mapa da segurança pública viçosa -- 2014

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MAPA DA SEGURANÇA PÚBLICA VIÇOSA-MG RELATÓRIO PRELIMINAR Ano: 2014 CONSELHO MUNICIPAL DE SEGURANÇA PÚBLICA OBSERVATÓRIO SOCIAL INTERDISCIPLINAR DA UFV

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  • MAPA DA

    SEGURANA PBLICA

    VIOSA-MG

    RELATRIO PRELIMINAR

    Ano:

    2014

    CONSELHO MUNICIPAL DE SEGURANA PBLICA

    OBSERVATRIO SOCIAL INTERDISCIPLINAR DA UFV

  • 2

    SUMRIO APRESENTAO............................................................................................................................................... 3

    1. INCIDNCIA DA VITIMIZAO ................................................................................................................. 5

    2. PERFIL DOS VITIMADOS ............................................................................................................................ 7

    3. FATORES DETERMINANTES DA VITIMIZAO .................................................................................... 12

    4. IMPACTOS DA SEGURANA PBLICA NO COTIDIANO DAS PESSOAS ..................................... 17

    4.1. SENSAO DE SEGURANA ............................................................................................... 17

    4.2. MUDANAS DE HBITOS ..................................................................................................... 18

    4.3. ESTRATGIAS E EQUIPAMENTOS DE SEGURANA ........................................................ 19

    5. DESORGANIZAO SOCIAL.................................................................................................................. 20

    5.1. CONDIES DE VIDA NA CIDADE ..................................................................................... 20

    5.2. FATORES FSICOS DA DESORDEM ...................................................................................... 20

    5.3. DESORDENS, INCIVILIDADES E VIOLNCIAS .................................................................... 21

    6. AVALIAO DA AO DA POLCIA .................................................................................................... 22

    6.1. CONFIANA NA POLCIA ..................................................................................................... 22

    6.2. REGISTRO DA OCORRNCIA..............................................................................................22

    6.3. AVALIAO DO TRABALHO DA POLCIA ......................................................................... 22

    6.4. RESPOSTA AO CHAMADO DA POPULAO .................................................................. 23

    6.5. AVALIAO DA ATUAO DOS POLICIAIS .................................................................... 23

    7. CONCEPES DA POPULAO DE VIOSA SOBRE A SEGURANA PBLICA ........................ 25

    7.1. PRINCIPAL ATOR RESPONSVEL PELA SEGURANA PBLICA .................................... 25

    7.2. CONTEXTOS ONDE VLIDA A APLICAO DO PODER DE POLCIA...................... 25

    7.3. AES IMPORTANTES PARA SOLUO DO PROBLEMA DA SEGURANA PBLICA ... 26

    CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................................................. 28

  • 3

    APRESENTAO

    Visando produzir um diagnstico da real situao de violncia e criminalidade

    no municpio de Viosa (MG), o Conselho Comunitrio de Segurana Pblica realizou,

    durante o perodo de Abril a Maio de 2014, a primeira Pesquisa Municipal de

    Vitimizao.

    Dado que a maior parte das vtimas da violncia e criminalidade no registram

    ocorrncia na polcia, as estatsticas oficiais nos mostram apenas uma pequena parte

    daquilo que est de fato ocorrendo. Estados Unidos e pases da Europa realizam

    pesquisas de vitimizao h mais de 30 anos. No Brasil, a primeira pesquisa de

    vitimizao foi realizada em 2010. As pesquisas de vitimizao envolvem fazer uma

    coleta de dados a partir de uma amostra da populao e as pessoas selecionadas

    nesta amostra so entrevistadas buscando verificar, no s se elas foram vtimas de

    alguma violncia, mas qual o perfil das pessoas e das regies da cidade que

    potencializam a vulnerabilidade delas serem vitimadas e a qualidade do atendimento

    da polcia, quando solicitado.

    A Pesquisa Municipal de Vitimizao de Viosa teve como pblico os moradores

    de Viosa com idade entre 18 a 69 anos e teve foco especial nas situaes de

    vitimizao por roubo, furto, ameaa ou agresso, acidente de trnsito e ofensa sexual.

    Visando estruturar uma anlise comparativa da situao da violncia e criminalidade

    em Viosa com o restante do Brasil, os procedimentos metodolgicos da pesquisa,

    inclusive o questionrio, tiveram como orientao central seguir os parmetros da

    pesquisa realizada no Brasil em 20101. A partir dos dados coletados realizou-se uma

    anlise descritiva da situao de vitimizao, perfil dos vitimados, sensao de

    insegurana da populao, impactos da insegurana no cotidiano das pessoas e uma

    avaliao do servio prestado pela polcia.

    1 A amostra da Pesquisa Municipal de Vitimizao de Viosa foi elaborada a partir dos seguintes

    parmetros: populao entre 18 e 69 anos (47922), nvel de confiana (1), erro tolerado (2,5%) e

    heterogeneidade total do fenmeno analisado. Foram entrevistadas 400 pessoas.

  • 4

    CONSELHO COMUNITRIO DE SEGURANA Csar Vieira

    Presidente do Conselho

    OBSERVATRIO SOCIAL INTERDISCIPLINAR

    Equipe tcnica de anlise:

    Marcelo Ottoni Durante (coordenador)

    Maxwell Lopes Viana

    Tlio H. C. Barbosa Edio:

    Allan Ribeiro

    RESULTADOS PESQUISA MUNICIPAL DE

    VITIMIZAO

    2013/2014

  • 5

    1. INCIDNCIA DA VITIMIZAO

    A partir da anlise dos dados obtidos, pode-se perceber que 22% da

    populao de Viosa foi vtima de algum crime (roubo, furto, agresso ou ofensa

    sexual) no perodo de Abril de 2013 Maro de 2014 (ltimos 12 meses em relao

    realizao da pesquisa). Em termos especficos, 12% foi vtima de furto, 8% vtima de

    ameaa ou agresso, 8% vtima de acidentes de trnsito, 6% vtima de roubo e 2%

    vtima de ofensa sexual. Cabe salientar que 5% dos moradores foram vtimas de dois

    ou mais tipos de crime neste perodo.

    Grfico 1. Vitimizao em Viosa (abril/2013 a maro/2014)

    Uma comparao com a situao brasileira evidencia a gravidade da situao

    da segurana pblica em Viosa. Em relao a incidncia de roubos, Viosa est com um

    percentual de vitimados (6,2%) maior do que o percentual de vitimas de roubo no Brasil

    (4,2%), Minas Gerais (2,3%) e Belo Horizonte (4,2%). Em relao incidncia de

    ofensas sexuais, Viosa est com um percentual de vitimados (2,1%) maior do que o

    percentual de vitimas de ofensa sexual no Brasil (0,8%), Minas Gerais (0,7%) e Belo

    Horizonte (0,6%). Por fim, em relao ao furto, Viosa se encontra numa situao

    bastante semelhante a de Belo Horizonte, respectivamente 12,2% e 12,3%, e tambm

    superiores a situao nacional e de Minas Gerais. Apenas em relao s ameaas ou

    agresses, Viosa se encontra numa situao mais confortvel, quando comparado ao

    Brasil, Minas Gerais e Belo Horizonte.

