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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA MAPA CONCEITUAL COMO ORGANIZADOR EXPLICATIVO PARA O ENSINO DE BIOTECNOLOGIA SANDRA MARA MOURÃO CARDINALI Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rita de Cássia Frenedozo Tese apresentada ao Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutora em Ensino de Ciências e Matemática. SÃO PAULO 2013

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Page 1: MAPA CONCEITUAL COMO ORGANIZADOR EXPLICATIVO … · Mapa conceitual como organizador explicativo para o ensino de biotecnologia / Sandra Mara Mourão Cardinali. -- São Paulo; SP:

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DOUTORADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

MAPA CONCEITUAL COMO ORGANIZADOR EXPLICATIVO PARA O ENSINO DE BIOTECNOLOGIA

SANDRA MARA MOURÃO CARDINALI

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rita de Cássia Frenedozo

Tese apresentada ao Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutora em Ensino de Ciências e Matemática.

SÃO PAULO 2013

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

C258m Cardinali, Sandra Mara Mourão.

Mapa conceitual como organizador explicativo para o ensino de biotecnologia / Sandra Mara Mourão Cardinali. -- São Paulo; SP: [s.n], 2013.

179 p. : il. ; 30 cm.

Orientadora: Rita de Cássia Frenedozo. Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Ensino de

Ciências e Matemática, Universidade Cruzeiro do Sul.

1. Biotecnologia – Ensino médio 2. Aprendizagem significativa -Biotecnologia 3. Mapas conceituais. I. Frenedozo, Rita de Cássia. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação emEnsino de Ciências e Matemática. III. Título.

CDU: 57.08(043.2)

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MAPA CONCEITUAL COMO ORGANIZADOR EXPLICATIVO PARA O ENSINO DE BIOTECNOLOGIA

Sandra Mara Mourão Cardinali

Tese de doutorado defendida e aprovada pela Banca Examinadora em 19/12/2013.

BANCA EXAMINADORA:

Prof.ª Dr.ª Rita de Cássia Frenedozo Universidade Cruzeiro do Sul Presidente da Banca

Prof.ª Dr.ª Laura Marisa Cornielo Calejon Universidade Cruzeiro do Sul

Prof. Dr. Tomas Noel Herrera Vasconcelos Universidade Cruzeiro do Sul

Prof.ª Dr.ª Rita de Cássia Ruiz Instituto Butantan

Prof. Dr. Amauri Carlos Ferreira Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

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À minha mãe Arlete,

ao meu esposo Humberto,

às minhas filhas, Fernanda, Isabela e Marcella,

aos meus netos, João Victor, Ana Laura e Sofia,

dedico este trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que colaboraram na concretização deste trabalho:

À minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Rita de Cássia Frenedozo, por me receber e apoiar

nesta caminhada acadêmica com suas contribuições para a realização deste

trabalho.

Ao Programa de Pós-graduação em Ensino de Matemática e Ciências, da

Universidade Cruzeiro do Sul, pela oportunidade de ofertar um ambiente de

aprendizagem motivador e acolhedor.

À Prof.ª Dr.ª Carmem Lúcia Costa Amaral, pelo entusiasmo e dedicação aos

doutorandos.

À Prof.ª Dr.ª Maria Delourdes Maciel, pela disposição e incentivo aos estudos

acadêmicos dos doutorandos.

Ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, instituição pública

onde adquiri minha experiência profissional, pelo grande incentivo e apoio para a

realização desta capacitação.

Aos meus amigos profissionais e estudantes de doutorado, pela amizade

demonstrada e apoio nos estudos, em especial às colegas Ana Lúcia, Beatriz e

Miriam, das quais estive mais perto nas estadias no Hotel Liau, SP. Em viagem à

Madri, Espanha, para participação do VII Seminário Ibérico e do III Seminário

Iberoamericano CTS, foi possível dividir momentos inesquecíveis com a Beatriz e a

Miriam, tornando essa viagem magnífica.

À Prof.ª Dr.ª Teresa Cristina de Melo, pelas suas contribuições e apoio para a

realização da pesquisa.

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À Prof.ª Isara Lourdes Cruz Hernández, pela programação das “Oficinas de

Biotecnologia” em sua turma de Mecânica do PROEJA/CEFET-MG.

Ao Prof. Dr. Amauri Carlos Ferreira, por me incentivar a continuar os estudos,

acreditando que eu poderia ir além.

Aos estudantes da segunda série do Curso Técnico Integrado de Química e

Mecânica – turma de 2009 –, que se dispuseram a prestar auxílio no

desenvolvimento da pesquisa.

Ao meu esposo Humberto, pelo companheirismo e apoio a todos os meus projetos

de vida.

Às minhas queridas filhas, Fernanda, Isabela e Marcella, pela confiança inabalável e

incondicional.

Aos meus amados netos, João Victor, Ana Laura e Sofia, pela alegria e o colorido

que dão à minha vida.

Ao meu saudoso pai e à minha querida mãe, pela dedicação com que conduziram

minha trajetória de vida.

Muito obrigada a todos!

Serão para sempre lembrados!

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CARDINALI, Sandra Mara Mourão. Mapa conceitual como organizador explicativo para o ensino de biotecnologia. 2013. 179 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática)–Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2013.

RESUMO

Este trabalho avaliou a abordagem ausubeliana como ferramenta pedagógica no

processo de ensino e aprendizagem da biotecnologia em duas turmas, de Química e

Mecânica, de Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio do CEFET-MG. O

objetivo principal deste estudo foi avaliar o papel do Mapa Conceitual para a

aprendizagem significativa do conteúdo da biotecnologia. Na tentativa de alcançar o

objetivo estabelecido, optou-se pela abordagem qualitativa e quantitativa, na

modalidade estudo de caso, por melhor adequar-se aos interesses da pesquisa. Na

sua efetivação, uma sequência de atividades foram propostas com as seguintes

etapas: Pré-teste; Organizador Prévio; Roteiro de Atividades, com a utilização de um

Mapa Conceitual; e Pós-teste. Essas etapas encontram-se embasadas nos

pressupostos teóricos da Teoria da Aprendizagem Significativa, e, em todos os

momentos, busca-se interligar o Mapa Conceitual, organizador explicativo, à teoria

da aprendizagem significativa. Consideramos que após as ações e intervenções

didáticas houve um ganho na inclusividade dos conceitos de biotecnologia e que a

utilização do Mapa Conceitual em muito contribuiu para esse resultado, uma vez que

ele possibilita a estruturação hierárquica dos conceitos. Qualitativamente, foi

possível observar uma considerável ampliação de conhecimentos, mediante a

incorporação de novas ideias sobre biotecnologia pelos estudantes, o que levou à

elaboração de produtos de aprendizagem com a construção de um site.

Palavras-chave: Ensino, Aprendizagem significativa, Mapa conceitual,

Biotecnologia, Cursos profissionalizantes.

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CARDINALI, Sandra Maria Mourão. The conceptual map as explicative organizer for the biotechnology teaching. 2013. 179 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática)–Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2013.

ABSTRACT

This paper has evaluated the Ausubelian approach as pedagogical tool in the

teaching and learning processes of biotechnology inside two classes of chemistry

and mechanics of Technical Courses Integrated to High School at CEFET (Federal

Center of Technologic Education) – MG. The main objective of this study was to

estimate the role of the Conceptual Map for the significative apprenticeship of the

content of biotechnology. In the effort of reaching the objective established, the

qualitative and quantitative approach was chosen, in the modality case study,

considering it best conforms to the interests of the research. In its effectuation, a

sequence of activities was proposed with the following stages: pretest; previous

organizer; script of activities, with the utilization of a Conceptual Map; and post-test.

These stages are based in the theorist presuppositions of Significative

Apprenticeship Theory, and the interconnection of the conceptual map, explicative

organizer, to the significant learning theory is pursuit at all moments. We considered

that after actions and didactic interventions there was a gain in incorporation of

biotechnology concepts and the utilization of the Conceptual Map has plenty

contributed for this result, once it allows the hierarchic organization of the concepts. It

was qualitatively possible to observe a considerable amplification of knowledge,

through the incorporation by students of new ideas about biotechnology, which lead

to the elaboration of apprenticeship products with the building of a site.

Keywords: Teaching, Significative apprenticeship, Conceptual map, Biotechnology,

Certificate programs.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Diagrama da articulação das áreas de Ciências da Natureza e da Matemática com a área de Linguagens e Códigos .................... 24

Figura 2 – A abordagem multidisciplinar envolvida na biotecnologia ............ 32

Figura 3 – A convergência interdisciplinar na biotecnologia........................... 33

Figura 4 – Mapa Conceitual para representar a aprendizagem significativa ........................................................................................ 55

Figura 5 – Mapa de localização do CEFET-MG – Campus I .............................. 64

Figura 6 – Estrutura da metodologia com as etapas da pesquisa ................... 67

Figura 7 – Vídeo sobre biotecnologia: a engenharia dos genes ...................... 69

Figura 8 – Mapa Conceitual de engenharia genética/biotecnologia ................ 73

Figura 9 – Mapa Conceitual com várias proposições interligadas relativas ao DNA, utilizado no plano de aula ................................... 81

Figura 10 – Embalagens de alimentos levadas pelos alunos ............................ 84

Quadro 1 – Classificação da biotecnologia por cores ........................................ 36

Quadro 2 – Cronologia das descobertas e eventos que contribuíram para o desenvolvimento da biotecnologia ............................................... 39

Quadro 3 – Instrumento de sondagem 3 – Divisão por blocos das questões objetivas do pré-teste........................................................ 68

Quadro 4 – Roteiro de atividades e plano das aulas de biotecnologia ............. 71

Quadro 5 – Conceitos básicos da biotecnologia seus significados e desdobramentos ................................................................................ 80

Quadro 6 – Principais descobertas da Engenharia Genética na linha do tempo .................................................................................................. 83

Quadro 7 – Resultado do IS1 aplicado aos alunos de Química e Mecânica ..... 88

Quadro 8 – Resultados em valores % de acertos do IS2 para as duas turmas ................................................................................................. 90

Tabela 1 – Tabulação com a frequência e o percentual de acertos para cada questão das turmas de Química e Mecânica antes e depois das ações e intervenções didáticas ..................................... 94

Tabela 2 – Tabulação da média de acertos por blocos antes e depois para as turmas de Química e Mecânica ........................................... 98

Tabela 3 – Tabulação estatística de teste e P-valor para as turmas de Química e Mecânica ......................................................................... 100

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CEFET-MG Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

IS Instrumento de Sondagem

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

PCNEM Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional

PGH Projeto Genoma Humano

SETEC Secretaria Profissional e Tecnológica

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UD Unidade Didática

MCTI Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13

1.1 O problema .................................................................................................... 18

1.2 O pressuposto .............................................................................................. 19

1.2.1 Subpressuposto ........................................................................................... 19

1.3 Objetivos ....................................................................................................... 19

1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................ 19

1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................... 20

1.4 Estrutura da tese .......................................................................................... 20

1.5 Contribuições da tese .................................................................................. 20

2 DA BIOLOGIA À BIOTECNOLOGIA ............................................................. 23

2.1 A Biologia e o ensino da Biologia ............................................................... 23

2.2 A Biologia no contexto histórico do CEFET-MG ........................................ 27

2.3 A biotecnologia ............................................................................................. 31

2.3.1 Conceitos, desenvolvimento histórico e aplicações da biotecnologia .... 33

2.3.3 Biotecnologia no processo educacional .................................................... 41

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 45

3.1 Aspectos da aprendizagem significativa .................................................... 46

3.2 A aprendizagem significativa de David Ausubel ....................................... 48

3.2.1 Formas de aprendizagem significativa ....................................................... 51

3.3 Organizadores prévios e Mapa Conceitual ................................................. 55

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................... 63

4.1 Local da realização da Pesquisa ................................................................. 64

4.2 Os sujeitos da pesquisa ............................................................................... 65

4.3 Desenvolvimento da pesquisa .................................................................... 66

4.4 Estrutura da pesquisa .................................................................................. 67

4.5 Etapas da Estrutura da Metodologia ........................................................... 68

4.5.1 Etapa I – Pré-teste ......................................................................................... 68

4.5.2 Etapa II – Organizadores prévios ................................................................ 69

4.5.3 Etapa III – Roteiro de atividades e planejamento das aulas ...................... 70

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4.5.4 Etapa IV – Organizador explicativo ............................................................. 72

4.5.5 Etapa V – Pós-teste....................................................................................... 74

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 75

5.1 Descrição e análise das observações das aulas ....................................... 75

5.2 ISI ................................................................................................................... 88

5.3 IS2 .................................................................................................................. 90

5.4 IS3 .................................................................................................................. 93

5.4.1 Turma de Química e Mecânica (antes/depois) ........................................... 93

5.5 Análises por blocos de questões pelas médias ........................................ 98

5.5.1 Análise estatística por bloco de questões ................................................. 99

5.6 A Revista Bionews Magazine ..................................................................... 101

5.6.1 O produto gerado........................................................................................ 101

5.6.2 Resultado e discussão dos artigos ........................................................... 104

5.6.2.1 Turma de Química .................................................................................. 104

5.6.2.2 Turma de Mecânica ................................................................................ 108

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 111

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 115

APÊNDICES ........................................................................................................... 127

ANEXOS ................................................................................................................. 154

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1 INTRODUÇÃO

A tese aqui apresentada é produto de minha inquietude em relação ao ensino

da Biologia, em particular da biotecnologia, em cursos de Educação Profissional do

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). Durante

anos lecionando Biologia para diferentes cursos técnicos desta instituição, sempre

observei a diferenciada aceitação desta disciplina pelos alunos, se comparada às

disciplinas da área de ciências exatas e técnicas, as quais, de modo geral, levam os

alunos a manifestarem maior satisfação em estudar. Isso pode ser entendido pelo

perfil dos estudantes que ingressam na instituição, já que a maioria visa uma

formação técnica mais voltada para a área de ciências exatas.

O CEFET-MG é uma instituição multicampi, e a pesquisa realizada no

Campus I, no bairro Nova suíça da zona Oeste de Belo Horizonte. Participaram duas

turmas do segundo ano do curso técnico integrado ao ensino médio, contando com

a participação de 32 (trinta e dois) alunos da turma de química e 35 (trinta e cinco)

alunos de mecânica.

Meu interesse em desenvolver esta pesquisa foi o de aplicar o processo de

ensino de temas biotecnológicos com foco na aprendizagem significativa, do ponto

de vista ausubeliano. Neste direcionamento, planejei – com a professora das turmas

em que a pesquisa foi realizada – uma prática didática utilizando um Mapa

Conceitual, considerando-o uma projeção prática da teoria da aprendizagem

significativa de Ausubel. Na elaboração do Mapa Conceitual, partimos do conceito

mais geral e inclusivo da engenharia genética para, progressivamente,

diferenciarmo-lo em termos de detalhes e especificidade. Utilizado como organizador

explicativo, este instrumento ficou centrado nos conceitos de referência da

biotecnologia, colaborando para o aprendizado dos estudantes, e auxiliando a

professora a organizar o objeto de aprendizado. Como observadora, pude verificar

que o Mapa Conceitual revelou-se uma estratégia potencialmente útil para dar

significados aos conceitos de biotecnologia.

Considero que a proposta de ensino de temas biotecnológicos privilegia um

ambiente de aprendizagem para os estudantes, favorecendo a compreensão de que

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a ciência e a tecnologia são conhecimentos que interferem no contexto de suas

vidas. Temas biotecnológicos estabelecem redes de conhecimentos com as áreas

de ciências genômicas e, ao efetivar e consolidar o ensino das tecnologias aplicadas

à Biologia, a biotecnologia corrobora a formação de valores éticos e de

responsabilidade. O conhecimento da biotecnologia auxilia os alunos na tomada de

decisões no futuro, frente aos desafios e ambiguidades impostas pelas novas e

extraordinárias descobertas sobre a vida em nível celular e molecular, divulgadas

constantemente pela mídia.

Diante do grande volume de conhecimentos produzidos em Biologia sobre a

vida em nível celular e molecular, o momento atual é de reconfiguração do processo

educativo. Temas polêmicos relacionados à pesquisa genômica, à clonagem de

órgãos e organismos, ao emprego de células tronco e, especialmente, à produção e

utilização de organismos transgênicos, passam a ser discutidos dentro e fora da

escola.

De acordo com Giassi (2009), convivemos num mundo comandado pela

ciência e pela tecnologia, tornando-se indispensável estarmos sempre atualizados,

para que possamos interagir com desenvoltura diante de tantas tecnologias que

fazem parte de nossas vidas. Nesse contexto, a Biologia, hoje, tem destaque entre

as ciências de ponta, e os avanços científicos desta área marcam sensivelmente a

sociedade, desde o século passado.

No acelerado ritmo de produção do conhecimento, simplesmente acrescentar

conteúdos de Biologia em sala de aula não se justifica. É preciso focar na promoção

da autonomia intelectual do aluno e propor situações de aprendizagem que abordem

conceitos devidamente contextualizados, articulando-os com outros campos do

conhecimento, sempre que possível.

Estamos convivendo com grandes avanços do conhecimento da Biologia, nos

últimos tempos, em que diversos organismos têm sido minuciosamente investigados

mediante técnicas que permitem o sequenciamento do DNA (ácido

desoxirribonucleico) e uma crescente quantidade de pesquisas envolvendo

experimentos de clonagem, produção de alimentos e medicamentos provenientes de

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organismos geneticamente modificados (OGMs), e uma infinidade de outros

resultados da investigação científica.

Nesse cenário com perfil científico e tecnológico, em que questões polêmicas

surgem a todo instante na vida dos estudantes, é importante que eles saibam optar

ou não por alimentos transgênicos, opinar sobre o uso de embriões humanos para

fins terapêuticos, discutir questões éticas e morais envolvidas na clonagem, entre

outros.

É inegável que o século XX foi marcado por inúmeros eventos históricos e

políticos, mas, certamente, será lembrado pelos avanços científicos e tecnológicos,

como os da engenharia genética, que possibilitou, por exemplo, a obtenção da

insulina disponível no mercado atual. Percebe-se, então, a necessidade de explicitar

os avanços da engenharia genética e as atuais pesquisas neste campo aos alunos,

pois é praticamente impossível admitir que eles permaneçam alheios a estas

descobertas. Surge, então, a necessidade de atualizar os conteúdos das disciplinas

científicas, adequando-as aos currículos e programas atualizados, para educar as

gerações do século XXI, que estão constantemente recebendo informações sobre

temas biotecnológicos, veiculadas nos meios de comunicação.

O principal desafio do ensino de Biologia no século XXI é fazer com que o

aluno reconheça a necessidade de ampliar seu quadro de referências, apropriando-

se de conceitos e competências que o permitam transitar em diferentes contextos,

que vão desde a realidade cotidiana, local, concreta, até a distante, global, mais

abstrata.

Diante da constante exposição dos estudantes às informações divulgadas

diariamente pela mídia, é inevitável que eles sejam influenciados pelos

conhecimentos do senso comum e pelo conhecimento escolar quando confrontados

com questões que exijam uma decisão pessoal.

Krasilchik e Morandino (2007) descrevem que, ao longo dos últimos anos, a

preocupação com o nível de conhecimento sobre ciência e tecnologia da população

se intensificou no mundo inteiro, em especial no Brasil, e essa preocupação

desencadeou uma série de ações em nível individual, institucional e governamental,

seja na iniciativa pública ou privada.

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De acordo com as autoras, a compreensão da ciência é hoje essencial para

interpretar o mundo e melhorar a qualidade de vida, e o ensino não pode deixar de

considerar a perspectiva cultural da ciência. Para tanto, espera-se que, por meio das

diversas ações de divulgação, o estudante esteja apto a se atualizar quanto às

inovações científicas e tecnológicas, opinando e tomando decisões sobre elas.

A Biologia é uma ciência extremamente dinâmica e, a cada ano, mais de um

milhão de artigos científicos relacionados às diversas áreas que a compõem são

publicados. Novas fronteiras de investigação vêm sendo impulsionadas pelo

aperfeiçoamento de técnicas da biologia molecular, como a genética, a engenharia

genética, a sistemática, entre outras.

A divulgação da produção do conhecimento científico, no cenário nacional e

internacional, tem sido promovida por diversos eventos, com aumento significativo.

As áreas de pesquisa em Educação e Ensino de Ciências e Biologia têm se

consolidado no Brasil, haja vista o volume e a seriedade dos trabalhos

apresentados. A título de ilustração, podemos ressaltar o IV Encontro Regional de

ensino de Biologia, realizado de 22 a 25 de outubro de 2007, na Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que teve como tema central “Ciências

Biológicas e Ensino de Biologia: tradições, histórias e perspectivas”. Nesse recorte

temporal definido, delineei o mapeamento pelo estado da arte, a relevância, a

objetividade, a originalidade da Biologia à biotecnologia. O artigo na íntegra

encontra-se no Anexo E (CARDINALI; FRENEDOZO, 2011).

Diante da relevância da introdução de temas científicos contemporâneos

relacionados à biotecnologia no presente, torna-se indispensável a (re) construção

de saberes e práticas.

Segundo Belote (2011),

[...] o estudo destes temas em sala de aula torna-se fundamental para que os alunos o compreendam: para que possa conhecer, avaliar e participar das implicações éticas, morais, políticas e econômicas das manipulações genéticas, analisando-as e avaliando os riscos e benefícios para a humanidade e o planeta.

A biotecnologia compreende o estudo de técnicas e processos associados à

obtenção de produtos de interesse humano, sendo que a manipulação da molécula

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de DNA constituiu uma das maiores revelações científica do século (PAULINO,

2008).

A biotecnologia coloca-se não apenas como uma nova área no domínio da

ciência, e sim, como epicentro de transformações que se processam na vida

contemporânea, reconfigurando economicamente o mundo, do agronegócio à

indústria farmacêutica, tornando-se parte do cotidiano dos consumidores, ao tornar

possível a disponibilização de produtos nas gônadas de mercado e ao criar novas

possibilidades de tratamentos medicinais, e, sobretudo, midiaticamente, nos debates

públicos em torno de questões éticas envolvendo vários temas, como: transgenia,

terapia genéticas, entre outros.

Semelhantes exemplos encontram-se na Revista Veja, de 30 de abril de

2008, que traz uma reportagem intitulada “As embrionárias é que curam”, sobre

pesquisas na área da cardiologia que mostram a superioridade das células de

embriões sobre as adultas, cujo desafio consiste em dominar o processo pelo qual

elas dão origem a cada tipo de tecido (VIEIRA, 2008).

Um clássico cinematográfico é o filme “Gattaca” (ANDREW NICOLL, 1997),

que se baseia em preocupações sobre as tecnologias reprodutivas que facilitam a

eugenia1 e as possíveis consequências de tais desenvolvimentos tecnológicos para

a sociedade. Essa produção contribuiu para alertar os ufanistas das biotecnologias

ao desnudar as implicações éticas, sociais e morais da ciência. Segundo Klein,

apenas reforçou um mito, desviando-se da informação mais consistente (KLEIN,

2011).

Em reportagem de 2 de abril de 2012, Waldhelm (2012) menciona que o

aluno deve se ver como cidadão do bairro e do mundo e articular o que aprende na

escola da vida. Assim, não basta aprender sobre poluição local, sem entender que

relação isso tem com o aquecimento global. Complementando sua linha de

pensamento, afirma que despertar o aluno nesse sentido é um desafio, e a escola

precisa incorporar aspectos do seu universo para envolvê-lo na aprendizagem com

novas tecnologias, redes sociais, entre outras.

1 Eugenia: disciplina/doutrina cujo objeto de estudo é as questões referentes ao “melhoramento” físico e mental do Homo sapiens; incentiva a reprodução dos “aptos”, limitando e até excluindo a reprodução dos que portam “defeitos”.

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A partir das exemplificações dos parágrafos anteriores, observamos que

inúmeras informações dos conhecimentos da contemporaneidade interagem ao

elenco de saberes, e justifica-se a escolha do conteúdo de biotecnologia para

apropriação crítica dos conhecimentos desta área.

Portanto, a busca de novas práticas pedagógicas que possam auxiliar os

alunos a emitir opiniões e posicionarem-se criticamente é de fundamental

importância no ensino da biotecnologia e contribui para a formação científica de

futuros cidadãos responsável pelos seus atos, tanto individuais como coletivos, para

conquistar o bem-estar social e a capacidade de realizar críticas exigentes diante

daqueles que tomam decisões.

A pesquisa aqui apresentada caracteriza-se como uma investigação

qualitativa e quantitativa. Os procedimentos metodológicos utilizados foram da

observação não participante. A pesquisa é definida como um estudo de caso, pois

está centrada em uma organização particular e em um caso específico dessa

organização, mais especificamente, em um professor e em duas turmas de segundo

ano de Ensino Técnico.

De acordo com Severino (2010), o estudo de caso configura um caso

representativo, apto a fundamentar uma generalização para situações análogas,

autorizando inferências. Os dados coletados devem ser registrados com rigor,

seguindo todos os procedimentos da pesquisa de campo.

No delineamento da pesquisa, optou-se pelo uso dos referenciais da Teoria

da Aprendizagem Significativa nos preceitos de Ausubel. Como estratégia de ensino,

utilizou-se um Mapa Conceitual, organizador explicativo, como escopo para a

construção de uma metodologia que permitisse identificar a relação existente entre

os conhecimentos prévios dos estudantes e a promoção de uma aprendizagem

significativa.

1.1 O problema

O problema que esta pesquisa procura investigar pode ser enunciado da

seguinte maneira: como o Mapa Conceitual contribui para uma aprendizagem

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significativa de conceitos relevantes de biotecnologia? A partir desse problema, têm-

se as seguintes questões norteadoras:

a) Que interesse apresentam os estudantes pelos temas de biotecnologia

veiculados pela mídia?

b) Quais são os conhecimentos prévios dos alunos sobre temas atuais da

biotecnologia?

c) Que conceitos essenciais foram agregados a partir das ações e

intervenções didáticas, propiciando uma aprendizagem significativa?

1.2 O pressuposto

A aplicação do Mapa Conceitual, organizador explicativo, para estudantes de

educação básica é fundamental para a aprendizagem significativa. No entanto,

variáveis intervenientes de conteúdos programáticos da biotecnologia,

proporcionadas pelo caráter midiático, abrem possibilidades para a construção de

conhecimentos próximos à realidade dos estudantes, o que pode levar à elaboração

de produtos de aprendizagem.

1.2.1 Subpressuposto

As disciplinas de formação geral em cursos técnicos demandam estratégias

específicas, para que estejam próximas à realidade dos estudantes, sem perder o

caráter de fundamentos ordenados da área do saber, a exemplo o conteúdo

programático da biotecnologia nos cursos profissionais da educação básica, em sua

modalidade multidisciplinar.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Avaliar o papel do Mapa Conceitual para a aprendizagem significativa do

conteúdo de biotecnologia.

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1.3.2 Objetivos específicos

a) Realizar um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos sobre

temas atuais de biotecnologia.

b) Avaliar o Mapa Conceitual como organizador explicativo no ensino de

biotecnologia.

c) Avaliar a aprendizagem dos alunos a partir do Mapa Conceitual, antes e

depois das ações e intervenções didáticas.

1.4 Estrutura da tese

A pesquisa apresentada compõe-se de seis capítulos distintos. O escopo da

Biologia e da biotecnologia com suas implicações e evolução histórica, tanto na

sociedade quanto nos currículos escolares, é o tema do Capítulo 2. No Capítulo 3,

apresentamos uma revisão da literatura, focando na aprendizagem e no ensino de

conceitos científicos e tratando a biotecnologia como objeto de aprendizagem,

segundo a Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel, Novak e Hanesian

(1980). No Capítulo 4, apresentamos a metodologia que orientou a realização da

pesquisa. Os procedimentos realizados encontram-se ancorados na abordagem do

papel do professor e do estudante e nas interações em aulas teóricas com a

utilização do Mapa Conceitual, organizador explicativo, com ênfase em

biotecnologia. Citamos os instrumentos de investigação e os procedimentos para

coleta de dados. No Capítulo 5, apresentamos os resultados e a discussão dos

dados com foco na aprendizagem significativa e nos preceitos de Ausubel, Novak e

Hanesian (1980). Finalizando, no Capítulo 6, destacamos as considerações finais a

respeito dos resultados encontrados na pesquisa, com as implicações pedagógicas,

além de indicar possíveis contribuições para o ensino e a aprendizagem de

conteúdos de Biologia, com ênfase na biotecnologia, nas disciplinas que integram o

quadro de disciplinas de formação geral nos diferentes cursos do CEFET-MG.

Dessa maneira, este trabalho enfrenta um decurso da pesquisa que aproxima

a Biologia, a biotecnologia, o Mapa Conceitual e a aprendizagem significativa.

1.5 Contribuições da tese

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Espera-se que esta tese possa contribuir para o ensino de biotecnologia,

frente à extensão do conteúdo de Biologia tratado no Ensino Médio. Como é uma

área multidisciplinar, incide em diversos setores produtivos, como indústria, energia,

meio-ambiente, biodiversidade, agricultura, pecuária, alimentos e saúde. Por ser

grande sua abrangência, a proposta de utilizar e adotar uma estratégia de ensino

adequada é importante para que se alcance a aprendizagem significativa dos

estudantes. O Mapa Conceitual é uma proposta adicional e inovadora da teoria

ausubeliana, e pode ser ampliada e retomada nos diferentes conteúdos da Biologia.

Pode ser utilizado para o entendimento de conceitos e suas relações, para a

elaboração de plano de aula, ementas de um programa, matrizes curriculares,

dentre outros, além de possibilitar a comunicação ente coordenadores, professore e

alunos de uma instituição de ensino.

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2 DA BIOLOGIA À BIOTECNOLOGIA

2.1 A Biologia e o ensino da Biologia

O termo Biologia foi usado pela primeira vez em 1809, pelo naturalista francês

Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829). Até então, algumas das áreas que mais tarde

iriam se tornar disciplinas estavam integradas à medicina (caso da anatomia e da

fisiologia), à história natural e à botânica. Alguns autores consideram que somente

após o advento da teoria da evolução, elaborada pelos britânicos Charles Darwin e

Alfred Wallace, a Biologia se consolidou como ciência, porque passou a apresentar

uma explicação causal para os fenômenos. A genética, por exemplo, desenvolveu-

se a partir do século XX.

Em Biologia, certos conceitos, como: evolução, célula, gene, homeostase e

energia, são essenciais para compreender fenômenos e processos que permitem ao

aluno fazer extrapolações e agregar conceitos mais periféricos. Nesse contexto, a

Biologia atual assenta-se notadamente sobre cinco grandes princípios unificadores:

teoria da evolução2; teoria celular3; teoria do gene4; princípios da homeostase5; e

aproveitamento da energia pelos sistemas vivos6.

2 A teoria da evolução é o principal conceito organizador da biologia, e suas premissas partem do princípio darwinista de que as espécies se alteram ao longo do tempo e de que todas as formas de vida descendem de um ancestral comum. Disciplinas como a genética (com conceitos de mutação e variabilidade), a biogeografia (com a noção de distribuição da fauna e flora), a embriologia (com os conceitos de homologia e analogia) e a ecologia (com estudos populacionais) contribuem para dar sustentação à teoria da evolução. 3 A Teoria celular está baseada em três pressupostos: os seres vivos são formados por pelos menos uma célula; as células são unidades funcionais ou fisiológicas dos seres vivos; e novas células só se formam pela reprodução ou a partir de células preexistentes. 4 A teoria do gene fundamenta-se nas características individuais que em última análise são codificadas pelo DNA, o componente fundamental dos genes. Através deste estudo, é possível compreender como o DNA está organizado, como a informação genética é passada de uma geração para outra e como os genes atuam e interagem desde o nível celular até a produção de um novo indivíduo. 5 O princípio da homeostase compreende a propriedade de um sistema regular em seu ambiente interno, de modo a fazer perdurar uma condição estável, fundamental para a manutenção da vida. Ela representa, em geral, um equilíbrio dinâmico da vida, alcançado por meio de mecanismos regulatórios. 6 O aproveitamento de energia pelos seres vivos depende de um aporte contínuo de energia. As relações entre os organismos e os ecossistemas envolvem, fundamentalmente, um fluxo de energia que se inicia com a participação da energia solar na fotossíntese e se desenvolve por meio da transformação, da utilização, da transferência e da perda de energia ao longo das cadeias tróficas (SANTOS et al., 2010, p. 7-8).

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Os princípios unificadores da Biologia atual integram variados conhecimentos,

possibilitando aos estudantes a compreensão dos fenômenos de natureza biológica

e permitindo que eles os utilizem para emitir opiniões, posicionar-se criticamente e

fazer escolhas perante questões relativas ao corpo, à saúde, ao meio ambiente, a

ciências e à tecnologia e seus impactos sobre a sociedade que não sejam pautadas

apenas no senso comum.

A Biologia compõe a grande área das Ciências Naturais ou Ciências da

Natureza. Nas diretrizes e nos parâmetros curriculares que organizam o Ensino

Médio no Brasil, a Biologia, a Química, a Física e a Matemática integram a mesma

área do conhecimento: a área de Ciências da Natureza, Matemática e suas

Tecnologias. O termo “Tecnologia”, por si só, não traria mudanças às disciplinas

nela envolvidas, porém, trouxe consigo implicações importantes, que devem ser

consideradas. Para as disciplinas desta área, é necessário ressignificar conceitos,

romper consensos, construir saberes entre muitos outros (BRASIL, 1999b).

A Figura 1 ilustra uma síntese por meio de um diagrama que expressa como

as áreas das Ciências da Natureza e da Matemática se articulam com as áreas de

Linguagens e Códigos – sobretudo através do desenvolvimento das competências e

de representação e comunicação – e com a área de Ciências Humanas –

especialmente pelo desenvolvimento das competências de contextualização

sociocultural. Ainda neste diagrama, é possível observar de que forma as várias

disciplinas da área igualmente se interligam por essas duas competências gerais e

também pela de investigação e compreensão (BRASIL, 2002).

Figura 1 – Diagrama da articulação das áreas de Ciências da Natureza e da

Matemática com a área de Linguagens e Códigos

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Fonte: BRASIL, 2002, p. 25.

Nas orientações Educacionais Complementares aos PCNEM – os PCN+ da

área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias – encontram-se

comentários sobre a inserção da Biologia Contemporânea no nível de Ensino Médio

a partir de relações com os fenômenos naturais (NASCIMENTO; AVETTI, 2006).

Atualmente, a Biologia tem destaque entre as ciências de ponta, e os avanços

científicos desta área marcam sensivelmente a sociedade, desde o século passado.

Deste modo, seu ensino tem relevância para a vida de todos os educandos, e as

escolas têm a função de contribuir para que os conhecimentos cheguem a todos.

Para Lopes (2007), as escolas são formas sociais que podem ampliar as

capacidades humanas visando o desenvolvimento pleno do indivíduo, tornando-o

capaz de adquirir conhecimentos que contribuam para sua transformação individual

e do grupo no qual está inserido.

Nesse sentido, os estudantes devem buscar significados no conhecimento

científico e, para isso, necessitam de instrumentos que os possibilitem – quando

diante de situações reais – se posicionarem, ou pelo menos elaborarem argumentos

fundamentados contra ou a favor de fatos biológicos apresentados, fatos estes que

fazem parte de um rol que permite um posicionamento especialmente frentes às

questões éticas.

É indiscutível que os currículos escolares devem ter orientações que tornem

os estudantes aptos a interagirem com o mundo material e a compreenderem o

mundo natural, e o papel da Biologia é instrumentalizá-los para isto. A Biologia se

coloca diante do enfrentamento de questões que visam à manutenção da própria

existência, no que diz respeito à saúde, à produção de alimentos, à produção

tecnológica, ou seja, no modo como as pessoas interagem com o ambiente para

dele extraírem sua sobrevivência.

De acordo com os PCNEM,

[...] é objeto de estudo da Biologia o fenômeno da vida em toda a sua diversidade de manifestações. [...] O aprendizado da Biologia deve permitir a compreensão [...] dos limites dos diferentes sistemas explicativos [...] e a compressão que a ciência não tem respostas definitivas [...] (BRASIL, 2002, p. 219).

