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MANUAL DE FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA NA FIBROSE CÍSTICA Autoras: Camila Isabel da Silva Santos e Luciane Zanusso Pagnossin Orientação: Maria Ângela G. O. Ribeiro. Ilustrações: Luciane Gardesani Trabalho de conclusão do Curso de Estágio em Fisioterapia do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. Equipe de Fisioterapia: Maria Ângela G. O. Ribeiro, Maria Regina de Carvalho Coppo, Rosângela Alves Grande, Silvia Regina M. de Paula, Therezinha de Oliveira Rapeli, Celize Cruz Bressiani e Maria Cecilia Haas Bueno. O que é a Fibrose Cística??????? Oi, eu sou o Muco! Vou conversar com você sobre a Fibrose Cística. É uma doença hereditária, não contagiosa. Ela aparece na criança apenas se os pais carregarem o gene para Fibrose Cística. O gene é o elemento responsável pelas nossas características, como a cor do cabelo, olhos, pele, etc. Veja como ocorre: Eu sou a mãe portadora do gene FC Eu sou o pai portador do gene FC

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Page 1: MANUAL FIBROSE CISTICA -  · PDF fileMANUAL DE FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA NA FIBROSE CÍSTICA Autoras: Camila Isabel da Silva Santos e Luciane Zanusso Pagnossin

MANUAL DE FISIOTERAPIA

RESPIRATÓRIA NA FIBROSE CÍSTICA

Autoras: Camila Isabel da Silva Santos e Luciane Zanusso Pagnossin

Orientação: Maria Ângela G. O. Ribeiro. Ilustrações: Luciane Gardesani

Trabalho de conclusão do Curso de Estágio em Fisioterapia do

Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

Equipe de Fisioterapia: Maria Ângela G. O. Ribeiro, Maria Regina de Carvalho Coppo, Rosângela Alves Grande, Silvia Regina M. de

Paula, Therezinha de Oliveira Rapeli, Celize Cruz Bressiani e Maria Cecilia Haas Bueno.

O que é a Fibrose Cística???????

Oi, eu sou o Muco! Vou conversar com você sobre a Fibrose Cística.

É uma doença hereditária, não contagiosa. Ela aparece na criança apenas se os pais

carregarem o gene para Fibrose Cística. O gene é o elemento responsável pelas nossas características, como a

cor do cabelo, olhos, pele, etc. Veja como ocorre:

Eu sou a mãe portadora do gene FC Eu sou o pai portador do gene FC

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A possibilidade de termos filhos com Fibrose Cística será:

UMA EM CADA 4 (25%) de que a criança não tenha FC

nem seja portadora

DUAS EM CADA 4 (50%) de que a criança seja portadora

UMA EM CADA 4 (25%) de que a criança realmente

tenha FC

O que acontece nesta doença é que eu, o Muco, sou diferente. Sou mais grosso, mais pegajoso, às vezes

pareço goma de mascar! Por isso eu acabo entupindo vários caminhos que existem no corpo, impedindo ou dificultando a passagem de muitas

substâncias que são importante para o crescimento e o funcionamento de algumas partes do organismo.

Eu acabo prejudicando um pouco a nutrição das crianças, pois dificulto a digestão dos alimentos. Isto porque as substâncias que

deverão passar pelos caminhos para ajudar a digestão dos alimentos (enzimas) não

conseguirão chegar até eles para digeri-los, pois eu estarei obstruindo os canais que

levam as enzimas até eles.

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É por isso que algumas crianças com Fibrose Cística (FC) precisam tomar

enzimas e vitaminas todos os dias. Também devem manter uma

alimentação saudável e beber muita água, principalmente nos dias quentes e durante atividade física porque criança

com FC perde muito mais sal no suor.

Assim como no sistema digestivo, algumas vezes eu acabo prejudicando também o sistema respiratório. O pulmão é

formado por vários "caninhos" que parecem túneis. Por eles é que o ar passa quando as pessoas respiram. Todas as

pessoas têm muco nesses "caninhos". Mas na FC eu sou mais pegajoso que um muco comum. Grudo na parede desses

"caninhos", então fica difícil para o ar passar.