    TIPOS CRIMINAIS VIOSA BRASIL MINAS GERAIS BELO HORIZONTE

    Roubo 6,2 4,2 2,5 4,2

    Furto 12,2 10,9 10,5 12,3

    Ameaa ou Agresso 7,7 14,2 14,4 21,0

    Ofensa Sexual 2,1 0,8 0,7 0,6 Tabela 1. Comparao da vitimizao entre Viosa, Belo Horizonte, Minas Gerais e Brasil

  • 6

    Grfico 2. Vitimizao por regio de planejamento de Viosa

    Uma anlise da vitimizao entre as regies de Viosa evidencia que a regio

    de Passos e a regio de Cachoeirinha so as que apresentam maior concentrao de

    relatos de vitimados. Nestas regies, 50% das pessoas que foram entrevistadas

    afirmaram ter sido vtimas de algum tipo de crime nos ltimos doze meses. Por outro

    lado, as regies da cidade que se destacaram pela baixa incidncia criminal foram

    Romo dos Reis (0%), Amoras (12%) e Santo Antnio (12%).

  • 7

    2. PERFIL DOS VITIMADOS

    No geral, o perfil das vtimas bastante diferenciado de acordo com o tipo de

    crime analisado. Em relao ao gnero, apenas no caso das ofensas sexuais a maioria

    so mulheres (87%). No caso das ameaas e agresses, no existe um perfil de gnero

    determinando a vitimizao: 53% so homens e 47% so mulheres. Em todos os demais

    tipos de vitimizao analisados, a maioria so homens: 75% no caso dos roubos, 62%

    no caso dos furtos e 58% no caso dos acidentes de trnsito.

    Grfico 3. Vitimizao por sexo

    Em relao idade, apenas no caso dos acidentes de trnsito (39%) e no caso

    dos roubos (36%) a maior parte das vtimas tem at 29 anos. Apenas no caso das

    ofensas sexuais, a maior parte das vtimas tem idade entre 30 e 40 anos. No caso das

    ameaas ou agresses, a maior parte das vtimas tem idade entre 41 e 55 anos, mas

    vale ressaltar tambm o volume significativo de vtimas com idade entre 30 e 40 anos.

    Por fim, no caso dos furtos temos a situao mais indefinida em termos de uma faixa

    etria mais vulnervel. Vale ressaltar, no entanto, uma concentrao maior da

    vitimizao por furto entre as pessoas com idade at 29 anos ou entre 41 e 55 anos.

    Grfico 4. Vitimizao por idade

    Em relao raa, os brancos so maioria entre as pessoas vitimadas por

    ameaa ou agresso (47%), furto (35%) ou roubo (46%). Os negros so a maioria

  • 8

    (37%) entre os vitimados por acidente de trnsito. Por fim, os pardos so a maioria

    (63%) entre os vitimados por ofensa sexual.

    Grfico 5. Vitimizao por raa

    Os casados constituem a maioria (52%) dos vitimados apenas no caso dos

    roubos. Nos demais tipos de vitimizao analisados, os solteiros so os mais vitimados:

    acidente de trnsito (53%), ofensas sexuais (50%), ameaa ou agresso (53%) e furtos

    (49%). Por fim, vale ressaltar o percentual significativo de vivos que so agredidos ou

    ameaados.

    Grfico 6. Vitimizao por estado civil

    Em todos os tipos de vitimizao analisados a maioria das vtimas seguem a

    religio catlica romana. Cabe, no entanto, destacar o elevado percentual de

    evanglicos (25%) e de ateus (10%) entre as vtimas de ofensas sexuais e o elevado

    percentual daqueles que creem em Deus mas no tem religio (24%) entre as vtimas de

    roubos.

  • 9

    Grfico 7. Vitimizao por religio

    Em relao ao grau de instruo, cabe ressaltar que as vtimas que possuem

    ensino mdio completo ou incompleto foram maioria em todos os tipos de vitimizao

    analisados, menos no caso das ofensas sexuais. Neste ltimo tipo de vitimizao, 63%

    das vtimas tinham ensino fundamental completo ou incompleto.

    Grfico 8. Vitimizao por grau de instruo

    Em relao ocupao, cabe ressaltar que as vtimas que possuem trabalho

    regular remunerado foram maioria em todos os tipos de vitimizao analisados. No

    entanto, alguns outros tipos de ocupao se destacaram em tipos de vitimizao

  • 10

    especficos: no caso das ofensas sexuais se destacaram as pessoas que no possuem

    trabalho, estgio ou atividade acadmica; e no caso dos roubos se destacaram as

    pessoas que fazem trabalhos eventuais remunerados e os estudantes sem bolsa ou

    estgio.

    Grfico 9. Vitimizao por ocupao

    As anlises da renda pessoal e da renda familiar evidenciam que,

    comparativamente, as vtimas de ofensas sexuais e ameaas ou agresses so pessoas

    mais pobres do que as vtimas de furto, roubo ou acidente de trnsito. No entanto, cabe

    ressaltar que de modo geral a maior parte das vtimas tem baixa renda (sem renda ou

    at 1 salrio mnimo): 50% no caso dos acidentes de transito, 52% no caso dos roubos,

    47% no caso dos furtos, 54% no caso das ameaas ou agresses e 72% no caso das

    ofensas sexuais. O maior percentual de pessoas com renda acima de 3 salrios mnimos

    foi encontrado entre as vtimas de roubo (24%) e de furto (20%).

    Grfico 10. Vitimizao por renda pessoal

  • 11

    Grfico 11. Vitimizao por renda familiar

    Agregando todos estes fatores de perfil, podemos estabelecer como perfis de

    destaque para:

    Roubos - estudantes com idade at 29 anos, branco, solteiro e sem religio; Ofensa sexual mulheres pardas com idade de 30 a 40 anos, sem

    ocupao, com renda at 1 salrio mnimo, evanglicas e com escolaridade

    fundamental incompleto;

    Ameaa ou agresso pessoas brancas com renda de 1 a 2 salrios mnimos; e

    Acidentes de trnsito pessoas solteiras com idade at 40 anos com escolaridade superior e sem religio.

