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Versão Preliminar Investigação INSEAD 1 Manual de Utilização da Ferramenta de Competitividade para Inovações Sociais (versão preliminar) Filipe Santos Carlos Azevedo Este projeto foi desenvolvido por uma equipa de investigação do INSEAD e está inserido no projeto MIES – Mapa de Inovação e Empreendedorismo Social – cofinanciado pelo Compete/QREN e pelas Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação EDP A ferramenta de competitividade pode ser preenchida online e o manual de apoio à implementação pode ser descarregado em http://www.mies.pt Versão: Janeiro de 2015

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

  1  

             

 Manual  de  Utilização  da  Ferramenta  de  Competitividade  para  Inovações  Sociais  

(versão  preliminar)    

Filipe  Santos  Carlos  Azevedo  

 Este  projeto  foi  desenvolvido  por  uma  equipa  de  investigação  do  INSEAD  e  está  inserido  no  projeto  MIES  –  Mapa  de  Inovação  e  Empreendedorismo  Social  –  co-­‐financiado  pelo  Compete/QREN  e  pelas  Fundação  Calouste  Gulbenkian  e  Fundação  EDP  

 A  ferramenta  de  competitividade  pode  ser  preenchida  online  e  o  manual  de  apoio  à  implementação  pode  ser  descarregado  em  http://www.mies.pt  

 Versão:  Janeiro  de  2015    

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

  2  

 

Nota  Introdutória    

Este   manual   explica   como   realizar   a   avaliação   da   competitividade   de   uma   iniciativa   de   empreendedorismo   social   através   da   aplicação   de   uma   ferramenta   de  

competitividade   com   30   perguntas.   Esta   ferramenta   foi   construída   a   partir   de   um  modelo   conceptual   com   três   dimensões   chave:   problema,   solução   e   potencial   de  

transformação  da  sociedade,  o  qual  relaciona  a  competitividade  do  empreendedorismo  social  com  o  seu  potencial  de  criação  de  valor  para  a  sociedade,  distinguindo-­‐o  

assim  da  noção  de  competitividade  mais  tradicional,  ligada  ao  potencial  de  geração  de  lucro.  

 

Este  manual  começa  por  explicar  a  importância  de  pensar  a  competitividade  de  forma  diferente,  explicita  o  modelo  conceptual  usado  e  explica,  passo  a  passo,  como  usar  a  

ferramenta  e  responder  às  30  perguntas  que  são  colocadas,  bem  como  a  melhor  forma  de  interpretar  os  resultados  e  implementar  um  processo  de  melhoria  constante  no  

desenho  e  gestão  de  uma  iniciativa  de  empreendedorismo  social.  Esta  ferramenta  não  procura  medir  o  impacto  de  uma  iniciativa  ex-­‐post,  mas  sim  aferir  do  seu  potencial  

de  impacto  ex-­‐ante.  Pode  ser  utilizada  como  mecanismo  de  apoio  ao  processo  de  desenho  do  modelo  de  intervenção,  ao  processo  de  investimento  social,  ou  ao  processo  

de  acompanhamento  de  iniciativas.    

 

Agradecemos   a   oportunidade   de   desenvolver   este   projeto   no   âmbito   do  MIES   –  Mapa   de   Inovação   e   Empreendedorismo   Social   assim   como   todos   os   comentários   e  

sugestões  de  dezenas  de  empreendedores  sociais,  no  desenho  e  afinação  desta  ferramenta.    

 

Pela  equipa  de  investigação  do  INSEAD,  

Filipe  Santos  e  Carlos  Azevedo  

   

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

  3  

Índice    

Nota  Introdutória  ...................................................................................................................................................................................................................................................  2  

1.1.  A  Importância  de  Re-­‐pensar  e  Re-­‐definir  a  noção  de  Competitividade  .................................................................................................................................  4  

1.2.  As  três  dimensões  da  criação  de  valor  para  a  Sociedade  .............................................................................................................................................................  6  

2.  Avaliação  do  potencial  de  competitividade  em  Iniciativas  de  Empreendedorismo  Social  ...............................................................................................  9  

2.1.  A  ferramenta  de  Avaliação  da  Competitividade  em  Iniciativas  de  Empreendedorismo  Social:  o  que  é  e  como  funciona?  .........................  11  

2.2.  Problema  ........................................................................................................................................................................................................................................................  14  

2.3.  Solução  ............................................................................................................................................................................................................................................................  24  

2.4.  Transformação  da  Sociedade  ................................................................................................................................................................................................................  33  

Conclusão  ...............................................................................................................................................................................................................................................................  47    

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1.1.  A  Importância  de  Re-­‐pensar  e  Re-­‐definir  a  noção  de  Competitividade      

A   competitividade   empresarial   é   dos   principais   objetivos   dos   agentes   económicos   e   públicos.   O   conceito   de   competitividade   está,   tradicionalmente,   associado   aos  

comportamentos   dos   vários   agentes   que   concorrem   num   determinado   mercado.   Neste   contexto,   uma   iniciativa   de   empreendedorismo   comercial   será   tanto   mais  

competitiva  quanto  maior  for  a  sua  capacidade  de  dominar  o  mercado  onde  está  a  concorrer  na  medida  em  que  este  comportamento  garantirá,  potencialmente,  maior  

lucro.  De  acordo  com  Michael  Porter,  um  dos  mais  reputados  autores  neste  domínio,   isto   implica  que  uma   iniciativa  com  esta  natureza  seja  capaz  de  fidelizar  os   seus  

clientes  (tornando-­‐os  dependentes  do  que  oferece),  erguer  barreiras  à  entrada  de  novos  concorrentes  (para  que  possa  ter  maior  domínio  sobre  o  mercado  onde  está  a  

operar),  controlar  os  seus  fornecedores,  evitar  a  existência  de  produtos  ou  serviços  substitutos  e,  finalmente,  combater  os  seus  concorrentes.    

Uma   iniciativa  de  Empreendedorismo  Comercial   será  assim  tanto  mais  competitiva  quanto  maior   for  a   sua  capacidade  de  controlar  e   influenciar   todas  as  dimensões  e  

agentes  do  mercado  onde  está  inserido.    

Adicionalmente,   assume-­‐se   que   os   clientes   podem   pagar   pelos   produtos   e   que   têm   a   informação   necessária   para   tomarem   a  melhor   decisão,   levando   a   questão   da  

competitividade  para  o   campo  da  escolha  dos   consumidores  dado  o   valor   (benefícios  diretos)   percepcionado  pelos   clientes.   Isto  determina,   por   exemplo,   a   estratégia  

comercial  de  produto  e  de  marketing.    

 

Este  racional  não  se  pode  aplicar  da  mesma  forma    às  iniciativas  de  Empreendedorismo  Social.  Isto  acontece  como  consequência  da  sua  motivação    -­‐  foco  na  criação  de  

valor  agregado  para  a  sociedade  e  não  na  captura  de  valor  através  da  apropriação  de  lucros  -­‐  e  também,  muitas  vezes,  devido  à  impossibilidade  ou  indisponibilidade  de  

pagar  do  segmento-­‐alvo  -­‐  isto  é,  muitas  vezes  os  clientes  têm  vontade  mas  não  têm  capacidade  para  pagar  por  produtos  e/ou  serviços  que  lhes  são  essenciais  e/ou  não  

percepcionam  a  maioria  dos  benefícios  gerados  (spillovers  -­‐  benefícios  indiretos  ou  de  longo-­‐prazo  para  a  sociedade)  pela  solução  desenhada  pelo  Empreendedor  Social.  

Isto   significa   que,   ao   contrário   do   empreendedorismo   comercial   que   não   contabiliza   de   forma   sistemática   os   spillovers   gerados,   os   empreendedores   sociais   não   só  

valorizam  os  spillovers  gerados  como  tentam  potenciar  o  seu  impacto  positivo  através  do  re-­‐desenho  das  suas  iniciativas.    

O  conceito  tradicional  de  competitividade  não  reflete  assim  a  especificidade  das  iniciativas  de  empreendedorismo  social.  Este  tipo  de  iniciativas  têm  como  foco  principal  a  

criação  de  valor  para  a  sociedade  através  da  resolução  problemas  na  medida  em  que  o  seu  desenvolvimento  tem  potencial  de  geração  de  spillovers  positivos  capazes  de  a  

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

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transformar.   Assim,   a   noção   de   competitividade   tradicional   é   inconsistente   com   a   natureza   das   iniciativas   e   a  motivação   do   Empreendedor   Social   o   que   obriga   à   sua  

redefinição.    

 

 

Iniciativa   Foco   Competitividade  

Iniciativa  de  

Empreendedorismo  

Comercial  

Apropriação  do  lucro   Capacidade  de  exercer  poder  de  mercado  e,  por  essa  via,  aumentar  o  potencial  de  apropriação  de  lucro  

Iniciativa  de  

Empreendedorismo  

Social  

Criação  de  valor  para  a  

sociedade  

Capacidade  de  resolução  de  um  problema  da  sociedade  com  soluções  escaláveis  que  gerem  spillovers  que  sejam  

sustentáveis  no  tempo    

   

 

 

 

 

   

Competitividade  em  Iniciativas  de  Empreendedorismo  Social  

A  competitividade  de  um  Iniciativa  de  Empreendedorismo  Social  é  determinada  pelo  seu  potencial  de  criação  de  valor  para  a  sociedade,  

isto  é,  capacidade  de  resolução  de  um  problema  da  sociedade  cuja  solução  produza  spillovers,  isto  é,  impacto  social!  

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

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1.2.  As  três  dimensões  da  criação  de  valor  para  a  Sociedade    

Uma  Iniciativa  de  Empreendedorismo  Social  será  mais  competitiva  se:  

Em  primeiro   lugar,  pela  natureza  da  motivação  e  das  oportunidades   identificadas.  O  Empreendedor  Social   identifica  problemas   importantes,  ou  seja,  abrangentes  no  

segmento-­‐alvo  que  atingem  e  graves  nas   suas   consequências   (capazes  de   incapacitar  na  ação  e/ou  na  participação),   e  negligenciados   por  não   serem  alvo  de   soluções  

eficazes   e/ou  eficientes  por  parte  de   iniciativas  públicas   e/ou   comerciais.   Isto   significa  que  quanto  menos  negligenciado  e/ou   importante   for   o  problema   identificado,  

menor  será  o  potencial  de  criação  de  valor  da  iniciativa  que  possa  vir  a  ser  criada  para  a  sua  resolução.  

Em   segundo   lugar,   pelas  características   da   solução   desenhada.  A   solução   constante  de  uma   Iniciativa  de  Empreendedorismo  Social   deve  gerar   impacto   resultante  de  

efeitos  diretos  (percepcionados  pelo  segmento-­‐alvo  no  ato  da  entrega  e/ou  consumo  do  produto  ou  serviço)  e  dos  efeitos  indiretos  ou  spillovers  produzidos  e  que,  muitas  

vezes,  não  são  percepcionados  pelos  stakeholders-­‐chave  (incluindo  o  segmento-­‐alvo)  ou  mesmo  sendo  percepcionados  pelo  segmento-­‐alvo,  este  não  tem  capacidade  para  

pagar  pelo  produto  ou  serviço  que  lhe  é  oferecido.  Isto  depende,  naturalmente,  do  nível  de  envolvimento  e  capacitação  que  é  promovido  pela  solução.  Adicionalmente,  

uma  solução  geradora  de  valor  para  a  sociedade  deve  ser  sustentável,   isto  é,  capaz  de  gerar  o  capital   físico  e  de  trabalho  necessário  para  o  desenvolvimento  das  suas  

atividades  de  uma  forma  continuada  até  à  resolução  sistemática  do  problema  identificado.  Na  prática,  significa  que  uma  solução  sem  potencial  para  gerar  impacto  ou  de  

ser  sustentável  tem  reduzido  potencial  de  criação  de  valor  e,  consequentemente,  é  menos  competitiva.  

