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Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Nov/2011 - Fascículo 44 TC 1 Manual de Procedimentos Temática Contábil e Balanços Boletim j a Contabilidade Gerencial As duas bases da racionalização dos gastos SUMÁRIO 1. Introdução 2. A crítica 3. As bases da racionalização dos gastos 4. Conclusão 1. INTRODUÇÃO Tomando por mote uma crítica aos programas de redução de gastos publicada em livro datado do final da década dos anos 80 do século passado (e reeditado em 2010), este artigo busca refutar os argumentos do autor de tal obra, reapresentando os procedimentos basilares da autêntica racionalização de gastos, já desen- volvidos em artigos anteriormente publicados neste boletim. Os livros divertidos (escritos com ironia e bom humor) costumam ser relidos com certa frequência. Infelizmente, são poucos os livros de administração empresarial que ousam temperar a seriedade do tema com a leveza de um estilo visivelmente bem-humorado. Um deles - publicado em 1988 por um jovem autor que já mesclava, na dose certa, a experiência de um empresário de sucesso com a habilidade de um escritor talentoso - pode ser definido, sem nenhum favor, como um trabalho pelo menos autenticamente divertido. E, por ser divertido, mereceu a nossa releitura, até porque - como dissemos inicialmente - os livros divertidos tendem a ser relidos com certa frequência. Acontece que, relendo-o, deparamos com um comentário concernente a um dos temas mais assi- duamente visitados em textos de nossa autoria para publicação neste boletim: os programas integrados de racionalização de gastos (com outro nome, é claro!). O citado comentário - de cuja primeira leitura (realizada há muitos anos) já não lembrávamos mais - é, na realidade, uma crítica impiedosa (e, a nosso ver, injusta) aos programas de redução de gastos, reunindo argumentos que nos parecem distorcidos e que, por isso, procuramos refutar no presente artigo. 2. A CRÍTICA Os principais argumentos da crítica formulada pelo autor (que chamaremos de Dr. X, em uma tentativa talvez antecipadamente frustrada de preservar a sua identi- dade) e que pretendemos refutar podem ser resumidos, conforme segue: a) os programas “permanentes” de redução de gastos (mais propriamente conhecidos como Programas Integrados de Ra- cionalização de Gastos), não duram mais do que um ano; b) ao fim do programa, as coisas voltam a ser como eram antes, até que um novo alarme soe e um novo programa de redução de gastos te- nha início; c) o maior problema com os programas de re- dução de gastos não é o fato de que quase nunca alcançam os objetivos de economia projetados; o seu maior problema é a habitual geração de efeitos colaterais, sob a forma, por exemplo, de reduções de vendas associadas aos cortes de custos praticados; e d) enquanto os executivos de empresas se ilu- dem contando os vinténs da economia do Tentar cortar gastos sem, antes, cortar as atividades que os geram, é permitir a sua “sobrevivência”, porque a sua origem (a sua raiz, a fonte da qual se nutrem) persiste

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Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Nov/2011 - Fascículo 44 TC 1

Manual de ProcedimentosTemática Contábil e Balanços

Boletimj

a Contabilidade Gerencial

As duas bases da racionalização dos gastos SUMÁRIO 1. Introdução 2. A crítica 3. As bases da racionalização dos gastos 4. Conclusão

1. INTRODUÇÃO

Tomando por mote uma crítica aos programas de redução de gastos publicada em livro datado do final da década dos anos 80 do século passado (e reeditado em 2010), este artigo busca refutar os argumentos do autor de tal obra, reapresentando os procedimentos basilares da autêntica racionalização de gastos, já desen-volvidos em artigos anteriormente publicados neste boletim.

Os livros divertidos (escritos com ironia e bom humor) costumam ser relidos com certa frequência.

Infelizmente, são poucos os livros de administração empresarial que ousam temperar a seriedade do tema com a leveza de um estilo visivelmente bem-humorado.

Um deles - publicado em 1988 por um jovem autor que já mesclava, na dose certa, a experiência de um empresário de sucesso com a habilidade de um escritor talentoso - pode ser definido, sem nenhum favor, como um trabalho pelo menos autenticamente divertido.

E, por ser divertido, mereceu a nossa releitura, até porque - como dissemos inicialmente - os livros divertidos tendem a ser relidos com certa frequência.

Acontece que, relendo-o, deparamos com um comentário concernente a um dos temas mais assi-

duamente visitados em textos de nossa autoria para publicação neste boletim: os programas integrados de racionalização de gastos (com outro nome, é claro!).

O citado comentário - de cuja primeira leitura (realizada há muitos anos) já não lembrávamos mais - é, na realidade, uma crítica impiedosa (e, a nosso ver, injusta) aos programas de redução de gastos, reunindo argumentos que nos parecem distorcidos e que, por isso, procuramos refutar no presente artigo.

2. A CRÍTICA

Os principais argumentos da crítica formulada pelo autor (que chamaremos de Dr. X, em

uma tentativa talvez antecipadamente frustrada de preservar a sua identi-

dade) e que pretendemos refutar podem ser resumidos, conforme segue:

a) os programas “permanentes” de redução de gastos (mais propriamente conhecidos como Programas Integrados de Ra-cionalização de Gastos), não duram mais do que um ano;

b) ao fim do programa, as coisas voltam a ser como eram antes, até que um novo alarme soe e um novo programa de redução de gastos te-nha início;

c) o maior problema com os programas de re-dução de gastos não é o fato de que quase nunca alcançam os objetivos de economia projetados; o seu maior problema é a habitual geração de efeitos colaterais, sob a forma, por exemplo, de reduções de vendas associadas aos cortes de custos praticados; e

d) enquanto os executivos de empresas se ilu-dem contando os vinténs da economia do

Tentar cortar

gastos sem, antes, cortar as atividades que os geram, é permitir a sua “sobrevivência”, porque a sua origem (a sua raiz, a fonte da qual se

nutrem) persiste

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programa (que eles consideram como ganhos reais), os resultados efetivos de suas empre-sas se deterioram por consequência (entre ou-tros fatores) do impacto emocional que o pro-grama tem sobre o desempenho das pessoas, estressadas pela possibilidade de desempre-go (evento muito provável no caso do progra-ma de redução se estender aos valores de sa-lários e encargos sociais do pessoal indireto - coisa que comumente acontece).

