manual do comissionista 2011 - equipa oriclub / joana ... · pdf file5...

10
www.oriame.pt MANUAL DO COMISSIONISTA 2011

Upload: dinhanh

Post on 23-Mar-2018

223 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

www.orifl ame.pt

MANUAL DO COMISSIONISTA 2011

2 • Manual do Comissionista 2011 Manual do Comissionista 2011 • 3

dddddddooooo al d

ÍNDICE

1 INÍCIO DE ACTIVIDADE

1.1 Serviço de Finanças 1.2 Segurança Social 1.2.1 Inscrição 1.2.2 Enquadramento 1.2.3 Isenção 1.2.4 Contribuições (base de incidência, taxa contributiva e pagamento) 1.2.5 Obrigações declarativas 1.2.6 Cessação da actividade

2 CONTABILIDADE - LIVROS DE ESCRITA

3 IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES - IRS 3.1 Regime Simplificado 3.2 Contabilidade Organizada 3.2.1 Especificidades da Contabilidade Organizada 3.3 Pagamentos por Conta 3.4 Cálculo do Imposto 3.5 Retenção na Fonte 3.5.1 Sujeição 3.6 Declaração Anual de Rendimentos

4 IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO - IVA

4.1 Isenção 4.2 Sujeição 4.3 Declaração e Entrega do IVA

5 OBRIGAÇÕES FISCAIS DO COMISSIONISTA/ORIFLAME

6 FAQ’S

4 • Manual do Comissionista 2011 Manual do Comissionista 2011 • 5

1 - INÍCIO DE ACTIVIDADE1.1 – SERVIÇO DE FINANÇAS

O comissionista deverá, antes de iniciar a sua actividade profissional dirigir-se ao Serviço de

Finanças da área da sua residência a fim de participar o seu início de actividade, para o que de-

verá fazer-se acompanhar do bilhete de identidade e do cartão de contribuinte (ou do cartão

do cidadão).

Não é necessário proceder ao preenchimento prévio da declaração de início de actividade,

sendo a referida declaração feita pelo próprio funcionário no balcão do IVA dos Serviços de

Finanças.

Em alternativa, o comissionista poderá declarar o seu inicio de actividade através da Internet, no

site das declarações electrónicas da Direcção Geral dos Impostos (em “www.portaldasfinancas.

gov.pt acedendo às opções: os seus serviços / entregar / declarações / actividade / início de

actividade”), devendo para tal possuir a respectiva senha de acesso.

Ao declarar o início de actividade, o comissionista deverá ter dois aspectos em consideração:

• 1.º Data do início de actividade

Deve ser indicada uma data posterior à data da entrega da declaração. Contudo essa data deve

ser anterior à do final do catálogo em que a primeira comissão é recebida.

• 2.º Volume de negócios

O comissionista deverá indicar um valor estimado de comissões a receber durante o período

que decorre entre a entrega da declaração e o fim do ano.

De realçar que, a indicação de um valor o mais próximo possível daquele que estimam auferir

tem particular importância em sede de IVA, uma vez que este poderá determinar (ou não) a

isenção dos rendimentos auferidos pelo comissionista em sede deste imposto, i.e., os comis-

sionistas com um volume de negócios anual inferior a € 10.000 estão isentos de IVA.

1.2 - SEGURANÇA SOCIAL1.2.1 - INSCRIÇÃO

A participação do início, suspensão e cessação de actividade profissional dos trabalhadores

independentes à Segurança Social é feita através de troca de informação com a administração

fiscal.

Com base na comunicação efectuada pela administração fiscal (no âmbito da qual são for-

necidos todos os elementos de identificação do comissionista), a segurança social procede à

inscrição do comissionista, quando necessário, e ao respectivo enquadramento no regime dos

trabalhadores independentes.

A segurança social notifica o comissionista da inscrição e do enquadramento efectuados, bem

como dos respectivos efeitos.

