mapa pedológico sp - iac

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Page 1: mapa pedológico SP - IAC

O Agronômico, Campinas, 52(1), 2000 21

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Inúmeros problemas ligados à

utilização inadequada do solo sãoverificados no Estado de SãoPaulo, tanto em termos agrícolascomo urbanos. Tais problemas

podem ser facilmente notados pela perdada produtividade de safra e pelo avançoda utilização da terra de formadesordenada e sem respeito às limitaçõese potencialidades do terreno. Esses fatosresultam em enormes perdas de solo porerosão e problemas quanto ao ordena-mento territorial, dentre outros. Medianteo uso de mapas pedológicos, que forne-cem elementos básicos para o direcio-namento e a adequação do uso da terra,esses problemas podem ser evitados.

Mapas pedológicos em escalasgeneralizadas, englobando todo umterritório, permitem a visualização degrandes áreas, abrangendo a distribuiçãoespacial e a variação existente na popu-lação dos solos, constituindo docu-mentos importantes na caracterização dosrecursos, na orientação de planejamentosregionais do uso da terra com fins agro-silvo-pastoris, geotécnicos, urbanos eindustriais, e como material didático aoensino da ciência do solo, além de ressaltaros contrastes entre regiões.

Em 1960 foi publicado o mapa de solosdo Estado de São Paulo na escala1:500.000 (Brasil, 1960) abrangendo todoo território paulista. Ele constituiu arealização da fase inicial de levantamentode reconhecimento de solos de Unidadesda Federação, executado pela antigaComissão de Solos, do Ministério daAgricultura, hoje Centro Nacional dePesquisa de Solos (Embrapa-Solos). Foiexecutado por pedólogos, na época aindapouco experientes e contando com basecartográfica de baixa precisão para ostrabalhos de campo e para a compilaçãofinal. Ressalte-se que a primeira coberturaaerofotogramétrica de todo o Estado deSão Paulo foi realizada apenas a partir de

1962. Além disso, o conhecimento de solostropicais era incipiente e os critérios dedistinção e de classificação começavam ase estabelecer em nosso País. Apesar detodas essas limitações, esse mapa foiintensamente utilizado, sendo básico nasfaculdades de agronomia, engenhariaflorestal, geologia, geografia e ecologia,entre outras disciplinas, que vieramformando toda uma geração de profis-sionais e usuários de mapas de solos,atualmente no mercado de trabalho.

Em uso ainda hoje, é procurado pelosmais diversos usuários, porém encontra-se esgotado desde 1975. Atualmentepode-se considerá-lo defasado carto-gráfica e taxonomicamente frente aosnovos avanços do conhecimento dossolos do território nacional obtidosposteriormente à sua publicação.

Dessa forma, verificou-se a grandenecessidade de um novo mapa, que viessesuprir a crescente demanda de informa-ções de solos. Porém, a simples atuali-zação taxonômica do mapa de 1960 nãocobriria as lacunas até então verificadas.Diante disso, o Instituto Agronômico, emparceria com a Embrapa-Solos (CNPS),iniciou em 1996 um projeto para resolveros problemas encontrados no antigomapa, bem como incorporar todos osconhecimentos até então adquiridos epassíveis de publicação na escalapretendida, o que exigiu reformulações.

Esse novo mapa de solos resultou detrês anos de trabalho de quatropesquisadores – João Bertoldo de Oliveirae Marcio Rossi, do Instituto Agronômico(IAC), e Marcelo Nunes de Camargo eBraz Calderano Filho, do Centro Nacionalde Pesquisas de Solos da Embrapa, doRio de Janeiro. Elaborado e publicado como apoio financeiro da FAPESP, vem cobriruma lacuna de 39 anos, desde a últimapublicação efetuada, abordando maiordetalhamento dos tipos de soloencontrados no Estado, além de inovar,

adotando o novo Sistema Brasileiro deClassificação de Solos, elaborado porcerca de 70 pesquisadores do Brasil, soba coordenação da Embrapa-Solos(EMBRAPA, 1999). É o primeiro mapapublicado nesse novo sistema.

Entre inúmeras mudanças, naclassificação, destaca-se o desdobra-mento dos solos Podzólicos, em classesdiferentes: os Argissolos, Luvissolos eAlissolos (o termo Podzólico não existemais). Contém ainda informações sobrea variação de profundidade efetiva, asuscetibilidade à erosão e, conseqüen-temente, sobre o potencial de usoagrícola e urbano do território paulista.

Esse mapa, apresentado em julho de1999 no Congresso Brasileiro de Ciênciado Solo em Brasília, resultou da com-pilação e adequação de uma série de 8mapas, provenientes do ProjetoRADAMBRASIL, que nos anos 70mapeou o território nacional, e 15 mapasdo próprio IAC, além do antigo mapa de1960 elaborado pela Comissão de Solos.As escalas também variam, desde1:250.000 (1 cm2 = 625 ha) até 1:50.000 (1cm2 = 25 ha). Foi preciso desenvolver umametodologia de ajustes além de redefiniras legendas e detalhamentos até chegarà escala final de 1:500.000, adotada nonovo mapa.