Esses são os principais argumentos alinhados, no livro em questão, a respeito dos programas de redução de gastos, interpretados sob a ótica parcial de seu autor.

Na verdade, o quarto argumento (descrito na letra “d” anterior) não está explicitamente mencionado no livro, aparecendo apenas como “crítica implícita” e “pano de fundo difuso”, mas torna-se evidente em diversos outros trechos do trabalho do Dr. X.

3. AS BASES DA RACIONALIZAÇÃO DOS GASTOS

Para melhor organização da matéria, dedica-remos este item à simples exposição dos princípios básicos que devem reger a racionalização dos gastos empresariais, reservando para a conclusão (item 4) o confronto entre os princípios aqui expostos e as críticas sob análise, com o objetivo de demonstrar a impropriedade de tais críticas.

3.1 Primeiro princípio básico

A redução racional de gastos é sempre precedida de criteriosa avaliação das atividades que os geram.

Quando uma atividade for considerada supérflua (ou seja: atividade que não acrescenta valor ao pro-duto ao qual é aplicada), os gastos por ela gerados deverão ser caracterizados como desperdícios. Essa atividade deve então ser eliminada e, com isso, desa-parecerão os desperdícios a ela correspondentes.

No momento em que uma atividade for julgada desnecessariamente complexa, ela deverá ser simplificada para que se obtenha uma redução de custo correspondente à parcela de complexidade eliminada.

Quando uma atividade não puder ser simplificada (fato de difícil ocorrência, dado que, em princípio, toda e qualquer atividade, por mais simples que pareça, pode ser ainda mais simplificada), não será possível reduzir-lhe o custo.

Assim, o primeiro princípio basilar da redução racional de gastos estabelece que nenhum destes pode ser reduzido antes de serem identificadas e eli-minadas ou simplificadas as atividades que os geram. Quando esse preceito é negligenciado, manifesta-se uma aberração gerencial simplesmente desastrosa. É como se um médico adotasse um tratamento meramente sintomático para uma doença qualquer, apesar de saber que existe uma causa subjacente ao sintoma e que, portanto, não há como eliminar o sintoma, deixando a causa intacta. Pode ser possível atenuá-lo ou afastá-lo temporariamente; mas, não será viável eliminá-lo, a menos que se agisse sobre as suas causas.

No nosso caso, a atividade é a causa real do problema, enquanto o custo é apenas um sintoma ou indício da existência dessa causa.

Obviamente, tentar cortar gastos sem, antes, cortar as atividades que os geram, é o mesmo que permitir a sua existência, porque a sua origem, a sua raiz, a fonte da qual se nutrem, persiste.

Nessas circunstâncias, esses gastos (que se supunha eliminados) não tardarão a ressurgir, voltando a influenciar os resultados financeiros da empresa, mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra e, muito provavelmente, assumindo valores ainda mais expressivos do que originalmente.

3.2 Segundo princípio básico

Segundo a terminologia criada por W. E. Deming, dados ou números visíveis são as informações con-tábeis e/ou estatísticas tradicionalmente utilizadas de forma intensiva por empresários ou administradores de empresa, no exercício das suas funções.

Contudo, a experiência tem demonstrado que, embora os números visíveis sejam necessários (até mesmo indispensáveis) ao bom exercício da adminis-tração de negócios, eles não são, de forma alguma, suficientes para assegurar uma gerência mais com-petente da empresa, particularmente no que respeita à necessidade de controle de seus gastos de forma inteligente.

Na verdade, nem tudo o que afeta o desempenho de uma empresa pode ser fácil e claramente quanti-ficado.

Alguns dos determinantes mais relevantes do desempenho de uma organização (comumente deno-

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minados “números invisíveis”) habitam uma área som-breada da pesquisa gerencial, habitáculo dos fatores administrativos avessos à quantificação.

A esse respeito, temos uma má e uma boa notícia. A má notícia é que os fatores esquivos à quantificação são, via de regra, decisivos para a tomada de deci-sões inteligentes.

O já citado Deming, enfatizando a importância desses fatores, assegurava que o administrador que insistisse em dirigir a sua empresa com base exclusiva em números visíveis, ficaria, com o passar do tempo, sem os números e sem a empresa.

A boa notícia é que os fatores dos quais falamos, mesmo sendo de quantificação difícil (e, até, em alguns casos, impossível), podem ser, na sua grande maioria, estimados com razoável aproximação (aproximação suficiente para permitir a sua inclusão nas equações de cálculo de seus possíveis efeitos indiretos).

O exemplo que segue pode auxiliar a melhor compreensão do assunto:

Decisão da empresa: reduzir o número das viagens do pessoal de vendas;

Efeito esperado: corte nos gastos de viagens;

Resultado mais provável: redução nos gastos das viagens, parcialmente ou integralmente compensada (ou, até, superada) por uma redução nas vendas da empresa;

Número invisível a ser considerado: a relação entre o número de viagens dos vendedores e o valor das vendas realizadas.

Como se vê, as decisões de cortes de custos, quando racionais, excedem, em muito, a tarefa sim-ples de escolher valores de redução aleatoriamente, podendo, o segundo princípio basilar que rege a técnica racional da redução de gastos, ser expresso como segue: nenhuma decisão concernente a preten-didas reduções de gastos pode prescindir da prévia avaliação dos seus efeitos indiretos ou “colaterais”.

Logo, podemos concluir que os programas inte-ligentes de redução de gastos apóiam-se, invariavel-mente, em dois princípios fundamentais:

a) gastos não podem ser eliminados ou reduzi-dos sem a prévia eliminação ou simplificação das atividades pelas quais são gerados;

b) reduções de gastos, em sua maioria, apresen-tam efeitos colaterais que devem ser estima-dos com a precisão possível, a fim de permitir a prévia avaliação do seu benefício líquido.

