manual primeiros socorros 2008

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NOÇÕES BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS SMN – Serviços Médicos Nocturnos, S.A. Av. da República, nº 90 – 5º – 1600-206 Lisboa Tel.: +351 217 930 273 – Fax: + 351 217 938 007 [email protected] – www.unimed.pt

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MANUAL DE PRIMEIROS SOCORROS DE 2008

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Page 1: Manual Primeiros Socorros 2008

NOÇÕES BÁSICAS DE

PRIMEIROS SOCORROS

SMN – Serviços Médicos Nocturnos, S.A. Av. da República, nº 90 – 5º – 1600-206 Lisboa

Tel.: +351 217 930 273 – Fax: + 351 217 938 007 [email protected] – www.unimed.pt

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Noções Básicas de Primeiros Socorros

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ÍNDICE I – Introdução aos primeiros socorros 3 II – Riscos para o socorrista 4 III – Exame da vítima 7 IV – Choque 19 V – Hemorragias 22 VI – Fracturas 27 VII – Queimaduras 30 VIII – Asfixia 35

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PRIMEIROS SOCORROS

I – INTRODUÇÃO

Em todo o tipo de actividades, as pessoas correm riscos inerentes às mesmas. Assim sendo, considerou-se conveniente dar conhecimentos básicos de socorrismo, para que mais facilmente se possam socorrer em caso de acidente.

Os primeiros socorros podem muitas vezes fazer a diferença

entre a vida e a morte ou entre as lesões ligeiras ou agravadas. O que se pretende no fundo com a formação em primeiros

socorros é criar competências na actuação em situações de emergência com vista à estabilização de uma vítima até à chegada de socorro especializado.

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II – RISCOS PARA O SOCORRISTA OBJECTIVOS

• Reconhecer os riscos potenciais para o socorrista • Conhecer as medidas a adoptar para garantir a segurança do

socorrista • Identificar as medidas universais de protecção e reconhecer a

sua importância

Por vezes o desejo de ajudar alguém que nos parece estar em perigo de vida pode levar-nos a ignorar os riscos que podemos correr. Se não forem garantidas as condições de segurança antes de abordar uma vítima poderá, em casos extremos, ocorrer a morte da vítima e do socorrista.

Existe uma regra básica que nunca deve ser esquecida: o socorrista não deve expor-se a si ou a terceiros a maior risco do que aquele em que se encontra a própria vítima.

Antes de se aproximar de alguém que possa eventualmente estar em perigo de vida o socorrista deve assegurar primeiro que não irá correr nenhum risco: Ambiental – choque eléctrico, derrocadas, explosão, tráfego. Intoxicação – exposição a gás, fumo ou tóxicos. Infeccioso – tuberculose, hepatite, HIV, etc.

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Na maioria das vezes uma avaliação adequada e um mínimo

de cuidado são suficientes para garantir as condições de segurança necessárias.

Se estiver numa estrada e pretende socorrer uma vítima de um acidente de viação deve:

• Posicionar o seu carro para que este o proteja funcionando como escudo, isto é, antes do acidente no sentido no qual este ocorreu;

• Sinalizar o local com triângulo de sinalização à distância adequada;

• Ligar as luzes de presença ou emergência; • Usar o colete para que possa mais facilmente ser visível; • Desligar o motor para diminuir a probabilidade de incêndio.

Estas medidas, embora simples, são em princípio suficientes para

garantir as condições de segurança. No caso de detectar a presença de produtos químicos ou matérias perigosas é fundamental evitar o contacto com essas substâncias sem luvas e não inalar vapores libertados pelas mesmas.

As situações em que vítima sofreu uma intoxicação podem representar risco acrescido para quem socorre, nomeadamente no caso de intoxicação por fumos ou gases tóxicos como os cianetos ou o ácido sulfúrico. Para o socorro da vítima de intoxicação é importante identificar o produto bem como a sua forma de apresentação (pó, líquido, gasoso) e contactar o CIAV (Centro de Informação Antivenenos) – 808 250 143 para uma informação especializada, nomeadamente sobre possíveis antídotos.

Na formulação gasosa é fundamental não se expor aos vapores libertados que nunca devem ser inalados. O local onde a vítima se encontra deverá ser arejado ou, na impossibilidade de o conseguir, a vítima deverá ser retirada do local.

