadual para as Pessoas com Deficiência e Pessoas com AH/SD, fundamentada, principalmente, no princípio que reconhece os direitos de equiparação de oportunidades necessárias à afirmação da cidadania e à inclusão social e o respeito às diferenças das pessoas com deficiência e pessoas com AH/SD.

O Decreto define que é

objetivo da Política Pública Estadual para as Pessoas com Deficiência – PcD's e Pessoas com Altas Habilidades – PcAH's, planejar integralmente e acompanhar a implantação dos projetos que garantam o acesso às ações que compõem, mediante o desenvolvimento de iniciativas conjuntas do Estado, respeitadas as instâncias de controle social, de modo a assegurar a plena integração e inclusão, econômica, laboral e cultural das PcD's e PcAH's (RIO GRANDE DO SUL, 2012).

Fica na responsabilidade da FADERS/SJDH, portanto, atuar na proposição e

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articulação das ações do Rio Grande do Sul para este setor social, na interlocução do Estado com a sociedade civil e na proposição e articulação da política de formação e capacitação de recursos humanos. Com o referido Decreto, ficaram revogados: o Decreto n° 36.577 de 28 de março de 1996, o Decreto n° 37.532 de 8 de julho de 1997, o Decreto n° 37.667 de 20 de agosto de 1997 e o Decreto nº 39.678 de 23 de agosto de 1999 (RIO GRANDE DO SUL, 2012).

Mais algumas referências, especificando ações diretamente voltadas à atenção às AH/SD, fazem-se necessárias, embora contrariando a cronologia deste relato. Em 2004, baseada no princípio da importância de uma política para o desenvolvimento de projetos relevantes, a equipe técnica da FADERS elaborou uma proposta de Política Pública Educacional para Pessoas Portadoras de AH/SD, em consonância com a Secretaria Estadual de Educação - SEE. Muito importante para que este processo evoluísse foi também a participação da sociedade civil, especialmente as próprias pessoas com AH/SD e seus familiares representados pela Associação Gaúcha de Apoio às AH/SD - a AGAAHSD - que sempre reivindicou o atendimento educacional desses alunos nas escolas públicas, especialmente nas Plenárias do Fórum Permanente de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência e de Altas Habilidades2. Este movimento foi reconhecido, pelo MEC, como um marco histórico na educação destes alunos, em evento nacional promovido pelo Conselho Brasileiro para Superdotação – ConBraSD, também em 2004, em Pirenópolis (GO), quando a proposta foi apresentada e detalhada.

Esta proposta de Política Pública Educacional para Pessoas Portadoras de Altas Habilidades apresentou os marcos teóricos que a sustentava e orientou os passos para sua execução, incluindo o processo de identificação dos indicadores de AH/SD na escola, o atendimento educacional e a formação continuada dos professores. O grande desafio, no entanto, foi articular ações entre o setor público e a sociedade civil no sentido de integrar e reunir esforços, constituindo-se parcerias que inaugurassem uma rede de recursos favoráveis à implantação de uma política pública. A grande expectativa para a efetivação da política sempre foi o caminho que deveria garantir “o desenvolvimento de projetos sistemáticos de atendimento a todas as pessoas, independentemente de suas limitações e potencialidades – o que corresponde ao paradigma da inclusão” (COSTA, GERMANI e VIEIRA, p. 204).

Outro movimento importante de ser mencionado nesta breve retomada da história mais recente do atendimento às AH/SD foi a criação, pelo Ministério da Educação, dos Nú-cleos de Atividades de Altas Habilidades (NAAHSs) nas 26 unidades da Federação, em 2006 (MAIA-PINTO, 2006). A ideia é de que, nestes núcleos, devam ser oferecidas oportu-nidades para que alunos desenvolvam talentos e potenciais. As atividades incluem, priorita-riamente, a formação dos professores para identificar e atender os alunos nas suas habili -dades, interesses, estilos de aprendizagem e expressão das potencialidades nas diferentes faixas etárias. Os mesmos funcionam em local indicado pela Secretaria de Educação Esta-dual ou Municipal e incluem três unidades: aluno, professor e família. Portanto, além do

2 O Fórum Permanente de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência e Altas Habilidades constitui-se num espaço de discussão e de reivindicação dos direitos desta população, pela sociedade civil, no Rio Grande do Sul.

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atendimento às pessoas com AH/SD, o Núcleo se propõe a oferecer suporte pedagógico aos professores e orientação às famílias desses alunos. No Rio Grande do Sul, na sua cria-ção, houve concordância que o NAAHS/RS ficaria sediado na FADERS e se agregaria ao atendimento que já era oferecido à população. Em 2012, a Secretaria de Educação do Es-tado manifestou a intenção de assumir a responsabilidade pelo serviço e esta transição concretizou-se recentemente.

Os Núcleos, em todo Brasil, oportunizaram parcerias e convênios entre órgãos gover-namentais, instituições de ensino superior, ONGs e a comunidade, dando expressiva visibi-lidade à área. No entanto, nem todos os Núcleos se desenvolveram de acordo com as ex-pectativas. Os resultados deste programa têm sido analisados por estudiosos da área e a conclusão é de que há NAAHSs com excelentes trabalhos, ao passo que outros têm en-frentado muitas dificuldades. A complexidade do trabalho, o desconhecimento do assunto AH/SD por parte do contexto social, a ausência de apoio e valorização das autoridades educacionais, a reduzida oferta de formação continuada de professores, dentre outras questões, têm frustrado algumas comunidades em diferentes regiões do país.

Uma realidade tão diversa e dinâmica exige uma constante atualização. E este foi o propósito do mapeamento que é apresentado neste relatório. Primeiro, porque é indiscutível a importância do atendimento aos alunos com AH/SD, principalmente pela coerência que precisa ter uma sociedade que se diz inclusiva (e, portanto, atender a todos, independente de suas características diferenciadas. Em segundo lugar, porque é necessário que se saiba quantas são as pessoas com AH/SD, quem são e onde devem buscar os recursos para o atendimento no RS. Para isso, foi necessário realizar um mapeamento que situasse os atendimentos disponíveis no estado gaúcho, que apresentasse as concepções que embasam estas iniciativas e que descrevesse como são tratadas as diferenças e a subjetividade das pessoas com AH/SD.

Cabe ainda o registro de que o presente estudo foi previsto no Plano Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (RIO GRANDE DO SUL, 2012), instituído pelo Governo do Estado, em 2012, e que previu quatro eixos de atuação. No eixo Acesso à Educação, foi incluído o Mapeamento da Política Pública Educacional para Pessoas Portadoras de AH/SD, que foi definido pelo Comitê Gestor do Plano como uma das ações a serem executadas. Embora o Plano Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência tenha a finalidade de promover políticas, programas e ações para a garantia de direitos das pessoas com deficiência, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos e a Secretaria-Geral de Governo, por serem as principais responsáveis pela coordenação e monitoramento do Plano, designaram a FADERS para representar o Governo. Por sua vez, a Fundação, considerando principalmente sua abrangência, também contemplou as pessoas com AH/SD, propondo o Mapeamento no Plano Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência e definindo que o mesmo seria desenvolvido pela própria FADERS/SJDH.

O desenvolvimento do estudo

O presente relatório tem como objetivo geral apresentar a realidade atual do atendimento educacional para as AH/SD (AH/SD) no Estado do Rio Grande do Sul. A

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importância do mapeamento na referida temática é, principalmente, para servir como subsídio à FADERS/SJDH e outras instituições na implantação e implementação de políticas públicas na área. Legalmente, a proposta ampara-se no Decreto Estadual 48.963, de 30 de março de 2012, que instituiu a Política Estadual para as Pessoas com Deficiência e Pessoas com Altas Habilidades (RIO GRANDE DO SUL, 2012).

Para que o mapeamento se concretizasse, foi necessário: levantar os recursos disponíveis para o atendimento às AH/SD no estado, nas esferas públicas federal, estadual e municipal, explicitar a concepção de AH/SD que embasa a identificação e o atendimento e avaliar a capacitação dos professores. Além disso, visou discutir a percepção dos profissionais e demais pessoas que constituem o público-alvo dos atendimentos3.

A responsabilidade do estudo é da Secretaria de Justiça e dos Direitos Humanos e da FADERS - órgão vinculado a esta secretaria – por terem a responsabilidade pela proposição e articulação de políticas públicas para o grupo social que é alvo do presente estudo: as pessoas com altas habilidades/superdotação (AH/SD). Foi designada para coordenar o trabalho a pesquisadora Mara Regina Nieckel da Costa4, psicóloga e servidora da FADERS/FJRH.

É importante esclarecer que os serviços pesquisados foram aqueles que se intitularam direcionados às AH/SD. Este registro é feito, pois se tem conhecimento de muitas iniciativas, projetos e programas em instituições educacionais voltados aos talentos dos seus participantes – em áreas como música, esporte, dança, arte, teatro e outros – que atendem pessoas com indicadores de AH/SD, mas que não identificam seus participantes com a nomenclatura oficial que enquadra esta população. Na maioria dos casos, pode-se dizer que isso acontece pelo desconhecimento dos pressupostos teóricos do assunto. Certamente, será de grande valor a realização de outros estudos, no futuro, que se dediquem à identificação destas iniciativas, com a finalidade de incluí-las no mapeamento. Da mesma forma, trabalhos em instituições privadas também ficam à espera de outros levantamentos.

Para que o estudo se viabilizasse, inicialmente foi elaborado um projeto de pesquisa que foi apresentado à Direção Técnica da FADERS, ao SAFE, (serviço da Fundação na área educacional), à Coordenação de Pesquisa e a outras instâncias da mesma instituição. Também foram solicitadas orientações de pesquisadores na área. O projeto foi aprovado e os instrumentos construídos para a coleta de dados, após algumas reformulações, foram considerados adequados para o que se propunha, ou seja, para o levantamento dos atendimentos públicos às AH/SD no Estado do Rio Grande do Sul. Os dois instrumentos

3 Os dados do estudo - especialmente os que são apresentados numericamente - retratam a realidade dos serviços no ano de 2012. A expressão “atualmente” que se encontrará ao longo do relatório se refere, portanto, ao ano mencionado.

4 Psicóloga Clínica e Educacional. Mestre em Educação pela UFRGS, psicóloga da FADERS/SJDH, docente na graduação e pós-graduação dos Cursos de Psicologia e Pedagogia da ULBRA, membro da AGAAHSD e sócia fundadora do ConBraSD. A indicação desta servidora da FADERS para coordenar o estudo se deu pela sua atuação na área das AH/SD desde a década de noventa e por ter integrado a equipe técnica que elaborou a proposta de Política Pública Educacional para Pessoas Portadoras de AH/SD em 2004, dentre outros projetos na temática. Email da pesquisadora: [email protected]

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atenderam as necessidades da investigação:

α) o primeiro, para os serviços nos quais era desconhecido se havia algum trabalho na área e que permitia uma primeira informação sobre a existência ou não do atendimento, no qual deveria ser respondida a seguinte pergunta: “No meu município há algum trabalho na área das altas habilidades/superdotação?”, e

β) o segundo instrumento, amplo, estimulando as informações relevantes em todos os aspectos a serem analisados. Além disso, um item do instrumento completo solicitava que cada informante coletasse depoimentos de alunos, familiares dos alunos e de professores da escola que, de alguma forma, permitissem condições de analisar o trabalho nas AH/SD. Estas manifestações deveriam acompanhar as demais informações solicitadas.

A primeira etapa da operacionalização foi o levantamento junto a FADERS e a Associação Gaúcha de Apoio às Altas Habilidades/Superdotação – AGAAHSD, sobre os municípios que já haviam recebido algum tipo de ação nas AH/SD: sensibilização, palestra, capacitação de profissionais e/ou implantação de atendimento. A partir das informações, chegou-se a uma lista de 25 municípios, aos quais se enviou o instrumento completo.

Aos demais municípios do estado, foi enviado o questionamento inicial. Somente para os 12 municípios que responderam positivamente, procedeu-se, da mesma forma, o encaminhamento do instrumento completo.

A segunda etapa objetivou o levantamento dos recursos educacionais para as AH/SD na Rede Pública Educacional do Estado. Neste momento, contou-se com a mediação da Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul. Foram realizadas reuniões com a Secretaria, na Assessoria em Educação Inclusiva5, nas quais foram apresentados o Projeto de Pesquisa e os instrumentos de coleta de dados. Também ocorreram reuniões com a Assessoria Jurídica do mesmo órgão para definição do protocolo de pesquisa, esclarecimentos, orientações e elaboração conjunta do documento que formalizou a relação entre os mesmos. Este processo resultou na assinatura e oficialização do Termo de Consentimento de Pesquisa pela SEDUC/Departamento Pedagógico e a FADERS/SJRH6.

Já em 2013, o Termo de Cooperação (nº 3194/2013 e publicado no Diário Oficial do Estado em 18/06/2013), firmado com a Secretaria de Estado da Educação, explicita na sua cláusula 2ª as atribuições dos partícipes. No item 3.3 é definido que caberá "produzir e desenvolver conhecimento nas áreas da deficiência e das altas habilidades/superdotação através da metodologia da pesquisa". Esta Cláusula, portanto, dá respaldo legal ao Mapeamento aqui apresentado.

Na organização das ações preliminares à coleta de dados, elaborou-se uma Carta de Apresentação do Mapeamento, referindo a parceria SEDUC e FADERS/SJRH, e ficou acordado que o material de pesquisa seria enviado diretamente pela pesquisadora às 30 5 A Assessoria em Educação Inclusiva/SEDUC foi representada pela coordenadora Profª Marizete Müller.6 A FADERS/SJDH esteve representada pela Diretora Técnica Clarissa Beleza, que acompanha o desenvolvimento do Mapeamento em toda sua execução. A assinatura do referido documento foi em 21/06/2012.

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Coordenadorias de Educação (CREs) que, por sua vez, o encaminhariam às escolas que tivessem atendimento às AH/SD. A exceção foi a 1ª CRE, que tem abrangência limitada às escolas da capital. Nesta Coordenadoria, apresentou-se a proposta de Mapeamento pessoalmente, em reunião, quando foram definidas as responsabilidades da coleta de dados no Município de Porto Alegre, o que ficou a cargo da pesquisadora.

Paralelo ao processo de envio da Carta de Apresentação do Mapeamento e do questionário completo, foram feitos contatos com as escolas que tinham Salas de Recursos que originariamente atendiam somente alunos com AH/SD, na 1ª CRE, por telefone e/ou email, para confirmar se o atendimento a esta área se mantinha. É preciso esclarecer que estas Salas, mais recentemente, foram transformadas em Salas de Recursos Multifuncionais e passaram a atender todos os segmentos da Educação Inclusiva. O atendimento oferecido nestes espaços são aqueles já referidos na primeira parte deste relatório quando se descreveu o processo que resultou na criação e regulamentação das Salas de Recursos previstas na Proposta de Política Pública Educacional para Pessoas Portadoras de Altas Habilidades/Superdotação.

Como estava planejado, nesta etapa de levantamento dos recursos em nível estadual, também foram coletados os dados do atendimento oferecido pela FADERS/SJDH, o NAAHS/RS (dados relativos ao atendimento na FADERS), que serão apresentados adiante, neste mesmo relatório.

A última etapa de coleta de dados foi direcionada às instituições públicas federais no Rio Grande do Sul. O único recurso declarado para o estudo, atualmente, com serviço específico para os alunos com AH/SD é a Universidade Federal de Santa Maria – com o Programa de Incentivo ao Talento/PIT - que atende os estudantes da rede pública da sua região com indicadores de AH/SD e oportuniza estágios para universitários de áreas afins.

Havia a expectativa de que a pesquisa pudesse mencionar outro relevante trabalho em instituição federal com alunos com AH/SD no estado. Trata-se do Projeto de Potencialização e Enriquecimento, o PROPEN, no Colégio Militar de Porto Alegre, que tem em seu histórico muitas e relevantes ações desenvolvidas com seus alunos identificados. Atualmente, a Seção Psicopedagógica da escola informa que o Projeto não está ativo.

Com o Colégio Militar de Santa Maria foram muitas as tentativas de contato por email, mas não houve comunicação para esclarecer-se a existência de trabalho com alunos que apresentam indicadores de AH/SD. A forma de ingresso nos Colégios Militares é bastante concorrida, possibilitando que alguns alunos com estas características, especialmente aqueles com perfil acadêmico, procurem e tenham sucesso na admissão para estas instituições.

