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Direção-Geral da Administração da Justiça TEXTO DE APOIO TRIBUNAIS DE TURNO DGAJ-DF - 2013

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Texto de apoio, tribunais de turno

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  • Direo-Geral da Administrao da Justia

    TEXTO DE APOIO

    TRIBUNAIS DE TURNO

    DGAJ-DF - 2013

  • 2

    NOTA INTRODUTRIA

    O presente texto de apoio pretende ser um mero instrumento de trabalho, de modo nenhum

    se substituindo aos diplomas legais aplicveis, nem dispensando a sua consulta e,

    naturalmente, sem prejuzo de orientao diversa dos senhores magistrados.

    O seu principal objetivo fornecer aos oficiais de justia informao sobre o servio urgente

    dos tribunais de turno com referncia aos textos legais onde o mesmo se encontra previsto.

    Em complemento, devem ser consultados os manuais do Processos Penal, disponveis nesta

    plataforma.

    Legislao

    Nos tribunais judiciais so organizados turnos para assegurar o servio urgente, que deva ser

    executado aos sbados, nos feriados que recaiam em segunda-feira e no segundo dia feriado,

    em caso de feriados consecutivos, previsto:

    No Cdigo de Processo Penal;

    Na Lei de Cooperao Judiciria Internacional em Matria Penal Lei 144/99, de

    31/08;

    Na Lei de Sade Mental Lei 36/98, de 24/07;

    Na Lei de Proteo de Crianas e Jovens em Perigo Lei 147/99, de 01/09;

    Na Lei Tutelar Educativa Lei 166/99, de 14/09;

    No Regime Jurdico de Entrada, Permanncia, Sada e Afastamento de Estrangeiros do

    Territrio Nacional Lei 23/2007, de 04/07.

    SERVIO DE TURNO NOS TRIBUNAIS DE 1. INSTNCIA

  • 3

    Quando se praticam os atos

    Nos termos do n.os 1 e 2 do artigo 103. do Cdigo de Processo Penal (CPP), os atos processuais

    praticam-se nos dias teis, s horas de expediente dos servios de justia e fora do perodo

    de frias judiciais, com exceo, entre outros:

    dos atos processuais relativos a arguidos detidos ou presos, ou indispensveis

    garantia da liberdade das pessoas. Nestes casos os atos so praticados imediatamente

    e com preferncia sobre qualquer outro servio n. 2 do artigo 106.;

    dos atos relativos a processos sumrios e abreviados at sentena em 1 instncia;

    os atos considerados urgentes em legislao especial.

    Obrigatoriedade de defensor

    Nos termos do artigo 64. do CPP obrigatria a assistncia do defensor (para alm de outros

    casos ali previstos), nos interrogatrios de arguido detido ou preso, nos interrogatrios feitos

    por autoridade judiciria e nas audincias.

    Apoio judicirio

    De acordo com o n. 4 do artigo 39. da Lei n. 34/2004, de 29 de julho, na redao dada pela

    Lei n. 47/2007, de 28 de agosto, incumbe secretaria do Tribunal, no mbito do processo

    penal, proceder apreciao da insuficincia econmica do arguido.

    No momento em que presta Termo de Identidade e Residncia (TIR), o arguido deve emitir

    uma declarao de rendimentos (disponvel no Habilus), a qual permitir ao oficial de justia

    proceder apreciao provisria da insuficincia econmica daquele, atravs do simulador

    eletrnico, disponvel no endereo: http://www4.seg-social.pt/calculo-do-valor-de-

    rendimento-para-efeitos-de-proteccao-juridica.

    O arguido que, em virtude do resultado da aplicao do simulador, tenha direito a apoio

    judicirio, a ttulo provisrio, em qualquer das modalidades previstas, ser advertido que

    dever requerer junto dos servios da segurana social a concesso do respetivo benefcio,

    sob pena de incorrer nas consequncias previstas no n. 7 do artigo 39. da Lei n. 34/2004,

    de 29/07.