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Não esqueça que devemos afastar o perigo da vítima e

só em último caso afastar a vítima do perigo.

Nas situações em que o tóxico é corrosivo (ácidos ou bases fortes) ou em que pode ser absorvido pela pele como os organofosforados (ex: 605 forte) é obrigatório, para além de arejar o local, usar luvas e roupa de protecção, de forma a evitar qualquer contacto com o produto bem como máscaras para evitar a inalação.

Em resumo, ao socorrer vítima em que possa ter ocorrido uma intoxicação deverá cumprir rigorosamente as medidas universais de protecção, isto é, usar luvas, bata, máscaras e óculos.

O sangue é o principal veículo de contaminação pelo que devem ser adoptados cuidados redobrados, sobretudo com os salpicos de sangue, utilizando roupa de protecção adequada, luvas e protecção para os olhos.

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III – EXAME DA VÍTIMA OBJECTIVOS

• Identificar as situações de compromisso das funções vitais (estado de consciência, ventilação, sinais evidentes de circulação, existência de hemorragias externas graves e sinais evidentes de choque).

• Prestar os cuidados de emergência adequados (abrir e conservar as vias aéreas permeáveis, desobstruir as vias aéreas, iniciar o Suporte Básico de Vida, controlar hemorragias, prevenir e combater o choque).

• Observar e registar todas as informações relevantes, obtidas no local, relacionadas com a vítima e o tipo de ocorrência.

• Identificar e corrigir situações, que não representando perigo de vida, podem agravar a situação geral se não forem corrigidas

Antes de iniciar a prestação dos cuidados de emergência, o socorrista deve fazer um rápido e minucioso exame primário para avaliar a existência de alterações dos sinais vitais, provocadas por lesões que possam por em perigo a vida da vítima.

Seguidamente deve realizar o exame secundário, pesquisando a existência de lesões que não pondo de imediato a vida em perigo, necessitam cuidados de emergência e de estabilização.

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Como proceder ao exame da vítima

Ao chegar ao local o socorrista deve, em primeiro lugar:

1º Avaliar os factores de risco para a(s) vítima(s) e para o(s) socorrista(s);

2º Certificar-se de que são accionados os meios adequados para a situação em causa.

Por exemplo, ao chegar a um incidente em que há um incêndio com uma vítima, deve solicitar os bombeiros assim como uma ambulância.

EXAME PRIMÁRIO É executado logo que o socorrista chega junto da vítima e o seu objectivo é detectar situações de perigo de vida imediato.

No exame primário o socorrista deve:

1º Avaliar o estado de consciência;

2º Avaliar se a vítima ventila;

3º Avaliar se tem pulso;

4º Detectar hemorragias externas graves;

5º Detectar se tem sinais evidentes de choque;

6º Avaliar e corrigir, logo que detectados, os factores de risco para a vida.

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Atenção

Suspeitar sempre de lesões de coluna quando a vítima está inconsciente e é um acidentado

Avaliação do estado de consciência Avaliar se a vítima responde a estímulos, chamando-a pelo nome (se possível) e batendo-lhe suavemente nos ombros.

Se a vítima não responder gritamos em voz alta: - “Ajuda, vítima inconsciente”.

Está-me a ouvir? Sr. Manuel

Sente-se bem?

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Pesquisa de ventilação espontânea 1º Verificar se a via aérea está obstruída (algum objecto que não permite a passagem do ar). 2º Proceder à abertura da via aérea fazendo a extensão da cabeça (a língua faz obstrução à passagem do ar porque quando a vítima está inconsciente os músculos relaxam).

Vias aéreas

Extensão da

cabeça

Vias aéreas

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Atenção

Em caso de suspeita de lesão na coluna a abertura das vias aéreas não pode ser

efectuada com a extensão da cabeça.

O método alternativo é tracção com elevação da mandíbula (maxilar inferior)

3º Pesquisar a existência de movimentos ventilatórios. Colocar a face junto do nariz e boca da vítima e, fazendo uso dos sentidos da visão, audição e tacto aplicar a sigla VOS (Ver, Ouvir e Sentir) para se detectar os movimentos ventilatórios, durante 10 segundos e da seguinte forma: - Ver se existe movimentos ventilatórios torácicos; - Ouvir e sentir a entrada e saída de ar pela boca e nariz da vítima.

