manual de riscos físicos

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Manual ______________________ Cód. e Designação do Referencial de Formação: 3779 Agentes Físicos Programa: POPH Programa Operacional Potencial Humano Projecto: 072810/2012/23/ Local: Moimenta da Beira Modulo- Agentes Físicos Formador- Telmo Castro

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Manual de formação

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  • Manual

    ______________________

    Cd. e Designao do Referencial de Formao: 3779 Agentes Fsicos

    Programa: POPH Programa Operacional Potencial Humano

    Projecto: 072810/2012/23/ Local: Moimenta da Beira

    Modulo- Agentes Fsicos

    Formador- Telmo Castro

  • Indice: AMOSTRAGEM ........................................................................................................... 4

    Grupos de exposio homognea (GEH) ..................................................................... 4

    ESTRATGIA DE AMOSTRAGEM ........................................................... 7 Rudo .......................................................................................................................... 11 Vibraes .................................................................................................................... 21

    Radiao ..................................................................................................................... 29

  • O presente manual de formao foi elaborado para a Centro-K-

    Consultoria e Formao, SA, como ferramenta de aplicao no curso

    modular, com o cdigo e Designao do Referencial de Formao: 3779

    Agentes Fsicos.

    Foi elaborado pelo formador Telmo Castro e o mesmo no poder ser

    reproduzido sem autorizao do mesmo e respetiva entidade formadora.

    Tem por objetivo, auxiliar o formando na aquisio de conhecimentos e

    competncias de trabalho.

  • AMOSTRAGEM

    Grupos de exposio homognea (GEH)

    A seleco dos trabalhadores para a amostragem uma fase da avaliao que no

    obedece a uma regra que possa ser definida de forma precisa mas necessrio que o

    resultado final desta etapa reflicta uma medio real da exposio do trabalhador ao agente

    especfico em causa.

    Uma aproximao dividir os trabalhadores em "GEH - grupos de exposio homognea".

    O "GEH" pode ser definido como o grupo de trabalhadores que apresentam "a priori"

    condies de exposio semelhantes. Assim entende-se que a medida da exposio de

    um trabalhador escolhido num "GEH" presumida como representativa das exposies de

    todos os trabalhadores desse grupo.

    Dentro de um GEH e relativamente a um agente especfico os trabalhadores esto

    englobados numa nica exposio. Se no for este o caso, ento dever-se- dividir o

    GEH em GEH's mais pequenos para que as exposies sejam homogneas.

    O estabelecimento destes GEH's habitualmente uma tarefa morosa e difcil, mas de

    grande importncia.

    Definio dos GEH's

    Entre outras, podem-se sugerir as seguintes formas:

    (1) Pelas actividades associadas a um processo e formando grupos de actividades

    similares. Esta aproximao tem a desvantagem de o nmero de grupos se poder

    tomar muito grande e por isso difcil de manejar;

    (2) Pelo agente e actividade, encontrando assim grupos com actividades e agentes

    similares.

    Utilizando um ou outro processo, o objectivo encontrar grupos de trabalhadores sobre

    os quais o higienista tenha a noo exacta de que as exposies so semelhantes.

    Aps esta etapa da caracterizao bsica deve-se passar tarefa seguinte, procurando

    estimar o risco qualitativamente.

    ESTIMATIVA QUALITATIVA DO RISCO E

  • ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES

    A finalidade desta etapa descrever mtodos para estimar as exposies potenciais de

    cada GEH. no sentido de orden-los procurando estabelecer prioridades na

    medio de exposio ocupacional. Estes mtodos baseiam-se numa reviso dos

    componentes de risco. efeitos toxicolgicos na extenso das exposies aos agentes.

    Pode-se efectuar uma estimativa preliminar baseada em:

    valores de exposies feitos anteriormente;

    aplicando modelos existentes;

    na experincia pessoal e bom senso (a mais usual na falta das outras)

    Deve-se utilizar um esquema de estimativa qualitativa do risco que se adapte

    empresa e seja especifico para esta.

    Classificao da exposio

    Aps terem sido formados os diversos GEH's com exposies homogneas a um dado

    nmero de agentes, torna-se necessrio classificar as exposies ao agente dividindo-

    as em categorias e frequncia. No quadro seguinte esto patentes classificaes

    possveis para as exposies.

    AVALIAO QUALITATIVA DA EXPOSIO (*)

    CATEGORIAS FREQUNCIA

    0 - EXPOSIO INEXISTENTE No h contacto com o agente

    1- EXPOSIO FRACA Contactos pouco frequentes com o agente, em concentraes

    baixas

    2- EXPOSIO MODERADA Contactos frequentes com o agente em concentraes baixas

    ou contactos pouco frequentes com o agente em

    concentraes elevadas

    3 - EXPOSIO ELEVADA Contacto frequente com o agente em concentraes elevadas

    4 - EXPOSIO MUITO ELEVADA Contacto frequente com o agente em concentraes muito

    elevadas

    (*) Exposio atravs de inalao, da pele ou ingesto, no tendo em conta qualquer

    proteco individual.

  • A atribuio da classificao de frequncia depende do Higienista, do local de trabalho e

    dos agentes. O importante a consistncia do mtodo.

    Poder-se-ia dizer que o pessoal administrativo tem exposio de categoria O e o pessoal

    de manuteno tem habitualmente exposio de categoria 2, pelo facto de ter contactos

    pouco frequentes com os agentes mas quando estes se verificam, so com altas

    concentraes de agentes.

    Classificao dos efeitos toxicolgicos

    Paralelamente, cada agente deve ser avaliado no mbito dos seus potenciais efeitos para

    a sade.

    A insero dos agentes nas diversas categorias deve ser conduzida com bom senso,

    isto , qualquer agente muito txico ou carcinognico, independentemente de ser

    pouco utilizado, deve ser englobado na categoria 4, isto , esta anlise deve ser feita

    isoladamente da anterior.

    O quadro seguinte apresenta um esquema da classificao em categorias de O a 4

    dos agentes no que diz respeito aos seus efeitos.

    Note-se que esta classificao no a utilizada em toxicologia, pois estamos a avaliar

    os efeitos dos agentes sob o ponto de vista de higiene industrial.

    AVALIAO QUALITATIVA DOS EFEITOS NA SADE (*)

    CATEGORIAS EFEITOS

    o

    No so conhecidos efeitos nocivos. suspeito de ser nocivo. Provoca efeitos reversveis de pequena gravidade

    1 Efeitos nocivos reversveis

    2 Graves efeitos nocivos reversveis

    3 Efeitos nocivos irreversveis

  • 4

    Perigo de vida, invalidez ou doena

    (*) Com base nas propriedades toxicolgicas e, se aplicvel, calcular ndices de risco.

    O Higienista Industrial pode ainda, caso a caso, e se possvel, procurar objectivar,

    tanto quanto possvel, a estimativa destes efeitos, podendo, por exemplo, presumir

    valores aproximados de concentraes, desde que conhea, por exemplo,

    caractersticas da ventilao exaustora, etc.

    ORDENAO (VALORIZAO) QUALITATIVA DOS RISCOS

    Quando existem algumas centenas de agentes e dzias de GEH's, o estabelecimento de

    prioridades de medio de exposio dos GEH's face aos riscos a que esto expostos torna-se

    difcil.

    Por exemplo: Um GEH que tenha classificao de exposio 4 a um agente de

    efeito toxicolgico 4, dever pertencer aos primeiros GEHs a ser submetidos a

    medies de exposio, e um que tenha estes dois valores de O, no precisa de ser

    submetido a medies.

    - GEHs com exposio a vrios agentes devem ser objecto de mais ponderao, deve

    ser investigado se os efeitos toxicolgicos deles so aditivos ou sinergticos, de

    qualquer modo mesmo que estes sejam independentes, os riscos devem ser

    classificados separadamente.

    ESTRATGIA DE AMOSTRAGEM

    Referenciados os GEHs que devem ser objecto de medidas, necessrio decidir se

    sero todos os trabalhadores ou s alguns, e neste caso quais, a fazer medies e que tipo

    de medies so necessrias para definir a estratgia da amostragem.