    PERFIL VTIMA ROUBO FURTO OFENSA

    SEXUAL AGRESSO

    ACIDENTE

    TRNSITO

    SEXO Mulher

    IDADE At 29 anos 30 a 40 anos At 40 anos

    RAA Branco Pardo Branco

    ESTADO CIVIL Solteiro Solteiro

    RELIGIO Sem religio Evanglico Sem religio

    INSTRUO Fundamental Superior

    OCUPAO Estudante No trabalha

    RENDA At 1 SM 1 a 2 SM

    Tabela 2. Sntese do perfil dos vitimados de Viosa-MG

  • 12

    3. FATORES DETERMINANTES DA VITIMIZAO

    Apresentaremos a seguir anlises realizadas a partir da tcnica de regresso

    logstica buscando identificar quais so os principais fatores determinantes da

    vitimizao para cada um dos tipos de vitimizao analisados. Cabe ressaltar que o

    baixo percentual de pessoas vitimadas por ofensas sexuais inviabilizou a realizao da

    anlise para este tipo de vitimizao.

    3.1. VITIMIZAO GERAL

    Dentre os fatores determinantes da vitimizao da populao no sentido mais

    amplo, incluindo a vitimizao por roubo, furto, ofensa sexual, ameaa ou agresso, os

    seguintes fatores se destacam enquanto promotores da vitimizao, em ordem do mais

    para o menos importante: (i) existem carros abandonados, arrebentados ou

    desmontados nas ruas da vizinhana, (ii) iluminao das ruas da vizinhana tem

    qualidade regular, (iii) avaliao do servio de policiamento como ruim, (iv) presena de

    pessoas se prostituindo nas ruas da vizinhana e (v) pessoa tem o costume de sair para

    eventos culturais/artsticos/esportivos. Por outro lado, o seguinte fator se destaca

    enquanto preventivo da vitimizao: pessoas que tem a rotina de sair para realizar

    atividade religiosa, mstica ou filantrpica.

    FATOR DETERMINANTE CATEGORIA

    ANALISADA

    VITIMIZAO GERAL

    B SIG. EXP(B)

    Presena de carros abandonados, arrebentados

    ou desmontados nas ruas da vizinhana.

    Referncia: no viu.

    Viram 1,07 ,003 2,903

    Avaliao dos servios da vizinhana: iluminao

    das ruas.

    Referncia: consideram boa.

    Consideram regular 1,02 ,002 2,769

    Avaliao dos servios da vizinhana:

    policiamento.

    Referncia: consideram boa.

    Consideram ruim 0,99 ,020 2,694

    Presena de pessoas se prostituindo nas ruas da

    vizinhana.

    Referncia: no viu.

    Viram 0,79 ,018 2,204

    Sair para eventos culturais/artsticos/esportivos

    nos ltimos 30 dias.

    Referncia: no saram.

    Saram ,69 ,022 1,986

    Sair para realizar atividade religiosa, mstica ou

    filantrpica.

    Referncia: no saram.

    Saram -,81 ,007 ,444

    Tabela 3. Fatores determinantes da vitimizao geral

    Visando exemplificar a leitura da tabela acima (resultado da anlise de uma

    regresso logstica), percebemos que: aqueles que afirmaram existir na vizinhana

  • 13

    carros abandonados, arrebentados ou desmontados apresentam 107% de chance a

    mais de serem vtimas de algum tipo de crime do que aqueles que na vizinhana no h

    carros abandonados, arrebentados ou desmontados; os entrevistados que fizeram a

    avaliao da iluminao como regular possuem 102% de chance a mais de serem

    vtimas de algum tipo de crime do que aqueles que avaliam a iluminao como boa; e

    aqueles que consideram ruim o policiamento de sua vizinhana possuem 99% de chance

    a mais de serem vitimados dos crimes em geral do que aqueles que o consideram como

    bom.

    3.2. ROUBO

    A anlise dos fatores determinantes da vitimizao por roubo evidenciou que: (i)

    aqueles que crem em Deus, mas no possuem religio apresentam 143% de chance a

    mais de serem vtimas de roubo do que aqueles que so adeptos do catolicismo e (ii)

    aqueles que saem para bares ou casas noturnas possuem 93% de chance a mais de

    serem roubados em relao aos que no saem.

    FATOR DETERMINANTE CATEGORIA ANALISADA ROUBO

    B Sig. Exp(B)

    Religio

    Referncia: catlica.

    Cr em Deus, mas no tem

    religio. 1,43 ,008 4,172

    Sair para bares ou casas noturnas.

    Referncia: no saram. Saram 0,93 ,032 2,528

    Tabela 4. Fatores determinantes do roubo

    3.3. FURTO

    Dentre os fatores determinantes da vitimizao por furto, os seguintes fatores se

    destacam enquanto promotores da vitimizao, em ordem do mais para o menos

    importante: (i) no existe iluminao pblica nas ruas da vizinhana, (ii) no existe

    transporte pblico na vizinhana, (iii) avaliao do servio de policiamento na vizinhana

    como ruim e existe nas ruas da vizinhana (iv) pessoas fazendo necessidades fisiolgicas

    ou (v) prdios, casas ou galpes abandonados. Por outro lado, os seguintes fatores se

    destacam enquanto preventivos da vitimizao: (i) existem pessoas pedindo esmolas nas

    ruas da vizinhana e a (ii) pessoa tem a rotina de sair para realizar atividade religiosa,

    mstica ou filantrpica.

  • 14

    FATOR DETERMINANTE CATEGORIA

    ANALISADA

    Furto

    B Sig. Exp(B)

    Avaliao dos servios da vizinhana: iluminao das

    ruas.

    Referncia: consideram boa.

    No possui 4,44 ,007 84,657

    Oferta de transporte pblico.

    Referncia: boa No possui 1,80 ,026 6,064

    Avaliao dos servios da vizinhana: policiamento.

    Referncia: consideram boa.

    Consideram

    ruim 1,31 ,035 3,717

    Avaliao dos servios da vizinhana: iluminao das

    ruas.

    Referncia: consideram boa.

    Consideram

    regular 1,20 ,007 3,325

    Presena de pessoas fazendo necessidades

    fisiolgicas nas ruas da vizinhana.

    Referncia: no viram.

    Viram. 1,05 ,014 2,867

    Oferta de transporte pblico.

    Referncia: ??

    Consideram

    regular 1,02 ,030 2,764

    Presena de prdios, casas ou galpes abandonados

    nas ruas da vizinhana.

    Referncia: no viram.

    Viram. 0,89 ,046 2,431

    Presena de pessoas pedindo esmolas ruas da

    vizinhana.

    Referncia: no viram.

    Viram. -0,85 ,033 ,426

    Sair para realizar atividade religiosa, mstica ou

    filantrpica.

    Referncia: no saram.

    Saram -1,08 ,009 ,339

    Tabela 5. Fatores determinantes do furto

    Visando exemplificar a leitura da tabela acima (resultado da anlise de uma

    regresso logstica), percebemos que: aqueles que afirmaram no existir iluminao

    pblica nas ruas e na vizinhana de onde residem, apresentam 444% de chance a mais

    de serem vtimas de furto do que aqueles que avaliam a iluminao de sua vizinhana

    como boa.