Antes de apresentar os resultados, é fundamental ressaltar os valiosos parceiros neste mapeamento: o Conselho Brasileiro para Superdotação - ConBraSD e a Associação Gaúcha de Apoio às AH/SD – AGAAHSD, que contribuíram com o levantamento prévio dos municípios em que desenvolvem algumas ações na área e com outros esclarecimentos sobre o tema.

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Analisando os resultados na rede pública municipal

Na primeira parte do estudo, investigaram-se os recursos oferecidos pelos órgãos educacionais no âmbito público municipal no Estado do Rio Grande do Sul. Foram feitos contatos com os 497 municípios por meio eletrônico. Responderam à pesquisa, 49 municípios no total, incluindo:

− aqueles que afirmaram não ter nenhum atendimento na área das AH/SD;

− aqueles que responderam afirmativamente ao primeiro instrumento já descrito, mas não responderam ao questionário completo;

− aqueles que enviaram o questionário completo, mas com dados parciais ou que julgaram não ter informações suficientes por estarem implantando o trabalho;

− aqueles que retornaram o instrumento com informações completas.

Da totalidade dos municípios, 40 deles tiveram os e-mails/telefones desconhecidos, não sendo possível, portanto, nenhuma forma de comunicação. Os demais municípios receberam a correspondência, mas não deram retorno, apesar das inúmeras insistências. É preciso considerar que foram muito expressivas as dificuldades da coleta de dados, pois a campanha eleitoral para a escolha dos novos prefeitos estava no seu período mais intenso e a atenção dos informantes estava focada pelas outras questões, como alguns informaram.

Optou-se por apresentar os resultados do estudo, compartilhando as informações mais relevantes de cada contexto social. Inicialmente, dentre os 12 municípios que declararam ter atendimento na área, foi selecionada uma amostra de cinco a serem descritos em todos os aspectos do trabalho com as AH/SD. Elegeu-se como critério para a escolha destes municípios o acesso aos dados completos, considerando a identificação, o atendimento, a capacitação e a percepção dos profissionais que trabalham na área. Entendeu-se que seria importante apresentar, na íntegra e de forma qualitativa, a trajetória destas realidades, pois são exemplares nas suas propostas de implantação de ações na área das AH/SD. Considerou-se que a análise qualitativa das informações permitirá analisar como esse atendimento está ocorrendo no estado, no âmbito municipal.

Os municípios participantes da amostra são: Porto Alegre, Guaíba, Ivoti, Sapucaia do Sul e Campo Bom. Reforça-se que os resultados do estudo não devem ser interpretados apenas quantitativamente, pois, provavelmente há outras comunidades que realizam atendimento mais abrangente nesta área, mas cujos gestores não apresentarem suas informações. Infelizmente, ainda se percebe que a cultura brasileira educacional dá maior evidência aos números, desqualificando, muitas vezes, iniciativas que têm muita importância para sua comunidade, mas que não atendam muitas pessoas. Desta forma, destacam-se as experiências referidas, na expectativa que possam ser encorajadoras de outras iniciativas. Em contato com estudiosos, professores e pesquisadores na área no estado do Rio Grande do Sul, se tem acesso a informação de um grande número de municípios que promovem capacitação aos seus professores, mas depois não levam em

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frente seus projetos de atendimento. Fica a recomendação aos gestores e professores que analisem esta questão nos seus contextos!

Colocadas as justificativas, a seguir serão descritos os dados coletados nas realidades dos municípios escolhidos para a análise qualitativa.

O primeiro município a ter seu trabalho apresentado é Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, que tem uma população de 1.416.714 habitantes (IBGE, 2012) e ocupa o 10ª lugar entre as cidades mais populosas do Brasil. A Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre é formada por 96 escolas com cerca de quatro mil professores e 1200 funcionários. Essa estrutura atende a 55 mil alunos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, Educação Profissional de Nível Técnico, e da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

A Educação Especial sempre esteve no foco da Secretaria Municipal de Educação - SMED/POA. Em 1990, a rede de escolas municipais vivenciou o redimensionamento da proposta de integração, no qual as classes especiais foram extintas gradualmente e os alunos incluídos nas classes comuns. Também, nesse ano, foi instituído o Serviço de Educação Precoce e Psicopedagogia Inicial, para o atendimento das crianças de 0 a 6 anos, com necessidades educacionais especiais. Cinco anos após, a SMED/POA inaugurou a estrutura atual, com a implantação das Salas de Integração e Recursos (SIRs), inicialmente em quatro escolas de Ensino Fundamental. Hoje há 39 SIRs em funcionamento e 3195 alunos com necessidades educacionais especiais sendo atendidos7.

O atendimento aos alunos com AH/SD é desenvolvido na Sala de Integração de Recursos para alunos com AH/SD – SIR/AH, na E.M.E.M. Emílio Meyer. A referida Sala teve sua implantação e início de funcionamento em 2009 e esteve sobre a responsabilidade da mesma professora, nestes quatro anos. A professora é especialista na área e mestranda na UFSM. Sua primeira formação foi no Curso de Especialização em AH, ocorrido a partir da parceria UFRGS/SEC/FADERS e que já foi citado. O trabalho é embasado na Teoria dos Três Anéis de Joseph Renzulli e na Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner. Outros autores citados, como referências, pela professora, foram: Zenita Guenther, Eunice Soriano de Alencar e Érika Landau.

As práticas de atendimento na SIR/AH, descritas no instrumento, foram principalmente projetos de pesquisa individuais e coletivos, oficinas e cursos conforme os interesses dos alunos. A pesquisada referiu também a utilização de jogos pedagógicos, visitas a museus, cinemas, feiras do livro e amostras de artes e ciências. Como principais equipamentos para o atendimento aos alunos com AH/SD, utiliza computador com internet, jogos variados, instrumentos musicais, livros, mapa-múndi, globo terrestre, lupas, microscópio.

Quanto à participação de outros profissionais no atendimento, a professora refere que conta com voluntários que contribuem de forma não sistemática. Cita, como colaboradores, professor do curso de desenho em quadrinhos e Mangá, mestrandas em História (sobre Egitologia), professora que ministra oficina de papel reciclado e estagiária de Arteterapia.

7 Dados colhidos no Portal da Transparência- Porto Alegre, no endereço http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smed/default.php?p_secao=262, em maio de 2013.

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O critério de ingresso dos alunos ao atendimento na SIR/AH é ser aluno do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Porto Alegre e ter indicadores de AH/SD. Para a identificação, são utilizados: ficha de observação em sala de aula (triagem), ficha de autonomeação e nomeação pelos colegas, questionários para AH/SD (elaborados por Susana Barrera Pérez para alunos, professores e responsáveis).

Atualmente, estão sendo acompanhados na Sala de Integração de Recursos para alunos com AH/SD – SIR/AH, dez alunos do Ensino Fundamental (1º ao 4º ano), todos do sexo masculino.

A professora foi solicitada a listar as principais demandas e necessidades para o atendimento pedagógico. Foram citadas: 1ª) criação de rede de parceiros, como alunos das licenciaturas; 2ª) presença de um profissional de informática para auxiliar na tecnologia; 3ª) promoção de eventos como feira de ciências, mostras de arte, dança e teatro; 4ª) aumento da carga horária do professor para este trabalho; 5º) mais profissionais para acompanhar outras escolas da rede municipal e oferecer atendimento em outras regiões da cidade); 6ª) psicólogo para trabalhar com as famílias.

É importante salientar que este trabalho tem sido referência a outros projetos com a mesma temática. Percebe-se um grande empenho por parte da professora envolvida que, paralelo ao atendimento na Sala, ocupa um relevante papel político, participando da AGAAHSD, inclusive assumindo cargos na diretoria da instituição e divulgando seu trabalho em eventos no Brasil e no exterior. Seu histórico de participação, como docente, em cursos de capacitação de professores no tema, é extensa e também marca presença em quase todos os eventos na área das AH/SD, relatando suas experiências.

O segundo município a ser mencionado pela sua importância na área das AH/SD é Guaíba, cujo trabalho nesta área teve seu início em 2003, tendo como ponto de partida a capacitação de orientadores educacionais e equipe técnica da Secretaria Municipal de Educação, ministrada por profissionais da FADERS e da AGAAHSD.

O município está inserido na área metropolitana de Porto Alegre e representa importante pólo econômico e cultural da região. Guaíba conta com ampla infraestrutura de energia, serviços de comunicação, rede de ensino e serviços de saúde, complementados por adequada disponibilidade de mão-de-obra qualificada e a presença de importantes indústrias. O desenvolvimento econômico está relacionado ao agronegócio, indústria, comércio e turismo. A população atual é de 95.518 habitantes (IBGE, 2011).

A estrutura do atendimento nas escolas inclui a Coordenação do Serviço de Orientação Educacional e 25 Orientadores Educacionais, que desempenham suas funções em 16 escolas municipais. Outros profissionais contribuem efetivamente com o trabalho padagógico: professores de AEE, Matemática, Dança, Teatro, Ciências, Educação Física, além de monitor em Música e bibliotecário. Todas as escolas de Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Guaíba desenvolvem a identificação dos alunos com AH/SD e dentro de suas possibilidades, engajam estes alunos em atividades na própria escola.

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O número de pessoas com AH/SD em atendimento nas escolas municipais de Guaíba, em 2012, foi de 98 alunos. O atendimento tem como critério de inclusão no processo de identificação das AH/SD a indicação de três anos seguidos pelos professores na ficha aplicada a todas as turmas das escolas municipais (GÜENTER, 2006).

As principais práticas de atendimento oferecidas nas escolas são: identificação das AH/SD, participação nas atividades gerais da própria escola, monitoria, atendimento em sala do AEE. Além destas ações, foram referidos como atendimentos oferecidos em 2012: a sensibilização às AH/SD, que atingiu 660 pessoas e as trocas de experiências com oito professores do Projeto “Mais Educação”.

As referências teóricas do trabalho são Joseph Renzulli e Howard Gardner, com a Teoria dos Três Anéis (RENZULLI, 2004) e a Teoria das Inteligências Múltiplas (GARDNER, 2000, 2003), respectivamente. O modelo de identificação utilizado tem sido o desenvolvido no Centro para Desenvolvimento do Potencial e Talentos, em Lavras/Minas Gerais - CEDET, sob responsabilidade técnica de Zenita Cunha Güenter (GÜENTER, 2006).

Como pode ser percebido, o atendimento às AH/SD em Guaíba apresenta uma excelente proposta, uma vez que envolve uma equipe significativa que já faz parte da rede. Também é utilizado o espaço já constituído, o que não exige a necessidade de montar uma nova estrutura, com custo-extra, o que, muitas vezes, é argumentado pelos gestores para a não implantação de um atendimento aos alunos com AH/SD. Esta comunidade, indiscutivelmente, oferece o que se entende por política pública, da qual se beneficiam todos: alunos, professores, familiares, outros profissionais e toda a sociedade!

O terceiro município a ter descrito seu trabalho nas AH/SD é Ivoti. O município situa-se na Encosta da Serra e tem uma população de 20.111 habitantes (IBGE 2011). As culturas alemã e japonesa, responsáveis pela colonização do município, se mesclam em torno de uma identidade própria. Localizada a 55 quilômetros da Capital, tem como principais atividades a indústria de calçado, couro, alimentos, rações e sucos, bem como o hortifrutigranjeiro, flores e laticínios. Fica em Ivoti o maior núcleo de casas enxaimel do Brasil e a maior colônia japonesa do Estado, ambos atrativos do roteiro turístico.

Em um total de 11 escolas municipais com 2.632 alunos matriculados, o atendimento às AH/SD é desenvolvido no Núcleo de Apoio à Inclusão/NAI, da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Ivoti/SEMEC. Teve início em abril de 2010, a partir da formação para professores da Rede, com a Profª Suzana Barrera Pérez. Atualmente, compõe a equipe uma psicóloga e duas psicopedagogas, todas com Pós-Graduação em AEE.

Em 2012, foram acompanhados no NAI, quatro alunos com AH/SD, todos do sexo masculino. Três deles frequentavam turmas de 1º ao 4º ano do Ensino Fundamental e o outro aluno estava matriculado em turma do 5º ao 9º ano. Segundo a classificação proposta por Joseph Renzulli, três participantes do projeto têm perfil acadêmico e o quarto, perfil produtivo-criativo. Considerando as Inteligências Múltiplas, de Howard Howard Gardner, foram identificadas as áreas: Linguística (1 aluno); Lógico-matemática (2 alunos)

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e Naturalística (1 aluno). As suas famílias também são atendidas pela equipe. O ingresso ao atendimento no NAI inicia-se pela observação e indicação de alunos

com características de AH/SD por parte dos professores das escolas da Rede Municipal. Após esta etapa, são aplicados os instrumentos de identificação, na forma de questionários com a família, professores e colegas e é realizada a avaliação psicológica e psicopedagógica (quando necessária). Os instrumentos padronizados são os propostos pela FADERS/SJRH e por Susana Barrera Pérez. Além da autora referida, foram citados, como referências teóricas na área, Joseph Joseph Renzulli e Soraia Napoleão Freitas.

No município de Ivoti, também são realizados atendimentos individualizados para os alunos com AH/SD por psicopedagoga, psicóloga e fonoaudióloga, que utilizam, como principais equipamentos, jogos, Internet, computador, impressora, livros, CD-Rom, DVDs, revistas. Atualmente, estão sendo estruturados atendimentos com parceiros da comunidade nas áreas de esporte, música e robótica.

Fica evidente o empenho e a conscientização da equipe de trabalho, apesar do reconhecimento de que ainda há muito por fazer no município, na área das AH/SD. A busca de adequadas referências teóricas e as primeiras ações realizadas são o prenúncio de um trabalho que deverá ser cada vez mais abrangente e significativo para a região.

A seguir, analisar-se-ão os dados informados pelo Município de Sapucaia do Sul. Esta cidade se localiza na região metropolitana de Porto Alegre e tem 130.000 habitantes (IBGE, 2011). Originalmente povoada por portugueses e alemães, a cidade recebeu também descendentes de negros, açorianos, árabes, libaneses e poloneses. Nas décadas de 80 e 90, teve um grande incremento populacional devido ao êxodo rural e à busca de emprego, agregando-se às etnias já existentes os descendentes de italianos e de japoneses. Há duas instituições de ensino superior na cidade. A indústria ocupa lugar de destaque, sendo o setor que mais gera dividendos.

A Secretaria Municipal de Sapucaia do Sul, ao verificar no Censo de 2009, a “inexistência” de alunos identificados com AH/SD na sua abrangência, realizou pesquisa com os supervisores escolares para entender o porquê desta realidade. Como resultado, foi concluído que os professores não estavam aptos para identificar a demanda e, portanto, haveria a necessidade de prepará-los. No final de 2009, foi oferecido o primeiro módulo da formação na área das AH/SD aos profissionais, com a realização do Curso de AEE para alunos com AH/SD, com a Profª Susana Barrera Pérez. No ano seguinte, foi oferecida a continuidade do curso, tendo como prática, o levantamento dos alunos com indicadores de AH/SD, em 15 turmas das escolas da rede municipal. Neste processo, foram identificados 36 alunos.

O passo seguinte foi a sistematização do processo de identificação e a implantação do atendimento educacional a estes alunos, conforme previsto em Lei. Para tanto, a secretaria contou com a assessoria da professora já citada na interpretação dos dados coletados, na estruturação e implantação do AEE, bem como na construção de uma política pública municipal que garantisse o atendimento e a permanência dos estudantes com

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AH/SD nas escolas. Em 2011, iniciou-se o atendimento. Atualmente, além da coordenação, atuam no acompanhamento duas professoras: uma com graduação em Ensino da Arte na Diversidade e Especialização em Psicopedagogia e AEE; e a segunda com graduação em Pedagogia – Orientação Educacional e Especialização em Psicomotricidade Relacional e AEE. O atendimento educacional especializado para as AH/SD é realizado em duas escolas da rede municipal.

Os principais atendimentos oferecidos, no período de 2012, foram: sensibilização (para 200 professores); identificação das AH/SD (50 pessoas, entre alunos, familiares e professores); atendimento à família (8 pessoas), interlocução com profissionais das instituições envolvidas (80 pessoas, com a realização de oficinas de Matemática e Biologia, como exemplos) e trocas com profissionais de outras instituições e da comunidade (30 pessoas). Estas parcerias têm possibilitado a realização de atividades com os alunos, como, por exemplo, na robótica e na informática. Além disso, os alunos são incentivados a participar de movimentos sociais, como campanhas de arrecadação de alimentos e brinquedos.