A estrita observância desses princípios previne muitas das surpresas que “assombram as noites” de gerentes e empresários, inclusive a súbita ou gradual reaparição de gastos, supostamente mortos, ou a geração de resultados opostos àqueles pretendidos.

4. CONCLUSÃO

A refutação de algumas das críticas elencadas no item 2, mediante aplicação dos princípios expostos no item 3, é mais ou menos imediata e, certamente, já foi antecipada pelo leitor atento.

De qualquer forma, para assegurar que não subsistam mal-entendidos e também a fim de que haja resposta a algumas das críticas em questão que exigem argumentos não incluídos no item 3, parecem-nos convenientes os seguintes comentários complementares.

4.1 Primeira crítica- Duração efêmera dos progra-mas permanentes de redução de custos

Os programas permanentes de redução de gastos, abrangendo todas as áreas de uma empresa, são mais conhecidos como integrados (ou integrais) de redução de gastos, sendo projetados para longos prazos de duração (sem a indicação temporal defi-nida).

Se, na empresa do Dr. X, esses programas não sobrevivem além de períodos anuais (ou, até, mais curtos), o problema não está no procedimento em si, mas exclusivamente na direção da empresa que o “abandona à própria sorte”, sem o apoio hierárquico que lhe é indispensável. Afinal, todo projeto durável e abrangente de uma empresa requer o suporte contínuo da alta gerência, não somente no seu lan-çamento, mas também durante toda a sua vigência.

4.2 Segunda crítica- Reaparição de gastos supos-tamente mortos

Seguem os argumentos que caracterizam a natu-reza da segunda crítica:

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a) a falta da observância do princípio que esta-belece a ação sobre a atividade geradora an-tes de uma efetiva redução do “sintoma”;

b) a redução real de gastos é o resultado da apli-cação de uma técnica gerencial bem estrutu-rada, não podendo ser obtida mediante sim-ples decisões precipitadas, arbitrárias e dis-cricionárias da administração;

c) os gastos cortados sem critérios técnicos rigo-rosos reaparecem porque a sua origem per-manece operante.

4.3 Terceira crítica - Maior problema dos progra-mas de reduções de gastos: a geração de efei-tos colaterais

O maior problema desses programas não é a geração de efeitos colaterais, mas sim a negligência desses efeitos no processo decisório.

Em outras palavras, não basta querer cortar cus-tos - é preciso saber fazê-lo.

4.4 Quarta crítica - Impacto emocional sobre o desempenho das pessoas

Na verdade, esse parece ser um problema inerente à redução de gastos que envolve cortes de pessoal, e não pode ser totalmente evitado, já que parece ativar (de forma automática) a insegurança das pessoas, ao defrontá-las com duas expectativas as quais mais temem: a mudança e o desemprego.

Pode não haver como evitar esse impacto emocional, mas há como atenuá-lo mediante um programa de preparação psicológica para a situação, acompanhada de efetiva assistência aos que vierem a ser demitidos, através de projetos de recolocação e até de auxílio financeiro voluntário para minimizar os problemas da fase de transição.

A estratégia de atenuação do impacto emocional (que acomete, também, os empregados que permanecerão na empresa) é de exclusiva iniciativa da direção da empresa, devendo seus custos ser incluídos na análise prévia do resultado líquido da redução de gastos pretendida.

N

a ContabilistasExtinção, pedido de retificação, recursos e penalidades no âmbito dos conselhos de contabilidade SUMÁRIO 1. Introdução 2. Extinção do processo 3. Pedido de retificação 4. Recursos 5. Recurso de ofício 6. Penalidades de natureza ética 7. Penalidades de natureza disciplinar 8. Conjugações de penas 9. Desaparecimento ou extravio de autos - Restauração

1. INTRODUÇÃO

Neste texto, discorremos sobre extinção, pedido de retificação, recursos e penalidades que envolvem

o processo de fiscalização no âmbito dos conselhos de contabilidade.

O texto tem como base a Resolução CFC no 1.309/2010, que aprovou o regulamento de Procedimentos Processuais dos Conselhos de Contabilidade, no que diz respeito aos processos administrativos e de fiscalização da profissão contábil.

Lembra-se que o referido regulamento está em vigor desde 1o.01.2011, aplicando-se, inclusive, aos processos que se encontrarem em andamento a partir da referida data.

2. EXTINÇÃO DO PROCESSO

O órgão competente declarará extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da deci-

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são se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.

3. PEDIDO DE RETIFICAÇÃO

Dos relatos prolatados nos processos de fiscaliza-ção poderá o autuado, dentro de 10 dias da intimação, requerer pedido de retificação quando:

a) houver obscuridade ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos;

b) for omitido ponto sobre o qual o relator, revisor ou autor do voto vencedor deveria se pronunciar.

O pedido de retificação interrompe o prazo recursal.

Notas

(1) O pedido de retificação será dirigido ao relator, revisor ou autor do voto vencedor, cuja decisão prevaleceu.

(2) Recebido o pedido de retificação, o conselheiro relator, revisor ou autor do voto vencedor deverá apreciá-lo no prazo de até 2 reuniões do co-legiado que julgou o processo.

4. RECURSOS

Das decisões de primeira instância cabe recurso ao Conselho Federal de Contabilidade (CFC), em face de razões de legalidade e de mérito.

Somente o autuado ou seu representante legal tem legitimidade para interpor recurso.

4.1 Rito para os recursos

O recurso será dirigido ao órgão que proferiu a decisão.

Interposto o recurso, o órgão que o recebeu deverá atribuir-lhe efeito de pedido de reconside-ração, reapreciando-o no prazo de até 2 reuniões plenárias ordinárias.

Para fins de contagem do prazo citado, considerar--se-á apenas uma reunião plenária ordinária mensal.

Notas

(1) Mantida ou reformada parcialmente a decisão inicial, os autos serão encaminhados ao órgão superior.

(2) O processo em que a penalidade aplicável for a cassação do exer-cício profissional deverá ser julgado em destaque e aprovado por 2/3 dos membros do Tribunal Superior de Ética e Disciplina.

4.2 Prazo para interposição de recurso

É de 15 dias o prazo para interposição de recurso, contados a partir da intimação.

