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Coleta Beneficiamento e Análise Coleta Beneficiamento e Análise Fátima Silva Mekdece Everton Cristo de Almeida Breno Pinto Rayol Fátima Silva Mekdece Everton Cristo de Almeida Breno Pinto Rayol Manual de Sementes Florestais do Oeste do Pará Manual de Sementes Florestais do Oeste do Pará

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ColetaBeneficiamentoe Análise

ColetaBeneficiamentoe Análise

Fátima Silva MekdeceEverton Cristo de AlmeidaBreno Pinto Rayol

Fátima Silva MekdeceEverton Cristo de AlmeidaBreno Pinto Rayol

Manual de SementesFlorestais doOeste do Pará

Manual de SementesFlorestais doOeste do Pará

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Manual de Sementes Florestais

do Oeste do ParáColeta, Beneficiamento e Análise

Organizadores

Fátima Silva MekdeceEverton Cristo de Almeida

Breno Pinto Rayol

Primeira edição

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Governo do Brasil

Presidenta da RepúblicaDilma Vana Rousseff

Reitor da UFOPASeixas Lourenço

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Diretor do IBEFJoão Ricardo Vasconcelos Gama

Laboratório de Sementes FlorestaisCoordenador

Breno Pinto Rayol

Organizadores

Fátima Silva Mekdece - Engª FlorestalEverton Cristo de Almeida - M.Sc. Professor Assistente

Breno Pinto Rayol - M.Sc. Professor Assistente

Primeira edição

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Supervisão editorialxxxxxxxxxx

Revisão de textoxxxxxxxxxx

Projeto Gráfico e Editoração EletrônicaEverton Cristo de Almeida

Breno Pinto Rayol

FotosEverton Cristo de Almeida

Breno Pinto RayolFátima Silva Mekdece

Universidade Federal do Oeste do ParáRua Vera Paz, s/n - Bairro Salé

CEP 68035-110 e Av. Marechal Rondon, S/N - Caranazal

CEP 68.000-000 Santarém - ParáFone: (093) 3064 9051 - 2101 4948

Parceiro que for apoiarxxxxxxxxxxxx

Mekdece, Fátima SilvaManual de Sementes Florestais do Oeste do Pará: coleta, beneficiamento e análise Fátima Silva Mekdece...[et al.]. Santarém, PA: Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Laboratório de Sementes Florestais, 2011.

Xxp.: il.; 29 x 21 cm1ª ediçãoISBN: XXXXXXXXXXX

1. Silvicultura, 2. Tecnologia de semenetes, 3. Curuá-Una, 4. AmazôniaI. . II. III.

CDD XXXXXXXXXX

Mekdece, Fátima Silva Almeida, Everton Cristo de Rayol, Breno Pinto

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Considerações e perspectivasConsiderações e perspectivas

Os ícones informativos, presentes no cabeçálho, foram criados para estimular a dinâmica na leitura e

compreensão sobre as características ecológicas das espécies estudadas, explicando de forma direta quais

as principais informações relacionandas ao tipo de fruto, forma de germinação, coleta e dispersão das

sementes. As ilustrações denotam de maneira fiel o evento que o ícone expressa.

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ApresentaçãoApresentação

Os ícones informativos, presentes no cabeçálho, foram criados para estimular a dinâmica na leitura e

compreensão sobre as características ecológicas das espécies estudadas, explicando de forma direta quais

as principais informações relacionandas ao tipo de fruto, forma de germinação, coleta e dispersão das

sementes. As ilustrações denotam de maneira fiel o evento que o ícone expressa.