    Esta fase importante para obter dados consistentes e representativos, pois no

    basta "ajustar uma bomba de amostragem a tiracolo do trabalhador". Antes disso preciso

    ultrapassar algumas etapas.

    Tipos de estratgia de colheita de amostras

  • Podem realizar-se vrios tipos de colheita de

    amostras:

    amostra simples cobrindo todo o perodo a que se refere o

    valor VLE (8 horas);

    amostras consecutivas cobrindo todo aquele perodo;

    amostras consecutivas cobrindo parte do perodo de 8 horas,

    amostras curtas (menos de 30 min, em geral de alguns minutos), tomadas ao

    acaso ao longo das 8 horas.

    No h uma estratgia nica e melhor para todas as situaes. Contudo, umas

    so melhores do que outras. H que atender a:

    Disponibilidade e custo do equipamento de colheita (bombas, filtros, tubos

    detectores, medidores de leitura directa, etc);

    Disponibilidade e custo das vantagens das amostras para anlise (filtros,

    tubos de carvo, etc.); Disponibilidade e custo do pessoal que colhe as

    amostras;

    Localizao dos trabalhadores;

    Variao das exposies (ao longo dos dias e

    dentro do prprio dia); Preciso e exactido dos

    mtodos de colheita e de anlise;

    Nmero de amostras necessrias para se conseguir a exactido requerida na medida da

    exposio.

    Para obter valores de exposio, normalmente propem-se dois modos de aferio:

    1. rea de respirao

    Esta por excelncia a medio para obter valores de exposio ocupacional, pois a

    nica maneira de estimar, na sua real dimenso, a dose de agente a que o trabalhador est

    sujeito. A medio feita normalmente com uma bomba pessoal, que aspira o ar atravs

    de um tubo colocado junto rea de respirao do trabalhador.

  • 2. Ambiental (bsica)

    normalmente utilizada para aferir valores de contaminao ambiental e no deve

    ser utilizada para fins especficos de exposio ocupacional. Esta medio deve ser usada

    para avaliaes de fundo (background) ou preliminares em que se estima a existncia de

    um agente no ar ambiente de uma rea de trabalho, ou para diagnosticar quais as tarefas

    que envolvem maior exposio, como por exemplo durante a caracterizao bsica

    NMERO DE MEDIES A EFECTUAR NO GEH

    Numa situao ideal, cada trabalhador potencialmente exposto deveria ser

    individualmente controlado, o que no realista.

    O objectivo desta etapa seleccionar um subgrupo de dimenses adequadas

    para que haja uma probabilidade suficientemente elevada de que estes trabalhadores

    escolhidos contenham pelo menos um trabalhador com exposio elevada, se este

    existir.

    TCNICAS ESTATSTICAS:

    Para o estabelecimento o mais rigoroso possvel do nmero de amostras a colher

    bem como para determinar o grau de confiana dos valores obtidos podem e devem

    utilizar-se tcnicas estatsticas adequadas.

    O processo seguinte, resulta do tratamento e simplificao de algumas dessas tcnicas, para

    obter os resultados esperados.

    1. Determinao do nmero de trabalhadores do GEH ou GEHs aos quais se vai fazer a

    amostragem atravs da tabela.

    GEH (N de trabalhadores) (N)

    N. de amostras necessrias (n)

    8 7 9 8

    10 9

    11-12 10

    13-14 11

  • 15-17 12

    18-20 13

    21-24 14

    25-29 15

    30-37 16

    38-49 17

    50 18

    Esta tabela permite fixar o nmero de amostras, com 90% de confiana

    (probabilidade de existir nesta amostra pelo menos um indivduo pertencente

    aos 10% do GEH expostos aos valores mais altos) relativamente a um grupo

    que varie entre 8 a 50. (Se o GEH for N < 7, considera-se n, no mnimo 6=N-

    1).

    Existem vrias tabelas que do este tipo de informaes com maiores ou menores intervalos de confiana.

    2. Seleccionar aleatoriamente dentro do GEH ou GEH's estes trabalhadores atravs da tabela .

    Para tal:

    atribui-se um nmero a cada indivduo do GEH, de 1 at N, sendo N o nmero

    de indivduos do GEH em causa;

    escolhe-se na tabela um ponto de partida arbitrariamente e percorre-se

    a coluna no sentido descendente, procurando todos os nmeros

    menores que N (excluindo o zero), at perfazer n nmeros. Se for

    necessrio, siga para a coluna seguinte e se chegar ao fim da tabela,

    deve-se voltar ao incio dela.

    Assim, por exemplo, se: GEH = 26 trabalhadores, vem n (N. de amostras) =15

    - escolhe-se arbitrariamente o primeiro nmero, por exemplo na coluna 10 da

    tabela, e descendo pela coluna escolhem-se os nmeros (menores que 26) seguintes: 11,

    20, 8, 1, 14, 13, 25, 23, 7, 22, 18, 19, 9, 10, 3.

    A colheita das amostras faz-se ento nos trabalhadores a quem foram atribudos com estes

    nmeros.

    TEMPO DE AMOSTRAGEM

  • Conforme o tipo de valor limite a medir VLE - MP ou VLE - CM, tem-se um "perodo"

    de tempo padro de 8 horas ou 15 min.

    Uma medio de exposio consiste numa ou mais amostras durante o "perodo" de medio.

    habitual utilizarem-se quatro mtodos de amostragem.

    1. Amostragem nica, cobrindo o perodo completo de trabalho - Consiste em obter

    uma amostra do perodo completo (8 horas ou 15 minutos).

    2. Amostra sucessivas, cobrindo o perodo completo de trabalho - Consiste em obter

    vrias amostras, que na sua totalidade cobrem o perodo completamente. Este o

    melhor mtodo, permitindo calcular o valor mdio da exposio ponderada ao longo do

    turno de trabalho.

    O parcelamento em intervalos de tempo sucessivos, correspondendo a modalidades

    diferentes de exposio, deve ser praticada, sempre que possvel.

    3 Amostras sucessivas, cobrindo uma parte do perodo de trabalho - Consiste em

    amostras obtidas em fraces do perodo completo, para um VLE - MP de 8 horas. Isto

    quer dizer que a(s) amostras podem cobrir na totalidade 6 horas, por exemplo.

    Aconselha-se que o perodo de colheita cubra, pelo menos, 75% do perodo de 8

    horas (6 horas). Os perodos no amostrados, devem ser objecto de exame crtico.

    4. Amostras aleatrias pontuais - Usa-se quando h limitaes nos equipamentos

    utilizados. Podem fazer-se medies instantneas desde que distribudas aleatoriamente

    no perodo a medir (no mnimo, de 8 a 11 amostras).

    Rudo

    Introduo

  • O rudo um som desagradvel e indesejvel que perturba o ambiente, contribuindo

    para o mal-estar, provocando situaes de risco para a sade do ser humano. Esta

    incomodidade depende no s da caracterstica do som, mas tambm da nossa atitude

    em cada situao concreta.

    O rudo das formas de poluio mais evidentes no meio industrial e no ambiente em geral, e pode

    afectar o homem nos planos fsico, psicolgico e social, podendo:

    Lesar rgos auditivos;

    Perturbar a comunicao

    Provocar irritao;

    Provocar fadiga;

    Diminuir o rendimento do trabalho.

    Mas o som fundamental para a nossa vivncia. atravs do som que comunicamos,

    que ouvimos msica, obtemos informaes, etc.

    O som transmitido de uma fonte sonora, por vibraes, at ao ouvido humano.

    As caractersticas do som so:

    Intensidade, que define a amplitude das vibraes;

    Frequncia, que corresponde velocidade da vibrao.

    Som

    Definio de som

    D-se o nome de som a toda a vibrao mecnica que se propaga num meio elstico,

    desde que as frequncias que a compem se encontrem dentro de uma determinada faixa

    audvel (produzam uma sensao auditiva).