Finalmente,  da  interação  entre  o  problema  e  a  solução  pode  resultar  uma  capacidade  intrínseca  de  uma  iniciativa  de  Empreendedorismo  Social  exponenciar  o  potencial  de  

criação  de  valor  para  a  sociedade  (dado  o  seu  potencial  de  transformação  da  sociedade,  designadamente  através  da  incorporação  da  solução  no  sistema  e  na  sociedade  e  

respetivas  instituições,  crenças,  valores,  comportamentos,  etc.),  ou  seja,  o  seu  potencial  de  institucionalização  –  capacidade  de  uma  iniciativa  gerar  alterações  estruturais  

e   institucionais  no  sistema  –  e  o   seu  potencial  de  escalabilidade   –   capacidade  de  uma   iniciativa  crescer   territorialmente  e  em  abrangência.  Deste  ponto  de  vista,  uma  

iniciativa  será  mais  competitiva  se  o  respetivo  potencial  de  Transformação  da  Sociedade  for  elevado.  

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

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 Fonte:  Santos  e  Azevedo  (2014)  

Figura  1:  Modelo  de  competitividade  para  Iniciativas  de  Empreendedorismo  Social  

 

O  modelo  de  competitividade  para  iniciativas  de  Empreendedorismo  Social  proposto  permite  aferir  o  respetivo  potencial  de  criação  de  valor  para  a  sociedade.  O  modelo  

obedece   a   uma   lógica   simples,   intuitiva   e   que   posiciona   facilmente   qualquer   iniciativa   em   função   do   seu   potencial   de   competitividade   conforme   foi   definida  

anteriormente.  Nesta  perspetiva,  o  potencial  de  criação  de  valor  para  a  sociedade  de  uma  determinada   iniciativa  dependerá  da  negligência  e   importância  do  problema  

identificado   (oportunidade   para   o   Empreendedor   Social);   do   potencial   de   impacto   e   de   sustentabilidade   económica   da   solução;   e   do   potencial   de   transformação   da  

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sociedade  resultante  do  seu  potencial  de  escalabilidade  (crescimento  da  solução  até  à  resolução  problema  identificado)  e  de  institucionalização  (absorção  da  solução  pelo  

sistema  até  se  tornar  parte  integrante  dos  sistemas  da  sociedade).  

 

 

 

 

   O  que  não  deve  ser  esquecido!  

Uma  iniciativa  de  Empreendedorismo  Social  competitiva  deve...    ...   procurar   combater   um   problema   negligenciado   e   importante   (oportunidade   para   o   Empreendedor  

Social)  através  de  uma  solução  com  impacto  e  sustentável  do  ponto  de  vista  económico  com  potencial  

de   transformação  da   sociedade   resultante  do   seu  potencial  de  escalabilidade   (crescimento  da   solução  

até  à  resolução  problema  identificado)  e  de  institucionalização  (absorção  da  solução  pelo  sistema  até  se  

tornar  parte  integrante  dos  sistemas  da  sociedade).  

 

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

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O  nível  de  competitividade  de  uma  iniciativa  de  Empreendedorismo  Social  é  ditado  pelo  potencial  de  criação  sistémica  de  valor  para  a  sociedade  e  não  pelo  potencial  

de  apropriação  de  lucro.  Sublinhe-­‐se,  finalmente,  que  uma  Iniciativa  de  Empreendedorismo  Social  será  tanto  mais  competitiva  em  áreas  onde  o  potencial  de  apropriação  

do  lucro  é  baixo  mas  o  potencial  de  criação  de  valor  para  a  sociedade  é  alto.  

O  Coloradd  –  código  de  identificação  de  cores  para  daltónicos  –  é  um  exemplo  de  uma  iniciativa  de  empreendedorismo  social  com  elevado  potencial  de  criação  de  valor  de  

acordo  com  as  dimensões  identificadas  no  modelo  proposto  e  apresentado  nos  capítulos  anteriores  (ver  caixa).  

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Coloradd  –  Um  caso  de  sucesso  

 

Existem,  no  mundo,  350  milhões  de  daltónicos  cujo  grau  de  daltonismo  é  diferente  com  consequências  distintas  nas  respetivas  vidas.  No  caso  mais  grave,  os  daltónicos  

podem  sofrer  de  bullying  na  escola,  ter  dificuldade  em  escolher  roupa  autonomamente  e,  inclusivamente,  decidir  mal  em  função  da  informação  que  lhes  é  veiculada  

pela  cor.  O  problema  da  acessibilidade  pela  cor  é  particularmente  importante  e  negligenciado.  A  sociedade  não  está  suficientemente  sensibilizada  para  o  problema,  o  

mercado  não  criou  nenhuma  solução   inclusiva  e  os  governos  ainda  não  se   comprometeram  com  a  sua  resolução.  Adicionalmente,  existem  milhões  de  pessoas   cujo  

acesso  à  educação  e  a  oportunidades  de  emprego  pode  estar  comprometido  e  que  estão  expostas  a  riscos  sociais  consideráveis.  

O  Coloradd  é  um  sistema  de   identificação  de  cores  criado  por  um  empreendedor  social  cujo  principal  objetivo  é  garantir  que  a  cor  se  torna  acessível  para  todos.  O  

desenvolvimento  deste  código  demorou  8  anos  e   incluiu  entrevistas  a  pessoas  daltónicas,   familiares,  peritos  na  área  e  outros   interessados.  O  processo  foi,   em  sim  

mesmo,  inclusivo  e  demonstrou  a  motivação  do  empreendedor:  transformar  a  sociedade  garantindo  que  a  solução  resolvia  o  problema  da  inacessibilidade  pela  cor.    

Hoje   em   dia,   a   solução   gera   impacto   –   os   spillovers   gerados   pela   solução   na   resolução   do   problema   identificado   permitem,   por   exemplo,   a   redução   dos   efeitos  

perversos   mas   também   garantem   oportunidades   às   pessoas   afetadas   permitindo,   paralelamente,   vantagens   competitivas   às   organizações   que   a   adoptem   –   e   é  

sustentável  –  na  medida  em  que  a  adopção  do  código  depende  do  seu  licenciamento  às  entidades  que  o  pretenderem  utilizar  na  identificação  das  cores.  

Finalmente,  esta  iniciativa  é  facilmente  escalável  –  o  código  é  universal  porque  identifica  as  cores  independentemente  do  contexto  e/ou  do  idioma  –  e  tem  potencial  de  

institucionalização  porque  é  eficiente  e  eficaz  na  resolução  do  problema  identificado,  tem  economias  de  escala  crescentes  e  é  facilmente  integrado  nos  vários  sistemas  

da  sociedade  (ex.  existem  empresas  que  licenciaram  os  seus  produtos,  conglomerados  de  entidades  públicas  que  licenciaram  os  seus  serviços  e,  inclusivamente,  houve  

provas  de  admissão  ao  ensino  superior  que  adoptaram  o  código).  

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2.  Avaliação  do  potencial  de  competitividade  em  Iniciativas  de  Empreendedorismo  Social    

2.1.  A  ferramenta  de  Avaliação  da  Competitividade  em  Iniciativas  de  Empreendedorismo  Social:  o  que  é  e  como  funciona?    

O  modelo   proposto   deu   origem   a   uma   ferramenta   de   avaliação   da   competitividade   de   iniciativas   de   Empreendedorismo   Social   que,   de   uma   forma   simples   e   prática,  

permitirá  a  vários  agentes  aferir  o  seu  potencial  de  criação  de  valor  ex-­‐ante.  O  objetivo  desta   ferramenta  é  promover  a  melhoria  da  competitividade  das   iniciativas  de  

Empreendedorismo   Social,   garantindo   o   diagnóstico   e   avaliação   da   competitividade   de   cada   iniciativa   que   criem   as   bases   para   um   conjunto   de   recomendações   que  

permitam  melhorar  o  modelo  de  negócios  e  a  sua  organização  de  forma  a  aumentar  a  sua  competitividade  enquanto  potencial  de  criação  de  valor  para  a  sociedade.  

 

Importa   sublinhar   que   o   seu   foco   é   o  potencial   de   criação   de   valor   e   não   a   criação   de   valor   propriamente   dita.   O   Empreendedor   Social,   num   primeiro  momento,  

percepciona  o  potencial  de  criação  de  valor  para  a  sociedade  (a  oportunidade)  e  só  torna  a  possível  a  sua  medição  ex-­‐post  (após  a  execução  das  atividades  previstas  no  

modelo  de  negócio).  Esta  ferramenta  não  deve  ser  considerada  para  efeitos  de  medição  de  impacto.  Esta  ferramenta  permite  perceber  qual  é  o  potencial  de  uma  iniciativa  

de  empreendedorismo  social  estando  garantidas  todas  as  condições  necessárias  para  o  seu  sucesso  (ex.  perfil  do  empreendedor  e  respetivas  competências).  

Ferramenta  de  avaliação  da  competitividade  para  Iniciativas  de  Empreendedorismo  Social  

 

A  ferramenta  de  Avaliação  da  Competitividade  em  Iniciativas  de  Empreendedorismo  Social  é  um  instrumento  de  avaliação  do  potencial  

de  criação  de  valor  para  a  sociedade  por  uma  iniciativa  de  Empreendedorismo  Social.    

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Adicionalmente,   esta   ferramenta   foca-­‐se  nas   várias  dimensões  e   critérios  essenciais   e   capazes  de   influenciar  o  potencial   de   criação  de   valor  para  a   sociedade  de  uma  

iniciativa  de  Empreendedorismo  Social  e  não  de  uma  organização  por  três  razões  distintas:  (1)  o  âmbito  de  uma  organização  pode  ser  heterogéneo   (tentar  combater  

vários   problemas   simultaneamente  pode   resultar   numa   reduzida   criação  de   valor);   (2)   o   foco   é   a   gestão   de   uma   iniciativa   o   que   exige   instrumentos   e   competências  

diferentes  da  gestão  de  uma  organização;  (3)  enquanto  que  no  sector  comercial  o  foco  é  a  empresa  pois  é  a  entidade  legal  que  se  apropria  dos  lucros,  no  caso  concreto  do  

Empreendedorismo  Social  o  foco  não  deve  ser  a  empresa  social  mas  a  solução  criada  pelo  Empreendedorismo  Social,  pois  o  valor  criado  para  a  sociedade  está  ligado  à  

solução  que  foi  desenvolvida,  sendo  a  sua  forma  jurídica  apenas  o  veículo  para  orquestrar  essa  solução.  