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SumárioSumárioConsiderações e PerspectivasApresentaçãoMetodologia 08Espécies SelecionadasABIURANA CARAMURI 15 (Pouteria macrocarpa (Mart.) D. Dietr. - SAPOTACEAE)ABIURANA CASCA GROSSA 16

(Pouteria oppositifolia (Ducke) Baehni - SAPOTACEAE)ABIURANA GRANDE VERMELHA 17

(Pouteria guianensis Aubl. - SAPOTACEAE)ABIURANA PITOMBA 18

(Pouteria egregia Sandwith - SAPOTACEAE)ABIURANA VERMELHA 19

(Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk - SAPOTACEAE)ACAPU 20

(Vouacapoua americana Aubl - FABACEAE)ACARIQUARA 21

(Minquartia guianensis Aubl - OLACACEAE)ACHUÁ 22

(Saccoglottis guianensis Benth - HUMIRIACEAE)ANANI 23

(Symphonia globulifera L. - CLUSIACEAE)ANDIROBA 24

(Carapa guianensis Aubl - MELIACEAE)ANGELIM DA MATA 25

(Hymenolobium flavum Kleinhoonte - FABACEAE)ANGELIM PEDRA 26

(Dinizia excelsa Ducke - FABACEAE)AROEIRA 27

(Astronium fraxinifolium Schott - ANACARDIACEAE)BREU BRANCO 28

(Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand - BURSERACEAE)BREU SUCURUBA 29

(Trattinickia burserifolia Mart - BURSERACEAE)CARAIPÉ 30

(Couepia guianensis Aubl. - CHRYSOBLANACEAE)

CARAPANAUBA AMARELA 31(Aspidosperma discolor A. DC. - APOCYNACEAE)

CASTANHA DO PARÁ 32(Bertholletia excelsa Bonpl. - LECYTHIDACEAE)

CASTANHA SAPUCAIA 33(Lecythis paraensis Huber - LECYTHIDACEAE)

CEDRO VERMELHO 34(Cedrela odorata L. - MELIACEAE)

COATAQUIÇAUA 35(Peltogyne paniculata Benth - FABACEAE)

COPAIBA 36(Copaifera multijuga Hayne - FABACEAE)

COPAIBARANA 37(Copaifera martii Hayne - FABACEAE)

CUIARANA DE CAROÇO 38(Buchenavia grandis Ducke - COMBRETACEAE)

CUIARANA FOLHA MUIDA 39(Buchenaria parvifolia Ducke - COMBRETACEAE)

CUMARU 40(Dipteryx odorata (Aubl) Willd - FABACEAE)

CUPIÚBA 41(Goupia globra Aubl. - GOUPIACEAE)

ENVIRA PRETA LISA 42(Guateria poeppigiana Mart. - ANNONACEAE)

FAEIRA 43(Roupala montana Aubl - PROTEACEAE)

FAVA ARARA 44(Parkia multijuga Benth - FABACEAE)

FAVA BOLOTA OU VISGUEIRO 45(Parkia pendula (willd.) Benth. ex Walpers - FABACEAE)

FAVA FOLHA FINA 46(Newtonia suaveolens (Miq) Brenan - FABACEAE)

FAVA MAPUXIQUI 47(Macrosamanea pedicellaris (DC) Kleinhoonte - FABACEAE)

FAVA ORELHA DE NEGRO 48(Enterolobium schomburgkii (Benth.) Benth. - FABACEAE)

GLÍCIA 49(Glycydendron amazonicum Ducke - EUPHORBIACEAE)

GOMBEIRA 50(Swartzia aptera DC - FABACEAE)

IPÊ DA PRAIA 51(Tabebuia cariba (Mart) Bureau - BIGNONIACEAE)

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IPÊ ROXO OU PAUD'ARCO ROXO 52(Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. - BIGNONIACEAE)

ITAÚBA 53(Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez - LAURACEAE)

JACARANDA DO PARÁ 54(Dalbergia spruceana (Benth.) Benth. - BIGNONIACEAE)

JOÃO MOLE 55(Neea mactaleirana Miers - NYCTAGINACEAE)

JUTAÍ MIRIM 56(Himenaea parvifolia Huber - FABACEAE)

JUTAÍAÇU OU JATOBÁ 57(Hymenaea courbaril L. - FABACEAE)

