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Manuel Rocha
MANUEL COELHO MENDES DA ROCHA
Iniciador do Laboratório Nacional de Engenharia Civil e seu Diretor de 1954 a 1974. Professor Catedrático do Instituto Superior Técnico. Presidente da Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas. Presidente do Conselho Superior dos Laboratórios de Engenharia Civil. Ministro da Habitação e Obras Públicas. Membro da Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos da América, Washington D.C. Doutor honoris causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela Universidade do Porto, pela Universidade Federal da Baía, pela Universidade de Toulouse e pela
Universidade Técnica de Lisboa.
FORMAÇÃO CIENTÍFICA
Engenheiro civil pelo Instituto Superior Técnico, Lisboa, em 1938, com a mais elevada classificação concedida nesse ano
Estágio no Massachusetts Institute of Technology, E.U.A., no ano escolar 1938‐39, como bolseiro do Instituto de Alta Cultura, para estudos no domínio da física aplicada e do dimensionamento experimental de estruturas
Estágio em l945 na Escola Politécnica Federal, de Zurique, como bolseiro do Instituto de Alta Cultura, para estudos de materiais de construção, de mecânica dos solos e das técnicas de observação de obras, e para colheita de informações sobre a organização da investigação na engenharia civil
ATIVIDADE PROFISSIONAL
Em 1936, ainda aluno, foi nomeado assistente da cadeira de Física do Instituto Superior Técnico, funções que manteve ate 1942
De 1941 a 1952 exerceu funções docentes na cadeira de Resistência de Materiais, do Instituto, tendo iniciado o ensino experimental desta disciplina
Em 1941 organizou, no Instituto Superior Técnico, o Centro de Estudos de Engenharia Civil, que dirigiu ate à sua integração em 1947, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)
Em 1947 foi nomeado chefe do serviço onde se concentraram as atividades de investigação do LNEC, criado em 1946, no Ministério das Obras Publicas, como consequência e para alargamento da ação desenvolvida pelo Centro de Estudos de Engenharia Civil
Em 1954 foi nomeado diretor do LNEC De l955 a 1969 exerceu as funções de vice‐presidente da Junta de Energia Nuclear Em 1970, foi nomeado professor catedrático da cadeira de mecânica das rochas, no Instituto Superior
Técnico, Universidade Técnica de Lisboa Em 1974 foi nomeado presidente do Conselho Superior dos Laboratórios de Engenharia Civil Desde 1976, professor das cadeiras de mecânica das rochas, de percolação em maciços, e de
estruturas subterrâneas, na Universidade Nova de Lisboa No LNEC, além da direção geral da atividade de investigação, quer do ponto de vista científico quer
da sua estruturação e administração, ocupou‐se mais especialmente, em épocas diversas, da orientação da investigação nos seguintes domínios: materiais de construção, dimensionamento experimental de estruturas, observação do comportamento das construções, mecânica dos solos, barragens de betão e de terra e mecânica das rochas
Exerceu funções de consultor como especialista de barragens, de obras subterrâneas e de mecânica das rochas, a título pessoal, para numerosas organizações estrangeiras
Desenvolveu ainda atividades diversas, no país e no estrangeiro, relacionadas com o seu interesse pelos problemas do ensino superior, da organização e função social da investigação e da colaboração científica internacional
PUBLICAÇÕES
Autor ou coautor de 83 trabalhos Membro da comissão editorial das seguintes revistas: Bulletin RILEM (Paris), Estrutura (Rio de
Janeiro), Building Science (Glasgow) e European Civil Engineering (Praga, Viena)
CONFERÊNCIAS E CURSOS
A convite de universidades, institutos de investigação, associações de engenharias e outras entidades, proferiu cerca de 200 conferências, a maior parte das quais no estrangeiro, em 30 países. Essas conferências, por vezes constituindo cursos ou integradas em cursos, cobriram sobretudo as seguintes matérias: dimensionamento experimental de estruturas, mecânica dos solos, barragens de betão e suas fundações, mecânica das rochas, obras subterrâneas, organização da investigação e problemas do ensino superior.
PATENTES
Autor ou coautor de 5 patentes nacionais, estendidas a numerosos países estrangeiros, obtidas a favor do LNEC, respeitantes ao método de amostragem integral e a técnicas para a determinação da deformabilidade e do estado de tensão de maciços rochosos.