Esta  ferramenta  permitirá  perceber  se,  a  partir  do  problema  da  sociedade  identificado  e  a  solução  desenhada  pelo  Empreendedor  Social,  existe  potencial  de  criação  de  

valor  tornando  a  iniciativa,  por  essa  via,  mais  competitiva.  Para  o  efeito,  a  ferramenta  consiste  num  questionário  aprofundado  sobre  a  iniciativa  de  Empreendedorismo  

Social  e  está  estruturada  por  dimensões  de  criação  de  valor  que,  por  sua  vez,  estão  subdivididas  em  indutores  de  competitividade.  Adicionalmente,  propõe  um  exercício  

de  avaliação  e  conhecimento  sobre  a  iniciativa  que  leva  a  pontuações  por  dimensão  e  a  um  posicionamento  global  que  afere  o  seu  potencial  de  criação  de  valor  para  a  

sociedade.  Estes  resultado  permitem  aos  Empreendedores  Sociais  e  aos  seus  Stakeholders  a  tomada  de  decisões  informadas  como,  por  exemplo,  se  existe  espaço  ou  não  

para   que   a   iniciativa   em   causa   comece   a   operar   e   em   que   condições,   qual   o   caminho   crítico   para   a   melhoria   da   competitividade,   qual   a   sua   posição   relativa   por  

comparação  com  outras  iniciativas  de  Empreendedorismo  Social,  etc.  

Uma  iniciativa  distingue-­‐se  de  uma  organização  pelo  grau  de  complexidade,  pelos  sistemas  que  comporta  e  pelo  escopo  que  tem.  Em  muitos  casos,  as  organizações  são  compostas  por  diversas  iniciativas.  Noutros  as  iniciativas  são  a  organização  em  si  

mesmo.  

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

  13  

Finalmente,   importa   sublinhar  que   esta   ferramenta   será   tanto  mais   útil   quanto  mais   rigorosa,   objetiva   e   imparcial   for   a   informação   utilizada.   Para  o   efeito,   é  muito  

importante  que  o  utilizador  justifique  adequadamente  as  respostas  dadas  apresentando,  sempre  que  possível,  os  dados  e  as  fontes  de  recolha  da  informação,  justificações  

bem  estruturadas  e  argumentos  bem  sustentados.  

Apresentaremos  de  seguida  e  detalhadamente  a  ferramenta  por  dimensão  e  com  ilustrações  para  que  a  sua  utilização  se  torne  mais  fácil  e  direta.  

   

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  14  

2.2.  Problema    

O  Empreendedor  Social  tem  como  principal  objetivo,  como  de  resto  foi  discutido  anteriormente,  criar  valor  para  a  sociedade.  Para  o  efeito,  a  oportunidade  que  identifica  

para  ter  impacto  positivo  é  um  problema  da  sociedade.  Este  problema  deve  ter  as  seguintes  características:  

Importante,  ou  seja,  é  abrangente  territorialmente  e  no  seu  segmento-­‐alvo,  as  suas  consequências  são  graves  (irreversíveis  e  incapacitantes)  e  os  respetivos  custos  de  não  

resolução  são  elevados  para  a  sociedade;    

Negligenciados,  ou  seja,  não  está  a  ser  resolvido,  ou  está  a  ser  resolvido  lentamente,  de  forma  pouco  eficaz  e/ou  eficiente,  por  nenhum  outro  agente  da  sociedade.  Isto  

acontece  porque  o  problema  não  tem  visibilidade  e,  consequentemente,  a  sociedade  em  geral  não  o  deteta  (ex.  afeta  um  grupo  muito  específico  e  com  pouca  expressão  

como,  por  exemplo,  os  daltónicos),  os  governos  não  sentem  ter  o  mandato  para  a  sua  resolução   (Ex.   teoria   do   votante  mediano)  e  o  mercado   ignora  a  oportunidade  

devido  ao  baixo  potencial  de  apropriação  de  lucro.  

Finalmente,  quanto  mais  importante  e  negligenciado  for  o  problema  da  sociedade  identificado  pelo  Empreendedor  Social  maior  será  o  seu  potencial  de  criação  de  valor.  

Este  exercício  validará,  por  exemplo,  a  entrada  ou  não  de  um  determinado  empreendedor  social  num  mercado  específico.  Isto  só  deve  acontecer  se  o  terreno  for  fértil,  isto  

é,  o  problema  –  a  oportunidade  –  estiver  negligenciado  e  for  importante.  

Para   que   este   potencial   seja  maximizado   é   essencial   um   estudo   profundo   sobre   o   problema   central.   Este   exercício   é   fundamental   antes   da   solução   ser  montada   ou  

aperfeiçoada   já   que  permite   identificar   qual   o  melhor   ângulo   de   intervenção   sobre   o   problema  e   porque   é   que  outras   soluções   falham   (por   falta   de   eficácia   e/ou  de  

eficiência).  A  ferramenta  de  avaliação  da  competitividade  propõe  um  conjunto  de  passos  que  permitem  avaliar  o  potencial  de  criação  de  valor  da  iniciativa  em  função  do  

problema  central  identificado.  

 

 

 

 

 

A  teoria  do  votante  mediano  permite  demonstrar  que  os  governos  tipicamente  afetam  os  recursos  públicos  de  acordo  com  a  vontade  de  

quem  decide  nos  diferentes  ciclos  políticos  (o  votante  mediano)  ignorando  as  franjas  populacionais.  

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

  15  

1º  passo  –  Preenchimento  da  árvore  de  problemas  

A   árvore   de   problemas   permite   identificar   e   estabelecer   as   várias   relações   causa-­‐efeito   relacionadas   com   o   problema   central   que   o   Empreendedor   Social   pretende  

resolver.  Este  exercício  é  particularmente  importante  na  medida  em  que  o  Empreendedor  Social  (1)  deve  procurar  atacar  as  causas  do  problema  e  não  os  seus  efeitos;  (2)  

deve  estruturar  e/ou  perceber  que  informação  adicional  está  em  falta  para  a  construção  de  uma  solução  eficaz;  (3)  deve  identificar  o  segmento-­‐alvo  certo  (ver  exemplo  

abaixo).  

                                               Figura  –  Árvore  de  problemas  da  Escolinha  de  Rugby  da  Galiza  Fonte  –  Entrevista  Maria  Gaivão  –  Escolinha  de  Rugby  da  Galiza    

Ver  Manual  para  Transformar  o  Mundo  Santos  et  al  (2013)  

Falta  de  sentido  de  pertença  a  uma  comunidade  e/ou  a  um  grupo  

Falta  de  competências  sociais  e  de  valores  

Contexto  familiar  desestruturado  

Inexistência  de  boas  referências  

Inexistência  de  um  projeto  de  vida  dos  jovens  

Insucesso  Escolar  Desocupação  dos  

jovens  

Exclusão  Social  

Ciclo  de  dependência  Situação  económica  

débil  

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  16  

2º  passo  –  Avaliação  da  importância  do  problema  

Depois   do  preenchimento  da   árvore  de  problemas,   torna-­‐se  mais   fácil   avaliar   a   importância  do  problema  para  o   segmento-­‐alvo.  De   acordo   com  a  definição   assumida  

anteriormente,  a  importância  deve  ser  avaliada  em  função  da  sua  abrangência,  gravidade  e  dos  respetivos  custos  para  a  sociedade.  A  ferramenta  propõe  um  conjunto  de  

questões   cujas   respostas   permitem   a   avaliação   desta   dimensão.   Seguidamente   apresentar-­‐se-­‐á   o   questionário   e   os   critérios   decorrentes   do   modelo   proposto   com  

exemplos  de  respostas  baseados  no  caso  Dialogue  in  the  Dark  (ver  caixa).  

 

 

 

 

O  problema  identificado  pela  iniciativa  Dialogue  in  the  Dark  

 

Existem  no  mundo,  atualmente,  1000  milhões  de  pessoas  com  algum  tipo  de  deficiência.  Deste  universo  285  milhões  têm  problemas  de  visão  das  quais  39  milhões  são  

cegas.  Todavia  não  é  a  deficiência,  por  si  só,  que  gera  os  maiores  problemas.  O  facto  deste  problema  afetar  uma  minoria  negligenciada  pela  sociedade  leva  a  um  menor  

contacto  com  estes  indivíduos,  gerando  imagens  negativas  e  estereótipos  que  lhes  afetam  dramaticamente  a  vida.  Finalmente,  esta  miríade  de  fatores  origina  atitudes  

e  barreiras  que  condicionam  a  sua  participação  na  sociedade,  assim  como    a  realização  de  todo  o  seu  potencial.  

Esta   é   a   razão   pela   qual   a   sua   inclusão   interessa   não   só   aos   indivíduos   afetados  mas   à   sociedade   como   um   todo.   A   sua   exclusão   social   pode   levar   a   uma  menor  

participação  social  que,  por  sua  vez  e  na  maioria  dos  casos,  se  reflete  em  baixos  rendimentos,  reduzido  acesso  a  oportunidades  de  emprego  e  a  bens  e/ou  serviços,  

assim  como  a  uma  participação  extremamente  reduzida  nos  processos  de  tomada  de  decisão  aos  níveis  local  e  nacional.  

 

In  Dialogue  in  the  Dark  Results  2013  

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  17  

a)  Abrangência  do  problema  tem  que  ver  com  a  relevância  nacional,  regional,  nacional  ou  global  do  problema  identificado.  Quanto  maior  for  a  abrangência  territorial  e  

quanto  maior  for  a  proporção  da  população  afetada  pelo  problema,  maior  será  a  oportunidade  gerada  para  o  Empreendedor  Social  criar  valor  para  a  sociedade.  No  caso,  

Dialogue  in  the  Dark,  a  oportunidade  detetada  pelo  Empreendedor  Social  é  abrangente  do  ponto  de  vista  territorial  e  populacional  o  que  faz  do  problema  identificado  um  

terreno  fértil  para  a  criação  de  valor.  

1.1.  Qual  a  abrangência  territorial  do  problema  central?  

                             1.2.  No  contexto  da  abrangência  territorial  identificada  na  pergunta  anterior,  qual  é  a  percentagem  da  respetiva  população  total  afetada  pelo  problema  central  (ou  seja,  pelos  efeitos  que  este  provoca?  

     

 

1  

2  

3  

4  

Local  (ex.  uma  cidade,  uma  região,  etc.)  

Nacional  (ex.  um  país)  

Transnacional  (ex.  afeta  mais  do  que  um  país  -­‐  um  continente  -­‐  mas  não  é  global)  

Global  (ex.  um  problema  com  escala  mundial)  

Problema:  DIALOGUE  IN  THE  DARK    A  deficiência  visual  em  geral  e  a  cegueira  em  particular  atingem  e  afetam  a  totalidade  dos  países  do  Mundo.  

O  problema  é  global  porque  não  é  confinado  a  um  território  específico.  

 

   

%  

Problema:  Deficiência  visual    A  deficiência  visual  afeta  2%  da  população  mundial.  É  um  problema  da  sociedade  que  condiciona  a  vida  de  milhões  de  pessoas.  Fonte:  OMS  

2%  da  população  mundial  é  afetada  por  este  problema.  

Atenção!  Utilizar,  sempre  que  possível,  fontes  e  justificações.  