    SERVIO URGENTE PREVISTO NO CDIGO DE PROCESSO PENAL

  • 4

    Da deteno

    A deteno efetuada para, no prazo mximo de 48 horas, o detido ser:

    apresentado a julgamento sob a forma sumria;

    presente ao juiz para 1. interrogatrio judicial de arguido detido artigo 141.

    Pode ainda o detido,

    ser interrogado pelo Ministrio Pblico (doravante M P) 1. interrogatrio no

    judicial de arguido detido artigo 143.

    O PROCESSO SUMRIO

    Quando aplicvel

    (artigos 381. e seguintes)

    Para que um arguido possa ser julgado em processo sumrio necessrio que tenha sido

    detido em flagrante delito, salvo se se tratar de crime a que corresponda a al. m) do artigo

    1. ou por crime previsto no ttulo III e no captulo I do ttulo V do livro II do Cdigo Penal e na

    Lei Penal Relativa s Violaes do Direito Internacional Humanitrio.

    Notificaes / Prazo para o arguido apresentar a sua defesa

    (artigo 383.)

    Quem tiver procedido deteno, notifica verbalmente, no prprio ato, as testemunhas

    presentes, em nmero no superior a sete, e o ofendido, para comparecerem perante o M P

    junto do Tribunal competente para o julgamento.

    O arguido notificado de que tem direito a prazo no superior a 15 dias para apresentar a

    sua defesa, o que deve comunicar ao M P junto do tribunal competente para o julgamento e

    de que pode apresentar at sete testemunhas, sendo estas verbalmente notificadas caso se

    achem presentes.

  • 5

    Procedimento seguinte deteno

    (artigo 382.)

    A autoridade judiciria, se no for o M P, ou a entidade policial que tiverem procedido

    deteno ou a entidade policial a quem tenha sido efetuada a entrega do detido (que redigir

    auto sumrio da entrega):

    apresenta o detido, imediatamente ou no mais curto prazo possvel, sem

    exceder as 48 horas, ao M P junto do tribunal competente para o

    julgamento, que assegura a nomeao de defensor ao arguido (caso este no

    tenha constitudo mandatrio).

    Apresentado expediente/processo, o M P, poder despachar no sentido de:

    apresentar imediatamente, ou no mais curto prazo possvel, o arguido ao tribunal

    competente para o julgamento sob a forma sumria;

    determinar a suspenso provisria do processo (artigo 281.) ou o arquivamento por

    dispensa de pena (artigo 280.). Nestes casos, o M P pode interrogar o arguido para

    efeitos de validao da deteno e libertao do arguido, devendo o juiz de instruo

    pronunciar-se no prazo mximo de 48 horas sobre a proposta da suspenso ou

    arquivamento. Se o juiz no concordar e o arguido no tiver exercido o direito a

    prazo, ser notificado para comparecer no prazo mximo de 15 dias aps a deteno;

    proferir despacho ordenando a realizao de diligncias de prova que considere

    necessrias;

    interrogar, libertar ou apresentar o arguido ao juiz de instruo criminal (JIC) para

    aplicao de medida de coao ou de garantia patrimonial;

    notificar o arguido e testemunhas para comparecerem decorrido o prazo solicitado

    pelo arguido para a preparao da sua defesa ou o prazo necessrio realizao das

    diligncias de prova em data compreendida at ao limite de 20 dias aps a deteno.

    O arguido que no se encontre sujeito a priso preventiva notificado com a advertncia de

    que o julgamento se realizar mesmo que no comparea, sendo representado por defensor

    para todos os efeitos legais (n. 6).

  • 6

    NOTA:

    As notificaes devem ser efetuadas com observncia das regras dos artigos 116. e 117.

    (sano pela falta de comparecimento e justificao da falta).

    Casos de libertao do arguido

    (artigo 385.)

    Nos casos de crime punvel com pena de priso ou de concurso de infraes, cujos limites

    mximos no sejam superiores a 5 anos de priso, o arguido detido, caso no seja

    imediatamente apresentado ao juiz, pode ser libertado.