O recurso deverá ser decidido no prazo máximo de 2 reuniões plenárias ordinárias, a partir do recebi-mento dos autos pelo órgão competente. O prazo de duas reuniões poderá ser motivadamente prorrogado.

Para fins de contagem desse prazo, será conside-rada apenas uma reunião plenária ordinária mensal.

Nota

Da reapreciação do processo, não poderá resultar pena maior que a aplicada na decisão de primeira instância.

4.2.1 Rito para interposição de recurso

O recurso será interposto por meio de requeri-mento, no qual o recorrente deverá expor os funda-mentos do pedido de reexame.

O recurso não será conhecido quando interposto fora do prazo ou por quem não seja legitimado.

O juízo de admissibilidade será exercido pelos conselhos regionais quando da concessão do efeito de pedido de reconsideração ao recurso, aos quais caberá analisar, antes da reapreciação meritória, o preenchimento dos requisitos e a tempestividade recursais.

5. RECURSO DE OFÍCIO

Os conselhos regionais de contabilidade devem recorrer de sua própria decisão ao CFC, a título de ofício, nas seguintes hipóteses:

a) quando a penalidade aplicável for suspensão do exercício profissional;

b) quando a penalidade aplicável for censura pú-blica;

c) quando a penalidade aplicável for cassação do exercício profissional.

Nos casos em que as penas supracitadas forem cumuladas com outras, competirá ao CFC reapreciar a decisão, inclusive quanto às demais penas proferi-das em razão do mesmo fato.

6. PENALIDADES DE NATUREZA ÉTICA

6.1 Pena de advertência

A pena de advertência reservada será executada por meio de ofício ao apenado. Caso a comunicação da pena seja frustrada, será lavrada certidão do ocorrido nos autos, devendo o Conselho Regional de Contabilidade (CRC) intimar por meio de edital de

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chamamento publicado no diário oficial ou jornal de grande circulação.

O não atendimento ao chamamento em tempo hábil será certificado nos autos e resultará na execu-ção automática da pena, lançando-se no cadastro do apenado o registro da penalidade.

6.2 Pena de censura reservada

A comunicação da pena de censura reservada será entregue em mãos por autoridade competente ou empregado do CRC designado para tal fim.

A comunicação da pena de censura reservada poderá, excepcionalmente, ser entregue pelos correios através de Aviso de Recebimento - Mãos Próprias.

6.3 Pena de censura pública

Para a execução da pena de censura pública, o CRC adotará as seguintes medidas:

a) intimação ao apenado;

b) inclusão, no cadastro do apenado, do registro da penalidade;

c) publicação da pena, por meio de edital em di-ário oficial ou jornal de grande circulação, ime-diatamente após a juntada da intimação.

7. PENALIDADES DE NATUREZA DISCIPLINAR

7.1 Multa

A multa será cobrada nos autos do processo de fiscalização por meio de intimação ao apenado, acompanhada da respectiva guia.

Não cumprida a pena de multa, serão observados os seguintes dispositivos:

a) sendo o autuado profissional da contabilida-de, deverá ser aplicada a pena de suspensão do exercício profissional por 90 dias, por deci-são do Tribunal Regional de Ética e Disciplina (TRED), mediante proposta do vice-presidente de fiscalização, remetendo os autos do pro-cesso ao CFC para homologação;

b) sendo a autuada organização contábil, deve-rá ser aplicada a pena de suspensão do exer-cício profissional por 90 dias ao sócio gestor, por decisão do TRED, mediante proposta do vice-presidente de fiscalização, remetendo os autos do processo ao CFC para homologação;

c) sendo o autuado profissional sem registro, lei-go, pessoa física ou pessoa jurídica, o CRC deverá adotar as medidas para a cobrança ju-dicial.

d) Na aplicação da pena referida na letra “a”, a homologação será pelo Tribunal Superior de Ética e Disciplina (TSED), mediante proposta do vice-presidente de fiscalização.

7.2 Suspensão ou cassação

Para a execução da pena de suspensão ou cassação do exercício profissional, o CRC adotará as seguintes medidas:

a) intimação da suspensão ou cassação do exer-cício profissional ao apenado;

b) inclusão, no cadastro do apenado, do registro da penalidade;

c) publicação da pena, por meio de edital em di-ário oficial ou jornal de grande circulação, ime-diatamente após a juntada da intimação, indi-cando o período de cumprimento da pena;

d) comunicação do apenamento aos delegados do CRC, aos demais regionais onde o apena-do exerça atividades contábeis e aos órgãos federais, estaduais e municipais nos quais atue profissionalmente;

e) deverá ser enviada comunicação da sen-tença transitada em julgado aos clientes do profissional apenado com suspensão ou cassação do exercício profissional, desde que conhecidos.

Na suspensão do exercício profissional decorrente do não pagamento de multa, a execução da pena será procedida adotando-se apenas o estabelecido nas letras “a” e “b”, supramencionadas.

8. CONJUGAÇÕES DE PENAS

Quando uma mesma decisão fixar mais de uma pena e, dentre elas, houver censura pública, suspen-são ou cassação do exercício profissional, competirá ao CFC reapreciar a decisão, inclusive quanto às demais penas proferidas em razão do mesmo fato.

9. DESAPARECIMENTO OU EXTRAVIO DE AUTOS - RESTAURAÇÃO

Verificado o desaparecimento de autos de processo, competirá ao departamento responsável pela instrução processual noticiá-lo à autoridade competente, informando a fase em que se encontrava

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o processo e propondo a abertura do procedimento de restauração.

O procedimento de restauração será iniciado pelo órgão no qual se encontrava quando do desapareci-mento.

A autoridade competente designará funcionário habilitado para proceder às medidas necessárias à restauração, devendo o departamento responsável pela instrução processual administrar os procedimen-tos cabíveis.

O funcionário deverá proceder ao levantamento e à juntada de atos e documentos recuperados, certificando os atos e fatos ocorridos e consignados nos autos originais e cujos documentos oficiais não possam ser recuperados.