1.2.2 – ENQUADRAMENTO E PRODUÇÃO DE EFEITOS

Ficam, obrigatoriamente enquadrados no regime dos trabalhadores independentes, os comis-

sionistas que obtenham um rendimento relevante anual superior a 6 vezes o valor do Indexante

dos Apoios Sociais – IAS (€ 419,22 x 6 = € 2.515,32).

No caso de primeiro enquadramento no regime dos trabalhadores independentes (1.ª activi-

dade enquanto independente), o enquadramento só produzirá efeitos após o decurso de pelo

menos 12 meses, o que significa que os comissionistas nestas condições gozam de um período

de carência de 12 meses durante o qual não serão devidas contribuições para a Segurança

Social.

Assim, o enquadramento produzirá efeitos:

• no 1º dia do 12.º mês posterior ao do início de actividade, quando tal ocorra em data poste-

rior ao mês de Setembro;

Exemplo:

Se o comissionista iniciar a sua actividade a 2 de Novembro de 2011, o seu enquadramento

no regime dos trabalhadores independentes apenas produzirá efeitos no dia 1 de Novembro

de 2012.

• no 1º dia do mês de Outubro do ano seguinte ao do início de actividade, quando este ocorra

em data anterior ao mês de Outubro.

Exemplo:

Se o comissionista iniciar a sua actividade a 6 de Fevereiro de 2011, o seu enquadramento no

regime dos trabalhadores independentes apenas produzirá efeitos no dia 1 de Outubro de

2012.

No caso de reinício de actividade, o enquadramento produzirá efeitos no 1.º dia do mês

seguinte ao do seu reinício.

6 • Manual do Comissionista 2011 Manual do Comissionista 2011 • 7

• ao duodécimo do rendimento relevante, convertido em percentagem do IAS, corresponde

o escalão de remuneração cujo valor seja imediatamente inferior (sendo que, oficiosamente, a

Segurança Social enquadra o trabalhador no escalão imediatamente anterior).

Escalões de remuneração convencionalESCALÕES Base de incidência Contribuições (29,6%)

1º 1 x IAS € 419,22 € 124,09

2º 1,5 x IAS € 628,83 € 186,13

3º 2 x IAS € 838,44 € 248,18

4º 2,5 x IAS € 1.048,05 € 310,22

5º 3 x IAS € 1.257,66 € 372,27

6º 4 x IAS € 1.676,88 € 496,36

7º 5 x IAS € 2.096,10 € 620,45

8º 6 x IAS € 2.515,32 € 744,53

9º 8 x IAS € 3.353,76 € 992,71

10º 10 x IAS € 4.192,20 € 1.240,89

11º 12 x IAS € 5.030,64 € 1.489,07

IAS (Indexante dos Apoios Sociais) = € 419,22 para 2011

Exemplo:

Prestações de serviços no ano de 2010: € 12.000

Rendimento relevante (12.000 x 70%): € 8.400

Duodécimo (8.400/12): € 700

Escalão correspondente: 2.º escalão (€ 628,83)

Base de incidência contributiva oficiosa (escalão inferior): € 419,22 (1.º escalão)

A base de incidência contributiva será fixada anualmente em Outubro pela Segurança Social e

produzirá efeitos nos 12 meses seguintes.

O rendimento relevante, a base de incidência e a taxa contributiva são comunicados pela Se-

gurança Social ao comissionista. A partir desta comunicação, o comissionista tem 10 dias para

renunciar, mediante requerimento, ao enquadramento no escalão inferior que lhe foi atribuído

pela Segurança Social, e contribuir pelo escalão que corresponde ao seu rendimento relevante.

1.2.3 - ISENÇÃO

Podem ficar isentos de contribuir para o regime dos trabalhadores independentes, os comis-

sionistas que:

• acumulem esta actividade com uma actividade profissional por conta de outrem (v.g., contrato

de trabalho) e desde que (i) as duas actividades sejam prestadas para empresas distintas, sem

relação de domínio ou de grupo, (ii) o exercício da actividade por conta de outrem determine

o enquadramento noutro regime de protecção social que cubra todas as eventualidades cober-

tas pelo regime dos trabalhadores independentes e (iii) o valor da remuneração média mensal

como trabalhador por conta de outrem nos 12 meses com remuneração que antecedem à

fixação da base de incidência contributiva seja igual ou superior a 1 vez o IAS (€ 419,22);

• sejam, simultaneamente, pensionistas de invalidez ou velhice de regimes de protecção social,

nacionais ou estrangeiros (e a actividade profissional seja, legalmente, cumulável, com as respec-

tivas pensões);

• sejam, simultaneamente, titulares de pensões resultantes da verificação de risco profissional,

com incapacidade para o trabalho igual ou superior a 70%.