CONGRESSOS E SIMPÓSIOS
Destaca‐se a atuação como relator geral nas seguintes reuniões: o Simpósio Internacional sobre Observação de Estruturas, Lisboa, 1955 o Colóquio Internacional sobre Modelos de Estruturas, Madrid, 1959 o 7° Congresso Internacional das Grandes Barragens, Roma, 1961 o Simpósio sobre Modelos de Estruturas, Seattle, 1967 o Simpósio Internacional de Mecânica das Rochas Aplicada às Fundações de Barragens, Rio de
Janeiro, 1978 Presidente da comissão organizadora das seguintes reuniões internacionais:
o Simpósio Internacional sobre Observação de Estruturas, Lisboa 1955 o 7° Congresso da Associação Internacional de Investigações Hidráulicas, Lisboa, 1957 o 1ªs Jornadas Luso‐Brasileiras de Engenharia Civil, Lisboa, 1960 o Simpósio sobre Estradas Experimentais, Lisboa, 1962 o Simpósio sobre o Uso de Computadores na Engenharia Civil. Lisboa, 1962 o Simpósio sobre Modelos de Barragens de Betão, Lisboa, 1963 o 1° Congresso da Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas, Lisboa, 1966 o Simpósio Internacional sobre Pontes Suspensas, Lisboa, 1966 o 2ªs Jornadas Luso‐Brasileiras de Engenharia Civil, Rio de Janeiro e São Paulo, 1967 o 3ªs Jornadas Luso‐Brasileiras de Engenharia Civil, Lourenço Marques, Luanda, 1971 o Curso sobre Métodos de Elementos Finitos na Mecânica do Contínuo, patrocinado pela OTAN,
Lisboa, 1971
MISSÕES E AÇÕES DIVERSAS
A fim de tomar conhecimento da organização, das políticas de ação e das atividades de investigação, em especial no domínio da engenharia civil, visitou 163 institutos de investigação e universidades,
em 43 países. As visitas a universidades foram aproveitadas para tomar conhecimento e debater os problemas do ensino superior.
Estabeleceu convénios de cooperação entre o LNEC e as Universidades Federais do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Baía e Rio Grande do Sul.
Foram muito numerosas as visitas feitas a estaleiros de construção e a obras de engenharia civil, em particular em ligação com estudos em curso no LNEC.
Participou em cerca de 55 reuniões de órgãos diretivos de associações internacionais.
PARTICIPAÇÃO EM ORGANISMOS NACIONAIS
Presidente do Conselho Superior dos Laboratórios de Engenharia Civil Membro do Conselho Superior de Obras Publicas e Transportes. Anteriormente foi:
o Membro do Concelho Superior de Fomento Ultramarino o Membro da Comissão Interministerial para o Planeamento da Investigação o Presidente da Comissão do Regulamento de Estudo e Construção de Barragens o Membro do Conselho Geral da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica o Membro da Comissão Permanente da INVOTAN o Membro da Comissão Permanente para a Cooperação Científica e Técnica com as
Comunidades Europeias e a OCDE o Membro do Conselho Consultivo do Instituto Nacional de Investigação Industrial o Membro do Conselho de Normalização o Presidente da Comissão de Planeamento da Investigação Tecnológica (com vista aos planos
de fomento nacional) Presidente da Ordem dos Engenheiros
PARTICIPAÇÃO EM ORGANISMOS ESTRANGEIROS E INTERNACIONAIS
Membro da Academia Nacional das Ciências dos E.U.A., Washington D.C. Fellow da Sociedade Americana de Engenheiros Civis Membro da Academia Nacional de Ciências Exatas, Físicas y Naturales, Argentina Membro da Academia de Ciências de Toulouse, França Membro fundador da Reunião Internacional dos Laboratórios de Ensaios e de Investigação sobre os
Materiais e as Construções (RILEM) Membro da Comissão Internacional das Grandes Barragens presidente do grupo de trabalho que se
ocupa da Deterioração de Barragens Membro da Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas e presidente da comissão desta
Sociedade que se ocupa da classificação das rochas e dos maciços rochosos Membro da Associação Internacional de Pontes e Estruturas Presidente da Comissão Organizadora Portuguesa das Jornadas Luso‐Brasileiras de Engenharia Civil Membro honorário da Comissão Grega das Grandes Barragens Membro honorário da Sociedade Peruana de Ensaio de Materiais Sócio honorário do Club de Engenharia, Rio, de janeiro Presidente da Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas Presidente da Reunião Internacional dos Laboratórios de Ensaio e de Investigação sobre os Materiais