Concluído o levantamento, deverá ser dada ciên-cia ao autuado para manifestação e apresentação dos documentos de que dispuser no prazo de 15 dias.

9.1 Análise e julgamento dos autos

Vencido o prazo para manifestação ou apresen-tada esta, os autos serão distribuídos a um conse-lheiro designado relator perante o Tribunal de Ética competente, a quem caberá analisar a restauração.

Da decisão, será dada intimação ao autuado. Nota-se que caberá recurso da decisão que julgar procedente a restauração.

Nota

Julgada procedente a restauração e não havendo recurso ou sendo este indeferido, será dada continuidade ao processo originário a partir da fase em que ocorreu o desaparecimento.

N

a Contabilidade Geral13o salário SUMÁRIO 1. Introdução 2. Classificação contábil 3. Ajustes decorrentes de aumentos salariais 4. Baixa da provisão por ocasião da contabilização da

folha de pagamento 5. Pagamento da gratificação 6. Exemplo 7. Saldo de 13o salário a pagar em 31 de dezembro 8. Não contabilização mensal do 13o salário

1. INTRODUÇÃO

A apropriação mensal do 13o salário é uma prá-tica pela qual são distribuídos, de maneira uniforme,

por todos os meses do ano, os gastos incorridos com essa gratificação para atender fielmente ao regime de competência, o que é indispensável nas empresas que levantam balanços ou balancetes durante o ano, em atendimento às finalidades fiscais (apuração do lucro real), à exigência de legislação específica (da Comissão de Valores Mobiliários - CVM, para as companhias abertas, do Banco Central do Brasil - Bacen, para as instituições financeiras, da Superintendência de Seguros Privados - Susep, para as empresas de seguros e outras) ou, simplesmente, para fins gerenciais.

O valor a ser apropriado é calculado na base de 1/12 da remuneração mensal dos empregados

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que tiverem trabalhado, no mínimo, 15 dias no mês, cabendo ajuste do valor provisionado nos meses anteriores na ocorrência de reajustes salariais.

Cabe observar que, se a empresa não for tribu-tada pelo Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) com base no lucro real ou, mesmo estando sujeita a essa forma de tributação, tiver optado pelo paga-mento mensal do imposto por estimativa e somente venha a apurar resultados em 31 de dezembro, na data do levantamento do balanço anual, normalmente já deverá ter quitado integralmente a gratificação natalina devida aos seus empregados no ano.

Portanto, em tal hipótese, a apropriação mensal do 13o salário não tem efeitos fiscais, exceto no caso de empresas industriais que tenham sistema de custos integrado e coordenado com a contabi-lidade geral, hipótese em que a não constituição mensal da provisão provocará distorções no custo da produção mensal.

1.1 Observação sobre a inadequação do termo “provisão para o 13o salário”

O item 11 do Pronunciamento Técnico CPC 25 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (cujas regras foram recepcionadas pela Resolução CFC no 1.180/2009, que aprovou a NBC TG 25 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes) dispõe que:

11. As provisões podem ser distintas de outros passivos tais como contas a pagar e passivos derivados de apro-priações por competência (accruals) porque há incerteza sobre o prazo ou o valor do desembolso futuro necessário para a sua liquidação. Por contraste:

a) as contas a pagar são passivos a pagar por conta de bens ou serviços fornecidos ou recebidos e que tenham sido fatu-rados ou formalmente acordados com o fornecedor; e

b) os passivos derivados de apropriações por competência (accruals) são passivos a pagar por bens ou serviços forne-cidos ou recebidos, mas que não tenham sido pagos, fatura-dos ou formalmente acordados com o fornecedor, incluindo valores devidos a empregados (por exemplo, valores rela-cionados com pagamento de férias). Embora algumas vezes seja necessário estimar o valor ou prazo desses passivos, a incerteza é geralmente muito menor do que nas provisões.

Os passivos derivados de apropriação por competência (accruals) são frequentemente divulgados como parte das contas a pagar, enquanto as provisões são divulgadas separadamente. (grifos nossos).

Portanto, a exemplo com o que ocorre com as férias, os valores devidos a título de 13o salário e res-pectivos encargos sociais se enquadram no conceito de passivos derivados de apropriação por competên-

cia (accruals) e, como tais, devem ser registrados, não havendo que se falar em “provisionar” tais valores.

2. CLASSIFICAÇÃO CONTáBIL

O 13o salário e os respectivos encargos sociais inci-dentes devem ser registrados como custo de produção, quando referentes ao pessoal de setores produtivos, ou como despesa operacional, quando referentes ao pessoal de setores de venda ou administrativo, tendo--se como contrapartida contas 13o Salário a Pagar e Encargos Sociais sobre o 13o Salário a Pagar, ou, alter-nativamente, uma única conta 13o Salário e Encargos Sociais a Pagar, classificáveis no Passivo Circulante.

O registro da apropriação mensal dos valores devidos a título de 13o salário e seus respectivos encargos sociais pode ser efetuado por meio dos seguintes lançamentos:

D - 13o Salário(Conta de Resultado)

C - 13o Salário a pagar(Passivo Circulante)

D - Encargos Sociais sobre 13o Salário(Conta de Resultado)

C - 13o Salário e Encargos Sociais a Pagar(Passivo Circulante)

Ou, alternativamente:

D - 13o Salário e Encargos Sociais(Conta de Resultado)

C - Encargos Sociais sobre 13o Salário a Pagar(Passivo Circulante)

3. AJUSTES DECORRENTES DE AUMENTOS SALARIAIS

Toda vez que os salários são reajustados cabe ajustar o valor do 13o salário devido. Veja o exemplo de um salário de R$ 1.200,00, de janeiro a junho, que, rea-justado em 5% no mês de julho, passa a R$ 1.260,00:

Mês Salário mensal13o salário devido

No mês Acumulado

Janeiro R$ 1.200,00 R$ 100,00 R$ 100,00

Fevereiro R$ 1.200,00 R$ 100,00 R$ 200,00

Março R$ 1.200,00 R$ 100,00 R$ 300,00

Abril R$ 1.200,00 R$ 100,00 R$ 400,00

Maio R$ 1.200,00 R$ 100,00 R$ 500,00

Junho R$ 1.200,00 R$ 100,00 R$ 600,00

Julho R$ 1.260,00 R$ 135,00 R$ 735,00

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Manual de Procedimentos

Temática Contábil e Balanços

Mês Salário mensal13o salário devido

No mês Acumulado

Agosto R$ 1.260,00 R$ 105,00 R$ 840,00

Setembro R$ 1.260,00 R$ 105,00 R$ 945,00

Outubro R$ 1.260,00 R$ 105,00 R$ 1.050,00

Novembro R$ 1.260,00 R$ 105,00 R$ 1.155,00

Dezembro R$ 1.260,00 R$ 105,00 R$ 1.260,00

O reajuste salarial foi de 5%, mas o valor conta-bilizado no mês de julho, a título de 13o salário, foi 35% maior do que nos meses anteriores e de agosto a dezembro passou a ser 5% superior ao valor da apropriação mensal do 1o semestre.

4. BAIXA DA PROVISÃO POR OCASIÃO DA CONTABILIZAÇÃO DA FOLhA DE PAGAMENTO

Em função de a legislação previdenciária exigir que todas as verbas pagas, devidas ou creditadas aos empregados constem da folha de pagamento de salários, os cheques ou as autorizações de débito em conta-corrente bancária utilizados para o pagamento do 13o salário devem ser contabilizados debitando--se a conta Adiantamento de 13o Salário. Quanto aos valores da gratificação paga e dos respectivos encargos sociais, estes devem ser baixados da conta 13o Salário a Pagar somente por ocasião da contabili-zação da folha de pagamento.

5. PAGAMENTO DA GRATIFICAÇÃO

Normalmente as empresas efetuam o pagamento do 13o salário da seguinte forma:

a) metade por ocasião do pagamento de férias concedidas a partir do mês de fevereiro, quan-do solicitada pelo funcionário, ou até 30 de no-vembro; e

b) o saldo até 20 de dezembro ou por ocasião da rescisão do contrato de trabalho.

5.1 Contabilização do pagamento da 1a parcela

O pagamento da 1a metade do 13o salário carac-teriza-se como adiantamento da gratificação. O valor pago será registrado a débito de conta transi-tória do Ativo Circulante, normalmente denominada “Adiantamento de 13o Salário”, ou baixado diretamente à conta 13o Salário a Pagar.

No caso de pagamento por ocasião da concessão de férias ao empregado, a primeira

alternativa é a mais adequada, porque o valor pago poderá não ter sido ainda apropriado, o que acontece no caso de empregado que goza férias no 1o semestre.

Ressaltamos que incide o FGTS sobre o paga-mento da 1a parcela da gratificação, sendo o valor correspondente ao pagamento desse encargo social baixado à conta Encargos Sociais sobre 13o Salário a Pagar. Entretanto, no caso de pagamento dessa por ocasião do gozo de férias pelo empregado e sendo estas concedidas no 1o semestre, como o FGTS pago ainda não foi inteiramente apropriado, o proce-dimento tecnicamente mais adequado é debitar seu pagamento em conta transitória do Ativo Circulante, de forma similar à adotada para o pagamento do adiantamento da gratificação.

Observamos que a antecipação da 1a parcela da gratificação (por ocasião do gozo de férias pelo empregado), cujo valor foi debitado à conta transitória do Ativo Circulante ou baixado à conta de provisão, não afeta a sua apropriação mensal, que deve continuar sendo feita na base de 1/12 do salário mensal do empregado. Cabe a mesma observação para a apropriação mensal do FGTS com base no valor provisionado mensalmente para a gratificação.

5.2 Contabilização do pagamento da 2a parcela

Em 20 de dezembro (data-limite para o pagamento da 2a parcela do 13o salário), os saldos das contas refletirão os valores apropriados até o mês de novem-bro, visto que as parcelas mensais são contabilizadas no final de cada mês. Assim, nessa data, poderá ser efetuada a seguinte contabilização:

a) o valor do 13o salário constante da folha de pa-gamento será registrado a débito da conta 13o Salário a Pagar até o limite do respectivo sal-do, e o excedente pago será debitado à conta própria de custos da produção e/ou de despe-sa operacional;

b) os encargos sociais efetivos incidentes sobre o 13o salário serão creditados às contas próprias de encargos a pagar (no Passivo Circulante), em contrapartida à baixa do saldo contabiliza-da anteriormente nessa conta, e o excedente será debitado diretamente às contas próprias de custos da produção e/ou de despesa ope-racional.

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Temática Contábil e Balanços

6. EXEMPLO

6.1 Dados para o exemplo

Admitamos que, durante o ano-calendário de 20X2, uma empresa comercial tenha efetuado a provisão mensal do 13o salário e dos respectivos encargos sociais e que apresente, em 30.11.20X2, a situação descrita a seguir:

Dados Provisão Adiantamento(1)

Empregados Data de admissão

SaláriosR$

No de doze avos

13o provisionadoR$

INSS(2)

R$FGTS(3)

R$TotalR$

Valor pagoR$

FGTS(3)

incidenteR$

“A” 23.05.20X2 1.200,00 6/12 600,00 156,00 48,00 804,00 350,004 28,00“B” 14.01.20X1 1.800,00 11/12 1.650,00 429,00 132,00 2.211,00 900,00 72,00“C” 02.01.20X0 2.400,00 11/12 2.200,00 572,00 176,00 2.948,00 1.200,00 96,00

Total 4.450,00 1.157,00 356,00 5.963,00 2.450,00 196,00

(1) Estamos admitindo que a 1a parcela do 13o salário foi paga em 30 de novembro para todos os funcionários.

(2) Valor do 13o provisionado x 26% (alíquota hipotética global dos encargos sociais a cargo da empresa). A alíquota global efetiva, por causa do Seguro de Acidentes do Trabalho (SAT), varia em fun-ção da atividade da empresa - ver Instrução Normativa RFB no 971/2009, art. 72.

(3) Alíquota de 8% (Lei no 8.036/1990, art. 15).