LOURO CANELA 58(Licaria guianensis Aubl. - LAURACEAE)

LOURO PRETO 59(Nectandra cuspidata Nees & Mart. - LAURACEAE)

MAÇARANDUBA 60(Manilkara huberi (Ducke) A. Chev. - SAPOTACEAE)

MAPARAJUBA 61(Manilkara bidentata subsp. surinamensis (Miq.) T.D. Penn. -

SAPOTACEAE)MARFIM 62

(Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. f. - OPILIACEAE)MATA MATA VERMELHO 63

(Lecythis idatimon Aubl. - LECYTHIDACEAE)MOGNO 64

(Swietenia macrophylla king - MELIACEAE)MOROTOTÓ 65

(Schefflera morototoni (Aubl) Maguire, Steyerm & Frodm - ARALIACEAE)MUIRACATIARA 66

(Astronium lecointei Ducke - ANACARDIACEAE)MUIRAJUÇARA 67

(Aspidosperma duckei Huber - APOCYNACEAE)MUIRAUBA FLOR ROXA 68

(Mouriri venulosa Naud. - MELASTOMATACEAE)PALHETEIRA 69

(Clitoria racemosa Sessé & Moc. - FABACEAE)

PARAPARÁ 70(Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don - BIGNONIACEAE)

PAU AMARELO 71(Euxylophora paraensis Huber - RUTACEAE)

PAU D'ARCO AMARELO OU IPÊ AMARELO 72(Tabebuia serratifolia (Vahl) G. Nicholson - BIGNONIACEAE)

PAUROSA 73(Aniba rosaedora Ducke - LAURACEAE)

PENTE DE MACACO 74(Apeiba macropetala Ducke - TILIACEAE)

PIQUIÁ 75(Caryocar villosum (Aubl.) Pers. - CARYOCARACEAE)

QUARUBA VERDADEIRA 76(Vochysia maxima Ducke - VOCHYSIACEAE)

SORVA GRANDE 77(Couma guianensis Aubl. - APOCYNACEAE)

SUCUÚBA 78(Himatanthus sucuuba (Spruce ex Müll. Arg.) Woodson -

APOCYNACEAE)TACHI BRANCO 79

(Tachigali paraensis (Huber) Barneby - CAESALPINIACEAE)TACHI PRETO FOLHAGRANDE 80

(Tachigali myrmecophylla Ducke - CAESALPINIACEAE)TATAJUBA 81

(Bagassa guianensis Aubl. - MORACEAE)TATAPIRIRICA 82

(Tapirira guianensis Aubl. - ANACARDIACEAE)

TENTO 83

(Ormosia paraensis Ducke - FABACEAE)UCUÚBA 84

(Virola surinamensis (Rol ex Rottb.) Warb. - MIRISTICACEAE)URUCURANA 85

(Sloanea sp. (Sloanea G. Don) - ELAEOCARPACEAE)UXI LISO 86

(Endopleura uchi ( Huber) Cuatrec - HUMIRIACEAE)Referências bibliográficas 87

SumárioSumário

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MetodologiaMetodologiaSolo Devido suas características geomorfológicas, a região de

Curuá-Una foi dividida em três sub-regiões distintas: Igapó, várzea e Terra firme e a terra firme em Flanco e Planalto, cuja diferença entre ambos caracteriza-se pela altitude e a natureza dos solos:

Planalto Onde estão localizadas as áreas de fenologia e coleta de sementes é caracterizado por latossolo amarelo, limo argiloso, profundo, textura pesada, boa drenagem, fortemente acida (pH 4,5-5), muito lixiviado, com poucos remanescentes no perfil, além de sílica, óxido hidratado de ferro e alumínio e argila caolinítica. Fertilidade natural baixa, problema de fixação de fosfato. Uma camada de folhas semi decompostas (manta) cobre o piso florestal.