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  18  

b)  A  Gravidade  de  um  problema  está  relacionada  com  as  suas  consequências  e  até  que  ponto  estas  são  nefastas  para  o  segmento-­‐alvo.  Este  critério  permite  avaliar  qual  a  

gravidade  média  dos  efeitos  gerados  pelo  problema  identificado  no  segmento-­‐alvo.  Quanto  mais  grave  for  a  consequência  média  maior  será  a  oportunidade  gerada  para  o  

Empreendedor   Social   e,   consequentemente,   o   seu   potencial   de   criação   de   valor   para   a   sociedade.   Para   o   efeito,   adoptou-­‐se   uma   noção   de   gravidade   (ver   caixa)   das  

consequências  que  permite  a  respetiva  comparabilidade.  Mais  uma  vez,  no  caso  Dialogue  in  the  Dark  é  possível  aferir  a  gravidade  e  que  decorre  da  condição  do  próprio  

segmento-­‐alvo.    

 

1.3.  Qual  é,  em  média,  o  nível  de  gravidade  dos  efeitos  identificados  para  o  segmento-­‐alvo?                                  1.4.  Qual  é  a  percentagem  do  segmento-­‐alvo  afetado  pelo  problema  central  que,  efetivamente,  irá  sentir  os  efeitos  muito  graves  (incapacidade/exclusão  profunda  e  dificilmente  reversível)?  

 

 

1  

2  

3  

4  

Geram  incapacidade  profunda  mas  passível  de  mudança  

Geram  incapacidade  pouco  profunda  e  passível  de  mudança  

Geram  incapacidade  profunda  e  menos  passível  de  mudança  

Geram  incapacidade  pouco  profunda  mas  menos  passível  de  mudança  

 

   

%  

Gravidade,  neste  contexto,  está  relacionada  com  a  incapacidade  e  a  irreversibilidade  dos  efeitos  gerados  pelo  problema  central  identificado.  Incapacidade  significa  limitação  de  atividade  e/ou  restrição  de  participação  (CIF  –  Classificação  Internacional  de  Funcionalidade)  

Problema:  Deficiência  visual    A  deficiência  visual  é  uma  situação,  na  maioria  dos  casos,  irreversível  que  gera  incapacidade  que  pode  condicionar  a  vida  de  uma  pessoa  com  este  tipo  de  problema.  Adicionalmente,  a  maioria  das  pessoas  com  deficiência  visual  sofrem  de  estigma  o  que  leva  à  diminuição  do  acesso  a  determinadas  oportunidades.  

Problema  específico:  Cegueira    A  deficiência  visual  atinge  285  milhões  de  pessoas  das  quais  39  milhões  são  cegas.  Isto  significa  que  13,7%  sofrem  com  os  efeitos  mais  graves.  

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  19  

 c)  O  Custo   para   a   sociedade   implica  avaliar  o  nível  de  consequências  negativas  para  a   sociedade  caso  o  problema  não  seja   resolvido.  Este  exercício  é  particularmente  

relevante   na  medida   em   que   existem   problemas   cujos   spillovers   negativos   são   elevados.   Nestes   casos,   uma   solução   permitirá,   simultaneamente,   a   internalização   de  

spillovers   negativos   e   a   produção   de   spillovers  positivos.   Isto   implica,   necessariamente,   um  maior   potencial   de   competitividade   da   iniciativa   que   ataque   este   tipo   de  

problemas.  Isto  é  claro  no  caso  Dialogue  in  the  Dark.  

   

1.5.  Caso  o  problema  não  seja  resolvido,  qual  é  o  nível  de  consequências  negativas  para  a  sociedade  para  além  do  segmento  alvo  (externalidades)?                                    

 

1  

2  

3  

4  

Não  existem  consequências  negativas  para  a  sociedade  

Existem  consequências  negativas  para  a  sociedade  mas  são  reversíveis  e  suportáveis  

Existem  consequências  para  a  sociedade  que  são  irreversíveis  mas  suportáveis  

Existem  consequências  negativas  para  a  sociedade  que  são  irreversíveis  e  insuportáveis  

Ver  definição  de  spillovers  negativos.  

Problema:  Deficiência  visual    As  consequências  para  a  sociedade  são  negativas  na  medida  em  que  se  a  inclusão  das  pessoas  com  deficiência  visual  não  existir,  haverá  maior  probabilidade  destas  pessoas  necessitarem  de  apoios  sociais  e  de  existir  desperdício  de  capital  e  potencial  humano  que  não  será  recuperado.  

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  20  

3º  passo  –  Avaliação  da  negligência  do  Problema    A  negligência  de  um  problema  está  relacionada  com  a  falha  de  mercado  e/ou  Governo.  Assim,  o  nível  de  negligência  de  um  problema  pode  ser  definido  em  função  da  

existência  (ou  não)  de  soluções  dominantes  na  área  em  causa,  assim  como  da  respetiva  eficácia  e  eficiência  na  respetiva  resolução.   Isto  significa  que,  caso  não  existam  

soluções  dominantes  ou  se  as  soluções  existentes  forem  pouco  eficazes  e/ou  eficientes,  existe  espaço  para  a  criação  de  soluções  capazes  de  resolver  o  problema.  

Adicionalmente,   o   conhecimento   profundo   da   solução   alternativa   dominante   permite   perceber   porque   é   que   o   problema   não   está   a   ser   resolvido,   o   que   pode   ser  

construído  em  cima  do  que  está  a  ser  feito,  que  lições  podem  ser  tiradas  do  esforço  e  da  experiência  resultante  do  desenvolvimento  de  outras  iniciativa  e  qual  o  espaço  de  

intervenção  (e  consequentemente  de  crescimento),  de  inovação  e  de  criação  de  valor  para  a  iniciativa  em  causa.  

Nem   sempre   é   fácil   encontrar   uma   solução   alternativa   dominante.   Em   muitos   casos,   existem   várias   soluções   que,   em   conjunto,   procuram   combater   o   problema  

identificado.  Todavia,  e  para  o  fim  proposto,  sugerimos  a  identificação  de  uma  dessas  soluções  como  sendo  aquela  que  é  a  solução  alternativa  dominante.  Seguidamente  

apresentam-­‐se  os  critérios  e  as  questões  da  ferramenta  associadas  a  esta  dimensão,  assim  como  um  conjunto  de  respostas  tipo  em  função  do  Caso  Escolinha  de  Rugby  da  

Galiza  (ver  caixa).  

 

O  Problema  identificado  pela  Escolinha  de  Rugby  da  Galiza  

 

O  bairro  do  “Fim  do  Mundo”  localiza-­‐se  na  freguesia  do  Estoril  e  surgiu  com  o  objetivo  de  realojar  a  população  recenseada  em  1988  devido  ao  grande  fluxo  imigratório  

que  existiu  em  1970.  O  bairro  tem  um  aspeto  absolutamente  normal  mas  as  famílias  têm  rendimentos  reduzidos,  baixos  níveis  de  escolaridade  e  poucas  oportunidades  

de  emprego.  O  desinteresse  escolar  é  elevado,  a  violência  é  uma  referência  e  a  rua  continua  a  ser  o  espaço  privilegiado  para  crianças  e  jovens  estarem  no  seu  tempo  

livre.  O  bairro  sempre  foi  caracterizado  pela  inexistência  de  tolerância  à  diversidade,  pela  falta  de  interesse  pela  aprendizagem  e  de  resiliência  e  por  não  existirem  boas  

referencias.  Este  tipo  de  situações  têm  perpetuado  o  ciclo  da  pobreza.  

Este  problema  não  se  confina  a  este  bairro.  Existem  muitos  bairros  que  sofrem  do  mesmo  problema.  Em  muitos  casos,  a  solução  encontrada  para  este  problema  é  dada  

por   paróquias   ou   organizações   sociais   locais   que   desenvolvem   atividades   de   tempos   livres   (ATL)   ou,   mais   recentemente,   pelas   escolas   através   das   atividades   de  

enriquecimento  curricular   (AEC).   Este   tipo  de   resposta   foi   sendo   institucionalizada  ao   longo  do   tempo  mas  os  problemas   foram  persistindo  o  que  demonstra  a  sua  

ineficácia.  Paralelamente,  o  custo  marginal  da  intervenção  é  elevado  dado  o  rendimento  médio  da  população  do  território.  

 

In  Estudo  de  Caso  Escolinha  de  Rugby  da  Galiza  -­‐  IES  

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

  21  

a)  A  existência  e  abrangência  de  uma  solução  alternativa  dominante.  Este  critério  permitirá  identificar  qual  a  solução  alternativa  dominante,  descrevê-­‐la  perceber  qual  a  

respetiva  abrangência  territorial.  Sublinhe-­‐se  que  a  abrangência  territorial  é  relevante  para  a  competitividade  da  iniciativa  cujo  potencial  se  está  a  avaliar.  Existem  quatro  

casos  possíveis:   (1)  a   solução  alternativa  dominante  é  suficientemente  eficaz  e  eficiente  e  é  abrangente   (porque  está,  por  exemplo,   institucionalizada).  Neste  caso  não  

existe  espaço  de  intervenção  para  a  iniciativa  em  causa;  (2)  a  solução  alternativa  dominante  é  suficientemente  eficaz  e  eficiente  mas  não  é  abrangente.  Neste  caso  deve  

ser  acrescentada  capacidade  à   solução  alternativa  dominante   (através,  por  exemplo,  da  canalização  de   recursos  para  aumento  da  capacidade)  e  não  há  espaço  para  a  

intervenção  de  uma  nova  iniciativa;  (3)  a  solução  alternativa  dominante  não  é  suficientemente  eficaz  e  eficiente  nem  abrangente  e  gera  espaço  para  o  aparecimento  de  

iniciativas  mais   competitivas;   (4)   a   solução   alternativa   dominante   não   é   suficientemente   eficaz   e   eficiente  mas   é   abrangente.   Neste   caso   também   há   espaço   para   a  

intervenção   de   um   empreendedor   social   mais   competitivo   na  medida   em   que   o   aparecimento   de   uma   iniciativa  mais   eficiente   e   eficaz   terá  maior   probabilidade   de  

institucionalização  (por  exemplo,  por  via  da  substituição  da  solução  previamente  institucionalizada).  

 1.6.  Existe(m)  solução(ões),  já  implementadas  e  institucionalizadas  no  território,  cujo  foco  seja  agir  sobre  o  problema  central  identificado?  Se  sim,  qual  considera  ser  a  solução  alternativa  mais  dominante?                              

Uma  solução  implementada  e  institucionalizada  implica  que  esteja  a  ser  desenvolvida  no  terreno  e  esteja  integrada  no  sistema    

Solução  alternativa  dominante:  ATL    O  ATL  é  uma  solução  que  procura  ocupar  os  tempos  livres  das  crianças  através  de  atividades  lúdicas  e  de  apoio  ao  estudo.  

ATL  –  Atividade  de  Tempos  Livres  para  Crianças  e  Jovens  e  AEC  –  Atividades  de  Enriquecimento  Curricular  oferecidas  pelas  escolas  públicas  para  ocupação  dos  tempos  livres  das  crianças  e  jovens  sobretudo  no  ensino  primário.    