    Vibraes so pequenos movimentos que podem repetir-se com maior ou menor velocidade volta

    duma posio mdia de equilbrio.

    Frequncia

  • A frequncia de um fenmeno peridico como uma onda sonora o nmero de vezes que o dito

    fenmeno se repete por unidade de tempo. Em acstica pode definir-se como o nmero

    de vezes que a presso oscila em tomo da presso atmosfrica, por unidade de tempo.

    A unidade de medida da intensidade do rudo o decibel (dB) e a unidade de medida da

    frequncia o Hertz (Hz).

    Existe rudo com maior intensidade nas baixas frequncias at rudo com maior

    intensidade nas altas frequncias.

    A margem de frequncia audvel normal para pessoas jovens situa-se entre 20 e 20.000 Hz.

    Nas baixas frequncias as partculas de ar vibram lentamente e produzem sons graves

    Nas frequncias altas as partculas vibram rapidamente e originam sons agudos.

    Perodo

    o tempo transcorrido para completar uma oscilao completa ou completar um ciclo. A unidade

    de medida o segundo (s). Relaciona-se com a frequncia pela expresso:

    T=1/ f

    Efeitos do rudo no organismo humano

  • Os efeitos do rudo podem afectar o ser humano a nvel fsico, psquico e,

    consequentemente, social.

    A exposio diria dos trabalhadores a nveis sonoros superiores a 30 dB, dependendo

    das caractersticas individuais e de outros factores que integram o ambiente de trabalho,

    pode causar os seguintes efeitos:

    Perturbaes fisiolgicas Contraco dos vasos sanguneos, tenso muscular, etc. Sistema nervoso central Alteraes da memria e do sono. Psquicos Irritabilidade, agravamento da ansiedade e da depresso. Perturbaes da actividade Gerando a fadiga, que um dos factores de acidentes de trabalho, contribuem para uma diminuio de rendimento no trabalho, influenciando

    negativamente a produtividade e a qualidade do produto.

    Se as exposies pessoais dirias tm nveis superiores a 85 dB(A), podem provocar um

    trauma auditivo, provocando a surdez sonotraumtica em que existe uma destruio

    progressiva, permanente e irreversvel do nervo coclear, dando origem a uma das

    doenas profissionais mais frequentes na nossa indstria: a surdez profissional.

    O risco de perda de audio definido segundo a Norma Portuguesa NP 1733, 1981,

    baseado em elementos estatsticos e determinado como a diferena entre a percentagem

    de pessoas que apresentam diminuio da capacidade auditiva de um grupo exposto ao

    rudo e a percentagem num grupo no exposto, mas em condies equivalentes em

    todos os outros aspectos. Este risco aumenta no s com a amplitude do nvel sonoro e

    com o tempo de exposio, mas tambm depende das caractersticas do som e varia de

    indivduo para indivduo.

    Tipos de Rudo

    As sociedades industriais, no seu desenvolvimento tecnolgico, tm contribudo para o

    aumento dos nveis de rudo, sendo um dos principais factores de risco para a sade dos

    trabalhadores, devido frequncia nas actividades profissionais e ao elevado nmero de

    trabalhadores expostos diariamente.

    Geralmente, o rudo produzido em meio industrial constitudo por sons complexos,

    com intensidades diversas nas vrias frequncias, isto , o rudo industrial uma

    combinao de vrios tipos de rudo:

    Uniforme e contnuo Com pequenas flutuaes como um motor elctrico;

  • Uniforme intermitente Rudo constante que inicia e pra alternadamente, como

    uma mquina automtica;

    Flutuante Varia mas mantm um valor mdio constante num longo perodo, como

    na rebarbagem;

    Impulsivo Com a durao menor que um segundo, como a rebitagem.

    Assim, para analisar os efeitos dos vrios tipos de rudo perante a exposio de um

    trabalhador, criou-se o conceito de Nvel sonoro contnuo equivalente (Leq), expresso

    em dB(A), que representa um nvel sonoro constante equivalente aos vrios tipos de

    rudo durante o mesmo tempo.

    Medidas de Interveno

  • At a um passado recente, no nosso pas, o rudo nos locais de trabalho era considerado

    um dado adquirido, um facto quase normal e que constitua parte integrante da

    actividade produtiva; por isso, raramente eram tomadas medidas para o evitar. Hoje, a

    atitude perante este problema comea a ser diferente, no s pelo aspecto legislativo e

    regulamentar, mas tambm pelo conhecimento e conscincia dos empresrios para as

    consequncias na sade dos trabalhadores e as implicaes no rendimento e

    consequente produtividade da empresa.

    O Dec. Lei n. 182/2006 de 6 de Setembro , define os valores mximos admissveis de

    exposio ao rudo e mtodos de medio, assim como, a interveno da Medicina do

    Trabalho na preveno surdez profissional, atravs da anlise audiomtrica dos

    trabalhadores.

    Interessa aqui referenciar dois conceitos, definidos no decreto regulamentar acima

    referido e que so:

    de aco, devero definir medidas de interveno e controlo do rudo e seus efeitos.

    Essas medidas so:

    Acompanhamento mdico:

    Medio e avaliao da audio

    Exposio superior a:

  • 85 dB(A) Anualmente

    83 dB(A) 2 em 2 anos

    Controlo de rudo: Esta medida abrange as seguintes fases:

    Levantamento dos nveis de rudo;

    Anlise dos resultados;

    Medidas de reduo;

    Avaliao dos resultados.

    Levantamento dos Nveis de Rudo

    O levantamento dos nveis de rudo vai determinar os valores que podem criar leses

    auditivas permanentes. Esses valores so: Leq, Dose e MaxLpico.

    Para executar estas medies so necessrios os seguintes instrumentos:

    Sonmetro Integrador. Instrumento que permite captar o som de modo idntico ao

    ouvido humano.

    Dosmetro. Tipo de sonmetro integrador especial, para ser usado pelo trabalhador

    nas suas tarefas dirias, que mede a exposio ao rudo quaisquer que sejam as

    flutuaes.

    Com o sonmetro integrador obtm-se os nveis de exposio de rudo numa tarefa fixa;

    o dosmetro permite determinar os nveis de exposio de um trabalhador ao rudo

    durante um dia de trabalho, incluindo pausas.

    No dosmetro, todos os nveis superiores a 80dB(A) so convertidos em dose de rudo

    equivalente que acumulado durante as 8 horas de trabalho. Este instrumento est

    equipado com um detector do valor Pico, que assinala sempre que este valor ultrapassa

    os 140dB(A). O valor indicado em %. A dose de 100% representa que o trabalhador

    esteve sujeito, durante 8 horas, a nveis de 90 dB(A), que o valor-limite admissvel.

    Antes do incio de qualquer medio, deve verificar-se a carga das baterias e calibrar os

    instrumentos com um calibrador.

  • Anlise de resultados

    Dependente dos valores obtidos nas medies e se estes ultrapassam o nvel de aco

    [85dB(A)], deve ser feita a anlise em frequncia para conhecer a composio do rudo,

    isto , determinar os nveis sonoros de cada frequncia desse rudo.

    Na anlise em frequncia utilizam-se filtros de oitava ou 1/3 de oitava ligados base do

    sonmetro.

    O conhecimento da anlise desse rudo permite-nos seleccionar os protectores

    adequados e dimensionar atenuadores.

    Obrigaes dos empregadores (Dec. Lei n. 182/2006 de

    6 de Setembro)

    Exposio diria dB(A)

    >85 >87

    Valor mx. pico >140 dB

    1. Informar os trabalhadores sobre:

    a) Riscos potenciais para a segurana e sade X

    b) Valor do nvel de aco e valores-limite X

    c) Necessidade de serem feitas avaliaes X

    d) Obrigatoriedade de vigilncia mdica e audiomtrica

    1 De 3 em 3 anos

    2 Anual X X

    e) Resultados das avaliaes da exposio pessoal diria e

    dos valores mximos dos picos.