Flanco foi subdividido em:a) Flanco baixo solos profundos bem drenados, de textura muito leve

(areia franca), fortemente ácidos (pH4,5-5) e facilmente penteáveis por raízes e umidade. Sua textura leve, além da reduzida fertilidade natural, reduz também a capacidade de reter a água e, desse modo, torna-os um pouco suscetíveis a seca. Provavelmente, também fixam o fosfato.

b) Transição do Flanco Baixo Os solos são semelhantes ao do flanco baixo, apenas são de textura um pouco mais pesada (franco arenoso sobre franco argilo arenoso)e, portanto tendentes a serem menos secos.

c) Flanco Alto Ocupam posições de dois a três metros acima dos solos circundantes do flanco baixo. Os solos do flanco alto possuem muitas características semelhantes aos solos do flanco baixo como fortemente ácidos, bem drenados e facilmente penteáveis por raízes e umidade, entretanto, tem uma textura ligeiramente mais pesada (flanco arenoso transnudando-se em argila no subsolo mais baixo) e são fortemente concrecionados na profundidade de 100 a 150 cm. A baixa fertilidade e a fixação do fosfato novamente se fazem presentes. (SUDAM,1979).

1- Área de estudoOs trabalhos de fenologia e coleta de sementes foram

conduzidos em duas áreas de 100 ha cada, na Estação Experimental de Curuá-Una EECU, localizada à margem direita do rio Curuá-Una afluente do rio Amazonas aproximadamente 50 km de sua embocadura, no município de Prainha-Pa, distante 110 km de Santarém-Pa. E os estudos complementares desenvolvidos no Laboratório de sementes Florestais e viveiro experimental do Centro de Tecnologia Madeireira da SUDAM em Santarém-Pa, atual Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas (IBEF).

Clima A Estação Experimental de Curuá-Una- EECU está localizada

entre os rios Tapajós e Xingu. Sua posição geográfica é equatorial com 2°23' latitude Sul e 54°24' longitude Oeste. Seu clima é tropical úmido, caracterizado por uma estação seca com menos de 50 mm de precipitação mensal, que vai de junho ate outubro, ocorrendo em quase todos os anos um prolongamento dessa estação durante o mês de janeiro com duração de uma a três semanas. A precipitação média anual é da ordem de 1720 mm. A média mensal das temperaturas máximas varia de 30 a 34°C., a média de variação das temperaturas mínimas esta na ordem de 21,5 a 28,1°C. a temperatura média anual corresponde a 27,5°C. e, devido essas condições meteorológicas, a EECU pode ser representativa de toda a região do Médio Amazonas.

Topografia A topografia é plana com a ocorrência de poucos igarapés,

altitude de 150m, com faixas ao longo dos rios apresentando altitude de 60m.

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MetodologiaMetodologia3- Coleta de frutos/sementes

Os frutos/sementes da maioria das espécies estudadas foram coletados no chão, embaixo da árvore matriz, logo após a queda espontânea. Apenas os frutos secos deiscentes em que as sementes são dispersas pelo vento (anemocórica), como os ipês, Cedro, parapará e outros, foram colhidos diretamente da copa das árvores quando observado o início da abertura dos mesmos.

4- Extração /BeneficiamentoPara remoção das sementes dos frutos ditos carnosos o

processo foi manual. Inicialmente, os frutos foram amontoados ou imersos em água durante 12 a 24 horas para amolecimento da polpa depois, macerados e lavados em água corrente com o auxílio de peneira, para a retirada dos resíduos e separação das sementes.

Depois extraídas e bem lavadas, as sementes passaram por processo secagem a sombra e beneficiamento, também manual, com a retirada de material remanescente dos frutos, sementes quebradas, chochas e outros, para promover a uniformidade do lote.

No caso de frutos secos deiscentes, a extração das sementes foi realizada através da secagem dos frutos ao sol para completar a abertura. Enquanto que, os secos indeiscentes foram abertos com o uso de ferramentas como tesoura, faca, facão, martelo e outros, para a liberação das sementes. O beneficiamento foi o mesmo adotado às sementes de frutos carnosos.