No atendimento direto, foram acompanhados, no ano de 2012, 30 estudantes, sendo que 9 do sexo feminino e 21 do sexo masculino. Todos são do Ensino Fundamental: 3 frequentavam turmas do 1º ao 4º ano e 27 do 5º ao 9º ano. Quanto à t ipologia dos alunos com AH/SD, segundo Joseph Renzulli, há certo equilíbrio numérico nas informações: tipo acadêmico: 7 alunos; do tipo produtivo-criativo: 8 alunos; do tipo misto: 5 alunos; ainda não identificados: 10 alunos.

Ao tomar-se como referência as Inteligências Múltiplas, foram identificados alunos, no atendimento de Sapucaia do Sul, como se segue no quadro abaixo:

Área(s) de inteligência, segundo Howard Gardner Nº de pessoas em atendimento em 2012

Linguística 5

Lógico-matemática 3

Espacial 4

Musical -

Interpessoal 3

Intrapessoal 2

Corporal-cinestésica -

Naturalística 6

Não identificada 7

TOTAL 30

Quanto à fundamentação teórica do trabalho, são citados os seguintes autores:

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Joseph Renzulli, Howard Gardner e Susana Barrera Pérez. Os instrumentos de identificação são: questionários (aluno, pais, professores), observação e portfólio do aluno.

O atendimento grupal embasa-se na proposta de Renzulli (2004), com atividades do Tipo I, com passeios, palestras, saídas de campo; do Tipo II, com oficinas e atividades práticas comuns a todos os alunos; Tipo III com projetos individuais e grupais conforme o interesse dos alunos; do Tipo IV, com projetos idealizados pelos participantes. Também foram visitados, no período, a Universidade FEEVALE, Museus, Instituições Educacionais e Culturais, no município e na capital do Estado.

Além do atendimento nas escolas, os professores fazem visitas às instituições escolares de origem dos alunos para a troca de informações com os professores e a equipe pedagógica, bem como oferecem orientação e sensibilização, através de formação específica sobre o tema AH/SD, em outras escolas que solicitem.

Os pesquisados colocam, como demandas e necessidades, o acesso à Internet, a ampliação de parceiros, o acesso a Universidades para aprofundamento teórico-prático sobre os assuntos de interesse dos estudantes.

O atendimento às AH/SD no município de Sapucaia do Sul é uma referência do que é possível realizar quando existe o desejo da concretização de um projeto de qualidade na área. A diversidade de ações, a preocupação com a abrangência do serviço e a busca de assessoria em torno de uma temática que está presente em todos os contextos educacionais e sociais são os pontos mais significativos quando se analisam os dados disponibilizados para o Mapeamento pelos professores desta comunidade. É um serviço novo, mas com grandes perspectivas de crescimento, qualificando, desta forma, o bom trabalho já em desenvolvimento. Fica o exemplo!

O quinto município a ser apresentado neste relatório é Campo Bom. Situa-se no Vale do Rio dos Sinos, distante cerca de 50Km de Porto Alegre. É uma cidade que se destaca pelas ciclovias, suas festas populares e pelo seu povo alegre e trabalhador. Pioneira na ex-portação de calçado, sendo a principal fonte econômica da região, e também se destaca como maior produtor de mudas de hortaliças do Rio Grande do Sul. Está entre as melhores cidades do RS no Índice de Desenvolvimento Socioeconômico do Rio Grande do Sul (Ide-se) e se manteve em 2012, pelo segundo ano consecutivo, como o 11º colocado em todo o Estado. Em Campo Bom, as diferentes manifestações culturais refletem a influência das várias etnias que povoaram esta região, principalmente a germânica. Sua população é de 60.074 habitantes (IBGE, 2011).

Na coleta de dados no município sobre o atendimento às AH/SD, o psicólogo que coordena o Departamento de Atendimento Educacional da Secretaria Municipal de Educação relata que a história do atendimento iniciou-se, em 2009, com a criação de um Programa que oferece oficinas aos alunos da rede municipal de Educação, no contraturno. Com o desenvolvimento destas ações, foi percebida a presença de alunos que se destacavam nas atividades propostas. Esta observação levou o grupo de profissionais a

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interessarem-se pelo assunto AH/SD, busca capacitação e a iniciar o atendimento na área em 2011. As atividades são descentralizadas (ocorrem nas unidades escolares e na Escola de Arte-Educação), para que as crianças de diferentes bairros contem com alguma opção de atividades perto de suas residências. A equipe de oito professores de AEE, além do coordenador, é responsável por desenvolver ações de identificação e sensibilização. Cada um dos professores responde por um dos núcleos, formado por algumas escolas. Levando em consideração as especificidades de cada um dos núcleos, eles desenvolveram ações junto aos alunos com AH/SD e/ou encaminham os mesmos para atividades extracurriculares dentro de suas áreas de potencialidade.

O atendimento ocorre nas 20 escolas de Ensino Fundamental do município, além dos espaços para prática de esportes (ginásios municipais, campos de futebol), do CEMEA (Centro Municipal de Educação Ambiental) e do Complexo CEI (Centro de Educação Integrada), formado pela Biblioteca Pública, Cinema e Escola de Arte-Educação. Alguns projetos específicos contam com espaço e/ou professor exclusivo (por exemplo: o Ecoweb na EMEF 25 de Julho).

Além da equipe de AEE, outros profissionais desenvolvem atividades de contraturno (professores e oficineiros) e têm contato direto com os alunos com AH/SD no contexto de suas atividades, junto com outros alunos que não foram identificados como tal. Estas atividades são: Teatro, Flauta e Violão, Dança e Poesia, Dança e Circo, Dança Gaúcha, Hip-Hop, Dança Moderna, Coral, Oficina de Xadrez, Oficina de Literatura, Oficina de Artes, Jornal do Marquês (produção de periódico da escola), Monitores Escolares, CBB Web Tv (http://cbbwebtv.wordpress.com), Arte e Perfomance (grupo de dança teatral), Banda Marcial, Corpo de dança, English Musical (adaptação de musicais internacionais), Grafite, Grêmio Estudantil, Monitores Ecológicos, OBA (Grupo de Estudos para a Olimpíada Brasileira de Astronomia), Treinos de Futebo, Futsal, Handebol masculino e feminino, Expressão Corporal, Artesanato, Revista Eletrônica, Projeto Ecoweb (http://projetoecoweb.wordpress.com/) e Rádio Escolar.

O município disponibiliza todos os materiais necessários, incluindo material esportivo e instrumentos musicais. As escolas dispõem de laboratórios de informática com acesso à internet, lousas interativas e mesas interativas educacionais como auxílio ao trabalho pedagógico.

Em relação aos atendimentos oferecidos para as AH/SD, resumidamente, na rede municipal de Campo Bom, foram descritos:

Natureza do atendimento Público-alvo

Sensibilização (momentos de descrição do trabalho e dos princípios das AH aos profissionais de escolas)

Todos os profissionais da escola, familiares de alunos com AH

Identificação das AH/SD Professores de sala de aula, professor SRM, alunos AH, direção, coordenação, professores

dos projetos e familiares

Atendimento individual (a alunos) Alunos com AH

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Atendimento Grupal (a alunos) Alunos com AH

Atendimento à família Familiares dos alunos com AH

Interlocução com outros profissionais da instituição Professores dos projetos, alunos AH e familiares

Interlocução com profissionais de outras instituições Professores, Escola de Arte e Educação, Centro Municipal Campo Sempre Bom, alunos

com AH e familiares

Itinerância (ações fora da escola de origem do aluno) Alunos com AH

Nas escolas da rede municipal de Campo Bom, qualquer aluno identificado como potencialmente tendo AH/SD pode ser convidado a participar de alguma das atividades oferecidas na rede. Como a maioria delas não é exclusiva para esse público, algumas vezes eles são identificados quando já estão vinculados a alguma atividade extracurricular.

No ano de 2012, foram atendidos, no município, 323 alunos com AH/SD, no total, sendo que 163 do 1º ao 4º ano e 160 do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Para a identificação das AH/SD destes alunos foram utilizados os instrumentos elaborados por Soraia Napoleão Freitas e Susana Barrera Pérez. São eles: Questionário de Autonomeação e Nomeação pelos colegas; Questionário para Identificação de Indicadores de Altas Habilidades/Superdotação – Responsáveis e Professores; Ficha Complementar para Características Esportivas e Artísticas – Professores.

Os professores da rede tiveram a primeira capacitação nas AH/SD em 2011 e uma segunda etapa está prevista para 2013. Baseando-se nos subsídios teóricos de autoria de Joseph Renzulli, discutidos na capacitação, os professores identificaram sua clientela como sendo:

Tipologia dos alunos com AH/SD, segundo Joseph Renzulli

Nº de pessoas em atendimentoAnos Iniciais do

Ensino Fundamental

Anos Finais do Ensino

Fundamentalacadêmico 72 66

produtivo-criativo 59 46

misto 29 43

não identificado 3 5

Total 163 160

O Coordenador do Programa refere que as principais realizações do trabalho têm sido colocar na pauta de discussões educacionais de Campo Bom a temática AH/SD e manter os alunos com este perfil dentro das escolas, algo que não acontecia anteriormente. Os relatos dos educadores também ressaltam o ganho em autoestima por parte dos alunos com AH/SD, bem como de suas famílias, ao terem atenção das escolas para o potencial de seus filhos.

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O município tem sido notícia em meios de comunicação ao receber alguns prêmios, tanto individualmente - através de alunos que têm se destacado na prática de esportes e na área acadêmica - quanto institucionalmente, através de projetos que têm obtido visibilidade até mesmo internacionalmente, como o Ecoweb, que vêm contando com alunos com AH/SD entre seus participantes.

A equipe do AEE, ao ser questionada sobre suas demandas, registrou que anseia pela promoção de ações que levem ao grande público um maior conhecimento sobre o tema AH/SD, da mesma forma que vem acontecendo com a área das deficiências. Também registram do quanto desejam receber Salas de Recursos Multifuncionais voltadas aos alunos com AH/SD, algo que não aconteceu até o momento, apesar destes alunos estarem sendo declarados no Censo Escolar desde 2011.

Na fala de da professora responsável pelos projetos Corpo de Dança e Arte Performance, se percebe a importância que os educadores dão ao Programa:

o atendimento às pessoas com altas habilidades/superdotação, nesta instituição, é imprescindível às necessidades apresentadas por estes alunos. Através do atendimento, os alunos com AH/SD tem a oportunidade de desenvolver suas habilidades de forma condizente com a demanda que apresentam, sendo possibilitado um aprofundamento nas áreas em que os mesmos se interessam. Tal aprofundamento é fundamental para as necessidades educacionais destes alunos, uma vez que na sala de aula regular, com o grupo de colegas que não manifestam os mesmos interesses, ele não é possível na mesma intensidade.

Como já foi justificado, estes cinco municípios, com suas trajetórias detalhadas, podem ser modelos de implantação de política e atendimento às AH/SD para futuras iniciativas. Percebe-se como a viabilização dos trabalhos partiu de demandas com contornos diferentes e aproveitando os próprios recursos da comunidade. Muitas vezes, equivocadamente, entende-se que, para se construir uma proposta de atendimento para alunos diferenciados no seu desenvolvimento cognitivo, os recursos devem ser altamente complexos e encontrados fora do seu contexto. O que se vê no trabalho dos municípios apresentados é o contrário disso: são os espaços já existentes que oportunizam um novo olhar e a descoberta de novas possibilidades!

Outros municípios devem ser citados, especialmente pelo empenho na construção de política e atendimento na área de AH/SD. A seguir, são registradas as manifestações dos mesmos, na coleta de dados para o presente Mapeamento:

De Caxias do Sul, é informado que o atendimento realizado aos alunos com indicadores de AH/SD matriculados na rede municipal deste município é realizado pela professora do AEE, enquanto serviço suplementar. Não possuem um centro de atendimento específico para atender esse público, mas estão realizando formação de professores com vistas a criar um projeto na área.

No Município de Dois Irmãos, os informantes contam que a Secretaria Municipal de Educação está estabelecendo parcerias para otimizar a identificação e avaliação dos

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alunos com indicadores de AH/SD na rede municipal.

Esteio refere que tem 22 Salas de Recursos Multifuncionais com professores habitados para atuarem com alunos com AH/SD, além de alunos com deficiências e transtorno global do desenvolvimento, mas atualmente não têm alunos com AH/SD identificados.

A equipe da Educação Especial da SMED, de Gravataí, manifesta seu interesse em estabelecer parceria com a FADERS e outras instituições, pois está planejando a formação para os professores na área de AH/SD.

Em Getulio Vargas, o Atendimento às AH/SD é realizado no Núcleo Integrado de Atendimento ao Educando/NIAE.

De Ibiaçá, é informado que há acompanhamento às pessoas com AH/SD por psicóloga, sala de reforço e algumas ações com jogos pedagógicos na sala multifuncional.

No Município de Pontão, a Sala de Recursos Multifuncional da Secretaria Municipal de Educação ainda não atende nenhum aluno com superdotação, mas há uma demanda identificada recentemente e a professora da sala referida está se preparando para recebê-la.

No Município de Progresso, a professora responsável pela Educação Especial informa que estão iniciando avaliação de alunos com AH/SD. Atualmente, os professores realizam sessões de estudo sobre a temática e usam como referências teóricas os autores Howard Gardner, Claus Stobäus, Juan Mosquera, Cláudia Nicoloso e Soraia Napoleão Freitas. Há uma participação política dos professores nos Conselhos Municipais e o apoio do Comitê Gestor das Políticas de Inclusão, o que lhes possibilita incluir a discussão sobre AH/SD.

A resposta do Município de Relvado foi de que identificam um caso de AH/SD, mas este não está sendo atendido. Os profissionais estão participando de cursos, como primeiro passo para começar o atendimento na área.

Em Rio Grande, é informado que a Secretaria Municipal de Educação (SMEC) dispõe de 13 Salas de Recursos Multifuncionais que estão aptas a atender alunos com AH/SD. Além disso, conta com o NEAI (Núcleo de Estudos e Ações Inclusivas) da Universidade Federal do Rio Grande/FURG, no Setor de Psicologia. A Secretaria também trabalha em parceria com escola estadual que possui uma pessoa especializada em AH/SD, que avalia e atende a clientela no município, e com as Salas de Recursos Multifuncionais de outras escolas estaduais.

A Secretaria de Educação de Santa Maria comunica que, em algumas de suas escolas, há alunos com características de AH/SD, que estão sendo atendidos nos programas de enriquecimento oferecido pelo PIT - Programa de Incentivo ao Talento, da UFSM.

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Em São José do Hortêncio, o Projeto “Gurizada que tem Futuro” atende alunos com AH/SD.

A Secretaria Municipal de Educação de São Leopoldo descreve as ações do município na temática de AH/SD: no início do ano de 2010 contratou assessoria de especialista para a formação em AH/SD de 40 professores da rede municipal de ensino, das Salas de Recursos e profissionais do Núcleo de Apoio e Pesquisa ao Processo de Inclusão (NAPPI). Em 2011, o NAPPI estruturou o Núcleo de Avaliação e Parecer Técnico (NAPT), que conta com psicólogas e psicopedagogas e o suporte das demais profissionais do serviço (fonoaudiologia, fisioterapia, serviço social, psicomotricidade relacional) com o objetivo de subsidiar as ações e recursos de acordo com a Política de Inclusão. Neste período, apenas um caso com indicadores de AH/SD foi encaminhado por uma escola do Ensino Fundamental, não se confirmando o perfil através da avaliação interdisciplinar. Também houve a tentativa de um Projeto Piloto para detecção de AH/SD em uma escola de Ensino Fundamental, com a sensibilização da equipe diretiva e professores e aplicação de instrumento de identificação pelas professoras, sem continuidade devido à troca das equipes diretivas em 2011. No momento, há interesse em retomar o Projeto Piloto, com capacitação dos professores da rede. Este projeto deverá ser levado para apreciação da Secretaria em breve e, enquanto isso não ocorre, o NAPT serve como referência para encaminhamentos de avaliações individuais.

O Município de Vacaria relata que se encontra num processo inicial para a identificação e acompanhamento dos alunos com indicadores de AH/SD.