1  

2  

3  

4  

Existe  uma  clara  solução  dominante  e  várias  outras  que  competem  com  ela  na  resolução  do  problema  

Existe  uma  clara  Solução  Alternativa  Dominante  

Não  existem  soluções  para  o  problema  central  identificado  

Existem  várias  soluções  que  tentam  resolver  o  problema  embora  não  haja  uma  solução  dominante  

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

  22  

1.7.  Qual  é  a  percentagem  do  segmento-­‐alvo  abrangido  pela  Solução  alternativa  dominante?    

       b)  

Eficácia  da(s)  Solução(ões)  Dominante(s),   isto  é,  capacidade  da(s)  Solução(ões)  Dominante(s)  para  contribuir  de  

forma  sistemática  para  a  erradicação  ou  para  evitar  a  propagação  do  problema  identificado.  Este  critério  implica:  

(1)   caso  exista  uma  solução  dominante  que  esteja  a   contribuir  para  a   resolução  do  problema   identificado  existirá  menor  espaço  de   intervenção  para  o  Empreendedor  

Social;  (2)  caso  exista  uma  solução  dominante  que  esteja  a  contribuir  para  a  resolução  deste  problema,  os  recursos  existentes  devem  servir  para  robustecer  esta  iniciativa;  

(3)  caso  exista  uma  solução  dominante  ineficaz  ou  incapaz  de  resolver  o  problema  existe  oportunidade  de  criação  de  valor  para  a  sociedade  pelo  Empreendedor  Social;  (4)  

Se   a   solução   dominante   existir   e   agir   sobre   os   sintomas   do   problema   e   não   sobre   as   suas   causas,   a   probabilidade   de   eficácia   é  menor   e,   consequentemente,   existe  

oportunidade  para  o  Empreendedor  Social  criar  valor  para  a  sociedade  

 1.8.  A  Solução  alternativa  dominante  atua  sobre  as  causas  ou  sobre  os  efeitos  do  problema  central?        

 

   

%  

 

1  

2  

3  

4  

Causas  que  contribuem  diretamente  para  existência  do  problema  central  identificado  

Causas  que  não  contribuem  diretamente  para  a  existência  do  problema  central  identificado  

Efeitos  menos  graves  do  problema  central  identificado  

Efeitos  mais  graves  que  resultam  diretamente  do  problema  central  identificado  

Solução  alternativa  dominante:  ATL    Aproximadamente  90%  das  crianças  em  idade  escolar  são  abrangidos  por  esta  solução  oferecida  pelo  sistema  público  e  que  se  encontra  institucionalizada  (está  tipificada,  inclusivamente,  no  sistema  de  proteção  social  português)  

Solução  alternativa  dominante:  ATL    O  ATL  age  sobre  um  dos  efeitos  do  problema  –  a  desocupação  dos  jovens  –  mas  que  não  contribui  diretamente  para  a  existência  do  problema  –  a  falta  de  competências  sociais  ou  a  inexistência  de  referências.  

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  23  

1.9.  Qual  a  contribuição  da  Solução  alternativa  dominante  para  a  resolução  do  problema  identificado?                              c)  Eficiência  da(s)   Solução(ões)  Dominante(s),   isto  é,  até  que  ponto  a(s)  Solução(ões)  Dominante(s)   faz(em)  uma  utilização  ótima  dos  recursos  disponíveis.  Este  critério  

permite  aferir  até  que  ponto  a(s)  solução(ões)  dominante(s)  existente(s)  garante(m)  a  rentabilização  dos  recursos  disponíveis  ou  se  existe  possibilidade  de  melhorar  a  sua  

utilização.  Quanto  menor  for  a  eficiência  da(s)  solução(ões)  Dominante(s)  melhor  é  a  oportunidade  de  criação  de  valor  para  a  sociedade  para  um  Empreendedor  Social.  

 

1.10.  Qual  o  custo  unitário  da  Solução  alternativa  dominante  em  relação  ao  rendimento  médio  da  população  (medido  em  termos  mensais)?      

 

 

 

   

 

1  

2  

3  

4   Não  contribui  para  a  resolução  do  problema  e/ou  tende  a  agravá-­‐lo  

Evita  a  disseminação/propagação  do  problema  

Contribui  para  minimizar  os  efeitos  gerados  pelo  problema  

Leva  à  completa  resolução  do  problema  

 

   

%  

Faça  uma  estimativa  tendo  como  referência  o  território  que  abrange  atual  ou  potencialmente  e  os  rendimentos  médios  mensais  quando  fizer  sentido  

Solução  alternativa  dominante:  ATL    A  solução  permite  atenuar  os  efeitos  através  da  ocupação  dos  tempos  livres  mas  não  permite,  por  exemplo,  garantir  que  o  problema  seja  resolvido  sistematicamente  –  por  exemplo,  permitindo  o  aumento  do  grau  de  resiliência  e  de  tolerância.  Isto  é,  não  dá  as  ferramentas  e/ou  competências  para  que  o  segmento-­‐alvo  resolva  o  problema  de  forma  sistemática  e  eficaz.  

Solução   alternativa   dominante:  ATL    Uma  criança  no  ATL  custa,  aproximadamente,  €238,84  –  preço  pago  pela  Segurança  Social  +  contribuição  média  da  família.  Isto  significa  que  uma  vaga  ocupada  num  ATL  tem  um  custo  unitário  30%  do  rendimento  médio  da  população  Portuguesa.  

Fonte:  Protocolo  Cooperação  entre  o  Ministério  da  Segurança  Social,  a  CNIS,  a  UMP  e  a  UMutP.  

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  24  

2.3.  Solução    

A   solução   apresentada   por   um   Empreendedor   Social   deve   ser   capaz   de   criar   valor   para   a   sociedade   o   que   significa   ser   sustentável,   para   que   possa   persistir  

economicamente,  e  gerar  spillovers  ou  efeitos  para  além  da  sua  ação  direta.  

 

 

 

1º  passo  –  Descrição  da  solução,  designadamente  da  sua  proposta  de  valor,  das  suas  atividades-­‐chave,  dos  seus  recursos-­‐chave  e  dos  seus  stakeholders-­‐chave.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ver  Manual  para  Transformar  o  Mundo  Santos  et  al  (2013)  

A  solução  da  Nuru  Energy  –  As  lanternas  Nuru  

 

A  falta  de  acesso  a  eletricidade  afeta  aproximadamente  dois  mil  milhões  de  pessoas.  Um  das  principais   fontes  de  energia  utilizadas  é  a  querosene  –  um  combustível  

caro,  poluente  e  prejudicial  para  a  saúde.  Este  problema  é  importante  porque  compromete  a  vida  de  milhões  de  pessoas  e  é  negligenciado  porque  a  falta  de  acesso  a  

eletricidade  é  suprida  por  uma  tecnologia  com  efeitos  negativos  na  saúde  e  altamente  ineficiente  na  medida  em  que  consome  uma  parte  substancial  do  rendimento  de  

quem  a  utiliza.    

A  Nuru  Energy  é  um  sistema  de  iluminação  barato  e  ecológico  para  pessoas  pobres  sem  acesso  a  eletricidade.  O  sistema  deu  origem  a  uma  lanterna,  portátil,  pode  ser  

interligada  com  outras  para  produzir  mais  iluminação  e  tem  uma  lâmpada  inquebrável  que  não  precisa  de  ser  substituída.  As  lâmpadas  são  recarregadas  através  de  um  

método   inovador  designado  Powercycle  e  que  consiste  num  sistema  que  gera  energia  através  do  pedalar.  Esta   iniciativa  permitiu  contribuir  para  a  resolução  de  um  

problema  importante  e  negligenciado  através  de  uma  solução  com  impacto  –  a  solução  é  em  si  mesma  geradora  de  valor  mas  permitiu,  adicionalmente,  gerar  novas  

oportunidades  de  emprego  para  carregador  de  lâmpadas  e  de  vendedor  de  lanternas  Nuru  (através  de  acesso  a  oportunidades  de  microcrédito)  e  com  um  modelo  de  

negocio  sustentável  assente  num  modelo  de  micro  franchising.  

O  potencial  de  transformação  da  sociedade  é  grande.  A  escalabilidade  da   solução  é  garantida  pelo  potencial  de   réplica  do  modelo  e  do  próprio  modelo  de  negócio  

assente  no  micro  franchising.  Adicionalmente,  e  dada  a  eficiência,  a  eficácia  do  modelo  (ex.  o  custo  desta  tecnologia  pode  chegar  a  5%  do  valor  cobrado  pela  solução  

alternativa  dominante  –  o  querosene),  a  simplicidade  do  modelo  e  os  seus  ganhos  de  escala,  a  solução  tem  um  enorme  potencial  de  institucionalização  por  forma  a  

garantir  que  o  problema  é  resolvido.  

In  Case  Study  INSEAD-­‐IES  

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  25  

2º  passo  –  Avaliação  do  Potencial  Impacto  da  solução  

O  potencial  impacto  da  solução  está  associado  aos  benefícios  potencialmente  gerados  pela  solução.  Estes  benefícios  são  diretos  quando  são  gerados  no  ato  da  entrega  

e/ou  do  consumo  do  produto  ou  serviço  e  são  percepcionados.  Adicionalmente,  os  benefícios  indiretos  são  aquilo  a  que  nos  referimos  como  spillovers  de  uma  iniciativa  e  

têm  que  ver  com  a   respetiva   capacidade  para  gerar  efeitos  para   lá  da   sua  ação  direta,  ou  seja,  a   capacidade  de  serem  relevantes  para   todos  os  stakeholders   e  para  a  

comunidade   em   geral   (e   não   só   para   os   seus   segmentos-­‐alvo),   assim   como   produzir   impacto   nos   respetivos   comportamentos,   ativos   e   capacidades.   Para   efeito,  

apresentam-­‐se  os  critérios  e  as  perguntas  constantes  do  questionário  em  anexo,  assim  como  resposta  a  título  de  exemplo  e  que  reportam  ao  caso  Nuru  Energy  (ver  caixa  

anterior).  

 

a)  Os  benefícios  diretos  estão  relacionados  com  os  efeitos  resultantes  da  ação  direta  da  solução  e  a  forma  como  afetam  a  condição  do  segmento-­‐alvo  gerando  valor  que  é  

por  ele  percecionado.  

 

2.1.  Qual  é  o  grau  de  benefícios  diretos,  gerados  pela  solução  proposta,  para  o  segmento-­‐alvo?                              

 

1  

2  

3  

4  

A  solução  não  gera  benefícios  diretos  significativos  para  o  Segmento-­‐alvo  

A  solução  gera  benefícios  diretos  mas  não  são  relevantes  para  a  maioria  do  segmento-­‐alvo  

A  solução  gera  benefícios  diretos  que  são  relevantes  para  a  maioria  do  segmento-­‐alvo  

A  solução  gera  benefícios  diretos  que  são  relevantes  para  a  totalidade  do  segmento-­‐alvo  

Solução:  Lanternas  Nuru    As  lanternas  Nuru  têm  uma  proposta  de  valor  clara  e  que  gera  benefícios  diretos  para  o  segmento-­‐alvo  (que  neste  caso  também  são  os  clientes  finais)  –  acesso  a  luz  barata,  acessível  e  de  forma  flexível.  

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  26  

b)  A  capacitação  do  segmento-­‐alvo  e  dos  restantes  Stakeholders  tem  que  ver  com  a  possibilidade  da  solução  proposta  gerar  capacidade  nos  seus  diversos  stakeholders  

exponenciando   os   efeitos   diretos   gerados   e   a   geração   de   Spillovers   para   a   sociedade   em   geral,   ou   seja,   a   capacidade   da   solução   alavancar   soluções   existentes   ou  

aumentar  o  sentido  de  pertença  a  uma  comunidade.  