5- Morfometria dos FrutosPara esse estudo, tornou-se necessário a retirada de uma

amostra de 100 (cem) frutos por espécie. Cada indivíduo foi submetido à mensuração do comprimento, largura e espessura com o uso de paquímetro digital e/ou régua milimetrada, além de pesagem em balança de precisão. Os resultados foram obtidos através do cálculo da média de cada um dos processos de medição.

2- Fenologia Após a demarcação das duas áreas de 100 ha cada (1000m x 1000m)foi realizado inventário 100% das árvores com diâmetro a partir de 10 cm e, a seguir, a seleção das matrizes considerando que as áreas eram povoadas por 163 espécies florestais, levando ainda em consideração os seguintes critérios:? Árvore de interesse comercial e biológico;? Árvore adulta bem representativa da espécie;? Árvore com ótimas características fenotípicas, para uma possível porta semente (fuste reto e sem defeito, copa bem conformada e centrada, aparentemente sadia e outros);? Seleção de 10 indivíduos por espécie.

Foram selecionadas 1.392 árvores, uma vez que, das 163 espécies existentes nas áreas, algumas não apresentavam 10 indivíduos adultos. Essas árvores foram mapeadas dentro da área, numeradas com plaquetas de alumínio (de 001 a 1.392) e submetidas à dendrometria, onde foram levantados dados de: circunferência a altura do peito (CAP) com o auxílio de fita métrica; altura comercial e total, estimada com a utilização de uma vara de 5m; diâmetro da copa tomado em cruz, seguindo sua projeção, com a utilização de fita métrica; e altura de sapopema, quando presente, também com fita métrica.

De cada árvore eleita, foi coletado material botânico para preparo de exsicatas que foram enviadas, inicialmente, ao Herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi e depois paro o da Embrapa Amazônia Oriental, para identificação.

As observações dos eventos biológicos repetitivos das espécies foram realizadas mensalmente com a utilização de binóculos, levantando os seguintes aspectos da fenologia reprodutiva:? Floração- Botões florais (BF), inflorescência presente (IP), flores abertas (FA), floração adiantada (FD), floração terminando (FT) e flores no chão (FC)? Frutificação- frutos verdes (FV), frutos maduros (FM), disseminação dos frutos (DF) e sementes no chão (SC)

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MetodologiaMetodologia9- Número de Sementes por Quilograma

O número de sementes/kg foi obtido através da média dos pesos de oito amostras de 100 (cem) sementes recém colhidas para depois ser calculado o peso de mil sementes e, por fim, a quantidade de indivíduos contidos em um kg., utilizando-se regra de três simples nos dois casos.

10- Germinação das SementesOs dados de germinação foram obtidos através de testes

instalados em substratos de areia lavada, vermiculita e terra preta esterilizados em estufa a 150°C durante seis horas. Segundo Figliolia e Piña-Rodrigues (1993), areia e vermiculita apresentam excelentes qualidades para germinação de sementes florestais.

Dependendo da quantidade de sementes obtidas, na condução dos experimentos, foram adotadas quatro repetições de 25 ou 50 sementes, semeadas com espaçamento de, no mínimo, duas vezes o tamanho de sua largura ou diâmetro, com o intuito de evitar contaminação por patógenos e entrelaçamento das plântulas. A temperatura do germinador controlada em 30°C + 3.

As observações foram realizadas diariamente, entretanto, o início das contagens de germinação deu-se a partir da emergência da primeira estrutura (radícula), em intervalos de cinco, sete e dez dias, dependendo da espécie e do comportamento da germinação, considerando a semente germinada com o surgimento e desenvolvimento das estruturas essenciais do embrião capazes de produzirem plantas normais.

O tempo de germinação foi contado a partir da data de instalação do teste até última contagem e encerramento do mesmo, considerando a média das quatro repetições.