O reconhecimento das isenções acima referidas é efectuado:

• oficiosamente pela Segurança Social sempre que as condições que as determinem sejam do

conhecimento directo da instituição de segurança social competente, e

• mediante requerimento do interessado nos demais casos (sempre que, as condições de

isenção se verificarem noutros sistemas de protecção social).

A cessação das condições que determinam a isenção deve ser comunicada aos serviços da

Segurança Social, e implica o pagamento das contribuições para o regime dos trabalhadores

independentes a partir do mês seguinte ao da sua ocorrência.

1.2.4 - CONTRIBUIÇÕES

Base de incidência contributiva

A base de incidência contributiva dos comissionistas é determinada com base no escalão remu-

neração correspondente ao duodécimo do rendimento relevante, sendo que:

• o rendimento relevante, no caso dos comissionistas, corresponderá a 70% do valor total

de prestações de serviço do ano civil anterior ao momento da fixação da base de incidência

contributiva;

8 • Manual do Comissionista 2011 Manual do Comissionista 2011 • 9

Ajustamento progressivo da base de incidência:

• Em 2011, a base de incidência dos comissionistas cujo rendimento relevante determine um

escalão superior ao actual, apenas pode ser ajustada para o escalão imediatamente a seguir ;

• Nos anos seguintes, e enquanto o rendimento relevante determinar uma base de incidência

superior ao escalão em que se encontra a contribuir, em pelo menos dois escalões, apenas pode

ser ajustada para o escalão imediatamente a seguir ;

• Estas regras cessam a partir do ano em que o rendimento relevante determine que o escalão

pelo qual o trabalhador deve contribuir é o mesmo pelo qual contribuiu no ano anterior.

Exemplo:

Prestações de serviços no ano de 2010: € 18.000

Rendimento relevante (18.000 x 70%): € 12.600

Duodécimo (12.600/12): € 1.050

Escalão correspondente: 4.º escalão (€ 1.048,05)

Base de incidência contributiva oficiosa (escalão inferior): € 838,44 (3.º escalão)

Base de incidência no ano de 2010: € 419,22 (1.º escalão)

Ajustamento progressivo da base incidência

• 2011: € 628,83 (2.º escalão);

• 2012: € 838,44 (3.º escalão) – tal apenas não acontecerá se no ano de 2011 o rendimento

relevante do comissionista diminuir.

Base de incidência facultativa

Nos casos em que o rendimento relevante do comissionista seja igual ou inferior a 12 vezes o

IAS (€ 5.030,64), este poderá requerer que lhe seja considerado como base de incidência, o

valor do duodécimo daquele rendimento (o qual será inferior ao limite mínimo de 1 vez o IAS),

com o limite mínimo de 50% do valor do IAS, i.e., € 209,61.

Este regime só é aplicável aos comissionistas que tenham sido enquadrados pela primeira vez no

regime dos trabalhadores independentes após 1 de Janeiro de 2011 (ou que tenham reiniciado

actividade após essa data) e tem a duração máxima de 3 anos civis seguidos ou interpolados.

Taxa contributiva

A taxa contributiva dos trabalhadores independentes é de 29,6%.

Nota: Até Outubro de 2011, data em que será fixada a base de incidência de acordo com as

novas regras do Código Contributivo (tendo em consideração o rendimento relevante do ano

de 2010), deverá manter-se a base de incidência que os comissionistas tinham em 2010, à qual

será, contudo, aplicável a nova taxa contributiva de 29,6%.

Pagamento

O pagamento das contribuições é da responsabilidade do comissionista e deve ser efectuado,

mensalmente, até ao dia 20 do mês seguinte àquele a que as contribuições respeitam.