Devemos pensar na Biologia como um meio, e não como um fim em si

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mesmo, uma vez que, selecionando conteúdos expressivos, que favoreçam a

construção de competências que possibilitem aos estudantes fazerem escolhas mais

sábias acerca de assuntos da realidade, tornamo-los mais aptos a emitir suas

opiniões. Discussões atuais sobre as aplicações de técnicas biotecnológicas não

envolvem somente os possíveis riscos casuais biológicos, mas também se

concentram nos problemas e nas decisões éticas7 da clonagem, da seleção de

embriões, das pesquisas com células-tronco, e deverão ser discutidas e assumidas.

Somente uma sociedade bem informada sobre esses assuntos será capaz de

assegurar que a tecnologia seja empregada de maneira ética e humana.

Para Krasilchik (2008), a formação biológica pode contribuir para que cada

indivíduo seja capaz de compreender e aprofundar as explicações atualizadas de

processos e de conceitos biológicos, sendo que esses conhecimentos devem

contribuir para que cada pessoa seja capaz de usar o que aprendeu ao tomar

decisões de interesse individual e coletivo, no contexto de um quadro ético de

responsabilidade e respeito que leve em conta o papel do homem na biosfera.

Segundo a autora, “a Biologia pode ser uma das disciplinas mais relevantes e

merecedoras da atenção dos alunos, ou mais insignificante e pouco atraente

dependo do que for ensinado e de como isto for feito” (KRASILCHIK, 2008, p. 1).

Bonzanini (2005) descreve que o ensino de Biologia espera ampliar as

possibilidades de compreensão e participação efetiva no mundo atual, através da

contextualização de assuntos relacionados a esta ciência e inseridos na vida do

aluno. O pleno domínio da ciência e suas benesses, atualmente, estão concentrados

em uma parcela ínfima da sociedade. A mudança nesse quadro será possível se as

escolas desenvolverem programas educacionais, implementando suas práticas

pedagógicas.

Escolas, museus, programas de rádio e televisão, revistas, jornais impressos

e internet devem se colocar como parceiros nessa empreitada de socializar o

conhecimento científico de forma crítica.

Desse modo, ao ensinar a Biologia deve-se prever a incorporação de temas

atuais, que motivem o estudante a aprender conceitos, levando em consideração as

8 Ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros. (CHAUI, 1996).

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estratégias e recursos que podem instigá-los, motivá-los e surpreendê-los, de tal

modo que se sintam motivados a participar de discussões e debates dentro e fora da

escola.

Nesse sentido, em suas práticas educativas, cabe ao professor desenvolver

estratégias de ensino para que o conhecimento científico seja aprendido de maneira

não acumulativa de informações, e sim, de forma significativa para a tomada de

decisões.

2.2 A Biologia no contexto histórico do CEFET-MG

A organização curricular do Ensino Médio Integral, numa perspectiva de

integração, contempla as disciplinas da formação geral (da cultura geral) e as de

formação específica (da cultura técnica). A Educação Profissional obedece à

quantidade de disciplinas e o número de aulas nas duas áreas de formação. Para os

cursos de educação profissional, favorece uma formação para além da técnica,

associando a teoria e a prática, a ciência e a cultura, a técnica e a tecnologia,

percebendo o sujeito em sua integridade. Nessa perspectiva, observa-se uma

dualidade educacional, uma educação "propedêutica", que pressupõe um caminho à

intelectualidade (saber pensar), e a educação voltada especificamente para o ensino

técnico-profissional, ou para operacionalização (saber fazer).

Pela matriz curricular, a Biologia compõe-se como uma disciplina básica e de

formação geral. Na década de 1980, apresentava-se na grade curricular como

“Biologia e Programa de Saúde”, envolvendo higiene e saúde pública, saúde

comunitária, higiene e medicina do trabalho, doenças infectocontagiosas e noções

gerais de primeiros socorros. Era ministrada com uma carga horária de duas

horas/aula semanais nas turmas de segunda série dos cursos técnicos do turno

diurno e nas turmas da terceira série dos cursos noturnos.

Entre os objetivos gerais da disciplina citavam-se o desenvolvimento de

hábitos e comportamentos saudáveis; o reconhecimento das principais doenças e

seus agentes causadores e as medidas profiláticas a serem tomadas; a utilização de

medidas adequadas em casos de acidentes no lar, na escola, no trabalho e em

momentos de lazer; e o aprimoramento de hábitos e atitudes de solidariedade

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humana e de preservação do meio ambiente. O Conteúdo Programático compunha-

se de cinco unidades de estudo8. No cronograma previsto bimestralmente, eram

ministradas duas horas/aulas semanais com os seguintes procedimentos didáticos:

aulas expositivas; estudos dirigidos; trabalhos em grupo; pesquisa. Como recursos

didáticos utilizavam-se: retroprojetor, slides e transparências. Como recursos de

avaliações, estavam previstos: trabalhos em grupo e prova oral e escrita. Nas

décadas de 1980 e 1990, o livro-texto adotado foi “Programa de Saúde”, da editora

Ática, dos autores, José Luiz Vasconcelos e Fernando Gewandsznajder.

Esse período é considerado crítico, uma vez que os alunos consideravam a

Biologia uma disciplina desmotivadora, desnecessária e desinteressante. Esse

quadro persistiu até a década de 1990, com o advento da Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional (LDB) (BRASIL, 1996). No final da década de 1990, o

Ministério da Educação produziu e definiu para o Ensino Médio os PCNEM e os

PCN com os princípios da reforma curricular, orientando o professor na busca de

novas abordagens metodológicas (BRASIL, 1999a).

A partir do ano 2000, em consonância com o Projeto Pedagógico Institucional,

a Biologia, na Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado, passou a ser

ministrada na primeira série, com uma carga horária semanal de três horas/aula e

perfazendo uma carga total de 120 horas/aulas anuais. Na segunda série, passou a

ser ministrada com uma carga horária de duas/horas semanais perfazendo uma

carga horária de 80 horas/aulas anuais, com os conteúdos planejados por séries9.

8 Unidade 1 – Noções Gerais de Primeiros Socorros: etapas básicas; feridas; hemorragias; estado de choque; desmaios; convulsões; respiração artificial; queimaduras; insolação; choque elétrico; emergências cardiorrespiratórias; fraturas; intoxicação; picada de animais peçonhentos; partos de emergência; afogamento. Unidade 2 – Doenças infectocontagiosas: noções gerais sobre vírus, bactérias e fungos; doenças produzidas por vírus, bactérias e vermes; noções gerais sobre protozoários e vermes; doenças produzidas por protozoários e vermes. Unidade 3 – Higiene comunitária e medicina preventiva: higiene, alimentação, esporte e saúde; reprodução humana. Unidade 4 – Higiene e medicina do trabalho: conceito e importância; doenças profissionais; prevenção de acidentes do trabalho. Unidade 5 – Higiene e saúde pública: saúde pública; água, lixo e esgoto; introdução à ecologia: poluição. 9 1ª série: Unidade I – Biologia e Origem da Vida; Unidade II – Química da célula; Unidade III – Estudo da Célula; Unidade IV – Metabolismo Celular; Unidade V – Histologia: Animal e Vegetal. 2ª série: Unidade I – Classificação dos seres vivos; Unidade II – Vírus; Reinos: Monera, Protistas; Unidade III – Reino: Metazoa; Unidade IV – Fisiologia Animal; Unidade V – Reino Metaphyta. 3ª série: Unidade I – Leis de Mendel; Unidade II – Biotecnologia; Unidade III – Evolução; Unidade IV

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Os livros-textos adotados para o direcionamento das práticas didático-

pedagógicas foram: “Biologia” de, autoria de Armênio Uzunian e Ernesto Birnier, da

Editora Harbra, volume único; e “Biologia Hoje”, de autoria de Sérgio Linhares e

Fernando Gewandsznajder, da Editora Ática, volumes 1, 2 e 3.

Mesmo diante das mudanças, a carga horária destinada à disciplina

continuava deficitária. Contudo, houve por parte dos professores motivação para a

busca de novas práticas didáticas em sala de aula.

Na perspectiva de aprimorar e consolidar a integração dos processos

formativos na Educação Técnica de Nível Médio, proposta no Plano de

Desenvolvimento Institucional (PDI), em novembro de 2008, foi promovido o

“I Seminário Currículo Integrado: Concepções e Perspectivas”, organizado pela

Diretoria de Educação Profissional e Tecnológica, em parceria com a Coordenação

Pedagógica, com os seguintes objetivos específicos:

a) compreender a concepção docente sobre a organização curricular dos

cursos técnicos de nível médio na perspectiva da integração entre a

formação geral (Ensino Médio) e a formação técnica (Ensino Profissional);

b) levantar os aspectos teórico-metodológicos e legais que informam a noção

de currículo integrado adotada pelo Plano de Desenvolvimento (PDI);

c) construir com os professores estratégias/ações para o desenvolvimento do

currículo integrado;

d) promover o encontro dos professores que lecionam nos cursos integrados,

para refletirem sobre suas práticas pedagógicas, no que tange ao

favorecimento da integração dos eixos estruturantes do currículo integrado

(ciências, trabalho, cultura e tecnologia);

e) fomentar, entre os docentes, a prática de encontros pedagógicos que

visem à integração de suas experiências.

Dando continuidade à consolidação da proposta desse encontro, em outubro

de 2010, ocorreu o “II Encontro de Professores de Formação Geral”, dos cursos

técnicos integrados de nível médio (ANEXO A). Nesse encontro, foi possível um

diálogo entre os professores, para avaliarem e discutirem os programas da disciplina

– Ecologia.

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e apresentarem uma proposta em uma perspectiva integradora para implantação em

todas as unidades a partir de 2011. Na oportunidade, os professores avaliaram os

livros utilizados e debateram novas práticas pedagógicas.

Foi também discutida a possibilidade de atrelar aos conteúdos de Biologia, a

partir de suas ementas, aos aspectos biotecnológicos envolvidos, uma vez que os

avanços científicos e tecnológicos subsidiam discussões e contribuem para motivar

e estimular os estudantes ao estudo da disciplina. Habitualmente considerada uma

ciência dura, a Biologia trata de conteúdos não absolutos, resultantes de uma

história plural, contínua e social, sobretudo as questões que permeiam os temas de

biotecnologia que envolvem elementos científicos básicos e, ao mesmo tempo,

integram técnicas e protocolos específicos para a obtenção de produtos de uso

diário na indústria alimentícia, na farmacológica, na área da saúde e na reprodução.

Logo, é pertinente à formação integral dos estudantes em cursos de educação

profissional, para que aconteça uma formação para além da técnica.

Em outubro de 2013, foi realizado o ciclo de Estudos sobre Referências

Curriculares para o Ensino Médio e a Educação Profissional, proposto para a “IX

emana de Ciência e Tecnologia no CEFET-MG” (ANEXO E). Esse ciclo deu

continuidade a uma série de três seminários pela Coordenação de Ciências, para

possível reflexão sobre as práticas educativas, tendo como referência os

documentos oficiais que norteiam os currículos da formação geral e profissional em

nível médio, na busca de aprofundar a discussão, produzir sistematizações e propor

ações a serem concretizadas a partir do ano letivo de 2014. Essa proposta

possibilitou avançar o diálogo entre as disciplinas e buscar concretizar a

interdisciplinaridade, inicialmente entre a Física e a Biologia. Nesse direcionamento,

foi discutido como configurar a Biologia em cursos profissionalizantes que

demandam uma abordagem diferenciada a do ensino propedêutico. Portanto,

adequar o conteúdo programático no contexto biotecnológico, constitui uma meta a

ser alcançada na Biologia. Mesmo debatido nos encontros anteriores já citados, o

ensino da Biologia ainda precisa avançar. Compete aos professores da disciplina

planejar e agir revendo suas práticas pedagógicas, propondo o uso de instrumentos

facilitadores no ensino de seus conteúdos.

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Outro aspecto a ser considerado é que os conteúdos de Biologia estão

estruturados, numa organização didática, segundo uma gradação quanto aos níveis

de complexidade, por exemplo, no caso da matéria viva: moléculas – organoides –

células – tecidos – órgãos – organismo – população – comunidade – ecossistemas –

biosfera. Esse tipo de organização do conteúdo ocorre na maior parte dos livros de

Biologia, contrariando o que preconiza a teoria ausubeliana. Para Ausubel, os

conceitos mais inclusivos deveriam ser ensinados primeiro, para depois serem

ensinados os conceitos a eles subordinados. A teoria da aprendizagem significativa

possibilita romper com essa concepção, uma vez que supõe a compreensão das

relações entre os elementos de uma situação ou de um fenômeno biológico.

2.3 A biotecnologia

A biotecnologia moderna está presente constantemente na vida cotidiana das

pessoas, entretanto, o homem lida com produtos biotecnológicos antes mesmo de

entender os processos químicos ou celulares, como, por exemplo, na produção de

vinho e pães. Até mesmo a modificação genética das espécies já ocorria desde o

início da humanidade, com a seleção de indivíduos para o melhoramento de culturas

agrícolas.

Com o desenvolvimento da biotecnologia, a melhora genética passou a ser

feita de forma cientifica, através de técnicas desenvolvidas por uma nova ciência

integrante da biotecnologia, conhecida como engenharia genética, que se constitui

como uma nova ciência que possibilita a realização de experimentos na área da

genética, com resultados surpreendentes sobre a vida.

A proposição do modelo da estrutura da molécula do DNA por Watson e

Crick, em 1953, e a síntese de DNA em laboratório abriram novas pesquisas e

podem ser considerados dois eventos científicos que abriram caminho para a

engenharia genética. A molécula de DNA, por se constituir em uma estrutura

química comum entre os seres vivos, permite que a própria barreira da formação de

espécies biológicas seja rompida, pois o DNA, como molécula fundamental

portadora da informação gênica, codifica as mesmas proteínas em animais, plantas

ou microrganismos. Entretanto, ainda existe entre as pessoas certa insegurança

quanto à utilização de produtos biotecnológicos, provavelmente devido à alta

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velocidade com que as pesquisas acontecem e também pela atenção da mídia

sobre o assunto.

Segundo Domingues (2011), no campo epistemológico, a biotecnologia se

configura como uma ciência multidisciplinar, com justaposição de disciplinas e com

natureza essencialmente aditiva e não integrativa, aproximando as disciplinas e

compartilhando informações.

A Figura 2 ilustra a abordagem multidisciplinar envolvida na biotecnologia com

algumas dessas interações. Ela não existe como disciplina isolada, pois envolve

uma grande variedade de áreas científicas distintas. Contudo, cada área preserva

sua metodologia (procedimento) e independência. A multidisciplinaridade é

precondição da interdisciplinaridade, termo que significa “entre disciplinas” ou

“interface das disciplinas”.

Figura 2 – A abordagem multidisciplinar envolvida na biotecnologia Fonte: Villen, 2013.

Para Philippi e Silva (2011), a convergência das disciplinas não pertencentes

à mesma classe pode assumir uma abordagem interdisciplinar com transferência de

métodos de uma para outra. Nessa abordagem, a biotecnologia integra conceitos,

terminologias e métodos, repercutindo na organização do ensino e da pesquisa. A

Figura 3 ilustra a convergência interdisciplinar da biotecnologia, integrando

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disciplinas como a genética, a microbiologia, a biologia molecular, a bioquímica, a

física, a engenharia e a informática:

Figura 3 – A convergência interdisciplinar na biotecnologia Fonte: GALANJAUSKAS, 2009, p. 18.

Devido à grande diversidade, a interdisciplinaridade incorpora configurações

práticas e implicações científicas, contudo, deve deixar a porta aberta para a

multidisciplinaridade e suas manifestações, e não encerrá-la dentro de uma só

definição, de uma doutrina única. Une as disciplinas, mas pode divergir na maneira

de enfocá-las, ultrapassando as barreiras de origens mais institucionais que

conceituais, confrontando e combinando seus olhares e suas abordagens. Portanto,

a interdisciplinaridade solicita competências de várias especialidades, às vezes

distantes umas das outras, mas com a capacidade de responder questões pontuais

e ultrapassar obstáculos técnicos ante os quais se imobiliza.

Neste estudo, pretendemos fornecer uma síntese de algumas questões que

envolvem o desenvolvimento da biotecnologia, suas aplicações e implicações, bem

como suas articulações como objeto do ensino de estudantes do Ensino Médio.

2.3.1 Conceitos, desenvolvimento histórico e aplicações da biotecnologia

Segundo Harms (2002), a biotecnologia possui ao menos duas questões

ambivalentes, sendo uma ligada aos conhecimentos científicos e a outra relacionada

à responsabilidade social, o que envolve questões éticas. Essa ambivalência deve

Biotecnologia

Microbiologia

Física

Biologia Molecular Informática

Genética

Bioquímica

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ser inserida nos contextos dos processos educacionais das escolas, uma vez que os

conhecimentos da biotecnologia.

Se comparados com muitos tópicos biológicos, há muita pesquisa sobre o

ensino e aprendizagem de genética e biotecnologia. Para tratar das questões

científicas, éticas e sociais das aplicações da biotecnologia, é necessária a

implementação de materiais que utilizem diversas linguagens que facilitem a

aprendizagem dos conceitos que envolvam a temática (SÁEZ; NIÑO; CARRETERO,

2008).

Várias metodologias e estratégias de ensino são discutidas quando se fala em

ensinar biotecnologia no Ensino científicos sobre as bases e os procedimentos

técnicos devem fornecer subsídios para que os alunos sejam qualificados e capazes

de justificar e tomar decisões ou de se posicionarem de maneira racional e sensata

diante dos possíveis riscos do emprego Fundamental e Médio. Para Homenshell,

Handm e Staker (2004), uma das estratégias pode ser a construção de textos. Em

sua pesquisa, esses autores convidaram alunos do Ensino Médio a escrever um

texto científico sobre DNA, biotecnologia e seus aspectos sociais e econômicos. Um

modelo textual foi disponibilizado aos grupos. Os estudantes indicaram que a

construção textual auxiliou na compreensão dos principais conceitos científicos

discutidos.

Dada a amplitude da biotecnologia, para um melhor entendimento de seu

conceito, é preciso avaliar e fazer distinção entre a biotecnologia clássica, ou antiga,

e a biotecnologia moderna”, que envolve a manipulação de material genético.

Incluindo a manipulação genética, a biotecnologia é tão antiga quanto à história da

humanidade, mas a manipulação oriunda de técnicas de engenharia genética data

de 1971, e resulta de manipulação de DNA pela engenharia genética, com o uso de

técnicas que manipulam o gene (parte ou unidade funcional do DNA).

A biotecnologia clássica corresponde ao uso de processos biológicos para

resolver problemas ou obter produtos úteis. Destacam-se técnicas utilizadas há

cerca de 6.000 anos a.C pelos babilônicos, sumérios, gregos e egípcios para a

produção de vinho, cerveja, pão e queijo, entre outros produtos, obtidos sem a

consciência de que estavam sendo utilizadas algumas biotecnologias. Esses

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processos foram e são utilizados com sucesso e com crescentes avanços, podendo

ser destacado os trabalhos de Pasteur, em 1876, com a identificação dos

microrganismos como agentes fermentadores e da fermentação como mecanismo

utilizado pelos seres vivos para produzir energia na ausência de oxigênio.

A possibilidade de produção de álcool a partir da fermentação do açúcar foi

demonstrada em 1897, por Buchner, utilizando-se de um macerado de levedura. Os

avanços técnicos e os conhecimentos sobre processos fermentativos ganharam

espaço na economia mundial com as produções em escalas industriais de glicerol,

acetona e antibióticos.

Na década de 1950, o modelo da molécula de DNA proposto por Watson e

Crick e a síntese de DNA em laboratório podem ser considerados dois eventos

científicos que abriram caminho para a era da biotecnologia moderna. Na

biotecnologia moderna, o DNA é que contém a informação para a síntese proteica e,

como o código genético é universal, as biotecnologias modernas baseiam-se,

frequentemente, na engenharia genética para resolver os problemas. Apesar de sua

complexidade multidisciplinar, a biotecnologia moderna pode ser resumida na

aplicação da engenharia genética e nas investigações de estudos sobre genomas

através da transformação genética, com a introdução controlada de um gene no

genoma de uma célula receptora que, em sua posterior expressão, assume adicional

valor, pois abre novas perspectivas ao melhoramento genético de espécies

florestais, disponibilizando novos genes com características desejáveis para serem

incorporadas em menor espaço de tempo (GALANJAUSKAS, 2009).

Galanjauskas (2009) descreve em sua tese de doutorado que a University of

Maruland Biotechnology Institute classifica com cores as grandes áreas da

biotecnologia, porém, algumas são classificadas com mais de uma cor, conforme o

Quadro 1:

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CLASSIFICAÇÃO POR COR APLICAÇÃO EXEMPLO

BIOTECNOLOGIA BRANCA

Inclui processos industriais que utilizam enzimas e organismos para processar e produzir produtos químicos, materiais de limpeza e biocombustíveis e aminoácidos para a indústria de alimentos. Esta área inclui também a biorremediação por meio de microrganismos que retiram produtos tóxicos do ambiente.

Tratamento de águas residuais ou no combate a maré negra, resultante de derrames de petróleo que ocorrem nos oceanos.

BIOTECNOLOGIA VERMELHA

Inclui a utilização de processos relacionados com a medicina e a farmacologia e se baseia na manipulação genética de organismos.

Antibióticos, técnicas de diagnóstico, vacinas, terapia gênica, testes genéticos, farmagenômica, células estaminais.

BIOTECNOLOGIA VERDE

As aplicações biotecnológicas desta área incluem métodos de melhoramento de variedades vegetais através da micropropagação, da seleção com marcadores moleculares e da utilização de tecnologia de DNA recombinante. As soluções obtidas nesta área permitem a produção de plantas resistentes a doenças, a pragas, a pesticidas e a condições ambientais adversas.

Organismos Modificados Geneticamente e plantas transgênicas; bactérias e fermentos transgênicos; Alimentos funcionais.

BIOTECNOLOGIA AZUL

Dedica-se a aplicações em organismos aquáticos. Esta área envolve a aplicações de métodos moleculares com base em organismos marinhos e de água doce, ou em seus tecidos, células ou componentes celulares. O objetivo é aumentar as reservas de alimentos e sua segurança, proteger espécies ameaçadas e, ainda, desenvolver novos fármacos.

Estuda novas espécies e moléculas com capacidade terapêuticas, cosméticas, etc.; novas fontes de energia; novos alimentos e modelos para a descontaminação ambiental ou biorremediação; biomateriais e estruturas biodegradáveis.

Quadro 1 – Classificação da biotecnologia por cores Fonte: GALANJAUSKAS, 2009, p. 46.

A manipulação de organismos vivos com finalidades práticas, como para

fabricar bebidas e transformar alimentos, constitui uma tradição milenar, embora

antes do século XVII não fossem conhecidos os agentes causadores das

fermentações e, somente no século passado, com o uso do microscópio, eles

fossem descritos. A partir desse período histórico, uma série de eventos contribuiu

para o desenvolvimento da biotecnologia.

Em 1865, o monge austríaco Mendel divulgou seus estudos das leis da

hereditariedade, lançando bases para o desenvolvimento da genética. Até o final do

século XIX, as áreas da ciência que deram origem à biologia molecular progrediram

ou surgiram independentemente. Não se supunha que os estudos celulares tinham

correlação com os dos ácidos nucleicos e que estes teriam papel na

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hereditariedade. Enquanto isso, os descobrimentos e os processos tecnológicos

envolvendo organismos ganhavam credibilidade e aplicações, e os conhecimentos

sobre a hereditariedade também avançaram a partir das pesquisas de Mendel.

Em 1875, Louis Pasteur, através da comparação de existência de fungos e

bactérias, rebateu a teoria da geração espontânea e contribuiu para uma fase

importante do desenvolvimento da biotecnologia clássica, pois, além de explicar a

causa de várias enfermidades humanas e animais, revolucionou a medicina e a

Biologia, aperfeiçoando as técnicas tradicionais de fermentação.

Durante o período da Segunda Guerra Mundial, a descoberta da penicilina por

Alexander Fleming, em 1928, foi um grande marco de referência para a fermentação

industrial, contribuindo para o avanço da medicina e da produção de antibióticos.

Lederberg (1994) cita a importância dos experimentos da Avery, Mcleod e McCarthy,

realizados em 1994, os quais demonstraram que o suporte físico que contém o

material genético é a molécula de DNA, o que contribuiu para o avanço da biologia

molecular.

Outro marco significativo na história da biotecnologia foi a identificação da

estrutura em dupla hélice do material genético, feita em 1953 pelo biólogo norte-

americano Jim Watson e pelo físico britânico Francis Crick, por meio da qual foi

possível explicar a transmissão de informações hereditárias (MORANGE, 1994).

Com o descobrimento da estrutura dos ácidos nucleicos, desenvolveu-se a chamada

biotecnologia moderna, com a utilização das técnicas de engenharia genética e

biologia molecular (BOREM, 2005).

Ainda na década de 1950, outra contribuição importante foi a determinação da

estrutura das proteínas, através do estudo da insulina, e a descoberta da enzima

DNA polimerase I e do RNA de transferência (tRNA).

Em 1970, foram descobertas as enzimas de restrição e, em 1973, realizam-se

as primeiras técnicas de engenharia para o corte do DNA.

O caráter inovador da engenharia genética estende-se em várias direções.

Desse modo, a intervenção da biotecnologia foi além da utilização dos processos

naturais dos seres vivos ou de cruzamento de plantas com características

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desejáveis para interferência direta no organismo e alteração de suas

características.

A partir de 1980, cientistas desenvolveram ferramentas que possibilitavam a

transferência de genes específicos de um organismo para outro, permitindo a

expressão de características desejável no organismo receptor. Essa técnica foi

denominada de técnica do DNA recombinante e abriu oportunidades de

transformações da qualidade de vida.

Os Estados Unidos foram os principais atores na pesquisa da nova

biotecnologia. A primeira aplicação comercial dessa técnica ocorreu em 1980, com a

produção de insulina humana para o tratamento do diabetes. Após 1980,

importantes mudanças ocorreram em diversas áreas de pesquisa, promovendo

transformações em diversos setores, devido às novas descobertas da engenharia

genética, no sentido de melhorar e aumentar a produção, diminuir os riscos do

capital, criar condições para melhorar a vida humana e tentar sanar os problemas

que a sociedade enfrenta, como doenças incuráveis, falta de qualidade de produtos

e o problema da fome, que assola o mundo. Desde então, o conceito de

biotecnologia tem sido aplicado ao longo do tempo, se observada a linha do tempo

com o marcos científicos e tecnológicos que contribuíram para o desenvolvimento da

área.

Os principais eventos envolvendo a genética, a instrumentação e a molécula

de DNA são mostrados numa sequência cronológica (Quadro 2). É possível verificar

que o início da era da moderna biotecnologia se deu aproximadamente cem anos

após as descobertas de Mendel. Aproximadamente quarenta anos depois, houve a

clonagem do primeiro mamífero e, só depois de cinquenta anos, conclui-se o

sequenciamento do genoma humano. Tais desenvolvimentos não podem ser

separados dos avanços das demais áreas, tanto no sentido de suas contribuições

com as ferramentas, técnicas e conhecimentos, quanto nas possibilidades de

aplicações dos conhecimentos construídos na biotecnologia.

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PESQUISADOR EVENTO CIENTÍFICO

Robert Hooke Primeiras observações de células ao Microscópio (1665). Robert Brow Descobrimento do núcleo das células (1831).

Gregor Mendel São postuladas as leis da hereditariedade: as características hereditárias são transmitas em unidades individuais e autorreplicáveis, posteriormente denominadas genes (1865).

Friedrich Miescher É encontrada uma nova substância orgânica, denominada nucleína e mais tarde chamada de ácido nucleico (1869).

Walther Flemiming Os cromossomos são descobertos e seu comportamento durante a divisão celular é descrito (1882).

Thomaz Morgan A relação entre os genes e os cromossomos é estabelecida, e com isso é formulada a teoria cromossômica de herança (1915).

Oswald Avery Alguns experimentos sugerem que as informações hereditárias não estariam guardadas nas proteínas, como se pensava na época, e sim no DNA (1944).

Linnus Pauling São utilizados modelos par entender a estrutura da molécula (1950).

Rosalind Franklin São obtidas as imagens por difração de raios-X a partir das quais a estrutura do DNA foi elucidada (1950).

James Waltson e Francis Crik É desenvolvida a estrutura tridimensional da molécula de DNA (1953).

Mattheew Meselson e Franklin Stahl Verifica-se que o DNA se duplica de forma semiconservativa (1958).

O código genético é decifrado (1966).

Frederick Sanger Um mecanismo para se conhecer a sequência dos pares de bases do DNA é desenvolvido (1977).

Richard Palmiter e Raph Brinster É obtido o primeiro animal transgênico: um camundongo (1982).

Alec Jeffreys

É criada a técnica conhecida como impressão digital por DNA, a qual permitiu a identificação precisa das pessoas, contribuindo par aa elucidação de vários crimes e para o desenvolvimento dos testes de paternidade pelo DNA (1985).

Ivan Wilmut Nascimento do primeiro clone de um mamífero adulto, a ovelha Dolly (1996).

Cientista do mundo todo

É publicada uma prévia do mapeamento do genoma humano, revelando que este é formado por aproximadamente 30 mil genes, e não 100 mil, como era até então estimado (2001).

Quadro 2 – Cronologia das descobertas e eventos que contribuíram para o desenvolvimento da biotecnologia

Fonte: Elaborado pela autora com dados extraídos de GALANJAUSKAS, 2009, p. 27.

2.3.2 A importância do ensino de biotecnologia no mundo e suas implicações

Tem sido reconhecida a importância do ensino da biotecnologia em um

número considerável de currículos em vários países, como Inglaterra, Nova Zelândia

e Austrália, como aponta Firmino (2007) em seus estudos. Por um lado, a autora

aponta que existe a responsabilidade de informar ao estudante de forma clara e

suficiente sobre os aspectos da biotecnologia; por outro, existe também a

responsabilidade de qualificá-los para as decisões futuras e para serem capazes de

pensar, de forma racional, sobre o elevado potencial da biotecnologia para resolver

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vários problemas do mundo moderno, bem como sobre os riscos e as questões

éticas que lhe são inerentes.

As pessoas são convocadas a refletir e a opinar sobre os benefícios, riscos e

implicações éticas, morais e sociais provenientes das biotecnologias geradas pela

manipulação do DNA pela engenharia genética (PEDRANCINI et al., 2008).

Descobertas como a produção de insulina, a criação de organismos

transgênicos e a técnica da PCR têm ocasionado grandes esperanças em relação à

cura de doenças, à alimentação da crescente população mundial, à melhoria do

sistema de justiça criminal (KREUZER; MASSEY, 2002).

Os estudantes precisam aprender sobre a biologia das bactérias se

pretendem atuar na área industrial de microrganismos. Simoneaux (2000), citado por

Steele (2004); Aubusson (2004), citado por Firmino (2007); Venville e Treagust

citados por Stelle; e Aubusson (2004), citado por Firmino (2007), defendem que a

compreensão do conceito de gene é essencial para os estudantes compreenderem

as novas tecnologias genéticas. Olsher Steele e Aubsusson, citados por Firmino

(2007), verificaram que os processos bioquímicos da biotecnologia eram uma

incógnita para a maior parte dos estudantes, por serem remotos da sua experiência

cotidiana. Esses autores discutem que quando os estudantes aprendem sobre

processos moleculares acham a biotecnologia mais difícil, que estudos e discussão

de aspectos éticos podem motivar os alunos a aprenderem biotecnologia, sem a

necessidade de incluir os difíceis conceitos de genética e, finalmente, que exigência

e motivação são importantes.

Com bases nesses dados, esses autores recomendam que a biotecnologia

oferecida aos alunos seja exigente e interessante, e que suas unidades devem

incluir trabalho prático. Olsher, Simmoneaux, Venville e Treagust, Steele e Aubusson

propõem que o ensino da biotecnologia enfatize os conceitos científicos. Outros

autores defendem que no ensino de temas de biotecnologia seja estimulada, nos

estudantes, as discussões que facilitem a tomada de decisões, sem exigir que os

estudantes lidem com difíceis conceitos abstratos (OLSHER, 1999; SIMMONEAUX,

2000; VENVILLE; TREAGUST, 2002 apud FIRMINO, 2007).

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Klein (2011) aponta que a ciência forense implica em aspectos da

biotecnologia, física e química. Assim, dramas e cenas de crime são oportunidades

para que os educadores envolvam seus alunos em assuntos científicos, auxiliando-

os no desenvolvimento de raciocínio científico e crítico. Ao trabalhar tais aspectos na

identificação de pessoas, através do DNA, o cientista estará admitindo aspectos da

biotecnologia moderna (métodos de obtenção e comparação do material genético)

integrada à genética clássica (mendeliana) (KUROWSKI; REISS apud KLEIN, 2007).

Segundo Krasilchik (2008, p. 186),

[...] uma análise dos fenômenos biotecnológicos poderá diminuir a divisão entre a escola e o mundo em que os estudantes vivem, na medida em que se torna possível constatar as relações entre a pesquisa científica e a produção industrial ou a tecnologia tradicionalmente usada em sua comunidade.

Desse modo, observa-se a importância entre a atuação do professor na

construção do conhecimento e o aluno. Assim, os estudantes podem compreender

as inter-relações entre o entendimento científico e as mudanças tecnológicas,

considerando o impacto que as tecnologias podem produzir sobre sua qualidade de

vida.

O reforço da educação em Ciências tem sido apontado como essencial para o

desenvolvimento de pessoas capazes de lidar com as mudanças socioeconômicas e

sociais trazidas pelo desenvolvimento da biotecnologia (STEELE; AUBUSSON apud

FIRMINO, 2007). Nesse sentido, é importante que os jovens tenham esse

conhecimento e desenvolvam capacidades que os habilitem a contribuir para

debates públicos, fundamentando seus posicionamentos (DAWSON, 2007).

2.3.3 Biotecnologia no processo educacional

A biotecnologia não existe como uma disciplina científica isolada, e toda a

discussão em torno dela leva à reflexão sobre como tais conteúdos estão

organizados ou são discutidos dentro do contexto escolar, pois, normalmente, há

uma maior ênfase, dentro dos programas curriculares, de conceitos relacionados às

técnicas e à obtenção de produtos biotecnológicos (KLEIN, 2011).

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Para Krasilchik (2005), uma análise dos fenômenos biotecnológicos poderá

diminuir a divisão entre a escola e o mundo em que os estudantes vivem, na medida

em que se torna possível constatar as relações entre a pesquisa científica e a

produção industrial ou a tecnologia tradicionalmente usada em sua comunidade.

Todavia, verifica-se que nem sempre o ensino promovido no ambiente escolar

tem permitido que os estudantes se apropriem dos conhecimentos biotecnológicos

de modo a compreendê-los, questioná-los e utilizá-los como instrumento do

pensamento que extrapolam situações do ensino e eminentemente escolares

(MORTIMER, 1996).

O papel do ensino é fundamental, já que fornece um referencial para entender

a biotecnologia com suas promessas e limitações. Seu ensino tem efeitos

multiplicadores e duráveis, admitindo variadas estratégias de ensino, como:

a) leitura e discussão de textos;

b) análise de reportagens e notícias de jornais;

c) uso de modelos e jogos;

d) realização de simulações e debates;

e) experimentações e tecnologias da informação;

f) uso de Mapa Conceitual.

De acordo com Klein (2011), o ensino da biotecnologia conquistou um espaço

privilegiado entre os conteúdos da Biologia, permeando e direcionando as pesquisas

e o desenvolvimento científico-tecnológico, não somente da produção alimentícia e

de medicamentos, mas também auxiliando nos campos da zoologia, botânica,

imunologia, entre outros. Essas são as primeiras razões da importância e da

necessidade de se incluir o tema no currículo do Ensino Fundamental e Médio.