    3.4. AMEAA OU AGRESSO

    Dentre os fatores determinantes da vitimizao por ameaa ou agresso, os

    seguintes fatores se destacam enquanto promotores da vitimizao, em ordem do mais

    para o menos importante: (i) avaliao negativa sobre a oferta de escolas pblicas na

    regio, (ii) presena de carros abandonados, arrebentados ou desmontados nas ruas da

    vizinhana e (iii) presena de mulheres da vizinhana sendo agredidas ou violentadas

    por seus maridos. Por outro lado, os seguintes fatores se destacam enquanto preventivos

    da vitimizao: (ii) no ser branco e a (ii) participao em grupo religioso.

  • 15

    FATOR DETERMINANTE CATEGORIA

    ANALISADA

    AGRESSO

    B Sig. Exp(B)

    Avaliao dos servios da vizinhana: oferta de

    escolas pblicas.

    Referncia: consideram boa.

    Consideram ruim 1,98 ,004 7,259

    Presena de carros abandonados, arrebentados ou

    desmontados nas ruas da vizinhana.

    Referncia: no viu.

    Viram 1,94 ,001 6,965

    Presena de mulheres da vizinhana sendo

    agredidas ou violentadas por seus maridos.

    Referncia: no viu.

    Viram 1,32 ,036 3,756

    Raa.

    Referncia: branca. Negros -1,42 ,047 ,243

    Raa.

    Referncia: branca. Pardos -1,70 ,023 ,183

    Faz parte de grupo religioso.

    Referncia: no participa. Participa -2,15 ,007 ,117

    Tabela 6. Fatores determinantes da agresso

    Visando exemplificar a leitura da tabela acima (resultado da anlise de uma

    regresso logstica), percebemos que: aqueles que consideram ruim a oferta de escolas

    pblicas em sua vizinhana possuem 198% de chance a mais de serem vtimas de

    ameaas ou agresses do que aqueles que a considera boa.

    3.5. ACIDENTES DE TRNSITO

    O nico fator que mostrou ser determinante na vitimizao por acidente de

    transito a pessoa ter a moto como meio de transporte. Aqueles que se locomovem de

    moto tem 160% mais chance de serem vtimas de acidente de transito do que aqueles

    que se locomovem de carro.

    FATOR DETERMINANTE CATEGORIA ANALISADA ACIDENTE DE TRNSITO

    B Sig. Exp(B)

    Principal meio de transporte.

    Referncia: carro. Moto 1,60 ,004 4,966

    Tabela 7. Fator determinante de acidente de trnsito

    3.6. ANLISE COMPARATIVA ENTRE OS DISTINTOS CRIMES E VIOLNCIAS

    A tabela abaixo sintetiza os resultados dos fatores determinantes comparando

    os resultados para cada um dos crimes e violncias analisados e nos permite chegar s

  • 16

    seguintes concluses: a deficincia na prestao de servios pblicos em termos de

    iluminao, transporte pblico, oferta de escolas e policiamento so os fatores mais

    importantes na constituio do ambiente ideal para a incidncia da violncia e

    criminalidade. Uma dimenso da vida social que mostrou ter uma importncia mdia foi

    a desorganizao social: veculos ou casas abandonados, mulheres vizinhas sendo

    agredidas, pessoas se prostituindo ou fazendo necessidades fisiolgicas nas ruas. Dentre

    os fatores promotores da vitimizao, resta salientar a importncia dos hbitos das

    pessoas que terminam colocando-as em situao de risco: ir a bares, casas noturnas,

    eventos culturais ou esportivos e, no caso dos acidentes de transito, andar de moto. Por

    fim, resta salientar o papel preventivo ocupado pela pessoa participar de atividades

    religiosas.

    DIMENSES

    FATORES

    DETERMINANTES

    VITIMIZAO

    GERAL ROUBO FURTO AGRESSO ACIDENTE

    TRNSITO

    SERVIOS

    PBLICOS NO

    (local residncia

    vtima)

    Iluminao (boa)

    No tem /

    444%

    Iluminao (boa) Ruim /

    102%

    Ruim /

    120%

    Transporte pblico (bom)

    No tem /

    180%

    Transporte pblico (bom)

    Ruim /

    102%

    Policiamento (bom) Ruim /

    99%

    Ruim /

    131%

    Oferta escolas (boa)

    Ruim /

    198%

    DESORGANIZAO

    SOCIAL

    (local residncia

    vtima)

    Veculos abandonados (no) Sim /

    107%

    Sim /

    194%

    Mulheres sendo agredidas

    (no)

    Sim /

    132%

    Pessoa fazendo coc ou xixi

    na rua (no)

    Sim /

    105%

    Casa ou prdio abandonado

    (no)

    Sim /

    89%

    Pessoas se prostituindo (no) Sim /

    79%

    HBITOS DA

    VTIMA

    Hbito de ir bares (no)

    Sim /

    93%

    Hbito ir eventos

    culturais/esportivos (no)

    Sim /

    69%

    Meio de transporte (carro)

    Moto/

    160%

    PERFIL DA VTIMA

    Raa (branco)

    Negro/

    -142%

    Religio (no) Sim /

    -81%

    Sim /

    -143%

    Sim /

    -108%

    Sim /

    -215% Tabela 8. Sntese comparativa dos fatores determinantes

  • 17

    4. IMPACTOS DA SEGURANA PBLICA NO COTIDIANO DAS PESSOAS

    A anlise dos impactos da segurana pblica no cotidiano das pessoas avaliou

    no aspecto subjetivo a sensao de segurana, fator que afeta profundamente o

    comportamento das pessoas no dia a dia, e no aspecto objetivo, as mudanas de

    hbitos e costumes das pessoas e o uso de estratgias e equipamentos de segurana

    pelas pessoas.

    4.1. SENSAO DE SEGURANA

    Nesta seo procurou-se conhecer como os viosenses se sentem em relao a

    segurana no dia a dia, qualificando a situao para o dia e a noite e para perto e

    longe de suas residncias. De modo geral, independentemente de onde a pessoa reside,

    inclusive mesmo quando a pessoa mora na regio mais violenta da cidade, as pessoas

    se sentem mais seguras noite e no ambiente que conhecem, ou seja, no bairro onde

    residem.