As referidas contribuições podem ser pagas:

• nas tesourarias dos serviços de segurança social;

• nas estações dos CTT;

• no Multibanco (pagamentos/ pagamento à segurança social/ TI/ Introdução do número de

identificação da segurança social (NISS) e preenchimento dos dados pedidos até à conclusão

do pagamento).

O talão/recibo emitido pelo caixa automático deverá ser guardado, como prova de pagamento,

incluindo para efeitos fiscais.

• via Homebanking: Através da Caixa Geral de Depósitos (Caixa e-banking Serviços/ Pagamen-

tos/ Estado/ Segurança Social), do Millennium BCP (Home particulares: Pagamentos/ Estado

e Sector Público/ Pagamentos Estado/ Outros/ Segurança Social escolhendo a opção TI), do

BPINET (contas à ordem/ Pagamentos/ Pagamentos Seg-Social) ou no Montepio Geral (Paga-

mentos/ Pagamentos de Segurança Social/ Trabalhador independente).

1.2.5 – OBRIGAÇÕES DECLARATIVAS

Os trabalhadores independentes que sejam prestadores de serviços (como seja o caso dos

comissionistas) encontram-se obrigados a entregar, à Segurança Social, uma declaração anual

respeitante à actividade exercida (“declaração do valor de actividade”).

Esta declaração deverá ser entregue, no site da Internet da Segurança Social (www.seg-social.pt),

até ao dia 15 do mês de Fevereiro do ano civil seguinte àquele a que respeita e deverá conter

a seguinte informação:

• o valor total das vendas realizadas;

• o valor total da prestação de serviços a pessoas singulares que não tenham actividade em-

presarial;

• o valor total dos serviços prestados por entidade contratante (indicando o NIF e NISS das

mesmas).

Nota: Os comissionistas apenas terão que entregar esta declaração em 2012 (até ao dia 15 de

Fevereiro de 2012), com referência ao ano civil de 2011.

10 • Manual do Comissionista 2011 Manual do Comissionista 2011 • 11

3 - IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES - IRS

A determinação dos rendimentos da categoria B, rendimentos empresariais e profissionais, onde

se integram os rendimentos dos comissionistas, pode ser apurada de duas formas:

• com base na contabilidade organizada;

• com base na aplicação das regras decorrentes do regime simplificado de tributação.

Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, não tendo optado pelo re-

gime da contabilidade organizada, no período de tributação imediatamente anterior, não tenham

atingido um montante de rendimentos superior a € 150.000.

O quadro esclarece:

Rendimento ilíquido inferior a € 150.000Regime simplificado ou contabilidade organi-

zada consoante a opção do comissionista

Rendimento ilíquido superior a € 150.000Regime obrigatório da contabilidade

organizada

De referir que, se os rendimentos auferidos resultarem de serviços prestados a uma única enti-

dade, o comissionista poderá optar pela tributação de acordo com as regras estabelecidas para

a categoria A, mantendo-se essa opção por um período de três anos.

3.1 - REGIME SIMPLIFICADO

Como o próprio nome indica este regime visa simplificar a contabilidade dos contribuintes que

aufiram rendimentos da categoria B, inferiores a € 150.000.

Com este regime simplificado o comissionista não necessita de guardar os documentos de

despesas necessárias e indispensáveis ao exercício da profissão, com excepção daquelas que

sejam dedutíveis para efeito de IVA (vide ponto 4.3).

Para a determinação do rendimento colectável (o rendimento sobre o qual incidirá a taxa de

imposto) somam-se os rendimentos da categoria B, e aplica-se o indicador técnico-científico da

actividade económica em causa.

Uma vez que, até à presente data, ainda não foram publicados os indicadores referidos, o coefi-

ciente a ser aplicado pelos comissionistas da Oriflame este ano é de 0.70 (70%).

1.2.6 – CESSAÇÃO DE ACTIVIDADE

Caso o comissionista cesse a actividade para efeitos fiscais junto das autoridades fiscais, estas

comunicam tal facto à Segurança Social, por forma a que cesse o enquadramento do comis-

sionista no regime dos trabalhadores independentes.