(4) R$ 1.200,00 ÷ 12 (meses) x 7 (meses trabalha-dos com direito ao 13o salário) x 50%.

6.2 Registro contábil do pagamento da 1a parcela do 13o salário

1) Pelo valor do adiantamento

D - Adiantamento de 13o Salário(Ativo Circulante)

C - Bancos Conta Movimento(Ativo Circulante) R$ 2.450,00

2) Pela transferência do FGTS incidente sobre os adiantamentos da conta Encargos Sociais sobre o 13o Salário a Pagar para a conta FGTS a Recolher

D - Encargos Sociais sobre o 13o Salário a Pagar(Passivo Circulante)

C - FGTS a Recolher(Passivo Circulante) R$ 196,00

Admitindo que a empresa contabilizou mensal-mente o 13o salário e encargos na forma demonstrada no item 2, em 30.11.20X2, após os registros anteriores, teremos os seguintes saldos nas contas patrimoniais:

Ativo Circulante:Adiantamento de 13o Salário R$ 2.450,00(1)

Passivo Circulante:13o Salário a Pagar R$ 4.450,00(2)

Encargos Sociais sobre o 13o Salário R$ 1.317,00(3)

Notas

(1) Valor total do adiantamento pago em 30.11.20X2.

(2) Valor da provisão para o 13o salário.

(3) Valor provisionado para o INSS (R$ 1.157,00) + Valor provisionado para o FGTS (R$ 356,00) - FGTS sobre o adiantamento (R$ 196,00).

6.3 Contabilização da folha de pagamento do 13o salário

Em 20.12.20X2, teremos os seguintes valores na folha de pagamento do 13o salário:

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13o salário bruto R$ 4.900,00(1)

Descontos:INSS (valor hipotético) (R$ 300,00)IRRF (valor hipotético) (R$ 300,00)Adiantamentos (R$ 2.450,00) (R$ 3.050,00)Valor líquido a pagar R$ 1.850,00INSS do empregador (R$ 4.900,00 x 26%) R$ 1.274,00FGTS s/ 2a parcela (R$ 4.900,00 - R$ 2.450,00) x 8% R$ 196,00

(1) Soma de todos os 13o salários brutos (R$ 700,00 + R$ 1.800,00 + R$ 2.400,00).

A contabilização da folha de pagamento do 13o salário será efetuada da seguinte forma:

1) Registro de baixa da provisão para 13o salário até o limite do saldo

D - 13o Salário a Pagar(Passivo Circulante)

C - Salários e Ordenados a Pagar(Passivo Circulante) R$ 4.450,00

2) Registro da diferença entre o valor apropriado e o total do 13o salário constante na folha de pagamento

D - 13o Salário (Conta de Resultado)C - Salários e Ordenados a Pagar

(Passivo Circulante) R$ 450,00(1)

(1) R$ 4.900,00 - R$ 4.450,00.

3) Registro do INSS do empregado

D - Salários e Ordenados a Pagar(Passivo Circulante)

C - INSS a Recolher(Passivo Circulante) R$ 300,00

4) Registro do Imposto de Renda Retido na Fonte

D - Salários e Ordenados a Pagar(Passivo Circulante)

C - IRRF a Recolher(Passivo Circulante) R$ 300,00

5) Registro da baixa do adiantamento de 13o salário

D - Salários e Ordenados a Pagar(Passivo Circulante)

C - Adiantamento de 13o Salário (Ativo Circulante) R$ 2.450,00

6) Transferência dos valores apropriados na conta Encargos Sociais sobre o 13o Salário a Pagar para as contas de registro das contribuições efeti-vas a pagar

6.1) INSS

D - Encargos sobre o 13o Salário a Pagar(Passivo Circulante)

C - INSS a Recolher(Passivo Circulante) R$ 1.157,00(1)

(1) R$ 4.450,00 x 26%.

6.2) FGTS

D - Encargos sobre o 13o Salário a Pagar(Passivo Circulante)

C - FGTS a Recolher(Passivo Circulante) R$ 160,00(1)

(1) (R$ 4.450,00 - R$ 2.450,00) x 8%.

7) Registro da diferença entre o valor apropriado e o total dos encargos constantes na folha de paga-mento

7.1) FGTS

D - Encargos Sociais s/ 13o Salário - FGTS(Conta de Resultado)

C - FGTS a Recolher(Passivo Circulante) R$ 36,00(1)

(1) R$ 196,00 - R$ 160,00.

7.2) INSS

D - Encargos Sociais s/ 13o Salário - INSS(Conta de Resultado)

C - INSS a Recolher(Passivo Circulante) R$ 117,00(1)

(1) R$ 1.274,00 - R$ 1.157,00.

8) Registro do pagamento do valor líquido da folha

D - Salários e Ordenados a Pagar(Passivo Circulante)

C - Bancos Conta Movimento(Ativo Circulante) R$ 1.850,00

7. SALDO DE 13o SALáRIO A PAGAR EM 31 DE DEZEMBRO

As empresas com funcionários que percebem parcela variável de salário (como comissões sobre vendas) - cuja base de cálculo do 13o salário é a

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média dos valores recebidos (total recebido dividido pelo número de meses trabalhados) - e que, em 19 de dezembro, ainda não conhecem o valor correspon-dente ao mês de dezembro para compor essa média, podem ter de acertar diferenças de 13o salário em janeiro do ano seguinte.

Todavia, ao fechar a contabilidade em 31 de dezembro, a parcela variável dos salários desse mês já será conhecida, e o valor do 13o salário e dos encargos efetivos poderá ser calculado nor-malmente e apropriado como despesa do período contra uma conta do Passivo Circulante, que pode ser “Salários e Ordenados a Pagar” ou “13o Salário a Pagar”.

7.1 Exemplo

Tomemos como exemplo um empregado remune-rado na base de salário fixo mais comissões:

a) que no mês de dezembro/20X2 perceba salá-rio fixo de R$ 2.500,00;

b) cujas comissões percebidas nos meses de janeiro a novembro/20X2 (incluídos os re-pousos semanais remunerados) totalizem R$ 36.300,00, resultando em uma média mensal de R$ 3.300,00 (R$ 36.300,00 ÷ 11 meses);

c) que no mês de dezembro/20X2 venha a per-ceber comissões de R$ 7.500,00.