 

2.2.  Qual  é  o  grau  de  benefícios  indiretos,  gerados  pela  solução  proposta,  para  o  segmento-­‐alvo?  Estes  benefícios  são  ou  não  percepcionados?                                              

 

1  

2  

3  

4  

A  solução  não  gera  benefícios  indiretos  para  o  Segmento-­‐alvo  

A  solução  gera  benefícios  indiretos  para  o  Segmento-­‐alvo  mas  este  não  os  percepciona  

A  solução  gera  benefícios  indiretos  para  o  Segmento-­‐alvo  mas  este  apenas  os  percepciona  em  parte  

A  solução  gera  benefícios  indiretos  para  o  Segmento-­‐alvo  que  este  percepciona  totalmente  

Solução:  lanternas  Nuru    A  solução  gera  benefícios  indiretos  na  medida  em  que  permite  a  substituição  do  querosene  por  uma  tecnologia  mais  ecológica  e  menos  nociva  para  os  consumidores.  Este  efeito  não  é  imediatamente  percecionado  e  é  subvalorizado  pelo  segmento-­‐alvo  sobretudo  se  o  querosene  for  mais  barato  do  que  a  solução  proposta.  

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  27  

2.3.  Qual  é  o  grau  de  gerados  pela  solução  proposta,  para  os  restantes  Stakeholders-­‐chave?  Estes  benefícios  são  ou  não  percecionados?                                  2.4.  Qual  é  o  nível  de  capacitação  do  segmento-­‐alvo  que  é  garantido  pela  solução  proposta?                      

 

1  

2  

3  

4  

A  solução  não  gera  benefícios  indiretos  para  os  restantes  Stakeholders-­‐chave  

A  solução  gera  benefícios  indiretos  para  os  Stakeholders-­‐chave  mas  estes  não  os  percepcionam    

A  solução  gera  benefícios  indiretos  para  os  Stakeholders-­‐chave  mas  estes  apenas  os  percepcionam  em  parte  

A  solução  gera  benefícios  indiretos  para  os  Stakeholders-­‐chave  que  estes  percepcionam  totalmente    

 

1  

2  

3  

4  

Não  capacita  o  segmento-­‐alvo  

Capacita  o  segmento-­‐alvo  para  a  gestão  dos  efeitos    

Capacita  o  segmento-­‐alvo  para  minorar  as  causas    

Capacita  o  segmento-­‐alvo  para  resolver  o  problema  

Solução:  Lanternas  Nuru    A  solução  está  montada  de  forma  a  garantir  que  o  processo  de  carregamento  das  lanternas  é  realizado  a  custos  acessíveis  e,  no  processo,  gera  emprego  localmente.  Este  efeito  é  parcialmente  percepcionado  pelos  Stakeholders  porque  apenas  o  é  pelos  potenciais  microempreendedores.  

Capacitação  neste  contexto  significa  dar  as  competências  necessárias  para  que  o  segmento-­‐alvo  seja  capaz  de  lidar  com  o  problema  com  que  se  confronta  

Solução:  Lanternas  Nuru    A  solução  permite  que  o  segmento-­‐alvo  seja  capaz  de  lidar  autonomamente  –  as  luzes  são  recarregáveis  -­‐  com  o  problema  através  de  luzes  portáteis  que  podem  ser  utilizadas  em  qualquer  lugar  e  de  uma  forma  modelar.    

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  28  

3º  passo  –  Avaliação  da  sustentabilidade  da  solução  

A   sustentabilidade   económica   de   uma   iniciativa   implica   que   uma   solução   seja   capaz   de   gerar,   intrinsecamente,   o   capital   físico   e   humano   necessário   para   o  

desenvolvimento  continuado  das  suas  atividades.  

 

 

 

 

 

 

 

 

A  solução  Cais  Recicla  

 

O  Cais  Recicla  é  uma  solução  que  tem  como  objetivo  combater  o  desemprego  através  da  criação  de  peças  artísticas  a  partir  de  desperdício  industrial.  A  solução  envolve  

uma  rede  de  empresas  parceiras  que  fornecem  o  desperdício,  um  conjunto  de  designers  que  concebem  os  protótipos  a  partir  desse  desperdício  e  o  segmento-­‐alvo  que  

replica  os  protótipos  para  comercialização.  Os  produtos  criados  (como,  por  exemplo,  cadernos,  crachás,  guarda-­‐sol,  etc.)são  posteriormente  vendidos  a   lojas  que  os  

expõem  e   revendem   ao   público   em  geral.   Resumindo,  a   iniciativa   utiliza   recursos   abundantes   (lixo   industrial)   e   vende   produtos   no  mercado   criando,  no   processo,  

oportunidades  de  empregabilidade.  

 

In  http://www.ies.org.pt  e  Entrevista  a  Cláudia  Fernandes  –  Responsável  CAIS  RECICLA  

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  29  

a)  A   abundância   e   disponibilidade   dos   recursos   necessários   para   o   funcionamento   da   solução   é  um  critério   importante  para  a   sustentabilidade  de  uma   iniciativa  de  

empreendedorismo  social.  Um  empreendedor  social  para  além  de  ser  capaz  de   identificar  oportunidades  negligenciadas  deve  ser  capaz  de  encontrar  e  utilizar  recursos  

subutilizados  na  sociedade  que  permitam  sustentar  a  solução  e  simultaneamente  gerar  valor  diretamente.  

 

 2.5.  Qual  o  nível  de  ganhos  de  escala  e/ou  ganhos  de  aprendizagem  da  solução?                                            

 

1  

2  

3  

4  

Não  existem  ganhos  de  escala  e/ou  aprendizagem  significativos    

Existem  ganhos  de  escala  e/ou  aprendizagem  mas  que  vão  decrescendo  com  o  aumento  da  escala    

Existem  ganhos  de  escala  e/ou  aprendizagem  constantes    

Existem  ganhos  de  escala  e/ou  aprendizagem  crescentes  (normalmente  associados  a  efeitos  de  rede)    

Ganhos  de  escala  e/ou  de  aprendizagem  têm  que  ver  com  a  redução  dos  custos  unitários  pelo  aumento  da  quantidade  oferecida  e/ou  da  experiência  acumulada  

Solução:  CAIS  Recicla    A  solução  permite  ganhos  de  escala  e/ou  de  aprendizagem  na  medida  em  que  os  recursos  utilizados  são  disponibilizados  abundantemente  e  os  ganhos  de  aprendizagem  resultam  da  standardização  dos  processos  montados.    

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  30  

2.6.  Qual  o  nível  de  escassez  dos  recursos  utilizados  na  solução?                                                        

 

1  

2  

3  

4  

Escassos  (caros  e  indisponíveis)    

Acessíveis  (caros  mas  disponíveis)    

Abundantes  (baratos  e  disponíveis)    

Livres  (disponíveis  sem  restrições)    

Solução:  Cais  Recicla    Um  dos  principais  recursos  utilizados  pela  solução  é  o  desperdício  industrial.  Este  recurso  está  disponível  e  acessível  mas  com  algumas  restrições,  designadamente  a  sua  libertação  pelas  organizações  que  o  produzem.  

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  31  

b)  A  valorização  do   impacto  gerado  pelos  vários  Stakeholders-­‐chave  é   igualmente  um  critério  relevante.  Uma  solução  sustentável   implica  a  construção  de  um  modelo  

económico  robusto  e  isto  pode  implicar  a  utilização  de  mecanismos  de  mercado  e/ou  outros  complementares.  Para  o  efeito,  é  fundamental  que  o  empreendedor  social  até  

se  questione  até  que  ponto  existem  agentes  que  percepcionam  os  benefícios  e  estão  disponíveis  para  pagar  pelos  efeitos  diretos  e  indiretos  gerados  pela  iniciativa  (mesmo  

quando  exista  inability-­‐to-­‐pay  do  segmento-­‐alvo).  

 2.7.  Qual  o  grau  de  envolvimento  do  segmento-­‐alvo  e/ou  dos  restantes  Stakeholders-­‐chave  na  conceção  e/ou  implementação  da  solução?                            

 

 

     

 

 

 

1  

2  

3  

4  

Não  são  envolvidos  

São  envolvidos  na  concepção    

São  envolvidos  na  implementação    

São  envolvidos  desde  a  concepção  até  à  implementação    

Solução:  Cais  Recicla    O  segmento-­‐alvo  participa  na  implementação  da  solução  em  particular  dos  produtos  que  são  vendidos  no  mercado.  Aliás  os  produtos  são  desenhados  por  designers  que  se  associam  ao  projeto  e  produzidos  diretamente  pelo  segmento-­‐alvo  enquanto  colaboradores  da  solução.  Os  Stakeholders-­‐chave  são  envolvidos  na  concepção  dos  produtos  (designers,  na  implementação;  retalhistas  que  vendem  os  produtos  Cais  Recicla)  e  estão  alinhados  estrategicamente  como  é  o  caso,  a  título  de  exemplo,  da  Unicer  que  se  livra  de  desperdício  industrial  tornando-­‐o  reutilizável  e  produtivo.  Na  realidade,  os  Stakeholders-­‐chave  estão  alinhados  porque  percepcionam  valor  no  processo  porque  internalizam  custos  externos  (externalidades  negativas)  ou  permitem  acrescentar  valor  à  sua  atividade.  

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  32  

2.8.  Qual  a  percentagem  do  custo  da  solução  que  está  previsto  ser  contribuição  do  segmento-­‐alvo?              2.9.  Qual  o  nível  da  disponibilidade  de  outros  Stakeholders-­‐chave  (Clientes  finais  que  não  são  o  Segmento-­‐alvo)  para  pagarem  pelos  produtos  e/ou  serviços  disponibilizados  pela  solução  no  mercado,  em  percentagem  do  respetivo  custo?                2.9.  Qual  o  nível  da  disponibilidade  dos  restantes  Stakeholders-­‐chave  para  pagarem  pelos  benefícios  gerados  pela  solução,  em  percentagem  do  respetivo  custo?                  

 

   

%  

 

   

%  

 

   

%  

Solução:  Cais  Recicla    A  solução  é  suportada  por  dois  tipos  de  Stakeholders-­‐chave:  (1)  IEFP  –  Instituto  de  Emprego  e  Formação  Profissional  –  que  suporta  a  formação  on-­‐the-­‐job.  Neste  caso  concreto,  o  IEFP  comparticipa  as  remunerações  auferidas  pelo  segmento-­‐alvo  (50%);  (2)  lojas  locais  que  compram  os  produtos  CAIS  RECICLA  e  os  revendem  ao  público  em  geral  (50%).  

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  33  

2.4.  Transformação  da  Sociedade    

Uma  iniciativa  de  Empreendedorismo  Social  com  elevado  potencial  de  competitividade  deve  estar  ancorada  num  problema  importante  e  negligenciado,  ter  uma  solução  

geradora  de  impacto  e  sustentável  e,  no  final  do  dia,  transformar  a  sociedade!    

Para  o  efeito,  a  iniciativa  desenvolvida  deve  estar  preparada  para  crescer  (gerando  benefícios  para  o  total  do  segmento-­‐alvo  e  outros  que  possam  beneficiar  com  o  modelo  

desenvolvido)   e   ser   institucionalizada   (passando   a   estar   integrada   no   sistema   e,   por   essa   via,   gerar   alterações   estruturais   na   sociedade)   até   à   resolução   definitiva   do  

problema  identificado.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

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1º  passo  –  Avaliar  o  potencial  de  escalabilidade  da  iniciativa  de  Empreendedorismo  Social  

A  Escalabilidade  é  a  capacidade  de  disseminação  da   iniciativa  por  forma  a  contribuir  aceleradamente  para  a  erradicação  ou  para  evitar  a  propagação  do  problema.   Isto  

implica  a  capacidade  de  uma  iniciativa  replicar  a  sua  solução  (através  de  replicação  e/ou  extensão)  sem  perda  de  qualidade.    