Esta cessação de enquadramento produz efeitos a partir do 1.º dia do mês seguinte ao mês da

cessação da actividade.

O enquadramento pode ainda cessar, mediante requerimento do comissionista, caso o mesmo

apresente um rendimento relevante anual igual ou inferior a 6 vezes o valor do IAS (€ 2.515,32).

2 - CONTABILIDADE - LIVROS DE ESCRITA

Os comissionistas não são obrigados a possuir contabilidade organizada (a não ser que atinjam

um volume de negócios superior a € 150.000 no período de tributação imediatamente anterior

ou façam a opção pela contabilidade organizada).

Os comissionistas são obrigados a passar recibo em modelo oficial de todas as importâncias

recebidas dos seus clientes.

Em alternativa, a Oriflame poderá substituir-se ao comissionista no cumprimento desta obrigação

(na emissão da factura/recibo), mediante o procedimento da “Autofacturação”.

Este procedimento será aceite em sede de IRS e de IVA, cabendo, contudo, ao comissionista

manter o duplicado das facturas que a Oriflame emitir.

Devem ainda manter livros próprios onde devem ser registadas:

• Todas as receitas derivadas dos serviços prestados;

• Todas as despesas gerais e as operações ligadas a bens de investimento.

O comissionista deve registar clara e discriminadamente os seguintes montantes:

• Nas receitas, o IVA liquidado à ORIFLAME;

12 • Manual do Comissionista 2011 Manual do Comissionista 2011 • 13

X -

Ou seja, multiplica-se os rendimentos provenientes da categoria B por 70% encontrando-se as-

sim o rendimento colectável. Nestes termos, presume-se, desde logo, que o comissionista tem

um custo fixo de 30%.

Supondo que o rendimento ilíquido anual do comissionista Y é de € 50.000 o seu rendimento

colectável será de € 35.000 (€ 50.000 x 70%).

3.2 - CONTABILIDADE ORGANIZADA

Estão obrigados ao regime da contabilidade organizada todos os comissionistas que aufiram

rendimentos da categoria B, superior a € 150.000.

Se os comissionistas não abrangidos obrigatoriamente pelo regime da contabilidade organizada

pretenderem optar por este, essa opção deverá ser comunicada à Direcção-Geral dos Impostos

na própria declaração de início de actividade ou através da apresentação de uma declaração

de alterações, até ao fim do mês de Março do ano em que pretendem utilizar a contabilidade

organizada.

A opção por qualquer um dos regimes (contabilidade organizada ou simplificado) é válida por

um período de 3 anos, prorrogável por iguais períodos, excepto se o comissionista comunicar

(nos termos acima referidos) que pretende alterar o regime pelo qual se encontrava abrangido.

Se o comissionista estiver no regime simplificado poderá ter que transitar para o regime da

contabilidade organizada se ocorrer uma de duas situações:

1.º Se o limite de € 150.000 relativo aos rendimentos ilíquidos for ultrapassado em 2 anos

consecutivos;

2.º Se o limite de € 150.000 for ultrapassado num só ano, em mais de 25%.

Caso se verifique uma das situações acima identificadas, a tributação pelo regime da contabili-

dade organizada, será feita no ano fiscal seguinte ao da verificação dos factos.

3.2.1 - ESPECIFICIDADES DA CONTABILIDADE ORGANIZADA

Se o comissionista ficar abrangido pelo regime da contabilidade organizada, por imposição legal

ou por opção, a determinação dos seus rendimentos seguirá as regras estabelecidas no Código

do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRC) para a determinação da matéria

tributável das pessoas colectivas e das normas específicas deste regime previstas no Código do

IRS.

