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1 MANUAL DO PROFESSOR São Paulo - 2018 PNLD 2018 Literário ENY MAIA

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MANUAL DO PROFESSOR

São Paulo - 2018

PNLD 2018 Literário

ENy MAiA

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MANUAL DO PROFESSOR: ELA TEM OLHOS DE CÉU

ObjETivOS DO MANUAL DO PROFESSORO Manual do Professor é um material de apoio e tem por objetivo ser utilizado pelo docente, em correspondência com o Livro do Estudante (Ela tem olhos de céu), para aperfeiçoar-se, expandir seus estudos, preparar os planos de aulas e de avaliação formativa e suprir as dificuldades de aprendiza-gem dos estudantes.Para os anos iniciais do Ensino Fundamental, o Manual do Professor deve estar em consonância com a Base Nacional Comum Curricular/BNCC.

FiCHA TÉCNiCALivro: Ela tem olhos de céuAutora: Socorro Aciolo (nome literário)Ilustrador: Mateus Rios (nome literário)Editora: GaivotaLocal e ano de publicação: São Paulo, 2012Número de páginas: 36Categoria Fundação Biblioteca Nacional: Literatura infantojuvenil

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ORgANizAçãO DO MANUAL DO PROFESSOR

Este material de apoio está organizado de forma a abranger os seguintes elementos:

I – Proposições gerais.

(A) Considerações sobre autora, ilustrador e obra.Objetivo: contextualizar autora, ilustrador e obra.(B) Considerações para a motivação do/a estudante para a lei-tura da obra.Objetivo: motivar o/a estudante para leitura da obra.(C) Considerações sobre a adequação da obra à categoria, ao(s) tema(s) e ao gênero literário (de acordo com o Edital).Objetivo: justificar a pertença da obra aos seus respectivos tema(s), categoria e gênero literário.(D) Subsídios, orientações e propostas de atividades para o uso da obra em sala de aula.Objetivo: apresentar subsídios, orientações e propostas de atividades para o uso da obra em sala de aula.

II - Considerações sobre o material de apoio para pré-leitura, leitura e pós-leitura.

Objetivo: apresentar orientações para as aulas de língua por-tuguesa que preparem os/as estudantes tanto para a leitura da obra em foco (material de apoio pré-leitura), quanto para a retomada e problematização da referida obra (material de apoio pós-leitura).

III - Considerações sobre a abordagem interdisciplinar da obra.

Objetivo: apresentar orientações gerais para aulas de outros componentes ou áreas, a fim de que sejam trabalhados temas e conteúdos presentes na obra em questão, com vistas a uma abordagem interdisciplinar.

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(A) Considerações sobre autora, ilustrador e obra.

Sobre a autoraSocorro Acioli nasceu em Fortaleza, Ceará, em 24 de feverei-ro de 1975. É doutora em Estudos de Literatura pela Univer-sidade Federal Fluminense, mestre em Literatura pela Uni-versidade Federal do Ceará e bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará.

Seu primeiro experimento na literatura foi o livro O Pipo-queiro João. O trabalho foi escrito e publicado quando tinha ainda oito anos de idade, pela Nação Cariry Editora, do ci-neasta Rosemberg Cariry.

Em 2001, durante o curso de jornalismo, retornou às letras com a biografia de Frei Tito de Alencar Lima. O livro, intitu-lado Frei Tito, foi publicado pelas Edições Demócrito Rocha na coleção Terra Bárbara. Em 2003, lançou, pela mesma edi-tora e mesma coleção, a biografia de Rachel de Queiroz, es-crita com base em pesquisas e entrevistas com a autora.

A partir de 2004, Acioli começou a escrever e publicar livros infantojuvenis.

Em 2006, foi a única brasileira selecionada para a oficina de roteiros “Como contar um conto”, ministrada pelo escritor colombiano Gabriel García Márquez (Prêmio Nobel de Lite-ratura de 1982), na Escuela de Cine y TV de San Antonio de Los Baños, em Cuba.

Em 2007, ganhou a bolsa de pesquisa da Biblioteca de Mu-nique, na Alemanha, onde morou por dois meses.