 

 

 

A  escalabilidade  do  Dialogue  in  the  Dark  

 

O  processo  de  crescimento  da  iniciativa  Dialogue  in  the  Dark  resultou  em  várias  outras  iniciativas.  A  solução  desenvolvida  é  facilmente  replicável  noutros  contextos  mas  

também  noutras  áreas  onde  a  deficiência  é  crónica  e  necessita  de  visibilidade  como  forma  de  redução  do  estigma.  Em  2013,  esta  iniciativa  encontrava-­‐se  espalhada  por  

20  países,  com  mais  de  24  centros,  475.000  visitantes  em  exposições,  25.000  participantes  em  workshops  empresariais  e  32.000  participantes  em  jantares  e  outros  

eventos.  

Todavia,  a  Diologue  in  the  Dark  é  apenas  uma  iniciativa  (porventura  a  primeira)  da  Dialogue  Social  Enterprise.  A  Diologue  Social  Enterprise  apoia  organizações  de  todo  o  

mundo  na  implementação  de  iniciativas  “Dialogue  in  the  Dark”  nomeadamente  exposições,  eventos  e  workshops  empresariais  dinamizados  por  pessoas  cegas,  através  

de  um  sistema  de  franchising  social.    

Paralelamente,  a  Dialogue  Social  Enterprise  oferece  outro  tipo  de  exposições  e  workshops  de  awereness,  designadamente  o  Dialogue  in  the  Silence  e  o  Dialogue  with  

Time.  O  Dialogue  with  Time  é  uma  peça  experimental  sobre  a  arte  das  pessoas   idosas  facilitada  por  pessoas  idosas  enquanto  o  Dialogue   in  the  Silence  consiste  num  

conjunto  de  exposições  e  workshops  promovido  em  completo  silêncio  sobre  comunicação  não  verbal  e  facilitado  por  pessoas  surdas.  

Finalmente  sublinhe-­‐se  que  a  Dialogue  Social  Enterprise  não  pretende  gerar  simulações  sobre  as  mais  variadas  deficiências  mas  sim  aumentar  o  conhecimento  sobre  o  

tema  para  reduzir  o  estigma  que  lhe  está  associado.  

 

In  Dialogue  in  the  Dark  –  Results  2013  and  http://www.dialogue-­‐in-­‐silence.com  

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

  35  

 

a)   A   capacidade   da   iniciativa   evitar   estrangulamentos   ao   crescimento   é   um   critério   essencial   para   a   aferir   o   potencial   de   crescimento   de   uma   iniciativa   de  

empreendedorismo   social.   Muitas   vezes   as   iniciativas   têm   associados   estrangulamentos   que   não   permitem,   à   cabeça,   o   seu   crescimento.   A   aferição   deste   critério   é  

importante  por  duas  razões  principais:   (1)  possibilidade  de   identificação  de  bloqueios  ao  processo  de  escalabilidade;  (2)  possibilidade  de   identificação  de  estratégias  de  

mitigação  dos  bloqueios  identificados.  

 

3.1.  Qual  o  nível  de  estrangulamentos  ao  crescimento  da  iniciativa  identificado  nas  atividades-­‐chave?                                          

 

1  

2  

3  

4  

Os  estrangulamentos    existem,  têm  que  ver  com  recursos  externos  e  internos  e  impossibilitam  o  crescimento  da  iniciativa    

Os  estrangulamentos  existem  e  têm  que  ver  com  recursos  externos  (ex.  financiamento,  distribuição,...)  

Os  estrangulamentos  existem  e  têm  que  ver  com  recursos  internos  (ex.  competências  específicas...)    

Não  existem  estrangulamentos  significativos  ao  crescimento      

Os  estrangulamentos  são  fatores  internos  (ex.  competências  ou  complexidade  do  modelo  proposto)  e  externos  (ex.  acesso  a  recursos)  que  limitam  o  processo  de  crescimento  de  uma  iniciativa  

Solução:  Dialogue  in  the  Dark    O  modelo  não  tem  estrangulamentos  significativos  na  medida  em  que  depende,  sobretudo,    do  próprio  segmento-­‐alvo  e  das  suas  competências.    O  único  estrangulamento  potencial  tem  que  ver  com  a  capacidade  formativa  da  organização  mãe  (Dialogue  Social  Enterprise).    Todavia,  o  modelo  é  descentralizado  e  assenta  numa  rede  de  parceiros  capaz  de  replicar  o  modelo  fácil  e  rapidamente.  

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  36  

         b)  O  potencial  intrínseco  de  crescimento  da  iniciativa  está  associado  à  capacidade  de  crescimento  inerente  ao  modelo  proposto.  

Isto   significa   que   uma   iniciativa   deve   ter   capacidade   para   crescer   até   à   resolução   sistémica   e   definitiva   do   problema   identifica   pelo   empreendedor   social.   O  

reconhecimento  destas  limitações  podem  diminuir  o  grau  de  competitivid@ade  da  iniciativa  mas  simultaneamente  fazer  com  que  se  afine  o  modelo  proposto.  

 3.2.  Qual  o  potencial  de  adesão  à  solução  por  parte  de  outros  segmentos  de  beneficiários  para  os  quais  a  solução  seja  relevante?                                      

 

1  

2  

3  

4  

Não  existem  outros  segmentos  de  beneficiários    

Existem  outros  segmentos  de  beneficiários  mas  não  existem  incentivos  à  adesão  (ex.  falta  de  perceção  de  valor  ou  interesse)    

Existem  outros  segmentos  de  beneficiários    com  incentivo  a  aderir  mas  existem  barreiras  a  essa  adopção    

Existem  outros  segmentos  com  incentivos  e  facilidade  em  aderir    

Solução:  Dialogue  in  the  Dark    O  modelo  pode  ser  adaptado  para  outros  segmentos  de  beneficiários  como,  por  exemplo,  pessoas  surdas  ou  pessoas  idosas.  A  Dialogue  Social  Enterprise  (Empresa  Social  mãe)  replicou  o  modelo  nestes  domínios  criando,  em  paralelo,  o  Dialogue  in  the  Silence  e  o  Dialogue  with  Time  

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  37  

 3.3.  Qual  é  o  grau  de  codificação  da  solução?                          

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1  

2  

3  

4  

Não  está  codificada    

Não  está  codificada  mas  tem  potencial  para  o  ser    

Está  codificada  mas  ainda  não  está  validada  para  ser  disseminada  e/ou  replicada    

Está  codificada  e  pronta  para  ser  disseminada  e/ou  replicada    

A  codificação  diz  respeito  ao  processo  de  sistematização  da  solução  e  do  modelo  proposto  que  permita  a  sua  implementação  de  uma  forma  autónoma.  

Solução:  Dialogue  in  the  Dark    A  solução  está  codificada  e  a  sua  disseminação  é  feita  através  de  um  sistema  de  franchising  social  onde  a  Dialogue  Social  Enterprise  apoia  organizações  de  todo  o  mundo  no  processo  de  implementação  da  solução.  

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  38  

c)  O  potencial  de  uma  iniciativa  se  tornar  uma  plataforma  é  um  critério  que  permite  perceber  se  a  solução  proposta  é  capaz  de  gerar  ou  potenciar  outras  iniciativas  

geradoras  de  valor  para  a  sociedade.  Uma  iniciativa  que  seja  uma  plataforma  será  capaz  de  criar  um  efeito  multiplicador  do  seu  impacto  aumentando,  desta  forma,  o  seu  

potencial  de  criação  de  valor  para  a  sociedade.  

 3.4.  Em  que  grau  a  solução  potencia  outras  iniciativas  capazes  de  contribuir  para  a  resolução  do  problema?                      

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1  

2  

3  

4  

A  solução  não  potencia  outras  iniciativas  

A  solução  potencia  iniciativas  complementares  existentes    

A  solução  gera  novas  iniciativas  com  impacto  social    

A  solução  gera  novas  iniciativas  e  potencia  outras  já  existentes  para  resolver  este  e  outros  problemas  sociais    

Solução:  Dialogue  in  the  Dark    A   solução  preconizada   tem  uma  capacidade  intrínseca   de   gerar   outras   soluções   ou  potenciar  as  existentes  na  medida  em  que  o  seu   processo   de   crescimento   é   feito   em  rede,   isto   é,   a   metodologia   é   cedida   num  regime  de  franshising  social.  

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2º  passo  –  Avaliação  do  potencial  de  institucionalização  da  iniciativa  

O  potencial  de  institucionalização  tem  que  ver  com  a  capacidade  de  uma  solução  gerar  alterações  estruturais  e  institucionais  na  sociedade  (alteração  de  comportamentos,  

crenças,  atitudes,  valores,  preconceitos,  etc.)  através  da  assimilação  da  solução  encontrada  pela  sociedade.  

 

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

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A  institucionalização  do  Grameen  Bank  

 

O  Grameen  Bank  é  um  banco  que  começou  por  emprestar  dinheiro,  sem  garantias,  a  pessoas  em  situação  de  pobreza  no  Bangladesh,  mais  concretamente  na  aldeia  de  

Jobra,  que  permitisse  a  sua  saída  do  ciclo  vicioso  da  pobreza  e  a  dependência  de  agiotas.  A  sua  atividade  começou  muito  lentamente  mas  rapidamente  gerou  evoluções  

sistemáticas  no  seu  modelo.  Os  resultados  tornaram-­‐se  avassaladores  –  em  2008,  80%  das  pessoas  em  situação  de  pobreza  tinham  tido  acesso  a  microempréstimos  –  

com  impacto  real  na  vida  destas  pessoas,  designadamente  através  da  criação  de  novos  negócios  que  lhes  permitiam  não  só  devolver  o  dinheiro  que  tinham  recebido  

com  juros,  como  gerar  rendimentos  sustentáveis  e  capazes  de  promover  a  educação  das  gerações  seguintes  quebrando  efetivamente  o  ciclo  geracional  da  pobreza.  A  

evolução  do  Grameen  bank  permitiu  alargar  o  seu  âmbito  de  intervenção  através  da  geração  de  novas  áreas  de  negócio  como,  por  exemplo,  o  empréstimo  à  habitação.  

O  modelo  preconizado  pelo  Grameen  Bank  teve  tanto  sucesso  que  a  sua  replicação  se  tornou  inevitável.  Hoje  em  dia  existem  programas  de  microcrédito  espalhadas  

pelo  mundo.  Em  muitos   casos,   os  promotores   desses  programas   aplicaram   às   suas  operações  o  modelo  do  Grameen  Bank  e  enviaram  os   seus   colaboradores   apra  

serem  formados  no  Grameen.  A  procura  pela  formação  foi  tão  grande  que  o  Grameen  codificou  a  metodologia  e  as  sessões  de  formação  e  criou  uma  nova  organização  

responsável  por  esta  missão  –  o  Grameen  Trust.    