    Grfico 12. Sensao de segurana no bairro onde reside durante o dia

    Grfico 13. Sensao de segurana no bairro onde reside durante a noite

    Durante o dia e no bairro onde residem, 60% dos entrevistados disseram se

    sentir seguros, 13% disseram estar inseguros e 28% disseram no estar seguros nem

    inseguros. Esta situao muda bastante quando passamos a tratar da noite, mesmo no

    ambiente onde as pessoas residem: 22% dos entrevistados disseram se sentir seguros,

    56% disseram estar inseguros e 22% disseram no estar seguros nem inseguros. Nos

  • 18

    demais bairros da cidade durante o dia, a situao encontra-se bem dividida entre as

    trs categorias de sensao de segurana: 32% dos entrevistados disseram se sentir

    seguros, 36% disseram estar inseguros e 32% disseram no estar seguros nem

    inseguros. Por fim, a pior situao da sensao de segurana ocorre quando lidamos

    com os demais bairros da cidade e durante noite: 7% dos entrevistados disseram se

    sentir seguros, 77% disseram estar inseguros e 16% disseram no estar seguros nem

    inseguros.

    Grfico 14. Sensao de segurana nos demais bairros da cidade durante o dia

    Grfico 15. Sensao de segurana nos demais bairros da cidade durante a noite

    4.2. MUDANAS DE HBITOS

    Dentre os 9 itens analisados em funo dos impactos da insegurana nos hbitos

    e costumes das pessoas, verificamos que Viosa acompanha muito a situao de Belo

    Horizonte, sendo que em vrios pontos apresenta impactos ainda piores: 88% da

    populao de Viosa mencionou que por causa da violncia e criminalidade evita

    frequentar locais desertos ou eventos com poucas pessoas circulando, 87,5% mencionou

    que evita sair de casa portando muito dinheiro, objetos de valor ou outros pertences

    que chamem ateno, 71% mencionou que evita sair noite ou chegar muito tarde em

    casa ou muda de caminho entre a casa e o trabalho ou a escola ou lazer e 60,4%

    mencionou que evita frequentar locais com grande concentrao de pessoas. Os nicos

    itens que mostram uma situao em Viosa melhor do que a situao nacional, mineira

  • 19

    ou de Belo Horizonte evitar usar algum transporte coletivo que precisaria usar e evitar

    frequentar locais onde haja consumo de bebidas alcolicas.

    MUDANAS DE COMPORTAMENTO EM FUNO DA

    INSEGURANA VIOSA BRASIL

    MINAS

    GERAIS

    BELO

    HORIZONTE

    Evita sair noite ou chegar muito tarde em casa 70,7

    64,3 61,3 64,8

    Muda de caminho entre a casa e o trabalho ou a escola ou lazer 33,8 30,8 30,9

    Deixa de ir a locais da cidade 57,1

    53,7 54,8 58,2

    Deixa de ir a certos bancos e caixas eletrnicos. 46,9 42,2 52,1

    Evita frequentar locais desertos ou eventos com poucas pessoas

    circulando. 88,2 73 73,9 77,7

    Evita frequentar locais com grande concentrao de pessoas. 60,4 50,6 52,2 53,7

    Evita sair de casa portando muito dinheiro, objetos de valor ou

    outros pertences que chamem ateno. 87,5 78,1 77,6 81,2

    Evita usar algum transporte coletivo que precisaria usar. 19,0 25,2 23,5 21,9

    Evita conviver com vizinhos. 17,2 18,5 17,2 16,2

    Evita conversar ou atender pessoas estranhas. 54,3 51,6 53,1 52,6

    Evita freqentar locais onde haja consumo de bebidas

    alcolicas. 55,9 59,2 60,4 56,4

    Tabela 9. Mudanas de hbitos

    4.3. ESTRATGIAS E EQUIPAMENTOS DE SEGURANA

    A rotina do uso de estratgias e equipamentos de segurana em mbito

    individual, ou seja, garantir sua segurana a partir dos seus prprios recursos, no

    constitui um hbito da populao de Viosa. Como percebemos acima, as pessoas

    mudam seus comportamentos em funo da insegurana, mas uma parte pequena da

    populao protege suas residncias com algum equipamento, cachorros, vigias ou

    conversa com vizinhos. Em todos os itens analisados, Viosa se encontra numa situao

    inferior em relao ao que ocorre no Brasil, Minas Gerais e Belo Horizonte. Os itens

    mais presentes foram grades nas janelas (16,4%), aumentou muro ou grade (16,5%),

    trocou fechaduras (9,7%) e conversou com vizinhos (7,9%).

    ESTRATGIAS E EQUIPAMENTOS DE SEGURANA VIOSA BRASIL MINAS

    GERAIS

    BELO

    HORIZONTE

    Grades nas janelas 16,4 50,6 48,8 57,4

    Troca de fechaduras e colocou trancas extras 9,7 45,9 36,8 46,3

    Interfone 5,2 16,5 23,0 39,7

    Ces de guarda 5,0 33,2 33,3 30,4

    Alarme 5,7 7,9 9,7 15,6

    Cmeras de vdeo 4,6 6,0 4,3 9,7

    Vigia(s) na sua rua armado(s) 1,1

    3,6 1,0 1,6

    Vigia(s) na sua rua desarmado(s) 14,4 7,2 13,7

    Aumentou o muro ou grade 16,5 45,2 54,8 63,2

    Cerca eltrica no muro ou grade 5,0 6,1 9,2 19,0

    Conversou com vizinhos 7,9 Tabela 10. Estratgias e equipamentos de segurana

  • 20

    5. DESORGANIZAO SOCIAL

    A desorganizao social constitui a caracterizao de um ambiente urbano em

    termos de fatores ambientais que promovem a violncia e criminalidade e tambm a

    sensao de insegurana. A desorganizao envolve, desde as condies de prestao

    dos servios pblicos, quanto a presena efetiva de desordens e incivilidades.

    5.1. CONDIES DE VIDA NA CIDADE

    A satisfao com a prestao dos servios pblicos na cidade de Viosa baixa,

    especialmente quando comparamos com a realidade no Brasil, Minas Gerais e Belo

    Horizonte. O nico item analisado que se equiparou com a situaes destas outras

    regies foi a oferta de transportes pblicos como nibus, onde temos 57% da

    populao satisfeita. No outro sentido, os itens que mais se destacaram negativamente

    foram: locais de esporte, cultura e lazer (11% esto satisfeitos), pavimentao e

    manuteno das ruas e caladas (21%), oferta de equipamentos coletivos como orelhes

    e lixeiras (21%) e a organizao do trnsito (28%).