Ainda em conformidade com a autora, há um consenso entre os pesquisadores na

área de ensino e aprendizagem de ciências sobre a importância e a relevância da

inclusão da biotecnologia no Ensino Médio. Nesse contexto, a autora aponta que

Chem e Raffan, [...] numa pesquisa feita com alunos ingleses, indicam uma compreensão limitada do tema de biotecnologia entre os alunos. Porém, enfatizam que apesar disso o objetivo de ensino de biotecnologia deve ultrapassar o nível científico e discutir benefícios e riscos nos diversos campos de aplicação da biotecnologia (KLEIN, 2011, p. 32).

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Assim, torna-se fundamental a revisão dos conteúdos programáticos das

disciplinas que são ministradas nas escolas e a reflexão sobre suas funções, sendo

preciso nos perguntarmos de que maneira os conceitos científicos podem contribuir

para a formação dos educandos. Se não encontrarmos respostas que justifiquem a

inclusão de determinados tópicos no conteúdo programático, certamente será

recomendável substituí-los por outros mais relevantes (SANTOS; SCHNETZER,

1998).

O estudante do Ensino Médio precisa aprofundar seus conhecimentos de

Biologia através de recursos didáticos eficazes, que propiciem uma efetiva

consolidação de aprendizagem da biotecnologia, em que recentes descobertas são

excelentes possibilidades de vincular aspectos científicos à vida dos alunos.

Os PCNEM (BRASIL, 2002) sugerem mudanças sintonizadas com a Lei de

Diretrizes e Bases (BRASIL, 1996), enfocando visões mais atualizadas da Biologia,

especificamente no tocante à genética. Nesses documentos (diversidade da vida, e

transmissão da vida, ética e manipulação gênica), os seis10 novos temas que

estruturam a disciplina de Biologia relacionam-se aos estudos e à aplicabilidade de

novas tecnologias no âmbito da genética e da biologia molecular, da manipulação do

DNA e da clonagem (ROSA, 2011).

Enfatizar a aprendizagem significativa desses temas a partir de material

potencialmente significativo, considerando as implicações, a organização e o

funcionamento da estrutura cognitiva do educando, é um modelo teórico que pode

favorecer o mecanismo de aprendizagem.

10 Temas estruturadores: 1 – Interação entre os seres vivos; 2 – Qualidade de vida das populações humanas; 3 – Identidade dos seres vivos; 4 – Diversidade da vida; 5 – Transmissão da vida, ética e manipulação gênica; 6 – Origem e evolução da vida.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O presente capítulo discorre sobre a aprendizagem significativa de David

Ausubel e seus seguidores, como Joseph Donald Novak, na construção de Mapas

Conceituais, partindo da premissa de que trabalhar a aprendizagem é muito mais

que simplesmente levar os alunos a memorizarem nomes e fórmulas, emoção ou

elementos físicos; é vincular aos conhecimentos os conceitos do alunado e

responsabilizá-lo pelo sucesso de muitas organizações e países.

A aprendizagem significativa, ou Teoria da Assimilação, de David Ausubel é

uma teoria cognitivista que procura explicar os mecanismos internos que ocorrem na

mente humana com relação ao aprendizado e à estruturação do conhecimento

(AUSUBEL, 1963). Contemporâneo de Piaget, Ausubel tem propostas que, em

alguns pontos, se assemelham às do biólogo suíço, mas que em outros se afastam

consideravelmente. Apesar de Ausubel e Piaget serem considerados importantes

teóricos cognitivistas, não há consenso de que Ausubel tenha derivado sua teoria

das ideias de Piaget. Para Ausubel, o professor é quem deve comandar o ensino,

não podendo se eximir dessa responsabilidade. O conhecimento que o aluno já

detém, independente de sua escolaridade, portanto, as experiências vividas por

eles, quando discutidas, aprimoram seus conhecimentos. Para Piaget, o

conhecimento é construído ao longo do processo de desenvolvimento do sujeito e

do seu modelo de mundo, através da assimilação, acomodação e adaptação.

Portanto, no ensino deve-se considerar o modelo particular de mundo de cada

aluno, e não do professor.

Shitsuka aponta que a teoria da aprendizagem significativa constitui uma

forma de se explicar como as pessoas aprendem e como é possível melhorar o

aprendizado (SHITSUKA, 2011).

No prefácio de seu livro Educational Psychology: a cognitive view, Ausubel

afirma: “o mais importante fator isolado que influencia a aprendizagem é o que o

aprendiz já sabe”. Determine isto e ensine-o de acordo (AUSUBEL, 1968).

Novak e Gowin (1988, p. 9) explicam que

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[...] embora esta afirmação possa parecer simples, muitas questões profundas são aí encontradas. Justifica que determinar o que o aluno já sabe significa identificar os elementos existentes no estoque de conhecimentos do aprendiz que são relevantes ao que esperamos ensinar, ou em termos ausubeliano, identificar os conceitos de subsunções relevantes já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz.

Para Ausubel, citado por Novak e Gowin (1988), o termo “estrutura cognitiva”

tem significado especial. Ele vê o armazenamento de informações no cérebro como

algo organizado, com articulações formadas entre vários elementos mais antigos e

mais recentes, que conduzem a uma hierarquia conceitual, na qual elementos

menos importantes de conhecimentos são ligados a conceitos maiores, mais gerais

e mais inclusivos. Desse modo, a estrutura cognitiva representa um arcabouço de

conceitos hierarquicamente organizados, que são as representações da experiência

sensorial da pessoa. Como todo indivíduo tem uma história diferente de experiências sensoriais, deveríamos esperar que todo elemento específico na estrutura cognitiva de uma pessoa seja idiossincrático, isto é, os conceitos de uma pessoa são, até certo ponto, diferentes dos conceitos da outra. Porém, estas diferenças não são suficientemente grandes para impedir a comunicação; seu conceito de aprendizagem está suficientemente próximo ao meu para que este ‘rótulo de conceito’ (aprendizagem) signifique aproximadamente o que quero exprimir quando uso o termo (NOVAK; GOWIN, 1988, p. 10).

Outra importante ideia na Teoria de Ausubel é a do processo de diferenciação

de conceitos. À medida que uma nova experiência é adquirida e um novo

conhecimento é relacionado a conceitos já existente na mente da pessoa, estes

conceitos tornam-se elaborados ou modificados e, por isso, podem ser relacionados

a um conjunto mais amplo de novas informações em uma aprendizagem

subsequente (AUSUBEL apud NOVAK; GOWIN, 1988).

3.1 Aspectos da aprendizagem significativa

Do ponto de vista fenomenológico, é significativa uma situação em que o

indivíduo decide de forma ativa e há uma ampliação e um aprofundamento da

consciência pela própria elaboração e compressão, com atribuição de significados

aos objetos e situações (MOREIRA; MASINI, 2011).

A aprendizagem significativa, apontada por Ausubel, citado por Moreira e

Masini (2011), propõe uma explicação teórica do processo de aprendizagem,

segundo o ponto de vista cognitivista, contudo, reconhece a importância da

experiência afetiva.

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David Ausubel (1980), Moreira (2003), Campbell e Stanley (1979) e

Bucheweitz (1987) defendem a ideia de que toda aprendizagem deve ser

significativa, isto é, que o estudante deve relacionar a nova informação a ser

aprendida com o que já sabe, dando-lhe um lugar dentro de um todo mais amplo. Só

assim o estudante será capaz de aplicar o que foi aprendido em determinada

situação a uma variedade de situações semelhantes.

Cabe ao professor ao propor situações de aprendizagem que abordem

conceitos devidamente contextualizados e que façam sentido para o estudante, pois,

assim, estará instrumentalizando-o para emitir opiniões, posicionar-se criticamente e

fazer escolhas que não sejam pautadas apenas no senso comum.

Para Cho, citado por Primon (2005), os estudantes levam para a escola pré-

concepções baseadas em experiências vivenciadas anteriormente. Quando essas

pré-concepções diferem das que são aceitas pela disciplina, os estudantes

consideram errada a abordagem escolar, fazendo com que as pré-concepções

erradas tornem-se um obstáculo à compreensão de conceitos científicos.

As considerações acima são pertinentes em relação à biotecnologia, pois

vivemos em um mundo que discute a regulamentação do uso de células-tronco e

organismos geneticamente modificados, os transgênicos, e em que questões

genéticas são abordadas frequentemente pela mídia. O público, em geral, que já

apresenta pré-concepções sobre o assunto, ao se deparar, na escola, com uma

abordagem científica, tem dificuldade para abandonar as ideias do senso comum, e

estes podem se tornar obstáculos à compreensão dos conceitos.

Em biotecnologia, certos conceitos são essenciais para que o aluno

compreenda os processos, faça extrapolações e transite em diferentes contextos,

fazendo escolhas quanto ao consumo ou não de alimentos transgênicos e emitindo

opiniões sobre questões bioéticas, como clonagem, seleção de embriões, pesquisas

com células-tronco, dentre outras.

Martins chamou a atenção para a existência de uma ampla literatura baseada

em estudos realizados no mundo inteiro, indicando que os estudantes possuem

concepções alternativas sobre os fenômenos naturais, mesmo antes de iniciarem o

ensino formal. Esse conhecimento prévio do estudante é importante na

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determinação da aprendizagem de novos conhecimentos, já que esta ocorre através

do envolvimento ativo do estudante na construção do conhecimento (MARTINS,

2004).

Diante disso, compartilho com a autora, e entendo que os professores na sala

de aula devem estabelecer a ponte de significados entre o conhecimento científico e

ligar-se ao que o aluno já sabe.

3.2 A aprendizagem significativa de David Ausubel

David Ausubel nasceu em 1918 e faleceu em 9 de julho de 2008. Graduado e

Ph.D. em psicologia, é autor de várias obras sobre o processo de aquisição de

conhecimento. A teoria da aprendizagem significativa, descrita em seu livro

Educational psychology: a cognitive view (1968), refere-se aos processos de

aquisição do conhecimento em três eixos: o psicomotor, o afetivo e o cognitivo. Para

este trabalho, daremos ênfase aos comentários e discussão em torno do processo

de aprendizagem cognitiva, o que não implica que o mesmo não tenha ligação com

os demais citados (CARDOSO, 2011).

Torna-se importante destacarmos a definição do termo aprendizagem

cognitiva, de acordo com Moreira e Masini (2011, p. 13):

[...] segundo o construto cognitivista, está se encarando a aprendizagem como um processo de armazenamento de informação, condensação em classes mais genéricas de conhecimentos, que são incorporados a uma estrutura na mente do indivíduo, de modo que esta possa ser manipulada e utilizada no futuro. É a habilidade de organização das informações que deve ser desenvolvida.

Para Ausubel, Novak e Hanesian (1980), a aprendizagem significativa

acontece quando há aquisição de novos conceitos relacionados aos conhecimentos

prévios já estabelecidos na estrutura cognitiva do aluno e resultantes de

experiências diárias. Dá-se a este último o nome de subsunçor. Assim, a

aprendizagem é significativa quando uma nova informação (conceito, ideia,

proposição) adquire significados para o aprendiz através de uma espécie de

ancoragem com aspectos relevantes na estrutura cognitiva preexistente, atingindo,

desta forma, na estrutura de conhecimento (ou significados), determinado grau de

clareza, estabilidade e diferenciação (MOREIRA; MASINI, 2011).

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Para ocorrer uma aprendizagem significativa, o novo conceito deve encontrar

uma estrutura para interagir, para integrar. Neste processo, ambos – o

conhecimento novo e aquele pré-existente – modificam-se, aperfeiçoam-se,

complementam-se. Portanto, a aprendizagem significativa envolve a interação da

nova informação com uma estrutura de conhecimento específica, já existente na

estrutura cognitiva, a qual Ausubel define como conceito facilitador. Ausubel (1980)

vê o armazenamento de informações no cérebro humano como sendo organizado,

formando uma hierarquia conceitual, na qual elementos mais específicos de

conhecimentos são ligados e assimilados a conceitos mais gerais, mais inclusivos.

Para Ausubel (1968, p. 71), “a nova informação está vinculada aos aspectos

relevantes e pré-existentes na estrutura cognitiva e, durante o processo, a

informação recentemente adquirida e a estrutura pré-existentes acabam por

modificar-se”.

Contrastando com a aprendizagem significativa, Ausubel (1980) define

aprendizagem mecânica como sendo a aprendizagem de novas informações com

pouca ou nenhuma interação com os conceitos relevantes existentes na estrutura

cognitiva. Nesse caso, a nova informação é armazenada de maneira arbitrária. Não

há interação entre a nova informação e aquela já armazenada. O conhecimento

assim adquirido fica arbitrariamente distribuído na estrutura cognitiva, sem ligar-se a

conceitos facilitadores específicos.

Para Ausubel (1980), a aprendizagem significativa ou aprendizagem

mecânica, extremos de um mesmo continuum, podem efetivar-se por descoberta ou

por recepção. Na aprendizagem por recepção – mecânica ou significativa – a

informação é recebida pronta, sob a forma final, como em uma aula expositiva

(AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980).

No artigo “Aprendizagem significativa no ensino de Botânica”, Howe, citado

por Wiggers e Stange (2002), chama a atenção para que não se simplifique muito a

distinção entre a aprendizagem significativa e a mecânica, pois se tratam de vários

graus ou níveis de significação, exemplificando da seguinte maneira: “algas

marinhas são diferentes das algas dos rios” (HOWE apud WIGGERS; STANGE,

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2002). Nesse exemplo, a informação está relacionada com aquilo que o aluno

conhece num nível de abstração.

Em 1977, a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel foi ampliada por

Joseph Novak, que considera a educação como um conjunto de experiências não

somente cognitivas, mas também afetivas e psicomotoras, que contribuem para o

engrandecimento total do indivíduo (MOREIRA, 1999).

Para Novak e Gowin (1988), uma teoria da educação deve ajudar a explicar

como é possível melhorar as maneiras pelas quais os seres humanos pensam,

sentem e fazem. Segundo ele, qualquer evento é uma ação de troca de significados

e sentimentos entre o aprendiz e o professor, ou seja, um evento educativo está

sempre acompanhado de uma experiência afetiva.

Na aprendizagem significativa por recepção, o trabalho do aluno consiste em

atuar ativamente sobre o material, a fim de relacioná-lo a ideias relevantes

disponíveis em sua estrutura cognitiva. Ao relacionar o novo conteúdo de maneira

substancial e não arbitrária com algum aspecto da estrutura cognitiva prévia que lhe

for relevante, mais próximo ele está da aprendizagem significativa (LOPES, 2007).

Na aprendizagem por descoberta, o aluno deve aprender “sozinho”, ou seja, a

partir de um problema, deve notar algum princípio, relação, lei e/ou solução. A tarefa

prioritária desse tipo de aprendizagem é perceber algo. Somente após a descoberta,

o conteúdo torna-se significativo.

A característica essencial da aprendizagem por descoberta, seja a formação de conceitos ou a solução automática do problema, é que o conteúdo principal daquilo que vai ser aprendido não é dado, mas deve ser descoberto pelo aluno antes que possa ser significativamente incorporado à sua estrutura cognitiva. A primeira fase da aprendizagem por descoberta [...] o aluno deve reagrupar informações, integrá-las à estrutura cognitivaexistente e reorganizar e transformar a combinação integrada, de tal forma que dê ao produto final desejado a descoberta de uma relação (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, p. 20).

Na aprendizagem por recepção e/ou descoberta, os processos acontecem de

forma bem diferenciada. No dia a dia, grande parte da instrução realizada em sala

está organizada pela aprendizagem receptiva, enquanto que os problemas

cotidianos são solucionados através da aprendizagem por descoberta. Em

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contrapartida, o conhecimento adquirido pela aprendizagem por descoberta é

utilizado para testar a compreensão.

Ausubel (1968) chama a atenção para um erro que se produz em muitos

casos, quando se considera que as aprendizagens significativas só podem ocorrer

em situações de descoberta e que uma tarefa organizada mediante a exposição do

aluno a uma informação nova conduzirá necessariamente a uma aprendizagem

mecânica ou repetitiva.

Não é a aprendizagem por descoberta ou por recepção que torna a

aprendizagem significativa ou mecânica, e sim, as condições nas quais a

aprendizagem ocorre. A aprendizagem não pode limitar-se à retenção; deve

desenvolver a capacidade de transferir/aplicar esse conhecimento em contexto

diferente no qual se concretizou (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980).

Em ambos os casos, a aprendizagem significativa ocorre quando a tarefa de

aprendizagem implica relacionar, de forma não arbitrária, uma nova informação a

outras que o aluno já está familiarizado. A aprendizagem automática, por sua vez,

ocorre se a tarefa consistir de associações puramente arbitrárias.

3.2.1 Formas de aprendizagem significativa

A aprendizagem significativa abrange a assimilação de novas informações à

estrutura cognitiva do aprendiz. Essa assimilação pode ocorrer de três formas

diferenciadas, mas não excludentes: subordinada, superordenada e combinatória.

A aprendizagem subordinada acontece quando a nova informação – mais

específica e restrita – confere um novo significado ao conceito subsunçor, mais

abrangente e inclusivo, ao qual se ancora. É um exemplo, uma exemplificação de

algo que já se sabe. A efetivação das alterações deste, uma ou mais vezes, leva a

uma diferenciação progressiva dos subsunçores, possível quando as ideias mais

gerais e inclusivas estão disponíveis para serem progressivamente diferenciadas

pelas novas informações, em termos de detalhes e especificidade (LOPES, 2007).

A diferenciação progressiva é resultante da elaboração hierárquica de

proposições e conceitos na estrutura de conhecimento do aluno. É o principio que

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consiste em programar o material de aprendizagem de modo a que as ideias e

conceitos mais gerais e inclusivos sejam apresentados no início do processo de

aprendizagem e, progressivamente, diferenciados em termos de detalhes e

especificidades (LOPES, 2007). Portanto, o princípio da diferenciação progressiva

propõe que, na programação de um conteúdo, as ideias mais gerais e inclusivas

sejam apresentadas em primeiro lugar, para depois serem progressivamente

diferenciadas, em termos de detalhes e especificidades.

A aprendizagem superordenada acontece quando a nova informação confere

um novo significado ao conceito subsunçor, mais abrangente e inclusivo, ao qual se

ancora. As informações antigas são mais restritas e circunstanciais que as novas, de

forma que, no decorrer do processo de aprendizagem podem ser estabelecidas

relações, permitindo a aquisição de novos conhecimentos ou a reorganização de

elementos já presentes na estrutura cognitiva – porque passam a apresentar novos

significados. Efetiva-se, então, a reconciliação integrativa. A reconciliação integrativa

evidência a necessidade de clareza conceitual. Semelhanças e diferenças entre

ideias devem ser evidenciadas, tomadas límpidas e nítidas, para que o novo material

seja assimilado. Para ocorrer, quando da apresentação de um novo material, é

essencial tornar explícitas “semelhanças e diferenças entre as ideias a serem

aprendidas, explorar as relações possíveis e reconciliar inconsistências reais ou

aparentes” (RONCA apud LOPES, 2007, p. 38).

A reconciliação integrativa é o princípio de programação do material de

aprendizagem segundo o qual o processo de aprendizagem deve também explorar

relações entre ideias, apontar similaridade e diferenças relevantes, reconciliando

discrepâncias reais ou aparentes. Ou seja, a reconciliação integrativa dos conceitos

ocorre quando os conceitos parecem relacionáveis de um determinado modo,

possibilitando a descrição de uma nova realidade perceptível (PRAIA apud LOPES,

2007). Portanto, o princípio da reconciliação progressiva propõe que, na

aprendizagem de um conteúdo, o professor procure tornar claras as semelhanças e

diferenças entre ideias, quando estas são encontradas em vários contextos. Além

disso, deve ocorrer entre o novo material e as ideias previamente aprendidas e já

disponíveis e familiares na estrutura cognitiva. Ambos, diferenciação progressiva e

reconciliação integrativa, são processos dinâmicos, presentes quando ocorre a

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aquisição ou a mudança de um conceito. Desse modo, os dois processos atuam

relevantemente na consecução da aprendizagem significativa, uma vez que

a) uma aprendizagem é mais dócil e suave quando os aspectos mais abrangentes e inclusivos de um conceito são introduzidos; e b) uma aprendizagem é mais simples e branda quando esse conceito vai sendo diferenciado por particularidades e peculiaridades (LOPES, 2007. p. 38).

Segundo Ausubel (1980), é mais fácil para o ser humano aprender por

subordinação do que por superordenação. Em outras palavras, é melhor aprender

ideias mais simples antes das mais complexas. A aprendizagem combinatória ocorre

quando a nova ideia não está hierarquicamente acima e nem abaixo da ideia já

existente na estrutura cognitiva à qual ela se relacionou de forma não arbitrária e

lógica. Ou seja, essa nova ideia não é exemplo nem generalização daquilo que se

usou como âncora para ela na estrutura cognitiva do indivíduo. Essa âncora, no

entanto, é necessária para que se possa estabelecer uma aprendizagem de fato

significativa (CRUZ, 1999).

De acordo com a teoria da aprendizagem significativa, para que a

aprendizagem significativa ocorra são necessárias duas condições:

a) o aluno deve ter disposição par aprender ou disposição reveladora de um

interesse em dedicar-se a uma aprendizagem em que ele próprio procura

dar sentido àquilo que aprende (MOREIRA, 1999b).

Para Lopes (2007), aprender é um ato volitivo do próprio sujeito. Ninguém pode

aprender pelo outro. Ninguém pode impor uma aprendizagem ao outro. No máximo,

podemos ensinar, esperando que haja disponibilidade e desejo de receber as

informações e trabalhar com elas, para que se produzam novos significados.

Segundo a autora, esse ato volitivo – aprender – pode processar-se de duas

diferentes formas: [...] quando se depara com um novo corpo de informações, o aprendiz pode decidir absorver esse conteúdo de maneira literal e, desse modo, a sua aprendizagem será mecânica, pois ele só conseguirá reproduzir esse conteúdo de maneira idêntica àquela apresentada. Nesse caso, não existiu um entendimento da estrutura da informação apresentada e o aluno não realiza transferência do aprendizado, aplicando-o na solução de problemas equivalentes em outros contextos. Por outro lado, poderá haver entendimento e, nesse caso, a aprendizagem será significativa, porque se vinculou a saberes prévios, podendo ser traduzida sobre diferentes palavras ou ações pelo aprendente (LOPES, 2007, p. 39-40).

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b) O conteúdo escolar a ser aprendido deve ser potencialmente significativo

para o aluno, facultando o estabelecimento de uma “relação substantiva

com conhecimentos e ideias já existentes” (MOREIRA, 1999, p. 14).

Lopes (2007) aponta que cada ser é diferente do outro. Cada pessoa percebe

e se apropria da realidade de maneira diversa. Cada aprendiz faz uma filtragem dos

conteúdos que têm significado para si. Até por isso, Ausubel (1968, p. 32) alerta que

a

[...] aprendizagem significativa não é sinônimo de aprendizagem de material significativo. Um material logicamente significativo pode ser aprendido pelo método de decorar (aprendizagem mecânica) se a disposição do aluno não for significativa. Por isso, devem-se levar em conta os aspectos intrapessoais e situacionais envolvidos nas ações de ensinar e aprender.

Uma atividade, para ser significativa, deve ser contextualizada, deve estar

pautada no que o aluno já sabe, no conhecimento que o educando possui sobre o

assunto. Portanto, o professor deve ter:

[...] um cuidado preliminar que visa saber quais as “pré-ocupações” que estão nas mentes e sentimentos dos escolares. Isso possibilita ao professor um trabalho mais adequado, a fim de que os educandos, nas fases posteriores do processo, apropriem-se de um conhecimento significativo para as suas vidas (GASPARIN apud LOPES, 2007 p. 40).

De acordo com Lopes (2007), o conhecimento prévio que o aluno traz em sua

estrutura cognitiva deve ser identificado e valorizado pelo professor, e entendido

como um elo que vincula o novo conteúdo ao que ele já domina.

Para uma melhor compreensão do que constitui a aprendizagem significativa

e suas relações com a aprendizagem mecânica, é apresentado um Mapa Conceitual

na Figura 4:

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mais abrangente

específica e restrita

RECONCILIAÇÃO INTEGRATIVA

ALUNO

ATO VOLITIVO

DIFERENCIAÇÃO PROGRESSIVA

APRENDIZAGEM SUBORDINADA

APRENDIZAGEM

SUPRAORDENADA

relaciona extremo de um continuum

e as que figuram

pelo estabelecimento de elos de interdependência APRENDIZAGEM COMBINADA

pela ausência

ARBITRÁRIA

CONHECIMENTO PRÉVIO

APRENDIZAGEM MECÂNICA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

ESTRUTURA COGNITIVA

DESCORBERTA RECEPÇÃO

NOVA INFORMAÇÃO

AUSUBEL - 1968

por

é

por

Figura 4 – Mapa Conceitual para representar a aprendizagem significativa Fonte: LOPES, 2007, p. 41.

Para a autora, ao longo da vida, principalmente na fase transcorrida no

interior das instituições de ensino, os conceitos vão sendo adquiridos

majoritariamente por aprendizagem receptivo-mecânica.

Os alunos reproduzem as informações repassadas pelo professor e as memorizam sem compreendê-las ou atribuir-lhes maior significado e, depois, esquecem-nas ou revelam para o reemprego em situações idênticas. Justifica que aprender deve e precisa ser mais do que isto. Aprender deve servir para compreender o mundo e a si mesmo, deve favorecer a comunicação e a ampliação dos saberes, deve possibilitar a ação mais consistente nos mais variados contextos, sob as mais diversas condições. Deste modo, aprender deve trazer e conferir significado à vida (LOPES, 2007, p. 40).

3.3 Organizadores prévios e Mapa Conceitual

O organizador prévio é um material introdutório apresentado ao estudante

antes de o conteúdo a ser aprendido. É uma estratégia instrucional para facilitar a

aprendizagem significativa. Consiste em informações amplas e genéricas, que

servirão como ponto de ancoragem para as ideias mais específicas. Os

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organizadores prévios são conteúdos, como índices, resumos, apresentações e

filmes sobre determinado conceito ou conceitos, os quais se fixam na mente do

estudante, formando novos subsunçores e, desta forma, ajudam os mesmos na

assimilação de novas informações, portanto, na ocorrência da aprendizagem

significativa.

Os organizadores prévios podem ser definidos como

[...] estratégias utilizadas como facilitadores no processo de ensino e aprendizagem, proporcionando ao aluno um contexto assimilativo mais significativo, ao unirem o que o aluno já sabe ao que ele necessita saber. Na união entre esses dois momentos, o educando ascende a um novo patamar no domínio do conhecimento, pois efetiva o enlace explícito entre o conhecimento já existente e a nova informação (LOPES, 2007, p. 62).

A principal função do organizador prévio é estabelecer uma ponte entre o que

o aluno já sabe e aquilo que ele precisa saber, para que possa aprender com

sucesso a nova tarefa.

Ausubel (1968) distingue duas espécies de organizadores prévios: expositivo

– usado quando o conteúdo é inteiramente desconhecido pelo aluno; e comparativo

– usado quando o conjunto de informações a ser transmitido não é completamente

novo.

Em primeiro lugar, proporcionam um suporte ideativo prévio. Em segundo

lugar, garantem ao aluno uma visão geral de todas as semelhanças e diferenças

entre as ideias, antes que o aluno se encontre com os novos conceitos, numa forma

mais detalhada e particularizada. Finalmente, criam uma disposição no aluno para

perceber semelhanças e diferenças, encorajando-o a fazer suas próprias

diferenciações, em termos de suas particularidades e fontes de confusão

(AUSUBEL, 1968).

Segundo a teoria de Ausubel (1968), no planejamento do programa

instrucional, primeiramente devem ser identificados os conceitos e as relações

hierárquicas entre eles, para então sequenciar os conteúdos em ordem descendente

de inclusividade, tirando vantagem das dependências sequenciais naturais entre os

tópicos. Portanto, do ponto de vista ausubeliano, o desenvolvimento de conceitos é

facilitado quando os elementos mais gerais, mais inclusivos, de um conceito são

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introduzidos em primeiro lugar e, posteriormente, então, esse conceito é

progressivamente diferenciado, em termos de detalhes e especificidade. Entretanto,

a programação do conteúdo deve também explorar explicitamente relações entre

proposições e conceitos, isso é o que Ausubel chama de reconciliação integrativa.

Nesse sentido, os Mapas Conceituais são sugeridos como instrumentos úteis

na implementação desses princípios no processo instrucional. Na teoria de

aprendizagem, existe vantagem no uso do Mapa Conceitual, ou mapa de conceitos,

para a representação de conceitos de uma área do conhecimento. O termo

“conceito” tem diversas conotações, dependendo do contexto em que é utilizado.

Nos mapas de conceitos, o termo “conceito” é usado para caracterizar objetos, ou

eventos. Conhecer e compreender as características que definem um conceito é

essencial para aprendê-lo, e o aprendiz deve conhecê-los previamente ou deve

aprendê-los simultaneamente ao novo conceito trabalhado. Por exemplo, para se

aprender o conceito de DNA, é preciso dominar diversos conceitos prévios, desde as

noções básicas do que é uma substância até o conceito específico de

desoxirribonucleico.

Nesse aspecto, os mapas de conceitos são particularmente úteis, pois

permitem identificar rapidamente quais são os conceitos prévios necessários ao

aprendizado de novos conceitos. A importância dos conceitos é o ponto central da

teoria de aprendizagem (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980). Foram

desenvolvidos no início da década de 1970 pela equipe de Joseph Novak para

pesquisas educacionais. Logo foi percebido o valor dos mapas como técnica de

ensino e aprendizagem, e eles passaram a ser utilizados com sucesso, tanto na

área de educação como em outras atividades que envolvem a estruturação de

conhecimentos (AMABIS; MARTHO, 2013).

A proposta básica dos mapas de conceitos é tornar claras as relações

importantes entre conceitos de uma área de conhecimento. Dependem do contexto,

ou seja, um mesmo grupo de conceitos pode ser organizado de diferentes maneiras,

dependendo das relações conceituais a que se dá prioridade. Os mapas organizam

o conhecimento, o que facilita aos professores vislumbrar um maior número de

significados no material de aprendizagem.

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Mapas de conceitos tornam claras as ideias-chaves que devem ser

focalizadas em qualquer atividade de ensino e aprendizagem, fornecendo um roteiro

das etapas que se devem seguir para conectar conceitos em proposições. Dessa

forma, os mapas contribuem para aumentar a precisão e a qualidade do trabalho

pedagógico.

Em sua forma mais simples, um mapa de conceitos consiste em conceitos

unidos por uma ou mais palavras de ligação, formando uma proposição. Entre as

diversas utilidades dos mapas de conceitos como organizadores da atividade de

ensino, podem-se destacar as seguintes:

a) aumentam a integração de conceitos;

b) diminuem a possibilidade de omissão de conceitos importantes;

c) aumentam as chances de encontrar múltiplos caminhos para a construção

de significados.

Como auxiliadores do processo de aprendizagem, os mapas de conceitos

ajudam os estudantes, entre outras coisas, a

a) ter uma compreensão mais unificada de um tópico;

b) organizar o conhecimento para solucionar problemas;

c) compreender melhor o processo de aprendizagem;

d) fornecer um sumário esquemático do conteúdo aprendido.

Sobre o emprego de mapas de conceitos em Biologia, Schmidt e Telaro, citados

por Amabis e Martho (2004, p. 30), avaliam:

Biologia é difícil de aprender, porque lida com uma grande quantidade de conceitos não familiares ao aprendiz e que apresentam relações complexas entre si. A estratégia dos estudantes para lidar com material não familiar [e sem ligação evidente com sua rede cognitiva] é o aprendizado por memorização, que falha completamente diante das complexas interações conceituais inerentes à Biologia. Nesse sentido, os mapas de conceitos favorecem o aprendizado com significado e parecem ser o caminho ideal para tratar conceitos biológicos.

Os mapas de conceitos são ferramentas importantes no planejamento e na

preparação de atividades didáticas, além de auxiliarem os estudantes em sua

aprendizagem formativa. Quando o estudante aprende a fazer mapas de conceitos,

estes podem também ser usados como poderoso instrumento de avaliação. Como

recurso instrucional, os mapas propostos podem ser usados para mostrar as

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relações hierárquicas entre os conceitos que estão sendo ensinados numa única

aula, numa unidade de estudo ou num curso inteiro. Eles mostram relações de

subordinação e superordenação que possivelmente afetarão a aprendizagem de

conceitos.

Mapas Conceituais são

[...] representações concisas das estruturas conceituais que estão sendo ensinadas e, como tal, provavelmente facilitarão a aprendizagem dessas estruturas. São representações gráficas semelhantes aos diagramas, que indicam relações entre os conceitos, ligados por descritores. Os conceitos mais abrangentes vão evoluindo na inter-relação com conceitos progressivamente mais específicos e menos abrangentes. Entretanto, contrariamente a textos e outros materiais instrucionais os mapas conceituais não dispensam explicações do professor (MOREIRA; MANSINI, 2011, p. 55).

Moreira e Masini (2011, p. 52) destacam que “um mapa conceitual pode ser

utilizado numa única aula ou num curso inteiro”. Os autores asseguram que “mapa

conceitual” deve ser visto como “um mapa conceitual” e não como “o mapa

conceitual”, ou seja, qualquer mapa conceitual deve ser visto como apenas uma das

possíveis representações de certa estrutura conceitual: “Mapas conceituais traçados

por diferentes especialistas numa mesma área provavelmente refletirão pequenas

diferenças em entendimento e interpretação das relações entre os conceitos chaves

dessa área” (MOREIRA; MASINI, 2011, p. 52).

Os Mapas Conceituais devem ser entendidos como diagramas bidimensionais

que procuram mostrar relações hierárquicas entre conceitos de uma disciplina e que

derivam sua existência da própria (MOREIRA, 1992). Os Mapas Conceituais podem

ser adotados como estratégia de ensino, ao serem usados como ferramentas para

organizar e comunicar conhecimentos, e o professor pode utilizá-los para introduzir

conceitos, realizar novas sínteses e no processo de avaliação (RUIZ-MORENO et

al., 2007).

Segundo Ausubel, Novak e Hanesian (1980), ao se programar uma instrução

utilizando uma técnica como, por exemplo, um Mapa Conceitual, deve-se procurar

promover não só a diferenciação progressiva, como também explorar explicitamente

relações entre proposições e conceitos, evidenciar similaridades e diferenças

significativas e reconciliar inconsistências reais ou aparentes, isto é, promover a

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reconciliação integrativa. Esses dois princípios, necessários para que se ocorra a

aprendizagem significativa, devem ser obedecidos:

a) diferenciação progressiva – as ideias e conceitos mais gerais e inclusivos

do conteúdo da matéria de ensino devem ser apresentados no início da

instrução; e

b) reconciliação integrativa – ideias estabelecidas na estrutura cognitiva

podem ser reconhecidas ou relacionadas, reorganizando-se e adquirindo

novos significados.

Buchweitz (1984) sugere alguns passos para a elaboração de um Mapa

Conceitual. Inicia-se com a localização e a listagem dos conceitos. Depois, se

distribuem os conceitos em duas dimensões, traçando as linhas que estabelecerão

as relações e a natureza das relações entre os conceitos. Finalmente, faz-se a

revisão e a reconstrução final do Mapa. É ainda possível, eventualmente, inserir

equações, exemplos, teorias e outros, a fim de aprimorar ou facilitar sua

interpretação.

Os Mapas Conceituais mostram relações de subordinação11 e de

superordenação12, que possivelmente afetarão a aprendizagem de conceitos.

Contudo, não dispensam as explicações do professor. Do ponto de vista

ausubeliano, os Mapas Conceituais são facilitados quando os elementos mais

gerais, mais inclusivos de um conceito, são introduzidos em primeiro lugar, e,

posteriormente, são progressivamente diferenciados, em termos de detalhe e

especificidade (MOREIRA; MASINI, 2011).