Assim, e para além das limitações previstas no Código do IRC, importa referir que, para efeitos

de determinação dos rendimentos, não são dedutíveis, nomeadamente, os seguintes encargos:

• as despesas de deslocações, viagens e estadas do sujeito passivo ou de membros do seu agre-

gado familiar que com ele trabalham, na parte que exceder, no seu conjunto, 10% dos proveitos

contabilizados, sujeitos e não isentos deste imposto;

• as remunerações dos titulares dos rendimentos desta categoria, bem como as atribuídas a

membros do seu agregado familiar que lhes prestem serviços, assim como outras prestações

a título de ajudas de custo, utilização de viatura própria ao serviço da actividade, subsídios de

refeição e outras prestações remuneratórias.

Como o próprio nome indica este regime obriga a uma contabilidade detalhada nos mesmos

termos de uma sociedade.

De realçar que a opção ou o enquadramento obrigatório no regime da contabilidade or-

ganizada implica um encargo adicional para o comissionista: o pagamento dos honorários a um

técnico oficial de contas (TOC).

3.3 – PAGAMENTOS POR CONTA

Os titulares de rendimentos da categoria B (quer se enquadrem no regime simplificado quer

tenham contabilidade organizada) são obrigados a efectuar três pagamentos por conta do im-

posto devido a final, até ao dia 20 de cada um dos meses de Julho, Setembro e Dezembro.

A totalidade dos pagamentos por conta é igual a 76,5% do montante calculado com base na

seguinte fórmula:

Colecta do penúltimo ano,

líquida das deduções à colecta

Rendimento líquido positivo

do penúltimo ano da categoria B

Rendimento líquido total do

penúltimo ano

Retenções sofridas no

penúltimo ano sobre os

rendimentos da categoria B

Os pagamentos por conta são calculados com base no IRS apurado no penúltimo ano, pelo que

apenas são devidos no 3.º ano de actividade, ou seja, caso o início de actividade ocorra em 2011

apenas serão devidos pagamentos por conta em 2013.

14 • Manual do Comissionista 2011 Manual do Comissionista 2011 • 15

O valor de cada pagamento por conta é comunicado aos sujeitos passivos pela Administração

Fiscal através de Nota de Cobrança, no mês anterior ao termo do prazo para o seu pagamento,

podendo o mesmo ser efectuado nos serviços de finanças, nas estações dos CTT ou no serviço

Multibanco.

Não há obrigatoriedade de efectuar pagamentos por conta quando:

a) O montante de cada pagamento seja inferior a € 50;

b) Deixem de ser obtidos rendimentos da categoria B;

c) O total das retenções na fonte sofridas acrescidas dos pagamentos por conta que, eventual-

mente, já tinham sido pagos nesse ano, sejam iguais ou superiores ao IRS que será devido no final.

3.4 - CÁLCULO DO IMPOSTO

Ao rendimento colectável encontrado pelo método simplificado ou pela contabilidade organi-

zada será aplicada uma taxa de imposto variável consoante o valor do rendimento.

Rendimento Colectável em € Taxas Parcela a abaterAté 4.898 11,5% € 0,00

De mais de 4.898 até 7.410 14,0% € 122,45

De mais de 7.410 até 18.375 24,5% € 900,50

De mais de 18.375 até 42.259 35,5% € 2.921,75

De mais de 42.259 até 61.244 38,0% € 3.978,23

De mais de 61.244 até 66.045 41,5% € 6.121,77

De mais de 66.045 até 153.300 43,5% € 7.442,67

Superior a 153.300 46,5% € 12.041,67

Exemplos:

• No caso do comissionista ser solteiro.

Rendimento colectável: € 50.000

Taxa aplicável: 38%

Parcela a abater : € 3.978,23

IRS: 50.000 * 38,5% - 3.978,23 = € 15.021,77

• No caso de o comissionista ser casado (quociente conjugal)

Rendimento colectável: € 50.000

Divisão do rendimento por 2 para determinação da taxa: € 25.000

Taxa aplicável: 35,5%

MMMMMMMManMan

Parcela a abater : € 2.921,75

IRS: [(50.000 / 2) * 35,5% - 2.921,75] * 2 = € 11.906,50

À colecta poderão ainda ser feitas as seguintes deduções:

• 55% da retribuição mínima mensal (de 2010 - € 475,00) por sujeito passivo - independente-

mente do estado civil (€ 261,25);