    SATISFEITOS COM A PRESTAO DE SERVIOS

    PBLICOS VIOSA BRASIL

    MINAS

    GERAIS

    BELO

    HORIZONTE

    A iluminao das ruas. 54,4 58,8 70,1 71,9

    A pavimentao e manuteno das ruas e caladas. 20,6 37,5 44,6 51,3

    Os locais de esporte, cultura e lazer. 10,7 25,5 26,8 32,6

    Oferta de equipamentos coletivos como orelhes,

    lixeiras 20,8 23,1 28,3 29,4

    A oferta de transportes pblicos como nibus. 56,8 47,3 53,3 59,8

    Policiamento a p 25,4

    9,3 15,1 18,9

    Policiamento em viatura ou moto. 29,4 39,9 41,4

    A oferta de servios pblicos de sade. 29,1 31,1 36,1 38,3

    A coleta de lixo e entulho nas ruas. 60,4 66,8 75,1 80,0

    Organizao do trnsito como placas e sinais de

    trnsito 27,5 37,7 43,7 50,4

    Oferta de escolas pblicas. 49,7 55,6 62,9 64,9

    Tabela 11. Satisfao com servios pblicos

    5.2. FATORES FSICOS DA DESORDEM

    Os fatores fsicos da desordem so condies fsicas presentes nas regies da

    cidade que potencializam a vulnerabilidade da regio para a ocorrncia de crimes e violncias. A anlise destes fatores evidenciou que Viosa se encontra numa situao

    alarmante especialmente no tocante a presena de prdios, casas, galpes, carros e terrenos ou lotes vagos abandonados. No tocante a estes fatores, 62% da populao de Viosa destacou que existe na sua vizinhana terrenos ou lotes vagos com lixo e

    entulho ou com mato alto. Por outro lado, quanto a existncia de barulhos de tiro e rudos, musica alta ou gritaria, a situao de Viosa se encontra bem prxima a de Belo

    Horizonte.

  • 21

    FATORES FSICOS RELACIONADOS

    DESORGANIZAO SOCIAL VIOSA BRASIL

    MINAS

    GERAIS

    BELO

    HORIZONTE

    Prdios, casas ou galpes abandonados. 22,3 16,9 15,3 13,9

    Carros abandonados, arrebentados ou desmontados

    nas ruas. 14,7 9,6 7,0 8,8

    Terrenos ou lotes vagos com lixo e entulho ou com

    mato alto (cercados ou no) 61,8 36,0 40,8 29,8

    Barulhos de tiros. 36,3 31,0 28,5 41,1

    Cheiros desagradveis 37,9 35,0 32,1 31,1

    Rudos, msica alta e gritaria 45,1 45,5 42,1 50,6

    Tabela 12. Fatores fsicos relacionados desorganizao social

    5.3. DESORDENS, INCIVILIDADES E VIOLNCIAS

    A situao da presena de desordens, incivilidades e violncias em Viosa se

    encontra bastante semelhante ao que encontramos no Brasil, Minas Gerais e Belo

    Horizonte. Comparativamente com estes outros contextos, o nico item que apareceu

    mais presente em Viosa foi a presena de pessoas pedindo esmolas ou outro tipo de

    ajuda na rua (58,4%). Por outro lado, vrios itens mostraram ser menos frequentes no

    contexto de Viosa: pessoas vivendo ou dormindo na rua (17,4%), mulheres vizinhas

    sendo agredidas ou sendo violentadas sexualmente por seus maridos, companheiros ou

    parentes (10,5%) e pessoas jogando ou apostando dinheiro em jogos como jogo do

    bicho, briga de galo, carteado (19,7%).

    DESORDENS, INCIVILIDADES E CRIMES VIOSA BRASIL MINAS

    GERAIS

    BELO

    HORIZONTE

    Vendedores ambulantes ou camels 47,1

    54,4 51,8 48,2

    Flanelinhas ou guardadores de carro. 9,9 6,0 15,9

    Pessoas vivendo ou dormindo na rua. 17,4 27,2 25,2 36,4

    Pessoas se prostituindo nas ruas. 18,5 21,4 18,0 16,1

    Pessoas jogando ou apostando dinheiro em jogos como jogo do bicho, briga

    de galo, carteado. 19,7 29,4 22,4 25,5

    Pessoas pedindo esmolas ou outro tipo de ajuda na rua. 58,4 53,8 49,8 52,8

    Pessoas fazendo xixi ou coc na rua. 26,1

    24,3 24,8 34,4

    Pessoas praticando atos obscenos ou indecentes na rua. 13,8 14,7 15,8

    Pessoas quebrando janelas, pichando muros, fazendo arruaa ou destruindo

    equipamentos coletivos como orelhes, placas de rua, postes de luz, lixeiras. 23,2 24,0 25,5 39,4

    Pessoas consumindo ou vendendo drogas ilegais na rua. 50,2 48,0 51,1 50,7

    Pessoas andando com arma de fogo que no fossem policiais ou seguranas. 20,5 22,0 20,4 22,9

    Mulheres vizinhas sendo agredidas ou sendo violentadas sexualmente por

    seus maridos, companheiros ou parentes. 10,5 18,3 16,2 16,1

    Policiais recebendo dinheiro de pessoas. 5,4

    9,1 4,2 4,9

    Policiais ameaando ou agredindo pessoas 10,7 7,6 9,2

    Tabela 13. Desordens, incivilidades e crimes no bairro onde reside

  • 22

    6. AVALIAO DA AO DA POLCIA

    A avaliao do trabalho da Polcia foi realizado a partir da anlise da

    confiana da populao na polcia; a avaliao do trabalho da Polcia Militar no

    atendimento emergencial e na realizao de blitz e do trabalho na Polcia Civil no

    atendimento e na elaborao dos documentos como registro de ocorrncias e nada

    consta; o levantamento do percentual de vezes que a polcia respondeu ao chamado da

    populao comparecendo no local onde foi chamada e a avaliao do comportamento

    dos policiais quando a populao estabeleceu contato com eles.

    6.1. CONFIANA NA POLCIA

    GRAU DE CONFIANA POLCIA MILITAR POLCIA CIVIL

    Confia 49% 51%

    No Confia 51% 49%

    Total 100% 100% Tabela 14. Confiana na polcia

    Em relao Polcia Militar, 49% da populao de Viosa confia no trabalho

    da instituio e 51% afirmaram no confiar. Em relao Polcia Civil, 51% da

    populao de Viosa confia no trabalho da instituio e 49% afirmaram no confiar.

    Conclumos, primeiro, que no predomina nem uma situao de confiana e nem de

    desconfiana em relao a estas instituies e, segundo, que a situao da polcia civil e

    da militar a mesma.

    6.2. REGISTRO DA OCORRNCIA

    Apenas entre as vtimas de roubo, o percentual de vtimas que registraram

    ocorrncia na polcia (59%) foi maior do que o percentual dos que no registraram. Nos

    demais tipos de incidentes analisados, o percentual de pessoas que registraram foi:

    furto (36%), ameaa ou agresso (30%), acidente de trnsito (37%) e ofensa sexual

    (0%).