Em 2009, foi convidada pelos Centros Culturais das Embai-xadas do Brasil em La Paz, Bolívia e em Praia, Cabo Verde,

i: PROPOSiçõES gERAiS

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para proferir palestras sobre sua obra e seminários sobre Literatura Brasileira.

Publicou pela Editora Biruta Inventário de segredos e pela Edi-tora Gaivota Ela tem olhos de céu, obra que ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro infantil em 2013.

Sobre o ilustradorMateus Rios é carioca, mas mora e trabalha em São Paulo; fez faculdade de cinema. Hoje trabalha com ilustração de livros, projetos de animação e publicidade. Gosta de desco-brir e testar novos modos de contar histórias, experimen-tando diversos materiais, meios e modos de narrar, deixan-do os olhos descobrirem caminhos e cores neste jogo com o texto.

(B) Considerações para a motivação do estudante para a leitura da obra.

O livro Ela tem olhos de céu conta a história de uma menina que nasceu na cidade nordestina de Santa Rita do Norte. A pequena, ao chorar, fazia chover, o que provocava grande alvoroço no lugar. A narrativa, composta em versos de cor-del, é conduzida de forma dinâmica pela exploração de re-cursos rítmicos e melódicos, aguçando a curiosidade do leitor a cada desdobramento. As ilustrações, em tons pastéis e terrosos, representam com magia e lirismo cenas de luga-res e personagens do nordeste brasileiro.

(C) Considerações sobre a adequação da obra à categoria, ao(s) tema(s) e ao gênero literário (de acordo com o Edital).

Da categoria A obra está inscrita na Categoria 5: obras literárias voltadas para estudantes dos 4° e 5° anos do Ensino Fundamental.

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Trata-se de narrativa de cordel que estimula a fruição e o envolvimento com a leitura, tanto em razão da temática e da dinamicidade dos episódios, capazes de despertar a curio-sidade do leitor, quanto das imagens. O texto verbal contri-bui para ampliar o vocabulário e o universo cultural infantil com expressões como “bandas”, “açude”, “cacimba”, “pran-to”, “xote”, “sina”.

A obra permite que o leitor aprecie sonoridades, jogos de palavras e diversidade lexical, sendo tais aspectos indispen-sáveis para o enriquecimento do mundo imaginário, com sua dimensão de encantamento, jogo e fruição.

Do temaA obra parte de um inusitado acontecimento para tratar da temática referente ao mundo natural, destacando a impor-tância da água e de sua preservação, e social, priorizando relações pessoais em esferas mais amplas que a da família; no caso, evidencia-se acontecimento que afeta os habitantes de uma cidade. O meio ambiente (paisagens naturais, plan-tas, animais) enfocado é típico de contexto regional brasi-leiro, precisamente, o nordestino.

Convém destacar que os temas dos cordéis em geral são fa-tos curiosos do cotidiano, figuras e episódios históricos, len-das do folclore, questões religiosas e políticas, crítica social.

Do gêneroGênero: poema (cordel).

Trata-se de literatura popular, sendo a narrativa composta em versos de melodia cadenciada, o que é capaz de conquis-tar quem lê ou escuta. Com seu caráter dinâmico, prende a atenção do leitor e desenvolve a apreciação e a fruição esté-

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tica, de modo a produzir maravilhamento e reflexão a res-peito das experiências humanas.

Cabe lembrar que, no século XVIII, pedreiros, maquinistas, carregadores de água e lenha, tipógrafos e outros trabalha-dores (sobretudo em Alagoas, no Ceará, na Paraíba, em Per-nambuco, no Piauí e no Rio Grande do Norte) recitavam em feiras seus versos (impressos em folhetos e ilustrados com xilogravuras) muitas vezes acompanhados de viola.

Consideraram-se, para enquadrar a obra no gênero textual “poema”, as condições de produção, circulação e recepção, o estilo (a seleção de recursos lexicais, fraseológicos e grama-ticais da língua), as características composicionais (a estru-tura particular do texto, narrativa em versos) e o tema (a seleção, a extensão e a profundidade da abordagem do as-sunto).

De acordo com a BNCC, os gêneros literários estão inseri-dos no CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO, que concerne à participação em situações de leitura, fruição e produção de textos literários e artísticos, representativos da diversidade cultural e linguística, que favoreçam experiências estéticas.