Outro aspecto importante na construção do Mapa Conceitual é o uso dos

conectores expressos por linhas ou setas para interligar os conceitos. Na utilização

de linhas ou setas para unir os conceitos, deve-se explicar o significado da relação

existente entre eles, sendo a explicação é designada como “descritor” ou “palavras

de ligação”.

11 Processo de subordinação: se dá quando um conceito ou proposição potencialmente significativo a é assimilado sob a ideia mais inclusiva A. 12 Processo de superordenação: se dá quando um conceito ou proposição potencialmente significativo A, mais geral ou inclusivo do que ideias ou conceitos já estabelecidos na estrutura cognitiva a, b e c, é adquirido a partir destes e passa a ser assimilado. Em aprendizagem significativa, corresponde a dizer que ocorreram interações entre os conceitos (MOREIRA; MASINI, 2011).

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Lopes (2007) distingue que não há regras fixas para o traçado de Mapas

Conceituais. O importante é que o Mapa seja um instrumento capaz de evidenciar

significados atribuídos a conceitos e relações entre conceitos no contexto de um

corpo de conhecimentos, de uma disciplina, de uma matéria de ensino.

Ensinar o novo tendo por fundamento o já sabido é fundamental para a

consecução de uma aprendizagem que se pretende significativa. Entretanto, como

assinala Lopes (2007), não basta partir dos conhecimentos prévios do educando e

seguir em frente sem considerar o processo de apropriação por ele vivenciado. O

uso de Mapa Conceitual não apenas elucida os conceitos apropriados, mas também

revela como estes estão sendo inter-relacionados, favorecendo a organização

explicativa do trabalho docente.

Além disso, o Mapa Conceitual constitui uma ferramenta flexível, que pode

ser utilizada em diversas situações, com diferentes finalidades. Podendo ser

instrumento de análise de currículo, técnica didática, estratégia de aprendizagem,

organizador explicativo, e instrumento de avaliação da aprendizagem. Apresenta,

portanto, uma multiplicidade de usos nos diversos níveis e modalidades de ensino.

O uso do Mapa Conceitual neste estudo foi uma importante ferramenta

didática para a organização das aulas e para a exposição do assunto pela

professora. Como organizador explicativo, serviu de base para a explicação da

Unidade Didática (UD) em todas as aulas em que a temática foi abordada,

facilitando, assim, a comunicação entre a professora e os alunos, de modo a integrar

a informação à sua estrutura visual organizada e melhor integrar os novos

conhecimentos.

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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

No delineamento da metodologia do presente trabalho apresentamos

inicialmente a linha metodológica da pesquisa. A abordagem metodológica

caracteriza-se por uma investigação híbrida conciliando métodos qualitativos com

quantitativos e espera-se potencializar a profundidade, a riqueza e o impacto da

pesquisa (GORAD; TAYLOR, 2004).

Esteban (2010) aponta a estratégia de complementação que acontece

quando em uma mesma pesquisa lança-se mão de métodos com abordagem

qualitativa13 e de métodos com abordagem quantitativa14. Para a autora, cada

perspectiva ilumina uma dimensão diferente da realidade, de modo que não existe

ou não se pretende o solapamento entre os métodos.

Como observadora, no estudo do caso aqui apresentado, numa abordagem

qualitativa, procurei registrar todos os episódios ocorridos durante as aulas, como as

falas dos alunos e da professora, bem como suas ações e intervenções didáticas.

Para o registro, utilizei um diário de bordo para anotações sistemáticas de toda a

dinâmica das aulas em que o Mapa Conceitual de biotecnologia, organizador

explicativo, foi utilizado como facilitador na construção dos conhecimentos

biotecnológicos e na construção de uma aprendizagem significativa por parte dos

estudantes.

As questões objetivas, numa abordagem quantitativa, foram analisadas

descritivamente por questão, por blocos e pelas médias em cada turma. Os dados

coletados dos três blocos de questões foram analisados estatisticamente no

software R. O nível de significância estabelecido foi α = 0,05 (5%). Como se trata de

duas amostras pareadas (antes e depois) para cada turma (Química e Mecânica), e

já que as amostras pareadas são correlacionadas, ou seja, o antes tem relação com

o depois, foi utilizado o Teste χ² (qui-quadrado) de McNemar.

13 Entende-se como abordagem qualitativa qualquer tipo de pesquisa que gera resultados que não foram alcançados por procedimentos estatísticos ou outro tipo de quantificação. Enfatiza-se mais o procedimento que o produto. 14 A abordagem quantitativa gera resultados estatísticos ou de outro tipo de qualificação (Esteban, 2007).

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Neste trabalho, foi desenvolvida uma Unidade Didática (UD) com duração de

doze horas/aula presenciais, para duas turmas, no período de outubro a novembro

de 2010. No desenvolvimento das atividades previstas, foram tratados teoricamente

assuntos relacionados aos seguintes temas: Engenharia Genética, Clonagem,

Célula-tronco, Transgênicos, Projeto Genoma Humano (PGH), Tecnologia do DNA

Recombinante, Bioética.

4.1 Local da realização da Pesquisa

O campus I do CEFET-MG, local de realização da pesquisa, localiza-se no

bairro Nova Suíça, na zona oeste de Belo Horizonte, e atende nesta cidade cerca de

8000 estudantes, do 1º ao 3º ano do Ensino Técnico, nas modalidades de curso

integrado concomitante ou subsequente ao Ensino Médio, e ainda estudantes da

Engenharia de Materiais, da Engenharia Ambiental e do bacharelado em Química

Tecnológica.

Figura 5 – Mapa de localização do CEFET-MG – Campus I Fonte: Google Maps, 2013.

O Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, CEFET-MG,

antiga Escola Técnica de Belo Horizonte, em 30 de junho de 1978, se transformou

em CEFET-MG, com aprovação de lei pelo Congresso Nacional.

Conforme aponta Oliveira, em sua tese de doutorado, análises retratam que

o CEFET-MG compõe um caso representativo da Rede Federal de Educação

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Tecnológica (RFET) como estabelecimento escolar e de referência no Ensino Médio

brasileiro (OLIVEIRA, 2010).

O CEFET-MG, como parte da Rede Federal de Educação Profissional

Científica e Tecnológica, está subordinado às secretarias de Educação Profissional

e Tecnológica (SETEC) e a de Ensino Superior (SESU), vinculadas ao Ministério da

Educação (MEC), e cobre todos os estados brasileiros, oferecendo cursos técnicos,

superiores de Tecnologia, licenciatura, bacharelados, mestrado e doutorado. As

escolas que compõem a rede federal são de referência na modalidade de Ensino

Técnico (SANTOS, 2011).

O CEFET é uma instituição multicampi, estando presentes nas cidades de

Araxá, Curvelo, Divinópolis, Nepomuceno, Varginha e Timóteo, Leopoldina,

Contagem, além de possuir três campi em Belo Horizonte. Atualmente, oferece 21

cursos técnicos em todos os onze campi, dezesseis cursos de graduação, sendo

dez em Belo Horizonte e os demais distribuídos nos campi do interior, sete

mestrados e um doutorado (SANTOS, 2011).

4.2 Os sujeitos da pesquisa

A pesquisa foi desenvolvida em duas turmas do segundo ano do Curso

Técnico integrado ao Ensino Médio15 do turno diurno: uma turma de Química e uma

de Mecânica. Participaram 32 (trinta e dois) alunos da turma de Química e 35 (trinta

e cinco) alunos da turma de Mecânica. Dos trinta e dois alunos (32) alunos de

Química, dezessete (17) eram mulheres, com idade entre 17 e 19 anos. Já na turma

de Mecânica, dos 35 alunos (35), quatro (4) mulheres e trinta e um (31) homens,

com idade entre 16 e 20 anos.

Torna-se importante identificar o perfil do Técnico das duas turmas

participantes da pesquisa, uma de Química16 e uma de Mecânica17. A grade

15 Curso Técnico integrado ao Ensino Médio – a modalidade de ensino integrada ao Ensino Médio é voltada para estudantes oriundos do Ensino Fundamental que fazem o Ensino Médio e a habilitação profissional técnica com matrícula única em só um curso (SANTOS, 2011). 16O técnico em Química é um profissional com formação e capacitação para atuar em empresas e nas áreas de: ensaios químicos diversos; laboratórios especializados; emprego de equipamentos na realização dos ensaios; exaração de laudos. Está habilitado a interferir positivamente nos processos industriais, através de intervenções rápidas e apropriadas aos problemas cotidianos das empresas em que atuam. Além disso, são preparados para aturarem de forma ética, com flexibilidade intelectual e habilidade para o trabalho de equipe.

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curricular do Curso Técnico diurno de Química está apresentada no Anexo D. A

grade curricular do curso de Mecânica diurno está apresentada no Anexo C.

A escolha da professora baseou-se na compatibilidade dos horários das aulas

nas turmas pesquisadas e de minha disponibilidade. Desse modo, foi possível minha

presença em todas as aulas nas quais a biotecnologia foi abordada. Todavia, minha

presença não interferiu na dinâmica das mesmas. Minha presença foi como

observadora das práticas pedagógicas da professora de Biologia, com o intuito de

perceber o envolvimento entre os alunos e a professora e a aprendizagem dos

estudantes.

A professora das turmas participantes recebeu o nome fictício de Telma.

Leciona no CEFET como substituta, em regime de 40 horas. Sua experiência

profissional no Ensino Médio é também na rede municipal. No CEFET-MG, tem uma

participação ativa em projetos de ensino e de pesquisa, como o Jovem Cientista e a

Semana de Ciências e Tecnologia (C&T), do CEFET-MG, com trabalhos publicados.

Cabe ressaltar que a professora mantém um relacionamento cordial e

afetuoso como seus alunos, demonstrando grande interesse por práticas educativas

inovadoras.

4.3 Desenvolvimento da pesquisa

Ao término do terceiro bimestre de 2010, a pesquisa teve seu início, quando

então me apresentei às turmas participantes, entregando a cada aluno um termo de

consentimento para permissão e autorização para o desenvolvimento da minha

pesquisa. Os estudantes maiores de 18 anos assinaram o termo em sala de aula,

enquanto os menores levaram para os responsáveis assinarem e entregaram no

encontro seguinte. Na oportunidade, salientei o caráter do estudo, bem como a

importância da participação de todos para o sucesso da pesquisa.

17O técnico em Mecânica é um profissional com formação e capacitação para atuar em empresas nas áreas de: projetos, montagem, manutenção e reparo de equipamentos mecânicos; aperfeiçoamento de máquinas- ferramentas, motores, veículos, aeronave e embarcações; preparo de orçamento de materiais e de mão de obra necessários à execução de projetos; aplicação de normas de organização e métodos, visando à racionalização do trabalho. O técnico em Mecânica também está habilitado a supervisionar o controle de equipamentos mecânicos, materiais e produtos em locais de produção ou em laboratórios especializados. Emprega instrumentos de precisão para aferir as condições de produção e providenciar a correção de possíveis falhas. Pode, ainda, prestar assistência técnica à compra, venda e utilização de máquinas e de outros equipamentos especializados.

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O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICES A e B)

estão nos moldes determinados pela Assessoria da Diretoria Geral e Comitê de

Ética na Pesquisa do CEFET-MG.

Na semana seguinte, antes de a professora Telma iniciar suas atividades

didático-pedagógicas em ambas as turmas, recolhi o termo de consentimento dos

alunos menores de 18 anos. Os mesmos procedimentos metodológicos foram

utilizados pela professora em ambas as turmas. A escolha das turmas fundamentou-

se no fato de serem turmas de perfis diferentes, embora em termos de rendimento

estivessem no mesmo patamar, conforme relato da professora Telma.

4.4 Estrutura da pesquisa

Para o desenvolvimento da pesquisa, elaborei o Mapa Conceitual

apresentado na Figura 6, com objetivo mostrar a estrutura da metodologia e suas

etapas numeradas.

Figura 6 – Estrutura da metodologia com as etapas da pesquisa Fonte: Elaborado pela autora.

Passamos a desenvolver as etapas da metodologia da pesquisa descritas no

Mapa Conceitual proposto na Figura 6.

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4.5 Etapas da Estrutura da Metodologia

4.5.1 Etapa I – Pré-teste

Na etapa I, foram aplicados os IS1, IS2 e IS3, apresentados nos Apêndices E,

F e G, respectivamente, relacionados ao objeto de estudo, a biotecnologia, para

identificação de subsunçores.

a) IS1: teve como objetivo identificar o interesse e a informação dos

estudantes sobre biotecnologia (APÊNDICE E).

b) IS2: teve com o objetivo levantar o conhecimento dos conceitos chaves de

biotecnologia, importantes para o direcionamento do roteiro de atividades

das aulas, e a elaboração do Mapa Conceitual, partindo da Engenharia

Genética (APÊNDICE F).

c) IS3 – (Pré-teste) (APÊNDICE G): teve o objetivo de identificar o

conhecimento antes das ações e intervenções didáticas com dez (10)

questões objetivas distribuídas em três blocos, conforme consta do

Quadro 3:

Quadro 3 – Instrumento de sondagem 3 – Divisão por blocos das questões objetivas do pré-teste

Fonte: Material de pesquisa aplicado no Plano de Aula de Biologia Geral do CEFET-MG.

No primeiro bloco de questões objetivas, que trata dos conhecimentos da

genética aplicados à biotecnologia, o aluno a partir do estudo da genética estabelece

uma relação com o novo material, modificando os subsunçores, como expressão

gênica e melhoramento genético, assunto visto na genética e de enzimas, assunto

visto na citologia.

No segundo bloco, que trata dos conhecimentos relacionados diretamente à

biotecnologia, justifica-se a importância das questões ao relacioná-las à

manipulação de DNA, tecnologia do DNA recombinante, clonagem, células-tronco,

Blocos Questões Conceitos avaliados

01 01 e 02 Conhecimentos sobre a genética aplicados à biotecnologia.

02 03, 04, 05, 06 e 07 Conhecimentos sobre conceitos relacionados diretamente à biotecnologia.

03 08, 09 e 10 Conhecimentos sobre a biotecnologia industrial.

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conceitos diferenciados no Mapa Conceitual para facilitar e promover a

aprendizagem significativa.

No terceiro bloco de questões, que trata da biotecnologia industrial,

evidenciam-se conceitos presentes na mídia, contudo, justifica-se por se esperar

uma mudança de concepções dos saberes do senso comum para saberes

científicos, embora alguns aportes teóricos para os modelos de mudança conceitual

sejam condição essencial para que a apropriação dos conceitos científicos seja

intimamente determinada pelas ideias prévias dos alunos.

4.5.2 Etapa II – Organizadores prévios

Na etapa II, utilizamos os organizadores prévios, para realçar os subsunçores

existentes na estrutura cognitiva dos alunos, a fim de facilitar a aprendizagem

significativa dos alunos. Foi aplicado após o pré-teste (IS1, IS2 e IS3), antes do

próprio material a ser aprendido. Nessa etapa, de forma gradual, foi possível inserir

os conceitos de biotecnologia, partindo da engenharia genética. A proposta consistiu

na exibição de um vídeo e na leitura de um texto (“A biotecnologia e a reprodução”),

seguidos de uma questão veiculada pela mídia sobre transgenia.

Figura 7 – Vídeo sobre biotecnologia: a engenharia dos genes Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=0wa7Ujk8ygU.

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4.5.3 Etapa III – Roteiro de atividades e planejamento das aulas

Na etapa III, foi elaborado um roteiro de atividades com o plano de aula

desenvolvido pela professora Telma, na UD do 4º bimestre/2010. Neste roteiro,

constam os dias das aulas, a duração, o conteúdo, os temas abordados e o tipo de

aula, conforme ilustra o Quadro 4.

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Quadro 4 – Roteiro de atividades e plano das aulas de biotecnologia Fonte: Elaborado pela autora.

Aulas Conteúdo Temas Tipo de aula

(01-02): 19/10 (110 minutos)

Assinatura do termo de consentimento pelos alunos. Apresentação da pesquisadora pela professora Telma. Aplicação dos instrumentos de sondagem IS (1, 2 e 3) – pré-teste.

Apresentação Biotecnologia/conhecimento prévios dos estudantes.

Aula dialogada com os estudantes para iniciar o 4º bimestre letivo. Aplicação dos instrumentos de sondagem (1, 2, e 3) da UD de biotecnologia.

(03-04): 26/10 (110 minutos) Biotecnologia Biotecnologia

Aula dialogada com a apresentação do organizador prévio: vídeo “Biotecnologia”; leitura do texto “Biotecnologia e reprodução”; Levantamento de uma questão do cotidiano: plantas transgênicas. Apresentação de um slide com conceitos básicos de biotecnologia e seus desdobramentos.

(05-06): 09/11 (110 minutos) Biotecnologia

Engenharia Genética, Clonagem, Transgênicos, Célula-tronco, Projeto Genoma. Humano (PGH), DNA recombinante, identificação de pessoas e Ética/Bioética

Aula dialogada e expositiva da professora utilizando o Mapa Conceitual: organizador explicativo deengenharia genética/ biotecnologia.

(07-08): 16/11 (110 minutos) Biotecnologia Engenharia genética, clonagem e

transgênicos. Aula expositiva/dialogada com utilização do Mapa Conceitual; leitura de textos (APÊNDICES L e M). Atividade em grupo.

(09-10): 23/11 (110 minutos) Biotecnologia

Células-tronco Projeto Genoma. DNA recombinante e Teste de Paternidade.

Aula expositiva/dialogada com utilização do Mapa Conceitual. Leitura de textos (APÊNDICES O e P ) Discussão do texto.

(11-12): 30/11 (110 minutos)

Biotecnologia Pós-teste Ética/ Bioética.

Aula expositiva/dialogada com utilização do Mapa Conceitual. Leitura e Discussão de questões éticas envolvidas na manipulação de genes (APÊNDICE Q).

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4.5.4 Etapa IV – Organizador explicativo

Na etapa IV, foi utilizado um Mapa Conceitual, organizador explicativo, de

engenharia genética/biotecnologia, com o objetivo orientar e organizar as aulas da

professora Telma. Participei da sua elaboração, compartilhando ideias e elegendo

os conceitos-chave e de relevância para a UD. Vale ressaltar que, ao introduzir

novos conceitos e ao responder aos questionamentos dos alunos, Telma sempre se

voltava ao Mapa Conceitual, estabelecendo os elos de hierarquização destes

conceitos, na busca de efetivar a aprendizagem significativa dos estudantes.

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Figura 8 – Mapa Conceitual de engenharia genética/biotecnologia Elaborado pela Prof.ª Telma e pela pesquisadora.

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4.5.5 Etapa V – Pós-teste

Na etapa V, foi aplicado o Pós-teste, após o desenvolvimento da UD, com o

objetivo de identificar subsunçores modificados. Para este estudo, optamos por

aplicar as mesmas questões objetivas do Pré-teste (APÊNDICES E, F e G).

As questões objetivas, tanto do Pré-teste (antes) quanto do Pós-teste (depois)

serão analisadas de forma quantitativa por questões/blocos, e estaticamente por

blocos.

As questões objetivas são normalmente utilizadas na pesquisa quantitativa

com perguntas escritas para tratar os principais assuntos de um determinado tema.

Sobre essas questões, Sundberg, citado por Rosa (2011, p. 65), opina que

[...] a vantagem é que são semelhantes às provas que os alunos realizam, e os resultados numéricos podem ser analisados estatisticamente. A vantagem é que são avaliações muito semelhantes ao cotidiano dos alunos e em alguns casos esta ‘familiaridade’ pode gerar desprezo tanto pelos alunos quanto pelo instrutor.

As questões objetivas de múltipla escolha constam de uma pergunta ou uma

frase incompleta, ambas chamadas de raiz, seguidas de certo número de respostas,

que se chamam alternativas, Essas questões apresentam a vantagem de ter uma

correção fácil e objetiva, permitindo incluir vários assuntos numa só avaliação, e os

alunos levam relativamente pouco tempo para responder. Apresentam também

algumas desvantagens, pois exigem conhecimento da técnica de construção de

itens e não servem para medir a capacidade do aluno para expressar-se claramente

e de forma lógica e criativa. A escolha por esse tipo de questão no estudo pode ser

justificada pelo tempo reduzido da professora para cumprir o seu planejamento em

tempo reduzido diante da carga horária destinada a UD.

Quanto à confiabilidade dos dados obtidos, os Pré-testes geralmente têm

maior confiabilidade, pela própria ingenuidade dos alunos, pois, para eles, parece

uma prova e, por isso, levam a sério. Já no Pós-teste, a confiabilidade pode ser

questionável, já que os alunos sabem que o desempenho deles não vai afetar a

nota. Neste estudo, nos dois momentos, as questões foram avaliadas para o 4º

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bimestre de 2010, uma vez que constava no planejamento e no cronograma escolar

para a UD proposta.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme mencionado anteriormente, as aulas de Biologia para as duas

turmas participantes da pesquisa, referentes à UD, foram observadas de maneira

sistemática durante o 4º bimestre, de outubro a novembro de 2010, totalizando 12

horas/aula de 50 minutos, para cada turma.

No discorrer a UD, apresentamos inicialmente as observações de sala de

aula, pois existem aspectos importantes que têm lugar no processo de ensino e

aprendizagem como: conversa dos alunos, preparo das aulas, convivência com os

colegas, entre outros. Em seguida apresentamos os resultados obtidos nos

instrumentos de investigação:

a) Pré-teste: IS1, IS2, IS3;

b) Pós-teste: IS4 – questões iguais às do Pré-teste;

c) Produto gerado a partir da motivação dos estudantes participantes da

pesquisa com a elaboração de artigos científicos, levando à criação da

revista Bionews Magazine, publicada no Portal do Professor, do MEC.

(PORTAL DO PROFESSOR, 2012).

Logo de início, pude perceber a receptividade da professora Telma ao

disponibilizar todo o material que utilizaria em sala de aula, como os slides de Power

Point, os textos xerocados de livros didáticos, os IS para a realização deste trabalho,

dentre outros. O foco das minhas observações foi a UD abordada, a metodologia

utilizada pela professora e as relações interpessoais ocorridas durante as aulas.

Antes de iniciar a pesquisa, a professora Telma relatou que as turmas

observadas eram de perfis diferentes em relação ao interesse pela disciplina,

contudo, em termos de rendimento eram semelhantes.

5.1 Descrição e análise das observações das aulas

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Em todas as aulas, em ambas as turmas, a professora entrava na sala,

sentava-se e fazia a chamada. Depois, dava início à aula. Sempre retomava o

assunto que havia sido trabalhado na aula anterior, para tornar mais significativa as

informações que transmitiria: como exemplo, antes de iniciar o conteúdo de

biotecnologia, retomou o conceito de gene, que foi bastante trabalhado nas aulas de

genética do bimestre anterior. Telma retomou através de um Mapa Conceitual os

conceitos importantes de DNA, cadeias polinucleotídicas, duplicação

semiconservativa, dupla hélice do DNA, desoxirribonucleotídeos, ligações de

hidrogênio e polimerases e DNA. Salientou que esses conceitos são importantes

para a ancoragem dos novos conceitos a serem ensinados em biotecnologia. Pela

teoria da aprendizagem significativa, a nova informação ancora-se em subsunçores

relevantes que, neste caso específico, são a genética e a citologia, já preexistentes

na estrutura cognitiva dos alunos.

Em todas as aulas, a professora permitiu e motivou os alunos a participarem,

oferecendo espaço para esclarecer dúvidas e para perguntas, sendo que, ao

respondê-las, sempre se dirigia ao aluno, chamando-o pelo nome. Situações

ilustrativas, que mostram este episódio, são elucidadas para as turmas de Química e

Mecânica:

Al (Qui): Professora, como é obtida a insulina artificial? Telma: A técnica empregada para a obtenção da insulina artificial é a do DNA Recombinante. Com essa tecnologia, utiliza-se a bactéria Escherichia coli. Sendo geneticamente modificada, ela passa a ser capaz de sintetizar o hormônio em menor tempo e em maior escala. Pode beneficiar pessoas com diabetes Mellitus possibilitando-lhes uma vida normal.

Al (Mec): O que é vacina gênica? Li numa reportagem que está em estudo para tratamento da tuberculose. Isto procede? Telma: De fato, estudos estão abrindo novas perspectivas para o combate da tuberculose, doença que provoca a morte de milhões de pessoas a cada ano no mundo, a maioria de baixa renda. Com a ajuda da nanotecnologia, será possível permitir a veiculação e a liberação controlada de uma vacina de DNA no organismo humano. É considerada pelos cientistas mais eficaz e segura que a vacina convencional, normalmente preparada a partir de uma parte atenuada do agente causador da doença.

Cunha (1989) constatou em sua pesquisa que não é comum que os alunos

interrompam a aula para que o professor explique expressões que não dominam,

pois temem o erro, e o silêncio seria uma forma de proteção da avaliação do

professor. Cabe ao professor a iniciativa de esclarecer conceitos e explicar

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claramente sua fala. Porém, a participação do aluno é fundamental, segundo a

autora, e existem estratégias que favorecem esta participação, por exemplo, quando

o professor se aproxima do aluno, chamando-o pelo próprio nome. Esse

comportamento do professor permite uma interação que faz o aluno se sentir sujeito

do ato de aprender.

Em determinados momentos, a professora Telma percebia dispersão e

conversas paralelas entre os alunos e intervinha de forma enérgica, retomando o

domínio de sua aula. Vale ressaltar que a turma de Mecânica se mostrava mais

inquieta e dispersa, e estas intervenções eram mais frequentes. Quanto à execução

das tarefas programadas pela professora, os alunos, em ambas as turmas, se

mostravam ativos e participativos, fazendo as atividades propostas muito

rapidamente. Em um determinado momento, durante a realização da pesquisa,

Telma relatou que precisava ter sempre mais atividades preparadas, porque os

alunos eram proativos e sempre terminavam as tarefas num tempo menor do que

ela havia planejado.

Todas as aulas expositivas foram dialogadas, contudo, Telma utilizou em toda

aula o Mapa Conceitual de engenharia genética/biotecnologia, como organizador

explicativo, retomando os conceitos-chave a serem trabalhados em cada aula.

Segundo Ausubel, citado por Moreira e Masini (2011, p. 23),

[...] a essência da aprendizagem significativa está em que as ideias simbolicamente expressas sejam relacionadas de maneira não arbitrária e substantiva (não literal) ao que o aprendiz já sabe, ou seja, a algum aspecto relevante da sua estrutura de conhecimento, por exemplo, algum símbolo, conceito ou proposição já significativo.

Durante as aulas observadas, foi possível verificar uma grande interação da

professora com os alunos ao expor o conteúdo, como também na realização das

tarefas e nas leituras dos textos sugeridos. Quando solicitada para um atendimento

individual, ela atendia o aluno de forma entusiástica, motivando uma participação

coletiva.

No desenvolvimento das atividades propostas, já mencionadas no

cronograma, corresponderam às apresentadas pelo livro didático, acrescidas de

outros textos para leituras complementares. A professora relatou que em algumas

aulas de genética ela sempre levava para a sala de aula um carrinho cheio de livros

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de diversos autores e os distribuía entre os grupos de alunos para realização de

atividades. Telma ponderou que a diversidade de materiais para um mesmo assunto

e com diferentes enfoques incentiva os alunos à leitura e à sua interpretação.

Durante as aulas expositivas, Telma tentou localizar as dificuldades dos

alunos, pórem, deixou-os em liberdade, para que se posicionassem. Foi possível

notar, pelos comentários e argumentações dos estudantes, que eles identificaram

questões e compreenderam os seus significados, uma vez que foram além dos

conteúdos explicitados em sala de aula, com questões controversas de

biotencologia, como trangenia, clonagem, dentre outras. Como alerta Prewitt (2007),

citado por Kraschilchik e Marandino (2007), há necessidade de uma compreeesão

para se fazer um julgamento bem informado sobre assuntos relacionado à

engenharia genética.

Nas aulas 1 e 2, nas quais seria abordada a UD de biotecnologia, Telma

destacou a minha presença. Ressaltou que as aulas transcorreriam de forma natural

e a dinâmica não seria alterada com minha presença. Mencionou rapidamente

algumas questões atuais veiculadas pela mídia sobre o tema, com o intuito de

estimular a turma ao estudo do novo tópico, após o estudo da genética, no bimestre

anterior. O plano de atividades previstas pela professora Telma estava em

consonância com o planejamento bimestral e, portanto, foram avaliativas.

A professora chamou a atenção dos alunos para a importância do ensino de

Biologia, em particular da biotecnologia, diante de situações reais. Salientou que o

conhecimento científico possibilita o posicionamento e a argumentação firmes a

favor ou contra fatos e questões polêmicas que fazem da vida das pessoas.

Sendo as aulas de Biologia geminadas, Telma, num primeiro momento,

aplicou nas duas aulas os IS1, IS2 e IS3. Solicitou aos alunos, de ambas a turmas,

em seus definidos horários de aulas, que respondessem individualmente às

questões dos ISs. Durante a aplicação do Pré-teste, auxiliou os estudantes em

diversos momentos, esclarecendo as dúvidas de entendimento em relação às

questões, sem, no entanto, respondê-las, e solicitou que as respondessem

individualmente, e da melhor maneira possível, tendo o máximo de atenção. Essa

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atividade teve a duração de 01h10min minutos. Ao término da segunda aula, a

professora recolheu o material para posterior avaliação/correção.

Nas aulas 3 e 4, Telma comentou os ISs aplicados na aula anterior. Ressaltou

que a genética estudada no bimestre anterior, acrescida das informações

procedentes dos meios de comunicação, às quais eles estão diariamente expostos,

constituíam aspectos relevantes para o processo da aprendizagem da UD. De

acordo com Moreira e Masini (2011), o novo se integra ao conhecimento já

existente, e ambos se modificam.

Em seguida, apresentou um vídeo com duração de 6 minutos e 53 segundos.

O vídeo trata da biotecnologia, a engenharia dos genes. Esse material constituiu um

dos organizadores prévios, como descrito na estruturação da pesquisa. Sua

utilização contribuiu como facilitador no processo da aprendizagem, pois

proporcionou ao aluno um contexto assimilativo mais significativo, unindo, assim, o

que ele já sabia ao que ele necessitava saber.

Após a exibição do vídeo, a professora fez algumas observações. Dando

continuidade à aula, entregou para cada aluno o texto adaptado “Biotecnologia e

Reprodução”, de Silva Júnior, Sasson e Caldini Júnior (2010) (APÊNDICE H). O

texto trata da biotecnologia de forma conceitual e contextualizada, de maneira

consistente com o vídeo exibido. Em seguida, levantou uma questão do cotidiano

sobre as pesquisas recentes de plantas transgênicas, levando em consideração a

produtividade; a nutrição; a resistência à seca; a necessidade de menor quantidade

de agrotóxicos. Finalizando a aula, apresentou um slide no Data Show, com os

conceitos básicos de biotecnologia, seus significados e desdobramentos, conforme

ilustrado no Quadro 5:

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BIOTECNOLOGIA

Coluna 1 Coluna 2

Conceitos básicos de biotecnologia

Significado dos conceitos e seus desdobramentos

Engenharia Genética Processo de manipulação dos genes num organismo.

Clonagem Produção de indivíduos geneticamente iguais, por reprodução assexuada.

Terapia Transgênicos OGMs Agricultura

Pecuária

Células-tronco Células capazes de multiplicar-se e diferenciar-se nos mais variados tecidos do corpo humano.

Embrionárias

Adultas

Tecnologia do DNA recombinante

Conjunto de técnicas para localizar, isolar, alterar e estudar segmentos de DNA.

Projeto Genoma Humano Mapeamento do genoma humano e identificação de todos os nucleotídos que o compõem.

PCR – Reacção em cadeia da polimerase (em inglês, Polymerase

Chain Reaction)

Método de amplificação (de criação de múltiplas cópias) de DNA (ácido desoxirribonucleico) sem o uso de um organismo vivo.

Teste de paternidade

Criminalística

Biotecnologia Industrial

Processos industriais em diversos segmentos: saúde humana, agricultura, alimentícia, engenharias em geral. Busca reduzir custos e proteger o meio ambiente.

Farmacêutica

Engenharias

Bioética Uma ética aplicada que visa lidar com os conflitos e controvérsias morais implicados pelas práticas no âmbito das Ciências da Vida e da Saúde

Quadro 5 – Conceitos básicos da biotecnologia seus significados e desdobramentos

Fonte: Plano de Aula de Biologia do CEFET-MG, 201018.

Nas aulas 5 e 6, Telma retomou sua fala em relação à importância da

genética para o entendimento de novas tecnologias aplicadas nas áreas da genética

molecular. Explicou que esta área específica está diretamente relacionada ao

domínio do conhecimento dos conceitos básicos dos genes, dos cromossomos, da

divisão celular, da expressão gênica, dos ácidos nucleicos.

18 Plano de Aula da disciplina de Biologia Geral do CEFET-MG 2010.

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Antes de expor e explicar o Mapa Conceitual de engenharia

genética/biotecnologia, organizador explicativo, Telma retomou o conceito de “gene”,

visto nas aulas de genética, no bimestre anterior. Advertiu que para aprender o

conceito de DNA (ácido desoxirribonucleico) é necessário dominar conceitos

prévios, desde as noções básicas do que é uma substância até o conceito específico

de “desoxirribonucleotídeos”, a unidade que compõe a molécula de DNA.

Continuando sua explicação, salientou serem particularmente úteis os Mapas

Conceituais, pois, através deles, é possível identificar rapidamente os conceitos

básicos necessários ao aprendizado de novos conceitos mais específicos, partindo

dos mais abrangentes e inclusivos.

Na dinâmica de sua aula, Telma buscou um exemplo familiar, para que os

alunos pudessem entender a construção de um Mapa Conceitual. Nessa etapa,

procurou levantar os conhecimentos da genética, elaborando um Mapa Conceitual

de DNA e de Cadeias Polinucleotídicas. O Mapa Conceitual foi construído na lousa,

e cada conceito foi acrescido oralmente de uma explicação, sempre ressaltando e

valendo-se dos conhecimentos das unidades de Biologia vistas anteriormente pelos

estudantes.

Figura 9 – Mapa Conceitual com várias proposições interligadas relativas ao

DNA, utilizado no plano de aula Fonte: AMABIS; MARTHO, 2004, p. 29.

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Ao término da elaboração e da explicação do Mapa Conceitual, no qual várias

proposições interligadas relativas ao DNA foram necessárias, Telma elucidou qual a

importância do uso de um Mapa Conceitual em suas aulas de biotecnologia.

Explicou que os Mapas são diagramas bidimensionais que relacionam conceitos de

uma determinada área do conhecimento. Ressaltou que conhecer e compreender as

características que definem um conceito é essencial para aprendê-lo.

A utilização do Mapa Conceitual, como um organizador explicativo, utilizado

por Telma para organizar a UD de forma não arbitrária, introduziu os conceitos-

chave de biotecnologia vinculando-os à sua preocupação com a promoção da

aprendizagem significativa. Ao se organizar usando o Mapa Conceitual, Telma

facilitou suas aulas, tanto para os alunos quanto para si, procurando dar o maior

número de significados ao objeto de aprendizagem.

Prosseguindo a aula, Telma apresentou e explicou, com um slide no Data

Show, um Mapa Conceitual com os conceitos-chave de biotecnologia, iniciado com o

conceito da Engenharia Genética, conceito mais abrangente e inclusivo. Ela

salientou para as turmas que o estudo da biotecnologia visa à abordagem molecular

da genética, e o seu foco está nos genes, como estão dispostos no DNA, como se

duplicam e como são expressos. Lembrou, ainda, que o estudo da genética

molecular está em franco desenvolvimento e mostra que o caráter hereditário não é

o gene em si, mas está nos genes.

A Figura 9 mostra o Mapa Conceitual apresentado por Telma para a

compreensão inicial dos alunos sobre a nova UD.