Da cidade de Venâncio Aires, é informado que a Secretaria Municipal de Educação não tem um mapeamento de alunos com AH/SD, mas se propõe a fazê-lo em breve, através da equipe multidisciplinar do Centro Integrado de Educação e Saúde.

O Município de Cachoeira do Sul responde que, no momento, as Salas de Recursos Multifuncionais das Escolas Municipais não estão atendendo a alunos com AH/SD pela dificuldade de identificação e avaliação do perfil dos mesmos.

Os municípios de Carazinho, Estrela, Lajeado, Osório, Taquara, Torres, Ajuricaba, Alto Feliz, Arroio do Meio, Capão do Leão, Carazinho, Chuí, Entre-Ijuís, Faxinalzinho, Forquetinha, Imigrante, Ipiranga do Sul, Jaguarão, Morro Reuter, Parobé, Ponte Preta, Ronda Alta, Rondinha, Santa Vitória do Palmar, São Domingos do Sul, São Marcos, São Pedro do Butiá e Erechim responderam à pesquisa, mas declararam que ainda não atendem alunos com AH/SD nas Salas de Recursos das escolas da Rede Municipal. Muitos municípios afirmaram que não oferecem o atendimento, tendo em vista que não dispõem de profissionais, local, recursos para atuar na área das AH/SD, que a demanda é pequena ou porque já existe no município uma escola estadual que tem uma Sala de Recursos para atendimento nessa área e que esta supre a demanda.

Com outros municípios, ainda, ocorreram contatos, trocas de emails, ligações telefônicas, mas o processo de coleta de dados não se concretizou com o envio do

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instrumento com dados por parte dos pesquisados.

Conclui-se que muitas justificativas para a ausência de serviços na área em estudo, resumidamente, se reportam a: carência de recursos humanos e materiais, ausência de política educacional que inclua esta população, o entendimento de que os alunos com indicadores de AH/SD não são prioridade no ensino. No entanto, muitos também deixaram o registro de que gostariam de orientações para buscar os recursos necessários. Ficou evidenciado, portanto, a necessidade urgente da criação de políticas públicas mais abrangentes e a realização de cursos de capacitação para os profissionais. O espaço está aberto!

Analisando os resultados na rede pública estadual

Em nível estadual - no Rio Grande do Sul - há dois programas de atendimento para as pessoas com AH/SD. O primeiro é o trabalho que se desenvolve na FADERS/SJDH e o segundo programa é oferecido nas escolas públicas estaduais.

Na Fundação, este acompanhamento teve início há mais de quatro décadas e desenvolveu-se com diferentes propostas de intervenção e equipes interdisciplinares. O Serviço constituiu por longo tempo o Núcleo de Atendimento às Pessoas Portadoras de AH/SD, o NAPPAH. Além do atendimento individual e grupal, eram oferecidos, neste serviço, acompanhamento familiar, capacitação de profissionais de diversas áreas, apoio e campo de estudo para pesquisas de graduação e pós-graduação (Mestrado e Doutorado), representação da instituição em eventos e associações científicas e - o que se considera muito relevante - a elaboração de projeto de política pública, já referido. Pela vinculação por longo período com a Secretaria Estadual de Educação, o trabalho teve uma estreita ligação com a rede pública educacional e este foi o viés preponderante durante muito tempo. Em 2006, a FADERS acolheu o NAAHS/RS, cujo processo de instalação e a situação atual já foram mencionados neste relatório.

Em 2012, o atendimento às pessoas com AH/SD, com a extinção do NAPPAH, integrou o Serviço de Apoio e Formação em Educação/SAFE, sob a coordenação da Profª Alexsandra Paz Araújo e com o atendimento às AH/SD realizado pela Assistente Social Larice Germani Bonato. O acompanhamento no SAFE/FADERS/SJDH foi desenvolvido de acordo com a demanda e ofereceu os seguintes serviços: identificação das AH/SD, atendimento assistemático a crianças, adolescentes e adultos; apoio a familiares e interlocução multidisciplinar com profissionais, especialmente da educação. Estas ações se concretizam por meio do desenvolvimento de projetos, sensibilização em instituições e secretarias municipais, capacitação de profissionais, assessorias a escolas e outros órgãos públicos e realização de pesquisas.

No período referido, receberam acompanhamento pelo SAFE/FADERS/SJDH, 15 pessoas com indicadores de AH/SD, sendo 13 de sexo masculino e 2 do sexo feminino. Quanto ao nível de escolaridade, os dados informados são os seguintes:

Educação Infantil Ensino Fundamental (1º ao 4º ano)

Ensino Fundamental (5º ao 9º ano)

Ensino Médio Ensino Superior

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Pessoas atendidas em 2012

1 3 7 3 1

Em relação aos tipos de superdotação propostos por Joseph Renzulli, as pessoas em atendimento apresentaram os perfis abaixo:

Tipologia dos alunos com AH/SD, segundo Joseph Renzulli Nº de pessoas em atendimento em 2012

acadêmico 6

produtivo-criativo 4

misto 5

não identificado -

TOTAL 15

Considerando as áreas de inteligência, para Howard Gardner, a clientela em atendimento no SAFE/FADERS/SJDH foi assim identificada:

Área(s) de inteligência, segundo Howard Gardner Nº de pessoas em atendimento em 2012

Linguística 3

Lógico-matemática 3

Espacial 4

Musical 2

Interpessoal -

Intrapessoal 2

Corporal-cinestésica 1

Naturalística -

Não identificada -

TOTAL 15

As referências teóricas que embasam o trabalho do SAFE/FADERS/SJDH, nesta área, são principalmente Joseph Renzulli, Howard Gardner e Robert Sternberg e o modelo de identificação baseia-se na proposta de Joseph Renzulli, adaptada pela equipe técnica do NAPPAH /FADERS.

O Serviço apontou como demandas para que o atendimento possa manter suas funções primordiais, a canalização de recursos financeiros, especialmente para a implementação de projetos de capacitação de profissionais e pesquisas específicas e também a necessidade de mais recursos humanos para a ampliação do acompanhamento oferecido à população.

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A FADERS, como articuladora de políticas públicas, sabe que o aprimoramento de políticas no campo social depende do fortalecimento, do acompanhamento e da avaliação sistemática do trabalho, seja ele desenvolvido na própria instituição, seja na forma de assessoria às iniciativas no seu entorno. Quando o trabalho se enfraquece, pode vivenciar a descontinuidade e deixar de exercer seu papel principal, ou seja, o de fomentar o crescimento dos recursos para melhorar a oferta de atendimento e para que haja avanços na defesa dos direitos das pessoas com AH/SD.

A segunda frente de trabalho nas AH/SD no Estado do Rio Grande do Sul é desenvolvido nas escolas da Rede Pública Estadual, principalmente nas Salas de Recursos Multifuncionais. O mapeamento dos dados nestes espaços gerou muita expectativa, o que foi verbalizado pelos professores e gestores da Educação Especial, pois foi percebido como uma oportunidade de reaproximação dos profissionais que fizeram parte da elaboração da proposta de política pública educacional para as pessoas com AH/SD no Estado, já mencionada, e que fizeram sua formação no Curso realizado em 2002.

A Secretaria da Educação, na sua estrutura, conta com 30 Coordenadorias Regionais de Educação, sob coordenação direta do governo do Estado. Cada uma destas Coordenadorias é responsável pelas políticas relacionadas às suas regiões, tendo como atribuições coordenar, orientar e supervisionar escolas, oferecendo suporte administrativo e pedagógico para a viabilização das políticas da Secretaria. Além disso, busca a integração entre alunos, famílias e a comunidade, oferecendo oportunidades de diálogo e de interação que promovam o compartilhamento de informações e a construção de conhecimentos, integrando a escola à prática social. A Coordenadoria Regional de Educação representa a Secretaria na área de sua jurisdição, tendo como atribuições também a designação de pessoal qualificado para atuar nas escolas e a gestão de seus recursos financeiros e de infra-estrutura8.

Com as mudanças legais e políticas, as Salas de Recursos, que anteriormente atendiam especificamente os estudantes com indicadores de AH/SD, passaram a integrar o universo das Salas de Recursos Multifuncionais e a oferecer atendimento também aos alunos com Deficiência e com Transtornos Globais do Desenvolvimento. Entretanto, o Mapeamento oportunizou verificar-se que hoje o atendimento educacional aos alunos com AH/SD restringe-se praticamente às Salas de Recursos Multifuncionais que originariamente já atendiam estes alunos. Esta realidade possibilita inferir que, na cultura do Atendimento Educacional Especializado (AEE), os professores capacitados em AH/SD sentem-se preparados para atender todos os alunos, enquanto os professores qualificados na área da Deficiência ou dos Transtornos Globais do Desenvolvimento consideram difícil atender aqueles com indicadores de AH/SD. Esta questão, certamente, está relacionada aos mitos que circundam as AH/SD, assunto já bastante salientados pelos autores que se dedicam à temática (ALENCAR, 2001, FREITAS & PÉREZ, 2006).

8 Informações colhidas no site da SEDUC: http://www.educacao.rs.gov.br, em maio de 2013.

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Sobre este aspecto do atendimento, uma das professoras pesquisadas fez interessante análise. Questiona sobre a transformação de Salas de Recursos para as AH/SD em Salas de Recursos Multifuncionais, justificando que não defende espaços segregados para pessoas com Deficiência ou para pessoas com AH/SD, mas também entende que é preciso garantir espaços para toda essa pluralidade escolar, respeitando as diferenças. Afirma que

ambientes diferenciados para atendimentos diferenciados podem legitimar e amparar ações que preservem e fomentem atividades singulares. Isso não quer dizer que não haja um local para momentos que agreguem valor a todo esse universo. Mas se todos ficarem sempre no mesmo local poderá haver falhas na construção de aprendizagens, uma vez que desconsidera o potencial objetivo e subjetivo de que as AH/SD necessitam.

Na percepção dos professores, é possível organizar o trabalho nas escolas, de forma que haja material tecnológico e pedagógico específico para os alunos com AH/SD, independente da Sala Multifuncional que agora se efetiva na escola. De acordo com o depoimento de uma das pesquisadas:

é preciso que, dentro da própria Educação, haja o princípio de entender e garantir a reorganização efetiva e contínua dos espaços escolares, como forma de compreensão das diversas realidades que se apresentam na sua instituição de ensino.

Em outro momento, acrescenta a mesma professora: “visualizar e legitimar esse espaço é também reconhecer o trabalho que é desenvolvido na caminhada inclusiva de AH/SD e nas outras áreas específicas da Educação Especial.

Das 30 Coordenadorias Regionais de Educação – CREs, quatorze afirmaram a existência de pelo menos uma Sala de Recursos Multifuncional que atende alunos com AH/SD. Os representantes destas Coordenadorias responderam ao instrumento e possibilitaram a construção dos dados apresentados a seguir. São elas:

1ª CRE – Porto Alegre2ª CRE – São Leopoldo3ª CRE – Estrela4ª CRE – Caxias do Sul6ª CRE – Santa Cruz do Sul10ª CRE – Uruguaiana11ª CRE – Osório12ª CRE – Guaíba14ª CRE – Santo Ângelo18ª CRE – Rio Grande19ª CRE – Santana do Livramento21ª CRE – Três Passos24ª CRE – Cachoeira do Sul27ª CRE – Canoas

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Outras Coordenadorias Regionais de Educação responderam ao instrumento da pesquisa, mas declararam não estarem, no ano de 2012, atendendo alunos com AH/SD nas suas Salas de Recursos Multifuncionais. A justificativa reporta-se a ausência de demanda na área ou por não terem professor com capacitação nas AH/SD. Foram as seguinte as CREs nesta condição: 5ª CRE, 8ª CRE, 9ª CRE, 15ª CRE, 17ª CRE, 23ª CRE, 25ª CRE, 28ª CRE.

As informações das CREs que responderam afirmativamente às perguntas sobre o atendimento às AH/SD nas suas escolas foram analisadas de acordo com os objetivos do estudo e resultaram em dados de cunho quatitativo e qualitativo, que serão, neste relatório, apresentados alternadamente para facilitar o entendimento dos mesmos.

O atendimento aos estudantes com AH/SD, em cada Coordenadoria Estadual de Educação, está concentrado em uma Sala de Recursos Multifuncional (SRM) definida, de acordo com as informações disponibilizadas pelos responsáveis pelo preenchimento do questionário nas CREs. As exceções foram: a 1ª CRE, na qual professores de SRMs de cinco escolas responderam à pesquisa e cujos dados estão somados nas tabelas; e da 24ª CRE que apresentou dados de SRMs de duas escolas, os quais também foram somados.

Além da identificação do perfil dos alunos e do atendimento direto, outras ações são desenvolvidas pelos responsáveis pela SRM. Estas ações contribuem inegavelmente com o trabalho, seja pela divulgação do tema AH/SD, seja pela possibilidade de ampliar os projetos oferecidos ao aluno, familiares e professores. As principais intervenções complementares realizadas em 2012 e descritas pelos pesquisados, foram: a sensibilização sobre a temática AH/SD, a interlocução com outros profissionais da mesma escola, o intercâmbio com profissionais de outras instituições e a itinerância dos professores. Considerando o público envolvido em cada uma das ações, os dados foram os seguintes:

Natureza do atendimento

CREs/ Total de pessoas beneficiadas TOTAL1ª

CRE2ª

CRE3ª

CRE4ª

CRE6ª

CRE10ª CRE

11ª CRE

12ª CRE

14ª CRE

18ªCRE

19ª CRE

21ªCRE

24ª CRE

27ª CRE

Sensibilização 116 - - - - 39 - - - 40 - 300 16 300 811

Identificação das AH/SD

55 - - - - 15 17 - 16 12 - - - 27 142

Atendimento individual

40 - - - - 4 - 12 4 30 - - - 21 111

Atendimento Grupal

30 - - - - - - 45 12 10 - - 16 3 116

Atendimento à família

12 - - - - 6 - - 2 15 - - 16 21 72

Interlocução com outros profissionais

4 - - - - 10 10 10 16 30 - - 8 - 88

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da instituição

Interlocução com profissionais de

outras instituições

2 - - - - - - 4 - 25 - - - - 31

Itinerância 5 - - - - - - - 2 - - - - 3 10

TOTAL 1381Obs: Alguns municípios ou CREs informaram os atendimentos oferecidos, caracterizando-os, mas não os quantificaram. Portanto, a ausência de dados numéricos não significa necessariamente a ausência das ações referidas no quadro.

Embora não tenha informado o número de pessoas beneficiadas, a 6ª CRE afirma que realiza semanalmente a itinerância do professor da SRM, quando são realizadas ações de sensibilização e são identificados os alunos com indicadores de AH/SD, nas escolas da região.

Em uma das escolas da 24ª CRE, o responsável pelas informações optou por responder qualitativamente, considerando, na sua interpretação, que as ações sugeridas pelo instrumento não ocorrem de uma forma pontual e linear. Refere que muitas vezes a sensibilização surge paralelo ao atendimento e/ou na realização de atividades pedagógicas, com uma intervenção conforme a necessidade. Isso acontece também nos atendimentos coletivos e individuais. Exemplifica, dizendo que o encaminhamento de alunos pode surgir em contextos diferenciados, onde está o grupo docente, como reuniões, conselhos de classe, em conversas formais e informais ou em qualquer espaço da escola, em que estejam se desenvolvendo atividades comuns.

Os profissionais responsáveis pelas Salas de Recursos, na sua maioria, além do atendimento pedagógico aos alunos, têm consciência da sua importância como fomentadores das reflexões sobre o tema AH/SD. Ações como participação na mídia e em grupos de estudo, palestras em cursos de formação de professores, promoção de grupos de estudo ocorrem sistematicamente.

A professora da escola da 24ª CRE relata que seus alunos estão responsáveis pela produção de charges para o jornal de Cachoeira do Sul. Também refere que ela própria realiza grupos de estudos na Coordenadoria, oportuniza discussão e análise de várias abordagens em encontros pedagógicos com as equipes de professores e aborda questões específicas e de formação com outros profissionais da rede. Os grupos de estudos da Educação Especial têm frequência mensal e discutem temas fundamentais que alavancam questões pertinentes à realidade escolar. Nestes encontros, são elaborados projetos que facilitam e incentivam o constante agrupamento e reagrupamento de alunos com a intencionalidade de sondar e desenvolver habilidades, além de socializar saberes.