(D) Subsídios, orientações e propostas de atividades para o uso da obra em sala de aula.

Pela tradição artístico-cultural a que se associa, o texto de valor literário tem características próprias, baseadas em convenções discursivas que estabelecem modos e procedi-mentos de leitura bastante particulares (os “pactos de leitu-ra”). Esses modos próprios de ler têm o objetivo básico de permitir ao leitor apreender e apreciar o que há de singular num texto cuja intencionalidade não é imediatamente prá-tica, e sim artística.

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Em consequência, o leitor literário caracteriza-se como tal por uma competência própria, ao mesmo tempo lúdica (por-que o pacto é ficcional) e estética (dada a intencionalidade artística). Trata-se, portanto, de uma leitura cujo processo de (re)construção de sentidos envolve fruição estética, em diferentes níveis.

No que concerne ao âMBITO LITERÁRIO, a BNCC/LP destaca prioritariamente:

LEITURA/ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA) nos seguintes aspectos:Formação do leitor literário

(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem par-te do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversi-dade cultural, como patrimônio artístico da humanidade.

Leitura colaborativa e autônoma (EF15LP16) Ler e compreender, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor e, mais tarde, de ma-neira autônoma, textos narrativos de maior porte como contos (populares, de fadas, acumulativos, de assombra-ção, etc.) e crônicas.

Apreciação estética/Estilo (EF15LP17) Apreciar poemas visuais e concretos, obser-vando efeitos de sentido criados pelo formato do texto na página, distribuição e diagramação das letras, pelas ilus-trações e por outros efeitos visuais.

Formação do leitor literário/Leitura multissemiótica (EF15LP18) Relacionar texto com ilustrações e outros re-cursos gráficos.

A BNCC/LP também privilegiou a ORALIDADE, destacando o seguinte aspecto:

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Contagem de histórias(EF15LP19) Recontar oralmente, com e sem apoio de ima-gem, textos literários lidos pelo professor.

Declamação (EF35LP28) Declamar poemas, com entonação, postura e interpretação adequadas.

Performances orais (EF04LP27) Recitar cordel e cantar repentes e emboladas, observando as rimas e obedecendo ao ritmo e à melodia.

Com o foco no desenvolvimento de alunos de 3º AO 5º ANO, a BNCC/LP propõe o seguinte:

LEITURA/ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA) Decodificação/Fluência de leitura

(EF35LP01) Ler e compreender, silenciosamente e, em se-guida, em voz alta, com autonomia e fluência, textos cur-tos com nível de textualidade adequado.

Formação de leitor (EF35LP02) Selecionar livros da biblioteca e/ou do canti-nho de leitura da sala de aula e/ou disponíveis em meios digitais para leitura individual, justificando a escolha e compartilhando com os colegas sua opinião, após a leitu-ra.

Compreensão (EF35LP03) Identificar a ideia central do texto, demons-trando compreensão global.

Estratégia de leitura(EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos li-dos.(EF35LP05) Inferir o sentido de palavras ou expressões desconhecidas em textos, com base no contexto da frase ou do texto.

Formação do leitor literário (EF35LP21) Ler e compreender, de forma autônoma, tex-

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tos literários de diferentes gêneros e extensões, inclusive aqueles sem ilustrações, estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

Formação do leitor literário/Leitura multissemiótica (EF35LP22) Perceber diálogos em textos narrativos, obser-vando o efeito de sentido de verbos de enunciação e, se for o caso, o uso de variedades linguísticas no discurso direto. (EF35LP26) Ler e compreender, com certa autonomia, narrativas ficcionais que apresentem cenários e persona-gens, observando os elementos da estrutura narrativa: enredo, tempo, espaço, personagens, narrador e a cons-trução do discurso indireto e discurso direto.

Apreciação estética/Estilo (EF12LP18) Apreciar poemas e outros textos versificados, observando rimas, sonoridades, jogos de palavras, reco-nhecendo seu pertencimento ao mundo imaginário e sua dimensão de encantamento, jogo e fruição.

Variação linguística (EF35LP11) Ouvir gravações, canções, textos falados em diferentes variedades linguísticas, identificando caracte-rísticas regionais, urbanas e rurais da fala e respeitando as diversas variedades linguísticas como características do uso da língua por diferentes grupos regionais ou dife-rentes culturas locais, rejeitando preconceitos linguísti-cos.