A percentagem de germinação foi determinada através de regra de três simples, relacionando o número total de sementes do teste e o número de sementes germinadas como mostra o exemplo com sementes de Astronium fraxinifolium Schott germinadas em substrato de areia lavada e esterilizada:

Depois de medidos e pesados, os 100 (cem) frutos de espécies que continham mais de uma semente foram abertos para contagem do número de sementes por fruto, cujo resultado também foi obtido através do cálculo da média.

6- Morfometria das sementesO procedimento foi o mesmo adotado para a morfometria

dos frutos, ou seja: utilização de uma amostra de 100 (cem) sementes, tomada das medidas de comprimento largura ou diâmetro e espessura assim como a pesagem, com o uso dos mesmos equipamentos e materiais, para no final, serem calculadas suas médias.

7- Grau pureza das sementesDevido a pequena quantidade de sementes obtidas e ao

rigoroso beneficiamento, o teste de pureza não foi realizado em sementes da grande maioria das espécies estudadas, uma vez que o lote estava quase ou mesmo 100% puro.

8- Grau de umidade das sementesA determinação do grau de umidade inicial das sementes

das espécies estudadas foi realizada através do método em estufa a 105°C + 3 durante 24 horas com base no peso úmido, utilizando-se cápsulas de alumínio e balança de precisão, para duas amostras com o mesmo peso e o resultado obtido através da fórmula:

Onde:Pu - Peso úmidoPs - Peso seco

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Pu - PsPu - Ps

%GU = X 100

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MetodologiaMetodologia11.2- Escarificação ácida (H2SO4)As sementes foram imersas em ácido sulfúrico concentrado

(H2So4) durante 2, 5, 8, 10, 15, 30, 45 e 60 minutos, utilizando-se dois volumes do ácido para um de sementes, posteriormente, lavadas em água corrente durante 10 minutos para finalmente ser instalado o teste de germinação em laboratório.

11.3 Imersão em Peróxido de Hidrogênio (H2O2)Nesse método as sementes foram imersas em peróxido de

hidrogênio durante 15, 30, 45 e 60 minutos, posteriormente, lavadas em água corrente durante cinco a dez minutos e por fim, submetidas a teste de germinação em laboratório.

11.4 - Escarificação mecânicaNesse método as sementes foram submetidas a escarificador

elétrico durante 30, 60, 90 e 120 segundos, ou simplesmente atritadas em lima ou lixa depois lavadas com água destilada e postas para germinar em condições de laboratório.

11.5 Lavagem em água correnteAntes da instalação do teste de germinação as sementes

passaram por processo de lavagem em água corrente com o propósito de remover possíveis substâncias inibidoras da germinação que são solúveis em água.

Os testes de germinação após a aplicação de cada método para superação de dormência foram também instalados em substrato de areia lavada e esterilizada, vermiculita e terra preta, utilizando-se cinco repetições de 25 ou 50 indivíduos e em germinador a temperatura de 30°C + 3.

Repetição I II III IVN° de sementes/repetição 50 50 50 50Sementes germinadas 47 44 45 49

Total de sementes do teste = 200Total de sementes germinadas = 47 + 44 + 45 + 49 = 185Então:

200 ________100%185 ________ X% de germinação = 92,5%

11- Quebra de DormênciaSementes de espécies que não germinavam em um prazo pré determinado de tempo apesar de terem sido fornecidas todas as condições necessárias para que isso acontecesse ou então demoravam muito para germinar e a germinação era bastante desuniforme, caracterizava presença de dormência. Dependendo da quantidade de indivíduos disponíveis, foram aplicados diferentes métodos com o objetivo de detectar qual o mais eficaz para superação de dormência das sementes da espécie em estudo. Os métodos mais aplicados foram:

11.1- Imersão das sementes em água As sementes foram imersas em água à temperatura ambiente,

70°C, 80°C, 90°C e 100°C e permaneceram nessa água, fora do aquecimento, por períodos de 4, 8, 16, 20, e 24 horas e posteriormente submetidas a teste de germinação, em laboratório. Nesse método foram testados a temperatura da água e o tempo de imersão em cada temperatura.