    No caso de libertao, o rgo de polcia criminal sujeita o arguido a termo de identidade e

    residncia e notifica-o:

    para comparecer perante o M P, no dia e hora que forem designados, para ser

    submetido a audincia de julgamento em processo sumrio, com a advertncia de que

    esta se realizar, mesmo que no comparea, sendo representado por defensor; ou,

    para ser submetido a primeiro interrogatrio judicial e eventual aplicao de medida

    de coao ou de garantia patrimonial (als. a) e b) do n. 2).

    Assistentes e partes civis

    (artigo 388.)

    As pessoas com legitimidade para tal podem constituir-se assistentes ou intervir como partes

    civis, se assim o solicitarem, ainda que verbalmente, at ao incio da audincia.

    Para se constituir assistente, o requerente deve constituir advogado e autoliquidar a taxa de

    justia devida no montante de 1 UC n. 1 do artigo 8. do RCP , sem prejuzo do disposto no

    regime do apoio judicirio.

  • 7

    O incio do julgamento tem lugar:

    (artigo 387.)

    no prazo de 48 horas aps a deteno;

    at ao limite do 5. dia posterior deteno quando houver interposio de um ou

    mais dias no teis no referido prazo das 48 horas, nos casos em que a apresentao

    ao juiz no tiver lugar em ato seguido deteno;

    at ao limite do 15. dia posterior deteno se o juiz no concordar com o

    arquivamento por dispensa de pena ou com a suspenso provisria do processo;

    at ao limite de 20 dias, aps a deteno sempre que o arguido tiver requerido prazo

    para preparao da sua defesa ou o M P julgar necessria a realizao de diligncias

    de prova.

    A falta de testemunhas de que o M P, o assistente ou o arguido no prescindam, no

    motivo para adiamento do julgamento, sendo as presentes inquiridas pela ordem indicada nas

    als. b) e c) do artigo 341. (n. 3).

    As testemunhas que no se encontrem notificadas (pelo M P, nos termos do n. 5 do artigo

    382., ou pela entidade que tiver procedido deteno, nos termos do artigo 383.) so

    sempre a apresentar. Caso falte alguma testemunha audincia, o juiz poder ordenar a sua

    imediata notificao (n. 4).

    Em caso de impossibilidade de o juiz titular iniciar a audincia nos prazos previstos nos n.os 1

    e 2, deve intervir o juiz substituto (n. 5).

    A audincia pode ser adiada:

    Pelo prazo mximo de 10 dias, a requerimento do arguido com vista ao exerccio do

    contraditrio, sem prejuzo de se proceder tomada de declaraes aos presentes (n. 6);

    Pelo prazo mximo de 20 dias, para obter a comparncia de testemunhas devidamente

    notificadas ou para a juno de exames, relatrios periciais ou documentos, cujo depoimento

    ou juno o juiz considere imprescindveis para a boa deciso da causa (n. 7).

    Os exames, relatrios periciais e documentos que se destinem a instruir processo sumrio

    revestem, para as entidades a quem so requisitados, carcter urgente, devendo o M P ou

    juiz requisit-las ou insistir pelo seu envio com essa meno (n. 8).

    Nos casos de crime punvel com pena de priso ou de concurso de infraes, cujos limites

    mximos no sejam superiores a 5 anos de priso, toda a prova deve ser produzida no prazo

  • 8

    mximo de 60 dias a contar da data da deteno, podendo, excecionalmente, por razes

    devidamente fundamentadas, designadamente por falta de algum exame ou relatrio pericial,

    ser produzida no prazo mximo de 90 dias a contar da data da deteno (n. 9).

    Nos casos de crime punvel com pena de priso ou de concurso de infraes, cujos limites

    mximos sejam superiores a 5 anos de priso, os prazos a que alude o nmero anterior

    elevam-se para 90 e 120 dias, respetivamente (n. 10).

    Da audincia tramitao

    (artigo 389.)

    A acusao pode ser substituda pela leitura do auto de notcia (n 1 do artigo 389.) e a

    apresentao da acusao e da contestao substituem as exposies introdutrias (n. 5 do

    artigo 389.).