A tosse acontece como uma ação natural

das pessoas para me remover do caminho

por onde o ar passa. Na FC, essa tentativa de me

desgrudar acaba provocando uma tosse muito

forte, que muitas vezes chega a cansar! E se eu estiver contaminado por bichinhos (bactérias), fico ainda

mais grudento, podendo acontecer de

uma simples tosse não ser o suficiente

para que eu saia do pulmão.

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Estas estruturas da face são os seios paranasais que se desenvolvem

lentamente e ficam completamente formados por volta dos 15 anos de

idade.

A cavidade nasal é revestida por uma

parede sensível (mucosa). Quando em contato com agentes

irritativos pode inflamar, levando ao acúmulo de secreção e com isso a

novas infecções. Dentro dos seios da face, essa

inflamação é chamada "sinusite", na cavidade

nasal é chamada "rinite".

Estas infecções podem ser evitadas

com a limpeza diária dessas estruturas:

a higiene nasal através da instilação

do soro fisiológico

Juntamente com a

higiene nasal deve ser feita uma massagem

em movimentos circulares com a ponta dos dedos na região do

nariz e bochechas. Então o nariz estando limpo, o ar conseguirá chegar facilmente aos

pulmões.

E a limpeza do pulmão?

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Existem várias maneiras para se realizar a higiene pulmonar e cada criança responderá melhor a algumas técnicas ou à associação de mais de uma delas.

O posicionamento é muito importante para a saída da secreção. Pensando nisso, existem algumas posições que são usadas como auxílio durante a terapia, isto se

chama DRENAGEM POSTURAL. Pode ser feito no próprio colo da mãe, ou mesmo em

cima da cama, com o auxílio de almofadas ou travesseiros.

A) Elevar a criança com o apoio de um travesseiro e posicionar a mão na região anterior do peito da criança para localizar a parte superior do pulmão, anteriormente

B) Com a criança de bruços, coloque a mão na parte superior das costas da criança, ainda localizando a parte superior do pulmão, só que agora na região das costas

C) Com a criança de barriga para cima e ainda inclinada discretamente para baixo (usando o apoio de joelho), localizar a mão na parte inferior do pulmão, mas desta vez na parte de frente do peito.

D) Com a criança deitada sobre o travesseiro, discreta mente de lado, posicionar a mão na posição da axila, localizando a parte média do pulmão. Observar o posicionamento da cabeça com cuidado.

E) Com a criança de barriga para baixo, sobre um travesseiro, inclinar cuidadosamente o tronco e cabeça para baixo, para localizar a parte de baixo do pulmão (use o joelho como apoio). É importante que o rosto da criança esteja livre para respirar e o peso do corpo não pressione o braço ou o ombro que ficar por baixo.

É importante que a criança esteja confortável, sob a supervisão do fisioterapeuta, principalmente se tiver refluxo gastro-esofágico, pois nestas condições da

DRENAGEM POSTURAL, como a cabeça inclinada para baixo, são bastante desconfortáveis e podem piorar o refluxo.

Outras técnicas podem ser associadas à Drenagem postural, como a TAPOTAGEM e VIBRAÇÃO

Manual de Fisioterapia Respiratória

(2.a parte)

O que é TAPOTAGEM ?

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Com a mão em forma de "concha", a tapotagem consiste em bater ritmicamente sobre o tórax da criança que deve estar coberto com uma roupa ou lençol. Os punhos deverão estar relaxados e o movimento deve ser suave, adaptando-se ao tamanho de tórax de cada criança. Em bebês usam-se as pontas dos dedos.

O que é VIBRAÇÃO ? São movimentos oscilatórios, que podem ser realizados manual ou mecanicamente, sobre o tórax da criança descolando o muco dos "caninhos" do pulmão.

E o que mais ?

A aceleração do Fluxo Expiratório é uma nova técnica utilizada. O fisioterapeuta irá "massagear" o tórax com uma certa pressão enquanto a criança solta o ar que foi inspirado, prolongando a respiração. É como se o pulmão fosse uma esponja cheia de água que, quando é apertada, eliminasse a água toda. Quando as crianças estão maiores, outras técnicas podem ser utilizadas e associadas.