Nas aulas 7 e 8,Telma projetou um slide no Data Show, que distingue, na

linha do tempo, a evolução da Engenharia Genética, como mostra o Quadro 6:

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ENGENHARIA GENÉTICA: HISTÓRICO

1952 Nasce o primeiro bezerro proveniente de inseminação artificial

1968 São descritas as enzimas de restrição, bisturis biológicos que cortam sequências de DNA.

1972 São obtidas as primeiras moléculas de DNA recombinante.

1973 Um gene de sapo é inserido no DNA de uma bactéria. Nasce a Engenharia Genética.

1976 Fundada a primeira companhia de Engenharia Genética (EUA). 1978 Nasce o primeiro bebê de proveta, uma garota inglesa. 1982 A insulina é produzida a partir de uma bactéria geneticamente modificada. 1990 Início formal do Projeto Genoma. É usada pela primeira vez a terapia genética.

1994 Liberado nos EUA o primeiro alimento (tomate) geneticamente modificado para o consumo.

1996 Nasce a ovelha Dolly, o primeiro mamífero clonado a partir da célula de um animal adulto.

2000 Anunciado o final do sequenciamento do genoma humano. 2001 Tem início o protonema, sequenciamento das proteínas humanas.

Quadro 6 – Principais descobertas da Engenharia Genética na linha do tempo Fonte: Evolução histórica da Engenharia Genética, elaborada por Telma.

No tocante à biossegurança, assunto de grande importância na temática,

Telma explicou o significado do termo como ciência responsável por controlar e

minimizar os riscos da utilização de diferentes tecnologias em laboratórios ou

quando aplicadas ao meio ambiente. Ela ressaltou que a Lei de Biossegurança no

Brasil foi aprovada em 1995, gerando a constituição da Comissão Técnica Nacional

de Biossegurança (CTNBio), pertencente ao Ministério da Ciência e Tecnologia

(MCT). Esse fato permitiu que se iniciassem testes de cultivos geneticamente

modificados, que são hoje mais de 800. O Decreto nº 3.871/01 obriga que seja

indicada nos rótulos de produtos importados a presença de organismos

geneticamente modificados ou que o produto em questão foi produzido a partir

destes. A Medida provisória nº 13103 estabelece normas para o plantio e a

comercialização da produção de soja da safra de 2004.

Após essa explicação, Telma entregou para cada aluno um texto para uma

leitura complementar: “A Bioquímica da Engenharia Genética” (APÊNDICE L).

Seguido da leitura, a professora dividiu a turma em grupos de quatro alunos e

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solicitou que cada grupo propusesse uma questão relacionada ao assunto. Após

algum tempo, recolheu de cada grupo a questão formulada e reservou-as.

Em seguida, cada grupo apresentou para toda a sala os principais aspectos

do texto lido. Quando todos apresentaram, ela redistribuiu as questões, tomando

cuidado para que cada grupo não recebesse as próprias questões formuladas.

Houve interação e participação de todos e, ao final da aula, Telma recolheu de todos

os grupos as questões para fazer sua avaliação posteriormente.

Finalizando sua aula, a professora, em ambas as turmas, pediu que os alunos

pesquisassem sobre a legislação de transgênicos no Brasil. Solicitou também que os

alunos observassem os rótulos dos alimentos com o símbolo de transgenia e, se

consumidos, levassem suas embalagens para sala de aula. A Figura 10 mostra

algumas embalagens levadas pelos alunos:

Figura 10 – Embalagens de alimentos levadas pelos alunos Fonte: Arquivo pessoal.

Símbolo de produtos transgênicos

Durante a discussão sobre transgênicos, os alunos se mostraram muito

participativos e bastante interessados, e houve troca de embalagens entre os

colegas. Algumas falas valem ser ressaltadas:

Al (Qui): Na embalagem do óleo de soja que trouxe da minha casa o rótulo do produto, além do símbolo de trangenia, também tinha uma nota dizendo não conter colesterol como todo óleo vegetal. Sei que é nosso direito saber sobre o produto que vamos consumir pelo Código de Defesa do Consumidor.

Al (Mec): O tomate Flavr Savr foi utilizado no molho da macaronada que comemos neste fim de semana. Este tomate é um alimento OGM e seu amadurecimento é mais lento, o que diminuiu as perdas por aprodrecimento nos supermercados e sacolões.

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Nas aulas 9 e 10, Telma levantou alguns pontos sobre biossegurança

passando em seguida para a leitura do texto “O que a Clonagem pode fazer”,

adaptado do livro “Biologia Integrada” (CHEIDA, 2003) (APÊNDICE M).

Algumas falas de alunos durante a aula sobre clonagem valem ser

ressaltadas:

Al 1 (Qui): A rejeição de órgãos nos transplantes poderia ser resolvida se a clonagem em seres humanos fosse permitida para fins terapêuticos.

Al 2 (Qui): A clonagem é uma biotecnologia muito simples, mas as igrejas, de modo geral, considerem um atentado à dignidade humana. Acho que têm algumas religiões que veêm benefícios na clonagem terapêutica, e esta técnica também fabrica clones.

Al 3 (Qui): Sei que a clonagem é muito comum. Todas as células do corpo de um organismo pluricelular correspondem a clones, portanto, são geneticamente iguais.

Al (Mec): Os gêmeos univitelínicos são clones. Na reprodução assistida, os embriões são obtidos pela divisão de embriões fertilizados in vitro.

Utilizando-se do Mapa Conceitual de engenharia genética/biotecnologia, e de

um slide, a professora passou a explicar o conceito de célula-tronco. Recorreu a um

artigo de Vanessa Vieira, de uma revista de circulação, denominado “As

embrionárias é que curam: pesquisa na área de cardiologia mostra a superioridade

das células de embriões sobre as adultas” (APÊNDICE N).

Depois da discussão sobre o artigo, foram levantadas algumas questões

pelos alunos, que valem ser ressaltadas:

Al (Qui): Sei que há também muitas implicações de ordem religiosas envolvidas para tratamentos com células-tronco. Acho que quando a ciência tiver avançado bastante neste sentido, este procedimento trará benéfico no tratamento de diversas doenças.

Al (Mec): A capacidade de as células-tronco se transformarem em diferentes tecidos, órgãos, não chegou ainda nos humanos. Estas células são conseguidas do cordão umbilical. Ouvi esta notícia no programa Fantástico.

Depois de esclarecidas as dúvidas, Telma passou ao Projeto Genoma

Humano (PGH), com um texto complementar (APÊNDICE O), mas sempre retomava

o Mapa Conceitual, o organizador explicativo. Telma destacou que o início do PGH

ocorreu em 1990, objetivando mapear e sequenciar o genoma do Homo sapiens, e

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foi concluído oficialmente em 26 de julho de 2000, com cerca de 90% do

mapeamento e sequenciamento finalizado. Porém, foi em 14 de abril de 2003 que os

cientistas anunciaram que finalizaram a tarefa, alcançando 99,9% de precisão.

Após o comentário sobre o PGH, Telma destacou que caiu por terra a teoria

que uma enzima (proteína) está relacionada a um gene. A formulação correta agora

é: um gene – muitas proteínas. Ela ressaltou que Keller (2002), na obra intitulada o

“Século do gene – uma proteína”, afirma que o gene pode funcionar de muitas

maneiras diferentes, dependendo do contexto. Daí, uma novidade atual: um gene,

muitas proteínas; uma alerta, uma proteína, muitas funções.

Na turma de Mecânica, após essa explicação, um aluno indagou: “Qual o

significado de mapear o genoma humano?”. A professora explicou, então, que

mapear o genoma humano significa compreender cada uma de nossas

características. Dessa maneira, é possível identificar quais são os genes que

provocam as doenças genéticas e o que possibilita preveni-las e eliminá-las. Em

seguida, Telma advertiu que os cientistas têm dúvidas sobre “o gene”, no sentido de

como confiar na inocuidade dos produtos da engenharia genética, que manipula o

que não conhece, não sabe para que serve o “DNA lixo” (um terço ou até metade do

genoma), e não deve estar ali à toa, o que nos deixa na encruzilhada do

imprevisível. Ela esclareceu que o estudo detalhado dos genes pode sugerir onde a

humanidade se originou, de que modo evoluiu, como migrou, povoando os vários

continentes, e quando isso aconteceu. Ela explicou também a técnica do DNA

recombinante. Com um slide do Mapa Conceitual organizador explicativo, a

professora assinalou a utilização dessa técnica na produção de vacinas, insulina

humana, vitaminas, medicamentos, terapia gênica, OGMs e plástico biodegradável

(recurso renovável). Ressaltou também que o DNA recombinante utiliza a enzima de

restrição para cortar pontos específicos no DNA de um organismo, e que o pedaço

cortado é introduzido em outro organismo diferente. Com esse processo, o

organismo passa a fazer várias cópias idênticas do DNA estranho.

Complementando sua aula, Telma entregou a cada aluno um texto sobre o

teste de paternidade, acrescido de fragmentos de noticiários, apontando a

importância do DNA em diversas situações judiciais (APÊNDICE P).

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Nas aulas 11 e 12, Telma iniciou salientando a importância dos

conhecimentos biológicos para se familiarizar com as novas biotecnologias e

questioná-las, parte substancial do temário da bioética.

Em seguida, leu o texto de Cheida (2003), “Jaycee: Órfão de Ninguém”

(APÊNDICE Q), elucidando uma situação real de uma nova possibilidade científica

com julgamento ético. Depois, ela organizou a turma em grupos de quatro alunos,

pedindo que discutissem e se posicionassem sobre a seguinte questão: Nem

sempre há acordo sobre até onde se pode ou se deve ir. Com isso, surge um

inegável dilema: o que pode ser feito versus o que deve ser feito.

Finalizando a 11ª aula, a professora explicou que as biotecnologias, em geral,

e especialmente as manipulações genéticas, acenam com esperanças e ameaças

para a humanidade. Talvez curem doenças genéticas, talvez gerem medicamentos

mais potentes e alimentos de “proveta”, mais nutritivos e em maior quantidade que

os produzidos pelas técnicas agrícolas tradicionais, porém, temos que pensar

sempre nos impactos que essas manipulações terão na natureza e no futuro da

espécie humana.

Retomando o Mapa Conceitual de engenharia genética/biotecnologia, ela

observou que a Engenharia Genética integra a Terceira Revolução Industrial e os

acontecimentos gerados por ela são muito importantes para a história da

humanidade. Devido à sua importância, a história pode ser dividida em pré e pós-

engenharia genética, por causa dos impactos e modificações que essa biotecnologia

provocou na medicina, na pecuária, na agricultura e na vida em sociedade.

Em sua última aula destinada à UD, Telma aplicou a avaliação final (Pós-

teste), semelhante ao Pré-teste, com dez (10) questões objetivas.

Segundo Ausubel, Novak e Hanesian (1980), a compreensão genuína de um

conceito implica a posse de significados claros, precisos, diferenciados e

transferíveis. O organizador explicativo utilizado conferiu uma projeção prática da

teoria da aprendizagem de Ausubel, centrado no aluno, na tentativa de uma

apropriação dos conceitos biotecnológicos. Um dos grandes desafios que se coloca

ao professor é o de ajudar o aluno a tornar-se consciente das estratégias de

aprendizagem que usa para construir (reconstruir) conceitos. Outro desafio é o de

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propiciar situações de ensino que contemplem o uso dessas estratégias (LEWIS

apud PAIVA; MARTINS, 2005).

5.2 ISI

Os dados coletados e as discussões ocorridas nas turmas de Química e

Mecânica estão descritos nas seções que se seguem, e os resultados do IS1 estão

apontados nos Quadro 7:

PERGUNTAS

RESPOSTAS TURMA DE QUÍMICA TURMA DE MECÂNICA

SIM %

NÃO %

NÃO SEI OPINAR

% NULO

% SIM %

NÃO %

NÃO SEI

OPINAR %

NULO %

01 Você define corretamente o que é biotecnologia? 72 21 03 03 71 20 09 00

02 Você costuma ler publicações sobre biotecnologia?

81 19 00 00 57 20 23 00

03 Você se considera motivado ao iniciar o estudo sobre biotecnologia?

63 25 12 00 49 40 11 00

04

Você, enquanto aluno do Curso Técnico de Química, considera que o estudo da biotecnologia é relevante para sua área?

91 09 00 00 63 29 08 00

05 Você vê alguma relação entre biotecnologia e ética?

81 00 16 03 74 06 20 00

06 Você acredita que no futuro a biotecnologia irá melhorar nossa vida?

75 06 13 06 69 31 00 00

Quadro 7 – Resultado do IS1 aplicado aos alunos de Química e Mecânica Fonte: Elaborado pela autora.

Pela análise, podemos observar que 70% dos alunos, em ambas as turmas,

julgaram saber definir corretamente o que é biotecnologia. Considero que esta

pergunta dificilmente seria respondida negativamente, pois o filme “Gattaca”,

apresentado durante uma aula de genética, interage a genética à biotecnologia

reprodutiva (discutindo a eugenia), servindo de base para essa conceituação.

Quanto à informação através de publicações, 81% dos alunos de Química

demonstraram maior interesse em ler publicações na área, enquanto apenas 57%

dos alunos de Mecânica demonstraram esse interesse. Quanto à motivação ao

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estudo da biotecnologia, Química (63%) superou (Mecânica 49%). A motivação é

subjetiva, contudo, pode ser estimulada, dependendo da forma como o professor

conduz sua prática de ensino.

Quanto ao posicionamento dos alunos em relação à relevância do estudo da

biotecnologia, 91% dos alunos de Química julgaram relevante, fato que pode se

justificar por interagir à sua futura área profissional. Em contraposição, 63% dos

alunos de Mecânica julgaram o tema distante de sua atuação profissional, o que

considero errôneo, tendo em vista que a possibilidade de interação com temas como

a biomecânica, que leva em conta conhecimentos da Biologia aplicada à mecânica.

Quanto à relação da biotecnologia e a ética, 81% dos alunos de Química

correlacionaram a ética à biotecnologia, enquanto 74% dos alunos de Mecânica

fizeram essa correlação. Esse resultado pode ser atribuído também às discussões

da ética em sala de aula, após a exibição do filme “Gattaca”.

Wood-Robinson et al. (1998) enfatizam que os conteúdos relacionados à

genética contemporânea geram grande interesse entre os estudantes, e isso poderia

dar margem às discussões centradas em questões éticas, políticas e econômicas

suscitadas pelas pesquisas atuais.

Menezes (1996) considera a extrema importância da abordagem de

pesquisas científicas atuais em sala de aula, assim como dos problemas sociais,

econômicos, tecnológicos, ambientais e éticos envolvidos. Porém, o autor ressalta

que é preciso apresentar tais problemáticas em exercício real, ou seja, abordar os

temas que estão diariamente apresentados pelos meios de comunicação, não

apenas num plano informativo, e sim através de discussões de interesse direto do

estudante. Isso corrobora os resultados observados com a questão citada

anteriormente.

Quanto à percepção dos alunos sobre no futuro a biotecnologia melhorar a

vida das pessoas, os resultados apontam que 75% dos alunos de Química e 69%

dos alunos de Mecânica acreditam nessa possibilidade. Lewis, Leasch e Diver

(1998), em seus estudos, constataram que, apesar de os estudantes terem

consciência das implicações dos conhecimentos de biotecnologia e da atitude que

irão tomar frente ao uso de suas tecnologias, possuem pouca familiaridade com

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termos relacionados a essa área. Os alunos já traziam informações sobre a

aplicabilidade da biotecnologia, assunto amplamente discutido na mídia e no

ambiente escolar nas aulas de genética. O contato com assuntos relacionados à

biotecnologia, muito provavelmente se deve à influência dos meios de comunicação

em massa, contudo, no ensino de biotecnologia o professor precisa ter em mente

não só o objeto de estudo, mas, principalmente, o que o aluno precisa aprender, e

sua motivação e interesse por esse estudo.

5.3 IS2

No IS2, foi solicitado que os alunos discorressem sobre alguns conceitos-chave

de biotecnologia: clonagem, célula-tronco, Projeto Genoma, transgênicos,

identificação de espécies em extinção, biossensores, biomateriais biorreatores,

biomateriais, biocombustíveis. O Quadro 8 mostra o resultado dessa sondagem:

Conceitos Acertos

Química % Mecânica % Clonagem 27 84 19 54

Célula-tronco 28 87 25 63

Projeto Genoma 10 31 05 14

Transgênicos 32 100 19 54 Identificação de

pessoas 22 69 20 57

Recuperação de espécies 10 31 22 63

Biossensores 07 22 00 00

Biomateriais 23 71 19 54

Biorreatores 07 22 03 87

Biocombustíveis 32 100 25 71

Quadro 8 – Resultados em valores % de acertos do IS2 para as duas turmas Fonte: Elaborado pela autora.

O quadro aponta os valores em percentuais de acertos relacionados aos

conceitos-chave de biotecnologia pelos alunos de Química e Mecânica. Foram

considerados assertivos, pela professora Telma, os conceitos nos quais os alunos,

em suas respostas, apontaram um indicativo de conhecimentos prévios.

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Dos quatro primeiros conceitos de grande veiculação nos meios de

comunicação em massa (clonagem, célula-tronco, projeto genoma e transgênicos), o

que incidiu menor valor percentual de acertos, para ambas as turmas, foi Projeto

Genoma Humano (PGH), com 31% para Química e 14% para Mecânica. Alguns

alunos responderam estar ouvindo a expressão pela primeira vez. Constatou-se no

IS1 que 81% dos alunos de Química e 57% de Mecânica responderam terem lido

sobre biotecnologia, porém, a leitura de reportagens em ambas as turmas não foi

suficientemente satisfatória para fornecer informações relevantes sobre o assunto.

Esse resultado foi surpreendente, uma vez que o PGH foi bastante discutido na

mídia e consta dos livros didáticos de Ensino Médio.

Pela análise, podemos observar que 84% dos alunos de Química

conceituaram clonagem como cópia idêntica pela reprodução assexuada, contudo,

foram além ao se basearem na referência de genes e genótipo para a identidade de

características entre os clones. Em contrapartida, 54% dos alunos de Mecânica

identificaram o clone em espécies vegetais e também como provenientes de duas

espécies diferentes com mistura de DNA. A capacidade do estudante em organizar e

processar a informação, segundo Klempa (1991), depende da conexão significativa

com os conceitos e da competência linguística do estudante, e os alunos de Química

manifestaram melhor domínio.

Em relação à célula-tronco, 87% dos estudantes de Química a relacionaram

ao tratamento de doenças, enquanto 63% dos estudantes de Mecânica a

relacionaram à produção de novas células ou órgãos. Quanto ao conceito de

transgênicos, a totalidade dos estudantes de Química acertou o conceito, além de

ter identificado as vantagens e as desvantagens do seu uso. A compreensão das

estruturas moleculares do DNA foi necessária para que esses alunos obtivessem

esse resultado, ao estabelecerem as relações entre o DNA e os transgênicos.

Resultados semelhantes foram obtidos por Tavares et. al. (2003), que aponta que,

para compreender estruturas microscópicas, como a molécula de DNA, seria

necessária a contextualização desse conteúdo em situações diversas vivenciadas

pelos estudantes, de forma que estes pudessem estabelecer relações entre o DNA e

os organismos transgênicos. 54% dos alunos de Mecânica não o relacionaram aos

seus conhecimentos prévios da citologia e da molécula de DNA e relacionaram mais

às questões éticas envolvidas no processo. Pelo IS1, os alunos de Química

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demonstraram maior interesse pelas leituras e publicações, alcançando melhor

resultado na questão. Embora a mídia possa gerar conceitos equivocados, o

professor deve empenhar-se em reconstruir estes conceitos em suas aulas.

Para identificação de pessoas, 69% dos estudantes de Química responderam

assertivamente, em oposição a 57% dos de Mecânica. Como a identificação de

pessoas depende de técnica laboratorial (a eletroforese), os alunos de Química, por

conhecerem a técnica pelas aulas práticas, obtiveram melhor resultado. No entanto,

a identificação de pessoas envolve também teste de paternidade e a criminalística,

assunto que desperta grande curiosidade nos estudantes, já que aparece em filmes

de investigações e em noticiários criminais. De fato, o resultado entre as duas

turmas não foi muito discrepante. Devemos levar em conta que grande parte dos

alunos citou a investigação criminal da série CSI – uma popular e premiada série

dramática americana exibida pelo canal CBS, centrada em investigações do grupo

de cientistas forenses do departamento de criminalística da polícia de Las Vegas,

Nevada.

Para a recuperação de espécies em extinção, 31% dos estudantes de

Química relacionaram à ancestralidade evolutiva da molécula de DNA, à mudanças

de genomas, e citaram a clonagem como inviável neste processo. Em contrapartida,

63% dos alunos de Mecânica relacionaram ao manejo de animais em cativeiros,

possibilitando um melhoramento genético de espécies.

Na Química, 22% identificaram biossensores como elementos sensíveis à

medição de sinais biológicos, associando-os à temperatura corporal e à pressão,

enquanto na Mecânica a totalidade não deu indicativo de conhecimento deste

conceito. Quanto aos biomateriais, 71% dos alunos Química relacionaram os

materiais compatíveis com o organismo vivo, apontando conhecimento prévio. Em

contrapartida, os 54% de Mecânica os correlacionaram como materiais para

tratamento de doenças. Quanto aos biorreatores, 22% dos de Química relacionaram

a tanque de bioprocessos e de degradação de microrganismos, enquanto os de

Mecânica (87%) relacionaram com a produção de biomateriais.

Para o conceito de biocombustível, a totalidade dos alunos de Química

acertou, correlacionando com a origem biológica e não fóssil; como combustível

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produzido a partir de plantas; e como combustível menos poluente que os derivados

do petróleo, demonstrando conhecimento prévio sobre o assunto. Já na Mecânica,

71% dos estudantes reconheceram a forma de obtenção e diversas origens, como a

cana-de-açúcar, a soja e o milho. Apesar de a turma de Química ter obtido a

totalidade dos acertos, considera-se que os resultados dos alunos da Mecânica

foram significativos, pois conceituaram adequadamente, reconhecendo-o também

como uma fonte renovável.

Pelos resultados observados no IS2, pudemos perceber que a turma de

Química obteve resultados superiores à turma de Mecânica em oito (8) dos dez (10)

conceitos propostos. A Mecânica superou a Química apenas nos conceitos de

recuperação de espécies e biorreatores. A ligação entre uma nova ideia e outra já

existente no processo de aprendizagem significativa corresponde a uma interação, e

não apenas a uma associação, e observa-se que os alunos de Química obtiveram

melhores resultados, estabelecendo relações/interações conceituais. Como a turma

de Química pelo IS1 mostrou-se mais interessada em ler publicações sobre a

temática, bem como se mostrou mais motivada ao iniciar o estudo da temática em

relação à mecância, este é um fator que deve ser levado em consideração nos

resultados observados. Outro fator que pode ser determinante no melhor

desempenho dessa turma pode estar atrelado à estrutura curricular do curso, e não

só à discplina de Biologia em si.

5.4 IS3

Como já explicitado anteriormente, o IS3 refere-se às dez questões objetivas

distribuídas em blocos. Apresentaremos os resultados e a discussão de ambas as

turmas.

5.4.1 Turma de Química e Mecânica (antes/depois)

Para uma análise descritiva das dez (10) questões objetivas (APÊNDICE G),

apresentamos em valores percentuais antes (Pré-teste) e depois (Pós-teste) das

ações e intervenções didáticas.

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Tabela 1 – Tabulação com a frequência e o percentual de acertos para cada questão das turmas de Química e Mecânica antes e depois das ações e intervenções didáticas

Fonte: Elaborada pela autora.

Pela análise, a questão 1, com o objetivo de identificar o conceito de

Engenharia Genética, partindo da interpretação de uma charge, os alunos de

Química obtiveram 97% de acertos, passando para 100% depois das ações e

intervenções didáticas e da apresentação do Mapa Conceitual, organizador

explicativo, que partiu do conceito mais amplo e abrangente de Engenharia

Genética. Os alunos de Mecânica obtiveram a totalidade de acertos antes e depois.

Trata-se de uma questão envolvendo conceito da Engenharia Genética através da

análise de uma figura, mostrando a alteração da informação genética num

organismo vivo. Pelo conhecimento prévio de genética, de expressão gênica de

seres eucariotas e de como o ambiente pode afetar a expressão dos genes, em

ambas as turmas houve a interpretação da charge satisfatoriamente.

Na questão 2, relacionada ao emprego da enzima de restrição na Engenharia

Genética, 81% dos alunos de Química responderam corretamente antes das ações

e intervenções didáticas, passando para 97% depois, enquanto que na turma de

Mecânica os acertos passaram de 94% para 89%, portanto, 4% não reconheceram a

ação das enzimas para cortar a molécula de DNA. Durante a explicação com o

Mapa Conceitual, Telma relembrou a transcrição e a tradução do DNA, assunto

abordado na citologia, possibilitando estabelecer um elo entre os conceitos já

estudados e os novos. Na turma de Química, podemos observar uma clareza

conceitual, pois houve um aumento percentual considerável, e a utilização do Mapa

QUESTÃO TURMA DE QUÍMICA TURMA DE MECÂNICA

Percentual de Acertos Antes (%)

Percentual de Acertos Depois (%)

Percentual de Acertos Antes (%)

Percentual de Acertos Depois (%)

1 97 100 100 100 2 81 97 94 89

3 53 41 51 20

4 63 53 66 60

5 63 72 51 77

6 16 44 11 83

7 81 100 91 80

8 50 59 40 60

9 69 81 83 80

10 59 56 17 71

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Conceitual e as intervenções e ações didáticas da professora possibilitaram a

melhoria do resultado nesta questão, o que na turma de Mecânica não acorreu. Para

Lopes (2007), aprender é um ato volativo, do próprio aprendiz, e, ao ensinar, espera-

se que haja disponibilidade e desejo do aprendiz em aprender.

A questão 3 refere-se à tecnologia do DNA recombinante e relaciona-o ao

Projeto Genoma. 53% dos alunos de Química acertaram antes das ações e

intervenções, passando para 41%. Observamos que houve uma diminuição de 12%

dos acertos após as ações e intervenções didáticas e do organizador explicativo, no

qual o conceito foi diferenciado, interagindo com a enzima de restrição. O PGH

envolve inúmeras possibilidades do uso da tecnologia do DNA recombinante. Na

Mecânica, havia 51% de acertos antes das ações e intervenções e 20% depois,

apontando uma diminuição de 31%. O PGH, dentre os quatro primeiros conceitos do

IS2, foi o que incidiu menor número de acertos ao discorreram sobre ele, mesmo

tendo sido muito discutido em sala de aula e pela mídia. Com uma proposta de

ensino apoiada nos preceitos de Ausubel, como aponta as etapas do item 4.4.2

(organizadores prévios), item 4.4.3 (planejamento das aulas) e item 4.4.4

(organizador explicativo), o resultado mostra que foram ineficientes para que os

alunos obtivessem melhor resultado nesta questão, em ambas as turmas. Segundo

Borasi (1988), no sentido de identificar os erros cometidos, é preciso propor

estratégias de ensino para eliminá-los. Telma buscou estratégias de ensino para

sanar a dificuldade dos alunos, embora os resultados não tenham sido satisfatórios,

o que pode ser justificado pela redução do conceito à palavra destituída da falta do

domínio da base científica que possibilitou o avanço do projeto.

Vale ressaltar que, embora a utilização de organizadores prévios seja uma

estratégia proposta por Ausubel para manipular a estrutura cognitiva, a fim de

facilitar a aprendizagem significativa, os resultados têm sido controversos.

Independentemente de quão potencialmente significativo seja o material a ser

aprendido, se a intenção do aprendiz é simplesmente a de memorizá-lo,

arbitrariamente e literalmente, tanto o processo de aprendizagem como seu produto

serão mecânicos.

A questão 4, referente às células–tronco, e a questão 5, referente à

clonagem, apresentaram 63% de acertos, antes das ações e intervenções didáticas

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para a turma de Química. Mas a questão 4 apresentou uma diminuição (10%) de

acertos depois para a Química e para a Mecânica (6%), que passaram de 66% para

60%.Trata-se de uma questão com o conceito intrínseco de células embrionárias

pluripotentes e de células-tronco maduras, e os alunos apresentaram dificuldade na

assimilação. Contudo, Ausubel chama a atenção para o fato de que, se o aprendiz

não é capaz de resolver uma questão, isso não significa necessariamente que ele

tenha somente memorizado os princípios e conceitos relevantes, implica também em

certas habilidades além da compreensão. Já na questão 5, referente à clonagem e

criação de organismos geneticamente modificados, houve 9% de aumento,

passando de 63% para 72% na Química, e um aumento de 26% na Mecânica,

passando de 51% para 77%, depois das ações e intervenções didáticas. Telma,

através do organizador explicativo, diferenciou a manipulação de genes envolvendo

a clonagem para produção de inúmeras cópias idênticas de DNA, o que permite a

seleção e modificação do organismo, como exemplo para a produção da insulina.

Ainda com o organizador explicativo, diferenciou a manipulação de genes

envolvendo a produção de células tronco, e o resultado indica que houve uma

internalização do significado pelos estudantes.

A questão 6, relacionada ao teste de paternidade, teve 16% de acerto na

Química antes das ações e intervenções didáticas, passando para 44% depois. A

questão trata do exame de paternidade, e o aluno deveria identificar a linhagem de

células na extração de sangue e pelo relato da Telma: “embora durante as aulas eu

tenha enfatizado que as hemácias são anucleadas após a maturação, parece que os

alunos estavam mais atentos à técnica em si”.

Já na turma de Mecânica houve um aumento significativo, passando de 11%

para 83%, configurando uma interação e uma compreensão do conceito pelos

estudantes. Durante as aulas expositivas, a professora tentou localizar as

dificuldades existentes na questão. Segundo Telma, os alunos de Mecânica sabiam

o conceito e a utilidade dos testes de paternidade e o julgavam confiável, mas a

maioria tinha dúvidas sobre como ele era aplicado. Além disso, muitos alunos

achavam que se extraía o DNA da hemácia, demonstrando que havia ficado uma

lacuna no aprendizado de imunologia, que se refere à maturação das hemácias e à

perda do seu núcleo.

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A partir do Mapa Conceitual, Telma diferenciou e explicou a manipulação de

genes, subsunçor para o entendimento da aplicação na tecnologia do DNA

recombinante, da enzima de restrição diferenciando até a identificação de pessoas

para o teste de paternidade e criminalística. Para Moreira e Masini (2011, p. 19-20),

[...] à medida que a aprendizagem começa a ser significativa, os subsunções devem interagir com conceitos mais gerais preexistentes tornando-se cada vez mais elaborados e capazes de ancorar às novas informações e resulta em crescimento e modificação do conceito subsunçor.

A questão 7 trata de vegetais e animais transgênicos; mutantes; radiação;

clonagem; e fenótipos, temas relacionados diretamente à biotecnologia e

amplamente difundidos pela mídia. A turma de Química passou de 81% de acertos

para 100%, depois das ações e intervenções didáticas com o uso do Mapa

Conceitual. Aqui, a pergunta principal foi se, em sua estrutura cognitiva, o aluno já

compreendia como um transgênico é formado. Já na Mecânica, os acertos foram de

91% para 80% havendo, portanto, uma diminuição de 11% no percentual de acertos.

Embora Telma tenha dado muita ênfase ao assunto durante suas aulas dialogadas,

a exibição e discussão do filme a Engenharia dos Genes, utilizado como organizador

prévio, e o organizador explicativo, não foram suficientes para realçar os

subsunçores. Mesmo diante de uma aula potencialmente significativa, o aluno pode

optar por simplesmente decorar, não internalizando seu significado.

A questão 8 trata da aplicação da tecnologia de DNA recombinante aos

processos industriais, e passou de 50% de acertos para 59% na Química. Os

conhecimentos da molécula de DNA serviram de ancoragem para o entendimento

da técnica em si, sobretudo na turma de Mecânica, tendo em vista que o acerto

passou de 40% para (60%). Utilizando-se do organizador explicativo, partindo da

Engenharia Genética esse conceito foi diferenciado com seu significado para a

manipulação de genes aplicados na tecnologia do DNA recombinante com a

utilização da enzima de restrição e reconciliado à produção de insulina.

A questão 9, relativa à biotecnologia industrial, em relação à produção de

plásticos biodegradáveis, passou de 69% de acertos na turma de Química para 81%

depois das ações e intervenções didáticas. Pela análise do IS2, o conceito de

biomateriais correspondeu a 71% assertivas para os alunos de Química. Para

responder à questão, os alunos, pelos conhecimentos prévios das aulas de

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laboratório, de técnicas industriais e processos industriais, conforme grade curricular

(ANEXO D), alcançaram melhor resultado, por terem um conhecimento da

aplicabilidade e da obtenção de produtos industrializados na produção de plásticos

biodegradáveis. Já na Mecânica, passou-se de 83% para 80%, diminuindo 3%,

contudo, a questão envolve conhecimentos de outras áreas mais distantes destes

alunos.

A questão 10, relacionada à biotecnologia industrial e ao emprego da

Engenharia Genética na produção de bactérias transformadas em biofábricas, tinha

59% de acertos na turma de Química e passou para 56%, depois das ações e

intervenções didáticas. Mesmo com os conhecimentos prévios de sua área

específica, houve uma diminuição de 3% de acertos depois. Esse resultado pode se

justificar pelo fato de os alunos não correlacionarem a aplicabilidade da Engenharia

Genética às biofábricas, termo não familiar a eles. Já na Mecânica, houve um

aumento significativo, de 17% para 71%, superando os alunos de Química, por

reconhecerem a produção da insulina transgênica à biofábricas. No Mapa

Conceitual, o conceito de Engenharia Genética foi diferenciado à manipulação de

genes e tecnologia de DNA e reconciliado à produção de insulina, interagindo os

conceitos a biofábricas.

5.5 Análises por blocos de questões pelas médias

Apresentamos, nesta seção, a tabulação da média de acertos por bloco de

questões na turma de Química e Mecânica, respectivamente, antes e depois das

ações e intervenções didáticas, conforme Tabela 2:

Tabela 2 – Tabulação da média de acertos por blocos antes e depois para as turmas de Química e Mecânica

Fonte: Elaborada pela autora.

Média de Acertos por

Bloco

Média de Acertos ANTES

(Química)

Média de Acertos DEPOIS

(Química)

Média de Acertos ANTES

(Mecânica)

Média de Acertos DEPOIS

(Mecânica)

Bloco 1 28,5 31,5 34 33

Bloco 2 17,6 19,8 19 22,4

Bloco 3 19 21 16,3 24,7

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Evidencia-se na turma de Química um aumento nas médias de acertos em

todos os blocos de questões. No bloco 1, de 28,5 para 31,5. No bloco 2, de 17,6

para 19,8. E, no bloco 3, de 19 para 21. Esses resultados reafirmam os resultados

analisados no item da seção anterior. Já na turma de Mecânica, as médias nos

blocos 2 e 3 tiveram um aumento de 19 para 22,4 e de 16,3 para 24,7,

respectivamente. Entretanto, no bloco 1, que trata de questões relacionadas à

genética, houve diminuição de 34 para 33. Esse resultado corrobora os dados de

Bonzanini e Bastos (2005) sobre concepções dos estudantes acerca dos

conhecimentos em genética e biotecnologia, os quais elaboram respostas vagas ou

pouco detalhadas ao atribuírem os fenômenos mencionados simplesmente à

genética.

5.5.1 Análise estatística por bloco de questões

O teste de McNemar é aplicável à situação do tipo antes e depois, onde cada

indivíduo é observado duas vezes: antes e depois de certo tratamento e deseja-se

testar a eficiência do tratamento. Portanto, cada indivíduo se encaixa em duas

categorias de resposta: antes e depois do tratamento. Esse teste avalia a mudança

de uma categoria para a outra. O teste de McNemar para a significância de

mudanças é aplicável a experimentos do tipo “antes e depois”, em que cada sujeito

é utilizado como seu próprio controle, e a medida é efetuada em escala nominal ou

ordinal. Quando os dados possuem escala nominal (no caso estudado 0 se errou e 1

se acertou), o teste de Mcnemar é a única opção.

As hipóteses testadas no teste χ² de McNemar são:

H0: Não existe diferença antes e depois do tratamento.

H1: Existe diferença antes e depois do tratamento.

O valor crítico da distribuição χ2 foi de 1 grau de liberdade e com

probabilidade 5% é de 3,841.