O  modelo  de  crescimento  do  Grameen  Bank  não  assentou  na  criação  de  filiais  ou  divisões.  A  sua  intervenção  confina-­‐se  estritamente  ao  Bangladesh.  Todavia,  a  maioria  

dos  promotores  do  microcrédito  espalhados  pelo  mundo  citam  o  Grameen  Bank  e  o  seu  fundador  com  fonte  inspiração  e,  em  muitos  casos,  recorreram  aos  serviços  ou  

estabeleceram  parcerias  estratégicas  com  o  Grameen  Trust.  Apesar  do  sucesso  amplamente  reconhecido  ao  Grameen  Bank,  o  seu  processo  de  institucionalização  não  

tem  sido  fácil.  Em  muitos  casos,  os  produtos  de  microcrédito  vendidos  não  se  focam  nas  pessoas  pobres  e/ou  exigem  garantias  como  contrapartida,  desvirtuando  a  

função  original  defendida  na  sua  fundação.  Todavia,  o  esforço  de  disseminação  tem  sido  enorme:  o  fundador  desdobra-­‐se  em  conferencias  pelo  mundo  divulgando  o  

modelo  que  construiu  e  em  1997  foi  criada  a  cimeira  do  Microcrédito  que  envolve  delegados  de  vários  países  representantes  de  programas  de  microcrédito  de  muitos  

tipos  e  extensões,  e  que  assumem  objetivos  conjuntos  e  uniformizam  procedimentos  e  formas  de  agir.  

 

In  Yunus,  M.  (2008).  Criar  Um  Mundo  Sem  Pobreza  –  O  Negócio  Social  e  o  Futuro  do  Capitalismo.  Difel  

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Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

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a)  A  clareza  e  a  simplicidade  do  modelo  é  um  critério  que  permite  perceber  até  que  ponto  o  modelo  preconizado  é  suficientemente  simples,  isto  é,  facilmente  replicável  e  

generalizável  na  sociedade  e,  consequentemente,  uma  solução  dominante  na  resolução  do  problema  identificado  e  de  outros.  

 

3.5.  Qual  é  o  nível  de  simplicidade  do  modelo  proposto?                                

 

 

 

 

 

 

 

 

1  

2  

3  

4  

O  modelo  é  um  conjunto  complexo  de  atividades  interdependentes  sem  uma  relação  causa  efeito  clara  entre  si  

O  modelo  proposto  pode  ser  desenhado  como  um  sistema  modular  de  atividades-­‐chave    

O  modelo  proposto  pode  ser  visto  como  um  programa  autónomo    

O  modelo  proposto  traduz-­‐se  num  conceito  de  simples  comunicação    

Solução:  Microcrédito    A  solução  é  um  conceito  que  pode  ser  transmitido  de  uma  forma  simples,  intuitiva  e  facilmente  entendida  pelo  sistema.    Exemplo:  O  microcrédito  consiste  na  concessão  de  pequenas  empréstimos  sem  garantias  a  pessoas  com  baixos  rendimentos.  

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  42  

3.6.  Qual  é  o  grau  de  aplicabilidade  da  solução  a  outros  contextos?                                

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1  

2  

3  

4  

A  solução  é  local  e  não  adaptável  a  outros  contextos    

A  solução  é  local  mas  adaptável  com  os  devidos  ajustamentos    

A  solução  é  facilmente  transferível  para  outros  contextos    

A  solução  é  global  

Solução:  Microcrédito    A  solução  foi  adaptada  globalmente  apesar  das  diferenças  de  rendimento  médio  entre  países  e  da  própria  noção  de  pobreza.  Isto  acontece  porque  o  próprio  microcrédito  utilizou  mecanismos  instituídos  (o  crédito)  e  é  passível  de  se  adaptar  aos  vários  contextos  e  realidades  socioeconómicas  sem  grandes  alterações  à  solução  original.  Foi  inclusivamente  criada  a  Cimeira  do  Microcrédito  que  permite,  à  escala  global,  criar  procedimentos,  princípios  e  formas  de  atuar  comuns  entre  as  várias  agências  de  microcrédito  

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b)  A  vantagem  sobre  a  solução  dominante  alternativa  é  um  critério  que  procura  verificar  se  a  iniciativa  desenvolvida  constitui  uma  solução  mais  eficaz  e  eficiente  do  que  a  

solução   alternativa   dominante   (identificada   no   critério   negligência   do   problema)   para   que   seja   assimilada   pela   sociedade.   Caso   não   o   seja,   a   solução   desenhada   será  

menos  competitiva.  

 

3.7.  Qual  o  grau  de  eficácia  da  solução  proposta  por  comparação  com  a  Solução  alternativa  dominante  (alcance  e  impacto  gerado)?                        

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1  

2  

3  

4  

A  solução  proposta  é  menos  abrangente  e  a  contribuição  para  a  resolução  do  problema  é  inferior    

A  solução  proposta  é  mais  abrangente  mas  a  contribuição  para  a  resolução  do  problema  é  inferior    

A  solução  proposta  é  menos  abrangente  mas  o  respetivo  contributo  para  a  resolução  do  problema  é  superior    

A  solução  proposta  é  mais  abrangente  e  o  respetivo  contributo  para  a  resolução  do  problema  é  superior    

Solução:  Microcrédito    A  solução  alternativa  dominante  antes  do  microcrédito  se  ter  institucionalizado  eram  os  empréstimos  concedidos  por  agiotas  locais.  Os  empréstimos  concedidos  não  só  não  resolviam  o  problema  como  o  perpetuavam  e  agravavam.  O  microcrédito  conseguiu  ter  uma  abrangência  e  uma  eficácia  maiores  devido  à  capacidade  de  gerar  confiança  e  apoio  aos  clientes  em  vez  de  os  escravizar.  

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  44  

 3.8.  Qual  o  grau  de  eficiência  da  solução  proposta  por  comparação  com  a  solução  alternativa  dominante  (custos  unitários)?                                

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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4  

Os  custos  unitários  da  solução  proposta  são  superiores  aos  custos  unitários  da  solução  alternativa  dominante    

Os  custos  unitários  da  solução  proposta  são  iguais  aos  custos  unitários  da  solução  alternativa  dominante    

Os  custos  unitários  da  solução  proposta  são  inferiores  em  menos  de  metade  dos  custos  unitários  da  solução  alternativa  dominante    

Os  custos  unitários  da  solução  proposta  são  inferiores  em  mais  de  metade  aos  custos  unitários  da  solução  alternativa  dominante  

Solução:  Microcrédito    Adicionalmente,  o  microcrédito  permitiu  reduzir  substancialmente  os  custos  unitários  por  comparação  com  a  solução  dominante.  As  taxas  de  juro  cobradas  pela  solução  dominante  alternativa  ultrapassavam  os  100%  o  que    tornava  estes  empréstimos  impossíveis  de  serem  pagos.  O  microcrédito  enquanto  solução  inovadora  passou  a  garantir  empréstimos  com  taxas  de  mercado  (inferiores  a  5%).  

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c)  A   alteração  do   status   quo   tem  que  ver  com  a  capacidade  da   iniciativa  promover  e/ou  gerar  alterações  comportamentais   (ex.  a   forma  como  a  sociedade   lida  com  o  

problema  identificado)  e/ou  regulamentares  (ex.  alteração  de  políticas  públicas  neste  domínio)  na  sociedade.  Este  critério  avalia  o  potencial  de  institucionalização  por  via  

da  alteração  estrutural  da  forma  como  a  sociedade  se  comporta  perante  um  determinado  problema.  

 3.9.  Qual  é  a  viabilidade  da  solução  se  tornar  uma  política  pública?                                              

 

1  

2  

3  

4  

A  solução  não  tem  potencial  para  influenciar  políticas  públicas    

A  solução  é  capaz  de  influenciar  indiretamente  políticas  públicas    

A  solução  é  capaz  moldar  políticas  públicas    

A  solução  pode  ser  adoptada  como  um  serviço  público  

Solução:  Microcrédito    O  microcrédito  revolucionou  o  sector  bancário  e  as  políticas  públicas  que  lhe  são  aplicáveis.  Desde  logo  permitiu  que  as  entidades  reguladores  dos  vários  países  aderentes  aceitassem  o  seu  desenvolvimento.  O  processo  para  atingir  este  objetivo  foi  moroso  e  difícil  e  resultou  de  um  esforço  grande  do  empreendedor,  assim  como  de  um  processo  que  começou  no  desenvolvimento  da  ideia  e  do  modelo  de  negocio,  na  validação  e  afinação  da  solução  assim  como  na  sua  escalabilidade  e  posterior  institucionalização.  

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  46  

3.10.  Em  que  medida  a  solução  proposta  permite  alterar  comportamentos  que  melhorem  a  forma  como  a  sociedade  lida  com  o  problema?                                        

 

1  

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3  

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A  solução  não  tem  potencial  para  gerar  transformações  comportamentais  na  sociedade    

A  solução  tem  potencial  para  gerar  indiretamente  transformações  comportamentais  na  sociedade    

A  solução  potencial  para  gerar  diretamente  transformações  comportamentais  na  sua  área  de  atuação    

A  solução  é,  em  si  mesmo,  um  movimento  social  que  gera  mudança  de  comportamentos    

Solução:  Microcrédito    O  microcrédito  permitiu  que  as  pessoas  olhassem  para  a  pobreza  de  uma  forma  diferente.  A  pobreza  era  associada  à  preguiça  e  a  um  ciclo  impossível  de  quebrar.  O  microcrédito  permitiu  demonstrar  que  é  possível  erradicar  a  pobreza  e  que  esta  condição  não  constitui  um  sentença  definitiva.  

Page 47: Manual de utilização da ferramenta V.Finalcompetitividade.mies.pt/Manualdeutilizaccaodaferramenta_V.Final.pdf · Versão’Preliminar’ Investigação’INSEAD’! 2’ Nota!Introdutória!

Versão  Preliminar  Investigação  INSEAD  

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Conclusão    Este  manual  serve,  essencialmente,  para  apoiar  Empreendedores  Sociais,  Investidores,  financiadores,  mentores  e  outros  agentes  interessados  

na   utilização   da   ferramenta   de   competitividade   de   iniciativas   de   Empreendedorismo   Social   desenvolvida   pela   equipa   de   investigação   do  

INSEAD.  O  manual  de  acompanhamento  para  iniciativas  será  lançado  brevemente.  

 

O  modelo  proposta  resulta  de  um  modelo  assente  em  3  dimensões  de  competitividade  (problema,  solução  e  transformação  da  sociedade)  e  6  

mecanismos  (importância,  negligência,  impacto,  sustentabilidade,  escalabilidade  e  institucionalização)  que,  em  conjunto  servem  para  avaliar  o  

potencial  de  criação  de  valor  deste  tipo  de  iniciativas.    

 

A   ferramenta  em   si   é  um   instrumento  poderoso  de  diagnóstico  que  permite   a   construção  de  um  caminho  estratégico  para  o   aumento  do  

potencial  de  criação  de  valor  para  a  sociedade  de  iniciativas  de  Empreendedorismo  Social.  Este  caminho  pode  ser  construído  em  função  das  

necessidades  detetadas  a  partir  das  várias  dimensões  e  mecanismos  propostos  de  forma  rápida  e  pedagógica.  

 

Aconselhamos  a  sua  utilização  intensiva!  Use  e  abuse!  Construímos  esta  ferramenta  para  que  possa  transformar  a  sociedade!