Nesse novo mapa (Oliveira et al., 1999)o detalhamento é notável: há 387unidades de mapeamento identificandotrechos do território com tipos de solosdiferenciados, no lugar das 39 estabe-lecidas no anterior. Há dez categorias desolos, as quais, com base em váriosatributos como cor, textura, espessura,presença de cascalho, tipo de horizontesuperficial, entre outros, caracterizamdistintas unidades de mapeamento desolos. Para cada classe de solo é indi-cada, ainda, a classe de relevo predo-minante, o que permite inferir, emconjunção com os dados de solo, a maior

O mapa pedológico do Estadode São Paulo

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ou menor facilidade de erosão do terreno.Predominam duas categorias de solos noterritório paulista, os Latossolos e osArgissolos (antigos Podzólicos). Entre osprimeiros estão as vulgarmente denomi-nadas Terras Roxas do interior paulista,famosas pela sua fertilidade. Mas nemsempre a cor vermelha está necessa-riamente associada à fertilidade do solo.Há solos vermelhos pobres e amarelosricos e vice versa. Os teores de matériaorgânica no solo não são muito elevadosno Estado; mesmo assim, há solos que,bem manejados, suportam o cultivo dasprincipais culturas, como cana-de-açúcar,laranja e café, entre outras.

Sua escala de 1:500.000 (1 cm2 no maparepresenta 2.500 ha no terreno) qualifica-o como documento mais adequado aanálises regionais. Seu uso é amplo,podendo ser empregado por prefeituras,secretarias de Estado, empresas deengenharia, agro-silvo-pastoris e deplanejamento.

No caso de planejamento governa-mental, o documento permite inferir acapacidade de suporte do terreno e,conseqüentemente, a sua trafegabilidade,auxiliando projetos de construção deestradas ou de campos de aviação. É útiltambém para ampliar a margem de acertona escolha de áreas industriais, agrícolase residenciais, aterros sanitários e cemi-térios, além de facilitar o planejamento dapropriedade rural.

O mapa ainda é documento básico paradiversas áreas do ensino, como naAgronomia, Geologia, Ecologia, Geografiae Engenharia, entre outras. Mas aqualidade da interpretação das informa-

ções do mapa dependerá, em boa medida,de profissionais que tenham um sólidoentendimento do comportamento agrícolae geotécnico dos solos.

Por ser de grandes dimensões e parafacilitar o manuseio, esse mapa foiimpresso em quatro partes coloridas,completas e independentes, que compõemo Estado como um todo. A figura 1 mostra,em tamanho reduzido, o resultado dajunção desses mapas de solo, fornecendouma idéia do produto final. Consta domapa, ainda, uma legenda sinóptica e,como informações complementares eatualizadas, a divisão municipal, ocomplexo rodoviário principal, algumascotas altimétricas, manchas urbanas e osprincipais rios e represas do Estado, todosdevidamente identificados.

Um texto denominado LegendaExpandida, por ser muito extenso devidoao grande número de unidades demapeamento encontradas, foi elaboradoà parte, envolvendo a metodologia detrabalho empregada, a legenda completade solos e toda a referência bibliográficautilizada, já que no mapa consta apenasuma legenda sinóptica.

O mapa é complementado pelo BoletimCientífico 45 do IAC (Oliveira, 1999) cominformações a respeito da constituiçãoquímica e física e do comportamentoagrícola dos solos pertencentes a cadauma das dez categorias básicas de solo,sendo, inclusive, apresentados descriçõesmorfológicas e dados analíticos de váriosperfis representativos dessas classes,além de estabelecer a relação entre ossolos identificados no atual mapa com osdos mapas anteriores.

Referências Bibliográficas

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisade Solos (Rio de Janeiro, RJ). SistemaBrasileiro de Classificação de Solos. -Brasília : Embrapa Produção deInformações; Rio de Janeiro :Embrapa Solos, 1999. 412p. :il.

OLIVEIRA, J.B. Solos do Estado de SãoPaulo: descrição das classesregistradas no mapa pedológico.Campinas, Instituto Agronômico,1999. Boletim Científico 45, 112p.

OLIVEIRA, J.B.; CAMARGO, M.N.;ROSSI, M. & CALDERANO FILHO,B. Mapa pedológico do Estado de SãoPaulo: legenda expandida. Campinas,Instituto Agronômico/EMBRAPA-Solos. Campinas. 1999. 64p. Incluimapas

O mapa e a legendaexpandida podem seradquiridos no Núcleo

de Documentação do IAC(Venda de Publicações),tele/fax (19) 231-5422,

ramal 215.

Marcio Rossi¹ e João Bertoldo de Oliveira²IAC-Centro de Solos e Recursos Agroambientaistelefone: (19) 231-5422 ramal 170endereço eletrônico: ¹[email protected][email protected]