Para a turma de Química n = 32 (número de alunos) e α = 0,05 e para turma

de Mecânica n = 35 (número de alunos) e α = 0,05, a hipótese nula (hipótese de

igualdade, antes igual depois) será rejeitada quando o valor-p do teste for menor que

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5%, ou seja, menor que 0,05 e estatística de teste χ² de McNemar, com valores

superiores a 3,841. Então, o antes é significativamente diferente do depois a 5% de

significância (ou a 95% de confiança). Os resultados estatísticos por blocos são

apresentados na Tabela 3:

Tabela 3 – Tabulação estatística de teste e P-valor para as turmas de Química e Mecânica

Blocos Estatística de teste (Química) P-valor Estatística de teste

(Mecânica) P-valor

1 52,1552 5,13E-13 58,3676 2,17E-14 2 4,5369 0,03317 6,0823 0,01365 3 5,8778 0,01533 3,6125 0,05735

Fonte: Elaborada pela autora.

Para a turma de Química, os três blocos de questões apresentam p-valor

inferior a 5% (0,05) e valor crítico para as estatísticas de teste χ² de McNemar

superiores a 3,841, evidenciando que o antes foi diferente do depois e

estatisticamente significativo a 5% de significância. O resultado estatístico vem para

dar suporte ao resultado descritivo observado anteriormente e mostra a tendência da

aprendizagem significativa da biotecnologia nesta turma.

Para a turma de Mecânica, os dois primeiros blocos de questões apresentam

p-valor inferior a 5% (0,05) e valor crítico para as estatísticas de teste χ² de

McNemar superiores a 3,841, evidenciando que o antes foi diferente da frequência

de depois, estatisticamente significativo a 5% de significância. Para o terceiro bloco

de questões, o p-valor é muito próximo de 5% (um pouco acima do nível de

significância pré-estabelecido) e o valor crítico para a estatística de teste χ² de

McNemar muito próximo de 3,841. Esse resultado possibilita a rejeição da hipótese

nula (H0), ou seja, há 94,265% de chance de que o antes é diferente do depois (1-

0,05735), estatisticamente significativo a 5,735 % de significância. Este resultado

mostra a tendência da aprendizagem significativa para os dois primeiros blocos,

embora no terceiro bloco o valor esteja muito próximo do estatisticamente

significativo.

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5.6 A Revista Bionews Magazine

5.6.1 O produto gerado

Qualitativamente, foi possível observar a ampliação da estrutura cognitiva dos

alunos através da incorporação de novas ideias e conceitos de biotecnologia pela

elaboração de artigos pelos alunos de Química e Mecânica. Como o objetivo maior

do ensino é que todas as ideias/conceitos sejam aprendidos de forma significativa,

as novas ideias precisam ser armazenadas por bastante tempo e de maneira

estável, independentemente do contexto em que foi primeiramente aprendido. Isso

pode sugerir e indicar um avanço, no sentido de consolidar uma aprendizagem

significativa.

No final do processo de ensino dos diferentes temas abordados nas aulas de

biotecnologia, Telma propôs uma atividade extraclasse de elaboração de artigos

científicos para uma futura publicação no site Bionews

(http://biosite.no.comunidades.net/index.php). Esse site Bionews (ANEXO B) surgiu

de uma necessidade levantada pelos alunos, a partir de várias dúvidas verificadas

em sala de aula sobre temas atuais, como vacinas e insulina. Para responder aos

estudantes, a professora Telma enviava, por e-mail, artigos de revistas científicas

relacionados ao esclarecimento das dúvidas. Foi, então, que um dos alunos da

turma de Química propôs que fosse construído um site (o Bionews) para divulgar

esses textos. A ideia não só foi aceita pela turma de Mecânica, mas também

ampliada com a sugestão de publicação de artigos dos próprios educandos.

Na orientação para a construção dos artigos publicados pelos alunos do

CEFET-MG na revista Bionews Science Magazine, utilizamos como referencial

teórico a Teoria de Aprendizagem Significativa, de Ausubel, buscando a construção

de um novo conhecimento alcançado, construído e atribuído pela interação com os

conhecimentos prévios (MOREIRA; MASINI, 2011),

A revista Bionews Science Magazine, de acesso livre no Portal do Professor

MEC, tem linguagem acessível e didática, seguindo conceitos básicos para

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publicação científica. A revista busca, com perseverança, se integrar à rede da

socialização dos saberes e busca dar sua contribuição para um Brasil onde o

crescimento dos saberes científico e o gosto pelo saber científico seja estimulado

desde o ensino básico. É preciso qualificar cada vez mais o ensino nos níveis

Fundamental e Médio, aproveitando a mão de obra qualificada disponível e em

formação.

Nesse caminho, segue-se a filosofia do desenvolvimento e manutenção do

periódico eletrônico Bionews Science Magazine, revista de cunho cientifico e

educacional que hoje se dedica a temas relacionados ao Meio Ambiente e a

biotecnologia.

O letramento digital, que entende o uso da internet como espaço de

aprendizagem significativa, destaca três grandes eixos complementares, ou grandes

aprendizagens, que são: pesquisar na internet, publicar na internet e comunicar-se

digitalmente. O conceito de letramento incorporado à tecnologia digital significa que,

para além do domínio de “como” se utiliza essa tecnologia, é necessário se apropriar

do “para quê” utilizar essa tecnologia. No espaço escolar, contribuir para o

letramento digital significa apresentar oportunidades para que toda a comunidade

possa utilizar as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação como

instrumentos de leitura e escrita que estejam relacionadas às práticas educativas e

com as práticas e contextos sociais desses grupos (EDUCARE, 2006/2007).

Pesquisar, publicar e comunicar-se digitalmente são habilidades para o

cidadão do século XXI, seja o aluno que está em desenvolvimento ou o professor,

que é seu orientador. Assim sendo, a inclusão de novas tecnologias na escola

constitui um desafio a mais para os profissionais envolvidas com o ensino.

Dentre os instrumentos didáticos digitais, a construção e uso de Periódicos

Eletrônicos é um dos que mais favorece as habilidades de pesquisar, publicar e

comunicar-se digitalmente. Considera-se periódico eletrônico toda publicação

existente em formato online. Com base neste conceito, pode-se afirmar que os

periódicos eletrônicos tiveram seu início na década de 60, quando as informações

eram armazenadas e disponibilizadas em microfichas (STUMPF, 1998).

Posteriormente, os periódicos eletrônicos foram também disponibilizados em

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Compact Disc Ready Only Memory (CD-ROM) a partir da década de 1980, na

sequência pelo acesso Telnet e atualmente através da WEB. As características

principais que possibilitaram a disseminação deste meio de comunicação foram a

rapidez na produção e distribuição, a acessibilidade, o custo mais baixo de

assinaturas e os recursos multimídia que valorizam o artigo (CRUZ et al., 2003).

Outras vantagens da construção e uso de periódicos eletrônicos enquanto

instrumento didático digital é a acessibilidade à informação pelos estudantes, custos

reduzidos ou nulos para manutenção e publicação no site pelos alunos e

professores e disponibilidade de sites para construção de periódicos com ambiente

amigável e suporte gratuito ou autos sustentável (BOMFÁ et al., 2013).

Entre as bases de dados que oferecem periódicos com acesso gratuito no

Brasil merecem destaque SciELO (Scientific Electronic Libray Online) e Bireme

(Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências e Saúde). No

Brasil, a estrutura de um periódico eletrônico é baseada nas normas da Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A norma utilizada como referência é a NBR

6021 – Publicação Periódica Científica Impressa, na qual são especificados os

requisitos para apresentação dos elementos da estrutura de organização física de

uma publicação periódica cientifica impressa (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

NORMAS TÉCNICAS, 2003).

Utilizar a tecnologia da informação como prática didática é fundamental como

subsídio para uma proposta de mudança, contribuindo expressivamente na ação dos

professores, fazendo uso de um recurso ou de uma estratégia pedagógica baseados

em exemplos concretos. Dessa forma, a aprendizagem deve ocorrer sempre com

pensamento crítico e os alunos devem saber dialogar e questionar. Os problemas

levam a sociedade a questionar e procurar encontrar um caminho para que ocorra

uma maior participação da sociedade nas questões relacionadas com o

desenvolvimento e, dentro deste contexto, é fundamental o papel da escola na

construção da cidadania (SANTOS, 1999).

Devemos considerar as tecnologias envolvidas na Biologia com as quais

devemos nos posicionar criticamente. Os avanços recente da biotecnologia e Meio

Ambiente servem de geradores para despertar o interesse dos estudantes. Nesse

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cenário, a inserção da tecnologia educacional com uso da internet na criação da

revista eletrônica de acesso livre Bionews Science Magazine (PORTAL DO

PROFESSOR, 2011) constitui um desafio em sala de aula e uma ferramenta didática

digital para inserir novas estratégias de ensino e aprendizagem em busca de

inovação educacional.

O site está aberto a publicações semestrais para alunos do Ensino Médio e

Fundamental. Interessados em publicar devem entrar em contato com os editores

pelo e-mail presente no link “Contatos”. Os temas abrangem revisões sobre

novidades do mundo da ciência sobre a ótica dos alunos e devem contar com um

professor orientador. Os principais temas abordados são biotecnologia e sua relação

com a indústria, saúde e meio ambiente.

5.6.2 Resultado e discussão dos artigos

Na elaboração dos artigos, os alunos abordaram os seguintes temas:

biocombustíveis, biossensores, engenharia de tecidos, órgãos mecânicos,

nanotecnologia, biomateriais, biorremediação, transgênicos, células-tronco,

clonagem reprodutiva, Organismos Geneticamente Modificados, nanomedicina, teste

de paternidade. Os artigos estão disponíveis no site:

http://biosite.no.comunidades.net/index.php.

5.6.2.1 Turma de Química

Os resultados que se seguem se referem aos textos elaborados pelos alunos

do Curso Técnico integrado de Química. Cinco alunos optaram pelo tema

“Biorremediação” pesquisando na rede um Estudo de Caso apresentado em um

seminário por alunos de Engenharia Química e de Engenharia de Alimentos da

Universidade Federal de Santa Catarina, em outubro de 2008. Na elaboração do

texto, os alunos conceituaram biorremediação e a importância da técnica para

degradação de poluentes lançados no ambiente pelo homem, pela ação de

microrganismos. Focaram a biorremediação in situ do solo e da água. Mesmo tendo

utilizado apenas uma fonte de pesquisa, foi possível observar que os conhecimentos

adquiridos pelos alunos nas aulas teóricas e práticas do curso de Química

possibilitaram a (re)construção conceitual e apropriação de saberes. Nesse

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processo ativo e dinâmico, está presente o que Ausubel denomina “aprendizagem

supraordenada”, pois permitiu a aquisição de novos conhecimentos e reorganização

de elementos já presentes na estrutura cognitiva, passando a apresentar novos

significados, efetivando-se a reconciliação integrativa.

Cinco alunos optaram pelo tema “células-tronco”, e pesquisaram em nove

sites. Na elaboração do texto, os alunos apontaram os aspectos da técnica e sua

aplicabilidade, ressaltando ser um assunto muito debatido e objeto frequentemente

exposto na mídia. Apontaram o sucesso desta técnica no tratamento de doenças

hematológicas, o que leva os cientistas a buscarem o transplante celular como

possibilidade de tratamento para uma série de doenças degenerativas.

Definiram a terapia celular, baseada na utilização de células-tronco, aplicadas

em um amplo espectro de doenças humanas como diabetes, Parkinson, doenças

cardíacas e injúrias na medula espinhal. Concluindo, ressaltaram que as terapias

que utilizam este tipo de célula são bastante promissoras, mas no meio do caminho

encontram-se obstáculos técnicos e éticos que devem ser considerados, e que só

serão vencidos por meio de intensa pesquisa e conscientização. Evidenciou-se o

que Ausubel (1980) denomina de “aprendizagem combinatória”, pois permaneceu o

elo de interdependência entre as novas ideias e aquelas pré-existentes.

Três alunos optaram pelo tema “clonagem reprodutiva”. Na introdução,

distinguiram a origem etimológica do termo clonagem e sua conceituação.

Relacionaram a criação de cópias de fragmentos de DNA na clonagem molecular e

celular com o de variadas cópias de um produto nos meios digitais ou de software.

No desenvolvimento do texto, abrangeram os tipos de clonagem e concluíram que a

técnica constitui um grande avanço para a medicina, porém com muitos pontos a

favor e contra. Salientaram que os benefícios são muitos, mas o caminho que a

clonagem pode tomar pode não ser bom, e vários quesitos éticos colocam a técnica

como um ótimo recurso, mas deve ser usada com muito cuidado. Observa-se que

houve aprendizagem superordenada, pois foi possível a ocorrência de interações do

conceito de clonagem em termos de detalhes e especificidades.

Cinco alunos optaram pelo tema “nanomedicina”, e pesquisaram em três

sites.

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Definiram nanotecnologia como ciência capaz de criar objetos de qualidade superior

aos comumente existentes a partir da organização dos átomos de forma desejada

na escala nanométrica (10-9). Ressaltaram que essa tecnologia começou a ser

usada em várias áreas de produção e apresenta grande importância na área

médica, a nanomedicina. A nanomedicina consiste na utilização de nanoparticulas,

nanorobos e outros elementos em escala nanométrica na cura, diagnóstico ou

prevenção de doenças. Ao concluírem o texto, salientaram que os conhecimentos de

como produzir e compreender estruturas a uma escala molecular tornarão possível a

explicação dos mecanismos das doenças e ajudarão a diagnosticá-las mais cedo, a

preveni-las e a combatê-las.

No desenvolvimento do texto, os alunos mobilizaram conceitos

potencialmente relevantes que desempenharam papel de subsunçor em relação ao

novo material. Houve uma ordenação de ideias com diferenciação progressiva e

reconciliação integrativa na estrutura cognitiva para uma aprendizagem significativa.

Dois alunos optaram pelo tema de “Organismos Geneticamente Modificados”,

como biofábricas de medicamentos. Pesquisaram quatro sites e enfatizaram a

importância da insulina humana recombinante. Distinguiram ser o primeiro produto

da moderna biotecnologia a ser comercializado no mundo, conseguindo bastante

sucesso na sucessão da insulina de origem animal (100% de substituição em vários

países da Europa, cerca de 90% nos EUA e aproximadamente 85% no Brasil).

Ressaltaram que a produção de insulina contribuiu para a melhoria no tratamento de

diabetes, que antes utilizava a insulina produzida por animais. Esse foi um grande

avanço, pois reduziu o tempo de produção da insulina e, além disso, a insulina

artificial é mais barata do que a de origem animal. Vacinas e tratamento de doenças

antes incuráveis também já estão sendo estudados e produzidos.

No desenvolvimento do texto, os alunos distinguiram as vantagens e as

desvantagens na utilização de OGMs como biofábricas. Citaram que uma vantagem

é que o produto é produzido mais rapidamente, em grande escala e com grau de

pureza alto. As desvantagens são quanto à produção desse organismo

geneticamente modificado, assim como o fato de as substâncias e produtos

metabólicos poderem prejudicar a natureza, o ciclo biológico, a pirâmide alimentar,

assim como a saúde humana. Foi possível verificar uma aprendizagem

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superordenada, uma vez que os alunos, além de elaborarem os conceitos

subsunçores, de âncora, também estabeleceram interações entre os conceitos de

OGMs e biofábricas.

Quatro alunos optaram por desenvolver o tema “Projetos Genoma” e “Projeto

Genoma Humano”. Apresentaram uma justificativa para a escolha do tema e

pesquisaram livros de autores diversos, indicando ser uma pesquisa mais elaborada,

e não somente por sites. Os alunos na conclusão distinguiram que as pesquisas têm

promovido, ao longo das duas últimas décadas, consideráveis progressos no campo

da biologia molecular e da medicina, mas que alguns aspectos não podem deixar de

compor a pauta das discussões geneticistas. Com o genoma humano em mãos,

lembraram que podemos ter a pretensão de querer prever, determinar e decidir

quem merece ou não nascer e viver. A natureza aplica uma “prova prática” e nós

queremos aplicar uma “prova teórica”. Ainda que queiram olhar para os genes de um

feto e decidir se ele deve ou não ter uma chance de tentar a vida, o ser humano

jamais terá esse poder de forma própria.

Pelos resultados apontados e discutidos nas seções anteriores, identificamos

que o tema Projeto Genoma foi o de maior dificuldade para a conceituação dentre os

quatro primeiros da listagem do IS2. Porém, ao desenvolverem o texto, os alunos

despontaram os subsunçores em relação ao novo material. Os subsunçores

serviram de esteio aproximando as ideias pré-existentes na estrutura cognitiva dos

alunos.

Quatro alunos optaram pelo desenvolvimento do tema “Teste de

Paternidade”. Pesquisaram em quatro sites e assinalaram ser um teste

mundialmente conhecido e amplamente usado na identificação de pais e em alguns

casos, pelo mesmo procedimento, de mães de qualquer indivíduo. Além de ser um

teste de extrema importância, nem sempre se sabe com certeza a paternidade de

uma pessoa, bem como há casos em que homens não aceitam a gravidez,

desconfiam da mulher ou em casos de trocas de bebês. Sinalizaram que o teste

mais utilizado hoje em dia, pela sua grande eficiência, é o teste de DNA. É possível

extrair DNA necessário para a execução do teste a partir de uma pequena

quantidade de saliva humana.

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Observa-se que à medida que a aprendizagem significativa ocorre, o uso cognitivo

de conceitos pré-existentes se interagem aos novos e são assimilados pelos alunos.

5.6.2.2 Turma de Mecânica

Sete alunos optaram pelo tema “Transgênicos: prós e contras”, e

pesquisaram em oito sites da rede, mas de maneira incompleta. Estruturaram o texto

em contextualização, conceituação, técnica de obtenção, informando que o Brasil é

o país preferido pelo mercado europeu e japonês na exportação dos grãos

geneticamente modificados e citando estatísticas de plantio e consumo, finalizando

com vantagens e desvantagens, realizando o que Ausubel (1978) denomina de

“aprendizagem combinatória”.

Cinco alunos escolheram abordar “biomedicina e órgãos mecânicos”,

revisando a literatura sem explicitar as fontes das informações. Contudo, a estrutura

do desenvolvimento do texto denotou grande interesse no domínio básico da matéria

de que a “biomedicina tem como objetivo a construção de equipamentos capazes de

interagir ou até mesmo substituir partes do corpo humano, de maneira a minimizar

ou até mesmo a eliminar dificuldades encontradas por pessoas com deficiências

físicas”. O conteúdo da revisão envolveu a engenharia biomédica e suas quatro

subáreas, a atuação do profissional da área, os órgãos mecânicos e os projetos

atuais em desenvolvimento, caracterizando a aprendizagem significativa por

superordenação.

Sete alunos abordaram a “nanotecnologia e sua contribuição para a

humanidade”, citando corretamente as referências bibliográficas de acordo com as

normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). No texto

desenvolvido, conceituaram a nanotecnologia, a nanomedicina, os nanomateriais, as

vantagens nos processos de produção e fabricação e o risco com diferentes

impactos e gravidades, denotando clareza e raciocínio, ou seja, fizeram a

“diferenciação progressiva”, partindo do geral para o particular.

Apenas um aluno optou pela revisão da literatura sobre “biossensores”,

informando serem eles formados por três partes: um elemento biológico sensível, um

transdutor ou o elemento detector, e uma eletrônica associada ou processadores de

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sinais, caracterizando-os. Fundamentou-se em quatro sites da rede, mas não os

explicitou conforme as normas. Por meio de seu trabalho, percebeu-se não ter

havido a “reconciliação integrativa”, ou seja, o delineamento explícito das relações

entre ideias, de semelhanças e diferenças relevantes entre as informações, e da

reconciliação de inconsistências reais ou aparentes.

Seis alunos escolheram tratar conceitos básicos sobre os biomateriais e não

forneceram as fontes consultadas. Houve “aprendizagem mecânica” e parcialmente

displicente, porque, embora tenham informado sobre os quatro grupos (polímeros,

cerâmicos, metálicos e compósitos), apenas transcreveram textos da rede, sem

qualquer diferenciação progressiva e reconciliação integrativa.

Seis outros alunos optaram por abordar a “engenharia de tecidos”, fazendo

uso de apenas uma referência bibliográfica. Embora tenham estruturado bem o

trabalho, percebeu-se que apenas transcreveram as seguintes informações:

conceituação da matéria, histórico, perspectiva clínica, componentes essenciais

(células, scaffold e o reator biodinâmico) e a estratégia para a engenharia óssea,

incluindo os estímulos e a as vantagens.

Pelo acima exposto e conforme Ausubel, o processo de aprendizagem é a

“assimilação” pela estrutura cognitiva do indivíduo (constituída pelas ideias,

conceitos e pelas suas inter-relações) de novos significados, podendo ocorrer

significativamente ou de forma mecânica (AUSUBEL apud MOREIRA; MASINI,

2006).

Constatou-se que a maioria dos alunos analisados aprendeu

significativamente a matéria, pois possui vontade de aprender e ideias de esteio em

sua estrutura cognitiva, às quais as novas ideias puderam ser ligadas de forma não

arbitrária e substantiva, caracterizando os fatores internos relacionados aos

indivíduos.

Percebeu-se, também, que o material foi potencialmente significativo, ou seja,

os fatores externos foram relevantes, de modo que os alunos puderam estabelecer

essas ligações com suas ideias de esteio. Dessa forma, a experimentação permitiu

inferir que esse tipo de prática pode ser um caminho certo.

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Os resultados indicam que, ao longo deste projeto, os alunos participantes

demonstraram vontade de aprender, curiosidade e motivação. Avanços na

aprendizagem de metodologia de pesquisa científica também foram observados.

Além disso, foi possível observar a ampliação da estrutura cognitiva dos alunos

através da incorporação de novas ideias e conceitos sobre biotecnologia. Muitas

dessas ideias mostram se relacionar de forma não arbitrária e substantiva com as

ideias já existentes, o que indica aprendizagem significativa.

Analisando os textos qualitativamente, parece que a bagagem e afinidade dos

alunos de Química pelos conteúdos da área biotecnológica foram maiores, tanto

pela disposição em produzir os textos quanto pela qualidade do material produzido.

Mas os textos das turmas de Mecânica também foram muito interessantes

principalmente onde os conhecimentos de biotecnologia esbarravam na formação

dos alunos de Mecânica.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foi utilizado o Mapa Conceitual, organizador explicativo, com o

intuito de ensinar biotecnologia para promover a aprendizagem significativa dos

estudantes como preconizado pela teoria ausubeliana. Os mapas de conceitos são

particularmente úteis, pois permitem identificar quais os conhecimentos prévios são

necessários ao aprendizado de novos conceitos. A importância dos conceitos

prévios para a aprendizagem significativa é o ponto central a teoria significativa de

Ausubel, a partir da qual os mapas de conceitos foram trabalhados.

Neste estudo a professora identificou os conhecimentos prévios dos

estudantes de maneira gradual, de forma a introduzir os conceitos relevantes de

biotecnologia a partir dos conhecimentos prévios da genética tornando os

subsunçores cada vez mais elaborados.

O ensino de biotecnologia tem muito a acrescentar às vidas dos estudantes,

contribuindo para aproximar a sala de aula às questões da realidade. Porém, cabe

lembrar que existem os riscos do reducionismo informativo, se não houver uma

leitura crítica dos meios de comunicação de massa.

Num ambiente plural, como o da sala de aula, onde vários acontecimentos

ocorrem simultaneamente, há a evidência de frequentes falhas de comunicação

entre o professor e o aluno, o que acarreta ainda desvantagens temporais entre o

conhecimento dos estudantes e o que se pretende ensinar.

Selecionar o que ensinar em biotecnologia admite estratégias de ensino

variadas, desde a interlocução com diferentes disciplinas, até a concentração em

uma área ou matéria única, biotecnologia. Falar de biotecnologia não é apenas falar

da genética moderna, no que tange os conceitos científicos e suas implicações.

Cabe ao professor explorar conceitos relacionados à manipulação genética

associada às questões éticas e sociais. Por outro lado, basta adequar a informação

para que a biotecnologia possa ser introduzida em qualquer nível de ensino:

Fundamental, Médio, Técnico ou Superior.

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Escolher as modalidades didáticas adequadas, “como ensinar” a

biotecnologia, inclui um leque de modalidades didáticas disponíveis e variadas. Inclui

a leitura e discussão de textos, leitura de reportagens e notícias de jornais; uso de

modelos, simulações, animações, programas de TV, internet, realizações de

atividades experimentais, uso de Mapas Conceituais, dentre outras.

Por se tratar de uma unidade didática tão complexa, com grande diversidade

de temas, considero que exija maior aprofundamento e discussão, para não

acarretar uma superficialidade aos temas polêmicos e atuais que precisam

ultrapassar o senso comum. Percebemos que, apesar de amplamente divulgados

pela mídia e em situação de ensino, os estudantes demonstram dificuldade em

esclarecê-los, reduzindo o conceito à palavra ou à definição destituída de

significado.

No estudo aqui apresentado, a professora utilizou diversas modalidades,

porém centrou-se no Mapa Conceitual, para organizar e explicar os conceitos

relacionados à biotecnologia. Valendo-se deste recurso, ela dinamizou o tempo,

possibilitando um ensino mais eficaz. Contudo, julgo ser necessária uma reflexão

dos professores de Biologia do CEFET-MG, pois, diante de uma carga horária

reduzida, deve-se privilegiar tanto as diferentes formas de apresentar os conteúdos,

como selecionar o que essencial, pois é elevado o número de alunos por turma e

uma exigência de longos conteúdos a cumprir .

A apropriação dos conceitos biotecnológicos ao longo do processo foi gradual

e levou a motivação dos estudantes à publicação de artigos científicos no Portal do

MEC (PORTAL DO PROFESSOR, 2012). Na elaboração dos artigos, os

conhecimentos foram ampliados, tendo em vista que a maioria dos alunos

analisados aprendeu significativamente biotecnologia. A produção científica dos

estudantes foi avaliada ao término do 4 º bimestre, com isto houve um tempo maior

entre as aulas dadas e as publicações, possibilitando maior assimilação e

internalização dos conceitos biotecnológicos. Deste modo, o tempo considerado um

fator de limitação para a análise da ocorrência da aprendizagem significativa foi

atingindo.

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Como contribuição da tese espera-se que os professores ao desenvolverem

suas atividades didáticas em sala de aula estabeleçam os objetivos e a partir deles

iniciem os trabalhos com novas informações em uma sequência de mapas

conceituais, evidenciando o conhecimento inicial do aluno, seu percurso e o

resultado final. Para tanto é necessário abertura para o novo exigindo

aprofundamento teórico dos professores e regulação do processo ou das

dificuldades enfrentadas ao longo do processo na apropriação do saber. O uso do

Mapa conceitual na pesquisa revelou-se uma estratégia potencialmente útil para dar

significados aos conceitos biotecnológicos.

Como proposta de desdobramento desta pesquisa, pretende-se que a

Biologia, através da biotecnologia, conecte a realidade e os interesses dos alunos

com o conteúdo científico. Para que isso se concretize, é necessária a incorporação

de estratégias múltiplas de ensino e o Mapa conceitual constitui estratégia

pedagógica adicional proporcionando aos alunos condições de aprendizagem

significativa.

Os dados desse trabalho sugerem que um novo olhar seja direcionado na

abordagem dos conteúdos programáticos de Biologia no CEFET-MG. Um olhar que

leve em consideração as caraterísticas e anseios de cada curso o que certamente

auxiliará os alunos a compreenderem o mundo de maneira multidisciplinar quando

receberem informações midiáticas, inserindo-os de forma adequada no contexto

globalizado.

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127

APÊNDICES

APÊNDICE A – Termo de autorização

Eu, aluno regularmente matriculado na 2º ano do Ensino Técnico Integrado de

Nível Médio do Curso de Química do Centro Federal de Educação Tecnológica de

Minas Gerais, disponho a participar da pesquisa de doutorado da Profa. Sandra

Mara Mourão Cardinali, nas aulas de Biologia sob a orientação da Profa. Rita de

Cássia Frenedozo, da Universidade Cruzeiro do Sul, do estado de São Paulo.

Estou ciente que a minha participação é subsidiar a pesquisa da doutoranda

para a elaboração de sua tese, intitulada “O mapa conceitual, como organizador

explicativo para o ensino de biotecnologia.”, da qual sou participador e que a minha

identidade será mantida em sigilo.

Belo Horizonte, 05 de outubro de 2010

Assinatura:_________________________________________________

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APÊNDICE B – Termo de autorização

Eu, aluno regularmente matriculado na 2º ano do Ensino Técnico Integrado de

Nível Médio do Curso de Mecânica do Centro Federal de Educação Tecnológica de

Minas Gerais, disponho a participar da pesquisa de doutorado da Profa. Sandra

Mara Mourão Cardinali, nas aulas de Biologia sob a orientação da Profa. Rita de

Cássia Frenedozo, da Universidade Cruzeira do Sul, do Estado de São Paulo.

Estou ciente que a minha participação é subsidiar a pesquisa da doutoranda

para a elaboração de sua tese, intitulada “O mapa conceitual, como organizador

explicativo para o ensino de biotecnologia.”, da qual sou participador e que a minha

identidade será mantida em sigilo.

Belo Horizonte, 05 de outubro de 2010

Assinatura:_________________________________________________

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APÊNDICE C – Termo de autorização do uso do nome dos alunos no site

Bionews Magazine do Portal do MEC

Eu ____________________________________________, aluno do Ensino

Técnico Integrado de Nível médio do Curso de Química, idade ___________

identidade nº. __________ autorizo a divulgação de meu trabalho no site Bionews. O

site está sendo construído pela professora de Biologia do Centro Federal de

Educação Tecnológica de Minas Gerais. Como coautora a Profª Sandra Mara

Mourão Cardinali orientanda da Prof.ª Dsc. Rita de Cássia Frenedozo da

Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo.

Belo Horizonte, 10 de outubro de 2010.

Assinatura do responsável: ____________________________

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APÊNDICE D – Termo de autorização do uso do nome dos alunos no site

Bionews Magazine do Portal do MEC

Eu ____________________________________________, aluno do Ensino

Técnico Integrado de Nível médio do Curso de mecânica, idade ___________

identidade nº. __________ autorizo a divulgação de meu trabalho no site Bionews. O

site está sendo construído pela professora de Biologia do Centro Federal de

Educação Tecnológica de Minas Gerais.

Belo Horizonte, 10 de outubro de 2010.

Assinatura do responsável:

___________________________________________

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APÊNDICE E – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – IS1 de Biotecnologia

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

IS1 DE BIOTECNOLOGIA

NÚMERO: DATA: TURMA:

Caros alunos, “Vocês estudaram a Genética no 3º bimestre e viram que algumas temáticas da genética moderna têm causado grande polêmica em todas as áreas da sociedade, envolvendo questões religiosas, políticas, legais e éticas. O entendimento dos conteúdos da Genética possibilita a compreensão da biotecnologia e de suas implicações no mundo contemporâneo, assunto que trataremos no 4 º bimestre.”

As repostas das questões dos instrumentos de sondagens serão utilizadas pela pesquisadora aluna do Programa de Pós - Graduação: Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Cruzeiro do Sul/SP. A pesquisadora desde já, agradece sua colaboração e compromete-se a manter sua identidade em sigilo.

Iº Instrumento de Sondagem 01. Você define corretamente o que é Biotecnologia?

Sim ( ) Não ( ) Não sei opinar ( )

02. Você costuma ler publicações sobre Biotecnologia?

Sim ( ) Não ( ) Não sei opinar ( )

03. Você se considera motivado ao iniciar o estudo sobre Biotecnologia?

Sim ( ) Não ( ) Não sei opinar ( )

04. Você, enquanto aluno do curso técnico de química / mecânica , considera que o

estudo da Biotecnologia é relevante para sua área?

Sim ( ) Não ( ) Não sei opinar ( )

05. Você vê alguma relação entre a Biotecnologia e Ética?

Sim ( ) Não ( ) Não sei opinar ( )

06. Você acredita que no futuro a Biotecnologia irá melhorar nossa vida?

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APÊNDICE F – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – IS2 de Biotecnologia

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

IS2 DE BIOTECNOLOGIA NÚMERO: DATA: TURMA: 07. A seguir encontram-se alguns termos relacionados à Biotecnologia que são

ventilados com certa frequência na mídia atual. Dentre ele(s) qual (is) você tem

alguma informação/conhecimento? Identifique-o(s) com X e comente sucintamente.

a) ( ) Clonagem.

b) ( ) Célula tronco.

c) ( ) projeto genoma.

d) ( ) transgênicos.

e) ( ) identificação de pessoas ( paternidade, justiça criminal).

f) ( ) Recuperação de espécies em extinção.

g) ( ) biosensores.

h) ( ) biomateriais.

i) ( ) biorretores.

j) ( ) biocombustíveis.

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APÊNDICE G – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – IS3

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS – IS3 NÚMERO: DATA: TURMA:

BLOCO 1: Questões 01 e 02 - Conhecimentos prévios de genética aplicados à biotecnologia 01. Observe a tira abaixo:

O autor está fazendo referência à

a) engenharia genética.

b) polialelia.

c) hibridação.

d seleção natural.

02. Enzimas de restrição são fundamentais à Engenharia Genética porque permitem

a) a passagem de DNA através da membrana celular.

b) inibir a síntese de RNA a partir de DNA.

c) inibir a síntese de DNA a partir de RNA.

d) cortar DNA onde ocorrem sequências específicas de bases.

BLOCO 2: Questões 01, 04, 05, 06 e 07 - conceitos relacionados diretamente à biotecnologia

03. (UFMG) "A nova tecnologia do DNA recombinante está permitindo que cientistas

dos países do primeiro mundo desenvolvam um projeto denominado GENOMA que

tem por objetivo sequenciar os cerca de 3 bilhões de bases nitrogenadas que

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compõem os cromossomos de um ser humano. Ao lado dos inúmeros benefícios

desse projeto, algumas questões de cunho ético têm sido levantadas." ("Ciência

Hoje", março/93)

Em relação a esse projeto, o procedimento que pode afetar diretamente o equilíbrio

genético de populações humanas é:

a) a detecção de indivíduos superdotados intelectualmente por meio de

procedimentos laboratoriais.

b) o emprego de testes genéticos como um novo critério para admissão a empregos.

c) o registro de patentes de sequencias do genoma humano para especulação

mercadológica.

d) o aumento de seleção genética ou gamética artificial.

04. (UECE) A regulamentação de pesquisas científicas, no Brasil, envolvendo células-

tronco, é assunto bastante polêmico. Com relação a esse tema, é possível afirmar

corretamente que:

a) Células-tronco maduras apresentam o mesmo potencial de diferenciação de

células–tronco embrionárias.

b) Células tronco embrionárias podem ser retiradas da medula óssea e do sangue de

indivíduos adultos.

c) O sangue da placenta e do cordão umbilical pode ser utilizado para a obtenção de

células-tronco embrionárias.

d) As células–tronco embrionárias são consideradas pluripotentes, pois podem

produzir todas as células e tecidos do organismo.

05 Sobre a clonagem de seres e a criação de organismos geneticamente modificados

(transgênicos), considerem as quatro afirmações seguintes.

I. A clonagem de organismos tem se voltado mais para os animais porque, com

relação às plantas, ela já é conhecida e utilizada há certo tempo, inclusive na

agricultura.

II. Tanto nos clones quanto nos transgênicos, a crítica recai sobre o fato de que não

se sabe se os genes introduzidos irão se expressar exatamente como no organismo

doador ou se irão ativar também alguns genes inativos do genoma do organismo

receptor.

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III. Ecologicamente, em uma cadeia alimentar, a existência de clones apenas

aumenta o número de representantes de um determinado nível trófico. No caso dos

transgênicos, pode haver também alteração de posições e de elementos na cadeia.

IV. Um grande inconveniente entre a clonagem e a produção de transgênicos é que

ambas não permitem sobreposição, ou seja, não foi possível, até o momento, criar

um clone transgênico.