• 80% da retribuição mínima mensal (de 2010 - € 475,00), por sujeito passivo, nas famílias

monoparentais (€ 380,00);

• 40% da retribuição mínima mensal (de 2010 - € 475,00), por cada dependente que não seja

sujeito passivo deste imposto (€ 190,00). A dedução será de 80% no caso de dependentes que

não ultrapassem os três anos de idade até 31 de Dezembro do ano a que respeita o imposto;

• 55% da retribuição mínima mensal (de 2010 - € 475,00), por ascendente que viva efectiva-

mente em comunhão de habitação com o sujeito passivo e não aufira rendimento superior à

pensão mínima do regime geral (€ 261,25). A dedução é de 85 % no caso de existir apenas um

ascendente;

e

• Despesas de saúde;

• Despesas de educação e formação;

• Encargos com pensões de alimentos;

• Encargos com imóveis;

• Encargos com lares;

• Dedução relativa a pessoas com deficiência.

• Dupla tributação internacional;

• Benefícios fiscais;

Todas as deduções de despesas e encargos enumeradas acima dependem da documentação

de suporte comprovativa dos mesmos, que deverá ser mantida em boa ordem, de forma a ser

exibida em caso de fiscalização por parte dos Serviços de Inspecção Tributária.

Os limites para as despesas e encargos referidos são os fixados por lei.

3.5 - RETENÇÃO NA FONTE3.5.1 - SUJEIÇÃO

Os rendimentos da categoria B, pagos a comissionista, encontram-se sujeitos a retenção na

fonte à taxa de 21,5%.

16 • Manual do Comissionista 2011 Manual do Comissionista 2011 • 17

A retenção que incide sobre os rendimentos dos comissionistas é efectuada no momento do

respectivo pagamento ou colocação à disposição do mesmo.

3.6 - DECLARAÇÃO ANUAL DE RENDIMENTOS

O comissionista deve preencher e entregar a sua declaração anual de rendimentos, relativa ao

ano anterior :

• em papel: durante o mês de Abril de cada ano;

• via internet: durante o mês de Maio de cada ano.

De notar que, caso os rendimentos da categoria B obtidos sejam superiores a € 10.000, a en-

trega da declaração deve ser, obrigatoriamente, feita por Internet.

A obrigação de entrega da declaração de rendimentos (com o respectivo anexo B) mantém-

-se pelo período em que o comissionista tiver actividade aberta, ainda que no ano em causa o

mesmo não tenha auferido rendimentos.

Se o comissionista auferir cumulativamente rendimentos da categoria A e B, são também estes

os prazos de entrega da declaração de rendimentos, uma vez que na 1ª fase apenas deverão ser

entregues as declarações dos sujeitos passivos que aufiram, apenas, rendimentos da categoria

A ou H.

Esta declaração deve incluir todos os rendimentos auferidos pelo agregado familiar durante o

ano fiscal respectivo.

4 – IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO - IVA4.1 - ISENÇÃO

São isentos de IVA os comissionistas que, não possuindo nem sendo obrigados a possuir conta-

bilidade organizada, prevejam auferir um montante anual inferior a € 10.000 na declaração de

início de actividade ou que não tenham auferido esse rendimento no ano civil anterior.

Note-se que, tendo em conta o regime de determinação dos rendimentos em sede de IRS, os

comissionistas que, não auferindo rendimentos anuais superiores a € 10.000, optem pelo regime

da contabilidade organizada, não gozam da isenção de IVA.

4.2 - SUJEIÇÃO

O comissionista apenas está sujeito a IVA se obtiver rendimento anual superior a € 10.000, ou

se, sendo dele isento, optar pela sujeição.

Se o comissionista for isento e ultrapassar o volume de negócios de € 10.000, deverá dirigir-se

ao Serviço de Finanças da área da sua residência e apresentar uma declaração de alterações, de

forma a passar ao regime de sujeição.

4.3 - DECLARAÇÃO E ENTREGA DO IVA

O valor do IVA cobrado deverá ser entregue trimestralmente ou mensalmente consoante o

comissionista tenha um volume de negócios inferior ou superior a € 650.000/ano.