    O M P dever apresentar acusao nos casos de crime punvel com pena de priso ou de

    concurso de infraes, cujos limites mximos sejam superiores a 5 anos de priso.

    O M P pode ainda completar por despacho a factualidade do auto de notcia, despacho esse

    que ser lido no julgamento.

    Quando tiver considerado necessria a realizao de diligncias, o M P, se no apresentar

    acusao, deve juntar requerimento com a indicao das testemunhas a apresentar ou outra

    qualquer prova que junte ou proteste juntar.

    A acusao, a contestao, o pedido de indemnizao e a sua contestao, quando

    verbalmente apresentados, so documentados na ata, nos termos dos artigos 363. (ata) e

    364. (registo udio ou audiovisual) - n. 4 do artigo 389.

    Quando houver lugar a registo udio ou audiovisual devem ser consignados na ata o incio e o

    termo da gravao de cada declarao.

    No mais, o julgamento em processo sumrio regula-se, pelas disposies relativas ao

    julgamento em processo comum - n. 1 do artigo 386.

    Os atos e termos do julgamento so reduzidos ao mnimo indispensvel ao conhecimento e

    boa deciso da causa n. 2 do artigo 386.

  • 9

    Da sentena

    (artigo 389. -A)

    A sentena logo proferida oralmente n. 1 do artigo 389.-A , salvo se for aplicada pena

    privativa da liberdade ou as circunstncias o tornem necessrio, casos em que o juiz

    elaborar a sentena por escrito.

    A sentena , sob pena de nulidade, documentada, nos termos dos artigos 363. (ata) e 364.

    (registo udio ou audiovisual) n. 3 do artigo 389.-A.

    Face gravao, o dispositivo sempre ditado para a ata, nomeadamente:

    as disposies legais aplicveis;

    a deciso condenatria ou absolutria;

    a indicao do destino a dar a coisas ou objetos relacionados com o crime;

    a ordem de remessa de boletins ao registo criminal;

    observao em matria de custas.

    sempre entregue cpia da gravao ao arguido, ao assistente e ao M P, no prazo de 48

    horas, salvo se aqueles expressamente declararem prescindir da entrega, sem prejuzo de

    qualquer sujeito processual a poder requerer nos termos do n. 4 do artigo 101. - n 4 do

    artigo 389.-A.

    Elaborada a ata, sero cumpridos no tribunal de turno, os atos que se entendam como

    urgentes, designadamente e consoante os casos:

    restituio do arguido liberdade;

    passagem dos mandados de conduo ao estabelecimento prisional;

    recolha das impresses digitais e da assinatura do arguido condenado no boletim

    datiloscpico do Habilus (al. a), n. 5, e n 6 do artigo 5. do DL 381/98, de 27 de

    novembro), a remeter DSIC aps trnsito da sentena.

  • 10

    Reenvio para outra forma de processo

    (artigo 390.)

    O juiz pode determinar a tramitao do processo sob outra forma, designadamente se for

    inadmissvel o processo sumrio, ou se:

    o M P, o arguido ou o assistente requererem a interveno do tribunal do jri (o M

    P e o arguido at ao incio da audincia; o assistente, no incio da audincia);

    no tenha sido possvel a realizao das diligncias de prova necessrias descoberta

    da verdade, no prazos mximos de 90 e 120 dias, nos termos dos n.os 9 e 10 do artigo

    387, respetivamente.

    Recursos

    (artigo 391.)

    Em processo sumrio s admissvel recurso da sentena ou de despacho que puser termo ao

    processo.

    O prazo para interposio do recurso conta-se a partir da entrega da cpia da gravao da

    sentena n. 2 do artigo 391.

    1 INTERROGATRIO JUDICIAL DE ARGUIDO DETIDO

    (artigo 141. do CPP)

    O arguido detido que no deva ser de imediato julgado interrogado pelo juiz de instruo no

    prazo mximo de 48 horas aps a deteno n.1 do artigo 141.