Estão corretas:

a) I e II.

b) I e III.

c) I e IV.

d) II e III.

06. Nos exames para teste de paternidade, o DNA, quando extraído do sangue, é

obtido.

a) dos leucócitos, principais células de defesa do sangue.

b) das hemácias e dos leucócitos, mas não do plasma.

c) das hemácias, o principal componente do sangue.

d) das hemácias, dos leucócitos e do plasma.

07. Vegetais e animais transgênicos

a) são mutantes que têm o seu genoma alterado por processos como radiação, para

desenvolvimento de características específicas.

b) passaram por processo de clonagem, onde sofrem transplante de órgãos em

experiências científicas, para desenvolvimento de fenótipos específicos.

c) têm o seu fenótipo alterado mediante ação de mecanismos físicos ou biológicos,

mas não passam as alterações sofridas às gerações seguintes.

d) são seres modificados por biotecnologia aplicável, que consiste na inserção de

genes provenientes de outros organismos ao genoma que se deseja modificar.

BLOCO 3: Questões 08, 09 e 10 - biotecnologia industrial

08. Todas as alternativas apresentam aplicações da tecnologia do DNA recombinante

nas duas últimas décadas, EXCETO:

a) Produção, em bactérias de vacinas, vitaminas e medicamentos.

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b) Terapia gênica de algumas doenças hereditárias

c) Recuperação de espécies extintas.

d) Produção de OGM´s.

09. ENEM 2009 - Desde os anos 1990, novas tecnologias para a produção de

plásticos biodegradáveis foram pesquisadas em diversos países do mundo. No Brasil,

foi desenvolvido um plástico empregando-se derivados da cana-de-açúcar e uma

bactéria recém identificada, capaz de transformar açúcar em plástico.

“A bactéria se alimenta de açúcar, transformando o excedente do seu metabolismo

em um plástico biodegradável chamado PHB (polihidroxibutirato). Sua vantagem é

que, ao ser descartado, o bioplástico é degradado por microrganismos existentes no

solo em no máximo um ano, ao contrário dos plásticos de origem petroquímica, que

geram resíduos que demoram mais de 200 anos para se degradarem”. XII Olimpíada

Regional de Ciências - 2010 7 Gomes, A.C. Biotecnologia ajuda na conservação do

ambiente. Revista Eletrônica Vox Sciencia. Ano V. no. 28. São Paulo: Núcleo de

Divulgação Científica José Gomes. Acesso em: 30 abril, 2009 (adaptado).

A nova tecnologia, apresentada no texto, tem como consequência:

a) A diminuição da matéria orgânica nos aterros e do mau-cheiro nos lixões.

b) A ampliação do uso de recursos não renováveis, especialmente, os plásticos.

c) A diminuição do metabolismo de bactérias decompositoras presentes nos solos.

d) A substituição de recursos não renováveis por renováveis para fabricar plásticos.

10. E possível utilizando engenharia genética transformar bactérias em biofábricas

que expressam junto com suas proteínas:

a) biopolímeros e insulina transgênica.

b) bioprocessos e biocatalizadores.

c) biomateriais e biorremediação.

d) antibióticos e biossensores QUADRO DE REPSOSTAS

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 a b c d

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APÊNDICE H – Biotecnologia e reprodução humana

[...] No começo do século XX, foram realizados muitos experimentos de

inseminação artificial, inclusive em mulheres, mais havia uma dificuldade: o esperma

tinha de ser fresco e transferido rapidamente. Havia ainda, a necessidade de

sincronizar a coleta ao período de ovulação da mulher a ser inseminada. Apesar das

muitas dificuldades, como objeções de natureza ética e religiosa, as tentativas se

sucederam muitas delas com êxito.

Na década de 1950 foi desenvolvida a técnica do congelamento, do esperma,

a criogenização, sendo assim superada uma das dificuldades práticas na execução

da técnica. No entanto, apenas na década de 1970, a inseminação artificial tornou-

se prática comum, com milhares de casos em todo o mundo.

O grande avanço seguinte foi a fertilização in vitro conhecida como “bebe de

proveta”., popularizando-se ainda a expressão “mãe de aluguel”. Solucionava-se

assim, o problema de mulheres que não tinham condições de desenvolver uma

gestação normal nem de receber a implantação de um embrião.

O primeiro bebê de proveta foi Louise Brown, na Inglaterra, que nasceu

perfeitamente normal, em 25 de julho de 1978.

[...] Todas as tecnologias reprodutoras sempre provocaram muita polêmica

nos diversos setores da sociedade, com numerosos prós e contras, especialmente

quanto aos aspectos éticos, morais e religiosos. O mesmo pode se dizer da

clonagem, dos transgênicos e da decifração do genoma humano. É claro que a

ciência não é boa ou má. O ser humano pode fazer uso dela para o bem ou para o

mal, mas certamente é preocupante o fato de ter previsto o uso do avião da energia

atômica para a guerra e não ter evitado que isto ocorresse. Há então uma guerra

biológica? Sem dúvida. E já se comprovou que há nações manipulando

biotecnologias para fins bélicos.

No entanto, é certo que grande avanço da biotecnologia, nos últimos anos

nos levará a possibilidade de melhoria de vida jamais imaginadas: nos campos da

agricultura e pecuária, com a produção de alimentos; a medicina, com a cura e

prevenção de muitas doenças; na Biologia, com a preservação de espécies

ameaçadas de extinção e a preservação ambiental. Levando-se em conta também

todas as implicações jurídicas dessas tecnologias e das futuras, devemos esperar

que a humanidade tenha o compromisso de fiscalizar e regulamentar o trabalho de

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laboratórios e de cientistas para o bem comum.(SILVA JÚNIOR; SASSON; CALDINI

JÚNIOR, 2010).

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APÊNDICE I – Depoimentos de professores efetivos de Biologia do CEFET-MG

Os depoimentos dos três professores de Biologia do CEFET-MG, todos

efetivos e que ministram aulas em turmas de primeiro e segundo ano do ensino

médio técnico integrado, porém em turmas / cursos diferentes. O professores da

disciplina expuseram seus pontos de vistas sobre a aplicabilidade da Biotecnologia

nos diversos conteúdos abordados nas séries em conformidade com conteúdo

programático das referidas séries nas quais lecionam.

Depoimento da Professora A

Em relação ao conteúdo do primeiro ano do ensino técnico médio integrado

sempre abordo biotecnologia na classificação dos seres vivos: na análise de DNA

para avaliar a evolução dos grupos e das espécies;

Citologia: quando falo de DNA nas análises para a identificação de crimes e

paternidade;

Reprodução: reprodução in vitro, inseminação e demais tecnologias

associadas a reprodução; e se possível na escolha do sexo; Nos sistemas orgânicos do homem: comento pouco sobre técnicas de

exames associados às doenças. No sistema nervoso questões ligadas a

neurociências ( tem muitos temas novos) para se comentar, inclusive uso um livro

sobre o assunto e relaciono com artigos científicos “traduzido” em linguagem

popular.

Em relação ao conteúdo do segundo ano do ensino técnico médio integrado

abordo a biotecnologia principalmente ligados ao DNA, cromossomos, projeto

genoma e todos os demais tópicos (clonagem, transgênicos, terapia gênica).

Sempre que possível tento ampliar estes tópicos fazendo um link com as

notícias atuais divulgadas na mídia. Sempre tento ampliar com atividades de

elaboração de seminários dos alunos, possibilitando discussões que enriquecem

muito a minha aula. Enfim, entendo a importância de se trabalhar com tecnologias

aplicadas à biologia sempre que pudermos, tendo em vista que apesar de estar

trabalhando com alunos de ensino médio, temos sempre que ter em mente a

importância de relacionar tecnologias à biologia, ou seja, biotecnologia nas nossas

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aulas, pois são alunos que tem um diferencial por estudarem numa instituição

federal tecnológica.

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APÊNDICE J – Depoimento do Professor B

Considero que alguns conteúdos estão mais diretamente relacionados com as

técnicas que foram desenvolvidas na biotecnologia, apesar de ser um termo novo

mas seus princípios são muito antigos procuro ressaltar com meus alunos tanto de

primeiro ano como de segundo ano do ensino médio técnico integrado.

Ao dar citologia e abordar ácidos nucléicos ressalto a presença deste

componente orgânica nos seres vivos e mostro também a importância da descoberta

da dupla hélice na divisão celular e na genética, conteúdo a visto posteriormente.

Diante disto, ao iniciar citologia considero fundamental chamar a atenção do

aluno para a importância de relacionar esses conteúdos com as novidades do

mundo científico e quais os benefícios que podem advir desse novo conhecimento

como por exemplo, da engenharia genética, na produção de vinhos, vacinas,

antibióticos, cervejas, pães, de fungos no controle biológico de pragas e doenças.

Além do desenvolvimento de microrganismos para a biotecnologia do lixo e esgoto.

Chamo a atenção para as bactérias fixadoras de nitrogênio que apesar de compor

79% do ar atmosférico não o absorvemos diretamente e passa por um ciclo e chega

até nós.

Ressalto que este elemento é muito importante para a melhoria do solo e que

as bactérias tem um papel fundamental neste processo.A biotecnologia deve ser

abordada também quando no conteúdo de genética.Na citologia, relaciono a síntese

de proteínas com o DNA, RNA, replicação, transcrição e tradução (é biotecnologia).

Ao dar minhas aulas sobre o sistema imunológico sempre falo da importância da

prevenção com o uso de vacinas, que são técnicas de biotecnologia. No sistema

endócrino quando me refiro ao grande avanço na produção de insulina que pode ser

produzida através do uso de técnicas da biotecnologia.

Além destas abordagens considero importante a biotecnologia, no ciclo de

energia nos ecossistemas, com o desenvolvimento de bactérias fixadoras de

nitrogênio. Acredito a biotecnologia é para os estudantes de ensino médio técnico

integrado do CEFET-MG, pois fazem parte do seu cotidiano sendo diariamente

divulgadas pelos meios de comunicação provocando discussões a sala de aula,

debates esses que bem conduzidos pelo professor contribuem para a construção do

conhecimento científico do estudante, através de situações relacionadas a temas de

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biotecnologia e que fazem parte de um arsenal de conteúdos visto pelos alunos do

CEFET-MG. Portanto relacioná-los sempre que possível nas aulas é uma boa

alternativa para uma aula dinâmica e em busca de uma aprendizagem mais ativa e

significativa. Entrevista com a professora Telma (titular das turmas participantes)

“Observou-se uma curiosidade sobre o mercado de trabalho na indústria

farmacêutica, alimentícia, de produção agrícola de fertilizantes, sendo um nicho de

mercado onde como futuros técnicos em química poderão atuar”.

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APÊNDICE K – Depoimento do Professor C

Ao iniciar no primeiro ano minhas aulas de Biologia no primeiro momento

sempre trabalho com unidades de medida de célula e contraponho com o uso do

instrumento capaz de ampliar coisas tão diminutas como a célula. Neste primeiro

momento já introduzo a importância da tecnologia aplicada à biologia, através da

criação e do desenvolvimento do microscópio, instrumento que possibilita a

amplificação de imagens de células que compõem nossos tecidos.

No sistema reprodutor considero importante ressaltar a importância das

melhorias quanto à redução de efeitos colaterais e o aumento da eficácia dos

métodos contraceptivos. Doenças sexualmente transmissíveis e os avanços nos

tratamentos através de técnicas de biotecnologia.

Sempre na parte de parasitoses humanas a biotecnologia empregada nos

tratamentos, prevenção e curas dessas doenças, pela criação de vacinas, soros.

Outro aspecto relevante que considero importante para discutir com meus

alunos sobre uso de tecnologias na biologia (a biotecnologia) nos dia atuais são os

implantes, próteses, e técnicas de tratamento, como a hemodiálise para pessoas

que os rins pararam de funcionar. Todos os tópicos de pesquisas com células-

tronco, clonagem de plantas de interesse econômico e farmacêutico, clonagem de

animal. Criação de organismos geneticamente modificados, vacinas de DNA, estudo

de paternidade a partir de exames de DNA, criminalística (exame de DNA), análise

de anomalias genéticas e cromossômicas em fetos abordo nas turmas de segundo

ano.

No conteúdo de ecologia humana e a produção de alimentos disponível abro

debate para dar maior ênfase aos transgênicos principalmente a soja e a

biossegurança.

No controle de pragas, biodigestores, fermentação para fins alimentícios, adubação

verde análise de espécies invasoras. Na medicina a importância na produção e

melhoramento de medicamentos por técnicas de biotecnologia. Outro aspecto

importante dessa temática é falar sobre a criação de aparelhos que ajudam pessoas

com necessidades especiais, com criação de aparelhos auditivos.

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APÊNDICE L – A Bioquímica da Engenharia Genética

A engenharia do DNA recombinante é uma das técnicas para isolar e

multiplicar o DNA em milhões de cópias. Nesse procedimento são utilizadas enzimas

de restrição, produzidas naturalmente pelas bactérias para combater vírus que a

infectam. Elas cortam o DNA em pontos onde são reconhecidas determinadas

sequências de bases nitrogenadas.

Usando enzimas de restrição, atualmente também produzidas em laboratório,

os cientistas cortam e retiram um segmento de DNA o substituem por outro. O

resultado é o DNA recombinante.

A técnica do DNA recombinante pode ser feita tomando-se o DNA de um

vírus bacteriófago ou por meio de plasmídeo recombinante.

Ao se introduzir em bacteriófago a sequencia do DNA recombinante que se

pretende multiplicar, ao infectar uma bactéria, ele introduz nela esse DNA

recombinante. Como em toda infecção viral, a bactéria produzirá inúmeras cópias do

DNA desejado.

O princípio do DNA recombinante ocorre na natureza quando bactérias

trocam material genético através dos plasmídeos bacterianos. Nesse caso, trata-se

de um plasmídeo recombinante. O DNA pode ser duplicado em laboratório por meio

da técnica do PCR (do inglês, Polymerase Chain Reation - Reação em cadeia de

Polimerase), usando a enzima DNA polimerase. A técnica consiste em submeter o

DNA à temperatura de 98ºC, para que sua dupla-hélice se abra ao meio. Depois,

adicionam-se enzima DNA polimerase e nucleotídeos. A DNA polimerase duplicará

cada um dos dois segmentos, originando duas moléculas de DNA. Repetindo o

processo inúmeras vezes, têm-se milhões de cópias. (CHEIDA, 2033, p. 344)19.

19 Texto adaptado

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APENDICE M – O que a clonagem pode fazer

As técnicas de clonagem a partir de células adultas podem, no futuro, entre

inúmeras outras aplicações, desenvolver órgãos par transplantes; novos neurônios

para substituir células nervosas doentes ou mortais; tecidos par implantes de pele

em queimados; medula óssea saudável para pacientes com leucemia; reproduzir

animais ameaçados de extinção; alimentos de origem animal e vegeta.

Entretanto, a clonagem também traz para o centro do debate os seres

transgênicos e diversas implicações éticas associadas. Seres transgênicos ou

organismos geneticamente modificados (OGM) são aqueles que têm genes de outra

espécie artificialmente incorporados a seu genoma, passando a produzir proteínas

originalmente do doador. A tecnologia do DNA recombinante é que torna possível a

transferência de genes entre as espécies e a produção de organismos transgênicos.

Alguns exemplos conhecidos de organismos transgênicos

Vagalume e tabaco

Extraiu-se do vagalume o gene responsável pela produção de luciferase, que catalisa a oxidação de luciferina, produzindo luz, e foi enxertado em células de uma planta de tabaco. A planta transgênica, quando regada com solução de luciferina, torna-se luminescente.

Camundongo e tabaco

Foram introduzidos ao tabaco genes de camundongo responsáveis Pela síntese de anticorpos. As plantas passaram a produzir anticorpos. As plantas passaram a produzir anticorpos de camundongos e, ao cruzar, transmitiram a nova característica aos descendentes. A mesma experiência realizada com outras plantas deixou os cientistas animados com a possibilidade de uma produção maciça de anticorpos humanos em vegetais.

Ser humano e tabaco

O gene que induz a produção da hemoglobina humana e o gene que induz a produção de cloroplasto em ervilhas são recortados e colados, originando um DNA recombinante, que é colocado em um plasmídeo bacteriano e introduzido em uma bactéria que vive associada ao tabaco. Quando essa bactéria é injetada na planta, o plasmídeo funde-se ao DNA dela, que passa a produzir as suas proteínas e a hemoglobina humana.

Quadro 11: Organismos transgênicos e forma de obtenção. Fonte:CHEIDA, L. E. Vol. único, p. 346, 2003

Muitos vegetais usados na alimentação humana já têm modificado seu

patrimônio genético com a introdução de genes que lhes conferem resistência a

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vírus, fungos, insetos e herbicidas. Além disso, muitas vezes a modificação visa o

aumento da produção e, consequentemente, o lucro de quem os produz. Por

exemplo.

Vegetais modificados geneticamente

Tomate

O tomate FavrSadr, primeiro alimento transgênico comercializado, amadurece devagar, permitindo maior tempo de estocagem.

Batata

Cientistas australianos isolaram o gene que determina o escurecimento da batata quando descascada. Ao inverter sua sequência, impediram seu funcionamento. Essa batata não escurece mais.

Cenoura

A cenoura betasweetvtem quantidades maiores de β- caroteno (vitamina A) e sabor mais doce que as demais.

Arroz

É um dos alimentos mais consumidos no mundo, mas pobre em proteínas. O arroz transgêni desenvolvido recentemente, é capaz de produzir mais proteínas, melhorando as condições de nutrição nos países consumidores.

Melão

Tipo de melão resistente a vírus desenvolvido pelos EUA, que não apodrece antes do tempo.

Milho

A associação de um gene da bactéria Bacillusthuringiensis com o milho permite torná-lo resistente a uma praga que destrói 7% das colheitas.

Soja

Um tipo possui genes da castanha-do-pará, o que lhe aumenta muito o valor nutritivo.

Ervilha

Ervilhas foram modificadas geneticamente para resistir mais tempo à estocagem.

Quadro 12: Vegetais modificados geneticamente conferindo-os resistências. Fonte: CHEIDA, L. E. Vol. único, p. 347, 2003

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APÊNDICE N – As embrionárias é que curam

As células-tronco e o tratamento de males do coração Pesquisa na área da cardiologia mostra a superioridade

das células de embriões sobre as adultas

Vanessa Vieira

Uma equipe de pesquisadores do Canadá, dos Estados Unidos e da Inglaterra

acaba de dar um passo decisivo para que as pesquisas com células-tronco

embrionárias se convertam em tratamentos efetivos nas clínicas e nos hospitais.

Pela primeira vez, eles conseguiram induzir uma célula-tronco embrionária humana

a se transformar em três tipos específicos de tecidos cardíacos, todos importantes

para o funcionamento do coração. O estudo é um avanço rumo aos transplantes de

tecidos desenvolvidos em laboratório. Há muito tempo a comunidade científica sabe

que as células-tronco embrionárias são capazes de se converter em qualquer um

dos 216 tipos de célula do corpo humano. Isso faz delas, hoje, a principal esperança

para tratar problemas tão distintos como diabetes e doença de Parkinson, ou para

devolver os movimentos a pessoas paraplégicas ou tetraplégicas. Apesar disso, as

pesquisas com células-tronco embrionárias continuam proibidas em muitos países,

entre eles o Brasil. A alternativa que se oferece são os estudos com células-tronco

adultas, com potencial infinitamente mais limitado no tratamento de doenças.

Nas pesquisas com células-tronco embrionárias, o desafio consiste em

dominar o processo pelo qual elas dão origem a cada tipo de tecido. Na prática, os

cientistas ainda não sabem que comandos determinam se uma célula-tronco vai se

transformar em osso, fígado ou sangue. Foi exatamente essa barreira que a equipe

chefiada pelo geneticista Gordon Keller, do McEwen Centre for Regenerative

Medicine, em Toronto, conseguiu driblar no caso de células cardíacas. Ao tratar as

células-tronco embrionárias humanas com fatores do crescimento nas quantidades e

nos momentos corretos, os cientistas descobriram que poderiam favorecer sua

transformação nas chamadas células progenitoras cardiovasculares. Essas células

progenitoras, por sua vez, são capazes de dar origem a qualquer uma das células

especializadas do coração: os cardiomiócitos, as células da musculatura lisa dos

vasos e as células endoteliais.

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A segunda fase da pesquisa incluiu transplantar as células cardíacas criadas

em laboratório para o coração de ratos com deficiência cardíaca. A função cardíaca

dos ratos foi melhorada em 31%, sendo que nenhum dos animais transplantados

desenvolveu tumores, o que é comum acontecer em experiências similares com

células-tronco adultas reprogramadas para se comportar como embrionárias. Num

estudo recente em que se tentou transplantar esse tipo de célula para 36

camundongos, dezesseis morreram e muitos desenvolveram tumores. O estudo da

equipe de Keller é o quarto publicado desde o ano passado que demonstra que as

células cardíacas derivadas de células-tronco embrionárias melhoram as funções do

coração quando transplantadas para roedores com infarto. Para a geneticista

Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da

Universidade de São Paulo, o sucesso no desenvolvimento e no transplante de

células cardíacas obtidas a partir de embriões mostra que a pesquisa com células-

tronco adultas não substitui os estudos com células-tronco embrionárias, apenas os

complementa. "As células-tronco embrionárias ainda têm muito a nos ensinar", ela

diz. "Disso depende o futuro da medicina." (Revista Veja. Edição 2058,2008)

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APÊNDICE O – O Brasil e o Projeto Genoma

Além de identificar grande número de genes humanos e de outros

organismos, os cientistas brasileiros desenvolveram uma nova estratégia de

sequenciamento. O país está muito adiantado na identificação de genes que atuam

no câncer, o que permitirá diagnósticos cada vez mais precoces e melhor escolha de

terapia.

Algumas pragas que atacam culturas agrícolas já foram sequenciadas. Entre

elas a bactéria Xylella fastidiosa, que causa o amarelinho, doença que atinge os

laranjais brasileiros.O sequenciamento de seu genoma (2902 genes) foi completado

em dezembro de 1999.

O Projeto Genoma Parasita é encarregado de sequenciar os causadores da

malária, doença de Chagas, esquistossomose e leishmaniose, entre outros, e o

Projeto Genoma Vírus estuda as variedades dos vírus da Aids, da hepatite C, do

hantavírus e do vírus sincicial respiratório (LINHARES; GEWANDSZANAJDER,

2011, p.123).

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APENDICE P – Teste de paternidade

“A revista Times anunciou as melhores invenções do ano de 2008 a qual ficou

na primeira posição é o aparelho que testa o DNA de forma caseira, o qual foi

intitulado como 23andMe (figura 4). Este teste de ADN 23andMe não é tão

conhecido como o iPhone ou como o Cristiano Ronaldo mas serve para sabermos

mais informações sobre a nossa pessoa., nossos familiares ou até outra pessoa

qualquer,

O nome pode parecer absurdo, mas o número 23 vem dos 23 pares de

cromossomas encontrados na sequência genética humana. No entanto, análise de

sua saliva real amostra é feita em cerca de 600000 polimorfismo de nucleotídeo

único (SNP’s), que estão espalhados por toda a sequência genética. O teste de DNA

23andMe também analisa alguns milhares de componentes do nosso DNA

mitocondrial... ‘seja o que isto for’ (SIMÕES, 2008).

A lista deste teste de DNA fornece resultados relacionados com a

degeneração muscular relacionada à idade, doença de Crohn, doença de Parkinson,

artrite reumatoide, a resistência ao HIV/AIDS e também a doença afeta muitas

pessoas em Portugal e Brasil; diabetes tipo I e diabetes tipo II.

Além do DNA genômico, presente no núcleo das células, também há DNA

nas mitocôndrias, organelas situadas no citoplasma. Esse DNA é muito menor que o

nuclear e tem estrutura circular, que o torna mais parecido com o das bactérias.

No contexto da análise forense, o interesse pelo DNA mitocondrial surgiu por

vários motivos: primeiro esse DNA também contém regiões polimórficas que

permitem sua individualização; segundo, os descendentes recebem esse DNA

apenas da mãe, o que permite traçar a linhagem materna de um a pessoa, e

terceiro, esse DNA é mais resistente à degradação que o DNA nuclear. Assim, em

grandes desastres (incêndios, explosões, queda de avião, etc.), quando é mais difícil

identificar os corpos, analisa-se o DNA mitocondrial. Este é extraído dos restos

mortais e a sequência de interesse é comparada com sequências obtidas de irmãos

ou descendentes maternos. (DNA mitocondrial. Brasil Escola, 2009).

Agora observe outros fragmentos de noticiários variados:

“Teste de DNA confirma que os ossos são de Steve Fossett”

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“Milionário desapareceu em 03 de setembro de 2007”. Ossos foram

encontrados perto de avião que era de Fossett. (Gazeta do povo. Paraná. 2008)

“Teste de DNA livra homem acusado por estrupo após 26 anos. ”

19/09/2008 às 14h15 (Newspeg. com. 2008)

Um acusado por estrupo que passou quase 26 anos na prisão foi liberado por

uma corte de Dallas. Um juiz recomendou a revisão da pena de Johnnie Earl

Lindsey, após um teste recente de DNA demonstra sua inocência.

Lindsey é o 2] réu do condado de Dallas a ser inocentado por testes de DNA

desde 2001, quando passou a valer uma nova lei estadual que aceita esses exames

como provas em processos.

“Israel fará teste de DNA em cocô de cachorro para punir donos porcalhões”

(Gazeta do povo. Paraná. 2008)

Quem deixar fezes de cão na rua corre o risco de levar multa. Cidade vai criar

banco de dados com código genético de animais.

“Xororó faz de DNA obrigado pela Justiça” (Perfilnews, 2006)

Cantor sertanejo compareceu, na semana passada, ao Hemocentro de

Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, para colher sangue para um exame de

DNA, segundo informações do jornal A cidade. O músico foi ao laboratório obrigado

por uma ordem judicial expedida a partir da solicitação da família de uma

adolescente de 19 anos que garante ser filha de Xororó.

De acordo com o jornal, a coleta será encaminhada ao Instituto de Medicina

Social e de Criminologia (IMESC) de São Paulo, onde será feito o exame de DNA.

Estado vai ser palco de debate sobre teste de DNA (Estado do Espírito Santo,

2008)

A forma operante e os benefícios da análise do DNA par a identificação de

paternidade e cadáver são alguns dos temas debatidos durante o I Seminário

Brasileiro de DNA e Laboratórios Forenses, que começa amanhã (28) e vai até

sexta-feira (31), no hotel Canto do Sol, em Vitória.

(Pinto, G.H.F. Teste de paternidade por análise de DNA).

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Extração de DNA cadavérico Versus análise do DNAS de Familiares

(Pinto, G.H.F. Teste de paternidade por análise de DNA)

Sabe-se atualmente de experimentos bem sucedidos e realizados em tecidos

humanos de 8 a 10 anos post-mortem e mesmo em animais mumificados há 140

milhões de anos, como o inseto recentemente encontrado em âmbar, e cujo DNA foi

extraído praticamente intacto. Estes experimentos foram tão importantes para a

Ciências e ampliaram de tal forma os horizontes e as possibilidades de estudo no

campo da paleontologia que inspiraram inclusive o filme de Steven Speilberg

Jurassic Park”.

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APENDICE Q – Jaycee: Órfão de Ninguém”

A menina americana Jaycee nasceu na década de 1990, após um processo

de fertilização artificial de espermatozóide e óvulo de doadores anônimos. Seus pais

adotivos John e Luanne Buzzanca, encomendaram a sua gestação, que foi feita no

útero de outra mulher, chamada mãe de aluguel, contratada por 10 mil dólares.

Entretanto, pouco antes do nascimento, o casal se divorciou e passou a negar

qualquer responsabilidade sobre o futuro bebê. Sem nenhuma vinculação genética

com o casal, nem com a mãe de aluguel, e com os pais biológicos anônimos, restou

à Justiça declarar Jaycee uma criança sem pais. Em outras palavras, órfã de

ninguém. (CHEIDA, 2003, p. 347).

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ANEXOS

ANEXO A – CEFET-MG

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II ENCONTRO DOS PROFESSORES DAS DISCIPLINAS DE FORMAÇÃO GERAL DOS CURSOS TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO

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ANEXO B – Bionews

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ANEXO C – Grade curricular

Curso: MECÂNICA – INTEGRADO Turno: DIURNO Campus: I CONTEÚDOS DE FORMAÇÃO GERAL

ÁREA DISCIPLINA Carga Horária H/A Carga Horária

1ª SÉRIE 2010

2ª SÉRIE 2011

3ª SÉRIE 2012 H/A H

A Linguagens e suas

Tecnologias

Artes 2 0 0 80

700,0 Educação Física 2 2 2 240

Língua Portuguesa, Literatura e Cultura 3 2 2 280

Redação e Estudos Lingüísticos 2 2 2 240

B Ciências da Natureza,

Matemática e suas Tecnologias

Biologia 3 2 0 200

966,7 Física 4 3 2 360

Matemática 4 3 2 360

Química 2 2 2 240

C Ciências Humanas e

suas Tecnologias

Geografia 2 2 0 160

466,7 História 2 2 2 240

Filosofia 2 0 0 80

Sociologia 0 0 2 80

Carga Horária – BNC 28 20 16 2.560 2.133,3

CONTEÚDOS DIVERSIFICADOS

A

Língua Estrangeira (Inglês) 2 2 2 240 200,0

Gerenciamento Humano (GH) 1

40 33,3

Metodologia Científica (MCT) 1 40 33,3

Carga Horária – PD 4 2 2 320 266,7

CONTEÚDOS ESPECÍFICOS

FOR

MA

ÇÃ

O P

RO

FISS

ION

AL

ESPE

CÍF

ICA

Desenho Técnico Mecânico (DTM) 3

120 100,0 Metrologia I (MTRO I) 1 40 33,3

Segurança no Trabalho (ST) 1 40 33,3 Ciência e Tecnologia dos Materiais (CTM) 1 40 33,3

Mecânica Técnica e Resistência dos Materiais (MTRM)

3

120 100,0 Máquinas Térmicas e de Fluxo (MTF) 3 120 100,0 Desenho de Máquinas e CAD (DMCAD) 3 120 100,0

Comandos Elétricos (CE) 1 40 33,3 Ensaios Destrutivos (ED) 1 40 33,3

Eletrônica Digital Básica (EDB) 1 40 33,3 Metalografia (META) 1 40 33,3

Ajustagem (AJUS) 1 40 33,3 Tornearia (TORN) 1 40 33,3

Metrologia II (MTRO II) 1 40 33,3 Fresagem (FRES) 1 40 33,3

Gestão da Qualidade (GQ)

2 80 66,7 Elementos de Máquinas (ELM) 2 80 66,7

Manufatura Assistida por Comp. (CAD/CAM) 1 40 33,3 Tecnologia da Soldagem (TS) 1 40 33,3 Tecnologia da Fundição (TF) 1 40 33,3

Caldeiraria (CALD) 1 40 33,3 Comandos Óleos Hidráulicos (COH) 1 40 33,3

Comandos Pneumáticos (CP) 1 40 33,3 Usinagem Assistida por Computador (CNC) 1 40 33,3

Controlador Lógico Programável (CLP) 1 40 33,3 Manutenção de Máq. e Equipamentos Industriais (MMEI) 1 40 33,3

Manutenção de Motores Endotérmicos (MME) 1 40 33,3 Ensaios Não Destrutivos (END) 1 40 33,3

Tratamentos Térmicos (TT) 1 40 33,3 Retificação (RET) 1 40 33,3

CARGA HORÁRIA SUBTOTAL - DFE 06 17 17 1600 1333,3

C. H. SUBTOTAL: CERT. ENSINO MÉDIO 38 39 35 4480 3733,3

ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO – ECO 480,0

CARGA HORÁRIA TOTAL - HABILITAÇÃO PROFISSIONAL: DIPLOMA 4213,3

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PROCESSO 23062.006460/10-12 – RESOLUÇÃO CEPT - 19 /11 – 11 de Outubro de 2011.

ANEXO D – Grade Curricular

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ANEXO E – Artigo publicado na Revista Educação & Tecnologia do CEFET-MG

DA BIOLOGIA À BIOTECNOLOGIA: RELEVÂNCIA, OBJETIVIDADE, ORIGINALIDADE E CONTEÚDO NO IV ENCONTRO REGIONAL DE ENSINO DE

BIOLOGIA (EREBIO 2007), RIO DE JANEIRO.

Sandra Mara Mourão Cardinali Doutoranda em Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Cruzeiro do Sul

(UNICSUL) - São Paulo – Brasil - Professora de Biologia - Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET/MG).

[email protected]

Rita de Cássia Frenedozo Prof.ª Dr.ª em Ensino de Ciências e Matemática - Universidade Cruzeiro do Sul

(UNICSUL) - São Paulo - Brasil. [email protected]

RESUMO Este artigo registra o panorama dos trabalhos apresentados no IV Encontro Regional de Ensino de Biologia (EREBIO 2007), de 22 a 25 de outubro de 2007, Rio de Janeiro. Foram identificados, nesse evento, quais abordaram a Genética de modo geral e a Biotecnologia em particular, sendo que os mais relevantes, objetivos e originais tiveram seu conteúdo analisado: cinco trabalhos, quatro oficinas, um minicurso e três painéis puderam demonstrar, mais de perto, as perspectivas nas técnicas de ensino e o desenvolvimento de novos olhares para um significativo processo de ensino e aprendizagem no ensino de Ciências e Biologia. Os cinco trabalhos mais relevantes, objetivos e originais (dentre 21) com o recorte de genética/biotecnologia puderam registrar as reflexões e resultados sobre as novas buscas do ensino de uma ‘genética escolar’ mais associada às mentes dos jovens do mundo contemporâneo pleno de novos desenvolvimentos da ciência. A produção do conhecimento científico tem aumentado significativamente e a área de pesquisa em Educação e Ensino de Ciências e Biologia tem se consolidado no Brasil, haja vista o volume e a seriedade com que os trabalhos do IV EREBIO2007 foram apresentados. Palavras-chave: ensino de biologia; genética; biotecnologia; coletânea de eventos.

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DA BIOLOGIA À BIOTECNOLOGIA: RELEVÂNCIA, OBJETIVIDADE, ORIGINALIDADE E CONTEÚDO NO IV ENCONTRO REGIONAL DE ENSINO DE

BIOLOGIA (EREBIO 2007), RIO DE JANEIRO ABSTRACT This article records the panorama of papers presented at the Fourth Regional Meeting of Biology Teaching (EREBIO 2007), 22-25 October 2007, Rio de Janeiro. One identified which approached genetics in general and biotechnology in particular, being that the most relevant, objective and original content were analyzed: five papers, four workshops, a short course and three panels were able to demonstrate a closer perspective on teaching techniques and the new perspectives developing for a meaningful teaching and learning in Science and Biology Teaching. The five most relevant, objective and original publications (among 21) with crop genetics and biotechnology could record the thoughts and the new search results on the ‘genetic school’ teaching more associated with the young minds of today's world full of new developments in science. The production of scientific knowledge has increased significantly and the research in Education and Science and Biology area has been established in Brazil, considering the volume and seriousness in which IV EREBIO2007’s texts were presented. Keywords: teaching biology; genetics; biotechnology; collection of events.

FROM BIOLOGY TO BIOTECHNOLOGY: RELEVANCE, OBJECTIVITY, ORIGINALITY AND CONTENT AT THE FOURTH REGIONAL MEETING OF

BIOLOGY TEACHING (EREBIO 2007), RIO DE JANEIRO.

INTRODUÇÃO

Este artigo tem por objetivo analisar os trabalhos apresentados no IV

Encontro Regional de Ensino de Biologia (ENCONTRO REGIONAL DE ENSINO DE

BIOLOGIA, 2007), realizado de 22 a 25 de outubro de 2007 na Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que teve como tema central ‘Ciências Biológicas e

Ensino de Biologia: tradições, histórias e perspectivas’, buscando identificar quais

tenderam à abordagem da Genética de modo geral e da Biotecnologia em particular,

e de que maneira isso foi demonstrado.

