mapa do acesso um estudo da abraji sobre o direito de acesso a informações públicas no brasil

MAPA DO ACESSOUm estudo da Abraji sobre o direito de acesso a informações públicas no Brasil

OBJETIVOS

Medir o grau de acesso a informações públicas no Brasil

Verificar a aceitação da legislação em vigor como argumento

Identificar os principais obstáculos ainda existentes

MAPA DO ACESSO - EDIÇÕES

2007: 120 órgãos estaduais consultados em 23 estados + DF

2008: 52 órgãos municipais em 26 estados (sem DF)

PRIMEIRA EDIÇÃO, 2007

PRIMEIRA FASE – Jornalistas e estudantes solicitaram dados a 5 órgãos públicos estaduais, de duas maneiras: informal (telefone, e-mail) e formal (por carta protocolada no órgão)

SEGUNDA FASE - A Abraji enviou cartas registradas solicitando os mesmos dados

TRABALHO VOLUNTÁRIO

Regra básica: não revelar o projeto ao órgão público. Agir como jornalista

Quem trabalha em redação pediu autorização a seus chefes (No NE um voluntário se afastou por pressão do dono da empresa)

ÓRGÃOS QUESTIONADOS, 2007

Nível de governo: estadual

Executivo – gabinete governador, Justiça, Segurança Pública

Judiciário – Tribunal de Justiça

Legislativo - Assembléia

DADOS SOLICITADOS, 2007

GABINETE GOVERNADOR: [1] valor das diárias pagas para

viagens a todos os integrantes do Poder Executivo estadual e [2] ao gabinete do governador nos últimos quatro anos (2003 a 2006), ano a ano;


SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA:

[1] efetivo ativo atual e por ano (de 2003 a 2006) de policiais civis e militares por cidade do Estado (ou do DF), com especificação, no caso da capital, por bairros;


[2] efetivo atual e dos últimos quatro anos (2003 a 2006) de policiais lotados em outros poderes, por instituição (Assembléia Legislativa, Tribunais, Câmaras e Prefeituras municipais etc); [3] o valor da bonificação paga por esses órgãos para os policiais, por instituição, ano a ano


SECRETARIA DE JUSTIÇA: [1] número de vagas existentes em

unidades prisionais do Estado (ou no DF), por unidade, hoje e de 2003 a 2006, por ano; [2] número total de presos por unidade prisional, hoje e de 2003 a 2006, por ano, por regime prisional


TRIBUNAL DE JUSTIÇA: [1] valor gasto mensalmente com diárias

aos magistrados em viagem, neste ano e anualmente de 2000 a 2006;

[2] discriminar os nomes de cada magistrado que recebeu diárias de viagem, de 2000 a 2006, indicando os totais pagos a cada um


ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA [1] valores das diárias pagas para

viagens, ano a ano, durante toda a última legislatura, para todos os integrantes do Poder Legislativo estadual ou distrital (deputados e funcionários)


[2] valores totais gastos com viagens em cada gabinete e na presidência da Casa, ano a ano, durante toda a última legislatura

O DIREITO À INFORMAÇÃO: ARGUMENTAÇÃO DAS CARTAS

Artigo 5º (inciso 33) da CF: “Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”

ARGUMENTAÇÃO DAS CARTAS

Cartas da Abraji tinham argumentação mais extensa:

lei 11.111/2005, artigo 37 da CF, artigo 11 da Lei de Improbidade Administrativa [incluídos por sugestão de Cláudio W. Abramo] e artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos


Lei 11.111/2005: “O acesso aos documentos públicos de interesse particular ou de interesse coletivo ou geral será ressalvado exclusivamente nas hipóteses em que o sigilo seja ou permaneça imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”


Artigo 37 da CF: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”


Lei da Improbidade Administrativa, artigo 11: “Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública (...) e notadamente: IV - negar publicidade aos atos oficiais”


Artigo 19 da Declaração dos DH: “Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão”


A carta do jornalista alegava a realização de reportagem sobre o tema

Já a carta da Abraji dizia que a associação estava montando um banco de dados público e contava com a colaboração do órgão

RESULTADOS

Ao final do Mapa 2007, apenas 5,8% dos 120 órgãos contactados forneceram os dados solicitados de

forma integral Outros 40% forneceram algum tipo

de dado, em respostas incompletas

ESTADOS COM ALGUM ÓRGÃO 100% TRANSPARENTE

Norte: AM e RR

Nordeste: AL e PE

Centro: MS

Sudeste: MG

MAIS E MENOS ACESSÍVEIS

80% dos órgãos forneceram algum tipo de dado no MS e em MG.