    O interrogatrio feito exclusivamente pelo juiz, com assistncia do M P, do defensor e

    estando presente o funcionrio de justia, e, quando obrigatrio, o intrprete. No

    admitida a presena de qualquer outra pessoa, a no ser que por razes de segurana o

    arguido deva ser guardado vista n. 2 do artigo 141.

  • 11

    O arguido detido tem direito a comunicar, mesmo em privado, com o seu defensor, sem

    prejuzo desta comunicao ocorrer vista quando assim o impuserem razes de segurana,

    mas em condies de no ser ouvida pelo encarregado da vigilncia (al. f) do n.1 e n. 2 do

    artigo 61.).

    O arguido perguntado pelo seu nome, filiao, naturalidade, data de nascimento, estado

    civil, profisso, residncia, local de trabalho. Dever ser advertido que a falta de respostas a

    estas perguntas ou a falsidade das respostas o pode fazer incorrer em responsabilidade penal.

    O arguido ser informado:

    a) Dos direitos referidos no n. 1 do artigo 61., explicando-lhos se isso for necessrio;

    b) De que no exercendo o direito ao silncio as declaraes que prestar podero ser

    utilizadas no processo, mesmo que seja julgado na ausncia, ou no preste declaraes em

    audincia de julgamento, estando sujeitas livre apreciao da prova;

    c) Dos motivos da deteno;

    d) Dos factos que lhe so concretamente imputados, incluindo, sempre que forem conhecidas,

    as circunstncias de tempo, lugar e modo; e

    e) Dos elementos do processo que indiciam os factos imputados, sempre que a sua

    comunicao no puser em causa a investigao, no dificultar a descoberta da verdade nem

    criar perigo para a vida, a integridade fsica ou psquica ou a liberdade dos participantes

    processuais ou das vtimas do crime;

    ficando todas as informaes, exceo das previstas na alnea a), a constar do auto de

    interrogatrio.

    O interrogatrio do arguido efetuado, em regra, atravs de registo udio ou audiovisual,

    s sendo permitida a utilizao de outros meios, quando aqueles no estiverem disponveis, o

    que dever ficar a constar do auto.

    Tendo sido utilizado o registo udio ou audiovisual, devem ser consignados no auto o incio e

    o termo da gravao de cada declarao.

    Por fora do n. 9 do artigo 141., correspondentemente aplicvel o disposto no artigo

    101., designadamente, sempre que for utilizado o registo udio ou audiovisual, deve ser

    entregue cpia a qualquer sujeito processual que a requeira, no prazo mximo de 48 horas,

    sem prejuzo do disposto relativamente ao segredo de justia.

  • 12

    1 INTERROGATRIO NO JUDICIAL DE ARGUIDO DETIDO

    (Artigo 143.)

    O interrogatrio no judicial efetuado pelo M P e obedece, na parte aplicvel, s

    disposies relativas ao 1. interrogatrio judicial de arguido detido.

    Aps o interrogatrio, o M P pode libertar o arguido ou providencia para que o mesmo seja

    presente ao juiz para primeiro interrogatrio judicial de arguido detido.

    EXTRADIO

    Nos termos do n. 1 do artigo 49. da Lei da Cooperao Judiciria Internacional em Matria

    Penal, competente para o processo judicial de extradio o tribunal da Relao em cujo

    distrito judicial residir ou se encontrar a pessoa reclamada ao tempo do pedido.

    Sempre que a deteno de extraditando no possa, por qualquer motivo, ser apreciada pelo

    tribunal da Relao, o detido apresentado ao M P junto do tribunal de 1. instncia da

    sede do tribunal da Relao competente n. 5 do artigo 53.

    Neste caso, a audio tem lugar, exclusivamente, para efeitos de validao e manuteno da

    deteno pelo juiz do tribunal de 1. instncia, devendo o M P tomar as providncias

    adequadas apresentao do extraditando no primeiro dia til subsequente n. 6 do artigo

    53.