Os EREBIO que os precederam ocorreram nos meses de agosto, o primeiro

em 2001, o segundo em 2003 e o terceiro em 2005, sempre tendo por objetivos

fortalecer as relações entre Educação, Ciência, Tecnologia, Sociedade, Cultura e

Ambiente, no âmbito do ensino de Ciências e Biologia; promover o intercâmbio entre

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pesquisadores da área; fortalecer os vínculos entre pesquisadores e professores

interessados no ensino de Ciências e Biologia; atualizar professores dos diversos

segmentos de ensino em torno das contribuições recentes da pesquisa em Ensino

de Ciências e Biologia; contribuir para a melhoria do ensino de Ciências e Biologia

nos diversos segmentos de ensino; e oferecer subsídios teórico-práticos para a

prática docente em Ciências e Biologia.

A pergunta de partida ficou definida em: quais, numa primeira seleção,

registram relevância, objetividade e originalidade, e por quê? Isso se deve ao fato de

que “o ensino de Biologia se organiza ainda hoje de modo a privilegiar o estudo de

conceitos, linguagem e metodologias desse campo do conhecimento, tornando as

aprendizagens pouco eficientes para interpretação e intervenção na realidade”

(BORGES; LIMA, 2007, p.166). Entendemos que quanto mais os pesquisadores

buscarem o desafio de reverter esse processo, mais o ensino da Biologia se

aproximará das necessidades e interesses dos alunos no mundo atual.

A Biologia, a Genética e a Biotecnologia

A Genética tem seus conteúdos orientados a partir de diretrizes dos novos

Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), que vêm

procurando sugerir reformas educacionais de acordo com a LDB (BRASIL, 2002;

2006), inserindo novas visões atualizadas da Biologia, especificamente no tocante à

Genética. Esta inclui os aspectos relacionados à herança, ao material genético e à

sua mecânica de transmissão, interações e alterações, e é reconhecida como uma

das mais importantes no contexto ‘biologia escolar’, assim como uma das mais

problemáticas, devido à sua abrangência e complexidade (GOLDBACH, 2007).

Embora a curiosidade pelo entendimento dos processos que resultam na

transmissão da herança biológica remonte a 400 a.C., pode-se dizer que a ciência

da Genética começou em 1900 com a redescoberta do trabalho de Gregor Mendel

de 1865. A partir de então, o esforço e a criatividade de muitos pesquisadores,

também associada ao desenvolvimento de metodologias científicas, permitiram

grandes avanços na compreensão de eventos pelos quais os genes expressam sua

informação. Dos ‘fatores’, unidades abstratas de Mendel, para a identificação do

DNA como base química de hereditariedade, foi grande a evolução dos

conhecimentos (BITNER-MATHÉ, 2007).

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Atualmente, como uma das áreas da Biologia, a Genética tem se

desenvolvido bastante, trazendo muitas informações novas acerca dos genes e dos

mecanismos de herança. Temas como a transferência do DNA de um organismo

para outro (enzimas de restrição, vetores e clonagem molecular), a participação da

engenharia genética na produção de alimentos, herbicidas, produtos farmacêuticos,

hormônios, de vacinas e medicamentos; as técnicas moleculares utilizadas para a

detecção precoce de doenças genéticas; a importância dos testes de DNA para

determinação da paternidade; investigação criminal ou identificação de indivíduos e

a compreensão da natureza dos projetos genomas têm mobilizado pesquisadores e

sociedade em geral, pois implicam questões religiosas, políticas, legais e éticas.

Essa área tem sido a base para o incremento de outra área da biologia, a

Biotecnologia, que corresponde à utilização de seres vivos com o intuito de serem

obtidos produtos de interesse para o ser humano.

A Biotecnologia pode ser definida como “o conjunto de técnicas que permitem

a seleção e a modificação de organismos” (LOPES; ROSSO, 2007, p.496),

englobando técnicas de manipulação genética das células, área conhecida como

Engenharia Genética. Neste sentido, torna-se imprescindível a abordagem desses

temas atuais na aula de Biologia para a formação de indivíduos aptos a conviver

numa sociedade com perfil científico tecnológico dos dias atuais, em que questões

polêmicas surgem na vida cotidiana dos estudantes, como: optar por comer ou não

alimentos transgênicos, opinar sobre o uso de embriões humanos para fins

terapêuticos, discutir as questões éticas e morais envolvidas na clonagem, dentre

outros. Por isso, para que haja a construção de uma visão de mundo mais

articulada e menos fragmentada, contribuindo para que o indivíduo se veja como

participante de um mundo em constante transformação (BRASIL, 2002; 2006), a

essência do processo de aprendizagem significativa deve permitir que ideias

simbolicamente expressas sejam relacionadas de maneira não literal e não arbitrária

ao que o indivíduo já sabe, como diria David Paul Ausubel ainda em 1982.

Metodologia utilizada na análise do panorama do IV EREBIO/2007

A identificação preliminar foi quali-quantitativa e de natureza descritiva, pois

buscamos identificar a distribuição dos trabalhos segundo eixos temáticos e

categorias, processo que demanda atenção, mas não registra complexidade. Em

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seguida, foram selecionados 21 (vinte e um) que se referem à abordagem da

genética e/ou biotecnologia e que foram julgados os mais relevantes, objetivos e

originais para aqui constarem e serem analisados. Na sequência, a análise se dirigiu

à distribuição dos trabalhos no IV EREBIO/2007 apenas por eixos temáticos, em que

os textos completos foram lidos e tiveram seu conteúdo analisado conforme o

estabelecido por Bardin (2004).

Para a autora, a análise documental é uma operação ou um conjunto de

operações que visa representar o conteúdo de um documento sob uma forma

diferente da original, com o propósito de armazenar dados sob uma forma variável e

facilitar a compreensão de tal forma que o observador obtenha o máximo de

informação (aspecto quantitativo) com o máximo de pertinência (aspecto qualitativo).

Em suas palavras, a análise de conteúdo é “uma técnica de investigação que,

através de uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto

das comunicações, tem por finalidade a interpretação dessas mesmas

comunicações”, assentando-se implicitamente na crença de que a categorização

não conduz a desvios no material (BARDIN, 2004, p.31).

No conjunto analisado, sobressaem experiências pedagógicas direcionadas a

turmas do Ensino Médio, algumas com turmas de Educação de Jovens e Adultos

(EJA) e restritas pesquisas acadêmicas. Dada a complexidade da Genética e da

Biotecnologia (temas multidisciplinares), pode ser compreendida a dificuldade de

alteração de técnicas tradicionais de ensino para pesquisas de ensino e

aprendizagem nesses focos.

A seleção qualitativa se baseou em somente três dos oito critérios de análise

de Jeremy Kilpatrick (1996) (relevância, validade, objetividade, originalidade,

rigor/precisão, prognóstico, reprodutibilidade e relacionamento) por restrições

metodológicas de espaço: relevância, objetividade e originalidade. O de relevância,

para Kilpatrick, é o primeiro e possivelmente o mais importante dos oito critérios de

qualidade em textos científicos. Na realidade, “uma interpretação apropriada de um

critério notaria que a relevância de um estudo isolado é excessivamente difícil de

avaliar. O critério funciona melhor quando aplicado [...] à pesquisa que está num

corpus de estudos semelhantes” (KILPATRICK, 1996, p.104). Foi exatamente este

um dos intuitos deste estudo, principalmente porque esse critério auxilia “a refletir

sobre e expressar o que nós sabemos” (KILPATRICK, 1996, p.104). Como se verá

adiante neste artigo, em um estado da arte analisado, a objetividade é difícil de ser

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alcançada, pois os autores encontraram 16 trabalhos (em eventos científicos de

Biologia entre 2001-2006) que registraram vários enfoques e nenhuma ênfase.

“Ainda que a objetividade absoluta seja, em última análise, inatingível, pode-se ainda

ver isto como um ideal que se deseja atingir”. Quanto à originalidade, pode-se dizer

que ela surge de uma reprodução com alterações significativas, porque “quaisquer

que sejam suas fontes, os estudos originais têm um elemento de surpresa que nos

equipa e nos faz ver o ensino e a aprendizagem [...] sob um novo prisma”

(KILPATRICK, 1996, p.105).

Resultados quantitativos

Os eixos temáticos dos 105 (cento e cinco) trabalhos (TAB.1) encontram-se

assim distribuídos: Formação de Professores de Ciências e Biologia (20);

Desenvolvimento de Estratégias didáticas para o Ensino de Biologia (40); Educação

Não Formal (14); Relação entre educação, ciências e culturas (6); Processo de

Ensino e aprendizagem de Ciências e Biologia (23 trabalhos); e História e filosofia

da ciência (2).

TABELA 1 – Distribuição dos trabalhos apresentados no IV EREBIO/2007, Rio de Janeiro, RJ, por Eixos Temáticos e Categorias, exceto Painéis Temáticos,

Minicursos e Oficinas

EIXO TEMÁTICO TOTAL CATEGORIA

Relato de experiência

Prod. material didático

Pesquisa Acadêmica

Formação de professores de Ciências e Biologia 20 16 2 2

Desenvolvimento de estratégias didáticas para o ensino de Biologia 40 23 18 5

Educação Não Formal 14 3 1 6 Relação entre educação, ciências e culturas 6 0 0 6

Processo de ensino e aprendizagem em ensino de Ciências e Biologia 23 12 1 8

História e filosofia da ciência 2 0 0 2 TOTAL 105 54 22 29

Percebe-se pela TABELA 1 estar havendo grande interesse no eixo

‘desenvolvimento de estratégias didáticas para o ensino de Biologia’ nas categorias

‘relatos de experiência’ e ‘produção de material didático’, mas as pesquisas

acadêmicas ainda registram números restritos nos eixos aos quais se referem.

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Quanto à ‘formação de professores’, os relatos de experiências foram

representativos, mas, da mesma forma, as pesquisas acadêmicas foram poucas. No

‘processo de ensino e aprendizagem em ensino de Ciências e Biologia’, houve

equilíbrio relativo, pois os relatos de experiência totalizaram 12 e as pesquisas 8

trabalhos.

Buscamos identificar a tendência de manifestações maiores de interesses dos

participantes do encontro, encontrando nos Eixos temáticos a seguinte distribuição

de categorias (TAB.2):

TABELA 2 – Distribuição dos trabalhos apresentados no IV EREBIO/2007, Rio de Janeiro, RJ, por Eixos Temáticos e Categorias

Relato de experiência Produção de material didático Pesquisa Acadêmica 16 2 2 23 18 5 3 1 6

0 0 6

12 1 8 0 0 2

54 22 29 Apenas quanto à divisão por eixos temáticos, foi privilegiado o

‘desenvolvimento de estratégias didáticas para o ensino de Biologia’ (38%), seguido

pelo ‘processo de ensino e aprendizagem em ensino de ciências e Biologia’ (22%) e

o de ‘formação de professores (19%).

Também pela técnica de identificação quali-quantitativa, apresentada pelo

programa Excel® Windows, a distribuição dos trabalhos por eixos temáticos se deu

da seguinte maneira: nos Relatos de Experiência, houve maioria de trabalhos que

visualizaram o eixo ‘desenvolvimento de estratégias didáticas para o ensino de

Biologia’, com 43%. Isso pode demonstrar estar havendo mobilização de

pesquisadores para alterar técnicas tradicionais de ensino e aprendizagem por

estratégias mais inovadoras que permitam maior participação motivada dos alunos,

perseguindo a teoria de Ausubel para uma aprendizagem significativa. Em seguida,

‘formação de professores de Ciências e Biologia’ com 30%; ‘processo de ensino e

aprendizagem em ensino de Ciências e Biologia com 22%; e‘educação não formal’

com 5%. Para ‘História e filosofia da ciência’ e ‘Relação entre educação, ciências e

cultura’, não houve Relatos de Experiência.

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No recorte para ‘Produção de Materiais Didáticos’, os trabalhos que focaram o

‘desenvolvimento de estratégias’ alcançaram o percentual de 82%, seguidos pela

‘formação de professores’ com 9%; ‘processo de ensino e aprendizagem’ com 5%; e

‘educação não formal’ com 4%. Da mesma forma que nos Relatos de Experiência,

para ‘História e filosofia da ciência’ e ‘Relação entre educação, ciências e cultura’,

não houve qualquer produção (0%).

Na distribuição das ‘pesquisas acadêmicas’, constata-se que a preocupação

da comunidade acadêmica está relacionada ao processo de ensino e aprendizagem

(27%) seguido de perto e igualmente pela ‘educação não formal’ (21%) e a ‘relação

entre educação, ciências e cultura’ (21%). O ‘desenvolvimento de estratégias

didáticas para o ensino de biologia’ contou com 17% do interesse e a ‘história e

filosofia da ciência’ com 7%.

Análise qualitativa – Relevância, objetividade, originalidade e conteúdo.

Em que pese a identificação da distribuição de eixos temáticos e categorias,

entende-se que a real contribuição para a comunidade científica por parte dos

professores de Biologia é a tendência dos trabalhos e seus conteúdos, e isso está

demonstrado na TABELA3. A seleção abaixo foi realizada por três critérios

(relevância, objetividade e originalidade). Foram considerados relevantes, objetivos

e originais os seguintes trabalhos (TAB.3):

TABELA 3 – Recorte Genética / Biotecnologia - Distribuição dos trabalhos

apresentados no IV EREBIO/2007, Rio de Janeiro, RJ

EIXOS TEMÁTICOS

CATEGORIAS

Relato de experiência

Produção de material

didático

Pesquisa Acadêmica

TOTAL

Formação de professores de Ciências e Biologia

RE48, RE57, RE92, RE97

-- 4

Desenvolvimento de estratégias didáticas para o ensino de Biologia

RE18, RE38, RE39, RE71, RE95, RE100

PMD34, PMD86 PA31 10

Educação Não Formal -- -- 6 -- Relação entre educação, ciências e culturas -- -- PA7, PA90 2

Processo de ensino e aprendizagem em ensino de Ciências e Biologia RE47, RE75 PMD64 PA56, PA77 5

História e filosofia da ciência -- -- -- 0 TOTAL 12 3 6 21 Legenda: Trabalhos em negrito com análise de conteúdo segundo os critérios de Jeremy Kilpatrick.

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Os trabalhos negritados, em número de cinco, foram submetidos à análise de

conteúdo, cujo resultado é demonstrado a seguir.

RE48 – Elaboração, execução e avaliação de uma atividade didática sobre genética por licenciados em Ciências Biológicas da UFRJ

Em um relato de experiência docente, pesquisadores trabalharam com alunos

de uma turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) de comunidades carentes e

na faixa etária entre 20 e 50 anos de idade com atividades em grupos de 5 pessoas

para o ensino e aprendizagem em Genética. Pode ser percebido que um conteúdo

relativamente abstrato pode ser desenvolvido com o uso de materiais simples e de

forma participativa, gerando motivação para o aprendizado de forma significativa,

principalmente no caso desses jovens e adultos especiais, aos quais não foi

permitida uma base sólida de ensino quando de sua infância e adolescência devido

à necessidade de auxiliar no sustento de suas famílias.

RE18 – Biotecnologias: trabalhando projetos com inovação nos processos didáticos do ensino médio

Em um relato de experiência docente, dois pesquisadores informaram sobre o

ramo da Biologia que estuda o mecanismo da transmissão dos caracteres de uma

espécie, transmitidos de uma geração a outra, ou seja, a ciência da hereditariedade,

entendida como o fenômeno que explica as semelhanças observadas entre pais e

filhos ou entre indivíduos de uma mesma linhagem. A idéia de seu projeto em um

Colégio Estadual do Rio de Janeiro foi propiciar aos alunos do terceiro ano do

Ensino Médio o desenvolvimento de pesquisas para a elaboração de Projetos sobre

Biotecnologia criados pelos próprios grupos e com temas diferentes sobre os

trabalhos recentes que giram em torno da Genética. Nessa perspectiva, os alunos

puderam levar às discussões em sala de aula várias questões, não apenas o papel

da ciência na sociedade, mas também como eles próprios se colocavam nos

processos sociais dos quais participam ativa e não socialmente.

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RE71 – O trabalho de campo no ensino de Genética sob a perspectiva da contextualização do saber

Em seu relato de experiência docente, foi observado que as dificuldades dos

alunos com a linguagem da Genética são, em particular, atribuídas ao fato de esta

ser uma área caracterizada por vasto e complexo vocabulário, gerando eventual

incapacidade em compreender e diferenciar os conceitos envolvidos, como é o caso

dos termos alelos, genes e cromossomos. Além disso, a atividade extraclassse foi

realizada com alunos do curso noturno da 3ª série do ensino médio, todos oriundos

da Educação de Jovens e Adultos (EJA), de idade avançada e com limitações

físicas. O tema colocado pelos autores foi ‘Construção de Heredogramas

Familiares’. Ao final das atividades, foi possível provocar nos alunos curiosidade

inata sobre suas origens, despertando interesse e envolvimento na atividade e na

tarefa de entender a hereditariedade dentro de seu contexto familiar, desenvolvendo,

ainda, o espírito científico da investigação e do autoconhecimento.

PMD34 – Desenvolvimento e uso do software ‘HERDAFD’ numa aula de Genética como atividade integrante da prática de ensino

Junto a alunos da 7ª série do Ensino Fundamental, dois professores

buscaram desenvolver estratégias didáticas para o ensino da Genética fazendo uso

de recursos de informática (equipamentos e programas), introduzindo os conceitos

mendelianos de uma forma lúdica. Os autores entendem que a relevância no

entendimento dos conteúdos de Genética para a compreensão das técnicas e

biotecnologia já faz parte do cotidiano dos alunos, sendo crescentemente valorizada

pela mídia e pelos próprios Parâmetros Curriculares Nacionais. Assim, o processo

da descoberta pelo aluno dos conceitos básicos da Genética pode ser realizado com

a utilização da informática como mediadora no processo de aprendizagem. Contudo,

isso implica em novos desafios, pois, ao contrário dos materiais educativos

tradicionais, a relação com a informação é mais abstrata, em sequências lineares ou

não.

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PA31 – Corpo humano como tema de investigação dos trabalhos prático-pedagógicos apresentados nos principais encontros da área de ensino de Ciências e Biologia de 2001 a 2006

Este trabalho constitui um ‘estado da arte’ e está classificado como eixo

temático no ‘desenvolvimento de estratégias didáticas para o ensino de Biologia’, o

que representa, efetivamente, grande contribuição para o tema deste estudo. As

autoras objetivaram selecionar, listar e catalogar os principais trabalhos prático-

pedagógicos apresentados em encontros da área de ensino de Ciências e Biologia

que tratavam da temática ‘corpo humano’ no período 2001-2006. Perceberam que

as estratégias mais usadas foram discussões e debates, seguidos por construção de

modelos e jogos didáticos; vídeos/filmes, computador para busca e leitura de textos

em sites diversos; experiências em laboratório e o uso de modelos. Os enfoques

identificados nos trabalhos prático-pedagógicos foram em ordem de importância:

sistêmico; ligado à saúde; químico/estrutural; histórico; evolutivo (apenas 1 trabalho)

e não identificado (16 trabalhos registraram vários enfoques e nenhuma ênfase). A

última conclusão de Friedrich et al. (2007) se refere à necessidade de motivar a

comunidade acadêmica quanto ao interesse de associar trabalhos práticos que

apresentem interligação dos temas ‘célula’ e ‘corpo humano’, já que dos 76

trabalhos analisados, 12% se referiram ao corpo humano e 10% ao tema ‘células’,

seguidos pela ‘botânica’ (9%)

Minicursos e Oficinas

Além dos trabalhos apresentados e citados acima, houve na IV EREBIO/2007

a realização de 11 Minicursos e 14 Oficinas. Dentre eles, destacaram-se 4 Oficinas e

1 (um Minicurso com o foco específico em Genética / Biotecnologia, apresentados

no QUADRO 1 e detalhados a seguir.

QUADRO 1 – Minicursos e Oficinas apresentados no IV EREBIO/2007, Rio de Janeiro, RJ – Recorte em Genética / Biotecnologia

Tipo Código Instituição Tema

Oficina OF-1 FIOCRUZ Visualizando o DNA: a molécula da vida; uma introdução à biologia molecular para o ensino médio

OF-6 IB-UFRJ Ensino de evolução: uma perspectiva genética

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OF-7 CEFET Células-tronco e diferenciação celular: a base do desenvolvimento e manutenção dos organismos

OF-12 UFES FAESA

Produção de material didático sobre temas de biologia celular

Minicurso MC-2 CEAT UFF

A interrelação possível entre biologia celular e biologia do desenvolvimento em nossas aulas

OF-1 – Visualizando o DNA: a molécula da vida; uma introdução à biologia molecular para o ensino médio

Os objetivos da Oficina-1 foram discutir e demonstrar como os professores de

ciências podem introduzir seus alunos nos domínios da ciência fazendo uso de

materiais caseiros e métodos simples, aproximando-os da molécula base de toda a

vida, o DNA. Na Oficina 1, o DNA foi extraído de morangos.

OF-6 – Ensino de evolução: uma perspectiva genética

Nesta oficina, o professor assinala ser quase impossível o ensino de evolução

por uma perspectiva genética tendo em vista a extensão do conteúdo de Biologia

tratado no ensino médio. Assim, sugeriu que essa abordagem pudesse ser feita

através do desdobramento de conceitos necessariamente estudados, como

homologia e herança mendeliana. O coordenador da Oficina-6 entende que como a

análise da história evolutiva usa a morfologia, a análise molecular também leva em

consideração alguns caracteres derivados compartilhados entre as espécies, só que

estes se encontram na sequência linear de nucleotídeos das moléculas de DNA.

OF-7 – Células-tronco e diferenciação celular: a base do desenvolvimento e manutenção dos organismos

A Oficina-7 objetivou apresentar os conteúdos relacionados às células-tronco

e à diferenciação celular, abordar os tópicos fundamentais para discussões junto aos

alunos e desenvolver estratégias práticas e cotidianas que conduzissem à

compreensão do processo de diferenciação celular.

OF-12 – Produção de material didático sobre temas de biologia celular

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A proposta da Oficina-12 foi estimular os alunos com atividades práticas ao

ensino de ciências nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Mesmo sendo de

interesse da autora deste artigo as abordagens específicas para o Ensino Médio, a

Oficina-12 foi considerada relevante, objetiva e original devido à preocupação da

fundamentação da ciência no período anterior. Os autores se baseiam em Myriam

Krasilchik (2004) e comentam que o processo de ensino de Ciência e Biologia deve

estar adaptado à maneira como o raciocínio se desenvolve.

Minicurso-2 – Fecundação: a interrelação possível entre biologia celular e biologia do desenvolvimento em nossas aulas

O minicurso debateu a questão da biologia celular abordada nos livros

didáticos do ensino médio e de nível superior, utilizando a noção de um método ideal

de célula que não se próxima da diversidade morfofuncional do corpo dos animais.

Além disso, as ilustrações das obras didáticas pouco dialogam com o texto e

distanciam o aluno de um maior interesse com a temática. Por consequência, a

dinâmica do funcionamento celular na manutenção da homeostase animal é pouco

percebida pelo aluno, já que a célula estudada não é constituinte de seu corpo

(humano), e é assimilada como se a realidade fosse outra. A proposta do professor

foi fazer a interrelação entre a biologia celular e a biologia do desenvolvimento

utilizando o tema ‘fertilização’ como assunto integrador, ou seja, a demonstração do

momento de encontro dos gametas auxiliados por ilustrações e sem uso de

microscópios.

Painéis Temáticos

Mesmo não constando do conjunto de 105 trabalhos, três Painéis Temáticos

despertaram nossa atenção e estão incluídos em nova modalidade do IV EREBIO,

denominada ‘Desafios na Escola Básica’ (QUADRO 2).

QUADRO 2 – Painéis Temáticos apresentados no IV EREBIO/2007, Rio de Janeiro, RJ – Desafios na Escola Básica RJ – Recorte em Genética

DESAFIOS NA ESCOLA BÁSICA Instituição Tema

Desafios do ensino Depto. Genética, Menos pode ser mais: é preciso repensar o que

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de genética Instituto de Biologia, UFRJ

ensinar?

Desafios do ensino de botânica

CEFET/RJ Ensino de genética na escola básica: uma experiência com história da ciência

CEFET-Química/RJ Os desafios do ensino de genética na ‘ciência escolar’: o que apontam as pesquisas na área de ensino de Biologia

Menos pode ser mais: é preciso repensar o que ensinar?

No Painel Temático desenvolvido, a autora constata que a maioria das

dificuldades está relacionada à forma fragmentada como a Genética tem sido

apresentada aos alunos, que não associam, por exemplo, os símbolos ‘A’ e ‘a’

usados para identificar alelos, definir genótipos e fenótipos na Genética Clássica

com processos da Genética Molecular; desconhecem ou não refletem sobre o fato

de que cromátides-irmãs não possuem a mesma sequência de nucleotídeos porque

resultam da replicação do DNA. Assim, muitas respostas corretas podem ser

formuladas pelos alunos, mas sem nenhuma consistência, registrando meras

repetições de conteúdos memorizados. A razão da escolha do tema ‘menos pode

ser mais’ se baseia em estudos desenvolvidos por Griffiths e Mayer-Smith (2000) na

Universidade British Columbia, Canadá, denominados ‘lessis more’. Lá, também,

existe o debate do que deve ser priorizado: o volume da informação ou a

compreensão conceitual da disciplina básica. A autora sugere que temas genéticos

apresentados pela mídia devam ser fatores motivadores do mundo real para a

explanação científica.

Ensino de genética na escola básica: uma experiência com história da ciência

Neste painel, registra-se uma proposta em que a história da ciência possa

atuar como fonte propulsora de significados, buscando tornar as aulas mais

dinâmicas e atrativas, por meio da técnica de ‘contação de história’. Isso se deve à

sua percepção de ser comum se encontrar em livros didáticos a história da ciência

de forma anedótica ou de maneira romântica, em que grandes feitos científicos

foram concebidos de forma milagrosa ou corajosa e os grandes cientistas em heróis.

O autor acredita que o tratamento didático de conteúdos com caráter mítico parece

neutralizar uma forma bastante alienante de produção de conhecimentos. De forma

completar, observa que embora a experiência didática apresentada tenha ocorrido

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no âmbito de uma sala de aula específica, ela possibilita o exame de algumas

questões e o desejo de outros professores e estudantes a buscar formas próprias de

vivenciá-la.

Os desafios do ensino de genética na ‘ciência escolar’: o que apontam as pesquisas na área de ensino de Biologia

Na percepção deste professor, é na esfera da produção de conhecimentos,

partindo da necessária rede de diferentes saberes e práticas, aliadas à esfera da

formação permanente de professores que as abordagens abaixo citadas possuem

chance de serem revistas. A autora considera os seguintes os principais problemas

para o ensino e aprendizagem da genética, material hereditário e temas afins: (1)

problemas nos conceitos básicos de localização dos elementos envolvidos com a

herança/material genético (ampla confusão sobre a natureza da informação genética

e sobre o mecanismo de transferência da informação de uma célula para outra e

entre as gerações); (2) o excesso de terminologia na ‘genética escolar’, o que

promove dificuldade de memorização; (3) dificuldades na resolução de problemas, e

isso parece independer do domínio dos conteúdos; (4) barreiras no entendimento

molecular e insuficiente problematização da concepção atualmente predominante de

gene (recentes avanços apontam para dificuldade de manter o conceito molecular

clássico, em que um gene é entendido como um segmento de DNA que codifica um

produto funcional (polipeptídeo ou RNA); (5) a presença insuficiente e inadequada

de tópicos da ‘nova biologia’ (biologia celular e molecular) atualmente abordados

pela mídia e de conhecimento dos alunos envolvendo material genético: clonagem,

transgênicos, projetos genomas, terapia gênica, testes de DNA e de diagnósticos,

dentre outros. Existe carência de material didático, pequena carga horária escolar e

preparo insuficiente dos professores; e (6) restrita problematização no que se refere

à abordagem que interrelaciona Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS),

principalmente nas reflexões de ordem ética e política.

Considerações finais

Neste trabalho, além de fornecer o panorama geral dos trabalhos

apresentados no IV EREBIO/2007, houve interesse em selecionar aqueles que

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visaram tratar da biologia com ênfase em genética e na biotecnologia e resumir suas

principais características porque foram julgadas relevantes, objetivas e originais.

Percebeu-se que a maioria dos trabalhos procurou a contextualização como recurso

para tornar a aprendizagem significativa ao associá-la com experiências da vida

cotidiana ou com os conhecimentos adquiridos espontaneamente, conforme

estabelecido por David Ausubel e pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, sendo

que nestes também se afirma que contextualizar não significa banalizar o

conhecimento a ponto de perder o essencial da aprendizagem escolar.

Na análise de conteúdo, não foram utilizados os resumos, mas os textos

completos, o que propiciou maiores possibilidades de análise. As quatro oficinas, o

minicurso e os três painéis puderam demonstrar, mais de perto, a relevância, a

objetividade e a originalidade nas técnicas de ensino e no desenvolvimento de novos

olhares para um significativo processo de ensino e aprendizagem. Os cinco

trabalhos mais relevantes, objetivos e originais (dentre 21) com o recorte de

genética/biotecnologia (sobre os quais foram apresentadas as idéias principais)

também puderam registrar as reflexões e resultados sobre as novas buscas do

ensino de uma ‘genética escolar’ mais associada às mentes dos jovens deste mundo

pleno de novos desenvolvimentos da ciência.

Eventos como o EREBIO trazem valiosas contribuições reunidas em suas

coletâneas e apresentam as perspectivas no campo da ciência da Biologia, fator

entendido como fundamental para a consolidação da intensidade e extensão

necessárias ao desenvolvimento da área de ensino da Biologia e das pesquisas

educacionais.

A produção do conhecimento científico tem aumentado significativamente e a

área de pesquisa em Educação e Ensino de Ciências e Biologia tem se consolidado

no Brasil, haja vista a seriedade com que os trabalhos do IV EREBIO2007 foram

apresentados, bem como seu volume. Neste artigo, pôde-se perceber, também, que

as dificuldades e desafios no processo de ensino e aprendizagem da área não se

restringem ao nosso país e, assim sendo, espera-se que muitos outros encontros

sejam realizados, especificamente no foco ‘da biologia à biotecnologia’.

REFERÊNCIAS

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uso do software ‘HERDAFD’ numa aula de Genética como atividade integrante da prática de ensino. In: Encontro Regional de Ensino de Biologia. Coletânea. Associação Brasileira de Ensino de Biologia (Regional 02 RJ/ES) (coord.). CDROM, Produção de Material Didático, Desenvolvimento de Estratégias para o ensino de Biologia. Rio de Janeiro, RJ: SBEnBio/UFRRJ, 2007, 9p.

2. BATITUCCI, Maria do Carmo Pimentel; RAMOS, Rosanne. Produção de material didático sobre temas de biologia celular. In: Encontro Regional de Ensino de Biologia. Coletânea. Associação Brasileira de Ensino de Biologia (Regional 02 RJ/ES) (coord.). CDROM, Produção de Material Didático, Oficina-12, Rio de Janeiro, RJ: SBEnBio/UFRRJ, 2007.

3. BITNER-MATHÉ, Blanche Christine. Painel Temático. Menos pode ser mais: é preciso repensar o que ensinar? In: Encontro Regional de Ensino de Biologia.

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Coletânea. Associação Brasileira de Ensino de Biologia (Regional 02 RJ/ES) (coord.). CDROM, Desafios na Escola básica, Ensino de Genética. Rio de Janeiro, RJ: SBEnBio/UFRRJ, 2007. 5p.

4. FARIA, Marília da Silva; AZEVEDO, Fernanda Correia; SANTOS, Allan Paulo Moreira dos; NASCIMENTO, Tatiana Galieta. Elaboração, execução e avaliação de uma atividade didática sobre genética por licenciados em Ciências Biológicas da UFRJ. In: Encontro Regional de Ensino de Biologia. Coletânea. Associação Brasileira de Ensino de Biologia (Regional 02 RJ/ES) (coord.). CDROM, Relato de Experiência RE18, Desenvolvimento de Estratégias para o ensino de Biologia. Rio de Janeiro, RJ: SBEnBio/UFRRJ, 2007, 7p.

5. FRIEDRICH, Margarete P.; GOLDBACH, Tânica; MACEDO, Aretusa, et al. Corpo humano como tema de investigação dos trabalhos prático-pedagógicos apresentados nos principais encontros da área de ensino de Ciências e Biologia de 2001 a 2006. In: Encontro Regional de Ensino de Biologia. Coletânea. Associação Brasileira de Ensino de Biologia (Regional 02 RJ/ES) (coord.). CDROM, Pesquisa Acadêmica 31, Desenvolvimento de Estratégias para o ensino de Biologia. Rio de Janeiro, RJ: SBEnBio/UFRRJ, 2007, 17p.

6. GOLDBACH, Tânia. Os desafios do ensino de genética na ‘ciência escolar’: o que apontam as pesquisas na área de ensino de Biologia. In: Encontro Regional de Ensino de Biologia. Coletânea. Associação Brasileira de Ensino de Biologia (Regional 02 RJ/ES) (coord.). CDROM, Painel Temático, Desafios na Escola Básica. Rio de Janeiro, RJ: SBEnBio/UFRRJ, 2007, 14p.

7. OLIVEIRA, Alba Valéria da Cunha Fernandes de; SANTOS, Jucélia Rodrigues dos. Biotecnologias: trabalhando projetos com inovação nos processos didáticos do ensino médio. In: Encontro Regional de Ensino de Biologia. Coletânea. Associação Brasileira de Ensino de Biologia (Regional 02 RJ/ES) (coord.). CDROM, Relato de Experiência RE18, Desenvolvimento de Estratégias didáticas para o ensino de Biologia. Rio de Janeiro, RJ: SBEnBio/UFRRJ.2007, 7p.

8. OLIVEIRA, Miguel de. Visualizando o DNA: a molécula da vida; uma introdução à biologia molecular para o ensino médio. In: Encontro Regional de Ensino de Biologia. Coletânea. Associação Brasileira de Ensino de Biologia (Regional 02 RJ/ES) (coord.). CDROM, Produção de Material Didático, Oficina-1, Rio de Janeiro, RJ: SBEnBio/UFRRJ, 2007.

9. QUINTAL, Silvia Nunes; SILVA, Luciano Gustavo Oliveira da. O trabalho de campo no ensino de Genética sob a perspectiva da contextualização do saber. In: Encontro Regional de Ensino de Biologia. Coletânea. Associação Brasileira de Ensino de Biologia (Regional 02 RJ/ES) (coord.). CDROM, Relato de Experiência RE71, Desenvolvimento de Estratégias didáticas para o ensino de Biologia Rio de Janeiro, RJ: SBEnBio/UFRRJ.2007, 7p.

10. SCHRAGO, Carlos g. Ensino de evolução: uma perspectiva genética. In: Encontro Regional de Ensino de Biologia. Coletânea. Associação Brasileira de Ensino de Biologia (Regional 02 RJ/ES) (coord.). CDROM, Produção de Material Didático, Oficina-6, Rio de Janeiro, RJ: SBEnBio/UFRRJ, 2007.

11. SILVA, José Roberto Feitosa. Fecundação: a interrelação possível entre biologia celular e biologia do desenvolvimento em nossas aulas. In: Encontro Regional de Ensino de Biologia. Coletânea. Associação Brasileira de Ensino de Biologia (Regional 02 RJ/ES) (coord.). CDROM, Minicurso 02. Rio de Janeiro, RJ: SBEnBio/UFRRJ.2007.

12. VILARDO, Mônica de Castro Bitto. Células-tronco e diferenciação celular: a base do desenvolvimento e manutenção dos organismos. In: Encontro Regional de

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Ensino de Biologia. Coletânea. Associação Brasileira de Ensino de Biologia (Regional 02 RJ/ES) (coord.). CDROM, Produção de Material Didático, Oficina-7, Rio de Janeiro, RJ: SBEnBio/UFRRJ, 2007.

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ANEXO F – Ciclo de estudos