ANÁLISE LINGUÍSTICA/SEMIÓTICAFormas de composição de narrativas

(EF35LP29) Identificar, em narrativas, cenário, persona-gem central, conflito gerador, resolução e o ponto de vista com base no qual histórias são narradas, diferenciando narrativas em primeira e terceira pessoas.(EF35LP30) Diferenciar discurso indireto e discurso dire-to, determinando o efeito de sentido de verbos de enun-

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ciação e explicando o uso de variedades linguísticas no discurso direto, quando for o caso.

ESCRITA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA) Escrita autônoma e compartilhada

(EF35LP25) Criar narrativas ficcionais, com certa autono-mia, utilizando detalhes descritivos, sequências de even-tos e imagens apropriadas para sustentar o sentido do texto, e marcadores de tempo, espaço e de fala de perso-nagens. (EF02LP27) Reescrever textos narrativos literários lidos pelo professor.

SUGESTÕES DE ATIVIDADESPara a obra Ela tem olhos de céu, propõe-se o desenvolvimen-to das seguintes atividades, que mais adiante serão porme-norizadas, com o objetivo de estimular o estudante a apre-ciar a “forma-conteúdo” do texto literário:

1. Identificar no texto as sonoridades, os jogos de pala-vras e seus efeitos de sentido, e outros criados pelas ilustrações, de modo que o estudante reconheça a obra como pertencendo ao mundo imaginário e sua dimen-são de encantamento, jogo e fruição.2. Identificar os efeitos de sentido criados pelo forma-to do texto na página, distribuição e diagramação das letras, pelas ilustrações e por outros efeitos visuais e relacionar texto verbal com as ilustrações.3. Identificar os elementos da narrativa, ou seja, narra-dor, personagens, enredo, tempo e espaço, o conflito gerador e sua resolução. Eis algumas questões que po-dem ser propostas para os alunos, após a leitura do texto:

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4. Identificar palavras, expressões e frases que caracte-rizam personagens e ambientes.5. Avaliar e comentar o texto lido (é importante que o estudante tenha liberdade de se expressar emocional e esteticamente sobre o texto que leu). Depois da leitura, que pode ter sido feita em voz alta pelo professor, os estudantes podem partilhar sua emoção e sua compre-ensão com os colegas, avaliando e comentando afeti-vamente o que leram.

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Sugestões de atividades pré-leitura

Como motivação para a leitura, pode-se ler para os alunos o tex-to abaixo:

Depois do nascimento de Sebastiana, nada será como antes na cidade nordestina de Santa Rita do Norte. O lugar está em pol-vorosa, pois ninguém pode controlar os fenômenos provocados pela pequena criança. Alguns pensam que é dom; outros acham que é maldição. O fato é que a menina tem olhos de céu... Você sabe o que isso significa?

Em seguida, pode-se perguntar aos estudantes o que esperam da história, com base nas pistas fornecidas por essa sinopse.

Perguntar também aos alunos se eles imaginam quem tenha es-crito a história, para quem a escreveu, em que ambientes costu-mam ser lidas essas histórias. O professor poderá também contar aos alunos algo a respeito da autora: onde nasceu, o que estudou, com que trabalha, etc.

Com essa atividade de reflexão que se propõe ao aluno, para que identifique o suporte, o gênero e contextualize o texto, o profes-sor tem a intenção de evidenciar a importância de buscar infor-mações sobre o autor do texto, a época em que ele foi publicado, com que objetivos foi escrito. Esses dados permitem situar o tex-to no contexto em que foi produzido e ampliam as possibilidades de compreensão e de fruição do que vai ser lido, além de contri-buir para a formação de um leitor cada vez mais bem informado e interessado, mais capaz de tirar proveito do que lê.

Assim, antes da leitura, é interessante propor às crianças tam-bém perguntas como estas:

ii: CONSiDERAçõES SObRE O MATERiAL DE APOiO PARA PRÉ-LEiTURA, LEiTURA E PóS-LEiTURA

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O texto que vamos ler foi publicado num jornal?Num livro?Num folheto?Numa caixa de brinquedo?