Pesquisa de sinais evidentes de circulação (pulso)

Tracção

Elevação da

mandíbula

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Os sinais evidentes de circulação são:

• Pulso • Tosse • Ventilação • Movimentos espontâneos

O pulso é o resultado da acção de uma onda de sangue que passa ao longo das artérias sempre que o coração se contrai. É possível palpar o pulso em várias artérias. As mais utilizadas pelo socorrista são as artérias radiais e as artérias carótidas. No entanto, numa vítima inconsciente pesquisa-se sempre o pulso carotídeo, procedendo do seguinte modo: 1º Colocar os dedos (indicador e médio) sobre a maçã-de-adão (laringe) e deslizar na sua direcção até encontrar uma depressão entre a traqueia e o músculo do pescoço para sentir o pulso carotídeo.

2º Palpe suavemente, sem comprimir demasiado e em simultâneo coloque a sua face novamente junto do nariz e da boca da vítima (como no VOS) e verifique se existe movimentos espontâneos, tosse, ventilação (tudo isto durante 10 segundos).

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Cuidados de emergência

A vítima não ventila

• Desobstruir as vias aéreas (retirar objectos estranhos, comida, prótese dentária, etc.)

• Enquanto mantém a extensão da cabeça tape o nariz da vítima e execute duas insuflações (boca-a-boca) eficazes (observando a elevação do tórax) até 5 tentativas (cada insuflação deverá ser pausada e profunda), execute a seguinte insuflação quando o tórax baixa.

• Preferencialmente, deve usar uma “Pocket Mask”, máscara que se utiliza em Suporte Básico de Vida e que evita o contacto entre a boca do socorrista e a da vítima.

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• Após as duas insuflações eficazes, verificar os sinais

evidentes de circulação. • Caso tenha sinais de circulação, deve efectuar uma

insuflação de quatro em quatro segundos (efectuando 10 insuflações por minuto). No fim de cada minuto deve pesquisar novamente os sinais evidentes de circulação.

A vítima não tem sinais de circulação

• Iniciar as compressões cardíacas (massagem cardíaca). • Localizar o apêndice xifóide no fim do externo (osso que

se encontra no centro do tórax) e medir dois dedos acima do apêndice.

• O apêndice xifóide é um osso pontiagudo e um pouco frágil, corre por isso o risco de fracturar e de provocar hemorragias internas.

• Deve então localizar e medir o osso correctamente para evitar complicações.

Externo

Apêndice xifóide

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• Após estabelecer o local correcto, deve colocar as 2

mãos sobrepostas com os dedos entrelaçados em cima do externo e com os braços bem esticados executar 30 compressões, com o objectivo de comprimir o coração (profundidade de entre 4 a 5 cm).

• O ciclo a seguir é de 2 insuflações, 30 compressões torácicas.

Coração

30:2

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Atenção

Após o início do ciclo de insuflações/compressões não deve parar as manobras enquanto não chegar ajuda

especializada ou alguém que o substitua

A vítima está inconsciente mas respira Uma vítima que esteja inconsciente a respirar, deve ser colocada em PLS (Posição Lateral de Segurança). Esta posição permite manter a via aérea sem obstruções e em caso de vómito não há aspiração por parte da vítima.

Rotação do corpo da vítima num movimento único

Vítima em PLS

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Atenção

Vítimas que apresentem lesões de coluna

não deve ser executada a PLS

Detecção de hemorragias externas graves As hemorragias graves são facilmente detectáveis. Na grande maioria dos casos, basta olhar para a vítima para concluir se há ou não perda intensa de sangue. Quando a hemorragia é abundante, pode levar a situações de grande risco para a vida. Detecção de sinais evidentes de choque O choque é uma situação muito grave, que pode conduzir à morte. Como tal, o socorrista deve estar atento aos sinais evidentes de choque.

Atenção

As alterações encontradas no exame primário, colocam em perigo imediato a vida de uma vítima, pelo que devem ser socorridas de

imediato e por ordem de prioridade

Avaliação e correcção dos factores de risco para a vida A avaliação da existência de perigo de vida implica a detecção de alterações dos sinais vitais e início imediato da prestação dos cuidados de emergência adequados:

• Abrir as vias aéreas e conservá-las permeáveis; • Desobstruir as vias aéreas; • Iniciar a reanimação cárdio-pulmonar; • Controlar hemorragias graves; • Prevenir e/ou combater o choque.