    LEI DA COOPERAO JUDICIRIA INTERNACIONAL EM MATRIA PENAL

    Lei 144/99, de 31/08

  • 13

    INTERNAMENTO COMPULSIVO

    Os processos de internamento compulsivo tm natureza secreta e urgente artigo 36.

    Considera-se internamento compulsivo, o internamento por deciso judicial do portador de

    anomalia psquica grave al. a) do artigo 7.

    O portador de anomalia psquica pode ser internado compulsivamente de urgncia (art 22.).

    As autoridades de polcia ou de sade pblica determinam, atravs de mandado, que o

    portador de anomalia psquica seja conduzido a estabelecimento com urgncia psiquitrica. O

    mandado cumprido pelas foras policiais (em caso de urgncia pode proceder-se conduo

    sem mandado) e a conduo do internando comunicada de imediato ao M P (artigo 23.).

    O internando apresentado de imediato no estabelecimento com urgncia psiquitrica mais

    prximo do local em que se iniciou a conduo, onde submetido a avaliao clinico-

    psiquitrica com registo clnico (artigo 24.).

    Quando da avaliao clnico-psiquitrica se concluir pela necessidade de internamento e o

    internando a ele se opuser, o estabelecimento comunica, de imediato, ao tribunal judicial

    com competncia na rea a admisso daquele, com cpia do mandado e do relatrio da

    avaliao n. 1 do artigo 25. Recebida a comunicao, o juiz nomeia defensor e manda

    abrir vista ao M P (n. 1 do artigo 26.).

    Realizadas as diligncias necessrias, o juiz profere deciso de manuteno ou no do

    internamento, no prazo mximo de 48 horas a contar da privao da liberdade (n. 2 do artigo

    26.).

    Atos a praticar: comunicao da deciso ao tribunal competente; notificao do internado, do

    familiar mais prximo e do defensor n.os 3 e 4 do artigo 26.

    Habeas corpus em virtude de privao da liberdade ilegal

    Dispe o artigo 31.:

    1 - O portador de anomalia psquica privado da liberdade, ou qualquer cidado no gozo dos

    seus direitos polticos, pode requerer ao tribunal da rea onde o portador se encontrar a

    imediata libertao com algum dos seguintes fundamentos:

    LEI DA SADE MENTAL - Lei n. 36/98, de 24/07

  • 14

    a) Estar excedido o prazo (das 48 horas) previsto no artigo 26., n. 2;

    b) Ter sido a privao da liberdade efetuada ou ordenada por entidade incompetente;

    c) Ser a privao da liberdade motivada fora dos casos ou condies previstas nesta lei.

    2 - Recebido o requerimento, o juiz, se o no considerar manifestamente infundado, ordena,

    se necessrio por via telefnica, a apresentao imediata do portador da anomalia psquica.

    3 - Juntamente com a ordem referida no nmero anterior, o juiz manda notificar a entidade

    que tiver o portador da anomalia psquica sua guarda, ou quem puder represent-la, para

    se apresentar no mesmo ato munida das informaes e esclarecimentos necessrios deciso

    sobre o requerimento.

    4 - O juiz decide, ouvidos o Ministrio Pblico e o defensor constitudo ou nomeado para o

    efeito.

    As decises de internamento so recorrveis artigo 32.

    Os tribunais remetem Comisso Para Acompanhamento da Execuo do Regime de

    Internamento Compulsivo - Direo-Geral de Sade 1, cpia das decises de internamento

    n. 1 do artigo 42.

    Subsidiariamente aplica-se o Cdigo de Processo Penal artigo 9.

    CRIANAS E JOVENS EM PERIGO

    (artigos 91. e 92.)

    Quando exista perigo para a vida ou integridade fsica da criana ou do jovem solicitada a

    interveno do tribunal.

    1 Alameda D. Afonso Henriques, 45, 1049-005 Lisboa. e-mail: [email protected]

    LEI DA PROTEO DE CRIANAS E JOVENS EM PERIGO - Lei n. 147/99, de 01/09

  • 15

    Recebida a comunicao, o M P requer imediatamente ao tribunal procedimento judicial

    urgente.