Além disso, é desejável abordar as características gerais do gêne-ro (De que costuma tratar? Como costuma se organizar? Que recursos linguísticos costuma usar e para que servem? Que espé-cie (o chamado gênero) de texto será essa? Para que ele serve? Alguém conhece outros textos parecidos com esse? Onde circu-lam?

Quando se começa a leitura sabendo “quem escreveu o texto”, “quando escreveu”, “com que objetivos e funções”, “onde circula”, “em que suporte”, “para qual público se destina”, já se definem as linhas que vão orientar e facilitar o trabalho de compreensão do texto.

Levantar hipóteses relativas à forma e ao conteúdo do texto é essencial, já que o trabalho com a compreensão pode e deve co-meçar antes mesmo que as crianças tenham aprendido a deco-dificar e a reconhecer globalmente as palavras.

Até o leitor iniciante pode tentar adivinhar o que o texto diz, pe-la suposição de que alguma coisa está escrita, pelo conhecimento do seu suporte (livro de história) e de seu gênero, pelo conheci-mento de suas funções (informar, divertir, etc.), pelo título, pelas ilustrações.

Antes de começar a leitura, é produtivo elaborar certas hipóteses; por exemplo:

Este texto trata de que assunto?Será uma história?Será triste?Será engraçada?

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A atividade proposta tem a intenção de contextualizar a ativida-de de leitura de uma história, extraída de um livro de literatura infantil; por isso, existe a preocupação de se trabalhar também a capa do livro para que se saiba o que é um livro de histórias, quem é o autor do livro, quem o ilustrou, quem o editou, etc.

Chame a atenção dos alunos para o nome do livro: O que eles imaginam com base no título? Por quê?

Eis mais alguns possíveis questionamentos a serem feitos aos alunos:

Você conhece essa autora? Já leu algum livro dela?

Você encontrou na capa do livro o nome de quem fez a ilus-tração?

Você acha que o título do livro é interessante? Por quê?

O que você acha que há em um livro que tem esse nome: “Ela tem olhos de céu”?

Observe com atenção a ilustração que aparece na capa do livro.

O que você vê na ilustração?

Você conhece a paisagem representada na ilustração? Sabe alguma coisa sobre esse lugar? O quê?

Você acha que existe alguma relação entre o título do livro e a ilustração? Qual?

Proponha, em seguida, a leitura da história.

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Sugestões de atividades de leitura

A leitura pode ser feita em voz alta pelo professor, em grupos ou individualmente pelos estudantes.

É possível, por exemplo, organizar a sala em um círculo e iniciar a leitura do texto, em voz alta; depois, pedir aos alunos que con-tinuem a leitura em voz alta, observando o formato do texto na página, a distribuição e a diagramação das letras, as ilustrações, e que anotem num caderno as palavras eventualmente desconhe-cidas.

Outra possibilidade de leitura seria a de efetuá-la com interrup-ções. Por exemplo, o professor inicia a leitura (podendo pedir que os alunos se revezem na atividade) e, em momento que julgar oportuno, faz uma interrupção e pergunta aos alunos o que eles acham que vai acontecer, como o texto vai prosseguir, e por que pensam assim (Com base em que elementos textuais têm essa opinião?).

Para contribuir com o desenvolvimento da capacidade de com-preensão global, o professor pode também orientar os alunos com mais independência a fazer uma leitura silenciosa do texto todo (ou de trechos), com certa rapidez, sem se perder em deta-lhes. O professor pode, ainda, convidar os estudantes a ler em voz alta, com fluência, ritmo e expressividade, pelo prazer de sentir-se participante do texto – como um narrador.

Sugestões de atividades pós-leitura

Pode-se realizar uma roda de leitura, que segue procedimentos simples: cada um fala por sua vez e estabelece-se o diálogo com cada depoente que discorre sobre sua experiência de leitura: sua hipótese inicial (a leitura seria prazerosa) cumpriu-se? Que fato-res influenciaram positiva e negativamente a leitura? Se o grupo

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é numeroso, poderá ser necessário realizar a roda em duas aulas consecutivas para dar tempo a todos de conversar sobre sua lei-tura.