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MetodologiaMetodologia

Coleta Beneficiamento Análise

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Indica que a germinação é do tipo epígea

É quando os cotilédones e a gema apical são elevados acima do nível do solo, em sua grande maioria são do tipo fanerocotiledonar, ou seja, quando o cotilédone rompe o tegumento da semente e se expande.

Indica que a germinação é do tipo hipógea

É q u a n d o o s c o t i l é d o n e s parmanecem no do nível do solo ou abaixo dele, em sua grande maioria são do tipo criptocotiledonar, ou seja, quando o cotilédone permanece no interior da testa do tegumento até o final da germinação.

Indica que a semente é coletada no chão

Isso ocorre quando geralmente os frutos são carnosos, grandes, pesados e indeiscentes.

Indica que o fruto é carnoso deiscente

Este tipo de fruto não é comum, dentre as diversas famílias botânicas a Myristicaceae é que apresenta o maior número de gêneros com esta característica.

Indica que o fruto é seco indeiscente

É quando o fruto não se abre para a liberação das desentes.

Indica que o fruto é carnoso indeiscente

É quando o fruto apresenta polpa.

Indica que a semente pode ser coletada no chão e na copa

Isso ocorre quando geralmente os frutos são carnosos ou secos e quando se deseja evitar o ataque de microorganismos ou predadores no solo.

Indica que a semente é coletada na copa

Isso ocorre quando geralmente os frutos são secos deiscentes ou cornosos muito pequenos.

Indica que o fruto é seco deiscente

Ocorre qaundo o fruto se abre na copa para a liberação das sementes.

MetodologiaMetodologia

Tipo de fruto Forma de germinação Coleta

Os ícones informativos, presentes no cabeçálho, foram criados para estimular a dinâmica na leitura e compreensão sobre as características ecológicas das espécies estudadas, explicando de forma direta quais as principais informações relacionandas ao tipo de fruto, forma de germinação, coleta e dispersão das sementes. As ilustrações denotam de maneira fiel o evento que o ícone expressa.

Indica que a espécie apresenta dormência

Algumas espécies apresentam estratégias de sobrevivência e só germinam quando o momento e condições estejam favoráveis para que isso aconteça e também para garantir a sobrevivência das plântulas.

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Indica que a semente é dispersa por mamíferos de copa

Esta dispersão é do tipo zoocórica, onde os frutos são ingeridos por macacos (pr imatocór ica) ou morcegos (quiropterocórica) que habitam na copa das árvores.

Indica que a semente é dispersa pelo vento

Esta dispersão dita anemocórica, sendo levada pelo vento após a abertura dos frutos, onde as sementes geralmente são pequenas, aladas ou com plumagem.

Indica que a semente é dispersa por pássaros

Esta dispersão é dita zoocórica, onde os frutos são predados por inúmeras espécies de pássaros (ornintocórica).

Indica que a semente é dispersa por meio de explosão do fruto

Esta dispersão é dita balocórica, onde a estrutura dos frutos facilita a explosão para o arremeço das sementes para fora do raio da copa.

Indica que a semente é dispersa por meio da gravidade

Esta dispersão é dita balocórica, onde a estrutura dos frutos facilita a explosão para o arremeço das sementes para fora do raio da copa.

Indica que a semente é dispersa por mamíferos terrestres

Esta dispersão é dita zoocórica, podendo ser dispersa por roedores (diszoocórica) ou pelo homem (hantropocórica).

Indica que a semente é dispersa pela água

Esta dispersão é dita hidrocórica, podendo se r d i spe rsa pe lo deslocamento da água da chuva, dos r ios, enchentes e correntes marítimas.

Dispersão

MetodologiaMetodologia