Neste caso, o cálculo da complementação do 13o salário a ser pago em janeiro/20X3, assim como dos encargos sociais a cargo da empresa incidentes sobre essa remuneração, seria assim efetuado:

I - Apuração da complementação do 13o salárioValor do 13o salário (R$ 2.500,00 + R$ 3.300,00) R$ 5.800,00Valor do 13o efetivo, já computada na média a parte variável da remuneração do mês de dezembro/20X2 R$ 6.150,00(1)

Valor líquido a receber em janeiro:Diferença de 13o salário a pagar (R$ 6.150,00 - R$ 5.800,00) R$ 350,00IRRF (valor hipotético) (R$ 96,25)

R$ 253,75II - Apuração dos encargos sociais a cargo da em-presaINSS sobre a diferença (R$ 350,00 x 26%) R$ 91,00FGTS sobre a diferença (R$ 350,00 x 8%) R$ 28,00

(1) (R$ 36.300,00 + R$ 7.500,00) ÷ 12 + R$ 2.500,00.

Admitindo que não remanesceram saldos nas contas 13o Salário a Pagar e Encargos sobre o 13o Salário a Pagar, em complemento à contabilização da folha de pagamento do 13o salário, em 20.12.20X2, feita conforme demonstrado no exemplo anterior, temos os seguintes lançamentos:

1) Registro da diferença apurada em 31.12.20X2

D - 13o Salário(Conta de Resultado)

C - Salários e Ordenados a Pagar(Passivo Circulante) R$ 350,00

2) Registro do IRRF incidente sobre o comple-mento

D - Salários e Ordenados a Pagar(Passivo Circulante)

C - IRRF a Recolher(Passivo Circulante) R$ 96,25

3) Registro do INSS do empregador incidente sobre o complemento

D - Encargos Sociais s/ 13o Salário - INSS (Conta de Resultado)

C - INSS a Recolher (Passivo Circulante) R$ 91,00

4) Registro do FGTS incidente sobre o comple-mento

D - Encargos Sociais s/ 13o Salário - FGTS(Conta de Resultado)

C - FGTS a Recolher(Passivo Circulante) R$ 28,00

8. NÃO CONTABILIZAÇÃO MENSAL DO 13o SALáRIO

Se a empresa não apropriou mensalmente o 13o

salário, por ocasião do seu pagamento, contabilizará o valor da gratificação paga diretamente em conta de custo ou despesa, conforme o caso. Os pagamentos que caracterizam adiantamento usualmente são registrados em conta própria do Ativo Circulante e baixados por ocasião da quitação da gratificação (em dezembro ou no mês da rescisão do contrato de trabalho).

N

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Princípio da Entidade SUMÁRIO 1. Introdução 2. Conceito

1. INTRODUÇÃO

O Princípio da Entidade é um Princípio de Conta-bilidade, que, por expressar a afirmação de uma verdade tão óbvia e intuitiva, em alguns países não é expressamente reconhecido como Princípio Contábil.

2. CONCEITO

Segundo o Princípio da Entidade, a entidade objeto de contabilização tem de estar completamente separada das entidades que formam o corpo de seus proprietários.

Vale lembrar que o referido princípio encontra--se explicitado na Resolução CFC no 750/1993, nos seguintes termos:

Art. 4o O Princípio da Entidade reconhece o Patrimônio

como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patri-monial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, inde-pendentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por con-sequência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.

Parágrafo único - O Patrimônio pertence à Entidade, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônio autônomo não resulta em nova Entidade, mas numa unidade de natureza econômico contábil.

Realmente é tão óbvia a necessidade de separar o patrimônio de uma empresa do patrimônio de seus proprietários, que se entende porque em alguns países isso não chegue a ser realmente mencionado como princípio, pois é algo tão simples e fundamental que, em alguns lugares, já está sendo dado como uma espécie de hipótese básica, sem necessidade de ser explicitada como um princípio.

Entretanto, o Princípio da Entidade é mais pro-fundo do que parece à primeira vista. Quanto mais a contabilidade se firma no mundo dos negócios como a grande fonte de informação para finalidades geren-ciais e externas, mais o Princípio da Entidade tende

a ser visto e entendido do ponto de vista econômico, além, naturalmente, do ponto de vista jurídico.

Isso significa que, cada vez mais, a contabili-dade da entidade econômica adquire importância no mundo todo, mesmo que isso abranja um mundo além da entidade, juridicamente falando. Daí decorre a ideia da consolidação de balanços, que abrange demonstrações de entidades juridicamente distintas, mas economicamente dependentes umas das outras ou todas de um controlador comum.

A consolidação de demonstrações contábeis é a junção das demonstrações das entidades que estão sob a dependência de um controlador ou de um grupo de controladores, de tal forma a se ter um balanço, um resultado e as outras peças, como se constituíssem uma única entidade em vez de diversas pessoas jurídicas.

Na realidade, essa entidade macroeconômica é, em alguns países, tão importante, que acaba sendo a única a ter suas demonstrações efetivamente publica-das e divulgadas para todo o público.

As demonstrações individuais das diversas pessoas jurídicas que compõem essa macroentidade passam a ser consideradas secundárias e, às vezes, nada mais são do que apêndices que constam nas notas explicativas da entidade maior consolidada.

No Brasil, a consolidação ainda não é consi-derada de tão grande importância pela legislação, a ponto de hoje estar sendo exigida apenas de algumas companhias abertas e de sociedades líderes de grupos; porém, a tendência é de cada vez mais se exigirem demonstrações de entidades econômicas, com prevalência sobre as das entida-des jurídicas.

Isso não significa que as demonstrações das enti-dades jurídicas deixarão de existir, mas apenas que o nível de importância delas tende a diminuir quando a elas se sobrepõe uma entidade, mesmo que não existente juridicamente, mas que de fato, na prática, representa economicamente o conjunto todo, de uma maneira muito melhor e mais realista.

a Princípios Contábeis