    X

    2. Fornecer protectores de ouvido X X

    3. Obrigatoriedade de usar protectores de ouvido X

    4. Identificar as causas de ultrapassagem X

    5. Elaborar e executar plano de diminuio da produo, da

    propagao ou da exposio ao rudo

    X

    6. Delimitar e sinalizar os postos de trabalho X

    Medidas de Reduo

  • Para actuar nas medidas de reduo deve ter-se em conta que o rudo, ao encontrar uma

    superfcie, reflecte parte da sua energia e que a frequncia tem influncia nas medidas a

    adoptar.

    Na reduo de um rudo podemos actuar a vrios nveis:

    Na fonte, eliminando ou reduzindo na origem.

    Na transmisso, eliminando ou reduzindo na propagao.

    Na recepo, utilizando protectores de ouvido e/ou rotao de operadores.

    Algumas medidas de reduo na fonte:

    Substituir mquinas antigas por outras menos ruidosas;

    Actuar a nvel de manuteno, no aperto das peas soltas, evitando o choque entre os

    componentes das mquinas;

    Blindagem de partes ruidosas de mquinas, utilizando nas paredes internas material

    absorvente;

    Montar silenciadores nas aberturas de entradas e sadas de ar de refrigerao.

    Algumas medidas de reduo na transmisso:

    Tratamento de superfcies, como tectos, paredes e pavimentos com materiais

    absorventes acsticos;

    Afastamento das fontes sonoras das superfcies reflectoras;

    Paredes espessas e porosas;

    Painis absorventes no tecto.

    Algumas medidas de reduo na recepo:

    Utilizao de proteces individuais;

    Organizao do trabalho com a rotao dos trabalhadores entre tarefas ruidosas e

    tarefas no ruidosas.

    Avaliao dos Resultados

    Aps se terem executado medidas de reduo de rudo, dever-se- realizar medies

    para verificar se os objectivos foram atingidos.

    Tambm deve ser analisado se as alteraes efectuadas no interferem com a segurana

    das mquinas, com a produtividade ou outros factores prejudiciais.

  • Proteco Individual

    Numa indstria ruidosa dever-se- fazer proteco colectiva, isto , procurar, sempre

    que possvel, atenuar os nveis do rudo para valores que no prejudiquem a sade dos

    trabalhadores. No entanto, nem sempre possvel a adopo de medidas imediatas, ou

    porque requer investimentos elevados ou porque tecnicamente invivel uma soluo

    de reduo de rudo. Nestes casos, a empresa dever recorrer proteco individual,

    distribuindo pelos trabalhadores protectores auriculares. Assim, o empregador deve

    fornecer protectores de ouvido aos trabalhadores que se encontrem expostos a valores

    de Leq superiores a 85 dB (A) e inferiores a 90 dB(A), cuja utilizao ser facultativa.

    Se os valores de Leq forem superiores a 90 dB(A) ou a valores MaxLPICO superiores

    a 140 dB, os trabalhadores devero obrigatoriamente usar aqueles protectores.

    Existem dois tipos de protectores auditivos:

    Abafadores ou tapa-orelhas, que fazem a cobertura de todo o pavilho auditivo;

    Tampes auriculares de insero no canal auditivo externo. Estes podem ser de

    borracha ou de algodo.

    Para a escolha dos protectores necessrio conhecer a anlise de frequncia do rudo,

    pois existem tipos de protectores eficientes e especficos para cada gama de frequncia.

    Os fabricantes devem fornecer a informao sobre a atenuao do protector em cada

    frequncia.

    Para que os protectores auriculares sejam eficazes devem ser usados durante todo o

    tempo de exposio ao rudo, pelo que no devem impedir a percepo de sinais

    exteriores necessrios execuo do trabalho e segurana dos utilizadores.

    importante a adaptao do trabalhador a estes equipamentos de modo a sentir-se o mais

    confortvel possvel.

    Os trabalhadores devem ser informados e sensibilizados para os efeitos negativos do

    rudo e das vantagens do uso de protectores em meios ruidosos.

    obrigatria a sinalizao das reas ruidosas [com valores acima do nvel de aco

    85dB(A)] com o sinal de obrigao do uso de protectores.

  • Legislao e Normalizao

    Decreto Lei n. 292/2000, de 14 de Novembro (Regulamento Geral do Rudo).

    Decreto Lei n. 72/92, de 28 de Abril Transpe para o direito interno a Directiva

    86/188/CEE, do Conselho, de 12 de Maio, relativa proteco dos trabalhadores contra

    os riscos devidos exposio ao rudo durante o trabalho.

    Dec. Lei n. 182/2006 de 6 de Setembro.

    Norma Portuguesa NP 1730, 1981 Acstica. Grau de reaco humana ao rudo.

    Norma Portuguesa NP 1733, 1981 Acstica. Higiene e Segurana no Trabalho.

    Estimativa da exposio ao rudo durante o exerccio de uma actividade profissional,

    com vista proteco da audio.

    Vibraes

    As vibraes so efeitos fsicos produzidos por certas mquinas, equipamentos e

    ferramentas vibrantes, que actuam por transmisso de energia mecnica, emitindo

    oscilaes com amplitudes perceptveis pelos seres humanos.

    As vibraes so transmitidas aos trabalhadores por certas mquinas pesadas, mveis

    (tractores agrcolas, dumpers, camies, (anexo 5 e 7)) ou fixas (compressores,

    britadeiras, etc.), e por mquinas portteis (martelo picador, serras, lixadeiras, etc.), que

    podem provocar alteraes no organismo humano, causando desconforto e alteraes

    fisiolgicas e afectando o rendimento no trabalho. Caso o tempo de exposio seja

    prolongado, podero causar leses permanentes, que so consideradas doenas

    profissionais (cdigo 44.01 da lista das doenas profissionais).

    Uma vibrao pode ser caracterizada pela amplitude, normalmente expressa pela

    acelerao, em m/s, e pela frequncia, expressa em Hertz (Hz).( ver anexo 1,2,3 e 4)

    Os movimentos vibratrios podem ser:

    Sinusoidais;

    Peridicos;

  • aleatrios.

    A avaliao da exposio a vibraes efectuada com o registo de determinados

    parmetros (amplitude, frequncia, etc.), utilizando equipamentos de medio

    constitudos por um captador (acelermetro), um dispositivo de amplificao e um

    registador. (ver anexo 13 e 14)

    O mtodo de medio aplica a norma ISO 2631/1:1985 para exposio a vibraes

    globais do corpo e a norma ISO 5349:1986 para exposio a vibraes transmitidas s

    mos.

    Causas e Efeitos das Vibraes

    As vibraes normalmente existentes no meio industrial podem ter origem diversa:

    Vibraes provenientes do modo de funcionamento dos equipamentos

    (mquinas percutantes, compressores alternativos, irregularidades do terreno);

    Vibraes provenientes do prprio processo de produo (martelo picador,

    britadeiras);

    Vibraes devido m manuteno de mquinas e ao funcionamento

    deficiente.

    Fenmenos naturais

    Estas vibraes podem ser transmitidas:

    A uma parte do corpo, geralmente membros superiores, no trabalho com

    ferramentas vibrantes ou transmitidas na fabricao;

    A todo o corpo humano, como no trabalho na vizinhana de grandes mquinas e

    vibraes provenientes das mquinas mveis.

    O efeito das vibraes depende da frequncia destas. Assim: ( ver anexo 6,8 e 9)

  • Vibraes elevadas (superiores a 600 Hz) provocam efeitos neuromusculares;

    Vibraes superiores a 150 Hz afectam, principalmente, os dedos;

    Vibraes entre 70 e 150 Hz chegam at s mos;

    Vibraes entre 40 e 125 Hz provocam efeitos vasculares;

    Vibraes de baixa frequncia podem provocar leses nos ossos.

    As vibraes transmitidas a todo o corpo humano, por baixas e mdias frequncias,

    produzem efeitos, sobretudo, ao nvel da coluna vertebral, causando o aparecimento de

    hrnias, lombalgias, afeces do aparelho digestivo e do sistema cardiovascular,

    perturbao da viso e inibio de reflexos.