e as Construções (RILEM) Membro do Conselho Diretivo da Associação Europeia para a Administração da Investigação
Industrial Membro da Comissão sobre Observação de Maciços Rochosos, do Internationales Buro fur
Gebirgsmechanik, Berlim Presidente da Comissão sobre Classificação das Rochas e dos Maciços Rochosos, da Sociedade
Internacional de Mecânica das Rochas
CONDECORAÇÕES E OUTRAS DISTINÇÕES
Grande Oficial da Ordem Militar de Cristo Grande Oficial da Ordem de Santiago (Ciências e Artes) Grande Oficial da Ordem do Cruzeiro do Sul (Brasil) Comendador da Ordem da Coroa (Tailândia) Oficial da Legião de Honra (França) Comendador da Ordem do Mérito (República Federal da Alemanha) Medalha de Ouro da Société d'Encouragement pour la Recherche et l'Invention (França) Prémio anual de Mecânica das Rochas, de 1974, do American Institute of Mining, Metallurgical and
Petroleum Engineers (E.U.A.) Membro de Honra da Réunion Internationale des Laboratoires d'Essais et de Recherches sur les
Matériaux et les Construtions (RILEM) Membro Honorário da Ordem dos Engenheiros Presidente Honorário da Sociedade Portuguesa de Geotecnia
Homenagem a Grandes Vultos da Engenharia Portuguesa
Justificação de proposta relativa a Manuel Rocha
Manuel Rocha é sem sombra de dúvida uma das grandes figuras da Engenharia portuguesa,
que atingiu pelos seus excecionais méritos e pela obra realizada uma projeção mundial nas
múltiplas vertentes de cientista, investigador, engenheiro e pedagogo, contribuindo como
poucos para projetar bem alto o nome de Portugal.
Ao longo de uma vida cheia, marcada pelas suas duas grandes paixões – a investigação e o
ensino –, desempenhou os mais altos cargos a nível nacional e internacional, que incluíram
uma fugaz passagem pelo Governo, e recebeu numerosas distinções das mais diversas
entidades, incluindo condecorações nacionais e estrangeiras, que testemunharam o
reconhecimento generalizado dos seus méritos e cimentaram o elevadíssimo prestígio de que
gozava dentro e fora do País.
Da extensa obra que deixou, avulta o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), criado
em 1946, que foi em larga medida uma obra sua.
Na verdade, Manuel Rocha marcou de forma indelével o LNEC no período de quase três
décadas em que o serviu, cobrindo inicialmente a génese e o arranque da actividade da
instituição e, depois, a sua consolidação, expansão e irradiação.
As marcas que nele deixou ainda hoje se fazem sentir, pese embora a natural evolução sofrida
pelo LNEC, após Manuel Rocha ter deixado de ser o seu timoneiro em 1974, em resposta à
profundas transformações sofridas pela sociedade portuguesa e aos novos desafios que lhe
foram postos enquanto instituição de ciência e tecnologia e simultaneamente organismo da
Administração Pública, o que testemunha a sua extraordinária visão estratégica.
Essas marcas manifestam-se em múltiplos aspectos, de que são exemplos a carreira de
investigação criada no LNEC que influenciou a legislação portuguesa posterior sobre a
matéria, a estruturação de linhas estratégicas de investigação a desenvolver na instituição
através do estabelecimento de planos plurianuais de investigação programada, a cooperação
internacional em que o LNEC fortemente apostou, a significativa expansão das infraestruturas
do LNEC verificada no período em que o LNEC foi por ele dirigido e a política pioneira de
sustentabilidade social defendida e posta em prática por Manuel Rocha.
Manuel Rocha deixou também uma obra científica notável em múltiplos domínios, tendo
vários dos seus trabalhos científicos aberto novas fronteiras do conhecimento,
designadamente nos domínios das barragens e da mecânica das rochas.
Para além disso, Manuel Rocha era um organizador e um líder nato com invulgares
capacidades intelectuais e de trabalho que motivava todos os seus colaboradores e
impressionava os seus interlocutores.