Algumas CREs também informaram parcerias que dão sustentação ao trabalho de outras instituições na área das AH/SD. A 18ª CRE menciona que, com seu trabalho, foram construídas várias parcerias. E cita algumas: o Centro Integrado de Atendimento ao Educando/CIAE, o Núcleo de Tecnologia Educacional/NTE, a Escola de Belas Artes Heitor de Lemos e a FURG, todas estas instituições da região de Rio Grande.

Outra informação importante oportunizada pelo Mapeamento diz respeito à titulação

do professor responsável pela Sala de Recursos Multifuncional que atende alunos com

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AH/SD. Quase a totalidade do professores capacitaram-se na área das AH/SD no Curso de 2002, na parceria SEDUC/FADERS/UFRGS. Muitos, ainda têm Especialização em AEE ou em Educação Especial ou em Transtornos Globais do Desenvolvimento.

As principais referências teóricas e os autores que alicerçam o trabalho nas SRMs são: Joseph Renzulli, Howard Gardner, Soraia Napoleão Freitas, Susana Barrera Pérez, Denise de Souza Fleith, Ângela Virgolim, Eunice Soriano de Alencar, Zenita Cunha Guenther, dentre outros. Também houve referência a César Coll, Teresa Mantoan, Rosana Glat, Christina Cupertino e à bibliografia oficial do Ministério da Educação/MEC.

Um dos grandes desafios dos professores das SRMs é o processo de identificação dos indicadores de AH/SD nos seus alunos. Como estratégias de identificação, os pesquisados salientaram os seguintes recursos: observação direta do comportamento, avaliação de desempenho, escalas de características, dados de entrevistas com a própria pessoa, com a família e com os professores, portfólio, indicação médica, indicação do professor, auto-indicação, parecer técnico pedagógico e, por fim, testes de inteligência. Os instrumentos padronizados citados pelos pesquisados foram:

- Ficha de observação do professor na sala de aula (CEDET);- Escalas para avaliação das características comportamentais de alunos com AH/SD,

de Joseph Renzulli e traduzidas por Ângela Virgolim;- Fichas elaboradas por Joseph Renzulli e adaptadas pelo NAPPAH/FADERS para

identificação dos indicadores de AH/SD;- Questionários para Identificação de Indicadores de AH/SD, de autoria de Soraia

Napoleão Freitas e Susana Barrera Pérez;- Teste de Inteligência WISC-III, validado para a realidade brasileira por Vera

Figueiredo.

Em 2012, foram atendidos, nas CREs do Rio Grande do Sul 336 alunos com AH/SD. Relembra-se que estes dados consideram somente os alunos em acompanhamento nas Salas de Recursos Multifuncionais, embora se saiba que muitos outros alunos com AH/SD estão matriculados e frequentando apenas classes regulares, com identificação ou não. Considerando os dados científicos que identificaram 7,8% de alunos com AH/SD em pesquisa realizada pela AGAAHSD, em 2001, fica evidente que o número de alunos com este perfil presente nas escolas é significativamente maior, mas que por diversas razões não estão sendo identificados. A classificação por sexo destes alunos é a seguinte:

Sexo CREs/ Número de alunos com AH/SD em atendimento em 2012

TOTAL 1ª

CRE2ª

CRE3ª

CRE4ª

CRE6ª

CRE10ª CRE

11ª CRE

12ª CRE

14ª CRE

18ªCRE

19ª CRE

21ªCRE

24ª CRE

27ª CRE

Masc 45 6 9 1 6 3 16 31 7 8 17 4 12 20 185

Fem 36 2 13 1 5 1 9 26 9 5 19 13 11 1 151

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TOTAL 336Obs: As Salas de Recursos situam-se nos municípios-sede das CREs, com exceção da 11ª CRE, em que a Sala está situada no Município de Torres e da 12ª CRE, em que a Sala está situada no Município de Butiá.

Considerando a escolaridade dos alunos com indicadores de AH/SD atendidos nas Salas de Recursos da rede pública estadual, são os seguintes os dados do estudo:

Níveis de escolarida

de

CREs/ Número de alunos com AH/SD em atendimento em 2012

TOTAL 1ªCRE

2ª CRE

3ª CRE

4ª CRE

6ª CRE

10ª CRE

11ª CRE

12ª CRE

14ª CRE

18ªCRE

19ª CRE

21ª CRE

24ª CRE

27ª CRE

Educação Infantil

- - - - - - - - - - - 4 - - 4

Ensino Fundamental (1º ao 4º ano)

27 - - - 6 - 1 2 5 - 7 4 5 2 59

Ensino Fundamental (5º ao 9º

ano)

43 7 16 - 5 - 20 33 10 13 28 5 16 19 215

Ensino Médio

10 3* 6 2 - - 4 22 1 - 1 7 2 - 58

TOTAL 336Obs: *dois alunos têm atendimento assistemático

Percebe-se que a maior concentração de alunos em atendimento está no Ensino Fundamental (5º ao 9º ano). Deve ser ressaltado o reduzido número de crianças da Educação Infantil e a ausência de alunos com AH/SD no Ensino Técnico e no EJA, o que deve ser motivo de observação por parte dos gestores educacionais.

Outro resultado do estudo foi a resposta dada pelos pesquisados sobre a tipologia dos alunos com AH/SD, segundo Joseph Renzulli. Encontraram-se os resultados a seguir:

Tipologia dos alunos

com AH/SD,

segundo Joseph Renzulli

CREs/ Número de alunos com AH/SD em atendimento em 2012 TOTAL

1ªCRE

2ª CRE

3ª CRE

4ª CRE

6ª CRE

10ª CRE

11ª CRE

12ª CRE

14ª CRE

18ªCRE

19ª CRE

21ª CRE

24ª CRE

27ª CRE

Acadêmico 30 2 15 1 - 2 2 2 11 2 7 - 8 4 86

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Produtivo-criativo

50 4 7 2 5 2 5 36 5 4 12 - 7 12 151

Misto 12 2 - - 1 1 19 - 6 9 - 2 5 57

Não identificado

3 - - 5 17 2 - 1 8 - - 42

TOTAL 336

Já no que se refere a identificação das inteligências múltiplas, segundo Howard Gardner, os dados são:

Áreas de inteligên

cia, segundo Howard Gardner

CRES/ Número de alunos em atendimento em 2012

TOTAL 1ªCRE

2ª CRE

3ª CRE

4ª CRE

6ª CRE

10ª CRE

11ª CRE

12ª CRE

14ª CRE

18ªCRE

19ª CRE

21ª CRE

24ª CRE

27ª CRE

Linguística 22 2 7 1 3 1 5 1 9 6 3 7 3 6 103Lógico-

matemática22 1 7 1 1 1 6 1 4 5 2 3 5 3 62

Espacial 24 3 - 2 - 16 18 1 7 27 2 3 7 110

Musical 16 1 1 1 1 2 7 - - - 3 2 2 36Inter-

pessoal8 - 4 - - 3 6 1 3 2 1 2 1 31

Intra-pessoal

5 - 1 - - 2 5 1 2 - - - - 16

Corporal-cinestésica

23 - 2 1 1 1 8 17 - 8 2 2 1 2 68

Naturalista - - - - - 2 2 - 1 - - - 5

Não identificada

5 - - - 6 - 4 - - 1 - - 1 - 17

TOTAL 448Obs: Alguns alunos foram indicados pelos pesquisados em 2 ou mais áreas, o que justifica a diferença

entre o número de alunos atendidos e a soma das inteligências identificadas.

Muitas e variadas atividades são desenvolvidas nas Salas de Recursos Multifuncionais com os alunos que têm indicadores de AH/SD. Aqui serão referidas as que foram mais citadas pelos pesquisados e representantes das Coordenadorias. Serão apresentadas em tópicos para que se tenha uma visão abrangente da extensa lista de atividades desenvolvidas pelos professores e alunos:

- projetos de informática, artes plásticas, xadrez, criação de revista virtual, coral, informática, danças, banda;

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- concursos de redação e desenho;- participação nas Olimpíadas de Matemática;- parcerias com cursos universitários para organização de sites;- monitoria de pesquisas, notícias, fóruns;- clubes de Astronomia, Astronáutica, Natureza, Água, Poluição, Neurociências,

História, Eletricidade; - torneios esportivos, como futsal e tênis de mesa;- oficinas de artes plásticas; - oficinas de artesanato em crochê;- oficinas de pintura em latas e vidros, com material reciclado e técnicas de pintura

com gravuras e guardanapos;- aulas de música (violão, teclado, piano);

- prática de esportes;

- clubes de desenho, desenho animado, fotografia, história em quadrinhos, composição de músicas;

- competições de xadrez; - oficinas literárias, com a criação de textos, poemas, histórias;

- oficinas de adaptações de obras literárias para filmes;

- montagem de protótipos;

- jogos pedagógicos e de tabuleiro;

- modelagem, reciclagem de materiais, origami, brincadeiras e mímicas;

- participação em concursos de âmbito local, regional e nacional, em diferentes áreas.

Além das atividades gerais desenvolvidas nas Salas de Recursos Multifuncionais, os pesquisados forem incentivados a relatar atividades pontuais que considerassem muito relevantes no seu trabalho. Dentre as principais realizações, destacaram-se:

- Projeto “Pequenos Escritores”;- Projeto “Educando para a diversidade”, em que alunos com inteligência musical

tiveram aulas de Alabê (tambor de Religião Matriz Africana) e se apresentaram durante a Semana da Consciência Negra em Seminário;

- Festival de Talentos (aberto a todos os alunos); - Campanha de preservação do Meio Ambiente;- Festival de Vídeos;- Projeto de Leitura “Lendo pra Valer”;- Torneios abertos de Xadrez, que atingiu toda a comunidade e atualmente está

consolidado como programação dentro do Torneio de Balonismo, evento internacional

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realizado em Torres (RS), em três anos consecutivos; - Torneio de Xadrez durante a Feira do Livro;- Aluna-atleta campeã da categoria juvenil de Torneio Estadual de Xadrez;- Jogos Escolares de Torres;- Premiação com filme realizado por alunos da sala de recursos e parcerias;- Produção de obras de artes (quadros);- Festival de canto e dança da própria escola e, em conjunto, com escolas de

municípios vizinhos;- Mostra de talentos e participação em festividades públicas dentro e fora do

município;- Projeto Mergulhando na Leitura;- Parceria com o Atelier Livre Municipal de Cachoeira do Sul com centros de

informática, lojas comerciais, Lions e bancos, como espaços para exposição de trabalhos dos alunos;

- Projeto Poesia Itinerante, com o apoio de professora da área de Língua Portuguesa e de empresa de comunicação visual;

- Parceria com o Jornal do Povo (jornal local da cidade de Cachoeira do Sul) que possibilita algumas atividades, como: “Repórter Por Um dia”, “Espaço JP leitura na sala de aula” (em eventos e datas especiais na escola), edições grátis do JP. Desde o final de 2010, os alunos criam charges sobre os mais diversos assuntos recorrentes e as mesmas são publicadas no jornal. São mais de setenta publicações;

- Projeto Monitoria Compartilhada, no qual os alunos com AH/SD monitoram atividades tecnológicas com os alunos com deficiência intelectual;

- Monitoria de alunos com a tecnologia na escola, com atividades que exigem o uso de tecnologias diversas e o uso de som em atividades da escola;

- Parceria com um centro de formação profissional na área de informática. Alunos são contemplados com cursos grátis pelo reconhecimento de seus potenciais. Ex: Montagem e Manutenção em Informática;

- Show de Talentos da Escola;- Projeto Educa Uma Ação Social, em que foi possível efetivar a produção de livro de

poemas chamado “Olhe minhas poesias”. Esse livro foi construído graças à articulação com recursos de fora da escola. Três alunas demonstraram talento na área de poesia e, a partir daí oportunizou-se a produção de livros que foram vendidos em momentos literários da escola;

- Parceria com a Biblioteca Pública Municipal para que aluna da SRM, durante a Feira do Livro do Município, realizasse uma Oficina Poética para a comunidade (com a mediação da professora), com apresentação de seus poemas e incentivando crianças de diversas escolas na criação de seus próprios poemas;

- Aluna da SRM de Cachoeira do Sul foi vencedora no I Prêmio de Talento Literário em Poesia Superdotação - 1º lugar no RS e 5º Lugar na etapa nacional, em Brasília (2008);

- Concurso de redação no município sobre o tema de Planejamento Familiar (2011), em que dois alunos conquistaram 1º e 2º lugares respectivamente (7ª e 8ª séries).

Fica evidente que, nas atividades de enriquecimento curricular, há um grande empenho dos professores em promover o desenvolvimento de talentos, fortalecer o autoconceito, identificar os pontos fortes e limitações pelo próprio aluno, promover

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estratégias de estimulação, oferecer atividades desafiadoras e motivadoras, além de ofertar espaços de compartilhamento de experiências em comum. Analisando este aspecto do Mapeamento, uma das professoras afirma:

ainda vivo num contexto onde não há somente necessidades de sensibilização, há necessidade também de se mostrar efetivamente resultados “concretos” de que esses alunos existem e não são uma “espécie rara” no nosso contexto (e atuo desde 2006!). Acredito, portanto em ações que saem da escola e atingem a comunidade local. Isso soma como forma de demonstrar a importância de se desenvolver o potencial de todos os alunos e principalmente dos que possuem AH/SD. Assim, situações em que alunos vão participar de concursos, olimpíadas, gincanas e apresentações ficam sempre o registro de que estes alunos são alunos como todos os demais e dessa forma podem e vão apresentar capacidades acima da média e também limitações como qualquer outro sujeito.

Também pode ser percebida, no estudo, a importância atribuída às parcerias para a realização de ações com os alunos. Segundo a professora de uma das Salas de Recursos da 24ª CRE, as parcerias vão se adequando e se construindo conforme as necessidades dos alunos da sala e da realidade do momento. São contribuições nas mais diversas áreas. Nessa linha, toda atividade é intencionalmente articulada e planejada dentro de alguns critérios que se fazem necessários e devem ter ganhos não somente para a Sala, mas também para a escola e a comunidade. “De nada adianta buscar parceria fora do seu estabelecimento se não houver um suporte fundamental dentro do mesmo”, avalia a professora.

Em outro momento do depoimento da mesma professora, é referido que

projetos potencializam ações pedagógicas voltadas ao interesse dos alunos ao mesmo tempo em que ampliam o foco dos mesmos e oportunizam enriquecimento curricular. Estas ações contribuem para o desenvolvimento das diferentes habilidades ao mesmo tempo em que apresentam resultados individuais significativos.

E ainda:

A construção de espaços para o grupo heterogêneo contagia e amplia interesses, atividades e objetivos, que vão se delineando conforme o grupo. Quando se cria um projeto, inicialmente não se sabe o que vai se atingir em específico, daí a relevância e o desafio de se efetivar e mostrar constância nesse aspecto. Os alunos mostram necessidades de aprofundamento, suplementação e ou enriquecimento - elementos que são trabalhados e alcançados no desenrolar desses projetos. É uma dinâmica que ampara e sinaliza um caminho a percorrer.