Uma atividade envolvente também é aquela em que os alunos podem partilhar sua emoção e sua compreensão com os colegas, avaliando e comentando afetivamente o que leram, fazendo ex-trapolações (isto é, projetando o sentido do texto para outras vi-vências, outras realidades), buscando outros textos da mesma autora, ou sobre o mesmo tema. Espera-se que os estudantes sejam capazes de fazer extrapolações pertinentes – sem perder o texto de vista.

Também após a leitura, o professor pode propor questões para serem respondidas oralmente por duplas de alunos. Essas ques-tões devem explorar os elementos constitutivos da narrativa: há uma história que está sendo narrada, isto é contada, existe um conflito que precisa ser resolvido; há quem conta esta história – narrador; existem personagens; a história se passa em um deter-minado lugar; os acontecimentos ocorrem num tempo, passado.

Eis algumas questões que podem ser colocadas para os alunos, após a leitura do texto:

A história gira em torno de qual acontecimento? Você supõe que os acontecimentos narrados na história tenham se passado em quanto tempo? (Dias? Semanas? Meses? Anos?)

A história está narrada em primeira ou terceira pessoa? Há marcas no texto que evidenciam isso?

Quantas personagens aparecem no texto?

Há no texto a utilização do discurso direto? Identifique alguma passagem em que isso ocorre e reflita sobre as

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diferenças entre os efeitos de sentido provocados pelo emprego do discurso direto e do indireto.

Quais os nomes de algumas personagens?

Que nomes você daria às personagens que, na história, não têm nome?

Onde as personagens viviam? Destaque do texto passagens descritivas em que o ambiente é caracterizado.

Qual a característica marcante da personagem principal?

O que as pessoas da cidade achavam dessa característica da protagonista? Explique por que algumas gostavam e outras não gostavam dessa característica.

Quais relações se observam entre o texto lido e a capa do livro?

No caso do texto Ela tem olhos de céu, o professor pode, depois desse debate, verificar se houve palavras desconhecidas. Se exis-tiram dúvidas lexicais, antes de solicitar consulta ao dicionário, pode propor que os alunos tentem inferir o sentido do vocábulo ou da expressão com base no contexto da frase ou do texto.

No que concerne ao enredo de Ela tem olhos de céu, a fim de que os alunos reflitam sobre a solução de um conflito, o professor pode retomar com a classe, por exemplo, o trecho em que o irmão de Sebastiana lhe oferece rapadura para que ela pare de chorar. Considerando essa passagem, o professor pode solicitar que os alunos proponham modos diferentes daquele proposto pelo ir-mão da protagonista para que esta parasse de chorar.

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Atividade de escrita

Observar com os alunos que a história Ela tem olhos de céu é nar-rada em terceira pessoa. Propor que os alunos contem a história em primeira pessoa; nesse caso, o narrador poderia ser, por exemplo, um dos irmãos de Sebastiana, o pai ou a mãe dela, ou alguma vizinha. Esse texto deverá ser planejado com o professor, e o aluno deverá definir, em relação ao texto, a quem se destina, qual seu objetivo, em que ambiente irá circular, qual o suporte. É interessante que o aluno pesquise, em meios impressos ou di-gitais, os dados necessários para redigir seu texto.

Pode-se propor aos alunos que realizem uma pesquisa sobre a literatura de cordel no Brasil e, posteriormente, solicitar que ten-tem escrever um texto em verso, à moda do cordel, para contar algum episódio que considerem intrigante; pode ser algo “inven-tado” ou ocorrido na escola com os amigos, ou em casa, ou em outro lugar.

Depois das releituras e das revisões efetuadas com o auxílio do professor, o texto, em sua versão final, poderá ser editado, em suporte manual ou digital.

Em seguida, o professor poderá solicitar que cada aluno escolha um nome artístico e, por fim, que cada um leia para a classe, em momento oportuno, o texto que produziu.

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iii: CONSiDERAçõES SObRE A AbORDAgEM iNTERDiSCiPLiNAR DA ObRA

Sugestão para abordagem interdisciplinar

Quando Sebastiana chora, chove em sua cidadezinha, no Nor-deste, região onde prolongadas estiagens castigam igualmente terra, rios, plantas, animais e humanos. Mas o dom da menina, que é benção, pode virar maldição, se o chororô não parar, e a chuva, em demasia, trouxer enchentes destruidoras... Esta pe-quena obra-prima escrita em versos, pode inspirar professoras e professores a abordá-la com as crianças, usando as lentes de dis-ciplinas como Língua Portuguesa, Geografia, Ciências, Arte e Educação Física.