A figura a seguir indica a idade em que cada técnica pode ser aplicada de forma eficiente.

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Que técnicas são essas ? O "huff" conhecido pelas crianças como bafinho. É uma técnica geralmente associadas às outras, pois ajuda a secreção e faz com que o ar saia tranquilamente do pulmão, evitando o cansaço.

E a criança pode fazer fisioterapia sozinha ? Claro que sim! Para crianças um pouco maiores existem técnicas simples que elas mesmo podem realizar. Isso permite que se tornem independentes na realização da própria terapia.

Quais são ? A Drenagem Autogênica é uma delas. Ela necessita simplesmente de uma respiração controlada, principalmente a expiração, pois é com a saída do ar que o muco é descolado. A criança precisa aprender muito bem os comandos que serão feitos pelo fisioterapeuta, pois deverá ser treinado para respirar de formas diferentes,

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conseguindo mover o muco e carregá-lo até perto da garganta para finalmente tossir e cuspir. A criança poderá sentir a secreção vibrar colocando a mão aberta sobre o tórax. poderá então eliminá-lo na hora certa com um bafinho ou mesmo uma tosse.

Além da drenagem autogênica existe também o Ciclo Ativo da Respiração que é uma associação da respiração controlada, fluxo expiratório prolongado ou "huff" e

exercícios para melhorar a ventilação. O controle respiratório será feito através de uma respiração

suave usando a região da barriga (diafragmática).

Os exercícios respiratórios necessitam de respiração profunda muitas vezes associada à movimentação dos braços.Os exercícios respiratórios podem ser feitos ao final de toda a terapia, depois da higiene pulmonar. Podem ser associados às atividades que a criança costuma realizar. Assim, ela poderá melhorar a ventilação do pulmão brincando!

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Existe também um aparelho que se

assemelha a um cachimbo, o "flutter". Ele contém

uma bolinha de aço dentro que vibra sempre que a criança assopra.

A vibração dessa bolinha é transmitida aos caninhos do pulmão, onde está a

secreção, fazendo com que esta desgrude ou seja levada até perto da garganta

para ser eliminada.

É importante lembrar que todas estas

técnicas deverão ser ensinadas e supervisionadas pelo fisioterapeuta até que a criança consiga realizá-las corretamente

sozinha.

E a inalação ? Já estava me esquecendo! O ideal é que a inalacão seja feita antes de iniciar a fisioterapia para que a fluidificação da secreção possibilite uma remoção mais fácil e rápida. As crianças que utilizam medicamentos inalados deverão consultar seu médico e fisioterapeuta sobre o melhor momento para a aplicação.

Afinal, uma criança com FC poderá levar uma vida normal ?

Elas apenas precisarão de maiores cuidados, muita atenção e carinho das pessoas que convivem com elas, principalmente dos pais, pois são crianças especiais! Podem brincar, correr, estudar e acompanhar as outras crianças de sua idade, ter uma vida normal e feliz!

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Equipe Multiprofissional para o atendimento em Fibrose Cística do Departamento de Pediatria da

Faculdade de Ciência Médicas da Universidade Estadual de Campinas

EQUIPE MÉDICA Prof. Dr. Antonio Fernando Ribeiro Coordenador - Gastroenterologista pediátrico [email protected] Prof. Dr. José Dirceu Ribeiro Pneumologista pediátrico [email protected] Profa. Dra. Carmem Silva Bertuzzo Gineticista Prof. Dr. Ulisses Moraes de Oliveira Patologista Clínico SETORES DE APOIO Ft. Maria Ângela G. O. Ribeiro Coordenadora Ft. Maria Regina de Carvalho Coppo Supervisora

Ft. Rosângela Alves Grande Supervisora Ft. Silvia Regina M. de Paula Supervisora Ft. Therezinha de Oliveira Rapeli Supervisora Sandra Regina Biella Assistente Social

Prof. Dr. Deyse Maria Borges Keyrala Psicóloga

SOCIEDADE DE APOIO À FIBROSE CÍSTICA (SAFC) Celia Regina Steter Linhares Secretária - Telef. (19) 233-7215 APOIO