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EXAME SECUNDÁRIO Após a realização do exame primário (detectando e iniciando socorro nas situações de perigo de vida imediato), inicia-se o exame secundário. O objectivo geral da realização do exame secundário é detectar situações que não constituindo perigo de vida imediato, possam agravar a situação da vítima se não forem socorridas. É fundamental que a aproximação seja feita de forma a ganhar a confiança da vítima desde o início, mostrando interesse por ela e actuando de forma segura.

Na realização do exame secundário considera-se a recolha de informação e a observação geral.

Recolha de informação Na recolha de informação é fundamental: 1º Saber o que aconteceu à vítima; 2º Identificar a principal queixa da vítima; 3º Conhecer os antecedentes pessoais. As fontes de informação são:

• O Local; • A vítima; • Outras pessoas.

Observação geral Deve ser feita observação geral da vítima, tendo em conta:

• A posição em que se encontra; • A resposta a estímulos verbais ou físicos (confuso,

apático, etc.); • A existência de sinais evidentes de feridas ou

deformidades.

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IV – CHOQUE OBJECTIVOS

• Identificar as situações desencadeadoras do choque hipovolémico.

• Reconhecer os nove sinais e sintomas de choque possíveis. • Suspeitar da existência de choque provocado por hemorragias

e aplicar as medidas de emergência adequadas para prevenir ou controlar a situação.

Choque é a incapacidade do sistema cárdio-circulatório fazer chegar aos órgãos nobres a quantidade necessária de oxigénio e nutrientes. O choque ocorre devido a uma inadequada perfusão (irrigação de sangue) dos tecidos do organismo provocada por alterações graves do aparelho cárdio-circulatório. Independentemente do mecanismo que desencadeia o choque, existe uma reacção em cadeia que leva a uma diminuição da função cardíaca, insuficiente distribuição de sangue pelos tecidos, associado ainda a uma deficiente ventilação, levando, por consequência, a alterações, mais ou menos graves, do funcionamento do sistema nervoso central. Estas mesmas reacções continuarão em ciclo vicioso até surgirem lesões irreversíveis. Todo o mecanismo descrito instala-se, normalmente, de forma súbita e o agravamento da função dos principais órgãos é rápida, podendo conduzir a vítima, em pouco tempo, à paragem cárdio-respiratória. Por esta razão, quanto mais prontamente se quebrar a cadeia de reacção, isto é, se efectuar um rápido e eficiente socorro, menos lesões resultarão para a vítima.

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Causas do choque hipovolémico As causas do choque hipovolémico são: 1º Perda de sangue por hemorragia interna ou externa; 2º Perda de plasma nos locais das queimaduras, contusões ou esmagamentos; 3º Perda de líquidos do intestino por vómitos de repetição, diarreia (esta perda desidrata o organismo). Sinais e sintomas de choque O choque deverá ser suspeitado e prevenido em todos os acidentados onde se incluam hemorragias graves, lesões por esmagamento, fracturas simples e complicadas, amputações, queimaduras ou qualquer ferida grave. Os sinais e sintomas de choque são vários e nem sempre aparecem em todos os casos. O mais importante é suspeitar, prevenir e socorrer o choque antes dos vários sintomas surgirem. Os sinais e sintomas que podem ser detectados pelo socorrista são: 1º Alterações do estado de consciência. Inicialmente a vítima poderá apresentar-se lúcida, começando em seguida, e de uma forma progressiva (ou por vezes súbita) a apresentar modificação do estado de consciência, com manifestações de desorientação, alterações do comportamento, agitação, apatia, e por fim, inconsciência. 2º Dificuldade em ventilar. 3º O pulso pode ser rápido e fraco. 4º Os lábios e as pontas dos dedos podem ficar pálidos e cianosados (tons azulados ou roxos).