Os pesquisados também foram estimulados a manifestar suas percepções em relação às barreiras encontradas para que o trabalho com as AH/SD se amplie. Os resultados do estudo confirmam o nível de complexidade do trabalho e as demandas que estão presentes na rotina das Salas de Recursos, no que se refere ao atendimento destes alunos. Foram citados alguns dados muito relevantes, identificados como necessidades para que o trabalho possa manter seus objetivos e avançar na sua abrangência:

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- rede de apoio que auxilie na identificação e na busca de parcerias para encaminhar os alunos;

- mobilização junto às universidades para oferecer maiores informações aos acadêmicos que chegam nas escolas sem conhecer a demanda desses alunos;

- necessidade de acompanhamento aos jovens com AH/SD ao concluir o ensino básico;

- transporte para os alunos da SRM, nas atividades extraclasse;- incentivo a parcerias;- manutenção e reposição de aparelhos eletrônicos e materiais, pois o material

tecnológico diversificado e o acesso à INTERNET são suportes essenciais para que haja enriquecimento curricular e para que se incentive o potencial no uso de tecnologias de informação e comunicação;

- instalações adequadas;- formação continuada para atualização profissional;- maior envolvimento dos órgãos competentes;- apoio dos profissionais de saúde para diagnóstico e atendimento aos alunos;- maior integração das equipes das escolas: direção, coordenação pedagógica,

professores, professor da sala, pais e profissionais de saúde; - recursos financeiros para patrocinar projetos, viagens e vestuários artísticos;- bibliografia especializada disponibilizada na comunidade escolar;- ampliação de carga horária do professor (20 horas não é suficiente para a

demanda);- apoio do setor pedagógico da CRE para a construção de parcerias com outras

instituições; - divulgação de informações por parte da CRE sobre a área das AH/SD, como uma

questão essencial a ser tratada na ótica da inclusão e diversidade; - formação continuada dos professores com encontros presenciais da área de AH/SD

(no mínimo semestrais), com a parceria da FADERS e Secretaria de Educação para socializar estudos, ações, experiências, expectativas e articulações. É importante o grupo de professores construírem essa “rede” de sustentação em prol dos seus objetivos, da sua caminhada, dos seus enfrentamentos;

- retomada dos encontros que eram realizados com o grupo que trabalhava nas Salas de Recursos para AH/SD, proporcionados pela SEDUC com a participação do FADERS, pois esses encontros traziam discussões, relatos e trocas de experiências relevantes para o trabalho;

- reconhecimento e valorização do trabalho realizado na SRM;- compra de obras de literatura infantil e infanto-juvenil com temas variados,

curiosidades, poemas, coleção Harry Potter, coletâneas sobre clássicos da literatura. Foi ressaltado que os livros consistem em ferramentas indispensáveis no processo de desenvolvimento e identificação dos alunos;

- renovação dos materiais nas SRMs. Os que estão disponíveis, atualmente, já ultrapassados e já não despertam curiosidade para um aluno curioso e criativo.

Sintetizando-se as demandas expostas pelos professores da Rede Estadual de Educação, o mapeamento demonstrou a ampla necessidade de busca de recursos para

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que o atendimento às AH/SD se consolide como um espaço de valorização de potenciais, com materiais também específicos e voltados para a realidade atual. Na análise das condições de trabalho nas SRMs, uma das professoras questiona: “Proporcionar espaço criativo sem verba é difícil. Portanto, como encantar o aluno ou propor desafios?”

Um discurso recorrente entre os professores foi o acúmulo de funções que lhes são atribuídas, muitas vezes desenvolvidas de forma muito solitária: identificação, atendimento, busca de parcerias, acompanhamento de alunos em atividades fora da escola, formação de professores e funcionários, atendimento aos pais e itinerância junto às escolas do núcleo. Esta multiplicidade de tarefas provoca, muitas vezes, a sensação de impotência ou até de incompetência para desenvolver o trabalho.

Salientam, também, que existem reduzidos espaços para discutir necessidades dos alunos com AH/SD. Falam que, nos encontros de professores de AEE, os assuntos giram somente em torno da deficiência e, geralmente, não há interesse para aprofundamento das necessidades específicas dos estudantes com indicadores de AH/SD. Também há o mesmo descaso quando a proposta é de propor e planejar políticas públicas para esse atendimento.

Nesta mesma lógica, os professores também reivindicam atendimento na área da saúde para os alunos, com acompanhamento médico e psicoterapêutico quando necessário, com maior rapidez.

Outra constatação dos professores refere-se ao fato do quanto o universo educacional ainda não está familiarizado e engajado com o tema AH/SD. É preciso formação docente, continuada, intensa e integral, e mais contato com experiências bem sucedidas na educação básica e superior, em outras realidades. Os encontros entre os profissionais são sempre muito importantes e a troca de experiências auxilia muito nas atividades realizadas na Sala de Recursos. Uma das professoras foi especialmente enfática na necessidade de formação continuada de professores. Afirma que:

no que se refere a troca de experiências, há um contingente maravilhoso a ser contemplado e compartilhado. Estamos vivendo uma época onde tudo parece à distância: o ensino, os cursos e os enfrentamentos que se revelam a todo instante no processo de inclusão, principalmente das AH/SD.

Continua seu depoimento, dizendo que:

A expectativa maior é a de que não se perca o contato e a formação continuada com encontros presenciais (no mínimo um) em cada semestre, com professores que atuam efetivamente na área de AH/SD. E de que não haja surpresa de que há alguma Sala de Recursos com esse referencial de trabalho. Ao contrário: que seja vista com naturalidade e sirva de incentivo a outras iniciativas!

Analisando os resultados em universidade pública federal

A proposta de Mapeamento da Política Pública para as Pessoas com AH/SD no

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Estado do Rio Grande do Sul incluiu a busca de conhecimento sobre serviços nas instituições públicas federais. O único trabalho estruturado para as AH/SD, atualmente, foi o realizado pela Universidade Federal de Santa Maria e se caracteriza por ser um Projeto de Extensão, o “Programa de Incentivo ao Talento/PIT”.

O serviço teve seu início em 2003 e se mantém até hoje, sob a coordenação da Profa. Dra. Soraia Napoleão Freitas. A equipe responsável pelo acompanhamento é formada por 15 pessoas e inclui acadêmicos dos cursos de Educação Especial e Pedagogia, além de alunos do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação.

Os principais atendimentos oferecidos atualmente pelo PIT são apresentados no quadro a seguir, de acordo com os dados informados pelo grupo responsável:

Natureza do atendimento

Descrição do atendimento/Público-alvo Nº de pessoas atendidas em

2012

Sensibilização No projeto de pesquisa “Da identificação a orientação de alunos com AH/SD”, orientado pela Profª Drª Soraia Napoleão Freitas, ocorre a sensibilização nas escolas a respeito da temática para a identificação e depois permanece o contato com as instituições, quando os alunos estão participando do PIT.

Não informado

Identificação das AH/SD

A cada ano, o projeto de pesquisa realiza o processo de identificação em algumas escolas de Santa Maria (em torno de 2 a 3 escolas por ano) e faz o devido encaminhamento dos alunos para o projeto de extensão PIT.

Não informado

Atendimento individual

Para alunos que demonstram habilidades específicas ou que possuem interesses diferentes dos Grupos de Interesses oferecidos no projeto PIT.

5

Atendimento Grupal

A cada ano, são oferecidos aos alunos ”Grupos de Interesses”, que surgem a partir dos interesses demonstrados pelos mesmos. Nestes grupos, participam alunos de diferentes faixas etárias interessadas pela temática.

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Atendimento à família

Paralelo ao atendimento aos alunos, acontece o “Grupo de Pais e/ou Responsáveis”, quando são realizados debates para esclarecimentos sobre a temática, dúvidas e informações sobre o assunto. Quando necessário, são realizados atendimentos individualizados com algumas famílias.

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Interlocução com outros profissionais

da instituição

Na organização dos Grupos de Interesses, há a vinculação do PIT com alguns PET’s – Programas de Educação Tutorial – da UFSM, e/ou projetos de pesquisa e extensão da instituição, como forma de aprofundar os conhecimentos debatidos com os alunos.

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Interlocução com profissionais de

outras instituições

Algumas pessoas que desenvolvem atividades autônomas já participaram do PIT, contribuindo com conhecimentos mais aprofundados aos grupos de interesses. Há acadêmicos de outras

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instituições, como, por exemplo a ULBRA, que participam do projeto na condição de colaborador/participante.

Como principais referências teóricas e autores, foram citados pelos pesquisados: o Modelo dos Três Anéis e o Modelo Triádico de Enriquecimento, de Joseph Renzulli e Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner.

A equipe do PIT realiza o processo de identificação em algumas escolas de Santa Maria nos anos iniciais. Para esta intervenção, utiliza as listas e questionários sugeridos por Freitas e Pérez (2012) e, se necessário, são realizadas atividades pedagógicas em cada área para complementação das informações sobre o aluno. Estes instrumentos foram criados a partir de referenciais teóricos na mesma perspectiva do projeto. Ainda, podem ser utilizados: o Guia de indicação sugerido pela pesquisadora Zenita Güenther, entrevistas com professores e pais, construídas pela equipe do projeto, e atividades pedagógicas sugeridas por Angela Virgolim.

As práticas de atendimento oferecidas pelo PIT seguem as propostas sugeridas por Joseph Renzulli (2004), tendo em vista as áreas de interesses dos alunos com indicadores de AH/SD. São organizados grupos de interesses temáticos, nos quais os estudantes de diferentes faixas etárias podem optar de qual participar. Também são realizadas “atividades especiais”, sendo que nestas são propostas atividades e/ou passeios relacionadas às áreas distintas das que estão sendo trabalhadas nos grupos, e todos os participantes interagem. É realizado ainda o acompanhamento individualizado a alunos com interesses específicos.

A cada semestre, há a participação de determinados grupos vinculados a PETs ou projetos, que planejam e executam atividades junto dos grupos de interesse. Já ocorreram atividades vinculadas aos cursos de Matemática, Engenharia Elétrica, Zootecnia, Letras. Em relação a outros projetos, foi citada a parceria de grupo de interesse do PIT – Gtec - com o Projeto Bombaja – CT/UFSM.

O número de pessoas em cada grupo é variável, pois participam pessoas que contribuem de diferentes maneiras. Geralmente, são propostos para os alunos em torno de três grupos de interesses, nos quais os mesmos são incentivados a explorar e aprofundar os conhecimentos em algumas áreas. A partir do que Joseph Renzulli propõe no Modelo Triádico de Enriquecimento, adaptado à nossa realidade, busca-se realizar atividades do tipo I, tipo II e tipo III, explorando e procurando aprofundar as áreas, incentivando as produções originais. A cada ano, têm sido alcançados resultados muito favoráveis, tanto no desenvolvimento das habilidades dos alunos, como na sua auto-estima e nas condições de inclusão escolar.

Ações como as que foram descritas abrangem alunos, familiares e professores de escolas de Santa Maria, tanto no processo de identificação quanto no atendimento, estendendo-se a encontros informativos em outros municípios da região, para fins de esclarecimentos sobre a temática.

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O projeto não possui estrutura física própria, sendo que o espaço é cedido por uma escola estadual de Santa Maria, que possui uma SR para o Atendimento de alunos com AH/SD. Esclarece-se que o projeto não possui vinculação direta com a escola, apenas ocupa o espaço físico disponibilizado. São quatro salas de aula, uma quadra de esportes, uma área interna coberta, banheiros, e materiais como televisão e computador da escola. Os demais recursos e materiais de uso contínuo são custeados por auxílio da UFSM ao projeto. Utilizam-se, ainda, materiais diversos de uso pedagógico, assim como alguns específicos de cada área que está sendo trabalhada nos grupos de interesse (bolas, equipamentos para exercícios físicos, ampolas, mapas e outros).

Em 2012, foram atendidos, no PIT, 83 alunos no total, sendo 31 do sexo feminino e 52 do sexo masculino. O critério de ingresso principal ao atendimento é ser aluno que tenha sido identificado pelo projeto de Pesquisa ”Da identificação à orientação de alunos com AH/SD”. Outros são encaminhados ao projeto por professores de outras instituições, com parecer pedagógico.

A caracterização dos alunos em atendimento é apresentada nos quadros a seguir,

considerando as classificações propostas por autores que fundamentam o trabalho.

De acordo com a tipologia de AH/SD, de Renzuli, são estes os resultados:

Tipologia dos alunos com AH/SD, segundo Joseph Renzulli Nº de pessoas em atendimento em 2012

acadêmico 35

produtivo-criativo 22

misto 15

não identificado 11

Total 83

Já segundo as Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner, os alunos são identificados como segue abaixo. Alguns foram identificados em mais de uma área, mas os pesquisados optaram, neste quadro, por citar uma única inteligência por aluno, aquela de maior destaque, na sua interpretação:

Área(s) de inteligência, segundo Howard Gardner Nº de pessoas em atendimento em 2012

Linguística 27

Lógico-matemática 28

Espacial 13

Musical 1

Interpessoal 10

Intrapessoal -

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Corporal-cinestésica 4

Naturalística -

Não identificada -

Total 83

Analisando-se as ações desenvolvidas junto aos alunos com AH/SD, avaliam os responsáveis pelo PIT, a cada ano são alcançados objetivos bem significativos, tanto no desenvolvimento das suas áreas de interesse, como na qualificação da sua inclusão escolar. Percebe-se o empenho da equipe executora na promoção de atividades e grupos de interesses que incentivam os alunos no aprofundamento e no direcionamento dos seus projetos. No ano de 2011, se efetivaram três grupos com alunos – Gtec, Cinema e Arteiros - e o grupo de pais e/ou responsáveis, que tiveram o apoio do grupo Bombaja/UFSM, de um profissional da área do Grafite e de outras pessoas que contribuíram no trabalho. Os coordenadores consideram muito satisfatórios os resultados em cada grupo.

Também foram referidas como atividades especiais desenvolvidas pelo PIT, a “Arte Circense” e visitas a amostras, exemplificadas com o “Cartucho” em Santa Maria. Além disso, houve o acompanhamento individual de um dos alunos que estava concluindo o Ensino Médio.

Na fala de uma das professoras que participam do PIT:

O atendimento às pessoas com AH/SD, no projeto Programa de Incentivo ao Talento - PIT é relevante, pois toda a prática realizada no mesmo é associada a estudos dos referenciais bibliográficos da área. No projeto, as leituras e a busca pela qualificação da prática são uma constante, bem como a busca por promover aquilo que contempla os objetivos do projeto que é o enriquecimento escolar para alunos com características de AH/SD. O projeto conta com uma equipe diversificada que embora separada em subgrupos de trabalhos referente aos grupos de interesse, todos estão a par de tudo que é realizado a fim de se obter uma coesão do grupo. Em relação à organização das atividades, todas são pensadas conforme os interesses apresentados. Sendo assim, pode-se dizer que o atendimento que esse projeto realiza é de grande relevância e impacto social, pois, em sua maioria, os estudantes atendidos são advindos de uma realidade carente e é muito provável que não conseguiria suprir suas necessidades. Este programa é uma forma de não deixar crianças e jovens “perderem” suas habilidades.

Outro depoimento também de professora do PIT revela como os profissionais envolvidos vêem o trabalho que desenvolvem:

um espaço pedagógico positivo para o reconhecimento das potencialidades e habilida-des desses sujeitos, também o atendimento das suas áreas de menor desempenho e o respeito as particularidades de cada um. Acredito ser um programa que possibilita ambi-entes estimuladores, nos quais os estudantes têm a oportunidade de realizar atividades desafiadoras, participar de momentos de exploração e descobertas, relacionar conheci-mentos científicos com a vida cotidiana e solucionar problemas de forma criativa. Tam-

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bém acredito ser um espaço que propicia a identificação entre seus pares (com as mes-mas características) e a interação com colegas que apresentam interesses semelhan-tes.

Como necessidades a serem consideradas para a continuidade do trabalho, foram citados o auxílio para transporte dos alunos e o acompanhamento de um profissional da área da Psicologia, que possa complementar a atuação do setor pedagógico.

É inegável a importância da Universidade na produção de novos conhecimentos e na formação de profissionais capazes de atender as exigências e expectativas de um mundo que, cada vez mais, está sendo moldado pela Ciência e Tecnologia. Junto com as discussões sobre o compromisso da Universidade na pesquisa e na construção do saber sistematizado, precisam estar as preocupações com os problemas e os desafios concretos presentes em uma sociedade. Portanto, não há como se pensar em estudar temas, como as AH/SD, sem contar com a participação da universidade, formulando conceitos, definindo estratégias de aprendizagem, propondo projetos e preparando profissionais. A relação entre ciência, sociedade e universidade é condição indiscutível para qualquer área do conhecimento! A contribuição da UFSM tem sido imensa neste sentido!

O que dizem os alunos quando analisam o atendimento oferecido?

Para que o Mapeamento abrangesse os diferentes olhares sobre o trabalho desenvolvido em suas comunidades, foi solicitado que os próprios alunos que recebem atendimento às AH/SD dessem depoimentos. Dentre as participações, destacaram-se algumas para que se tenha conhecimento da importância dos projetos nas vidas destes alunos. Essas falas, certamente, justificam o trabalho e são estímulos indiscutíveis para a implantação de políticas públicas na área, como se defende neste estudo. São elas:

A sala de recursos para alunos portadores de AH/SD é um espaço extremamente importante onde aperfeiçoamos nossas individualidades de forma coletiva com os demais colegas. Durante nossos encontros, debatemos diversos assuntos, e nas dinâmicas de grupo com muita interatividade. Muitas vezes, essas dinâmicas são baseadas em temas que são abordados nas palestras que ocorrem uma vez por semana. Assim elaboramos projetos com muita dedicação para serem trabalhados e apresentados aos demais alunos da escola e o pessoal da comunidade (aluna atendida na SEM da E.E.E.F Sylvio Torres, 1ª CRE).