    REGISTROU

    OCORRNCIA ROUBO FURTO

    OFENSA

    SEXUAL AGRESSO

    ACIDENTE

    TRNSITO

    Sim 58,8 36,1 0,0 29,8 37,0

    No 41,2 63,9 100,0 70,2 63,0

    Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

    6.3. AVALIAO DO TRABALHO DA POLCIA

    De modo geral, a avaliao do trabalho da polcia realizado em Viosa est

    pior do que no Brasil, Minas Gerais e Belo Horizonte. O nico item que no seguiu esta

    linha foi a avaliao da abordagem da Polcia Militar em Blitz, onde 50% da

    populao de Viosa classifica como boa ou tima. Os dois itens que foram mais mal

    avaliados pela populao de Viosa foram: a rapidez e qualidade da Polcia Militar no

  • 23

    atendimento emergencial e a atuao da Polcia Militar no trabalho de organizar o

    trnsito.

    SATISFEITOS COM O TRABALHO DA POLCIA VIOSA BRASIL MINAS

    GERAIS

    BELO

    HORIZONTE

    Rapidez e qualidade da Polcia Militar no atendimento

    emergencial 26,2 35,8 39,1 39,8

    Abordagem da Polcia Militar em Blitz, revista pessoal 50,0 42,4 49,0 47,4

    Rapidez e qualidade da Polcia Civil no atendimento e

    na elaborao dos documentos como registro de

    ocorrncias, nada consta

    40,9 36,0 41,2 44,0

    Tabela 15. Satisfeitos com o trabalho da polcia

    6.4. RESPOSTA AO CHAMADO DA POPULAO

    Quando questionados se para o contato a polcia foi chamada por telefone e se

    ela compareceu 41% dos entrevistados disse que sim, que precisou chamar e os polcias

    compareceram, 13% disseram que chamaram entretanto ela no compareceu e 46%

    afirmaram no terem chamado.

    Grfico 16. Resposta da polcia ao chamado da populao

    6.5. AVALIAO DA ATUAO DOS POLICIAIS

    Dentre os entrevistados 53% j tiveram algum tipo de contato com a polcia,

    sendo que 83% tiveram contato com a polcia militar e 17% com a polcia civil.

    Sobre a atuao da polcia militar 81% dos entrevistados que j tiveram algum

    contato disseram que os policiais agiram dentro da lei, 73% disseram que estes foram

    educados, corteses, prestativos, interessados e respeitaram os seus direitos e apenas

    10% disseram ser vtimas de racismo ou de algum tipo de preconceito durante o

    atendimento da polcia militar.

  • 24

    Grfico 17. Atuao da polcia civil

    J sobre a atuao da polcia civil, 91% daqueles que j tiveram algum contato

    afirmaram que os policiais agiram dentro da lei, 85% disseram que eles foram

    educados, corteses, prestativos, interessados e que respeitaram seus direitos e 14% dos

    entrevistados disseram que os policiais civis foram aproveitadores, oportunistas,

    relaxados ou displicentes no momento do contato.

    Grfico 18. Atuao da polcia militar

  • 25

    7. CONCEPES DA POPULAO DE VIOSA SOBRE A SEGURANA

    PBLICA

    Visando compreender como a populao de Viosa percebe o problema da

    segurana pblica levantamos 3 itens: quem a populao percebe como o principal ator

    responsvel pela soluo do problema da segurana pblica, quais so as aes vistas

    como fundamentais ara garantir a soluo do problema e qual o espao atribudo

    para a aplicao do poder de polcia.

    7.1. PRINCIPAL ATOR RESPONSVEL PELA SEGURANA PBLICA

    Ao serem questionados sobre quem o principal ator responsvel pela soluo

    efetiva do problema da segurana pblica, a maior parte da populao de Viosa

    (53%) declarou que so os demais rgos pblico (fora polcia), em segundo lugar ficou

    a sociedade (29%) e, por ltimo, a polcia (19%).

    PRINCIPAL ATOR RESPONSVEL PELA SOLUO DO PROBLEMA DA

    SEGURANA PBLICA PERCENTUAL

    Polcia 18,7

    Demais rgos pblicos 52,8

    Sociedade 28,5

    Total 100,0

    Tabela 16. Principal ator responsvel pela soluo do problema da segurana pblica

    7.2. CONTEXTOS ONDE VLIDA A APLICAO DO PODER DE POLCIA

    DIMENSO CONTEXTOS ONDE VLIDA A APLICAO DO

    PODER DE POLCIA AVALIAO PERCENTUAL

    Contextos

    de Atuao

    da Polcia

    Prefiro um policial que respeite as tradies locais a um

    policial que aplique as leis em todas as situaes de modo

    integral

    Concorda totalmente 33,2

    Concorda em parte 19,2

    Discorda 47,6

    Antes de reprender algum fazendo algo errado, o policial

    deve conhecer a pessoa com quem ir falar para no

    cometer nenhuma injustia, pois pode ser uma pessoa de

    bem

    Concorda totalmente 62,9

    Concorda em parte 18,6

    Discorda 18,5

    A polcia deve ser acionada quando h uma briga entre

    familiares

    Concorda totalmente 44,8

    Concorda em parte 42,7

    Discorda 12,6

    A polcia no deve perder tempo resolvendo brigas entre

    bbados ou pessoas alcoolizadas

    Concorda totalmente 30,2

    Concorda em parte 23,7

    Discorda 46,2

    Um policial no precisa dar multa quando estaciona-se o

    carro em lugar proibido por curto perodo de tempo

    Concorda totalmente 24,0

    Concorda em parte 13,9

    Discorda 62,0

    Uso da O policial sempre que necessrio deve usar a fora para se Concorda totalmente 35,1

  • 26

    Fora pela

    Polcia

    fazer respeitar Concorda em parte 22,2

    Discorda 42,7

    Em situaes de perigo eminente o policial deve atirar

    primeiro para depois perguntar

    Concorda totalmente 9,1

    Concorda em parte 14,5

    Discorda 76,4

    Prefiro um policial fraco e educado a um policial forte e

    desrespeitoso

    Concorda totalmente 68,4

    Concorda em parte 19,4

    Discorda 12,1

    A fora da polcia o principal ingrediente para diminuio

    da criminalidade

    Concorda totalmente 38,3

    Concorda em parte 22,9

    Discorda 38,8

    Tabela 17. Aplicao do poder de polcia

    Em relao qualificao dos ambientes propcios para a aplicao do poder

    de polcia, observamos as seguintes situaes:

    Contextos de atuao da polcia: mais da metade da populao de Viosa acredita que brigas entre familiares e entre pessoas alcoolizadas no deve ser

    contexto de atuao da polcia ou apenas em uma parte delas isto pode ocorrer

    e a atuao da polcia tambm deve ser restrita no mesmo sentido quando

    tratamos pessoas cometendo pequenas infraes de trnsito. A maior parte da

    populao de Viosa acredita que antes de reprender algum fazendo algo

    errado, o policial deve conhecer a pessoa para no cometer nenhuma injustia,

    pois pode ser uma pessoa de bem e um tero da populao prefere um policial

    que respeite as tradies locais a um policial que aplique as leis em todas as

    situaes de modo integral. Estes argumentos deixam claro que para uma

    significativa parte da populao, a polcia no pode agir com todas as pessoas

    da mesma forma.