    Pode-se afirmar que a maioria das afeces causadas pelas vibraes, situa-se entre 4 e

    20 Hz.

    Quando as vibraes so transmitidas a todo o corpo, este no vibra todo da mesma

    forma, mas cada parte reage de maneira diferente, reagindo mais fortemente quando

    submetidas a vibraes que se situam na sua prpria frequncia de ressonncia.

    A frequncia de ressonncia a mais nociva para o corpo humano, pois, quando o

    corpo entra em ressonncia, amplifica a vibrao que recebe.

    Parte do corpo Frequncia de ressonncia (Hz)

    Cabea 25

    Globo ocular 30-80

    Trax 60

    Antebrao 16-30

    Coluna Vertebral 10-12

    Pulso 50-200

    Perna (rgida) 20

    Ombro 4-5

    Pulmo 50

  • Mo Brao 4-8

    Abdmen 4-8

    Perna (flectida) 2

    Frequncia de Ressonncia

    Medio das Vibraes

    Medio da Exposio a Vibraes Transmitidas ao Corpo

    Como j foi referenciado, o mtodo de medio na avaliao da exposio a vibraes

    deve ser efectuado de acordo com a norma ISO 2631/1:1985 para as vibraes

    transmitidas ao corpo pela superfcie de sustentao, na gama de 1 a 80Hz, e pode

    ser aplicado quer a vibraes peridicas, quer a vibraes aleatrias.

    Segundo a norma acima referenciada, as vibraes devem ser medidas nas direces de

    um sistema de coordenadas rectangulares de eixos x, y e z, cuja a origem o corao.

    Direces do Sistema de Coordenadas para Avaliao das Vibraes

    ax, ay, az = acelerao nas direces dos eixos x, y e z

    eixo x = costas peito

    eixo y = lado direito lado esquerdo

  • eixo z = ps cabea

    As medies das vibraes devem ser executadas, tanto quanto possvel, no ponto da

    superfcie atravs da qual so transmitidas.

    Os parmetros a determinar para anlise das vibraes globais do corpo so: a

    amplitude expressa em valor eficaz, frequncia, direco e tempo de exposio s

    vibraes.

    Segundo a referida norma, podemos verificar, o valor limite de exposio a vibraes a

    que os trabalhadores podem estar sujeitos com um mnimo de risco para a sade

    (adaptado da ISO 2631). ( ver anexo 10).

    - Para as vibraes (az) no sentido longitudinal (eixo z) o corpo humano

    mais sensvel na faixa de 4 a 8 Hz;

    - Para vibraes (ax, ay), no sentido transversal, perpendiculares ao eixo z

    o organismo mais sensvel nas faixas inferiores a 2 Hz;

    - Para as muito baixas frequncias a tolerncia s vibraes transversais

    menor do que em relao s longitudinais;

    - Para frequncias superiores a 2,8 Hz a tolerncia s vibraes

    transversais maior do que em relao s vibraes longitudinais;

    - O limite de exposio obtm-se multiplicando por 2, os nveis

    correspondentes ao limite capacidade reduzida por fadiga..

    - O limite ao conforto obtm-se dividindo por 3,15 os nveis

    correspondentes ao limite capacidade reduzida por fadiga.

    Exposio diria s vibraes

    Se a operao tal que a exposio diria total compreende vrias exposies a

    diferentes aceleraes ponderadas em frequncia, a acelerao ponderada em frequncia

    total pode ser obtida a partir da equao:

    (ah,w)eq (T) = { 1/T [(ah,w)eq (ti)]2 ti}

    1/2

  • Exemplo:

    Se as aceleraes ponderadas em frequncia para duraes de exposio de 1, 3 e 4

    horas so respectivamente 15, 12 e 10 m.s-2

    , ento

    (ah,w)eq (8) = { 1/8 [ 152 x 1 + 12

    2 x 3 + 10

    2 x 4]}

    1/2 = 11,49 m.s

    -2

    Medio da Exposio a Vibraes Transmitidas s Mos

    Quanto s medidas para a avaliao da exposio a vibraes transmitidas s mos,

    geralmente utiliza-se a norma ISO 5349:1986. Esta norma aplica-se s vibraes

    peridicas e s vibraes aleatrias.( anexo 11)

    As vibraes transmitidas s mos devem ser medidas nas direces de um sistema de

    coordenadas, no local da superfcie da mo onde transmitida a energia.

    Medidas de Interveno e Controlo

    A anlise das vibraes fundamental para determinar as causas e permitir reduzir e/ou

    eliminar determinados tipos de vibraes, principalmente aquelas cujo ritmo

    corresponde frequncia de ressonncia do corpo.

    Para eliminar ou reduzir as vibraes, fundamental conhecer-se o espectro da anlise

    da vibrao. No entanto, h certos princpios bsicos que devem ser seguidos:

    Reduo das vibraes na origem

    Adquirir mquinas e ferramentas que cumpram as normas CE;

    Realizar a manuteno peridica aos equipamentos, substituindo peas gastas,

    fazendo apertos, alinhamentos, ajustamentos e outras operaes aos rgos

    mecnicos, de modo a reduzir no s as vibraes como os rudos;

  • Diminuir a transmisso das vibraes

    Fazer a montagem das mquinas e dos equipamentos em sistemas

    antivibratrios, com a utilizao de molas e amortecedores;

    Utilizar materiais para isolamento vibratrio (borracha, cortia, feltros, etc.);

    Reduo da intensidade das vibraes

    Aumentar a inrcia do sistema com a adio de massas, o que permite reduzir a

    frequncia da vibrao.

    A aplicao de medidas de preveno, quer colectivas quer individuais, torna-se difcil,

    pelo que se deve procurar esquemas de organizao do trabalho e das tarefas de forma a

    diminuir o tempo de exposio dos trabalhadores s vibraes e contribuir para a

    diminuio de doenas profissionais graves.

    Todos os trabalhadores expostos s vibraes devem ser informados dos riscos a que

    esto sujeitos e dos meios de os evitar.

    Radioactividade

    A matria constituda por tomos que estabelecem ligaes entre si. Os

    constituintes centrais dos tomos so:

    O ncleo formado por dois tipos de partculas sub-atmicas,

    protes (com carga positiva)

    neutres (sem carga elctrica)

    Rodeando este ncleo, uma ou mais rbitas onde se encontram os electres (partculas

    com carga negativa). A estabilidade de um tomo depende da relao existente entre os

    electres, protes e neutres.

  • As caractersticas qumicas da matria so conferidas pelo nmero e configurao da

    rbita dos electres e as propriedades nucleares ficam definidas pelo nmero de protes

    e neutres do ncleo.

    Dada a proximidade dos tomos, podem ser criadas condies para a migrao de

    electres ou de protes, ficando alterada a relao entre as partculas sub-atmicas,

    resultando da uma instabilidade do ncleo.

    A instabilidade do ncleo manifesta-se com a emisso de partculas e/ou de corpsculos

    de energia. Designa-se por radioactividade a capacidade de, espontaneamente, um

    elemento emitir energia, transformando-se noutros elementos que se designam por

    istopos.

    O fenmeno da desintegrao espontnea do ncleo foi descoberto pela primeira vez

    em 1896, pelo fsico francs Becquerel, quando observou que o elemento urnio

    escurecia uma placa fotogrfica, mesmo quando separado desta por vidro ou papel

    escuro.

    Estudos sobre radioactividade prosseguiram com Marie e Pierre Curie (1898), que

    concluram que a radioactividade era um fenmeno associado aos tomos,

    independentemente do seu estado fsico e qumico. Descobriram, tambm, novos

    elementos radioactivos polnio, rdio e trio. Em 1899, o qumico francs Andr

    Debierne descobriu o actnio. Neste mesmo ano foi descoberto o gs radioactivo

    radon pelo britnicos Ernest Rutherford e Frederick Soddy, que o observaram

    associado ao trio, actnio e rdio.