...mas: 0% em: ES, MA, MT, RJ

RAZÕES ALEGADAS

Na maioria dos casos não houve justificativa, apenas ignoraram o pedido ou protelaram a resposta ad infinitum

RAZÕES ALEGADAS

Questionamento da garantia constitucional por parte dos TJ da PB, PE, TO e DF; além da SSP do DF.

TJ da PB: “Tratar-se-ia de acinte

anticonstitucional à privacidade de cidadãos e, ainda por cima, cidadãos investidos de múnus judicante.”

RAZÕES ALEGADAS

TJ do PE se baseou no decreto 4.553, de 27 de dezembro de 2002 (FHC) que ficou conhecido como “decreto do sigilo eterno”. Mas o decreto havia sido parcialmente reformado pela MP 228/ 2005 e se transformou na lei 11.111...

RAZÕES ALEGADAS

AL-BA: “Ô minha filha, tô querendo ver minha administração e não olhar para o passado. Aqui ninguém é chefe de ninguém, todos são iguais, entenda minha situação. Se eu passar isso, vai parecer que estou fazendo uma crítica.” Deputado Marcelo Nilo,presidente da AL

RAZÕES ALEGADAS

SSP do DF: Citando interpretação da lei e acórdãos do TJ-DF, condicionou a garantia constitucional a: “legítimo interesse e indicação de finalidade”.

FIM DO MAPA 2007

Relembrando: apenas 5,8% dos 120 órgãos contactados forneceram os

dados solicitados de forma integral

SEGUNDA EDIÇÃO, 2008

Abraji concentrou a solicitação dos dados em formato carta e por e-mail, a partir da sede, em São Paulo

18 de março: enviou cartas e e-mail simultaneamente solicitando dados até 7 de abril

Após prazo, reenviou cartas para os incompletos e para os “silenciosos”

ÓRGÃOS QUESTIONADOS, 2008

Nível de governo: municipal - Executivo (prefeituras) e Legislativo (câmaras) de capitais

Ao todo, foram contadas 52 entidades, sendo 26 Câmaras Municipais e 26 Prefeituras Municipais. Distrito Federal de fora porque não as possui


A segunda carta foi mais dura, cheia de argumentações legais: a mesma utilizada na segunda fase do ano passado, pela Abraji


Câmaras: [1] salários e complementações de vereadores e chefes de gabinete; [2] lista de funcionários beneficiados por verba de representação ou outro nome para despesas diversas (gasolina, viagens); [3] valor gasto com verba de representação na Câmara de Vereadores nos últimos quatro anos


Prefeituras: [1] salários e complementações de prefeito e secretários de seu município; [2] lista de funcionários beneficiados por verba de representação ou outro nome para despesas diversas (gasolina, viagens); [3] valor gasto com verba de representação na administração municipal (gabinete do prefeito e secretarias) nos últimos quatro anos

RESULTADOS

7,6% dos órgãos forneceram algum tipo de informação – dos quais só 3

(5,7%) de forma completa

92,4% não forneceu nenhum tipo de informação

RESULTADOS

Os três de parabéns: Vitória: câmara e prefeitura BH: câmara

Mais este (dados incompletos) Porto Alegre: câmara

RESULTADOS

Exceto a prefeitura de Vitória, os outros três órgãos ofereceram os dados a partir da primeira busca, por carta e e-mail

RAZÕES ALEGADAS

Oito órgãos (duas Câmaras e seis Prefeituras Municipais) responderam ao e-mail ou ao telefone, sem, no entanto, forneceram as informações solicitadas

RAZÕES ALEGADAS

Depois de prometer buscar os dados em outros departamentos na primeira fase, e não enviá-los, a Câmara de São Paulo respondeu na segunda fase enviando mais de 50 páginas de leis que legitimam esses gastos, mas novamente não forneceu os dados

EM RESUMO, ESTE É O BRASIL:

2007: 5,8 % transparência nos 120 órgãos estaduais contactados

2008: 5,7% de transparência nos 52 órgãos municipais contactados

É ISSO, POR HOJE

Sem transparência, não há como haver democracia.

Obrigada a todos!

Katherine Funke repórter - Jornal A TARDE (BA) >> [email protected]

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