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5º A temperatura da pele pode ser baixa e a vítima pode apresentar “suores frios”. 6º A vítima por vezes apresenta náuseas, vómitos, “secura na boca” e frequentemente queixa-se de sede. 7º Os olhos podem estar baços e sem brilho. Cuidados de emergência As medidas gerais descritas a seguir devem ser aplicadas em todas as vítimas de choque:

• Combater a causa (se possível); • Acalmar a vítima; • Posicionar a vítima (através da elevação das pernas,

excepto em caso de vítimas com lesões de coluna); • Conservar a temperatura do corpo; • Não dar nada a beber.

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V – HEMORRAGIAS OBJECTIVOS

• Diferenciar os tipos de hemorragias (arterial, venosa e capilar).

• Classificar as hemorragias de acordo com a sua origem (internas e externas)

• Reconhecer sinais e sintomas de uma vítima que apresente hemorragias internas/externas.

• Identificar e aplicar os cuidados de emergência a prestar a uma vítima com hemorragias.

As hemorragias, sendo uma emergência, necessitam de um socorro imediato e rápido. É imperioso que o socorrista actue pronta e eficazmente. A perda de grande quantidade de sangue é uma situação perigosa que pode causar rapidamente a morte, num espaço de 3 a 5 minutos se a hemorragia não for controlada. Classificação das hemorragias em relação à origem As hemorragias classificam-se em relação aos vasos de onde provêm. Face a isso, as hemorragias são:

• Hemorragias arteriais (artérias) O sangue sai em jacto descontínuo e a sua cor é clara.

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• Hemorragias venosas (veias) O sangue sai de uma forma regular (jacto contínuo) e a sua cor é mais escura.

• Hemorragias capilares (vasos capilares) O sangue sai lentamente, devido a uma ruptura de minúsculos vasos capilares de uma ferida.

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Classificação das hemorragias em relação à localização Hemorragias externas – Podem ser observadas e são facilmente reconhecidas. Hemorragias internas – São de difícil reconhecimento e identificação. Cuidados de emergência Em todas as emergências que envolvam hemorragias devem ser tomadas medidas decisivas e rápidas. O socorrista dispõe de quatro métodos para controlar as hemorragias externas. Pressão directa (Pressionar o local) É o método escolhido em 90% das hemorragias externas.

• Comprimir com uma compressa • Nunca retirar a primeira compressa • Colocar outras em cima desta • Utilizar uma ligadura para manter a compressão

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Atenção

Não utilizar a pressão directa quando a hemorragia é sobre uma fractura e quando existam objectos empalados

(espetados)

Pressão indirecta (método alternativo à pressão directa quando esta não pode ser efectuada ou como complemento desta) A pressão é feita nos pontos de compressão das artérias, isto é, na raiz dos membros, que levará ao controle de hemorragias nos territórios irrigados pela artéria em causa. Pontos de compressão

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Elevação do membro (Pode ser utilizado em simultâneo com os métodos de pressão) Consiste na elevação do membro de forma a utilizar a força da gravidade para contrariar a corrente sanguínea.

Garrote Método a utilizar em situações extremas, nomeadamente aquelas em que todos os outros métodos foram ineficazes ou no caso de múltiplas vítimas.

• O garrote deve ser de material largo e não elástico • Deve ser aplicado em contacto directo com a pele • Uma vez aplicado não deve ser mais aliviado • Para maior segurança deve ser marcada a hora da aplicação

do garrote

Atenção

Não esqueça que a utilização do garrote

só é feita em último recurso. (Excepto em caso de amputação de membros)

VI – FRACTURAS

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OBJECTIVOS

• Classificar as fracturas (abertas e fechadas). • Reconhecer sinais e sintomas da fractura. • Identificar e aplicar os cuidados de emergência a prestar nas

fracturas. • Reconhecer as regras gerais de imobilização.

A fractura é toda e qualquer alteração da continuidade de um osso. A sua abordagem no local passa pela estabilização da fractura através de imobilizações provisórias. Estas imobilizações devem ser feitas de forma correcta, pois embora, normalmente, as fracturas por si só não ponham em risco a vida da vítima, no entanto podem agravar o estado do doente. Classificação das fracturas As fracturas classificam-se da seguinte forma:

• Abertas São habitualmente designadas por fracturas expostas onde os topos ósseos entram em contacto com o exterior, o que aumenta significativamente o risco de infecção.

• Fechadas A pele encontra-se intacta, não havendo comunicação dos topos ósseos com o exterior.