    As emisses provenientes da desintegrao dos tomos podem tomar a forma de raios

    , raios e raios (gama). Os raios so formados por ncleos de hlio, 2 protes e 2

    neutres, apresentando, portanto, carga positiva. Por sua vez, os raios so emisses

    de electres de alta velocidade, pelo que apresentam carga negativa. Qualquer uma

    destas perdas de partculas cria excesso de energia no tomo que tambm libertada

    sob a forma de fotes (partculas de energia), constituindo os raios gama.

  • Radiao

    Radiao o processo de transmisso de energia atravs do espao, ou seja, toda a

    energia que se propaga (irradiada a partir de um corpo) em forma de ondas e partculas

    atravs do espao.

    A transmisso de energia pode fazer-se atravs de partculas, em que no necessria a

    presena de matria para a sua propagao, e que se designa por radiao corpuscular.

    As emisses de partculas pelos elementos radioactivos (raios e os raios ) so

    exemplos de radiaes corpusculares. Outro exemplo de radiaes corpusculares so os

    raios csmicos, constitudos por partculas sub-atmicas de alta energia que provm do

    espao csmico. Os raios csmicos so formados maioritariamente por protes (ncleos

    de hidrognio), contendo tambm partculas (ncleos de hlio), pelo que tm carga

    positiva.

    A energia tambm pode ser transmitida por ondas, como no caso da radiao mecnica

    e na radiao electromagntica.

    A radiao mecnica consiste em ondas, como as ondas sonoras. Tratando-se da

    propagao de energia atravs de um movimento dos tomos, exige a presena de

    matria.

    Outro tipo de radiao que se transmite por ondas a radiao electromagntica, que

    produzida pela oscilao ou acelerao de uma carga elctrica num campo magntico. A

    radiao electromagntica tem, portanto, simultaneamente, uma componente elctrica e

    uma componente magntica. No caso das radiaes electromagnticas, a propagao da

    energia independente da existncia ou no de matria; contudo, a presena desta

    influencia os parmetros velocidade, quantidade e direco da energia transmitida.

  • A radiao por ondas caracteriza-se pela frequncia e comprimento de onda. A

    frequncia define-se como o nmero de ondas que passa num dado ponto num segundo.

    O comprimento de onda definido como a distncia percorrida entre um pico da onda e

    o seguinte. A unidade de medida utilizada , no caso de radiaes de baixo

    comprimento de onda, o nanmetro (nm), para as radiaes de comprimentos de onda

    elevados, so usadas como unidades de medida o metro (m) ou mesmo o quilmetro

    (km).

    Frequncia e Comprimento de Onda

    A radiao electromagntica organiza-se num espectro que se estende desde ondas de

    alta frequncia e pequeno comprimento de onda at ondas de extremamente baixa

    frequncia e valores elevados de comprimentos de onda.

    O espectro das radiaes contm, portanto, uma gama alargada de comprimentos de

    onda, desde os valores mais baixos, que correspondem aos raios csmicos, at aos

    valores mais elevados, que podem atingir centenas de quilmetros e que correspondem

    a ondas da rdio.( ver anexo)

    Nos nveis mais baixos de comprimento de onda encontram-se os raios gama,

    aparecendo em seguida os raios X.

  • Os raios X correspondem a uma forma de radiao electromagntica, com um

    comprimento de onda inferior ao da luz, produzida bombardeando um alvo (em geral de

    tungstnio) com electres de alta velocidade. Os raios X foram descobertos pelo fsico

    alemo Roentgen em 1895. Os raios X tm comprimentos de onda compreendidos entre

    0,01 e cerca de 500 nm. Quanto menor for o comprimento de onda, maior o poder

    energtico. Os raios X de menor comprimento de onda sobrepem-se, em parte, aos

    raios gama, enquanto que os de maior comprimento de onda se fundem na radiao

    ultravioleta.

    A radiao ultravioleta compreende radiaes de comprimento de onda

    compreendidos entre 100 e 400 nm. Na sequncia do espectro encontram-se as ondas

    da luz visvel (comprimentos de onda de 400 a 700 nm). No espectro das radiaes

    electromagnticas segue-se a radiao dos infravermelhos. Com comprimentos de

    onda compreendidos entre 1 mm a 1 m aparecem as radiaes de micro-ondas. Por

    fim, na gama superior, encontram-se as ondas de rdio (1 m a 15 Km).

    Em qualquer radiao, quando as partculas de energia emitida fotes colidem com

    um tomo, a energia transferida para esse tomo e o efeito resultante dependente da

    energia do foto.

    Quando o foto incidente tem uma energia superior a 12 electres volt, um ou mais

    electres orbitais do tomo atingido so expulsos do mesmo, dando origem, por um

    lado, a um io (tomo sem um ou mais electres orbitais) com carga elctrica positiva

    e, por outro lado, a uma carga elctrica negativa livre (um ou mais electres). As

    radiaes que tm esta caracterstica de ionizar os tomos ou molculas so designadas

    por radiaes Ionizantes.

    Radiaes Ionizantes:

    - raios x;

    - raios

    - partculas

  • - partculas

    No caso de radiaes em que a energia por foto de uma radiao inferior a 12

    electres-volt, no existem condies para a ionizao dos tomos da matria com que

    colidem, pelo que no existe alterao qumica dos mesmos. Estas radiaes so

    designadas por radiaes No - Ionizantes. Encontram-se neste grupo todas as outras

    radiaes electromagnticas:

    Ultravioleta;

    Visvel;

    Infravermelho;

    Laser;

    Microondas;

    Radiofrequncia.

    Com excepo de uma gama estreita de frequncias, correspondentes ao espectro do

    visvel, as radiaes no Ionizantes de baixo nvel energtico no so detectveis pelo

    ser humano. Contudo, quando a exposio atinge nveis elevados, podem ser

    perceptveis como sensao de calor.

    Radiaes Ionizantes

    Estas radiaes classificam-se, como j foi referido, em radiaes electromagnticas

    (raios gama e raios X), que se caracterizam por valores de comprimento de onda

    muito baixos e em radiaes corpusculares (emisso de partculas e , de electres,

    de neutres).

    Como vimos, as radiaes Ionizantes interagem com a matria, produzindo partculas

    carregadas electricamente (ies) ionizao. A ionizao altera quimicamente os

    tomos ou molculas que, no caso dos tecidos vivos, provoca alteraes a nvel celular.

    Estas caractersticas de interaco com o material com que contacta faz com que as

    radiaes Ionizantes constituam um importante factor fsico do ambiente no que diz

    respeito relao Ambiente/Sade.

  • Com o objectivo de avaliar a exposio a radiaes, ou melhor, os seus efeitos

    biolgicos, foram definidas algumas grandezas e respectivas unidades. Assim, temos:

    Actividade

    Definida como o nmero de desintegraes espontneas por segundo. A sua unidade de

    medida o Becquerel (Bq) 1 Bq corresponde a uma desintegrao (transio) por

    segundo.

    Dose absorvida

    Quantidade absorvida, de qualquer tipo de radiao, por um determinado meio. A

    unidade de medida o Rad ou o Gray (Gy), em que:

    1 Gy = 100 Rad = 1 Joule/kg

    Dose equivalente

    Define-se como a quantidade, seja qual for a radiao, que produziria os mesmos efeitos

    que uma unidade de radiao gama ou X. Esta grandeza dose equivalente

    calculada pelo produto da dose absorvida pelo factor e qualidade da radiao em causa.

    A unidade de medida o Rem ou o Sievert (Sv) e a relao entre estas duas unidades :

    1 Sv = 100 Rem

    Dose efectiva

    a soma ponderada das doses equivalentes que atingem o meio. A unidade de medida

    o Sievert (Sv).

    Fontes e Utilizao

    As radiaes Ionizantes, muitas vezes designadas apenas por radiaes, tm origem em

    fontes diversificadas, tanto naturais como produzidas pelo Homem (artificiais).

  • No estudo da exposio humana a radiaes, verifica-se que cerca de dois teros da

    dose que o Homem recebe procedente de fontes naturais (substncias radioactivas

    existentes na crusta terrestre), com destaque para as famlias radioactivas do urnio, do

    trio e do potssio, e ainda os raios csmicos.