Em vez de desperdiçar os talentos estão levando para o caminho certo. Quem sabe, no futuro, não fazemos algo grandioso?! (aluno atendido no NAI/Ivoti)

Bom, meu nome é (...) e estudo na escola Edmundo Strassburger. A minha escola tem um monte de cursos: tem coral, dança, flauta, poesia e dança gaúcha. Eu estava na dança gaúcha, mas saí. Bom, agora vamos falar como eu me sinto com esses cursos: No coral eu me sinto alegre com as músicas, na poesia eu me sinto livre, me expressando com palavras, na dança eu me sinto legal, mesmo sendo o único menino eu gosto muito da dança. Bom, isso é tudo, pessoal (aluno de 9 anos, atendido em escola municipal de Campo Bom).

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Uma influência positiva, tanto para mim quanto para minha escola! Para mim, ajudou no meu desenvolvimento mental, nas minhas habilidades. Para a escola, ela tem agora mais recursos, mais atividades para nós, alunos. Já com o xadrez, influenciou para mais encontros com outras escolas e outras cidades! (aluno atendido em SRM de escola da 11ª CRE)

Quando trabalhamos um determinado tema, adaptamos de acordo com a faixa etária escolar. Nas séries iniciais realizamos joguinhos, brincadeiras, contação de histórias de acordo com o conteúdo. Já nas séries mais adultas elaboramos palestras, questionários, mas tudo com bastante interatividade. Participar da Sala de Recursos é muito gratificante, pois ampliamos nossos conhecimentos em cada atividade, em cada passeio e no próprio ambiente que é saudável e unido. Nos expressamos sem restrições e ajudamos uns aos outros. Aqui é um pequeno espaço, onde a cada encontro damos um grande passo em busca dos nossos sonhos (aluna atendida na SRM da E.E.E.F Sylvio Torres, 1ª CRE).

Me destaco na sala de aula quando o assunto é desenhar. Adoro fazer diferentes tipos de desenhos. Participo de um Projeto na Escola chamado Revista Mistureba. É um projeto onde eu consigo desenvolver minhas habilidades, não só falando da pintura mas também da arte da música. Com isso eu crio novas ideias nas áreas onde me destaco. Como eu toco guitarra consigo também falar sobre este tipo de assunto. Acho muito importante estes projetos do contra-turno para mim, pois é um espaço que a escola está abrindo para nós. E futuramente quem sabe isso pode tornar-se uma profissão (aluno de 14 anos, atendido em escola municipal de Campo Bom).

Descobri novas formas de me expressar e acima de tudo encontrei um lugar que ajuda a entender o meu jeito de ser. Aqui estou bem, feliz e motivada. É um espaço diferente na escola também com um ensino diferente. Passo por desafios que mostram o quanto é gostoso continuar sempre aprendendo (aluna atendida em SRM de escola da 24ª CRE).

Um espaço que tem me incentivado a desenvolver minhas habilidades e utilizá-los de forma que me ajudem na escola, como por exemplo, em trabalhos sociais, música, teatro, vídeos... O que certamente me proporciona um melhor desenvolvimento escolar. A orientação me sugeriu cursos externos. Já foram realizados vários projetos que me incluíram em atividades, como Festival de Vídeos. Sinto-me feliz por ter apoio da escola, o que me encoraja a desenvolver minhas habilidades e expô-las para a comunidade (aluna atendida em escola municipal de Guaíba).

Na escola temos lugar para dançar, (...) a escola nos oferece o desenvolvimento desta habilidade, criando coreografia, desenvolvendo a criatividade. Temos uma sala onde temos à disposição materiais para realizar as atividades, computadores e Internet para assistir a filmes e vídeos para montar nossa coreografia. O grupo é bem integrado e temos a professora que está sempre nos orientando e nos ajudando para que possamos colocar em prática nossas habilidades e assim participar de eventos (aluna atendida em SRM de escola da 12ª CRE).

O que dizem os familiares quando analisam o atendimento oferecido?

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De mesma forma, os familiares também foram chamados a dar sua contribuição. A escolha das famílias ficou a cargo dos responsáveis pelo preenchimento do instrumento de pesquisa. A seguir, registram-se alguns dos depoimentos mais relevantes do estudo:

Para mim, fez uma grande diferença desde que começou a participar da sala de poten-ciais. O meu filho (nome) está mais organizado e responsável por que está feliz... Princi-palmente, porque hoje ele descobriu mais coisas de que gosta e se interessa mais por outras que nem desconfiava. Posso dizer que hoje ele está encaminhado e adora o que faz. Tenho só a agradecer porque ele tem um rumo e não imagino a escola sem este es-paço. (mãe de aluno atendido em SRM de escola da 24ª CRE)

Ótimo e essencial para o desenvolvimento e reconhecimento das suas aptidões, e agradeço a oportunidade concedida a meu filho (nome) de estar sob a supervisão destes profissionais extremamente habilitados e comprometidos com a profissão que escolheram, indicando a estas crianças o caminho da descoberta e as orientando a continuarem no curso de suas vidas escolares para que suas habilidades não se percam. Sabemos que isso acontecia antes que o nosso governo (...) implantasse esse programa de atendimento as estas crianças com habilidades especiais que precisam ser incentivadas e orientadas a respeito das mesmas para que a ignorância dos pais referente a este assunto não bloqueie o crescimento mental deles (mãe de aluno atendido na SIR/AH de Porto Alegre).

Acredito que essas oportunidades, que são as atividades, coral, dança, música, é de fundamental importância para as crianças, principalmente para crianças do nosso bairro, que é um bairro onde as crianças não tem a oportunidade de pagar particular, mas que mesmo assim, muitos não tem a consciência do quanto é importante do psíquico de seus filhos e não levam os filhos a participarem. Mas quanto ao Artur, o desenvolvimento dele só veio a melhorar com a sua participação nas atividades, proposta pela escola, apesar de que ele já é uma pessoa bem dinâmica e feliz, mas as atividades o ajudaram muito. Ele se tornou mais responsável e amigo. Ele adora participar, valoriza o trabalho dos professores e alega que não pode faltar, porque senão a professora vai ficar triste e se sentir desvalorizada (mãe de aluno com AH/SD atendido em escola municipal de Campo Bom).

Eu analiso o atendimento às pessoas com AH/SD (...) como uma excelente ferramenta para o desenvolvimento intelectual e social da criança com AH/SD, e como uma ótima fonte de aprendizado e discussão para o grupo familiar da mesma. No nosso caso parti-cular, o PIT tem ajudado o meu filho em pontos específicos da aprendizagem dele. Como em alguns problemas que ele estava enfrentando na escola por ter adiantado uma série, principalmente em relação a motricidade fina e em relação ao relacionamen-to com outras crianças. Por ser geralmente o mais novo da turma, além de estar sempre incentivando-o a expandir seus limites de aprendizado, estão propondo sempre novos assuntos e experiências. E em relação aos pais, tem sido de grande valia para o apren-dizado sobre as características das crianças com AH/SD, demonstrando as visões pe-dagógicas do tema. Além disso, o grupo de pais é uma grande oficina de troca de expe-riências entre os familiares destas crianças superdotadas. E o principal de tudo é a res-posta do nosso filho, sempre que é dada a ele a opção de ir ou não ir no projeto, e há 3 anos a resposta tem sido sempre a mesma: que quer muito ir (pai de um aluno atendido no PIT/UFSM).

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Nós, os pais que já temos filhos neste programa - ainda que leigos, porém interessados no desenvolvimento dos mesmos em todas as áreas - ficamos aguardando a continuidade deste projeto e esperando que mais profissionais sejam somados e capacitados para este programa específico e maravilhoso para os alunos com AH/SD. E que mais crianças sejam contempladas com este projeto de fudamental importãncia para nossas crianças (mãe de aluno atendido na SIR/AH de Porto Alegre).

O atendimento do meu neto (nome) está acontecendo em seu quarto ano. Até esta data, tem sido muito bom. Sua relação com a professora é de carinho, muito afeto, admiração e amizade. Ele conta os dias para o novo encontro e seus relatos são entusiasmados. É onde ele se sente desafiado e valorizado. O seu nível de tolerância ao erro e em aceitar o erro dos outros está mais tranqüilo (avó de aluno atendido na SIR/AH Porto Alegre). Acompanho o trabalho da sala de recursos para atendimento de alunos com AH/SD desde o início e vejo o empenho profissional da professora para desenvolver e encaminhar da melhor forma os talentos identificados. Tenho dois filhos atendidos que sempre receberam todo o acolhimento necessário e neste ano concluem o Ensino Médio. Fico me perguntando se na Universidade eles terão o mesmo apoio! (mãe de 2 alunos atendidos na SRM da E.E.E.M.Professor Sarmento Leite, 1ª CRE).

Gosto muito da minha filha participar da SR da Professora (nome). Ela ficou mais contente, se sentido mais importante na escola. A dificuldade é pegar o ônibus e ir na aula, porque às vezes não tenho passagem nem para ir trabalhar. Fico com pena, mas não posso ajudar ela. Se não fossem as professoras, ela faltava todas as aulas. Ela pensa trabalhar em lugares que pagam bem, mas ela não gosta de faltas as aulas (mãe de aluna atendida na SEM da E.E.E.F Sylvio Torres, 1ª CRE).

Eu sempre soube do potencial do (nome), mas ele não participava de nenhum projeto, talvez porque eu pensava que não fosse necessário. Mas hoje vejo o quanto o projeto da Revista Eletrônica e o Teatro são importantes para ele! É visível que o empenho escolar e as perspectivas para o futuro crescem a cada dia! (mãe de aluno atendido em escola municipal de Campo Bom)

Considerações Finais

O Mapeamento da Política Pública para as Pessoas com AH/SD no Estado do Rio Grande do Sul se propôs a construir uma fotografia precisa e abrangente da realidade educacional para as pessoas com AH/SD, no seu contexto. Muitas são as iniciativas pontuais e os serviços já em desenvolvimento - como os dados deste relatório apresentam - mas também é possível concluir que somente uma política consolidada pode garantir que outras intervenções se concretizem, tenham permanência e que, principalmente, representem verdadeiramente a defesa de direitos dessa população. Através deste documento, confirma-se a importância e a urgência de ações de caráter universalista na área das AH/SD, concretizadas em uma Política Pública forte e efetiva.

A iniciativa da FADERS/SJDH de realizar este levantamento foi vista por todos como uma boa contribuição para que as comunidades possam ter informações sobre a dimensão

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do atendimento às pessoas com AH/SD no sul do país. Pela primeira vez, concentram-se em um único relatório os serviços que contemplam esta área no âmbito público municipal, estadual e federal, no Estado. No entanto, também se sabe que muitas informações precisarão ser acrescentadas, ao longo do tempo. Os números computados e o cruzamento com as estatísticas oficiais mostram que há um grande número de alunos com AH/SD sem a devida identificação e, portanto, distantes do atendimento adequado para um desenvolvimento saudável e coerente com suas demandas. Na fala de uma das professoras pesquisadas, o atendimento às AH/SD tem especificidades e características diferenciadas. “É um ambiente dinâmico, de ensaios, de atividades singulares e coletivas, de expressões, de sons, de movimentos, de pesquisas... Tudo isso demanda ações impactantes que exigem diálogos, oralidades e ambientes ricos em oportunidades diferenciadas”.

Ao finalizar a apresentação dos dados do Mapeamento da Política Pública para as Pessoas com AH/SD, no Estado do Rio Grande do Sul e em especial os depoimentos dos envolvidos, ficam algumas certezas!

A primeira delas é a de que o atendimento educacional, no Estado, ainda está muito distante da democratização que todos querem. O respeito às diferenças, a busca de melhores condições para trabalhadores e aprendizes, a disponibilidade de recursos humanos e materiais representam, certamente, os maiores desafios da sociedade. Nem sempre estes critérios são utilizados no momento de traçar um plano para a educação e nem sempre servem de referência para a formulação de políticas públicas. Quando os aprendizes têm demandas diferenciadas – como em muitos casos de alunos com AH/SD – estas dificuldades se multiplicam e escancaram a necessidade de muitas mudanças na estrutura educacional. Talvez esta seja a principal razão pela qual haja tanta dificuldade para se derrubar barreiras que “escondem” estes alunos e tentam justificar suas necessidades como fantasias, mitos e até com patologias, como todos os que trabalham na área das AH/SD já viram em muitos casos.

Em janeiro de 2013, foram publicados os resultados do Censo Escolar 2012 da Educação Básica no Rio Grande do Sul9, cujos dados apontam para uma realidade preocupante no que se refere ao Atendimento Educacional Especializado (AEE). Uma informação que se impôs como relevante para este estudo e que deve servir como base para as reflexões dos leitores sobre o atendimento e o reduzido número de alunos com AH/SD identificados é situar o universo do qual se está falando. O Rio Grande do Sul tem um total de 9.987 escolas de Educação Básica. Destas, 38 têm dependência administrativa federal, 2.574 são estaduais, 5.002 são municipais e 2.372 pertencem ao ensino privado. Porque tão poucas dessas escolas têm trabalho voltado a atender as necessidades de alunos com AH/SD?

No que se referem aos dados do AEE, as informações do Censo são generalizadas - incluindo alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e com AH/SD. Num universo de 2.412.942 alunos matriculados em 2012 nas escolas da rede educacional

9 Fonte: MEC/INP – Censo Escolar da Educação Básica 2012. Site: http://www.educacao.rs.gov.br/pse/html/estatisticas.jsp

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do Rio Grande do Sul, foram identificados apenas 15.700 atendidos no AEE, quando se sabe que, tomando por base a prática e as estatísticas oficiais, seguramente, muitos alunos ainda não recebem a atenção do atendimento especializado que precisam. A SEDUC justifica os dados, afirmando que somente foram computados para o Censo os alunos matriculados em escolas especializadas e/ou em classes especiais, não considerando os alunos incluídos no ensino regular. Mesmo assim, ainda se tem muito a avançar no atendimento às diferenças educacionais na nossa realidade!

Seguindo a análise e retomando as estimativas de alunos com AH/SD nos dados estatísticos oficiais da literatura mundial sobre a temática, que referem de 3 a 7% de toda população composta de pessoas com este perfil, no mínimo, são 72.300 alunos com AH/SD nas escolas do RS. Desta forma, ficam muitos questionamentos: Porque ainda temos propostas tão reduzidas de atendimento educacional às AH/SD? Onde estão aqueles que não foram identificados? De que forma estarão sendo atendidos estes alunos?

Indo mais além, na avaliação deste panorama, sabe-se que novas demandas e exigências são colocadas a todo momento para os educadores. Recentemente, foi instituída a exigência de que as crianças brasileiras devam estar nas escolas a partir dos quatro anos de idade, o que amplia, consideravelmente, o número de alunos com AH/SD nos bancos escolares sem identificação e, portanto, sem a atenção aos seus direitos. No entanto, no levantamento dos dados para este estudo, ficou evidente o baixo percentual de alunos com AH/SD identificados na Educação Infantil. É mais um enfrentamento que se impõe!

A segunda certeza a que leva o estudo diz respeito à necessidade de formação continuada de professores. É inegável que a revolução tecnológica tem causado um enorme impacto em todos os setores da sociedade, criando um novo padrão de conhecimento. Não se pode mais conceber uma proposta educacional que não inclua temas transversais, como Meio Ambiente, Diversidade, Globalização, Tecnologia, Sexualidade e muitos outros e que não provoque profundas discussões sobre a contemporaneidade. Além disso, o professor precisa, cada vez mais, estar preparado para lidar com as diferenças, sejam quais forem. E isto significa, antes de mais nada, entender as necessidades de seus alunos, reconhecer as características e manifestações, identificando potenciais, preferências e limitações (FREITAS & PÉREZ, 2012). As autoras reforçam:

...é no entrelaçamento da educação geral, da Educação Especial e da proposta de educação para todos, nas suas dimensões relacionadas às políticas públicas, à formação de professores e às práticas pedagógicas, que se inicia a discussão em torno dos desafios, das possibilidades e das ações para que o processo de inclusão educacional da pessoa com necessidades especiais - AH/SD – seja implementado (FREITAS & PÉREZ, 2012, p.7).