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Sinais e sintomas Podemos suspeitar de uma fractura pelos sinais e sintomas que habitualmente acompanham este tipo de lesões: 1º Dor Localiza-se na zona da fractura e é habitualmente intensa, diminuindo muito com a tracção e imobilização da fractura. É o sintoma mais fiel e constante. 2º Impotência funcional A mobilidade, por vezes, pode estar presente mas é dolorosa e muito limitada. 3º Deformação É frequente a sua existência, mas quando não está presente não exclui a hipótese de fractura. 4º Crepitação O movimento anormal dos topos ósseos a nível de uma fractura produz uma sensação que se pode ouvir e sentir. 5º Edema (inchaço) É resultante de uma reacção normal do organismo. Encontramos também frequentemente um aumento do volume na zona da fractura que corresponde ao hematoma formado pela hemorragia dos topos ósseos e que é tanto maior quanto maior for o diâmetro do osso. 6º Exposição de topos ósseos Habitualmente significam que o traumatismo responsável pela fractura foi de grande violência.

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Cuidados de emergência Os cuidados de emergência das fracturas no local passam pela imobilização provisória o mais correcta possível, não esquecendo nunca que:

• Numa fractura não imobilizada ou incorrectamente imobilizada as hemorragias são muito maiores;

• A dor, sendo produzida pelo roçar dos topos ósseos uns nos outros, é tanto mais intensa quanto mais incorrecta for a imobilização da fractura;

• As duas situações anteriores contribuem para o agravamento do estado do doente e são muitas vezes responsáveis pela sua entrada em choque.

Regras gerais de imobilização

• Uma fractura ou suspeita de fractura deve ser sempre imobilizada;

• Em caso de dúvida imobilizar sempre; • Nas fracturas dos ossos longos deve-se imobilizar sempre os

ossos acima e abaixo da fractura; • Sempre que possível deve-se traccionar previamente a

fractura antes da aplicação da imobilização; • Em caso de fractura em articulações não deve ser feita a

tracção no membro; • Nas fracturas abertas (expostas) deve lavar-se a ferida

abundantemente, sempre antes da imobilização, cobrindo a ferida ou topos ósseos com compressas embebidas em desinfectante;

• Sempre que possível as imobilizações devem ser feitas com talas de madeira (de preferência almofadadas);

• As talas devem ser colocadas de forma firme tendo sempre em atenção o estado circulatório do membro.

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VII – QUEIMADURAS OBJECTIVOS

• Reconhecer as causas das queimaduras. • Diferenciar a profundidade das queimaduras. • Identificar e aplicar os cuidados de emergência a prestar nas

queimaduras. Para avaliar a gravidade das queimaduras é necessário ter em conta: 1º A causa da queimadura; 2º A extensão da superfície corporal queimada; 3º A profundidade da queimadura; 4º O local da queimadura; 5º A idade da vítima. Causas das queimaduras As queimaduras podem ser causadas por:

• Queimaduras pelo calor O calor pode ser húmido, como o calor de vapor, ou seco como o calor do fogo. • Queimaduras por químicos Os mais comuns são os ácidos. • Queimaduras eléctricas A electricidade queima, não só no ponto de contacto (entrada no corpo), mas também no trajecto e no local de saída.

• Queimaduras por radiações As radiações mais comuns são os raios ultravioletas, os raios X e as produzidas por substâncias radioactivas.

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Extensão das queimaduras Para determinar a extensão da superfície corporal queimada, utilizam-se regras cuja aprendizagem está fora do âmbito destas noções básicas de primeiros socorros. Quanto mais extensa for a área queimada, maior será a sua gravidade. Profundidade das queimaduras A profundidade das queimaduras é classificada em graus.

• 1º Grau São as menos graves, envolvendo apenas a superfície exterior da pele (epiderme). Caracterizam-se pela pele quente, vermelha, sensível e dolorosa.

• 2º Grau Envolvem a primeira e segunda camadas da pele, respectivamente epiderme e derme. Caracterizam-se pela pele com bolhas (flictenas) e é muito dolorosa.

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• 3º Grau Existe destruição de toda a espessura da pele (epiderme e derme) e dos tecidos subjacentes. Caracterizam-se pela pele acastanhada ou negra.