    A radiao de fontes naturais varia de local para local, dependendo no s da altitude e

    latitude, mas tambm da constituio dos solos.

    A altitude e latitude de um local contribuem para uma maior ou menor exposio a raios

    csmicos. Assim, enquanto a exposio de Londres e Nova Iorque radiao csmica

    de cerca de 1mSv, em Paris o valor mdio 1,2 mSv e em Kerala (ndia) esse valor

    atinge os 4 mSv.

    Por outro lado, a constituio dos solos tambm um factor que influencia o nvel de

    exposio a radiaes. Este nvel vai depender da presena, em maior ou menor

    quantidade, de minerais radioactivos.

    Designa-se por fundo radioactivo natural as radiaes naturais em cada local da crosta

    terrestre, sendo consensual considerar que este fundo responsvel por uma exposio

    de 1 a 3 mSv.

    As radiaes Ionizantes artificiais so provenientes de tecnologias desenvolvidas

    pelo Homem. Como fontes de radiaes Ionizantes artificiais destacam-se:

    Os equipamentos e as tcnicas com aplicao de radioistopos. Estas substncias

    podem ser utilizadas completamente em circuito fechado (fontes isoladas,

    blindadas) ou na forma de marcadores adicionados a um material de estudo

    (fonte no isolada;

    Produo de energia elctrica por ciso nuclear e, em menor escala;

    Produo de imagens de televiso e equipamentos elctricos de alta energia

    (aparelhos radiofnicos e aceleradores de partculas).

  • A deposio no ambiente dos produtos de ciso resultantes das exploses nucleares, na

    atmosfera ou subterrneas, so tambm fonte de radiao artificial que contribui para a

    exposio humana. Aqueles produtos de ciso so transportados por agentes

    meteorolgicos e, portanto, a sua deposio (que se denomina fallout) constitui um

    problema de contaminao trans - fronteiria.

    Nos nossos dias frequente a utilizao de radiaes Ionizantes artificiais em reas to

    diversas como a indstria, a agricultura, a medicina e a investigao.

    Entre a diversidade de aplicaes destacam-se os raios X, que so muito utilizados nas

    actividades mdicas e paramdicas de diagnstico (radiologia) e na indstria para a

    deteco de eventuais defeitos de fabrico, e os radioistopos, utilizados frequentemente

    em actividades de investigao (marcadores fontes no isoladas), em actividades

    mdicas (diagnstico e terapia) e na esterilizao de material cirrgico, produtos

    farmacuticos e alimentares.

    De um modo geral, pode-se considerar que a principal componente da exposio

    humana a radiaes de origem natural (radon e outros elementos emissores de

    radiaes), seguindo-se a utilizao de raios X nas actividades mdicas.

    Nos Estados Unidos da Amrica, dados divulgados pelo National Council on Radiation

    Protection and Measurements (NCRP), referem que o radon responsvel por mais de

    50% da exposio a radiaes da populao.

    Exposio Profissional

    Os profissionais com maior risco de exposio a radiaes ionizantes so os seguintes:

    Trabalhadores das minas e estaes de tratamento de urnio;

    Trabalhadores dos reactores nucleares e das centrais atmicas;

    Tcnicos de processos radiogrficos industriais, nomeadamente quando se verificam

    soldaduras em oleodutos e outras estruturas metlicas;

    Tcnicos de radiologia (tcnicos de sade);

  • Tcnicos ligados produo e manipulao de substncias radioactivas

    (radioistopos);

    Investigadores que utilizam substncias radioactivas (por exemplo, radioistopos)

    como marcadores;

    Pintores de painis luminosos, por exemplo, dos relgios e equipamento diverso.

    A exposio a radiaes Ionizantes pode ser externa ou interna.

    A exposio externa tem origem nas fontes de radiao situadas no exterior do corpo.

    Os efeitos na sade dependem do poder de penetrao da radiao. O tecido exterior

    tecido cutneo absorve a maior parte das radiaes pouco penetrantes, enquanto que

    as radiaes muito penetrantes atingem os tecidos e rgos situados no interior do

    corpo.

    A existncia de substncias radioactivas no interior do corpo responsvel pela

    exposio interna. A principal fonte de entrada daquelas substncias que penetram no

    organismo a inalao (poeiras, vapores ou gases radioactivos). Contudo, a ingesto

    (alimentos contaminados ou deglutio de poeiras) e a absoro cutnea, principalmente

    atravs de ferimentos, podem tambm constituir significativas entradas de radiaes no

    organismo.

    Radiaes Ionizantes e Sade

    A absoro pelos tecidos de radiaes Ionizantes tem efeitos biolgicos nocivos.

  • A quantidade de energia que absorvida varia com o comprimento de onda da radiao

    e respectiva energia e, no caso da radiao corpuscular, do tamanho e da carga das suas

    partculas. Os raios gama, os neutres e a faixa de menor comprimento de onda dos

    raios X tm capacidade de percorrer longas distncia no ar e de penetrar profundamente

    nos tecidos antes de serem absorvidos, ou seja, de transferirem a sua energia para os

    meios que atravessam. Os raios X, na gama superior de comprimentos de onda, e as

    partculas apenas atravessam alguns milmetros de ar e so absorvidos por uma

    estreita camada de matria (poucos milmetros de espessura de tecidos).

    Os mecanismos de absoro, distribuio, bio - transformao e excreo dos

    radioistopos so anlogos aos seus homlogos no radioactivos. A diferena reside na

    durao da excreo que, no caso das substncias radioactivas, depende do metabolismo

    e, tambm, do perodo de desintegrao da substncia radioactiva.

    Os efeitos adversos da exposio a radiaes Ionizantes podem ser somticos ou

    genticos.

    Os efeitos somticos verificam-se directamente nas pessoas irradiadas (expostas a

    radiaes), enquanto que os efeitos genticos se verificam na descendncia do

    irradiado. Considerando que a exposio profissional a radiaes se caracteriza por ser

    uma exposio de longa durao a doses no muito elevadas, os efeitos genticos desta

    exposio no se consideram, ainda, completamente esclarecidos.

    Os efeitos na sade das radiaes podem tambm ser classificados em estocsticos

    e no estocsticos.

    So designados por efeitos estocsticos aqueles cuja probabilidade, mas no

    necessariamente a gravidade, se considera proporcional dose recebida.

  • Neste caso, no possvel definir limites mnimos para a ocorrncia de efeitos, que

    muitas vezes apenas so detectados vrios anos aps a causa. Assim, considera-se que a

    um aumento da dose corresponde um aumento na incidncia de efeitos estocsticos na

    populao exposta. consensual considerar que os efeitos genticos e

    carcinognicos so efeitos estocsticos. O aumento de incidncia dos tumores

    malignos com causa na exposio a radiaes Ionizantes constitui o principal risco

    somtico estocstico, nomeadamente doenas graves como o cancro da pele,

    subsequente a radiodermites crnicas, cancro sseo, carcinoma do pulmo e leucemia.

    No caso da leucemia, o tempo mnimo que medeia entre a exposio e o aparecimento

    da doena tempo de latncia de cerca de 2 anos. Para os tumores, o tempo de

    latncia prolonga-se at 5 ou mais anos.

    Definem-se como efeitos no estocsticos aqueles cuja gravidade proporcional

    dose, manifestando-se a partir de um determinado nvel. A severidade dos efeitos

    depende, portanto, da dose recebida, sendo reduzido o tempo que medeia entre a

    exposio e o aparecimento de sintomas. So exemplos de efeitos no estocsticos as

    queimaduras cutneas no malignas, a catarata, a inibio da hematopoiese e a alterao

    dos gametas que originam uma perda de fertilidade.