    Uso da fora pela polcia: cerca de um tero da populao de Viosa defende que a fora o principal ingrediente para diminuio da criminalidade e que a

    polcia deve usar a fora para se fazer respeitar; mas, quando os temas

    respeito e violncia entram em discusso a situao muda, pois apenas 9% da

    populao acha que a polcia deve primeiro atirar e depois perguntar e 12%

    prefere um policial forte e desrespeitoso a um policial fraco e educado. O uso

    da fora aceito pela populao, mas existe uma rejeio forte em relao a

    violncia e ao desrespeito policial.

    7.3. AES IMPORTANTES PARA SOLUO DO PROBLEMA DA SEGURANA

    PBLICA

    IMPORTANTE PARA SOLUCIONAR O PROBLEMA DA

    SEGURANA PBLICA EM VIOSA AVALIAO PERCENTUAL

    Aumentar a presena de policiais

    Alta 83,5

    Mdia 13,1

    Baixa 3,5

    Aumentar o nmero de cmeras e alarmes Alta 74,8

    Mdia 19,6

  • 27

    Baixa 5,6

    Melhorar a educao e vagas no mercado de trabalho

    Alta 95,7

    Mdia 4,0

    Baixa ,2

    Limpeza e iluminao das ruas e locais pblicos

    Alta 84,7

    Mdia 13,1

    Baixa 2,2

    Realizar campanhas para mudar os hbitos das pessoas visando

    reduzir sua exposio ao risco de ser vtima de crimes

    Alta 74,3

    Mdia 19,8

    Baixa 5,9

    Aproximar polcia e comunidade para realizar uma ao conjunta no

    enfrentamento da violncia

    Alta 86,9

    Mdia 11,7

    Baixa 1,5

    Criar um sistema de gesto das aes da polcia para orientar o

    planejamento das aes e avaliao dos resultados

    Alta 79,0

    Mdia 19,5

    Baixa 1,5

    Aproximar as pessoas da comunidade visando garantir que elas cuidem

    da segurana umas das outras

    Alta 83,7

    Mdia 12,5

    Baixa 3,8 Tabela 18. Aes para resoluo do problema da segurana pblica

    A opinio da populao de Viosa quanto aos itens mais importante para

    solucionar o problema da segurana pblica estabelece em ordem do mais para o

    menos importante os seguintes itens: (i) melhorar a educao e as vagas no mercado de

    trabalho; (ii) aproximar polcia e comunidade para realizar uma ao conjunta no

    enfrentamento da violncia; (iii) limpeza e iluminao das ruas e locais pblicos; (iv)

    aproximar as pessoas da comunidade visando garantir que elas cuidem da segurana

    umas das outras; (v) aumentar a presena de policiais; (vi) criar um sistema de gesto

    das aes da polcia para orientar o planejamento das aes e avaliao dos

    resultados; (vii) aumentar o nmero de cmeras e alarmes e (viii) realizar campanhas

    para mudar os hbitos das pessoas visando reduzir sua exposio ao risco de ser vtima

    de crimes. Este leque de itens distribudo seguindo este padro de importncia

    evidencia que a populao de Viosa de fato reconhece que a soluo do problema de

    segurana pblica passa por aes muito mais amplas do que apenas aumentar o

    poder da polcia; a atuao da polcia deve ser em parceria com a comunidade, as

    condies do ambiente urbano tem impactos significativos na situao da violncia e

    criminalidade e, por fim, a populao aceita mais a ideia de se proteger com cmeras

    e alarmes do que ter que mudar seus hbitos para se tornar um alvo menos vulnervel

    para os criminosos.

  • 28

    CONSIDERAES FINAIS

    REFLEXES PARA O ESTABELECIMENTO DE UMA POLTICA MUNICIPAL DE

    SEGURANA PBLICA

    Este relatrio documenta a situao grave de insegurana pblica que vivemos

    atualmente em Viosa, no apenas ao demonstrar que a incidncia da criminalidade

    segue os mesmos patamares do que ocorre em grandes cidades (Belo Horizonte), mas

    tambm evidenciando o nvel de sensao de insegurana vivido pela populao e a

    forma como a violncia e criminalidade tm afetado os hbitos de vida das pessoas.

    A anlise dos fatores determinantes da vitimizao deixou bem claro que a

    atuao da polcia, sendo boa ou ruim, tem um impacto moderado sobre a presena da

    violncia e criminalidade. Alm da atuao da polcia, outros fatores necessariamente

    devem ser observados no estabelecimento de uma poltica municipal de segurana

    pblica: a iluminao das ruas, a qualidade do transporte pblico, a oferta de escolas,

    a presena de veculos ou casas abandonadas, a organizao do espao pblico em

    termos de pessoas se prostituindo ou fazendo necessidades fisiolgicas nas ruas e a

    presena da violncia domstica (mulheres sendo agredidas).

    Justamente no tocante a estes fatores relacionados s condies bsicas de

    organizao do espao pblico, nossas anlises mostraram como a situao de Viosa

    catica em mbito nacional, estadual e em comparao com Belo Horizonte.

    Infelizmente, Viosa tem hoje um contexto urbano que promove a violncia e a

    criminalidade. Neste contexto, faz-se necessrio termos uma anlise mais cuidadosa

    sobre a m avaliao atribuda ao trabalho da polcia pela populao. Este contexto

    urbano promotor da violncia e da criminalidade, ao mesmo tempo que cria o ambiente

    ideal para atuao dos criminosos, limita profundamente a capacidade de interveno

    da polcia na segurana pblica.

    Resta, por fim, destacar que a populao de Viosa mostra ter pleno

    conhecimento dos argumentos desta concluso, pois destaca que a soluo dos

    problemas da segurana pblica est na atuao dos demais rgos pblicos, fora a

    polcia, e que passa necessariamente pela educao, criao de vagas no mercado de

    trabalho, limpeza e iluminao das ruas e locais pblicos e pela organizao da

    sociedade para a atuao sobre o problema de forma articulada com a polcia. O

    papel preventivo ocupado pela participao em atividades religiosas ocupa aqui um

    espao significativo, seja promovendo a segurana derivada da convivncia em grupo,

    onde uns passam a se preocupar e cuidar dos outros, seja em funo da difuso de uma

    perspectiva de vida onde a pessoa passa a se preocupar com os problemas coletivos e

    a se comportar de maneira mais prxima e com respeito em relao ao outro

    desconhecido, ou seja, em funo de que a pessoa religiosa tem hbitos de lazer que a

    colocam menos em vulnerabilidade para o criminoso.