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Localização das queimaduras

As queimaduras nas vias respiratórias (vias aéreas) são sempre graves e deve-se sempre suspeitar de compromisso respiratório quando existem queimaduras na face e em volta da boca. Geralmente, a vítima tosse, expelindo partículas de carvão e sangue, e tem dificuldade ventilatória, devido ao edema (inchaço) da laringe, podendo, ainda, apresentar bolhas nos lábios e narinas.

As queimaduras das mãos e pés, ou a nível de qualquer articulação, são também graves, pela possibilidade da perda de movimentos.

As queimaduras complicadas com feridas ou fracturas são sempre graves.

As queimaduras dos órgãos genitais são de gravidade elevada. Idade da vítima

A idade e o estado de saúde da vítima têm muita importância em relação ao restabelecimento. Os idosos e as crianças, ainda que com queimaduras do mesmo grau e extensão que um adulto jovem, podem ter mais problemas.

Cuidados de emergência Logicamente, o primeiro passo na actuação será afastar a vítima do agente que provocou a queimadura. Os cuidados a ter visam fundamentalmente:

• Aliviar a dor; • Prevenir e tratar o choque; • Prevenir a infecção.

Devem-se aplicar pensos porque evita o contacto com o ar o que diminui a dor. Os pensos a utilizar devem estar esterilizados para evitar a contaminação da superfície contaminada.

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Se a extensão da queimadura for grande, devem utilizar-se para cobrir a vítima lençóis esterilizados, ou na falta destes lençóis limpos previamente humedecidos com soro fisiológico (podendo ser substituído por água). Não se deve aplicar qualquer tipo de gordura. Apenas se podem aplicar compressas humedecidas com soro fisiológico, ou na falta deste, água à temperatura ambiente.

Nas queimaduras dos dedos, das axilas, etc., sempre que duas zonas da pele estejam em contacto, devem colocar-se pensos a separá-las para impedir que adiram.

A roupa da vítima não se deve tirar quando está “colada” à queimadura pois pode agravar a lesão, passado por exemplo de 2º para 3º grau, ou ainda passar para queimadura complicada com ferida. Quando a queimadura é produzida por químicos líquidos, deve retirar-se toda a roupa e lavar a vítima com água abundante (se não existir contra-indicação). Caso a queimadura química provenha de pó, deve “sacudi-lo” muito bem antes de fazer a lavagem, a fim de evitar que a sua diluição seja motivo de agravamento. Para as queimaduras nas extremidades (mãos ou pés), mergulhar o membro em água ou envolvê-lo em compressas húmidas para ajudar a aliviar a dor. Em todas as situações de emergência, deve ligar para o 112.

Zona de contacto

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VIII – ASFIXIA OBJECTIVOS

• Identificar uma vítima em situação de asfixia • Executar 5 pancadas intercostais • Executar a manobra de Heimlich

A vítima apresenta uma expressão de grande aflição e angústia bem patentes no seu rosto: • Olhos muito abertos; • Boca aberta, querendo desesperadamente falar, sem conseguir emitir qualquer som; • Normalmente ambas as mãos agarradas ao pescoço, parecendo querer «arrancar» qualquer coisa.

Se a vítima está a ficar cansada e fraca ou já não tosse ou respira:

1. Retirar qualquer corpo estranho da boca e, colocando-se ao lado da vítima, estando esta inclinada para a frente sobre o braço do socorrista, efectuar cinco pancadas nas costas entre as omoplatas, com a base da palma da mão. Se estiver deitada, rolar a vítima para o lado, de frente para o socorrista, e efectuar as cinco pancadas entre as omoplatas.

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2. Se as pancadas entre as omoplatas não forem eficazes, iniciar de imediato a desobstrução das vias aéreas através da execução da manobra de Heimlich, ou seja, compressão abdominal, observando os seguintes passos: a) Colocar-se atrás da vítima e, com os próprios braços, envolver a cintura da mesma;

b) Com a mão fechada em punho, colocar o dedo polegar contra o abdómen da vítima, a meio de uma linha imaginária, entre o umbigo e o apêndice xifóide. Com a outra mão, envolver o punho fechado;

c) Efectuar cinco compressões abdominais, no sentido para dentro e para cima – cada uma delas deverá ser pausada, segura e seca.