Pelo menos dois núcleos de sentido complementares se abrem às educadoras e aos educadores, para serem explorados simultânea ou consecutivamente. Um diz respeito às relações entre o ser hu-mano e o seu ambiente, com destaque ao elemento água, Bem Comum essencial à vida. Outro, centra-se nas relações dos seres humanos com seus semelhantes e consigo mesmos – interações que, para se manterem saudáveis, precisam de amor, simboliza-do, nas mais diferentes mitologias, pela água. Em ambos os ca-sos, o cuidado e o equilíbrio são dimensões essenciais à manu-tenção da vida, no sentido literal ou metafórico.

Seja colocando o aspecto ecológico como “figura” e o emocional como “fundo”, ou fazendo o inverso, ao trabalhar interdiscipli-narmente com a história da menina dos olhos de céu, a profes-sora ou professor estará desenvolvendo nas crianças, conforme recomenda a BNCC, a competência de “exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se res-peitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e grupos sociais, seus saberes identidades, culturas e potencialida-des, sem preconceitos de qualquer natureza”.

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Talvez seja possível começar com Artes, apresentando às crian-ças músicas cujo tema seja a seca, como Asa Branca, de Luiz Gon-zaga, ou Seca no Nordeste, cantada por Fagner, como abertura de uma roda de conversa em que os participantes sejam convidados a contar histórias de parentes, amigos ou conhecidos que vivem em cidades do Nordeste. Utilizando-se um mapa do Brasil e/ou da região, tais cidades podem ser localizadas nos estados a que pertencem. Além disso, imagens dos locais podem ser mostradas, comparando-se características do território e das relações entre as pessoas em cidades grandes e em pequenas vilas como a fictí-cia Santa Rita do Norte. Assim, as crianças estarão exercitando, em Geografia, a habilidade de distinguir unidades político-ad-ministrativas oficiais nacionais (EF04GE05) e de reconhecer os diferentes modos de vida de povos e comunidades tradicionais em distintos lugares (EF03GE03). A curiosidade da turma a res-peito das causas da seca no Nordeste pode deflagrar, em Ciên-cias, pesquisas sobre o assunto, culminando com uma entrevista com alguém da comunidade que já tenha passado por esta expe-riência.

Outra alternativa é a professora ou professor assumirem o papel de um dos moradores de Santa Rita do Norte e responder a per-guntas das crianças sobre o assunto. (EF05CI02) (EF05CI03), destacando-se os principais fatores responsáveis pela situação: naturais (de ordem física e climática), históricos (heranças da colonização) e políticos (relacionados à indústria da seca). (Veja https://brasilescola.uol.com.br/brasil/por-que-nordeste-seco.html)

É possível que, ao contar a história, a professora ou professor, em Arte e Educação Física, desperte na turma o desejo de dramati-zar as cenas mais impactantes. Como aquecimento, a Educação Física entra em cena, com atividades corporais: as crianças po-derão representar o momento em que a chuva caiu pela primeira vez, ou quando a houve enchente. (EF35EF07). Por meio de per-guntas, as crianças serão estimuladas a se colocar no lugar dos

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personagens, sentir suas emoções, e falar sobre elas. Por exem-plo: como Dona Chica Parteira se sentiu quando descobriu que não havia água suficiente para acudir Lúcia Natalina? O que você faria, em uma seca, se tivesse pouca água em casa, e viessem lhe pedir? Por que as pessoas ficaram bravas com Sebastiana, a me-nina que chorava chuva? O que você faz quando quer parar de chorar?

Especialmente interessante seria encenar o conflito que opôs os moradores da cidadezinha a Sebastiana e sua família. Qual o mo-tivo? Como o juiz conseguiu chegar a um acordo? O que podemos fazer quando sentimos que todos estão contra nós? O uso de rou-pas velhas e adereços poderá alavancar o processo criativo (EF15AR17) (EF15AR18).

Editora Gaivota Ltda.Rua Cel. José Eusébio, 95 – Vila Casa 132CEP 01239-030Higienópolis – São Paulo, SP

(11) 3081-5739(11) [email protected]