    O tribunal deve proferir deciso provisria, no prazo de 48 horas, para o que poder proceder

    a diligncias, aplicar medidas ou determinando o que tiver por conveniente relativamente ao

    destino da criana ou do jovem.

    Proferida a deciso provisria, o processo segue os seus termos como processo judicial de

    promoo e proteo.

    Os processos de promoo e proteo tm natureza urgente, correndo em frias judiciais

    artigo 102.

    DETENO E INTERROGATRIO DE MENOR

    Nos termos do n. 1 do artigo 41., o processo tutelar secreto at ao despacho que designar

    data para a audincia preliminar ou para a audincia, se aquela no tiver lugar.

    Em caso de flagrante delito, a deteno do menor, com idade compreendida entre os 12 e os

    16 anos, efetuada:

    - Para, no mais curto prazo, sem nunca exceder quarenta e oito horas, ser apresentado ao

    juiz, a fim de ser interrogado ou para sujeio a medida cautelar al. a) do n. 1 do artigo

    51..

    Ao primeiro interrogatrio podem assistir, os pais, o representante legal ou pessoa que tiver a

    guarda de facto do menor artigo 55.

    Nos termos do n. 2 do artigo 46. No tendo sido anteriormente constitudo ou nomeado, a

    autoridade judiciria nomeia defensor no despacho em que determine a audio ou a

    deteno do menor.

    LEI TUTELAR EDUCATIVA - Lei n. 166/99, de 14/09

  • 16

    A participao do menor em qualquer diligncia processual, ainda que sob deteno ou

    guarda, faz-se de modo a que se sinta livre na sua pessoa e com o mnimo de constrangimento

    - n. 1 do artigo 45.

    So medidas cautelares (artigo 57.):

    A entrega do menor aos pais, representante legal, pessoa que tenha a sua guarda de

    facto ou outra pessoa idnea, com imposio de obrigaes ao menor;

    A guarda do menor em instituio pblica ou privada;

    A guarda do menor em centro educativo.

    Proferida a deciso da medida cautelar, notificado o menor e comunicado aos pais,

    representante legal ou pessoa que tenha a sua guarda de facto n.3 do artigo 59.

    A ttulo subsidirio aplica-se o Cdigo de Processo Penal e, nos casos omissos, as normas do

    processo civil que se harmonizem com o processo tutelar - artigo 128.

    ENTRADA, PERMANNCIA, SADA E AFASTAMENTO DE ESTRANGEIROS

    Reembarque aps recusa de entrada

    (artigo 38.)

    Sempre que no seja possvel efetuar o reembarque do cidado estrangeiro dentro de 48

    horas aps a deciso do Servio de Estrangeiros e Fronteiras (doravante SEF) de recusa de

    REGIME JURDICO DA ENTRADA, PERMANNCIA, SADA E AFASTAMENTO DE

    ESTRANGEIROS DO TERRITRIO NACIONAL- Lei n. 23/2007, de 04/07

  • 17

    entrada, do facto dado conhecimento ao juiz2 a fim de ser determinada a manuteno

    daquele em centro de instalao temporria ou espao equiparado (n. 4 do artigo 38.).

    Deciso de afastamento coercivo

    (artigo 146.)

    O cidado estrangeiro que entre ou permanea ilegalmente em territrio nacional detido e

    deve ser presente ao juiz, no prazo mximo de 48 horas a contar da deteno (n. 1 do artigo

    146.), para validao e eventual aplicao de medidas de coao.

    O interrogatrio judicial deve obedecer ao formalismo do disposto no artigo 141. do CPP.

    Precavendo-se a necessidade de interveno de intrprete, deve a seco dispor de uma lista

    de intrpretes.

    Se for determinada a colocao em centro de instalao temporria ou

    espao equiparado, dar-se- conhecimento do facto ao SEF para que

    promova o competente processo visando o afastamento do estrangeiro do

    territrio nacional (n. 2 do artigo 146.);

    Se no for determinada a colocao em centro de instalao temporria ou

    espao equiparado ser igualmente comunicado ao SEF, para o mesmo

    efeito, notificando-se ainda o estrangeiro para comparecer no respetivo

    Servio de Estrangeiros (n.4 do artigo 146.).