Nesta declaração o comissionista deverá indicar o IVA dedutível nos termos da lei, se houver.

O suporte documental desta dedução são as facturas e documentos equivalentes passados sob

a forma legal.

Deste modo, os comissionistas que estejam no regime simplificado de tributação deverão guard-

ar os documentos que sirvam de suporte às deduções, mesmo que estes não sejam necessários

para a comprovação de custos a serem deduzidos à matéria colectável para efeitos de IRS.

A situação tipo dos comissionistas será a primeira, pelo que juntamos o quadro relativo à

periodicidade da entrega do IVA.

Iva cobrado em: Deverá ser entregue até:

Janeiro / Fevereiro / Março 15 de Maio

Abril / Maio / Junho 15 de Agosto

Julho / Agosto / Setembro 15 de Novembro

Outubro / Novembro / Dezembro 15 de Fevereiro do ano seguinte

Os comissionistas deverão, obrigatoriamente, proceder ao preenchimento e entrega do anexo

L da Declaração Anual de Informação Contabilística e Fiscal, ainda que no ano em causa não

tenham auferido qualquer rendimento. Apenas se encontram dispensados desta obrigação os

comissionistas que se encontrem abrangidos pela isenção de IVA.

18 • Manual do Comissionista 2011 Manual do Comissionista 2011 • 19

Para estes efeitos, considera-se que o “rendimento relevante” corresponde a 70% do rendi-

mento anual bruto do trabalhador independente.

6.2. Sou estudante e estou a receber uma bolsa de estudo. O facto de receber rendimentos

da minha actividade como comissionista poderá ter algum impacto na bolsa em causa?

As bolsas pagas aos estudantes visam assegurar um nível adequado de financiamento mínimo,

particularmente para aqueles que têm necessidades económicas, sendo que, para efeitos de

atribuição das mesmas, é tido em consideração o rendimento mensal do agregado familiar.

Nesse sentido, o impacto da actividade como comissionista no recebimento da bolsa de estudo

dependerá do nível de rendimentos de todo o agregado familiar.

6.3. Posso acumular a minha actividade como comissionista com o benefi cio da pensão de

velhice?

Sim. Regra geral, o exercício de trabalho independente e o benefício de pensões são cumulativos.

5 - OBRIGAÇÕES FISCAIS DO COMISSIONISTA/ORIFLAME

O comissionista deve emitir recibo relativamente a todas as comissões recebidas.

Sobre estas comissões deverá a ORIFLAME proceder à retenção na fonte e esta retenção de-

verá estar evidenciada no recibo a ser passado.

O comissionista deverá informar a ORIFLAME do seu regime perante o IVA, mediante o envio

de uma cópia da declaração de início ou de alteração da actividade, em que esse facto conste.

Se o comissionista for sujeito passivo de IVA deverá incluir no recibo emitido à ORIFLAME o

valor do imposto incidente sobre as comissões, à taxa de 23%.

A ORIFLAME deverá entregar ao comissionista o valor do IVA incidente sobre as comissões.

O comissionista tem a obrigação legal de entregar ao Estado, por meio da respectiva declaração

periódica, o IVA recebido, deduzido, se for o caso, do IVA pago na aquisição de determinados

bens ou serviços necessários à sua actividade.

Se o comissionista for isento de IVA deverá indicar esse facto no respectivo recibo.

A ORIFLAME não deverá disponibilizar as comissões a que o comissionista tenha direito sem

que este lhe entregue o respectivo recibo.

6 – FAQ’S

6.1. O facto de receber rendimentos da Orifl ame, enquanto trabalhador independente

poderá determinar o cancelamento do subsídio de desemprego?

O pagamento do subsídio de desemprego será cancelado pela Segurança Social caso inicie uma

actividade como profissional independente, como seja a de comissionista da Oriflame.

Não obstante o acima referido, poderá ter direito a um subsídio de desemprego parcial, desde

que o “rendimento relevante” recebido como trabalhador independente seja inferior ao subsí-

dio de desemprego anual.