Daí por isso ter deixado também profundas marcas noutras instituições nacionais e
internacionais, designadamente naquelas a que presidiu. Citam-se, a título de exemplo, a
Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas, que se desenvolveu de forma espectacular
durante o mandato quadrienal de Manuel Rocha como presidente (1966-70), passando o
número dos seus membros de quatro centenas, provenientes da Europa central, para cerca
de quatro milhares, distribuídos por todos os continentes, e transformando-se numa
verdadeira associação científica com uma sólida estrutura organizativa e uma produção
científica relevante; e a Ordem dos Engenheiros (OE), onde, durante o mandato trienal de
Manuel Rocha como seu Presidente Nacional (1976-79), foi fortemente dinamizada a acção
cultural, até aí pouco significativa, de forma a tornar essa instituição um instrumento de
valorização dos seus membros, numa linha que lhe era muito cara: a educação permanente.
A notável acção de Manuel Rocha nestas últimas funções foi aliás reconhecida pela OE, que
o distinguiu em 1979 com o título de membro honorário e promoveu posteriormente ao seu
desaparecimento em 1981 diversas homenagens, tal como o fizeram outras entidades
nacionais, estrangeiras e internacionais, com destaque naturalmente para o LNEC.
Lisboa, 2015-10-20
José Vasconcelos de Paiva
Resumo biográfico de Manuel Rocha
Manuel Rocha, de seu nome completo Manuel Coelho Mendes da Rocha, nasceu em 12 de
agosto de 2013 na Figueira da Foz. Cursou Engenharia Civil no IST, onde se licenciou em
1938 com a mais elevada classificação obtida nesse ano pelos alunos das diversas
licenciaturas, pelo que recebeu o Prémio Brito Camacho.
Ainda aluno, iniciou em 1936 uma carreira docente no IST como assistente, a qual se
prolongou até 1951, leccionando a cadeira de Resistência de Materiais; passou então a
dedicar-se totalmente ao LNEC, entretanto criado.
Paralelamente à atividade docente, promoveu a criação em 1942 no IST, sob a égide do IAC,
do Centro de Estudos de Mecânica Aplicada (CEMA), mais tarde designado Centro de
Estudos de Engenharia Civil (CEEC), onde iniciou uma intensa atividade de investigação
envolvendo alunos de engenharia e jovens engenheiros.
O prestígio conquistado pelo CEEC – já então, apesar da sua juventude, um centro de
investigação florescente sob a liderança de Manuel Rocha – contribuiu decisivamente para a
decisão governamental de criar no final de 1946 o Laboratório de Engenharia Civil (LEC, mais
tarde LNEC) e de incorporar nele o CEEC e o Laboratório de Ensaios e Estudo de Materiais
(LEEM) do Ministério das Obras Públicas, criado em 1898.
Para a direção do novo organismo foi nomeado Eduardo de Arantes e Oliveira, prestigiado
engenheiro militar com grandes capacidades de organização e sólida formação técnica, que,
tendo Manuel Rocha como seu braço direito, permaneceu nessas funções até 1954, data em
que assumiu a pasta de Ministro das Obras Públicas e Comunicações.
Manuel Rocha passou então a liderar o LNEC, numa primeira fase como diretor interino e a
partir de 1967 como diretor, quando Eduardo de Arantes e Oliveira foi nomeado para outras
altas funções públicas e solicitou a exoneração do cargo de diretor do LNEC.
Manuel Rocha manteve-se como director do LNEC até março de 1974, data em que se
aposentou a seu pedido para declaradamente passar a ter maior disponibilidade para se
dedicar à investigação e ao ensino, as suas duas grandes paixões.
Nas duas décadas em que esteve à frente do LNEC, além da administração e estruturação
dessa instituição numa fase crucial de consolidação e expansão e da coordenação geral da
investigação nela realizada, Manuel Rocha orientou e realizou investigação específica em
múltiplos domínios científicos: materiais, dimensionamento experimental de estruturas,
observação do comportamento das obras de construção, mecânica dos solos, barragens de
betão e de terra, e mecânica das rochas.
Paralelamente às suas absorventes funções no LNEC, Manuel Rocha desenvolveu atividade
de consultoria como especialista de barragens, obras subterrâneas e mecânica das rochas
para cerca de vinte entidades repartidas pelos cinco continentes, e ainda outras atividades
diversificadas dentro e fora do País relacionadas com o seu interesse por três áreas de cariz
transversal: os problemas do ensino superior, a organização e a função social da investigação,
e a cooperação internacional.