    O cidado estrangeiro detido nos termos do n 1 do artigo 146. que, durante o interrogatrio

    judicial, declara pretender abandonar o territrio nacional pode, por determinao do juiz,

    ser entregue custdia do SEF para efeitos de conduo ao posto de fronteira e afastamento

    no mais curto espao de tempo possvel (n. 1 do artigo 147.).

    Compete ao SEF dar execuo s decises de afastamento coercivo e de expulso artigo

    159.

    Se no for possvel executar a deciso de afastamento coercivo ou de expulso no prazo de 48

    horas aps a deteno para o efeito, dado conhecimento do facto ao juiz, a fim de ser

    determinada a manuteno do cidado estrangeiro em centro de instalao temporria ou em

    espao equiparado (n. 2 do artigo 161.).

    2 Os tribunais competentes so os da pequena instncia criminal ou de comarca do local onde for encontrado o cidado estrangeiro.

  • 18

    Decises de afastamento tomadas por autoridade administrativa competente de Estado

    membro da Unio Europeia ou de Estado parte na Conveno de Aplicao (Schengen)

    O nacional de Estado terceiro que permanea ilegalmente em territrio nacional e sobre o

    qual exista uma deciso (de um Estado Membro da UE ou de Estado parte na Conveno de

    Aplicao Schengen) de afastamento detido por autoridade policial e entregue custdia

    do SEF acompanhado do respetivo auto, devendo o mesmo ser conduzido fronteira (n. 2 do

    artigo 171.).

    Sempre que a execuo do afastamento no seja possvel no prazo de 48 horas aps a

    deteno, o nacional de Estado terceiro presente ao juiz para a validao da deteno e

    eventual aplicao de medidas de coao (n.5 do artigo 171.).

    Medidas de coao

    (artigo 142.)

    Nos processos de expulso, para alm das medidas de coao enumeradas no Cdigo de

    Processo Penal, com exceo da priso preventiva, o juiz pode, determinar:

    a) Apresentao peridica no SEF;

    b) Obrigao de permanncia na habitao com utilizao de meios de vigilncia eletrnica,

    nos termos da lei;

    c) Colocao do expulsando em centro de instalao temporria ou em espao equiparado,

    nos termos da lei.

    BOM TRABALHO!

  • 19

    NDICE

    Nota introdutria 2

    Legislao 2

    Servio urgente previsto no Cdigo de Processo Penal: 3

    - O Processo Sumrio 4

    Quando aplicvel 4

    Notificaes Prazo para o arguido apresentar a sua defesa 4

    Procedimento seguinte deteno 5

    Casos de libertao do arguido 6

    Assistentes e Partes Civis 6

    O incio do julgamento 7

    Adiamento da audincia 7

    Audincia tramitao 8

    Sentena 9

    Reenvio para outra forma de processo 10

    Recursos 10

    - 1. Interrogatrio Judicial de Arguido Detido 10

    - 1. Interrogatrio No Judicial de Arguido Detido 12

    Extradio 12

    Internamento Compulsivo 13

    Habeas Corpus em virtude de privao da liberdade 13

    Crianas e Jovens em Perigo 14

    Deteno e Interrogatrio de Menor (LTE) 15

    Entrada, Permanncia, Sada e Afastamento de Estrangeiros 16

    Reembarque aps recusa de entrada 16

    Deciso de afastamento coercivo 17

    Decises de afastamento de outros Estados da UE ou Schengen 18

    Medidas de Coao 18

  • 20

    Coleo : Processo Penal

    Autor:

    Direo-Geral da Administrao da

    Justia/DSAJ/Diviso de Formao

    Titulo:

    Texto de Apoio Tribunais de Turno

    Coordenao tcnico-pedaggica:

    Diviso de formao

    Coleo Pedaggica:

    DGAJ/Diviso de formao

    1 Edio

    Ms outubro 2013