    Em suma:

    Critrio Efeito Biolgico Caractersticas

    Dose Estocsticos A probabilidade de no

    ocorrncia no depende da

    dose recebida

    Deterministas

    (no estocsticos)

    Dependem da dose recebida

    Transmisso Hereditrios

    (genticos)

    Afectam os descendentes

  • Somticos Afectam o indivduo

    irradiado

    Medidas de Preveno

    Considerando o princpio da optimizao baseado na relao benefcio/custo da

    utilizao de radiaes Ionizantes, a proteco humana contra estas radiaes tem como

    princpio orientador que as doses recebidas pelas pessoas expostas e o nmero de

    indivduos expostos devem ser to baixos quanto possvel. O objectivo principal da

    proteco contra a radiao impedir os efeitos no estocsticos e reduzir ao

    mximo os efeitos estocsticos.

    As normas de preveno/proteco devem ter em considerao a radiao absorvida e,

    tambm, o material biolgico exposto, considerando que o impacto nocivo superior

    para alguns rgos e sistemas, como, por exemplo, a medula ssea, a tiride, as gnadas

    e os seios.

    No sentido de reduzir a exposio a radiaes Ionizantes, com origem em fontes

    isoladas ou fontes no isoladas, destacam-se as seguintes medidas:

    Reduzir o tempo de exposio;

    Manter uma distncia de segurana entre o trabalhador e a fonte de emisso da

    radiao ionizante, uma vez que a intensidade da radiao varia na razo inversa do

    quadrado da distncia fonte;

    Isolamento da fonte com materiais absorventes das radiaes Ionizantes (exemplo:

    chumbo);

    Utilizao de equipamento de proteco individual (luvas, avental);

  • No caso das fontes no isoladas, existe um risco suplementar de contaminao

    interna, pelo que se torna fundamental a aplicao de medidas de higiene e

    cumprimento das regras de boas prticas de trabalho, que devem ser regulamentadas

    em manual prprio e ser do conhecimento de todo o pessoal envolvido. Estas regras

    incluem no s as medidas de ndole geral, mas tambm procedimentos especficos

    e adequados s caractersticas do posto de trabalho e tarefas desenvolvidas.

    Com o objectivo da proteco da sade contra as radiaes ionizantes, foram elaboradas

    normas internacionais por um grupo de peritos constitudo por representantes da

    Organizao Internacional do Trabalho (OIT), da Organizao Mundial da Sade

    (OMS) e da Agncia Internacional da Energia Atmica (AIEA).

    Estas normas versam a exposio humana a radiaes ionizantes, no s quanto aos

    aspectos ligados com a sua utilizao (necessidade de justificar o uso de fontes de

    radiao, autorizao para a utilizao e procedimentos para o registo dessa utilizao),

    mas tambm quanto aos aspectos ligados com a exposio (padro de exposio e

    controlo da exposio com a fixao de limites mximos recomendveis).

    No sentido de serem prevenidos os efeitos estocsticos das radiaes ionizantes, foi

    recomendado o valor de:

    50 mSv (5 Rem) para limite equivalente da dose efectiva anual para efeitos

    estocsticos.

    500 mSv (50 Rem) - para limite equivalente de dose anual - para preveno dos

    efeitos no estocsticos.

    150 mSv (15 Rem) - para a exposio do globo ocular.

    No caso particular da gravidez, a mulher no deve estar sujeita a uma exposio a

    radiaes ionizantes anual que exceda 30% dos limites da dose equivalente.

    Por outro lado, para a populao em geral recomendado que a dose anual no exceda 5

    mSv. A contribuio mdia anual proveniente da componente de radioactividade natural

    estimada em cerca de 3 mSv.

    As normas atrs referidas tambm fornecem indicaes para outras reas de

    interveno, com destaque para as seguintes:

  • Classificao das reas de trabalho;

    Caracterizao dos locais de trabalho e anlise dos postos de trabalho;

    Vigilncia mdica dos trabalhadores expostos (exames peridicos e sempre que se

    verifique uma exposio acidental);

    Registo e manuteno dos relatrios das avaliaes e dos ficheiros mdicos.

    O controlo da exposio profissional a radiaes feita por dosimetria fotogrfica ou,

    mais recentemente, por dosimetria por termoluminescncia. A periodicidade desta

    avaliao pode ser mensal ou trimestral.

    Sempre que se s procedam a trabalhos com radiaes ionizantes, as zonas afectadas

    devem estar bem delimitadas e sinalizadas, bem como todos os trabalhadores internos e

    externos devem estar informados dos riscos.

    Radiaes No Ionizantes

    Constituem radiaes no ionizantes todas as radiaes do espectro electromagntico

    com comprimentos de onda superiores a 100 nm. Esto includas neste grupo as

    radiaes:

    ultravioleta;

    luz visvel;

    radiao infravermelha;

    microondas;

    ondas de rdio.

    Neste grupo de radiaes destaca-se tambm um tipo de radiao de desenvolvimento

    recente os raios laseres.

  • Os raios laseres so radiaes no ionizantes, com gamas de comprimento de onda

    muito alargada (em especial na zona do visvel e infravermelho), que se caracterizam,

    fundamentalmente, pela alta direccionalidade do feixe e, consequentemente, pela

    elevada energia incidente por unidade de rea atingida, ou seja, pela densidade de

    energia. Estas caractersticas diversificaram as aplicaes desta radiao, que

    compreendem tcnicas no s na rea da cincia, em especial na medicina e na

    investigao, mas tambm na rea industrial.

    Como principais fontes emissoras das diferentes radiaes no ionizantes destacam-se,

    respectivamente:

    Radiao ultravioleta, visvel e infravermelha

    a principal fonte a radiao solar, podendo ser, tambm,

    considerados os equipamentos de soldadura por arco, as lmpadas

    incandescentes, fluorescentes e de descarga, e os raios laseres.

    Microondas e ondas rdio

    equipamento de fisioterapia e esterilizao, fornos de aquecimento e

    de induo.

    Em relao ao impacto das radiaes no ionizantes na Sade, destacam-se os efeitos

    das radiaes ultravioleta e dos laseres.

    Os principais efeitos biolgicos da radiao ultravioleta incluem a aco:

    carcinognea na pele;

    queimaduras cutneas;

    fotossensibilizao dos tecidos;

    inflamao dos tecidos do globo ocular, principalmente da crnea e da

    conjuntiva.

    As radiaes ultravioletas criam condies para a produo de ozono a partir do

    oxignio do ar e, portanto, originam uma potencial exposio ao gs txico ozono.

  • Relativamente aos efeitos da exposio aos raios laseres, como estes concentram

    numa rea pequena uma elevada energia, existem riscos considerveis na observao

    directa do feixe ou do feixe reflectido, principalmente de leso grave da retina. Como

    regra fundamental de segurana na utilizao dos raios laseres, destaca-se a restrio

    da sua utilizao apenas a pessoal qualificado, utilizao de culos de proteco e

    ausncia de material reflector na vizinhana do local de manuseamento da radiao.

    No que concerne aos efeitos biolgicos das radiaes de elevados comprimentos de

    onda, a informao disponvel mais escassa comparando com as outras radiaes.

    Mesmo assim, so perfeitamente conhecidos os efeitos trmicos das microondas, que

    alis so a principal base das suas aplicaes. Os efeitos nocivos destas radiaes

    provm da sua eficiente absoro pelos tecidos, com consequente elevao da

    temperatura, com manifestaes na funo cardiovascular e sistema nervoso central.

    Medidas Gerais de Proteco contra Radiaes No Ionizantes

    - projecto adequado das instalaes

    - isolamento, dispositivos de encravamento, aumento de distncias

    - recobrimento anti-reflexo das paredes

    - sinalizao

    - limitao do tempo de exposio

    - limitao do acesso a pessoas autorizadas.

    - Utilizao de EPIs

    - Informao dos riscos aos trabalhadores

    Nota: Em Portugal, a responsabilidade da Proteco Contra Radiaes e a Segurana

    Radiolgica, na populao em geral e na exposio profissional, cabe ao Ministrio da

    Sade, por fora do Decreto-Lei 348/89 de Outubro e do Decreto Regulamentar 9/90, de

    19 de Abril, e ao Ministrio do Ambiente atravs do Decreto-Lei 187/93 e 189/93, de 24

    de Maio.