Foi autor ou coautor de 91 trabalhos científicos, 40 da sua autoria exclusiva e 51 resultantes
de trabalhos de equipa com colaboradores próximos, realizados na sua quase totalidade sob
a sua orientação. Proferiu cerca de duas centenas de conferências em três dezenas de
países, designadamente a convite de universidades, centros de investigação e associações
de engenharia. Foi autor ou coautor de cinco patentes nacionais relativas a novos métodos e
técnicas de ensaio no domínio da mecânica das rochas, obtidas a favor do LNEC e estendidas
a numerosos países. Participou em cerca de sete dezenas de congressos e outras reuniões
científicas e técnicas no País e no estrangeiro e, no contexto da cooperação internacional,
visitou 163 centros de investigação e universidades em 43 países com o objetivo de conhecer
as respectivas organizações, políticas de acção e atividade de investigação, e, no caso das
universidades, de identificar e discutir os problemas do ensino superior, que o interessavam
particularmente. Merecem também registo as muitas visitas que efectuou a estaleiros de
construção e a obras de engenharia civil dentro e fora do País, especialmente em ligação com
estudos em curso no LNEC.
Para além de ter participado ativamente em representação do LNEC ou a título pessoal em
variados organismos e organizações nacionais, estrangeiros e internacionais, como a
Comissão Internacional das Grandes Barragens e a Associação Internacional de Pontes e
Estruturas, Manuel Rocha exerceu durante o período ao serviço do LNEC as funções de Vice-
Presidente da Junta de Energia Nuclear (1955-69) e de Presidente do Agrupamento
Português de Mecânica do Solo e Engenharia de Fundações (1960-64), da Sociedade
Portuguesa de Geotecnia, que sucedeu àquele agrupamento (1964-67), do Conselho Superior
dos Laboratórios de Engenharia Civil (CSLEC) por inerência das funções de director do LNEC
(1965-74) e ainda da RILEM – Réunion Internationale des Laboratoires d’Éssais et de
Recherches sur les Matériaux et les Constructions (1953-54) e da Sociedade Internacional de
Mecânica das Rochas (1966-70).
Quando se aposentou em 1974, Manuel Rocha assumiu a presidência do Conselho
Consultivo do LNEC então criado e voltou a assumir a presidência do CSLEC, entretanto
reformulado para permitir continuar a contar com Manuel Rocha à sua frente.
A revolução do 25 de abril alterou entretanto os planos de Manuel Rocha, pelo menos no curto
prazo. Com efeito, foi convidado a integrar o I Governo Provisório como Ministro do
Equipamento Social e do Ambiente. A experiência governativa foi intensa mas breve, já que
o governo caiu ao fim de dois meses, e Manuel Rocha recusou o convite para integrar o II
Governo Provisório por lhe quererem impor alterações na equipa de Secretários de Estado e
Subsecretário de Estado, retomando a atividade docente e técnico-científica.
Em 1976, foi eleito Presidente Nacional da Ordem dos Engenheiros, cargo que desempenhou
até abril de 1979.
Exerceu ainda as funções de professor catedrático convidado do IST e da UNL
respectivamente nos períodos 1970-81 e 1976-81.
Manuel Rocha faleceu prematuramente em 1 de agosto de1981, em Lisboa, em plena
actividade, quando estava prestes a completar os 68 anos.
Foram numerosas e significativas as distinções e homenagens de que Manuel Rocha foi alvo
em vida.
Assim, foi distinguido com o grau de doutor honoris causa por cinco universidades (duas
portuguesas, duas brasileiras e uma francesa), recebeu nove conderações (quatro nacionais
e cinco estrangeiras) e foi galardoado por muitas instituições nacionais, estrangeiras e
internacionais, que o elegeram como sócio ou membro honorário (caso nomeadamente da
Ordem dos Engenheiros) ou académico correspondente (caso nomeadamente da Academia
Nacional das Ciências Exatas, Físicas e Naturais da Argentina), que o galardoaram com o
seu prémio anual ou com a sua Medalha de Ouro (caso da Société d’Encouragement pour la
Recherche et l’Invention de França), ou que instituíram prémios com o seu nome (caso
nomeadamente da Sociedade Internacional da Mecânica das Rochas).
Foram também em grande número as iniciativas para homenagear a sua memória após o seu
desaparecimento por parte de instituições nacionais, estrangeiras e internacionais com as
quais Manuel Rocha tinha colaborado ou que beneficiaram dos seus contributos, entre as
quais se inclui naturalmente o LNEC, Tratando-se de um resumo biográfico, que se quis
restringir à vida de Manuel Rocha, não são porém aqui referidas.
Lisboa, 2015-10-20
José Vasconcelos de Paiva