Sabe-se das singularidades do aluno com AH/SD. É um constante desafio ao educador a convivência com as características deste aluno e sua diversidade. A falta de preparo do professor no processo de identificação dos traços, dos comportamentos e das demandas decorrentes deste perfil leva-o, muitas vezes, a ignorar a presença das AH/SD

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no seu aluno. Na sua maioria, os professores não têm acesso a esta área do conhecimento na sua formação acadêmica e buscam no seu referencial acumulado uma compreensão - por vezes equivocada - das manifestações de um aluno que questiona, que se interessa por temas diferentes de seu grupo, que propõe novas possibilidades para as situações a serem vivenciadas no dia-a-dia do trabalho pedagógico. A condição para neutralizar os efeitos da limitada preparação, da heterogeneidade de conceitos e da subjetividade do professor na identificação das AH/SD passa necessariamente pela capacitação e constante atualização dos profissionais. A análise a seguir sintetiza esta realidade:

Os professores estão e/ou sentem-se assoberbados de tarefas mais administrativas do que educacionais que restringem ainda mais o seu tempo ou na qual a formação inicial e continuada dos docentes (inclusive dos professores especialistas em Atendimento Educacional Especializado) raras vezes inclui o tema das AH/SD, a utilização de um ins-trumento de triagem pode contribuir para tirar da invisibilidade pelo menos alguns alu-nos com AH/SD. O re(conhecimento) dessa parcela de alunos com necessidades edu-cacionais especiais é fundamental para impulsionar o adequado registro no Censo Es-colar e a consequente distribuição de recursos do FUNDEB para as escolas de origem e, o que é mais importante, a formulação de políticas públicas educacionais que permi-tam um efetivo atendimento educacional especializado para esses alunos (PERÉZ, 2013, p. 77).

Outra conclusão importante é o valor da articulação entre as esferas pública e privada. A participação de entidades como o Conselho Brasileiro para Superdotação/ConBraSD e, no Rio Grande do Sul, a Associação Gaúcha de Apoio às AH/SD/AGAAHSD tem papel essencial nas políticas que embasam a área das AH/SD. Um ambiente de cooperação e de definição de papéis, com cada um fazendo sua parte, é o caminho. São as parcerias tão necessárias ao desenvolvimento de qualquer luta! Algumas questões primordiais têm sido levantadas pelas entidades representativas, recorrentemente. Uma delas se refere à necessidade de dialogar mais com os conselhos de educação e de direitos humanos sobre a área das AH/SD para que as queixas e reivindicações das pessoas com AH/SD ou seus responsáveis possam ser entendidas quando se sentem negligenciados. Também há uma preocupação das entidades na exigência descabida de laudo técnico para o encaminhamento dos alunos para atendimento no AEE. Na realidade, o professor das SRMs devem estar devidamente capacitados para fazer a identificação dos indicadores de AH/SD, através dos recursos pedagógicos que domina. Uma questão crucial que leva muitas pessoas a buscar apoio junto aos serviços e às associações representativas das pessoas com AH/SD diz respeito à aceleração dos alunos comprovadamente em condições cognitivas, emocionais, relacionais e sociais para avançar em seus estudos. Este é um assunto que causa muitas dúvidas e que exige maior esclarecimento nos contextos educacionais.

Fica a certeza de que o trabalho até aqui já realizado ainda tem muito a conquistar no que se refere à inclusão das pessoas com AH/SD. As diferentes propostas ainda não contemplam a integração esperada para se atingir minimamente as metas de atendimento, de oferta de cursos, de atividades pedagógicas adequadas, de formação de professores e de enfrentamento de situações singulares das AH/SD. Os testemunhos dos poucos alunos e familiares que estão sendo atendidos confirmam que o Rio Grande do Sul está no

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caminho certo quando se posiciona frente ao desafio de inovar e apresentar saídas para o atendimento às AH/SD. Mas ainda é pouco! Quando se analisa a abrangência do trabalho, nos diferentes contextos, percebe-se que o Estado, no campo educacional e social, ainda precisa percorrer grandes espaços na busca da democratização do atendimento. Fica claro que, quando se dá atenção à diversidade e se fortalecem políticas públicas, a realidade se modifica e as alternativas se apresentam. Parafraseando uma das professoras que participaram do Mapeamento: “Quem atua com alunos com AH/SD, sabe que temos que estar sempre criando, inventando, trazendo novidades e fomentando ações...” Nesta lógica, fica a expectativa de que o Mapeamento seja um impulsionador para o fortalecimento dos recursos já existentes e um incentivador para novas experiências!

Bibliografia:

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HOWARD GARDNER, H.; KORNHABER, M. L.; WAKE, W. K. Inteligência: múltiplas perspectivas. Porto Alegre: Artmed, 2003.

GUENTHER, Z. C. Capacidade e Talento: um programa para a escola. São Paulo: EPU, 2006.

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PEREZ, Susana Barrera Pérez Graciela Pérez Barrera. Encontros e desencontros na identificação dos indica-dores de AH/SD. Em: Psicologia Argumento. Curitiba, PUCPR, v. 31, n. 72, p. 57-78, jan./mar. 2013. Dispo-nível em http://www2.pucpr.br/reol/index.php/PA?dd99. Acesso em 22/04/2013.

JOSEPH RENZULLI, Joseph. O que é esta coisa chamada superdotação e como a desenvolvemos? Educação, Porto Alegre, PUCRS, v. 52, n. 1, p.75-131, Jan./Abr. 2004. Tradução de Susana Barrera Pérez G. P. B. Pérez. Disponível em http://caioba.pucrs.br/faced/ojs/viewarticle.php?id=6&layout=abstract.

RIO GRANDE DO SUL. Constituição Estadual do Rio Grande do Sul, de 3 de outubro de 1989. Porto Alegre, 03 out 1989. Disponível em: <http://www.faders.rs.gov.br/legislacao> Acesso em 15/04/2013.

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RIO GRANDE DO SUL. Decreto 36.577, de 28 de março de 1996. Institui um grupo de trabalho responsável pelo programa estadual de atenção integral à pessoa portadora de deficiência e a pessoa portadora de AH/SD. 28 mar. 1996. Disponível em <http://www.inter-legis.gov.br> Acesso em 22/03/2005.

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RIO GRANDE DO SUL. Decreto 39.678, de 23 de agosto de 1999. Institui a política publica estadual para as pessoas portadoras de deficiência e pessoas portadoras de AH/SD, e dá outras providências. 28 ago. 1999. Disponível em <http://www.inter-legis.gov.br> Acesso em 22/03/2005.

RIO GRANDE DO SUL. Lei 11.666, de 06 de setembro de 2001. Introduz modificações na lei nº 8.535, de 21 de janeiro de 1988, e alterações, que cria a Fundação de Atendimento ao Deficiente e ao Superdotado no Rio Grande do Sul - FADERS e dá outras providencias. Porto Alegre, 06 set. de 2001. Disponível em: <http://www.faders.rs.gov.br/legislacao> Acesso em 15/04/2013.

RIO GRANDE DO SUL. Lei Estadual 13.601, de 01 de janeiro de 2011 . Institui a Estrutura Administrativa do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 02 de janeiro de 2011. Disponível em: <http://www.faders.rs.gov.br/legislacao> Acesso em 22/04/2013.

RIO GRANDE DO SUL a. Lei Estadual 13.720, de 28 de abril de 2011. Cria o Fundo Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência e AH/SD. Porto Alegre, 28 mar de 2011. Disponível em: <http://www.faders.rs.gov.br/legislacao> Acesso em 15/04/2013.

RIO GRANDE DO SUL Decreto Estadual 48.963, de 30 de março de 2012. Institui a Política Estadual para as Pessoas com Deficiência e Pessoas com AH/SD, e dá outras providências. Porto Alegre, 30 mar de 2012a. Disponível em: <http://www.faders.rs.gov.br/legislacao> Acesso em 15/04/2013.

RIO GRANDE DO SUL Decreto Estadual 48.964, de 30 de março de 2012. Institui o Plano Estadual dos Di-reitos da Pessoa com Deficiência – Plano Plano Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência e dá outras providências. . Porto Alegre, 30 mar de 2012b. Disponível em: <http://www.faders.rs.gov.br/legislacao> Aces-so em 15/04/2013.

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ANEXO 1: Instrumento de Pesquisa

Estado do Rio Grande do SulSecretaria da Justiça e dos Direitos Humanos

FUNDAÇÃO DE ARTICULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E COM ALTAS HABILIDADES NO RIO GRANDE DO SUL

- FADERS -

Prezado(a) Sr(a)

A FADERS - como órgão do Governo do Estado vinculado à Secretaria de Justiça e dos Direitos Humanos e responsável pela proposição e articulação de políticas públicas para as pessoas com AH/SD - considera a importância de que os recursos nesta área sejam conhecidos e atualizados para que as políticas e as ações de defesa de direitos possam incluir intervenções realmente de caráter universalista, que considerem as diferenças e a subjetividade das pessoas com AH/SD, suas necessidades e recursos adequados.

A clareza das informações é condição fundamental para que uma política se efetive e que seus resultados possam contemplar o coletivo. Este instrumento, portanto, contempla os dados essenciais para o Mapeamento da Política Pública para as Pessoas com AH/SD no Estado do RS e engloba informações sobre a identificação, o atendimento, a capacitação e a percepção dos profissionais que trabalham na área.

Solicitamos sua contribuição, completando o presente instrumento com os dados solicitados e acrescentando outras informações que entender sejam importantes para o mapeamento da situação atual desta área, nas diferentes regiões do estado. Nosso compromisso será de devolver estas informações através de um documento que inclua todos os dados computados e integrados, possibilitando uma aproximação maior entre as instituições que se dedicam às AH/SD e subsidiando as futuras ações da FADERS, de outros órgãos e de instituições vinculadas à temática, especialmente no campo das políticas públicas e da defesa de direitos.

Atenciosamente

Mara Regina Nieckel da CostaCoordenação do Estudoemailfone

I Dados de IdentificaçãoServiço: Instituição:Endereço: Município: Telefones:Email/site/blog: Coordenador do serviço: Responsável pelas informaçõesCargo que ocupa

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II Histórico do serviço

Data de início do atendimento: Critério de escolha do local:

Responsáveis pelo atendimento desde o início do atendimento:Período Responsável Profissão/Cargo Carga horária

Equipe atual de profissionais:Nome Profissão/Cargo Capacitação na área Carga Horária

III Caracterização do atendimento

Principais atendimentos oferecidos atualmente (descrição sintética): Natureza do atendimento Público-alvo Nº de pessoas

Sensibilização

Identificação das AH/SD

Atendimento individual

Atendimento Grupal

Atendimento à famíliaInterlocução com outros

profissionais da instituição

Interlocução com profissionais de outras instituições

Itinerância

Principais referências teóricas e autores: Modelo de identificação utilizado: Principais práticas de atendimento oferecidas:Participação efetiva de outros profissionais da instituição: Quantos: De que áreas?Quais as ações construídas com estas parcerias?

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Articulação com parceiros na comunidade: Como se efetivam? Quais os resultados?

Abrangência do serviço (outras localidades):

IV Estrutura Física

Breve descrição da(s) contexto físico:

Principais equipamentos disponíveis (recursos de tecnologia, materiais pedagógicos, bibliografia, Internet):

V Caracterização da clientela

Critérios de ingresso ao atendimento:

Instrumentos de identificação utilizados:

Nº total de pessoas em atendimento atualmente:Sexo: feminino: Masculino:

Escolaridade: Educação Infantil: Ensino Fundamental (1º ao 4º ano): Ensino Fundamental (5º ao 9º ano): Ensino Médio: Ensino Técnico: Ensino Superior:

Tipologia da Clientela:Tipologia dos alunos com AH/SD, segundo Renzulli Nº de pessoas em atendimento

acadêmico

produtivo-criativo

misto

não identificado

:Área(s) de AH/SD, segundo Gardner Nº de pessoas em atendimento

Linguística

Lógico-matemática

Espacial

Musical

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Interpessoal

Intrapessoal

Corporal-cinestésica

Naturalista

Não identificada

VI Faça um breve relato das principais realizações do serviço:

VII Principais demandas e necessidades:

1ª) 2ª) 3ª) 4ª)

VIII Sugestões e expectativas:

Solicitamos que anexe dois depoimentos escritos de cada segmento: alunos, familiares, profissionais. Estes depoimentos devem ser preferencialmente datados e assinados e são muito importantes para a pesquisa qualitativa!Sugestão de cabeçalho:

Eu analiso o atendimento às pessoas com AH/SD, nesta instituição, como...

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ANEXO 2

Instituições que tiveram os dados considerados para o Mapeamento

FADERS/SJRH – Rua Duque de Caxias, 418 – Centro Histórico – Porto Alegre

FADERS/SJRH/SAFE( NAPPAH e NAAHS) – Rua Santa Terezinha, 718 - Bairro Santana - Porto Alegre

Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Ivoti - Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI) - Rua Carlos Gomes, s/nº - Bairro Harmonia

Secretaria Municipal de Educação de Guaíba - Rua Nestor de Moura Jardim, nº 111 – Centro

Secretaria Municipal de Educação de Sapucaia do Sul – Rua Marechal Deodoro, 510 – Bairro Paraíso

Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre – Rua dos Andradas, 680 – Centro Histórico – Porto Alegre

EMEM Emílio Meyer - Sala de Integração de Recursos para alunos com AH/SD – SIR AH - Av. Niterói, 472 – Bairro Medianeira - Porto Alegre

Universidade Federal de Santa Maria - Projeto de Extensão “Programa de Incentivo ao Talento/PIT - Avenida Roraima - Santa Maria

Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul – Av. Borges de Medeiros, 1501 – Bairro Praia de Belas – Porto Alegre

1ª CREE.E.E.F. Sylvio Torres - Rua Erotilde Machado Santana, s/nº - Bairro Agronomia – Porto AlegreE.E.E.F. Ana Neri - Rua Joaquim Silveira, 738 - Bairro São Sebastião – Porto AlegreE.E.E.M. Ceará - Rua Arnaldo Bohrer, 98 – Bairro Teresópolis - Porto AlegreE.E.E.M. Professor Sarmento Leite - Rua Eugênio Du Pasquier, 280 – Bairro Jardim Floresta – Porto AlegreE.E.E.M. Anne Frank – Travessa Cauduro, 238 – Bairro Bom Fim - Porto Alegre

2ª CREE.E.E.M. POLISINOS - Rua: D. Pedro I, 462 – Bairro Rio Branco - São Leopoldo

3ª CREE.E.E.B. Vidal de Negreiros - Rua Julio de Castilhos, 1204, Bairro Cristo Rei - Estrela

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4ª CREE.E.E.M. Irmão José Otão - Rua Luiz Antunes, 807 - Bairro Panazzolo - Caxias do Sul

6ª CRE E.E.E.M. Nossa Senhora da Esperança - Rua Frederico Tietze,60 - Santa Cruz do Sul E.E.E.F. José Jerônimo Mesquita - Rua Júlio Wild,50 - Vera Cruz 10ª CREE.E.E.F. Adir Mascia - Joal de Lima e Silva, 624 - Uruguaiana

11ª CREE.E.E.B. Governador Jorge Lacerda - Rua Almirante Barroso, n° 200 - Torres

12ª CREInstituto Estadual Marechal Rondon - Rua João Demamann nº 546 - Cidade Alta - Butiá

14ª CREE.E.E.F. Edi Tereza Flores Lipper - Rua Doze de Outubro, 202 - Santo Ângelo

18ª CREE.E.E.F. Barão de Cerro Largo - Av. Comendador Vasco Vieira da Fonseca, 723 - Rio Grande

19ª CRE Instituto Estadual de Educação Dr. Carlos Vidal de Oliveira - Rua Cabo Charão nº 2315 - Santana do Livramento

21ª CREInstituto Estadual de Educação Érico Veríssimo - Rua Gaspar Silveira Martins 1415 - Três Passos

24ª CREE.E.E.M. Antonio Vicente da Fontoura - Rua Gabriel Leon, 1110 - Cachoeira do SulInstituto Estadual de Educação João Neves Fontoura – Rua Ramiro Barcelos, 2230 – Centro - Cachoeira do Sul

27ª CREE.E.E.F. Fátima - Rua Buttenbender, 455 – Bairro Fátima - Canoas